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Hepatites agudas

As hepatites são doenças do fígado de causa variada, em que o agente agressor


causa uma inflamação e morte das células do fígado.
Se a resposta do organismo é adequada a hepatite pode curar
Se é muito intensa pode evoluir para uma forma grave ( hepatite fulminante ),
Se a resposta é insuficiente a infecção torna-se crónica ( hepatite crónica ).

Causas de hepatite aguda:


Infecciosas
Vírais – Vírus hapatotópicos (vírus da hepatite A, B, C, Delta, E, G)
Outros vírus (CMV, EBV, Herpes vírus, Coxsacie vírus)
Bacterianas, Fungos, Protozoários (raras)
Medicamentosa ( tóxica )

Tóxicos directos (paracetamol)


Reacções de hipesensibilidade (p. ex halotano / isoniazida )
Alcoólica
Auto-imune
Metabólicas
Doença de Wilson (alteração do metabolismo do cobre)
Hepatites agudas - Hepatite A

A hepatite A é a doença causada por vírus mais frequente no mundo.

Paises sub-desenvolvidos:
aos 5 anos de idade mais de 90% das crianças já foram infectadas.

Em Portugal:
Em 1980, aos 15 anos 93% da nossa população seropositiva para hepatite A.
Em 1995, (áreas urbanas), apenas 43% da população com 25 anos é
seropositiva para hepatite A.

Transmissão

A transmissão é fecal-oral.
Inter-pessoal (maior risco em infantários, instituições de regime fechado)
Alimentos contaminados

Período de incubação: 15 a 45 dias


Hepatites agudas - hepatite A
Clínica

Predomina em crianças e adultos jovens

Formas assintomáticas ( ± 50% casos)


Formas anictéricas: sintomas semelhantes aos do sindrome gripal
(cefaleia, febre anorexia, náuseas e mialgias)
Formas ictéricas: sindroma prodómico + Icterícia + colúria

Crianças – maior predominio de formas assintomáticas e anictéricas


Adultos – maior predomínio de formas ictéricas e prolongadas

Evolução:

Em 99% dos casos a Hepatite A evolui para a cura (3 semanas – 3 meses).


Podem ocorrer formas colestáticas prolongadas
Muito raramente, a Hepatite A, pode evoluir para Hepatite Fulminante
Nunca evolui para hepatite crónica
Hepatites agudas - Hepatite A

Diagnóstico

Elevação das transaminases (TGO/TGP) > 1000 UI


Bilirrubina elevada (se ouver icterícia)

Determinação dos anticorpos estabelecem com certeza o diagnóstico:


Ac anti VHA IgG – infecção antiga / Ac anti VHA IgM – infecção aguda

Terapêutica

A Hepatite A não tem nenhum tratamento específico.

Repouso ; Abstinência de alcoól


Aliviar os sintomas (náuseas) - dieta pobre em gorduras + anti-emético.
Raramente se justifica a hospitalização.
Hepatites agudas -hepatite A

Prevenção:

Medidas de saúde pública / Higieno-sanitárias


Medidas de higiene pessoal

Pré exposição
Vacina da Hepatite A

– não incluída no calendári nacional de vacinação


Grupos de risco em adultos ainda não claramente definidos

Pós-exposição -
Gamaglobulina humana

- até 2 semanas após contacto suspeito – familiares/instituição


Hepatites agudas

Hepatite B

Ásia e África a infecção atinge 12% da população.


Portugal - portadores do vírus da hepatite B, 1.4% da população (140.000 )
Prevalência de anticorpos do vírus da hepatite B - cerca de 10% dos portugueses

Transmissão

O VHB é transmitido:
via parentérica – drogas ev, transfusões sangue e derivados, hemodiálise
via sexual
transmissão vertical ( da mãe para o filho ).

Período de incubação 45 a 180 dias


Hepatites agudas - Hepatite B

Clínica:

Predominio em adultos jovens, em grupos (comportamentos) de risco):


Hemofílicos; hemodializados,
Toxicodependentes ev
Comportamento sexual promíscuo
Pessoal de saúde
Trabalhadores e pessoas em instituções fechadas
Contactos domésticos

Formas assintomáticas ( > 50% casos)


Formas anictéricas: sintomas semelhantes aos do sindrome gripal
(cefaleia, febre anorexia, náuseas e mialgias)
Formas ictéricas: Sintomas prodrómicos seguidos de icterícia + coluria

Pode ocorrer: artrite (artralgias periféricas)


glomerulonefrite
dermite (S. Steven-Jonhson)
Hepatites agudas - Hepatite B

Evolução

90% dos casos, a hepatite aguda auto-limitada, evolui para a cura.


1% dos casos, hepatite fulminante
5 a 10% dos casos – evolução para portador crónico
metade – portador crónico assintomático
metade – hepatite crónica

Nos recém-nascidos mais de 90% das hepatites evoluem para hepatite crónica B

Hepatite Crónica B:
persistencia de inflamação hepática > 6 meses após inflamação aguda

A hepatite crónica B é pouco frequente na Europa/ Portugal incluído.

A hepatite crónica B podem não ter sintomas ou queixas inespecíficas (astenia).

A hepatite crónica B pode evoluir para cirrose e cancro do fígado. (>10 anos)
Hepatites agudas - Hepatite B
Hepatites agudas - Hepatite B
Diagnóstico

Elevação das transaminases (TGO/TGP) > 1000 UI


Bilirrubina elevada (se ouver icterícia)
e
Determinação dos antigénios / anticorpos estabelecem com certeza o diagnóstico:

AgHbs Ac AntiHbs AcAnti Hbc IgG AcAnti Hbc Ig M Diagnóstico


+ - - + Hepatite aguda
+ - + - Hepatite crónica
- + + - Contacto prévio
- + - - Vacinado

Hepatite crónica – elevação de transaminases 2 a 3x normal / BH para confirmação

Terapêutica
A hepatite B aguda não tem nenhum tratamento específico.
A hepatite B crónica deve ser tratada (evitar evolução para cirrose) – Interferão Alfa / 3 –6 m
Hepatites agudas - Hepatite B
Prevenção:

Evitar comportamentos de risco


Medidas de higiene / protecção nos trabalhadores expostos a produtos contaminados
Uso de preservativo em relação sexual fortuita
Não partilhar agulhas / seringas/ material contaminado de sangue

Pós exposição

Imunoglobulina humana anti-hepatite B: 7500 UI/IM.

Em indivíduos não imunes:


1 a 7 dias (ideal < 48 h) após contacto suspeito (picada/contacto sexual)

Filhos de mãe AgHbs positiva:


Imunoglobulina após nascimento + Esquema vacinação
Hepatites agudas - hepatite B
Pré exposição
A vacina da hepatite B confere protecção para infecção em > 90% vacinados

Indicações:
recém-nascidos – Incluída no programa nacional de vacinação
Adolescente – Incluída no programa nacional de vacinação (não vacinados)
Grupos de risco
Hemofílicos; hemodializados,
Toxicodependentes ev
Comportamento sexual promíscuo
Pessoal de saúde
Trabalhadores e pessoas em instituções fechadas
Contactos domésticos

Esquema de vacinação mais utilizado:


3 doses (0;1;6 meses) + Pesquisa de Anti Hbs 1 mês após

Reforços:
não está definida a necessidade de realizar reforços periódicos (5-10 anos)
ou determinação regular de AntiHbs para confirmação de imunidade.
Hepatites agudas - hepatite C

A Hepatite C é uma infecção do fígado causada pelo vírus da Hepatite C ( VHC ).


Calcula-se que em Portugal há cerca de 150.000 pessoas infectadas pelo VHC
com cerca de 700 novos casos por ano.

Transmissão

O VHB é transmitido:
via parentérica – drogas ev, hemodiálise, (transfusões sangue e derivados - raro)
(via sexual – raro)
(transmissão vertical - raro).
Período de incubação 30 a 190 dias (mádia 8 semanas)
Hepatites agudas - Hepatite C
Clínica:

Predomínio em adultos jovens, em grupos (comportamentos) de risco):


Toxicodependentes ev
Hemofílicos; hemodializados,

Formas assintomáticas ou anictéricas ( ± 90% casos)


Formas ictéricas: Sintomas prodrómicos seguidos de icterícia + coluria

Evolução

15% dos casos, a hepatite aguda auto-limitada, evolui para a cura.


85% dos casos – evolução para portador crónico (hepatite crónica).

Hepatite Crónica C:
Persistencia de inflamação hepática > 6 meses após inflamação aguda
A hepatite crónica C tem tido marcado aumento de incidência na Europa.
A hepatite crónica C podem não ter sintomas ou queixas inespecíficas (astenia).
A hepatite crónica C pode evoluir para cirrose e cancro do fígado. (5 - 10 anos)
Hepatites agudas - Hepatite C
Hepatites agudas - Hepatite C
Diagnóstico
Hepatite aguda:
Elevação das transaminases (TGO/TGP) > 1000 UI
Bilirrubina elevada (se ouver icterícia)
Hepatite crónica:
Elevação de transaminases 2X N (± 100 UI).

Marcador serológico: Ac Anti VHC


Para confirmação de hepatite crónica – biópsia hepática

Prevenção

Não existe nenhuma vacina contra o Vírus da Hepatite C


Evitar a partilha de agulhas / seringas / instrumentos contaminados com sangue
( escovas de dentes, instrumentos de manicura, lâminas ).

Tratamento
A Hepatite C trata-se com interferão-alfa. ± Ribavirina

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