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Sumário

Apresentação 7
Carlos de Almeida Prado Bacellar
O passado ilumina o presente e o futuro 9
Dilma Seli Pena
Sobre o Relatório da Commissão de exame e inspecção das
habitações operarias e cortiços no Districto de Sta. Ephigenia, de 1893 11
Simone Lucena Cordeiro
Sanitarismo e configuração do espaço urbano 15
Maria Stella Bresciani
Os cortiços no distrito de Santa Ifigênia (1893) 39
Maria Alice Rosa Ribeiro
Da "Chaga Oculta" aos dormitórios suburbanos: notas sobre higiene e habitação
operária na São Paulo de fins do século XIX 79
Jaime Rodrigues
Relatório da Commissão de exame e inspecção das habitações operarias e
cortiços no districto de Sta. Ifigênia 91
Código Sanitário de 1894 183
Apresentação

Cartos de ALmeida Prado BaceLLar

A publicação do Relatório da Commissão de exa- A crise epidêmica da febre amarela mar.cou for- seus moradores - sempre acomodados em condições
me e inspecção das habitações operarias e cortiços no
districto de Sta. Ephigenia, de 1893, é parte de um es-
temente
O saneamento
os anos iniciais da República
público tornou-se
em São Paulo.
uma meta priori-
bastante
neamento
precárias
constituem
- e as recomendações
um panorama precioso
para o sa-
para a
(
forço de divulgação de documentos relevantes para a tária para as sucessivas administrações municipais e análise dos bairros populares naquele momento.
História de São Paulo, e que façam parte do acervo do estadual, e muitos recursos foram investidos nas mais Cabe ressaltar que, ao mesmo tempo em que
Arquivo Público do Estado de São Paulo. A proposta variadas intervenções urbanas. Datam da década de este Relatório vinha à luz, a Repartição de Estatística e
é editar não somente o documento fac-símilar mas 1890, na Capital, diversas iniciativas vinculadas entre Arquivo elaborava o famoso Recenseamento da Capi-
também textos de renomados pesquisadores que já o si, no escopo de uma política bastante ampla de es- tal, para o ano de 1893. Em seu relatório anual manus-
tenham analisado, de maneira a oferecer ao leitor sub- tabelecimento de meios para enfrentar os problemas, crito, o diretor da Repartição ressaltava que o censo
sídios mais amplos para sua contextualização. tais como: Instituto Bacteriológico; Laboratórios de serviria para "auxiliar o Governo do Estado nas gran-
O Relatório, com seus quadros de levantamento Análises Químicas e Farmacêutico; Instituto Vacino- des obras de saneamento e de abastecimento de água':
de domicílios e suas plantas, permaneceu em estado gênico; Hospital de Isolamento; Desinfectório Central; E, ao relatar as dificuldades de mapear os moradores
manuscrito até o presente, jamais tendo sido objeto de canalização e retificação dos rios Tietê, Tamanduateí e dos cortiços, "que em regra não satisfazem os requisi-
publicação. Foi elaborado em urna conjuntura bastante Anhangabaú; calçamento de ruas; estabelecimento de tos da hygiene publica'; alertava que "os proprietários
específica, no centro de amplas discussões sobre o esta- um Código Sanitário. dos cortiços tendiam sempre a diminuir o numero dos
do da saúde pública, do saneamento e do abastecimento É no âmbito dessa preocupação que o Relatório seus inquilinos, talvez pelo temor que a Directoria de
de água dos centros urbanos. O crescimento econômico foi gerado. A cargo do engenheiro Teodoro Sampaio e Hygiene os obrigue a entrarem em despezas com me-
e demográfico paulista, bastante acelerado a partir dos quatro médicos, buscou mapear os problemas de mo- lhoramentos nesses cortiços ou que os forçasse a di-
anos finais do Império, levou a uma progressiva deterio- radia e insalubridade do bairro de Santa Ifigênia, com minuir o numero dos habitantes de cada cortiço para
ração na qualidade de vida das principais cidades pau- vistas a propor intervenções dos poderes públicos. As evitar accumulações contrarias as regras sanitárias" E
listas, especialmente São Paulo, Santos e Campinas. informações sobre o estado de cada imóvel visitado, concluía, dizendo que a este obstáculo somava-se, em
função da eclosão da Revolta da Armada, à constata- das ou tascas, quase todas com aposentos no fundo
ção de que "parte da população, ignorante e atrazada, para aluguel, os hotéis de 3a e 4a ordem, transforma-
se excusava a encher as listas de família com receio do dos em cortiços': Espaços provisórios, adaptados para
serviço militar'; em um fenômeno identificado por su- acolher uma demanda de segmentos populacionais
cessivas administrações desde o século XVIII. crescentes e empobrecidos, de uma São Paulo em rá-
Entre os dados do Recenseamento de 1893, há pida expansão. Examinados em detalhe, esses espa-
uma informação fundamental para entendermos as ços onde "pulula a população operária" apresentaram
razões para se promover o Relatório no bairro de Santa um impressionante contingente de 1.320 indivíduos,
Ifigênia: ali, a concentração de habitantes por "pré- comprimidos em somente 60 imóveis.
dio" alcançava 9,24 pessoas, frente a 7,21 para a Sé e Com esta publicação, o Arquivo Público do
6,94 para o Brás. Essa aglomeração, somada à fama de Estado torna mais acessível este precioso e único do-
pestilência do bairro, justificava plenamente sua prio- cumento, passível de múltiplas análises, e apresenta
rização na intervenção do Estado. as imensas potencialidades de seu acervo, em grande
Ao apresentar os resultados de sua ação, a parte ainda inexplorado.
Comissão apontava quais imóveis haviam sido alvo de
visitação: "cortiços ou estalagens, as casas de dormi- Carlos de Almeida Prado 8acellar
da, os prédios transformados em hospedarias, as ven- Coordenador do Arquivo Público do Estado

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os no distrito de Santa Ifigênia (1893)

Introdução ções. Para tanto, a preparação da análise envolveu um 1893, um ensaio republicano:
meticuloso trabalho de elaboração de duas planilhas um inquérito sobre as moradias da população
Este texto surgiu da iniciativa do Arquivo com os dados extraídos daquelas 65 fichas. Com base pobre da cidade de São Paulo
Público do Estado de São Paulo de publicar, em edi- nessas planilhas, fiz várias outras para análise esmiu-
o fac-símíle, o Relatório da Commissão de exame çada dos dados referentes a nacionalidade, a ativi- Após cinco anos da libertação dos escravos e
e inspecção das habitações operarias e cortiços no dade econômica, a rua, a idade, a família, a valor do quatro anos da Proclamação da República, o governo
tUstrictode Sta. Ephigenia, apresentado ao cidadão aluguel, a capacidade cúbica etc. Só então comecei a paulista, por meio da Secretaria Estadual dos Negó-
DI: Cezario Motta Ir. M. D. Secretario dos Negócios cruzar informações e a realizar o estudo do documen- cios do Interior, nomeia uma Comissão composta por
do Interior do Estado de S. Paulo, de 19 de outubro to. Por fim, estruturei o texto ora apresentado em duas engenheiros e médicos para realizar uma investigação
1893, e do convite para escrever sobre ele. Meu partes: na primeira, a análise restringe-se ao Relatório sobre as condições das habitações "operárias" no dis-
rimeiro contato com esse documento ocorreu por da Comissão e, na segunda, volta-se para informações trito de Santa Ifigênia, região central da capital.
lta do ano de 1988, quando pesquisava para a ela- contidas nas fichas e para as relações entre as diver- Seria esse um acontecimento republicano? Sem
ração da minha tese de doutorado. Mas foi um sas variáveis. Essa parte ganha importância porque as dúvida que sim. Era um ensaio para o novo regime que
tato bastante superficial, pois restringi-me a ler o informações levantadas pelos membros da Comissão se iniciava. Nesses primeiros anos republicanos, trans-
do Relatório da Comissão e deixei de lado as 65 não foram exploradas no próprio Relatório. Mesmo a parece uma atitude nova sobre a cidade e sobre o cida-
. que compõem o documento completo. Dian- historiografia mais recente faz escassa referência ao dão. Uma vez abolida a escravidão, o estatuto jurídico
lDlportante iniciativa do Arquivo de publicá-Ia conteúdo do levantamento das fichas. No anexo deste passa a conceder direitos iguais aos desiguais social-
ente e da sua relevância, decidi aproveitar texto, o leitor poderá ter acesso às tabelas que deram mente. Mas a nova atitude a que nos referimos parece
oPOrtunidade p ara rea liizar uma anahse, . mais.
suporte ao estudo e que poderão auxiliar os pesquisa- ter um sentido de superação das desigualdades, isto é,
dada e extrair . ,
o maior numero de informa- dores na realização de novos estudos. de ir além da mera passagem de olhos resignados sobre
os cortiços, as casas de pensão, as estalagens e os par- A descrição pormenorizada que faço aqui do O governo começa a organizar a nova adminis-
dieiros que dominariam as ruas do pentágono central instrumento de pesquisa, que hoje chamaríamos for- tração republicana, porém a organização da saúde pú-
da capital paulista'. O olhar é o do observador e espe- mulário - ou ficha, segundo os manuais de metodo- blica é uma das prioridades. Tudo está para ser feito,
cialista que registra e propõe a mudança. logia da investigação científica -, não é apenas para desde a organização do serviço sanitário, do hospital
Entre 7 de julho e 30 de agosto de 1893, aborrecer o leitor com detalhes de pouca relevância, de isolamento, das instituições de pesquisa bacterio-
foi realizado o inquérito sobre as condições das mas é para dar a dimensão do procedimento adotado lógica e de análises químicas e farmacêuticas, da rede
moradias da população pobre da parte central da nesta investigação realizada pela Comissão de "exame de esgoto e de abastecimento de água na capital à ela-
cidade. Esse foi um dos primeiros documentos da e ínspecção" Havia uma clara preocupação em ob- boração do Código Civil e Criminal.
Era Republicana elaborado a partir do levantamento servar e registrar a realidade da forma mais objetiva A Secretaria Estadual dos Negócios do Interior,
da realidade local. Houve pesquisa in loco, com possível - daí o emprego da ficha padronizada para dirigida pelo médico Dr. Cesário Motta Ir, (1847-1897),
visitas domiciliares e preenchimento de fichas levantamento dos dados - e, ao mesmo tempo, em durante o governo de Bernardino de Campos (1841-
com as informações levantadas pelos membros da avaliar e propor medidas de intervenção no sentido 1915) formou a Comissão de Exame e Inspeção dos
Comissão e fornecidas pelos moradores. da mudança por meio da reforma dos cortiços ou da Cortiços. Da Comissão, faziam parte três médicos e dois
No total, foram preenchidas 65 fichas que con- sua interdição. E, para avaliar e prescrever, nada mais engenheiros. Os médicos eram os doutores Candido
têm, na parte superior, informações gerais e, na in- recomendado do que uma Comissão composta por Espinheira, que, no ano seguinte, em 1894, assume
ferior, informações específicas de cada unidade ha- profissionais com conhecimentos científicos e especí- a direção do Hospital de Isolamento (1894-1915) e a
bitacional. Os dados gerais abrangem: endereço/ ficos, como engenheiros e médicos. chefia da clínica do Hospital Geral da Santa Casa de
logradouro, tipo de habitação, proprietário, encar- A iniciativa do inquérito fazia parte da monta- Misericórdia; Gregório da Cunha Vasconcellos", um
regado, área livre em metros quadrados, área cons- gem das instituições republicanas e das preocupações dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia
truída em metros quadrados, número de cubículos/ em melhorar as condições sanitárias da cidade de São de São Paulo": e Octávio Marcondes Machado,
casinhas, população existente e excesso de lotação. Paulo diante das ameaças de epidemia de febre ama- inspetor sanitário do Serviço Sanitário".
O campo inferior da ficha, preenchido com os da- rela. Em Mensagem ao Congresso Legislativo, de 7 de Dentre os engenheiros, destaca-se o nome de
dos de cada cubículo, abrange as seguintes informa- abril de 1893, Bernardino de Campos alertava para Theodoro Sampaio, primeiro engenheiro sanitário
ções: nome do inquilino responsável, nacionalida- o momento que se estava atravessando como sendo do recém-criado Serviço Sanitário (1892-93). Junto à
de, dimensões em metros cúbicos, lotação existente uma "fase de organização'; a qual Diretoria Sanitária, atuava como consultor técnico e
(adultos e menores de idade), excesso de lotação e auxiliava também a Seção de Demografia Sanitária.
importância do aluguel. Afora os dados objetivos, a [...] envolve os próprios apparelhos políticos destinados Somente em 1911, Theodoro Sampaio deixa o cargo
ficha contém ainda dois campos para avaliação do a consolidar o novo regimen e a aguardar e impellir o de engenheiro sanitário do estado.
pesquisador. O conteúdo dessa avaliação manuscri- progresso social: dahi o imprescindível signal de en- A Comissão de Inspeção organizou as visitas
ta pelo pesquisador divide-se em "Observações" e saio, iniciação, notado em muitos serviços, de hesita- domiciliares efetuadas por "pessoal competente,
"Prescripções" seguindo o mesmo padrão - geral e ção que traduz as apprehensões e os cuidados de quem dedicado e cheio de prestígio'; assim como descreve
por unidade habitacional. abre sendas ainda não trilhadas. (SÃOPAULO,1893, P.19). o Relatório. Apesar de já ter sido criado, o Serviço

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• , . 5 stava em fase de organização e não havia das pela difficuldade de viver, n'essa quase promiscui- Tópicos de geografia, geologia e topografia
~n~~e .'. dade que a economia lhes impõe, mas que a hygiene
. _ sanitária. Até então, VIgorava o Código de
legIslaçao . , . .
icipal solitano e moperante, porque, repelle. (RELATÓRIO, 1893, P. 93).6 A epidemia de febre amarela circunscreveu -se
postura' Mun _ _
corpo de fiscais, as regulamentaçoes nao ao quadrilátero limitado pelas ruas Duque de Caxias,
sem um .
stas em funcionamento. A pesquisa sobre as A epidemia de febre amarela foi a razão apontada Visconde de Rio Branco, Victoria e Triumpho, e mais
eram P O
condições habitacionais no distrito de Santa lfigênia pela Comissão para que o poder público tomasse a o triângulo formado pelo largo do General Ozório.
ossivelmente foi um ensaio que serviu para consolidar iniciativa, pois ela deixara a seguinte lição: as condições Essa área, segundo a observação do engenheiro
~s ideias que conformariam o primeiro Código do meio, a topografia e as condições de vida da lheodoro Sampaio, que mostra seu conhecimento de
Sanitário do Estado de São Paulo, promulgado em 1894, população foram os motores do seu surgimento e de Geologia, correspondia à antiga bacia palustre, uma
que estabelecia normas de higiene e saúde pública. sua evolução, e a população operária foi a sua maior primitiva lagoa que fora aterrada. Uma depressão
O exame das condições higiênicas das habitações VÍtima. Com relação à topografia urbana, o poder no terreno marcava os quarteirões localizados
operárias "era uma necessidade que se impunha ao público iniciou a realização de obras de saneamento. no interior do quadrilátero, fazendo com que a
poder público'; assim afirma o Relatório da Comissão. Naquele ano de 1893, estava começando a ser realizada drenagem fosse imperfeita e, para agravar ainda mais
A zona delimitada para inspeção, o distrito de Santa a construção e reforma da rede de água e esgoto com a a situação, os serviços de esgoto eram insuficientes e
Ifigênia, fora atingida mais de uma vez por epidemias. encampação da Cia. Cantareira de Exgottos pelo estado mal construídos. Assim, os terrenos eram úmidos e
A habitação operária era, segundo o Relatório, o ponto de São Paulo. Entretanto, quanto à população, o poder durante a época das chuvas, nos verões paulistanos,
mais vulnerável de um plano de saneamento da capital público deveria intervir, impondo um regulamento formavam-se verdadeiras lagoas de águas pluviais,
e da construção de um sistema de defesa da higiene à "indústria da construção e locação dos prédios" que somente desapareciam com a persistente
urbana. A ideia que os membros da Comissão tentam inadequados à moradia. O Relatório não é omisso em insolação. A rede de esgoto recém-instalada de
transmitir é de que não basta melhorar as condições relação aos proprietários de estalagens, cortiços, hotéis, forma incompleta em algumas ruas funcionava
de abastecimento de água, o serviço de esgoto e a casas de dormida e nem em relação aos que constroem precariamente: não permitia o escoamento e, ao
drenagem do solo se a habitação não for também alvo e aos que locam e sublocam prédios "sem atenção às mesmo tempo, nas épocas de chuvas intensas, fazia
da mudança. leis da moral e à vida dos seus inquilinos'; e os condena. refluir o material das galerias. Os inúmeros prédios
A população, nos últimos 10 anos, triplicara e era No bairro onde a epidemia se alastrou, há três construídos na região ocultavam a depressão da
preciso que o poder público cuidasse da unidade ur- casos fatais registrados. O que o Relatório constata é bacia palustre, impediam a drenagem e dificultavam
bana, a habitação, não da habitação privada, mas a presença dominante de cortiços ou estalagens, casas a secagem solar.
de dormida, prédios transformados em hospedarias, Justamente à rua dos Gusmões, uma das mais
[...] daquela onde se accumula a classe pobre, a es- vendas ou tascas com aposentos para alugar nos fun- populosas, ficava o eixo maior da depressão, com um
talagem onde pulula a população operária, o cortiço dos e hotéis de terceira e quarta ordens transformados desnível acentuado de três metros em relação às ruas
como vulgarmente se chamam essas construções aca- em cortiços. Conforme sentenciava a Comissão, os Visconde do Rio Branco e Bom Retiro. Os conheci-
nhadas, insalubres, repulsivas, algumas onde as forças abusos dos proprietários e construtores tenderam a mentos da topografia da Comissão e, em especial, de
vivas do trabalho se ajuntam em desmedida, fustiga- aumentar ao invés de diminuir. lheodoro Sampaio constataram que:
A bacia palustre inclina-se, portanto, para Nordeste, díspares. Assim como Euclides da Cunha começa sua o cortiço occupa commumente uma área no interior
na direcção da rua dos Gusmões que é o seu maior obra com "ATerra'; Theodoro, ao examinar o proble- do quarteirão, quase sempre um quintal de um prédio
comprimento e escôa-se pela rua do Bom Retiro, nas ma habítacíonal, circunscreve-o, em primeiro lugar, onde há estabelecida uma venda ou tasca qualquer. Um
immediações da estação Sorocabana, cortando os tri- em relação à terra. portão lateral dá entrada por estreito e comprido corre-
lhos da estrada inglesa em demanda do Bairro do Bom As intervenções urbanas do poder público, como dor para um pateo com 3 a 4 metros de largo nos casos
Retiro por onde vai ao Tietê. (P.97). as regularizações mais recentes do calçamento, preju- mais favorecidos. Para este pateo, ou área livre se abrem
dicaram, segundo a Comissão, a drenagem superficial. as portas e janellas de pequenas casas enfileiradas, Com
As dificuldades com o escoamento da água não O retalhamento dos terrenos por muros e paredes e o o mesmo aspecto, a mesma construcção, as mesmas di-
eram as únicas: as condições do subsolo também adensamento de construções tornaram o enxugamen- visões internas e a mesma capacidade. (P. 98-99).
eram desfavoráveis. O lençol freático era muito pró- to do solo mais precário. O tipo de drenagem proposto
ximo à superfície e em todos os poços examinados a pela Comissão para sanear a antiga bacia palustre era O tamanho de unidade habitacíonal, cubículo
camada líquida permanecia entre 1,80 a 3 metros de o subterrâneo e profundo, para ser de fato eficaz, o que ou casinha, mais frequentemente encontrado
profundidade. Apesar de límpída, transparente e sem envolvea reforma da rede de esgotos". dentro de um cortiço foi de 45 a 63 metros cúbicos
sabor, a água era suspeitíssima. O solo era argiloso, de capacidade, com as dimensões de 3 metros de
carregado de substâncias estranhas. largura, 5 a 6 metros de comprimento e 3 a 3,5 metros
A descrição detalhada, feita no Relatório, acerca Classificação das habitações operárias de altura. Com essas dimensões, o cubículo podia,
da natureza do solo, das medidas das declividades e segundo o Relatório, abrigar no máximo quatro
das diferenças de níveis entre as ruas situadas na de- No terceiro capítulo do Relatório, o foco da aná- pessoas, ou seja, cada indivíduo teria de 11,25a 15,75
pressão da primitiva lagoa revela a incorporação de lise dirige-se ao "tipo das estalagens, cortiços ou ha- metros cúbicos. Nos cômodos de dormir e na sala, em
conhecimentos de geografia, geologia e topografia à bitações operárias entre nós'; como o título indica. O geral, havia soalho e forração, tendo a sala ventilação
análise do distrito de Santa Ifigênia. A influência do capítulo pretende dar visibilidade às habitações exis- natural, janela e porta. No cômodo dos fundos, sem
engenheiro Theodoro Sampaio na forma de aborda- tentes no distrito por meio da definição das caracte- soalho ou forro, era instalado um fogão ordinário e
gem é notória. Seu método de exposição privilegia, rísticas dos diversos tipos de moradia e de sua clas- uma chaminé que raramente funcionava, pois era mal
em primeiro lugar, a observação do espaço, da geo- sificação. A primeira constatação é de que na região construída. Disso decorre que o interior das casinhas
grafia, da geologia e da topografia do terreno em que da capital afetada pela epidemia de febre amarela, o era enegrecido, sem asseio, com o teto coberto por
se adensavam as construções destinadas à habitação distrito de Santa Ifígênía, "as habitações destinadas sujeira de moscas e as paredes cobertas por pregos,
da população pobre da cidade. Isso nos remete à im- às classes operárias são numerosas': Contabilizam 60 em que eram pendurados utensílios domésticos,
portância que ganhava nessa época o cientificismo. O cortiços de todos os tamanhos e feitios, com uma po- roupas e outros objetos. O único cômodo de dormir,
próprio Theodoro Sampaio foi o leitor dos primeiros pulação de "1.320 indivíduos de todas as nacionali- centro da construção, não tinha luz e nem ventilação.
manuscritos de Os Sertões, de Euclides da Cunha", e, dades e condições" (P. 98). A característica do cortiço, A ocupação da alcova, normalmente à noite, excedia
guardadas as devidas dimensões, parece existir uma o tipo de habitação dominante, é definida da seguin- o número máximo, de quatro pessoas, indicado pela
semelhança na forma de abordagem de temas tão te maneira: Comissão.

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Um fato constatado pela Comissão era de que o nesse gênero, não obstante ser hoje muitíssimo me- tiço por meio de divisões e subdivisões dos aposentos,
alho nunca era limpo, à exceção "daquellas habita- lhor este estado de cousas pela acção dos delegados em que alguns cômodos eram deixados para uso co-
so_ ccupadas por famí 'I·ias a 11emas-" (P.99). A Iama e a de hygiene. (P. 100) . mum, como uma sala com vários fogões e uma latrina.
Çoes o ..
td de do solo traziam um aspecto Insalubre e feio No sobrado de números 33 e 35 daquela rua, numero-
umI a
àquelas habitações, pois o soalho "não é ventilado e se Uma possibilidade de mudança é apontada pela sas famílias coabitavam as antigas residências.
assenta directamente no solo': Comissão ao reconhecer que a criação do Serviço Por fim, o último tipo descrito pela Comissão:
Na área livre, "pateo" ou quintal, ficava normal- Sanitário em 1892 e a presença dos "delegados de vendas ou tascas. Em quase todas as vendas ou tas-
mente uma latrina "mal instalada e ordinária'; uma tor- hygiene" pudessem trazer melhorias. cas do distrito de Santa lfigênia havia um cômodo nos
neira, um ralo para o esgoto e algumas vezes um tanque Outro tipo de habitação operária descrito pela Co- fundos para aluguel, com as "piores condições de as-
para lavagem. Do levantamento feito, a Comissão cons- missão eram as casinhas, que, apesar de serem um tipo seio, localização e capacidade" (P.102).

tatou que 50% das áreas livres não eram acirnentadas ou de habitação independente, com porta e janela para a Ao todo, a Comissão classificou cinco tipos de
calçadas; não havia sarjetas para a drenagem superficial rua, precisavam de uma rigorosa atenção da autorida- moradia de operários no distrito de Santa lfigênia:
da água, que ficava empoçada, e todos os poços estavam de sanitária. Esse tipo de habitação correspondia a uma cortiço, casinhas, hotel-cortiço, sobrados converti-
contaminados, portanto deveriam ser entupidos. casinha com frente para a rua pública. Em geral eram dos em cortiços e cômodos de aluguel nos fundos de
O Relatório encerra a caracterização da habita- pequenas e inadequadas para a população moradora e, vendas ou tascas. Ao encerrar a descrição dos diversos
ção do tipo cortiço com a descrição bastante desagra- também, não dispunham de qualquer cuidado quanto tipos, a Comissão, em tom mais alto de protesto, con-
dável da latrina: à higiene. O soalho assentava-se diretamente no solo, o dena o "abuso" praticado por proprietários de oficinas
forro não dispunha de ventilador, e biombos de madei- de canteiros, cocheiras e estábulos que, sem escrúpu-
[...] as bacias de barro vidrado cobertas por um im- ra ou de outro material subdividiam os minúsculos cô- los, alugam cômodos sem higiene e condições de "ha-
mundo caixão de pinho, apoiado em solo enxarcado modos. Aos fundos, numa área exígua, encontrava-se a bitabilidade" para os operários da cidade.
de urina fétida, completam o typo dessa dependência latrina ordinária, sem abrigo e sem ladrilho. Na cozinha,
bem característica do cortiço. (P.100). as condições higiênicas eram igualmente precárias.
No Relatório há uma menção especial para as casi- Cortiços e estalagens nas ruas
Na avaliação da Comissão, o asseio é, antes de nhas de um único proprietário, Carlos Girardi. Essas ca- do distrito de Santa Ifigênia
tudo, a providência mais necessária a ser tomada com sinhas, situadas nas ruas General Osório e Santa Ifigênia,
relação à habitação de operários; mas a respeito do fechavam um quarteirão inteiro por duas faces. No quarto capítulo do Relatório, a Comissão
cortiço, a Comissão mostra-se cética quanto à possibi- O hotel-cortiço era um outro tipo de habitação voltou-se para a análise da distribuição das moradias
lidade de ser posta em prática qualquer providência: operária descrita pela Comissão. Em geral, nestes dor- pela "zona affectada" O esquadrinhamento do
mitórios de dimensões reduzidíssimas, os ocupantes distrito foi feito seguindo, em primeiro lugar, as ruas
[...] mas o cortiço abandonado à incúria dos seus ha- eram operários sem família. longitudinais à antiga bacia palustre: na rua dos
bitantes e à sórdida exploração de seus proprietários Na rua Bom Retiro, a Comissão encontrou um Gusmões, 15 cortiços estavam localizados no trecho
sem escrúpulos, excede tudo quanto se pode imaginar novo tipo de habitação: o sobrado convertido em cor- de maior depressão; na General Osório, 11 cortiços
estavam no trecho mais baixo da rua; na Duque de em excesso possivelmente estava subestimado, pois avaliados pelos membros da Comissão, a proposta
Caxias, 2 cortiços encontravam-se no limite da bacia seria bem maior caso fosse contabilizado à noite e por é de que um sistema de esgoto seja instalado para o
palustre, a oeste; na rua Vitória, 4 cortiços situavam- uma "polícia nocturna" que perceberia a população seu funcionamento e que seja construída, nos fundos
se no trecho de 1/3 da extensão da rua que ficava na que vem somente à noite ocupar os cômodos (P.104). da área livre, uma para cada grupo de seis casas, sob
bacia: na rua Aurora, 1 cortiço situava-se fora da bacia No Relatório, novamente, há outra referência às um abrigo adequado. Proíbe-se a instalação de latrina
palustre; na rua dos Timbiras, 3 cortiços situavam-se casinhas de Carlos Girardi, o maior proprietário de sem o completo serviço de água. O cortiço deve dispor
fora da bacia (P.103). habitações alugadas para operários. Todas as casinhas de água canalizada para uso doméstico e uma torneira
Nas ruas transversais à antiga bacia, a distribui- eram densamente povoadas e situadas nos pontos e um tanque para cada grupo de seis casas. Os poços
ção dos cortiços seguia a mesma orientação. Ou seja, mais baixos e próximos da antiga bacia palustre. devem ser eliminados (P.105).

nas ruas mais úmidas, por estarem dentro da bacia, A respeito da área interna do cortiço, uma série
localizava-se o maior número de cortiços. Este é o de reformas também é lístada, abrangendo 10 itens,
caso da rua Santa Ifigênia, com 16 cortiços e mais da Propostas de reformas das habitações desde o pé direito de 3,5 a 4 metros à extinção das
metade de sua extensão dentro da bacia. As outras operárias de Santa Ifigênia alcovas, a elevação do soalho em 25 centímetros do
ruas transversais contam com um número menor solo, a caiação e a proibição do uso de papel para
de cortiços, pois possuem menor extensão na bacia: Nos capítulos 5 e 6, que se seguem no Relatório, a forro. Essas, entre outras medidas, constavam das
Andradas, 2; Triunfo, 2; Bom Retiro, 4; Protestantes, Comissão dedica-se a indicar medidas a serem toma- propostas da Comissão. Por fim, todas as casinhas
1; Guaianases, 2 (esta situava-se já fora da bacia e em das para que resulte algum efeito positivo sobre a me- ou cubículos dos cortiços deverão ter lotação igual
terreno mais elevado); Conselheiro Nébías, 1 (tam- lhoria na construção e na higiene das moradias ope- a 15 metros cúbicos por pessoa. As casinhas e
bém fora da bacia) (P.103). rárias. A premissa assumida pela Comissão é de que cubículos receberão numeração e seus habitantes
A zona examinada pela Comissão é maior do que qualquer providência a ser tomada deve ser "enérgi- serão inscritos num livro rubricado pela polícia. Uma
a área ocupada pela primitiva lagoa aterrada. Do total ca': A primeira proposta feita por ela é de que o poder outra preocupação do poder público revela-se no
dos 65 cortiços, estalagens, hotéis ou casas de dormi- público proíba a construção de novos cortiços dentro registro dos moradores do cortiço em livro rubricado
das contabilízados, há 43 situados na área da depres- da zona examinada. Quanto às casas de dormida, que pela polícia - o controle da população "perigosa" -
são, portanto, mais de 2/3 dos cortiços examinados. sejam fiscalizadas, de forma especial, pela polícia e que acaba por se misturar às questões de higiene da
Esses 43 contêm 281 cubículos ou casinhas com uma pelas autoridades sanitárias. Em segundo lugar, que população pobre da cidade.
população de 965 indivíduos. Uma quarta parte des- os cortiços passíveis de reformas sejam de fato refor- Outra lista de medidas destinava-se às casas
sa população foi considerada, segundo indicação dos mados, segundo "a hygiene impõe e a polícia deve exi- de alugar cômodo ou aos sobrados convertidos em
moradores, como lotação em excesso. Assim, pelo que gir': Para isso, é necessário que nos cortiços passem a cortiços. Como no caso dos cortiços, a proposta da
se depreende do Relatório, a Comissão assumiu que dispor de: área livre acimentada e elevada acima do Comissão era não permitir mais a abertura desse tipo
o excedente de moradores totalizava 231 indivíduos, nível da rua e um ralo de esgoto para cada 30 metros de habitação, tolerando apenas as já existentes na zona
número indicado pelos próprios moradores (P. 104). quadrados de superfície, para propiciar uma drena- inspecionada. Qualquer obra ou reforma que o proprie-
A Comissão concluiu que esse número de indivíduos gem superficial. Quanto à latrina, um dos piores itens tário quisesse fazer, deveria submeter o projeto com as
lantas e projetos descritivos ao poder público com- o problema imediato dos cortiços e das casinhas obedecidas quanto à higiene, à saúde pública e à cons-
;etente, estadual ou municipal. Quanto aos cortiços condenadas pela falta de asseio, higiene e pelos vícios trução das habitações em geral (Cap. 2, Arts. 27 ao 102);
condenados pelo exame e inspeção, a Comissão pro- de construção. das habitações coletivas (Cap. 3, Arts. 103 ao 125); dos
punha que o poder público elaborasse um "interdicto" Nos dois últimos capítulos, o sétimo e o oitavo, a hotéis e casas de pensão (Cap. 4, Arts. 126 ao 137); das
coagindo os moradores a desocuparem a área. Por sua Comissão volta seu foco para o futuro e para a cidade habitações das classes pobres (Cap. 5, Arts. 138 ao 145)
vez,o proprietário deveria ser intimado a reformar ou a de São Paulo como um todo, não mais para uma única e, por fim, fixavam-se as características das habitações
demolir o cortiço. Por fim, a desapropriação por utilida- parte, o distrito de Santa Ifigênia. consideradas insalubres e as medidas para saneá-Ias
de pública era a medida extrema proposta. O governo A impressão que nos é sugerida é de que os mem- ou interditá-Ias. Ao todo, dos 520 que compunham o
municipal ou estadual desapropria e abre concorrência bros da Comissão foram inquiridos a responder per- Código, 122 eram dedicados às habitações.
para a demolição e leva o terreno em hasta pública para guntas do tipo: como tratar o problema da habitação De volta ao Relatório, o qual afirma que a cons-
a construção de uma vila operária no mesmo local: para a classe operária numa cidade em crescimento trução das habitações e vilas operárias deveria satis-
galopante? Como incluir a crescente população traba- fazer uma série de exigências indica das pela Comis-
Um prédio condemnado pela hygiene pode ser imme- lhadora no espaço urbano? Como o poder público po- são, podemos verificar algumas sugestões: o solo deve
diatamente desapropriado e a sua habitação interdic- derá incentivar a construção de casas para esse novo e ser enxuto, drenado previamente; empregar esgoto
ta desde logo [...] abundante contingente da população? de circulação contínua; empregar sempre que possí-
Este recurso terá de ser usado mais geralmente, porque A resposta da Comissão a essas perguntas vel água canalizada. Quanto ao prédio propriamente
não só é o mais eficaz, como por acatar melhor o interesse imaginadas por nós é o prenúncio do Decreto na dito, a Comissão propunha o tamanho mínimo de 34
particular,por via de regra, muito melindroso. (p.108-lOg). 233, de 2 de março de 1894, que estabelecia o Código metros quadrados de superfície coberta e 9,75 metros
Sanitário e mandava pôr em execução o Artigo 3 da 0 quadrados de superfície livre. No Relatório são adicio-
Ao encerrar o rol de medidas de saneamento Lei na 240, de 4 de setembro de 1893. Ressalta-se que nadas plantas (plantas I e II) dos tipos de moradias
da habitação dos trabalhadores pobres no distrito de há uma coincidência, ou seja, correm concomitantes o projetadas, com as dimensões mínimas exigidas:
Santa lfigênia, a Comissão manifesta que a desapro- levantamento das condições de moradia dos operários
priação, por desalojar imediatamente e propiciar ga- de Santa Ifigênia e a elaboração dos artigos que irão Quando o prédio for urbano e com frente para a rua o
nhos ou promessas financeiras aos proprietários, é o compor o primeiro Código Sanitário do Estado de São seu pé-direito não poderá ser inferior a 4 metros [...]
melhor recurso, mais eficaz, pois atende ao proprietá- Paulo. O levantamento foi feito entre 7 de julho e 30 de Se o prédio for de dous pavimentos, o segundo destes
rio, indivíduo com interesse "muito melindroso': agosto e o Relatório foi publicado em 19 de outubro, poderá ter no mínimo 3,50m de pé-direito. (nno).
ambos do ano de 1893. A Lei na 240, que determinava
o futuro da habitação da população a necessidade de um Código Sanitário, foi promulgada Uma das preocupações da Comissão era a umi-
operária na cidade de São Paulo em setembro daquele ano. dade das habitações. Para evitá-Ia, propõe um limite
Vamos fugir do Relatório da Comissão e fazer mínimo de elevação do soalho em relação ao solo de
Nos capítulos anteriores, observa-se que a uma breve referência aos capítulos 2 a 6 do Código 50 centímetros. A cozinha asseada, outra preocupação,
Co . -
mlssao deteve-se em propor medidas para resolver Sanitário. Neles, estabeleciam-se as medidas a serem deverá ser ladrilhada ou cimentada. Cada habitação
deverá ter no mínimo 3 cômodos e cada um com área seu custo não excederá a 500:000$000rs (quinhentos tantes 5 quilômetros do centro, com linhas de bonds
não menor de 7,5 metros quadrados de superfície, com contos de réis), incluindo o terreno. e, futuramente, com serviços de tramway e abasteci-
abertura para o exterior para disporem de ar e luz natu- No último capítulo, a Comissão expõe com maior mento de água (P. 113). Outros lugares são indicados,
ral. Ao explicar as plantas das moradias projetadas, os detalhe a proposta de vilas operárias. Facilidade de co- como os terrenos vizinhos da estação de Pirituba; da
membros da Comissão calculam o custo de construção municação e terrenos baratos, amplos e com abasteci- Água Branca e dos Campos de Perdizes, servidos pe-
de 2:500$000rs (dois contos e quinhentos mil réis) a mento de água abundante são os elementos que tor- los trilhos da Estrada de Ferro SP Railway, a inglesa,
8:000$000rs (oito contos de réís), fora o terreno. nam viáveis as vilas. Em torno de São Paulo, num raio que liga Santos a Iundiaí. Do mesmo modo, os ter-
Quanto aos cortiços, a Comissão projeta uma de 10 a 15 quilômetros, esses requisitos estão reunidos. renos altos, no entorno da várzea de Tamanduatehy;
planta de casinha que poderá ser permitida naqueles Para tanto, as vias férreas devem ser prolongadas até a os do Pary "na antiga chácara Símpson" os terrenos
cortiços construídos nos bairros próximos "ou quando distância de 15 quilômetros e, dessa forma, o próprio da Mooca, do Ipíranga, de São Bernardo e de São
se reconhecer de utilidade a reconstrução dos attuaes Estado poderia se empenhar e as vilas poderiam pouco Caetano, todos servidos pela estrada de ferro ingle-
dentro de certa zona da cidade': a pouco surgir ao longo das linhas férreas. sa. Na Penha e em Tatuapé, há terrenos baldios nas
Por fim, a Comissão projeta a vila operária, na A Comissão se diz crente de que "bastará a fácil proximidades das estações da linha férrea do Norte e
planta III, a qual considera o mais adequado tipo de mo- e prompta communicação dos subúrbios por meio de da de Santo Amaro adequados para a construção das
radia para abrigar o contingente crescente da população trens especiais com horário adequado para se conse- vilas. Há ainda terras devolutas em torno da várzea
operária. Para tanto é necessário, como frisa a Comissão, guir a criação e desenvolvimento dessas víllas" (P.113). de Pinheiros, onde poderiam ser construídas.
dispor de largos terrenos fora da cidade. Cada habita- Diante da situação descrita, a Comissão conside- Uma infraestrutura de transporte aparece como
ção deverá ter no mínimo 54 metros quadrados de área ra 'l..]não ser tolerável que se condemnem os cortiços condição necessária para viabilizar a construção das
coberta e 27 metros quadrados de área livre. Cada uma urbanos, e que se desalogem as populações operárias vilas pelos terrenos e áreas indicadas:
contará com seis cômodos - sala, varanda, três quartos e sem lhes proporcionar facilidade de obter agasalho em
cozinha -, poderá alojar seis pessoas e o aluguel será no qualquer outro ponto" (P. 115). Disso decorre o posicio- Trens de subúrbios, regularmente mantidos nestas
máximo 40$000rs (quarenta mil réis) por mês. namento da Comissão favorável à construção das vilas, direcções [...] trariam à cidade de S. Paulo grande de-
que deveria ser imediata e com auxílios diretos por par- safogo, desviando da capital o excesso de população
As villas operárias serão construídas, de preferência, te dos poderes públicos, principalmente o municipal, que ahi mal se accornmoda, concorrendo para, deste
nos suburbios em terrenos escolhidos e saneados, mas também o estadual. Ao invés de o Estado despen- modo, melhorar as condições de saúde urbana e fazer
offerecendo ao operário fácil accesso para a cidade ou der recursos no combate às epidemias, "difícil de extir- com que o preço dos aluguéis se mantenha dentro de
para o lugar onde elle diariamente se occupa. (P.112). par'; o gasto na construção das vilas seria o de "prevenir limites mais razoaveis. (P.114).

e não remediar'; conclui a Comissão.


Ao encerrar sua proposta, a Comissão faz a esti- No final do capítulo, a Comissão volta a mapear Além dos terrenos distantes, a Comissão vê
mativa de que num terreno de 4 hectares poderá ser os lugares adequados para receberem as vilas distan- que ainda existem terrenos desocupados em bairros
construída uma vila com 112 casas, do tipo da proje- tes do centro de São Paulo: Santa Anna, nos campos mais próximos ao centro, como Bexiga, Bela Cintra.
tada na planta III, que poderá alojar 700 pessoas, e o entre o Rio Tíetê e a Serra da Cantareira; terrenos dis- Pacaembu, Pary, Mooca e Carnbucí, mas se mostra cética

46
estes terrenos fossem destinados à construção dos no Relatório. O que pretendo nesta segunda parte nacionalidades e idades. Percebe-se no Relatório que
de que ,.
u vilas operanas. EIes eram man tidos
1 os vazi
vazios, é ir além do Relatório da Comissão: garimpar as rique- a Comissão trabalhou muito pouco com as informa-
de casa S o
ardando a valorização, e seus proprietários tinham zas das fichas e das informações registra das. ções levantadas, talvez pelo exíguo tempo para fazer o
~:vadas ambições': A especulação imobiliária não Meu foco de análise será restrito às informações inquérito e o Relatório. As visitas domiciliares começa-
ava das observações dos membros da Comissão: registradas nas fichas e que não foram exploradas no ram no início de julho e terminaram no fim de agosto, e
escap
Relatório. Com isso, pretendo trazer à luz um pouco o Relatório foi apresentado ao Secretário dos Negócios
Uma cidade como esta, rodeada de campos vastíssi- do que era o centro da cidade, ou seja, o distrito de do Interior, Cesário Motta Ir., em outubro de 1893.
mos, com terrenos largos adequados a todas as cons- Santa lfigênia no ano de 1893. A primeira constatação feita pela Comissão é
truções não deve possuir em seu seio esses antros, Pretendo completar as informações do Relatório e de que "as habitações destinadas às classes operárias
denominados cortiços, onde fenece a saúde mais mostrar como era essa região da cidade, quem eram seus são numerosas': O Relatório indica que ao todo foram
robusta e onde o operário incauto, a busca de uma habitantes - imigrantes e nacionais, mulheres e homens, mensurados 60 cortiços de todos os tamanhos e feitios
economia illusoria e fatal encontra quase sempre os adultos e menores reunidos - misturados naquela zona, com uma população de 1.320 indivíduos das mais di-
germens da morte que o dizima. (P.1l4-115). convivendo o dia a dia, ainda que esta convivência fosse versas nacionalidades (P. 98).

restrita a um período 'do dia - a noite - quando voltavam Vamos, então, desdobrar, por meio das informa-
Como medidas para resolver o problema das ha- dos seus afazeres para as suas habitações. ções das fichas, esta constatação. Para acompanhar a
bitações operárias, o Relatório sugere que o Estado ou Aquela zona de dimensões reduzidas, com um análise, o leitor encontrará no anexo as Tabelas I e II
o Município conceda favores às empresas
ras, tais como garantia de renda de 10% sobre o capital
construto- pouco mais de 14 hectares, era uma verdadeira
de Babel'; pois reunia inúmeros indivíduos
"Torre
de diversas
com os dados das 65 fichas, de onde extraímos
belas contidas no corpo do artigo.
as ta- /
investido na construção, isenção de impostos munici-

--
pais e estaduais sobre o prédio, concessão de privilé-

-
gio de transporte por ônibus ou diligências do centro
Tabela 1: Tipo de habitação
da cidade até a vila operária, controle dos preços dos Tipo de habitação Habitações existentes Área eonstr. (m2) Casinhas/eu bíeulos
aluguéis pelo poder municipal e, por fim, facilidade de
I Casa de pensão 3 sd I sd 22 I 34 11 131
compra a prazo das casas pelos próprios operários.
, Casinhas 7 106 sd 39 207 65

I Cortiços 51 4.013 2.889 311


--
I 1.028 11 2181
Para além do Relatório Estalagens 1 sd sd 28 sd sd
da Comissão: análise das fichas
I Hotéis 2 375 84 16 43 11 101
Restaurante 1 sd sd 10 19 3
Até aqui, a análise restringiu-se a expor as con-
dições das habitações ressaltadas pela Comissão que r Total 65 4.494 I 2.973 426 1I 1.3311l 3091
realizou as visitas domiciliares e mostrou seus resulta- Fonte: Fichas do Relatório de 1893 e Anexo I. sd = sem dados

47
A Tabela 1 traz a discriminação do tipo de mulheres, adultos e menores - de diversas nacionali- Código Sanitário determinava para os internatos que
habitação, o número existente por tipo de habitação, dades, ou seja, havia em média 3 pessoas por cubículo. cada aluno deveria dispor de 14 a 20 metros cúbicos
a área livre e a construída em metros quadrados, Do total de 1.331 indivíduos habitantes em moradias (Art. 122) e, nos quartéis, cada soldado deveria dispor
o número de casinhas ou cubículos, a população "operárias'; 77% estavam nas habitações classificadas de 20 a 25 metros cúbicos nos alojamentos (Art. 123).
existente e o excesso de lotação. A classificação feita pela Comissão como cortiços. Um excesso de lotação Quanto a casas de pensão e hotéis, o Código es-
pela Comissão no Relatório, comentada no tópico era verificado em 21% dos cortiços, cujo predomínio tabelecia que:
"Classificação das Habitações'; é um pouco distinta da em relação aos demais tipos fica evidente nessa tabe-
apresentada na Tabela r. A classificação adotada nessa la, entretanto, o excesso de moradores é mais sentido [...] o número de locatários deverá ser proporcional à
tabela foi retirada do registro que aparece nas fichas. nas Casas de Pensão, 38%; nas Casinhas, 31% e nos capacidade do edifício e não deverão ser permittidas
Casas de pensão e estalagens não foram tipificadas Hotéis-cortiços, 23%. menos de 14m3 de espaço para cada indivíduo nos
pela Comissão, assim como nas fichas não aparecem Infelizmente, as informações relativas a áreas li- aposentos dos locatários. (Art. 127).
os sobrados convertidos em cortiços. Na verdade, a vres e construídas são muito falhas para se fazer com-
habitação tipificada como sobrado convertido em parações confiáveis com os dados gerais. A área livre No capítulo 5, o Código Sanitário trata especi-
cortiço aparece na ficha com o registro de "Cortiço': média por cortiço é de 79 metros quadrados e a área ficamente das "Habitações das Classes Pobres': Já no
O exemplo desse tipo de habitação encontra-se nas construída média, de 57. Em relação aos cortiços, seus primeiro artigo do capítulo, Art. 138, determinavam-
fichas 52 e 53, que registram os sobrados existentes cubículos deveriam ter uma área livre média de 12me- se a proibição da construção de cortiços e a tomada
à rua Bom Retiro, nOS33-35 unidos internamente e tros quadrados e uma área construída média de 9. Esses de providências pela autoridade municipal para a eli-
subdivididos em 27 cômodos alugados a diversas valores gerais não podem ser considerados exatos, pois minação dos existentes. Para as "casas das classes po-
famílias, tendo em comum a cozinha e a latrina há muitos cortiços e cubículos que não foram dimen- bres'; o Art. 144determinava que: "a lotação dessas ca-
instalada no pavimento térreo em "más condições': sionados; logo, os dados gerais estão subestimados. sas não sendo permittidas aposentos de dormir com
Os 27 cômodos abrigavam 62 pessoas (Fichas 52 e A capacidade dos cubículos, medida em metros menos de 14m3 livres para cada indivíduo': Proibia a
53). Restaurante também aparece somente na ficha e cúbicos, segundo o Relatório, variava de 45 a 65. Se subdivisão de grandes casas para servirem de moradia
não na classificação, porém pode ser identificado com admitirmos essa capacidade como sendo a mais fre- a grande número de indivíduos, provavelmente por-
o tipo de habitação que a Comissão denominou de quentemente encontrada pela Comissão, como ela que tais subdivisões não preservariam a determina-
"vendas ou tascas'; embora existissem vários cortiços própria afirma, então a capacidade cúbica por pessoa ção de "aposentos de dormir" com 14 metros cúbicos
e casinhas cujo cômodo da frente era ocupado por nos cubículos dos cortiços girava em torno de 15 a 22 livres para cada indivíduo.
alguma venda. metros cúbicos. É difícil afirmar se esta medida obede-
Vemos que do total de fichas (65), 51 correspon- ce ao Código Sanitário, que previa no seu Art. 47 "que Casinhas e cortiços do maior proprietário
diam a cortiços, ou seja, 78%das habitações operárias não devem ser permittidas nas habitações aposentos de imóveis do distrito de Santa Ifigênia
eram classificadas como cortiços. Esse total de 51 cor- de dormir, tendo menos de 14 m- livres para cada in-
tiços desdobrava-se em 311 cubículos que abrigavam dívíduo'". Acerca de habitações coletivas, como quar- Ao se trabalhar com os dados específicos para
uma população de 1.028indivíduos - entre homens e téis, hospitais, hospícios, hospedarias e colégios, o cada um dos cubículos, a riqueza e a maior precisão

1.8
das informações nos permitem avaliar melhor as con- uma capacidade cúbica de 62 metros por morador, bientais da zona situada sobre a antiga bacia palustre,
dições das habitações dos operários. Cabe esclarecer acima do que seria legislado. Nesse cubículo não há o que afetava o valor do aluguel, empurrando-o para
que há uma diferença entre o número de cubículos registro de excedente (Ficha 4). baixo. Por outro lado, o distrito de Santa lfigênia era,
registra dos na parte superior da ficha e os descritos na As duas casinhas com maior excesso de lotação, em termos de localização, de fácil acesso, com dispo-
inferior. Por exemplo, há 426 cubículos no campo su- situadas na rua General Osório, abrigavam 51 adul- nibilidade de transportes e ainda por cima próximo das
perior da ficha e 399 no inferior. Essa diferença deve-se tos e um só menor. É difícil dizer se essas casinhas estações férreas pelas quais chegavam os imigrantes à
ao fato de que nem todos os cubículos foram descritos eram ocupadas por famílias jovens sem filhos meno- cidade de São Paulo. Essas variáveis elevavam os preços
pelos membros da Comissão de Exame e Inspeção". res, por famílias maduras com filhos já maiores ou do aluguel, que também era empurrado para cima pela
Duas das casinhas de Carlos Girardi, o maior por indivíduos sem família. Quanto à nacionalidade, escassez de casas para o crescente contingente de tra-
proprietário de casinhas na zona do distrito de Santa se tomarmos a do locatário, a única que está discri- balhadores pobres que vinham para a cidade.
lfigênia, apresentavam lotação excedente em 80 e 60%, minada na ficha, e supormos que todos os habitantes Para efeitos de comparação, vamos relembrar a
respectivamente. Embora com um menor excesso de tivessem a mesma origem que ele - o que é uma su- estimativa feita pela Comissão para a construção das
lotação, todas as casinhas de sua propriedade tinham posição bastante plausível-, ou seja, de que em cada vilas operárias fora da cidade. Segundo tal estimativa,
excedente ocupacional. Dos seus três cortiços, dois ti- cubículo convivessem àpenas indivíduos da mesma cada habitação teria no mínimo 54 metros quadrados
nham excesso de habitantes, 58 e 55%; do terceiro não origem nacional, teríamos pessoas com diversas de área coberta e 27 metros quadrados de área livre e 6
se dispõe de informação. As casinhas, em número de nacionalidades habitando essas casinhas: italianos cômodos: sala, varanda, 3 quartos, cozinha e a latrina
seis (Fichas 3, 4, 5, 7, 48 e 50), e os 3 cortiços (Fichas 6, seriam 16 adultos e 1 menor; espanhóis, 15 adultos; nos fundos da área livre. Assim dimensionada, a casa
23 e 49) eram convertidos em 54 cubículos ocupados brasileiros, 13 adultos. Há, portanto, 33% de italia- poderia alojar seis pessoas e o aluguel seria no má-
por 282 pessoas, resultando um excedente de 91 indi- nos, 29% de espanhóis e 25% de brasileiros; para 13% ximo 40$000rs (quarenta mil réis) por mês (p. m). De
víduos. O critério para definir o excesso de lotação não não há informação (Fichas 3 e 4). fato, em relação ao aluguel cobrado por Carlos Girardi
está muito claro. No Relatório, a Comissão afirma que Quanto ao aluguel, eram cobrados pelas casi- pelas suas casinhas, a proposta da Comissão era extre-
o número de habitantes em excesso foi indicado pelos nhas 60$000rs (sessenta mil réis), o que resulta que mamente otimista.
moradores. Nessas duas casinhas, há cubículos com I$OOOrs (um mil réis) pagava a capacidade cúbica de Com relação aos cortiços, a situação era um pou-
11,30metros cúbicos por pessoa, onde há o registro de 2,07 metros. É claro que a definição do valor do alu- co distinta da encontrada nas casinhas. Dos três corti-
um excedente de 7 pessoas, como há cubículos com guel não é apenas afetada pelas dimensões do imó- ços de propriedade de Carlos Girardi, existem informa-
20,71 metros cúbicos por pessoa e, mesmo assim, há vel, principalmente nas habitações para os pobres. ções nas fichas apenas para dois - um era localizado à
o registro de excesso de lotação de 2 indivíduos. Pelo Outras variáveis afetam no seu preço: a escassez de rua General Osório e outro na rua Santa lfigênia: ambos
Código Sanitário, o aposento de dormir deveria dispor moradias desse tipo ou, em outros termos, a deman- totalizavam 19 cubículos onde habitavam 92 pessoas e,
de, no mínimo, 14 metros cúbicos livres por indivíduo, da por esse tipo de habitação superior a sua oferta e também, apresentavam excedente de moradores em
como já foi mencionado. também a localização. torno de 58 e 55% respectivamente (Fichas 6 e 49).
Nas casinhas, há também o registro de um cubí- O Relatório foi extremamente cuidadoso em de- O mais populoso deles, com 51 pessoas, loca-
culo c
om apenas dois habitantes e, portanto, com monstrar a deterioração e as precárias condições am- lizado à rua Santa Ifigênia, dispunha de 10 cubícu-

49
los para abrigá-Ias e de uma área livre de 14 metros Quanto ao aluguel, os ocupantes dos menores Mulheres e famílias
quadrados, porém, não há informação sobre a área cubículos, de 33 metros, pagavam o equivalente a nos cortiços de Santa lfigênia
construída (Ficha 49). 16$000rs (dezesseis mil réís), enquanto os ocupan-
A pergunta que nos vem à mente é: quem são es- tes dos maiores, com 47 metros, pagavam 25$000rs Nem todos os cortiços tinham um encarregado
sas pessoas? de onde vêm? qual a nacionalidade? são (vinte cinco mil réis). Dada a precariedade dessas ou locatário. No cortiço de Carlos Gírardí, o encarre-
famílias ou indivíduos sem famílias, solteiros? quan- habitações, o aluguel dos cubículos menores equi- gado era um italiano morador do próprio cortiço, que
tos homens e quantas mulheres? quantos menores? valia ao das casinhas, ou seja, l$OOOrs pagava a ca- cuidava da sua administração por ordem do proprie-
As informações registradas nas fichas não permitem pacidade cúbica de 2,06 metros; já nos cubículos tário e, em troca, não pagava aluguel (Ficha 49). Das
que se obtenham respostas para todas as perguntas, maiores, a situação de exploração era bem pior, pois 65 fichas com a descrição das habitações, apenas em
mas dá para extrair alguma ideia deste contingente 1$000 réis pagava a capacidade cúbica de somente 21 aparece o nome do encarregado/locatário. Esse
que se aglomerava nos cortiços. 1,88 metros. cargo era preenchido, geralmente, por um morador
Ainda no cortiço mais populoso, de propriedade Não somente as casinhas e os cortiços de Carlos do cortiço. As três únicas mulheres encarregadas
de Carlos Girardi, a capacidade cúbica dos "cubículos" Girardi forneciam péssimas condições de moradia às eram viúvas. Provavelmente, a ocupação do cargo re-
variava entre 33 e 47 metros (Ficha 49). Nos menores pessoas pobres - casas sem higiene e mal construídas. presentava uma alternativa de renda e, também, eco-
cubículos, de 33 metros, em número de 8, resultantes Mas esse é um caso especial, pois se trata de um único nomia do aluguel para essas mulheres. Esse era, sem
da divisão de cubículos de 65,4 metros, aglomeravam- proprietário que tem como alvo do seu negócio a ex- dúvida, o caso de Ângela Cerenci, de origem italia-
se 18 poloneses, 4 italianos e 1 brasileiro 11, todos adul- ploração de moradia para o contingente da população na, encarregada do cortiço de propriedade de André
tos. Possivelmente eram trabalhadores sem famílias, mais pobre da cidade. Faysano na rua Victoria, 76. Viúva e com 5 filhos me-
pois não há registro de menores. Em todos há um De modo geral, os proprietários eram bastante nores, não pagava aluguel por cuidar da administra-
excesso de lotação, pois os cubículos, no máximo, dispersos, tendo sob sua posse um ou, no máximo, ção do cortiço. Ocupava um cubículo de 24 metros,
comportariam dois habitantes. Entre os poloneses, o dois cortiços. Do total das 65 fichas da pesquisa, os com apenas 4 metros cúbicos por pessoa, cujo aluguel
excesso é maior. Em quatro cubículos, os poloneses proprietários de um único imóvel são predominan- era de 15$000rs (quinze mil réis). A Comissão anotou
ocupantes, em número de 5 e 4, determinavam uma tes, 47 (o equivalente a 72%), mostrando a dispersão como observação na ficha que o excesso de lotação
capacidade cúbica de 7 a 8 metros por pessoa, ou da propriedade. Somente quatro indivíduos, além de era de 5 pessoas, ou seja, o cubículo comportava ape-
seja, metade da proposta no Código Sanitário como Carlos Girardi, têm mais de um imóvel: Dr. Carmo nas uma única pessoa e nele habitavam 6 (Ficha 31).
a mínima necessária. A Comissão propôs a interdição Cintra, proprietário dos cortiços das Fichas 11, 62 e 63; A Viúva Germana, de origem alemã, era a encarregada
desses cubículos. Nas suas "Prescripções" manda ain- Tenente Coronel Cantinho, cortiços das Fichas 33 e 34; da casa de pensão situada na rua Guaianases - cujo
da demolir as divisórias, entupir o poço, demolir um Silvanio Pascal (francês), cortiços das Fichas 21 e 39; e proprietário, D. Klein, também era alemão. Apesar de
galinheiro construído ao lado da latrina na área livre Faustino da Fonseca, cortiços das Fichas 52 e 53. ter excesso de lotação de 100%, não há outras infor-
e "assentar mais duas bacias para a latrína" Ainda ob- Há apenas 6 mulheres proprietárias (9%), sendo mações sobre os habitantes dessa casa de pensão.
serva a falta de asseio, de higiene, o não uso de água uma francesa e outra alemã; o restante eram brasilei- Como inquilinas, as mulheres aparecem apenas
encanada e a iluminação à querosene. ras (Fichas 22,36,42,57,59 e 65). em 38 cubículos (9,5%) dos 399 investigados. As Illu-

____________________________ ~ ~n' ~ ~ __ ~ ~_
lheres responsáveis pelo contrato de aluguel, como se Tabela 2: Nacionalidades e cubículos sem e com menores

--_••••••
pode supor do registro do inquilino na ficha, são de vá-
Cubículos sem menores Cubículos com menores
rias nacionalidades: 11 brasileiras, 9 italianas, 8 portu-
Nacionalidade
guesas, 7 espanholas, 2 alemãs e 1 polonesa". Entre as
11 inquilinas de origem brasileira, havia 4 com meno-
Alemã 14 33 33 5 18 46 54 100 26
res de idade na residência (36%), o que poderia indicar .1 J

a presença de famílias brasileiras; de origem italiana, os Austríaca O O O O 2 j 5 5 I 10 I 2

1
domicílios com menores eram 3 (33%), portanto
mílias dos 9 cubículos com mulheres
3 fa-
como inquilinas;
Belga 1 3 3
! O O O O O O

de origem espanhola eram 4 (57%) dos 7 com mulhe-


Brasileira 20 56 56 11 9 23 • 17 I 40 I 7

res como inquilinas; por fim, de origem portuguesa, Dinamarquesa 1


I'
4 4
.! 1 O O O O O
os domicílios com menores eram 6 (75%) dos 8 com Espanhola 14 45 45 9 24 57 -. 64 I 121 I 42
-I
inquilinas. Assim, há uma presença mais marcante de I
Francesa . 1 2 2 O 1 2 1 3 O I
inquilinas com família de nacionalidade portuguesa e
espanhola do que brasileira e italiana".
Italiana 11 45 147* 147* 23 38 106 1 92 198 65

Há, ainda, dois cubículos com inquilinas de ori- Polonesa -I 7 24** 24** 9 2 4 3 7 O
gem alemã. Um de Emma Daher, inquilina no cubícu- Portuguesa Ir 41 94 94 4 49 120 1 111 231 62
lo de 11 metros, onde morava possivelmente com sua I )1 ,I
Sueca 1 4 4 O 3 7 3 10 O
família composta por um outro adulto e um menor.
Nesse cubículo, a capacidade cúbica por pessoa era de Sd naco 94 174 *** 174*** 36 14 7 6 25 6

menos de 4 metros. Por essa habitação, Emma pagava Total 239 586 586 98 160 371 356 745 210
12$000rs (doze mil réis), ou seja, mil réis pagava me- Fonte: Fichas do Relatório de 1893.
nos doe1 metro cúbico de capacidade. Esse era um dos *Nas fichas 48 e 49, não há a discriminação de adultos e menores nos cubículos ocupados por italianos, somente a população existente.
piores cubículos da pesquisa. A Comissão prescreveu Assim, os 14 indivíduos que aparecem foram considerados adultos.
**Na ficha 49, sobre o cubículo ocupado por poloneses, não há a discriminação entre adultos e menores, somente o número da população
sua interdição por consíderá-Io inabitável (Ficha 10).
existente. Assim, os 4 indivíduos que aparecem foram considerados como adultos.
Famílias com inquilinos masculinos como respon- ***Na ficha 64, que aparece sem dado de nacionalidade (SD NAC), não há discriminação de adultos e menores e aparecem 12 indivíduos na
sáveis pelo contrato de aluguel predominavam em 60% população, os quais consideramos todos adultos.

dos cubículos, como era de se esperar. Se adotarmos a


origem do inquilino, agora de ambos os sexos, como cri-
tério para definição da origem da família, é possível ter
uma ideia do número de famílias com presença de me-
nores que habitavam os cortiços de Santa lfigênia.

51
Asseio e nacionalidade interdição era mais em razão das más condições da
Quadro 1. Síntese: cubículos, construção e das suas reduzidíssimas dimensões do
Uma constatação feita pela Comissão quanto que por causa das condições de limpeza.
população, adultos e menores
ao asseio é bastante curiosa, pois há uma clara No cubículo que apresentava excesso de lotação,
Número de cubículos relação entre a origemdos habitantes e as condições habitava a família de Theodoro Oeckinghaus, Com-
Adultos de limpeza da habitação: "O soalho jamais se lava posta por dois adultos e dois menores. A capacidade
Menores 356
com excepção daquellas habitações occupadas por cúbica era de 18metros e o aluguel de 15$000rs(quin-
famílias allemãs, ou de gente do norte da Europa ze mil réis). No outro cubículo interditado, morava so-
População 1.331
onde o aceio é quase sempre irreprehenssível" (p. zinha a viúva Elisa Dila. Apesar de um pouco maior,
Excedente 308 99). Essa observação aplica-se como luva ao cortiço 19 metros cúbicos, o aluguel era 1/3 menor do que
Fonte: Tabela 2. da rua Triumpho, 49. Nesse cortiço, existiam oito o pago pela família Oeckinghaus, lO$OOOrs(dez mil
cubículos e sua proprietária, Maria Alvina Fanisnen, réis). Talvez o menor valor do aluguel fosse devido a
era de nacionalidade alemã (Ficha 59). A área livre um contrato mais antigo.
Os menores correspondiam a 27% da popu- do cortiço tinha aotodo 156 metros quadrados, onde O único cubículo de moradores italianos era o
lação moradora nas habitações de trabalhadores, o estava instalada a latrina ''(...] limpa, mas carece de de João Logarini. Na ficha não constava a informação
que deve corresponder à participação de menores retoques no cimento do chão'; uma torneira para de suas dimensões, mas o aluguel era o mais elevado,
na população imigrante. Assim, pode se constatar água, três sarjetas edoisralos. A área era parcialmente 60$000rs(sessenta mil réis). Nele funcionava uma ven-
que há um domínio de habitações sem a presença de cimentada. Nas prescrições,a Comissão recomendava da na frente e, segundo a observação da Comissão, ''[...]
menores. De um total de 399 cubículos, 239, ou seja, ladrilhar o restante da área, remover material carecendo de aceio geral':Asprescrições previam: "Fazer
60%, correspondem a moradias sem menores. Entre empilhado no telheifOe substituir a cerca de tábuas o aceio do soalho, caiar as paredes e fazerpintura nova':
os portugueses, há 49 moradias com menores (31%); por gradil. Nos 8 cubículos moravam 28 pessoas: em Outro cortiço habitado por "gente do norte da
entre os italianos há 38 (24%); e entre os espanhóis 7 cubículos moravam indivíduos de origem alemã e Europa'; também limpos e asseados, era o da rua dos
há 24 (15%). Chama-nos a atenção que, entre os bra- apenas em um único cubículo habitavam 4 adultos Gusmões, 101, de propriedade de JulioViccari. Dispu-
sileiros, o número de moradias com menores é infe- de origem italiana. Asboas condições de asseio foram nha de quatro cubículos, todos alugados para suecos,
rior ao encontrado entre alemães, o que nos leva a registradas pela Comissão nos cubículos habitados distribuídos em três famílias com menores e uma sem
crer que entre os estrangeiros a presença de famílias pelas famílias de origem alemã. Mesmo em três menores. As dimensões dos cubículos não constam na
era mais frequente do que entre brasileiros, embora cubículos condenados, para os quais a Comissão ficha, no entanto a área livre era de 91 metros quadra-
bastante reduzida. Nas moradias com menores, ou propunha a interdição,ela faz notar a limpeza. Eles dos, onde estavam instaladas 2 latrinas "a melhorar'; 1
seja, naquelas em que configuram famílias morado- possuíam dimensões bastante desproporcionais sarjeta e 1 ralo (Ficha 25). Entre as reformas recomen-
ras, o excesso de lotação supera aquelas sem meno- ao número de moradores - 18 e 19 metros cúbicos: dadas pela Comissão em suas prescrições estão: "[...]
res - 68% das moradias com excedente ocupacional "Capacidade insufficiente, muito baixo, conquanto ladrilhar a parte da área entre as casinhas e a sargeta
ocorrem em domicílios com menores. muito limpo e aceiado" (Ficha 59). Portanto, a existente. Cimentar a latrina em redor. Cimentar as pe-
uenas áreas do fundo das casinhas': Todas as casinhas das menores encontradas no "exame e inspeção das sumo da família, carne e ovos, como para gerar renda
q consideradas "Em boas condições de aceio" (Fi- habitações" do distrito de Santa Ifigênia: de 6,6 a 8,3 familiar. Em um dos cortiços aparece horta, que consi-
foram . A'

cha 25) e os inquilinos pagavam a mesma ímportancia metros por pessoa, bem inferior à preconizada pelo deramos como autoconsumo, embora também pudes-
de aluguel, 25$000rs (vinte e cinco mil réis). Código Sanitário de 1894 de 14 metros cúbicos por se gerar excedente, como aparece apenas urna única
Dinamarqueses ocupavam um cubículo do cor- pessoa no cômodo de dormir. vez, optamos por considerar autoconsumo.
óço à rua General Ozório, 44, onde existiam 9 cubícu- Os poloneses estavam submetidos às piores con- A distribuição dessas atividades pelas ruas do
Ias e 41 pessoas. Todos os cubículos tinham a mesma dições de habitação. Todos os cubículos careciam de distrito de Santa Ifigênia já apontava para a importân-
dimensão, 78 metros cúbicos. A Comissão considerou asseio e foram condenados - "Propõe o interdícto" - cia da rua Santa Ifígênía, que concentrava 30% dos es-
o cubículo ocupado pelos 4 dinamarqueses adultos conforme prescrevia a Comissão. Por esses subcubí- tabelecimentos comerciais e de prestação de serviços
como tendo "Boas condições hygíenícas" A mesma culos pagavam a importância de 16$000rs (dezesseis registrados pela Comissão; em seguida vêm as ruas
avaliação foi conferida ao cubículo ocupado por uma mil réis) (Ficha 49). dos Gusmões e General Osório, segundo a Tabela 3.
família austríaca com dois adultos e três menores: Apenas uma família de poloneses, moradora
"Em boas condições de aceio" embora em ambos, de uma das casinhas do mesmo proprietário Carlos
Girardi, à rua General Ozório, 37, dispunha de capa-
Tabela 3: Ruas e números
quer a dos dinamarqueses quer a dos austríacos, hou-
vesse excesso de lotação (Ficha 6). cidade cúbica mais adequada: 37 metros por pessoa. de estabelecimentos
É interessante observar que, nesse mesmo corti- Letícia Cachenswich era a inquilina da casinha, onde Ruas Nº de estabelecimentos
ço, os cubículos ocupados por portugueses, italianos, morava com mais um adulto e um menor. A ilumina-
Bom Retiro 5
brasileiros e, até mesmo, por uma família alemã foram ção era à querosene e o aluguel, de 45$000rs (quarenta
reconhecidos por sua "falta de aceío" O excesso de lo- e cinco mil réis). Na avaliação feita pela Comissão, a Conselheiro Nébias 1

tação mais expressivo era na família alemã, composta casinha foi considerada sem asseio e a recomendação Do Triumpho 3
por 2 adultos e 6 menores, ou seja, com excesso de 5 para sanar a precariedade da habitação implicava: Dos Andradas 1
pessoas (Ficha 6). "Fazer o aceio, reboco, caiação e pintura. Abrir venti-
Dos Guayanazes 2
No .cortiço da rua Santa lfigênia n" 144, de lador na alcova da frente" (Ficha 5).
propriedade de Carlos Girardi, estava o maior Dos Gusmões 6
contingente de poloneses, com 18 adultos (75% Duque de Caxias 1
do total de adultos poloneses), não há registro Os pequenos negócios nos cortiços
General Ozório 6
de menores poloneses. Eles ocupavam quatro e casinhas de Santa Ifigênia
Santa Ephigenia 11
cubículos divididos com famílias distintas da mesma
nacionalidade ou de nacionalidades diferentes, como Em 38 dos 399 cubículos (o equivalente a 9%) apa- Tymbiras 2
brasileiras e italianas. A capacidade cúbica dessas recem atividades econômicas, como vendas, fruteiras, Total 38
habitações era de 33 metros. A capacidade cúbica alfaiataria, sapataria, açougue, funilaria etc. Aparece
Fonte: Fichas do Relatório de 1893.
nos subcubículos ocupados por poloneses era uma também galinheiro, que tanto poderia ser para o con-

53
Na rua Santa Ifigênia, o estabelecimento do negó- daria. A Comissão mandou interditar os sete cubícu- abrigo para a latrina (Ficha 7). A quitanda de frutas foi
cio era mais frequente no tipo de habitação classificada los, entupir o poço e reformar uma cocheira nos fun- condenada a ser removida por falta de asseio (Ficha 5).
pela Comissão como "casinhas': Assim, nas casinhas dos da área livre (Ficha 38). A padaria poderia ser de Já em três cortiços da rua General Osório funcio-
visitadas pela Comissão nessa rua, funcionavam uma propriedade do dono do cortiço ou arrendada por este nava uma venda na parte frontal, noutro, uma oficina
venda de um comerciante de origem italiana (Ficha 48) a terceiros, moradores ou não. de ferreiro e, no terceiro, um galinheiro. A interdição
e, nas casinhas de números 146, 148 e 150 (Ficha 50) No cortiço, situado ainda na Santa Ifigênia, 97, determinada pela Comissão visava coibir o aluguel do
uma oficina de madeira, uma oficina de funileiro e uma cuja proprietária é uma senhora de origem francesa, cômodo de cima do galinheiro e a construção de dOis
loja de fazendas. Todas essas atividades econômicas Mme. Olivier, a situação é mais estranha ainda: na cubículos atrás da oficina de ferreiro, pois eles já esta-
eram situadas na parte da frente das casinhas e admi- parte da frente havia uma venda onde o italiano vam embargados pelo delegado de higiene por ferir as
nistradas por italianos. As demais atividades estavam Domingos Bandoni, ou Bondini, tinha uma pensão, posturas municipais (Ficha 13).
localizadas em cortiços, à exceção de um restaurante e nos fundos da área livre havia um galinheiro (Ficha Nos cortiços da rua dos Gusmões, as atividades
que funcionava junto a uma estalagem, a qual a Comis- 42). A Comissão prescreveu entupir o poço, melhorar econômicas encontradas foram uma oficina de
são prescreveu sua demolição completa (Ficha 36). a latrina, remover o galinheiro e fazer obras de retoque sapateiro, de propriedade de Luiz Baptista de Lemos,
Alguns negócios localizados nos cortiços eram e de asseio nos nove cubículos alugados (Ficha 42). português (Ficha 14); uma oficina de marcenaria de
encontrados nos fundos da área livre, como era o caso Noutro cortiço interditado pela Comissão, Manoel de Assumpção Cleto, também português
da oficina de funilaria mantida pelo próprio proprie- no cubículo habitado por um indivíduo de origem (Ficha 20); uma alfaiataria de Antonio Hannawald,
tário do cortiço, Max Unge r, de origem alemã. A ofici- portuguesa, funcionavam uma venda e uma quitanda. alemão (Ficha 18); e uma oficina de ornamentos
na tinha como razão social o nome do seu proprietá- A Comissão interditou os dois cubículos não somente de zinco de Grumowiski, polonês (Ficha 23). Nesse
rio (Ficha 43). Havia neste cortiço 3 cubículos, todos pela má construção - "Terreno com construção cortiço, onde funcionava a oficina de ornamentos de
alugados por alemães e em "boas condições de aceío" provisória de zinco na frente" - como também pela zinco, no dia 7 de maio de 1893, foi notificado um caso
Como medida prescritiva para melhorar as condições falta de higiene. Nos fundos havia uma horta, um poço fatal de febre amarela.
do cortiço, a Comissão recomendava a retirada do ma- em uso, um ralo e uma torneira (Ficha 37). Um galinheiro era mantido na área livre do
terial entulhado nos fundos, provavelmente restos da Na rua General Osório, em três casinhas, de cortiço e uma oficina de ferreiro funcionava na frente,
oficina de funilaria e, mais ainda, "melhorar a latrina" números 35, 51 e 55, funcionavam uma quitanda, em outro cortiço, cujos dois únicos cubículos estavam
e "cimentar o chão em torno da mesma" (Ficha 43). uma oficina de barbeiro e um açougue. A quitanda de desabitados sob ordem do delegado de higiene por lá
Há casos em que é difícil saber se o negócio é do frutas era explorada por Carmen Linzi, uma senhora de terem ocorrido dois casos fatais por febre amarela em
proprietário do cortiço, se ele arrenda para terceiros, origem italiana; o açougue, também por um italiano; e 8 de maio de 1893. Os três casos de morte por febre
ou se é de algum inquilino dos cubículos. Aplica-se a barbearia, por um português. O açougue não cumpria amarela ocorreram naqueles cortiços da rua dos
essa situação ao cortiço de propriedade do espanhol as posturas municipais e a Comissão prescreveu a Gusmões (Fichas 23 e 24).
Casemiro Alonso, que era precedido por uma venda intimação para satisfazer as normas e demolição de Na rua do Bom Retiro localizava-se uma casa de
sob a firma "Souza F. Cia" (Ficha 47). Algo semelhante um cômodo improvisado. Com relação à barbearia, pensão com uma venda e um restaurante para atender
ocorre no cortiço encontrado nos fundos de uma pa- a Comissão manda fazer asseio geral e construir aos hóspedes, ambos situados na frente. Os negóciOS
antidos pelo português Antonio Maria Alves
eram m
4) Em um outro cortiço daquela rua, na
Tabela 4: Atividades e número de estabelecimentos e nacionalidades
(Fieh a 5 . . . .
'vre funcionava uma oficma de tanoeiro de um Atividades
área lI ,
ortuguês; nos cômodos da frente funcionavam uma Açougue 2
ofi . a de correeiro, ofício exercido por um italiano; e
o ctn Alfaiataria
cina de sapateiro, de Angelo Agostini, também
urna ofi
Oficina de canteiro
italiano (Ficha 56).
Quanto à natureza da atividade exerci da, há uma Padaria
variedade de negócios, oficinas e serviços espalhados
Galinheiro 4
no distrito. Com a breve descrição feita acima sobre
Loja de tecidos
essas atividades nas quatro principais ruas do distri-
to - Santa lfigênia, General Osório, dos Gusmões e Oficina de correeiro
Bom Retiro =, onde se concentrava grande parte das Oficina de ferreiro- 3
pequenas atividades urbanas, é possível ter uma ideia
Oficina de funilaria 2
da diversidade. Na tabela 4 há um retrato geral das
atividades encontradas, o número de estabelecimen- Oficina de madeira

tos e a nacionalidade das pessoas envolvidas. Não é Oficina de marcenaria


de estranhar que os italianos estão em quase todas as
Oficina de ornamentos
atividades e se sobressaiam como donos de vendas, de zinco
sapateiros e açougueiros.
Oficina de sapateiro 5

Oficina de tanoeiro

. Imigrantes nas ruas do distrito Oficina de barbeiro


de Santa Ifigênia Quitanda de frutas

Restaurante 2
São Paulo, em 1893, era uma cidade de imigran-
tes. Ou melhor, para evitar generalizações indevidas, os Venda e quitanda

dados do "exame e inspecção das habitações operárias Venda 8


e cortiços no districto de Sta Ephigenia" nos permitem
Total 38 18 9 2 6
dizer que, no centro da cidade e nas proximidades das
Fonte: Fichas do Relatório de 1893.
estações de ferro, concentravam-se os estrangeiros
recém-chegados à cidade. As informações registradas

55
pela inspeção das habitações de 1893 confirmam o geiros era de italianos, 345 (33%), participação muito rem minoritárias no conjunto de imigrantes em São
movimento geral imigratório para o estado e a cidade semelhante à registrada pelo censo de 1893,de 34%de Paulo, elas adquirem relevância quando se caracteri-
de São Paulo. Justamente no ano de 1893foi realizado italianos na capital como um todo. Em seguida, vinham za a nacionalidade dos habitantes por rua, pois do to-
o censo populacional da cidade de São Paulo, o qual os portugueses com uma presença muito significativa tal de dinamarqueses e belgas moradores no distrito,
mostra que os estrangeiros representavam mais da me- de 31% contra os 22% registrados no censo de 1893. 100%tem sua moradia na rua General Osório e, dos
tade da população total da capital (55%).Santa lfigênia Ainda, em terceira posição, os espanhóis com 166 ou austríacos, 50%ali residia.
aparece como o principal distrito da capital em termos 16%e por fim os alemães, com 13%. Na rua dos Gusmões, o número de alemães e
populacionais, com 42.715 habitantes, e seu cresci- Na Tabela 5, além da presença das diferentes na- portugueses é o mais elevado: do total de portugueses
mento está ligado ao fluxoimigratório e à expansão das cionalidades entre os moradores das habitações íns- residentes no distrito, 23% moram nessa rua, e do de
atividades comerciais, deixando para trás a Sé que, em pecionadas, pode-se observar sua distribuição pelas alemães, 31%. Os suecos estão entre a minoria de imi-
1872, era o distrito com maior número de habitantes, ruas do distrito. A rua Santa Ifígênía apresenta maior grantes que entraram na capital, e talvez por esse fato
9.213,enquanto Santa lfigênia tinha 4.42914• número de moradores, 283, ou seja, 21%, seguida de há uma tendência de eles se aglomerarem em algumas
O espaço de tempo compreendido entre 1887 perto pela rua General Osório com 281, 21%, e pelas poucas ruas. Nessa rua, a dos Gusmões, há a quase to-
e 1900 foi considerado como o "período áureo" de demais - dos Gusmões e Bom Retiro. As quatro juntas talidade de suecos moradores do distrito.
entrada de italianos no Brasil. Para São Paulo imi- totalizam 919 moradores, isto é, 69% dos moradores Na rua Bom Retiro, 40%são portugueses, segui-
graram 564.800, o que corresponde a 62% do total nas habitações inspecionadas. dos à distância pelos italianos, (18%). A rua não era
que entrou no país (CAMARGO, 1952, P. 117). Em 1893, os A aglomeração por nacionalidade também atrativa para estes, pelo menos naquele ano.
italianos eram 34% da população da capital. Se to- acompanha esta distribuição: os italianos, portu- Em síntese, constata-se que entre os imigran-
marmos a população da capital de 1890 como sendo gueses, espanhóis, poloneses e franceses estão na tes de minorias nacionais, como poloneses, sue-
igual a 64.934, isto significa que 22.077 eram italia- rua Santa Ifigênia. Juntos, italianos, portugueses e cos, austríacos, franceses, dinamarqueses e belgas,
nos. Em 1900, eles chegaram a 50%, ou seja, 120.000 espanhóis representam mais da metade dos mora- há uma maior concentração, provavelmente para
do total da população da capital, que era de 239.820. dores dessa rua, 62%. É interessante observar que construir com mais facilidade a rede de ajuda com
Em seguida vêm os portugueses, que representavam 58% dos poloneses residentes .no distrito eram mo- seus compatriotas na adaptação à cidade desco-
o segundo grupo, com 14.437, e, por fim, os espa- radores das habitações inspecionadas na rua Santa nhecida. Já as nacionalidades com maior tradição
nhóis, com 4.818 habitantes na cidade de São Paulo Ifigênia. de imigração, como a portuguesa (que contava
em 1893. Na rua General Osório, há uma clara concentra- com maior facilidade de comunicação), e os povos
Na Tabela 5, observa-se que do total de indivídu- ção de italianos. Do total de italianos moradores nas de língua latina, como os italianos, que possuíam
os moradores das habitações inspecionadas (1.331), casas inspeciona das no distrito, 36%moram nessa rua maior experiência por terem entrado no estado há
deduzindo-se os sem dados de nacionalidade, chega- e eles são a nacionalidade de maior expressão nela mais tempo sob o estímulo da grande imigração em
se a 1.132indivíduos, sendo 1.036estrangeiros, ou seja, (44%); os brasileiros representam 15%;há mais ou- massa subsidiada pelo Estado de São Paulo, a con-
92% dos moradores dessas habitações; representando tras nacionalidades - austríacos, 2%; dinamarqueses, centração existe, mas há uma maior dispersão pelas
os brasileiros há minguados 8%.A maioria dos estran- 1,4%;e belgas, 1%.Apesar de essas nacionalidades se- ruas do distrito.
Tabela 5: Distribuição das nacionalidades nas ruas do distrito de Santa Ifigênia
Nacionalidades
Logradouros

Sta. Ephigenia

posGusmões

Gal. Dzório
-------------
16
16
42
83
19
125
- 59
74
36
-3517
16
-
17
41
24
18
4
3
3
O
O O
O
14
- O
O
4
O

O
3
O
O
5
52 \
32 \
23
283
217
281
-
Dq. de Caxias O 8 10 8 3 O O O O O 5 3 37
Victoria 4 9 21 14
..- 4 2 b_
O O
- --- O O O
- '-
7 _. 61

t Andradas O O O 38 O O O O O O O 11 49
Guayanazes O 6 7 O O
.-
O
,...
O
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O
- --
O
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O O 12 25
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Bom Retiro
-
I 1 25 55 16 O O O O O O O 41 138
Aurora

Tymbiras
15
O C
6
28
26
13
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4
18
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O

2
O

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O

O
O

O
-- O

O
O
O
62
67
_.
Cons. Nébias 2 29 3 O O 4 O O O O O 38
Protestantes
'-- - '-- ,-
O O 21 O 3 O O O O O O 14 38
Triumpho O 7 O O 24 O O
-- ~
O
.- -O ,- -
O O 4 35
Total 96 345 325 166 1 133 31 5 14 4 3 10 199 I 1.331
Fonte: Relatório de 1893.
- - -
Considerações finais como a ausência dos contingentes de ex-escravos na concentração de nacionalidades em algumas ruas
numa sociedade recentemente saída da escravidão. e em alguns cortiços do distrito. Embora não tenha o
A análise do documento mostrou a riqueza das Quando observo esse aspecto fica claro o contraste peso que se podia imaginar, os pequenos negócios apa-
informações que podem ser extraídas e que não foram com o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo. recem ligados à habitação, o que revela o duplo uso do
aproveitadas até mesmo pelos membros da Comissão Publicado em 1890, o romance mostra que o cortiço espaço - como moradia e como local de trabalho.
em seu Relatório. Nos tempos atuais, poucos historia- se integrou à paisagem urbana no fim do século em Oito anos depois do inquérito de 1893, Bandeira
dores, sociólogos e urbanistas fazem uso das informa- virtude do crescimento da população de baixa renda Iúnior notou que o operário na rica e formosa capital,
ções ali expostas. A maioria dos pesquisadores limi- e da falta de moradia. Sobretudo o autor preocupa-se não desfruta de nenhum conforto, pois "as casas
tou-se a apreciar apenas o Relatório e não analisou as em retratar cenas de um cortiço na cidade de Rio de são infectas, as ruas na quase totalidade não são
outras informações levantadas pela Comissão. Os da- Janeiro, no bairro do Botafogo, alguns anos antes da calçadas, há falta de água para os mais necessários
dos disponíveis permitem novos temas e abordagens abolição da escravatura. Os habitantes predominantes misteres, escassez de luz e esgotos': Os cortiços e a
e disso resulta a relevância do documento e a impor- do cortiço de propriedade do português João Romão miséria permaneceram.
tância de sua publicação que se torna algo especial, são brasileiros e portugueses. Quase não há italianos, Hoje, a rua Santa Ifigênia é um polo do comércio
pois o tornará mais acessível aos pesquisadores de di- espanhóis ou outras nacionalidades. O imigrante tem de equipamentos eletrônicos. Ao intenso movimento
ferentes áreas da história econômica e social que têm pequena presença, distintamente do que ocorre em comercial misturam-se, também, o tráfico de drogas
como preocupação questões referentes ao urbanismo, São Paulo. e as redes de meretrício que cunharam o nome de
à pobreza e à imigração. Quanto à pobreza, a análise das fichas revelou a Cracolândia para a região numa explícita alusão à
A respeito do urbanismo e da habitação, é inte- sua presença marcante. As descrições das condições droga crack, que a domina. Nela transitam os novos
ressante notar a posição assumida pela Comissão. Ela dos cubículos, suas dimensões em metros cúbicos, a imigrantes que aportam à cidade de São Paulo,
não prescreve o "arrasa quarteirão'; a expulsão, a ex- distribuição dos espaços: a área livre, o cômodo de dor- não mais italianos, espanhóis ou portugueses,
clusão e a segregação do pobre para valorizar o centro mir, a latrina sem abrigo e utilizada por vários indiví- mas nigerianos, bolivianos, core anos e chineses. A
da cidade. A Comissão propõe reformas e condena a duos, o tanque, quando existia, para lavar a roupa e se recuperação das áreas mais degradadas e violentas da
ação dos proprietários que exploram com aluguéis lavar etc. demonstram as condições de vida da popula- região tem se mostrado difícil e as marcas - pobreza
exorbitantes os trabalhadores pobres da cidade. ção pobre. Ao lado da construção cheia de vícios e im- e miséria - do antigo distrito de Santa Ephigenia
Em relação à imigração, as informações das provisos, a falta de asseio é potencializada pela falta de permanecem.
fichas mostram o núcleo da cidade, a região mais esgoto e de água. O trabalhador pagava mais para mo-
populosa da capital, dominada pela presença de rar pior, a moradia era cara e mal construída. A explora- Maria Alice Rosa Ribeiro
estrangeiros. O imigrante amalgamou-se à paisagem ção dos proprietários é mostrada no aluguel por metro Pesquisadora em História Econômica e

do centro nos fins do século XIX, e a tendência cúbico: quanto menor, mais elevado o seu valor. Para Professora Adjunta da FCL-Car, UNESP (aposentada)

até as primeiras décadas do século XX ainda foi o enfrentar a miséria esboça-se uma rede de proteção,
crescimento da população estrangeira. Por outro lado, de acolhimento e abrigo entre compatriotas do recém-
estranha-se a pequena presença de brasileiros, assim chegado ao cortiço e à cidade. Essa rede manifesta-se
Referências bibliográficas SILVA, J. Romão da. Theodoro Sampaio. A vida, a obra, a fi-
gura humana. In: SAMPAIO, Theodoro. São Paulo no
século XIX e outros ciclos históricos. 2. ed. Petrópolis:
AZEVEDO, Aluízio. ° Cortiço. São Paulo: ° Estado de São
Vozes: São Paulo: Secretaria da Cultura, Ciência e Tec-
Paulo i Klick, 1997.
nologia, 1978.
COSTA, Luiz Augusto Maia. Ideário urbano paulista na vi-
TEIXEIRA, Luiz Antonio. Na arena de Esculápio: A Socieda-
rada do século - o engenheiro Theodoro Sampaio e as
de de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1895-19l3).
questões territoriais e urbanas modernas (1886-1903).
São Paulo: Editora UNESP, 2007.
São Cados: RiMai Fapesp, 2003.

CAMARGO, José Francisco de. Crescimento da população


no estado de São Paulo e seus aspectos econômicos. Referências obtidas na Internet
Ensaios sobre as relações entre a Demografia e a Eco-
nomia. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e
SÃO PAULO. (Estado) Mensagem apresentada ao Congres-
Letras da Universidade de São Paulo, 1952. (Boletim
so de S. Paulo, a 7 de abril de 1893 pelo Dr. Bernardino
n. 153, n.l ).
de Campos, Presidente do Estado. Disponível em:
MONBElG, Pierre. ° crescimento da cidade de São Paulo. In: <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/ul148/index.html>.
SZMRECSÁNYI, Tamás (Org.). História Econômica da Acesso em: 11 ago. 2008.
cidade de São Paulo. São Paulo: Globo, 2004. p. 14-115.

MORSE, Richard. Formação histórica de São Paulo. São Pau-


10: Difel, 1970.

PINTO, Maria Inez Machado Borges. Cotidiano e sobrevivên-


- cia: a vida do trabalhador pobre na cidade de São Paulo
(1890-1914). São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 1994.

RIBEIRO, Maria Alice Rosa. História sem fim. Inventário da


saúde pública em São Paulo: 1880-1930. São Paulo:
UNESP, 1993.

SÃO PAULO (Município) Secretaria da Habitação e Desen-


volvimento Urbano. Programa Morar no Centro. São
Paulo, 2004.

59
Notas Anexo

Ephigenia, n° 35. Na ficha 37, há o registro de 2 cubículos e apenas


Sobre as questões
1993, p. 26 -51.
de saúde pública no Império, veja: RIBEIRO,
um foi descrito na parte inferior da ficha. Na ficha 38 há o registro
o anexo é composto por duas tabelas: a primeira
2 Cf. PINTO, 1994, p. 121. A autora cita o Dr. Cunha Vasconcellos, de 7 cubículos e apenas um foi descrito. Na ficha 49 há o registro Tabela Geral, a parte superior da ficha com 3 páginas;
"médico responsável pelo serviço sanitarista em 1892" que "pro- de 10 cubículos e foram, na realidade, descritos 14 na parte inferior e a segunda Tabela Geral, a parte inferior da ficha com
põe o emprego de medidas severas, enérgicas, e mesmo violentas da ficha. Na ficha 52 constam 21 cubículos e foram descritos 22. 13 páginas. Ambas foram elaboradas com os dados
contra o estado de imundícies e insalubridade em que se acham Na ficha 55 constam 10 cubículos e foram descritos 8. Na ficha 64
extraídos das 65 fichas do "exame e inspecção das
diversas pensões, açougues, mercearias e botequins da cidade". foram registrados 12 cubículos e foi descrito apenas um. No total,
3 Cf. TEIXEIRA, 2007, p. 65. há uma diferença de 27 cubículos que não constam da descrição habitações operarias e cortiços no Districto de Santa
4 No Relatório aparece somente a assinatura de Dr. Marcondes feita na parte inferior da ficha. Ephígenia"
Machado. Penso que se trata de Octávio Marcondes Machado, 11 Para um dos cubículos há apenas a informação de que a popu-
Na primeira Tabela Geral, a parte superior da fi-
inspetor sanitário do recém-criado Serviço Sanitário. Em 1902, lação existente era de quatro pessoas, mas não informa se eram
adultos, menores e a nacionalidade. Para efeitos da nacionalidade,
cha foi montada com base nas informações constantes
Octávio Marcondes Machado substituiu Theodoro Bayma na chefia
da Comissão Sanitária de Campinas. Ver: RIBEIRO, 1993, p. 73. estamos tomando a nacionalidade do Inquilino Responsável como no campo superior da ficha: Número da ficha; Data da
5 O Serviço Sanitário foi criado pela Lei n° 43, de 18 de junho de 1892 sendo a mesma de todos os moradores do cubículo (Ficha 49). inspeção; Tipo de habitação; Logradouro; Proprietá-
e era composto por um Conselho de Saúde Pública e uma Diretoria 12 Sem dado ou sem a informação de sexo há 120 (30%). Logo, do total
rio; Encarregado ou locatário; Área livre em m2; Área
de Higiene, mais as seções auxiliares dos laboratórios Farmacêuti- de 399 cubículos, 241 são inquilinos masculinos.
co, de Análises Químicas, Bacteriológico e do Instituto Vacinogêni- 13 Fichas com mulheres como inquilinas: brasileiras (fichas 9, 10, 20; 2 construída em m2; Número de cubículos ou casinhas;
co. Ver: RIBEIRO, 1993, p. 27. nas fichas 22; 4 nas fichas 35, 49, 65!; italianas (3, 5,12; 2 nas fichas População existente e Excesso de lotação.
6 As citações seguem a paginação desta publicação. As referências ao 27; 2 nas fichas 31, 34,56); portuguesas (8,12,21,41,50,55,56,65); Na segunda tabela, constam os dados extraídos
Relatório serão indicadas apenas por meio da página em que a citação espanholas (20, 22, 28, 51, 52, 61, 62); alemãs (10, 59) e polonesa (5).
da parte inferior da ficha em que há uma descrição
aqui se encontra. 14 MORSE, 1970, p. 238.
7 Capistrano de Abreu afirma que Theodoro Sampaio foi o verdadei-
pormenorizada das unidades habitacionais existentes
ro mestre de Euclides: "Aos domingos Euclides ia para a casa de em cada cortiço ou casinha. As informações são mais
Teodoro Sampaio, onde se detinha horas e horas a ler para o mes- detalhadas, há mais de uma unidade habitacional por
tre os capítulos já escritos." (SILVA, 1978, p. 47)
cortiço, chegando haver 22 unidades habitacionais.
8 Em 1898, Theodoro Sampaio foi nomeado chefe dos Serviços de
Água e Esgoto do Estado de São Paulo. Nesse cargo permaneceu As colunas são construídas com os seguintes dados:
até 1903. Sob sua direção foram feitas a instalação e a restauração Número da ficha; Logradouro; Inquilino; Nacionali-
da rede de água e esgoto da capital e de Santos. Seu pedido de dade; Capacidade cúbica; Adultos; Menores; popula-
demissão do cargo está envolto em mistérios em decorrência de
ção existente; Excesso de lotação e Aluguel. Incluímos
uma rede de intrigas sobre as obras de saneamento de Santos na
qual foi envolvido. Ver: COSTA, 2003, p. 25 e capítulo 6. três informações: na terceira coluna (Inquilino) há o
9 Grifos da autora. registro do nome da pessoa que aluga o cubículo; com
10 As fichas 13, 21, 23, 24 e 29 não possuem, na parte superior, o regis-
base no nome, distinguimos inquilinos masculinos e
tro do número de cubículos. Já na parte inferior, os cubículos foram
descritos. Na ficha 36, na parte superior, há o registro de 28 cubícu-
femininos; nas colunas 11 e 12 incluímos metros cúbi-
los que não foram descritos na parte inferior, apenas um conjunto cos ocupados por pessoa e metros cúbicos pagos por
de dois (3-18 e 19-28) que corresponde à Estalagem da rua Santa l$OOOrs(mil réis).
Tabela geral 1

11 • Data
"--2-0·ul.
Tipo de Habit. Logradouro Proprietário Encar./Loc.
•..••..•.•.....•...
·~===c=0=rt=iiÇ=lo===;ir=====D=ug=u=e=C~a=x~ia=s~7~===;i~==R~0=c~h=a~E~T~a=m=e~ir~ão====~~========sd~=======~~==6~2~~li~===s=d~==~r==:;3~~i~=1~1~~·==s=d~~
.• • I. ••

17jul. cortiço Duque C~xié!s47A -' Dr. Brasílio Machado sd__!18.. 158 5 26 il 5 j
2
'r 7 jul. casinhas General Ozório 28-36 Carlos Girardi sd sd i sd 5 36 16
_.- - sd - -
7 jul. casinhas General Ozório 38-42 Carlo~ Gi.!:.ar~i sd _ sd 3 16
4 '- ~

6
lf 18jul.
7 jul.
casinhas
cortiço
General Ozório 31-45
General Ozório 44 ~
Carlos Girardi
--
Carlos Girardi
- sd
sd
sd
141_
~
_
sd
_sd
8
9
- .- 44
41
13

8
11 8 jul.
8 jul.
casinhas
cortiço __
General Ozório 47-55
-
General Ozório 70 _ _
-
Carlos Girardi
Jacintho Go~çalves _ ~
sd
sd_
- sd
35
I
- _. -
sd
sd ••••
5
8 ,-29
25 7

10
lf 10jul.
03 ago.
cortiço
cortiço
...-
General Ozório 74
'- -
Gener~ Ozório 11
João de Sousa Azevedo
~'-_João Saave2.!]. _
',,"
_ _
sd
__sd _ __ L
24
'- -85 -_ ••••••.• sd
77
- - -- ,.. - - -44 _
3
8
11
19

11 10jul. cortiço General Ozório 100 Dr. Carmo Cintra Antonio Dias Da Silva 292
-;;;;- =";;;- ==c __sd _ _ 6 10 sd
--
12 10jul. c0r!lç,9 General Ozório 123A José de Barros sd ,• ..,29 sd 12 sd

11 General Ozório
14
10jul.
11 ago.
cortiço
, .•. .E0rtiço
- ..., -
._
--
139,153,181
O_osGusmões 9
-
.__~n~el
sd
José~odrigl!..es
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd
3
- .....
23
-
10
sd

11 11ago. cortiço Dos Gusmões 11 José Villela Magalhães sd 122 80 8 28 sd


16 11ago. re~aurante Dos G.,!1smões
15 - Augusto Garci~ sd - JL sd
II 11ago. cortico Dos Gusmões 26 sd sd 95 sd 4 7 sd
18 -- .- sd - - -I - --
11ago. co'!lç2, Dos G~mões 27,29 Henrique Schifferdeker 533 11 •
'--- sd -
JL 21 jul. cortiço Dos Gusmões 37 Adão Lourencini sd 9 sd 2 2 sd I
20 21jul. cortiço Dos Gusmões 64 Manoel Diogo Manoel B~rtollo
- -_ ...l08
-,...
'-- 479 _ 8 - 32 13 ,

1 JL 29jul. cortiço Dos Gusmões 65 Silvanio Pascal (francês) sd sd sd sd 4


22 21jul. cortiço - Dos Gu~mões 66 - __ Maria de Lima Pires sd 66 80 8 20
r °
'L 21 jul. cortiço Dos Gusmões 70 Carlos Girardi sd 100 sd sd 4 sd
24
- 21 jul.
~
••• c.Ertiç~
- __
-
Do~ Gusmões]2 João Lorenço - sd ---
IL sd s~ sd
JL 29 jul. cortico Dos Gusmões 101 Julio Viccari sd 91 sd 4 14 sd
26 29jul.
-
-cortiço- - '-~..
'--
- .-
Dos Gusmões 112
-
-J. Do Amaral Campos
- -
sd
- --
176 3 ,JI - - J
12 sd

61

I 27
28
1

:1
Data

31 jul.
27 jul.
Tipo de Habit.

cortiço
cortiço
Logradouro

Dos Gusmões 150


Victoria 27
I
Proprietá no

Pedro Sturra [Sturna]


José Truscillo
Encar./Loc.

sd
sd
•_..•.••
I1
'I
•.

25
74

1
L
.

sd
I.

61
I

5
3
I
• II •

28
9
••

Il
.,....

12
2

L 29 11 27 jul. cortiço Victoria 58 Ernesto Garcia sd I1 44 1 sd sd 5 sd


Antonio Candido Da Costa Philadelpho Bendicto de
30 27jul. cortiço Victoria 60 sd sd 9 26 2
Aguiar Castro
I 31 11 27jul. cortiço Victoria 76 André Faysano Angela Cerenci [viúva] 57 1 54 8 21 10
32 05 ago. cortiço Tymbiras 6 João Leite Nicolau Rabillotti sd sd 5 9 2

t 33 11 04 ago. cortiço Tymbiras 31 Tenente-Coronel Cantinho Antonio [italiano] 24 I sd 9 17 4


34 04 ago. cortiço Tymbiras 31A Tenente-Coronel Cantinho Antonio [italiano] 24 sd 12 41 21

I II35 03 ago. cortiço Aurora 39 Dr. Hermínio de Lemos


José Joaquim Gomes
[jJortuguês]
172
I 245 14 62 14

Baltina Bizarro Da Silva [ar- Antonio Branco de ~


36 26jul. estalagem Sta. Ephigenia 35 sd sd 28 sd sd
rendatário Daniel Waetge] Miranda .1

I II37 26jul.

26 jul.
cortiço Sta. Ephigenia 56
Bernadino Monteior de
Abreu
sd sd
I sd 2 4 2

38 cortiço Sta. Ephigenia 60 Alfredo Candido Pereira sd sd sd 7 sd sd

I 39 .I 26jul. I cortiço I Sta. Ephigenia 79 Silvanio Pascal (francês) sd 117 1 381 5 16 sd


casa de pen-
40 29 jul. Sta. Ephigenia 91 Antonio Nunes Sobrinho Papero Agostini sd sd 3 5 sd
são

I II41 26jul.

29jul.
I cortiço
I Sta. Ephigenia 92
Joaquim José Gomes de
Carvalho
-
sd 118
~
218
I 7
11
·,1
26 7

I
42
43 ·11 29jul. I
cortiço
cortiço , Sta. Ephigenia 97
Sta. Ephigenia 105
Mme. OIivier [francesa]
Max Unger G Cia [alemão]
sd
sd
52
42
47
56 1
9
3 1
20
5 sd

44 29jul. cortiço Sta. Ephigenia 113 sd José Coelho Pamplona 39 40 3 5 sd


i
1 45 11 17 jul. 1 cortiço H Sta. Ephigenia 121 A Manoel Alves Da Cunha sd 62 sd 1 6 1 13 sd

46 15jul. hotel colombo


, Sta. Ephigenia 123 A Guilherme Brawm Francisco de Lia 32 sd 6 26

1
10

I II47 29jul.

13jul.
cortiço Sta. Ephigenia 131
Casemiro Alonso
[esjJanhol]
sd 63 51

sd
I 3

7
10

42 9
1

48 casinhas Sta. Ephigenia 130-142 Carlos Girardi sd sd


1 1 L 18
1 49 11 13iul. 1 cortiço 1 Sta. EJlhigenia 144 Carlos Girardi Alfredo Canteri 14 I sd 10 51
50
1
52
Data

15jul.
15 jul.
05 ago.
Tipo de Habit.

casinhas
corti o
cortiço
Logradouro

Sta. Ephigenia 146 A 158


Sta. Ephigenia 160
Bom Retiro 33 E 35
Proprietário

Carlos Girardi
Eduardo Alves Portella
Faustino Da Fonseca
Encar./Loc.

Francisco Garcia Franco


Francisco Garcia Franco
sd
••••••
.

sd
, •.

sd
179
sd
I'

21
7
8
23
37
48
7
13
sd

07 ago. cortiço Bom Retiro 33 E 35 Faustino Da Fonseca sd sd 6 14 sd


casa Victorino Francisco ou
07 ago. Bom Retiro 37 E 37A sd sd 7 17 7
54 de pensão Franco

08 ago. corti o Bom Retiro 64 Francisco Da Fonseca Antonio Augusto Pereira 201 10 36
55
07 ago. cortiço Bom Retiro 68 Major Benedicto Manoel Da Silva Santos sd 7 24
56
57 11 ago. casinhas Dos Protestantes 1,3,5,7 Maria Do Carmo Fonseca sd sd 4 21
hotel weisse
58 08 ago. Largo Dos Protestantes 3,5 João Gomes de Castro Viúva Ziller 343 84 10 17 sd
taube
Maria Alvina Fanisnen
59 30 ago. cortiço Triumpho 49 sd 156 sd 8 28 2
[alemã]

60 30 ago. cortiço Triumpho 29 Justiniano José Seabra Thomas Janusi [italiano] 30 43 6 7


61 20·ul. corti o Dos Andradas 69 Manoel Da Costa sd 26 39 2 10
62 20jul. cortiço Dos Andradas 66 A Dr. Carmo Cintra sd 87 139 7 39
63 05 ago. corti o Guianazes 39 Dr. Carmo Cintra sd sd sd 3 13
casa de pen-
64 05 ago. Guianazes 33 D. Klein [alemão] Viúva Germana sd sd 12 12 6
são

292 175 10 38 5

4.494 2.973 426 1.331 309

63
Tabela geral 2

11 • ••••
,

Lagradauro Nacionalidade Excedentes

Duque de Caxias 7A sd 4 sd sd
Duque de Caxias 7B
M
M
italiana
alemã sd 2
°
1
4
3 ° sd sd sd
Du ue de Caxias 7C M italiana sd 2 2 4
° sd sd sd
2 Duque de Caxias 47A-B sd 78 3 3
° 35 26,10 2,24
2 Duque de Caxias 47A-C
sd
M espanhala 78 4
°
4 8
°
3 35 9,79 2,24

2 Duque de Caxias 47A-D M austríaca 78 3 2 5 35 15,66 2,24


2 Du ue de Caxias 47A-E M portuguesa 78 3 4 7
°
2 35 11,19 2,24
2 Duque de Caxias 47A-F M portuguesa 78 3 3 45 26,10 1,74

General Ozôric 28 italiana 124 6


° 6
°
2 60 20,72 2,07
3
3 General Ozório 30
M
M brasileira 124 11
° 11 7 60 11,30 2,07
General Ozórlo 32 F ° 4 60 31,08 2,07
3
3 General Ozório 34 M
italiana
italiana
124
124
4
6
°
1 7
°
3 60 17,76 2,07

3 General Ozório 36 M es anhala 124 8 O 8 4 60 15,54 2,07

4 General Dzório 38 M sd 124 7 7 3 60 17,76 2,07

4 General Ozório 40 M es anhola 124 7


°
O 7 3 60 17,71 2,07
General Ozório 42 O 2 60 62,00 2,07
4
5 General Ozório 31
M
M
brasileira
italiana
124
111
2
2 3 5
°
1 45 22,26 2,47

5 General Ozório 33 M italiana 111 5 2 7 3 45 15,86 2,47

5 General Ozôrio 35 F italiana 111 2 7 9 5 45 12,33 2,47

F 45 37,00 2,47
5
5
General Ozório 37
General Ozória 39 M
polonesa
italiana
111
111 2
2 1
3
3
5
°
1 45 22,20 2,47

5 General Ozório 41 M italiana 111 2 4 6 2 45 18,50 2,47

General Ozório 43 1 45 22,20 2,47


5 M brasileira 111 2 3 5
45 27,75 2,47
General Ozório 45 portuguesa 4
5 M 111 4
°
1 3
° 28 26,13 2,80
6 General Ozória 44A M 78 2
°
Logradouro

General Ozório 44B


General Ozório 44C
General Ozório 440
• M
M
M
Nacionalidade

alemã

11 dinamarquesa
italiana

Il
~L
••• •••
78
78
78
r--

2
4
2
4
6
O
4
-
8
4
6
Excedentes

5
1
3
28
28
28
9,80
19,60
13,07
2,80
2,80
2,80

General Ozório 44E M austríaca Il 78 2 I 3 5 2 28 15,68 2,80


General Ozório 44F M portuguesa 78 2 1 3 O 28 26,13 2,80
6
General Ozório 44G M brasileira 78 2 I O 2 O 28 39,20 2,80
General Ozório 44H M brasileira 78 3 O 3 O 28 26,13 2,80
6 -
General Ozório 441 M italiana 78 2 5 7 4 28 11,20 2,80
2,47
-
General Ozório 47 M italiana 111 2 3 5 1 45 22,26
7 '-- - "'-.,-
General Ozório 49 M I italiana 111 5 1 6 2 45 18,55 2,47

7 General Ozório 51 M portuguesa 111 2 O 2 O 45 55,65 2,47

'L General Ozório 53 M I italiana 111 2 2 4 O 45 27,83


-
2,47

7 General Ozório 55 M italiana 111 8 O 8 4 sd 13,91 sd


-
General Ozório 70A M I brasileira I 260 2 3 5 O 100 52,04 2,60
8 General Ozório 70B M alemã 39 4 O 4 1 35 9,78 1,12
-
General Ozório 70C M alemã I 39 4 O 4 • 1 25 9,78 1,56
8 General Ozório 700 M alemã 39 5 O 5 3 35 7,82 1,12
General Ozório 70E sd sd I 39 2 O 2 j O 35 I 19,55 1,12
8 General Ozório 70F F portuguesa 39 2 3 5 3 30 7,82 1,30
,--
Ii General Ozório 70G M portuguesa I 39 2 O 2 I O 30 I 19,55 1,30
8 General Ozório 70H M portuguesa 39 2 O 2 O 30 19,55 1,30

t~ General Ozório 74A F brasileira 76 3 O 3 O 30 I 25,47 2,55


9 General Ozório 74B M brasileira 38 4 O 4 2 20 9,50 1,90
•..~ -
1 General Ozório 74C M brasileira 38 4 O 4 2 20 I 9,50 1,90
10 General Ozório 79A •.... F alemã 11 2 1 3 O 12 3,63 0,91
l General Ozório 79B F brasileira 14 2 1 3 O 20 4,51 0,68
10 -
General Ozório 79C
'-
M
- '- italiana
'-
14
~'--
2
'--
O
- 2
- '---
O
- '-- 25
-
6,77 .... 0,54
-

65
11
I

I
10

--
10
10
,-
Logradouro

General Ozório 790


General Ozório 79E
General Ozório 79F
• M
sd
sd
Nacionalidade

espanhola
sd
sd
•••• •••
II 8
40
40
O
2
1 O
O
O
1
O
2
Excedentes

O
O
O
11
20
25
7,86
sd
20,00
0,71

2,00
1,60
..:

- -
I
10
10
General Ozório 79G
General Ozório 79H
M
sd
italiana
sd
sd
sd
2
1
5
O
7
1
4
O
50
sd
sd
sd
- sd
sd
,- -'"
11 General Ozório 100-1 ..M , portuguesa sd 2 O 2 O sd sd sd

I 11 General Ozório 100-2 M portuguesa sd 2 O 2 O 20 sd sd


-- =
11 General Ozório 100-3 M portuguesa sd 2
..- 1 3 O 20 sd . sd

I 11 General Ozório 100-4 M I portuguesa sd 2 O 2 O 20 sd sd


11 General Ozório 100-5 M portuguesa sd 1 O 1 O 20 sd sd

I 11 General Ozório 100-6 sd I sd sd O


.-
O O O sd sd sd
-
I
12
12 I
General Ozório 123Al
General Ozório 123A2
sd
M I
sd
portuguesa
-- sd
59
O
2
O
O
O
2
O
O
sd
30
sd
29,30
sd
1,95
12 General Ozório 123A3 r-
sd sd 59 2 O 2 O 30 29,30 1,95

I 12 I General Ozório 123A4 F I Ilortuguesa I 59 3 O 3 O 30 19,53 1,95


12 General Ozório 123A5 F italiana 59 3 O 3 O 30 19,53 1,95 -,
I 12 I General Ozório 123A6 sd belga 59 3 O 3 O 30 19,53 1,95

12 General Ozório 123A7 sd sd 59 3 O 3 O 30 19,53 1,95

I 12 I General Ozório 123A8 sd sd 59 2 1 3 O 30 19,53 1,95 j


12 General Ozório 123A9 sd sd 59 1 O 1 O 30 58,60 1,95
-
I 12 I General Ozório 123A10 11 M italiana 59 2 1 3 O 30 19,53 1,95 J
l
12
12 I
General Ozório 123A 11
General Ozório 123A12 11
sd
M
sd
italiana
59
59
2
2
O
O
L_
2
2
O
O
30
30
29,30
29,30
1,95
1,95
-
J
13 General Ozório 139 sd sd sd O
- - O O O sd sd sd :...

I 13 I General Ozório 153 M italiana sd 8 O 8 O sd 0,00 sd :J


L
13
14 I
General Ozório 181
Dos Gusmões 9
M
M I
italiana
portuguesa I
sd
39
15
5
O
O
15
5 I
- O
3
sd
40
sd
7,80
sd
0,98
-
,I
4
Dos Gusmões 9A
Dos Gusmões 98
Dos Gusmões lIA
• •••• •••
M
M
M
Nacionalidade

portuguesa
portuguesa
portuguesa
I
39
39
57
I
~
3
2
1
1
O
O
O
3
2
1
Excedentes

O
O
O
~
10
10
30
13,00
19,50
57,00
H
3,90
3,90
1,90
15
Dos Gusmões 118 sd sd I 57 I 3 O 3 O 30 19,00 1,90

Dos Gusmões 11C M portuguesa 57 3 O 3 O 30 19,00 1,90


15
Dos Gusmões 11D M espanhola I 57 I 2 3 5 O 25 11,40 2,28

Dos Gusmões 11E M portuguesa 57 2 1 3 O 30 19,00 1,90


15
Dos Gusmões 11F M fl°rtuguesa I 53 I 2 3 5 O 30 10,56 1,76
Dos Gusmões 11G M j portuguesa 53 2 •... 2 4 O 30 13,25 1,77
15
Dos Gusmões 11H M portuguesa I 52 I 2 2 4 O 30 13,00 1,73

16 Dos Gusmões 15 A M portuguesa sd 1 1 2 O sd sd sd


Dos Gusmões 15 8 sd sd I sd I 1 O 1 O 8 sd sd

16 Dos Gusmões 15 C sd sd sd 1 O 1 O 8 sd sd
Dos Gusmões 15 D M portuguesa
• sd I 2 O 2 O 8 sd sd
16 Dos Gusmões 15 E sd sd sd O O O O 8 "0_. sd sd
Dos Gusmões 15 F sd sd ~ sd j 1 O 1 O 8 sd sd
16 Dos Gusmões 15 G sd sd 30 1 2 3 O 16 10,00 1,88
L- Dos Gusmões 15 H sd sd I 30 2 O 2 O 16 15,00 1,88
16 Dos Gusmões 151 sd sd sd 7 O 7 3 sd sd sd
Dos Gusmões 15 J sd sd I sd I O O O O sd sd j sd
17 Dos Gusmões 26 A M portuguesa sd 2 O 2 O 20 sd sd
Dos Gusmões 26 8 M portuguesa
• sd I 2 1 3 O 20 sd sd
17 Dos Gusmões 26 C M portuguesa sd 1 O 1 O 8 sd sd
Dos Gusmões 26 D M portuguesa sd I 1 O 1 O 8 sd sd
18 Dos Gusmões 27/29 A M alemã 132 3 1 4 O 30 33,00 4,40

Dos Gusmões 27/298 M alemã 132 3 4 7 2 30 18,86 4,40


18 Dos Gusmões 27/29 C 2 16,50 4,40
'--- •.... M
-- '-- alemã
-
132
~'-- '-- 6
- '-- 8
- "'--- 3
- '--
30
- •.... -

67
11
I

I
18
18
18
Logradouro

Dos Gusmões 27/29 D


Dos Gusmões 27/29 E
Dos Gusmões 27/29 F

I
'"'"'-
I
M
M
M
Nacionalidade

portuguesa
alemã
alemã
•••• ,•••
157
86
110
4
2
1
7
3
O
11
5
1
,
Excedentes

6
O
O
30
22
28
14,24
17,20
110,00
5,22
3,91
3,93
--

18
'-~
Dos Gusmões 27/29 G sd sd 110 O O O O 28 sd 3,93
J
I 18 Dos Gusmões 27/29 H I sd sd 86 O O O O 28 sd 3,07
"4
18 .... Dos Gusmões 27/291 sd sd 157 O O O O 30 sd 5,22

I 19 I Dos Gusmões 37 A sd sd 58 2 O 2 O sd 29,00 sd 1


=
19 l."",,_
Dos Gusmões 37 B sd sd 58 O O O O sd sd sd
I 20 I Dos Gusmões 64 A M alemã 79 2 4 6 3 30 13,16 " 2,63
20 Dos Gusmões 64 B F espanhola 68 2 2 4 1 30
-
17,00
,-
2,27

I 20 Dos Gusmões 64 C M brasileira 68 3 O 3 O 30 22,67 2,27


=
20 Dos Gusmões 64 D F brasileira 68 2 4 6 3 30 11,33 2,27

I 20 Dos Gusmões 64 E M portuguesa 68 1 O 1


~
O 33 68,00 2,06 i
20 Dos Gusmões 64 F M espanhola 68 2 4 6 3 23 11,33 2,96

I 20 Dos Gusmões 64 G sd sd sd O I O O O sd sd sd 1
20 Dos Gusmões 64 H M portuguesa 45 2 4 6 3 22 7,55 2,06

I 21 Dos Gusmões 65 A F portuguesa sd 3 I O 3 O 25 sd sdJ


21 Dos Gusmões 65 B M portuguesa sd 1 O •..~
.. 1 O 35 sd sd
- '- -"..""
_I
I

I
22
22
22
22
Dos Gusmões 66 A
Dos Gusmões 66 B
Dos Gusmões 66 C
Dos Gusmões 66 D
M
F
M
M
-
portuguesa
brasileira
portuguesa
portuguesa
43
43
38
22
2
2
2
2
I

I
r-
O
1
2
O
2
3
4
2
O
O

O
1
19
19
15
14
21,25
14,33
9,50
10,95
2,24
2,26
2,53
1,56
sd
~....•.

I 22 Dos Gusmões 66 E F espanhola sd 2 O 2 O 14 sd


22 Dos Gusmões 66 F M portuguesa sd 2 O 2 O 17 sd sd

I 22 Dos Gusmões 66 G sd sd sd 3 O 3 O sd 0,00 sd JJ


I 22 Dos Gusmões 66 H F brasileira sd 2 O 2 O 20 sd sd
sd
I 23 I Dos Gusmões 70 A M polonesa sd 1 2 2 4 O 55 sd
Dos Gusmões 70 B
Dos Gusmões 70 C
Dos Gusmões 70 D
sd
sd
sd
Nacionalidade

sd
sd
sd
•••• •••
sd
sd
sd
O
O
O
O
O
O
O
O
O
Excedentes

O
O
O
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd

Dos Gusmões 72 A sd sd sd O O O O sd sd sd

Dos Gusmões 72 B sd sd sd O O O O sd sd sd

Dos Gusmões 101 A M sueca sd 3 1 4 O 25 sd sd

Dos Gusmões 101 B M sueca sd 2 1 3 O 25 sd sd


Dos Gusmões 101 C M sueca sd 4 O 4 O 25 sd sd
Dos Gusmões 101 D M sueca sd 2 1 3 O 25 sd sd
Dos Gusmões 112 A M alemã 64 2 4 6 O 25 10,73 2,58
Dos Gusmões 112 B M alemã 64 3 1 4 O 25 16,00 2,56
Dos Gusmões 112 C M brasileira 64 2 O 2 O 25 32,00 2,56
Dos Gusmões 150 A sd sd sd 9 O 9 6 35 sd sd
Dos Gusmões 150 B M italiana sd 4 O 4 O 30 sd sd
Dos Gusmões 150 C F italiana sd 7 O 7 4 40 sd sd
Dos Gusmões 150 D F italiana sd 2 1 3 O 30 sd sd
Dos Gusmões 150 E M italiana 71 4 1 5 2 30 14,21 2,37
Victoria 27 A M eSJ)anhola 38 2 1 3 O sd 12,50 sd
Victoria 27B F espanhola 17 1 3 4 2 15 4,15 1,11
Victoria 27 C M espanhola 23 2 O 2 O 15 11,30 1,51
Victoria 58 A M espanhola 74 3 2 5 O 20 14,70 3,68
Victoria 58 B sd sd 74 O O O O 18 sd 4,11
29 Victoria 58 C sd sd sd O O O O 60 sd sd
Victoria 60 A M sd 2 2 4 O 32 sd sd
Victoria 60 B sd sd O O O O sd sd sd
Victoria 60 C M 55 2 1 3 O 23 18,17 2,37
30 Victoria 60 D sd 55 3 O 18,33
3 O 23 2,39

69
11
[

I
30
30
30
I
........--

I
Logradouro

Victoria 60 E
Victoria 60 F
Victoria 60 G
• sd
M
M
Nacionalidade

brasileira
portuguesa
portuguesa

I

I
••• •••
55
55
55
2
2
2
O
1
O
2
3
2
Excedentes

O
O
O
23
20
20
27,50
18,33
27,50
2,39
2,75

2,75
1
1
30 Victoria 60 H M portuguesa 81 ,- 4 2 6 2 38 13,50 2,13
I 30 I Victoria 60 I M portuguesa I sd 2 1 3 O 25 sd sd 1
31
- Victoria 76 A M brasileira 34 2 O 2 O 30 17,15 1,14
=

I 31 I Victoria 76 B F italiana sd 1 O 1 O sd sd sd 1
31 Victoria 76 C M polonesa 13 2 O 2 1 15 6,60 0,88
~- ,~.- -,
I 31 I Victoria 76 O M alemã sd 3 1 4 1 58 sd sd 1
31 Victoria 76 E F italiana 24 1
- 5 6 5 sd 4,07 sd

I 31 I Victoria 76 F sd sd 24 2 O 2 1 15 12,00 1,60 1


31 Victoria 76 G M italiana 24 2 O 2 1 15 12,00 1,60

I 31 I Victoria 76 H sd sd 24 2 O 2 1 15 12,00 1,60 I


32 Tymbiras 6 A sd italiana 16 2 1 3 2 10 5,23 1,57

I 32 I Tymbiras 6 B M italiana 16 2 O 2 2 10 8,00 1,60 .~

I
32
32 I
Tymbiras 6 C
Tymbiras 6 O
M
M
italiana
italiana
sd
sd
-
1
1
O
O
1
1
O
O
6
8
sd
sd
sd
sd
-"-
j
32 Tymbiras 6 E M espanhola 57 2 O 2 O 30 28,50 1,90
-
I 33 I Tymbiras 31 A M italiana sd 2 2 4 2 55 sd sd ~
I

I
33
33
b",._.

I
Tymbiras 31 A'
Tymbiras 31 B
,- sd
M
sd
italiana
sd
sd
sd
2
sd
2
sd
4
sd
O
sd
sd
sd
sd
sd
sd
,J -
- - - ,-

L
33
33 I
Tymbiras 31 B'
Tymbiras 31 C
sd
M
sd
italiana
sd
sd
sd
O
sd
O
, sd sd sd
sd
sd
sd
sd
sd
-"-
.JI
33 Tymbiras 31 O M italiana 44 2 1
°
3
°
O 35 14,63 1,25
~
L 33 I Tymbiras 31 E sd espanhola 16 2 1 3 15 5,33 1,07 ~
- !
° 1,33

I
33
33 I
Tymbiras 31 F
Tymbiras 31 G
M
M
italiana
italiana
16
10
2
1
O 2
1
° -
O
12
8
8,00
10,00 1,25
°
... . .. • • .

34

34
I,
lr ~
Logradouro

Tymbiras 31 A-A
Tymbiras 31 A-fJí
Tymbiras 31 A-B
• •••• ,•••

M
M
M

J'
!
Nacionalidade

italiana
eSf)anhola
portuguesa

34
25
34
••
1
2
2

-== =-

k~_~
. .

2
2
6
-==

=-
•• .
3
4
8
~r==

I
Excedentes

2
2
7
-=r~
.. ",
..
35
20
55
=

6,31
4,28
•••
11,41
• •

0,98
1,26
0,62
-'"

-~-
H ;CC--'-
Tymbiras 31 A-B' Idem 31
A-B I idem 31 A-B

espanhola
O

21
O

2
O

4
O O

4 20
O 0,00

-
3,52
0,00

1,06
34 Tymbiras 31 A-C M 6
-
r Tymbiras 31 A-C' sd t italiana 21 1 1
• 20 21,12 1,06

34
-r-
Tymbiras 31 A-O M portuguesa 21 2 °
3 5
°
3 20 4.22 1,06

J~- Tymbiras 31 A-O' M I italiana 21 2 I 2 I O 20 I 10,56 1,06

34 I
Tymbiras 31 A-E sd alemã 44 2 °
4
- 6
- 2
- 35 7,40 1,27
Tymbiras 31 A-F F italiana 18 1 I 1 I O I 15 17,90 1,19

34
11
Tymbiras 31 A-G sd francesa 18 2 °
O 2 O 15
4
8,95 1,19
II Tymbiras 31 A-H M espanhola 18 2 I 1 3 j 1 15 5,97 1,19
35 Aurora 39 A M portuguesa 87 2 2 4 O sd 21,74 sd ,
•.•... -,
I Aurora 39 B F brasileira 55 2 I O 2 30 27,50 1,83
- •.. ° .-
,
r--
35 Aurora 39 C F brasileira 55 3 O 3 O 30 18,33 1,83

I Aurora 39 O F brasileira 55 2 O 2 30 27,50 1,83


35 Aurora 39 E F brasileira 55 3 1 4
°
O 30 13,75 1,83
35 I Aurora 39 F M portuguesa 55 3 I 1 4 ~ O 30 13,75 1,83
35 Aurora 39 G M espanhola 55 2 2 4 O 30 13,75 1,83
35 11 Aurora 39 H M portuguesa 55 2 I 3 5 1 30 11,00 1,83
35 Aurora 391 M italiana 55 4 2 6 1 30 9,17 1,83
-
35 L Aurora 39 J M brasileira 55 3 1 4 O 30 13,75 1,83
35 f
Aurora 39 K M alemã 55 2 9 11 7 30 5,00 1,83
35 L Aurora 39 L M portuguesa 55 3 3 30 18,33 1,83
35
,~
Aurora 39 M M portuguesa 55 2
4
°
O 2 °
O 30 27,50 1,83
35 JL Aurora 39 N M portuguesa 55 6 2 8 4 30 6,88 1,83

71
11
1
36
36
37
Logradouro

Sta. Ephigenia 353 -18


Sta. Ephiqenia 35 19-28
Sta. Ephigenia 56
• sd
sd
M
Nacionalidade

sd
sd
portuguesa
•••• •••
sd
sd
sd
sd
sd
2
-
sd
sd
2
sd
sd
4
Excedentes

.-- sd
sd
2
-~ -
sd
sd
50
- ~
'--
sd
sd
sd
~
sd
sd
sd
-;::

1 38 Sta. Ephigenia 60 sd sd sd sd sd sd sd sd sd sd
-=
39 Sta. Ephigenia 79-10 M portuguesa 76 2 2 4 O 30 19,00 2,53
J
1 39 Sta. Ephiqenia 79-11 M portuguesa 76 2 2 4 O 30 19,00 2,53
39 Sta. Ephigenia 79-12 M alemã 76 O O O O 30 sd 2,53

1 39
39
Sta. Ephigenia 79-13
Sta. Ephigenia 79-14
M
M
• brasileira
portuguesa
76
76
2
4
2
O
4
4
O
O
30
30
19,00
19,00
2,53
2,53
~
-
1 40 Sta. Ephigenia 91 A sd sd sd sd sd sd sd sd sd sd
-;;;

40 c••••.
Sta. Ephigenia 91 B sd sd sd sd sd sd sd sd sd sd

L 40 Sta. Ellhigenia 91 C sd sd 53 5 O 5 O sd 10,60 sd


41 Sta. Ephigenia 92 A M portuguesa 27 2· 2 4 2 35 6,75 0,77

1 41 Sta. Ephigenia 92 B M I portuguesa 27 3 O 3 1 35 9,00 0,77

41 Sta. Ephigenia 92 C F portuguesa 72 2 3 5 O 45 14,49 1,61

1 41 Sta. Eilhigenia 92 O M I portuguesa 72 3 O 3 O 45 24,00 1,60

41 Sta. Ephigenia 92 E M portuguesa 55 2 3 5 2 40 11,00 1,38


-
0,77
l 41 Sta. Ephigenia 92 F M I nortuoussa 27 2 O 2 O 35 13,50
41 Sta. Ephigenia 92 G M portuguesa 27 2 2 4 2 35 6,75 0,77

1 42 Sta. Ephigenia 97 A sd italiana 95 6 O I 6 2 sd 15,83 sd


- 11,70 sd
42 Sta. Ephigenia 97 B sd sd 23 2 O 2 1 sd

1 42 Sta. Ephigenia 97 C sd sd 16 1 O I 1 O sd 15,50 sd


sd

r
42
42
b_
Sta. Ephigenia 97 O
Sta. Eilhigenia 97 E 4
sd
sd
sd
sd
23
18
2
2
O
O I
2
2
--- 1
1
sd
sd
11,25
9,00 sd
-

42 Sta. Ephigenia 97 F sd sd 18 2 O 2 1 sd 9,00 sd


.. c .••.•• .. L.
...;;...;;

~ 42 -I Sta. Eilhigenia 97G sd sd 18 2 O 2 1 sd 9,00 sd


~I
42 Sta. Ephigenia 97 H sd sd 18 1 O 1 O sd 18,00 sd
'-- ~L... ~ '---- ~ •... '-- -'-- -'- - "--
43
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Logradouro

Sta. Ephigenia 97 I
Sta. Ephigenia 105 A
Sta. Ephigenia 1058
I • sd
sd
sd
Nacionalidade

sd
alemã
alemã
•••• • ••
18
35
35 I
2
1
2
I O
O
O
2
1
2
I
Excedentes

1
O
O
sd
60
60
9,00
35,00
17,50
sd
0,58
0,58

43 Sta. Ephigenia 105 C sd alemã 35 2 O 2 O 60 17,50 0,58

f Sta. Ephigenia 113 A sd sd 36 I 1 O 1 O sd 36,00 sd


Sta. Ephigenia 1138 sd sd 36 2 O 2 O 25 18,00 ,_ 1,44
44 - 1,44
Ir Sta. Ephigenia 113 C sd sd 36 I 2 O 2 O 25 18,00

45 Sta. Ephigenia 121 A-8 M brasileira sd 2 O 2 O 35 sd sd

'1 Sta. Ephigenia 121 A C sd sd I 24 3 O 3 O 40 8,00 0,60

45
r
Sta. Ephigenia 121 A-O
Sta. Ephigenia 121 A-E
" sd
sd
sd
sd I
sd
sd
2
2
O
O
2
2
O
O
sd
sd
sd
sd
sd
sd
45
ir
Sta. Ephigenia 121 A-F
Sta. Ephiqenia 121 A-6
" M
sd
alemã
sd I
sd
sd I
2
sd
2
sd
4
sd sd
O sd
sd
- "- sd
sd
sd
sd
46

JL
Sta. Ephigenia 123 A - 8
Sta. Ephigenia 123 A - C
" M
M
•... italiana
italiana
sd
sd I
8
3
4
1
12
4
8
2
70
40
'- sd
sd
sd
sd
-

46
'I
Sta. Ephigenia 123 A - O
Sta. Ephigenia 123 A - E
" M
M
italiana
sd
sd
32 I
2
2
O
O
2
2 4
O
O
30
30
sd
15,80
sd
1,05
46

IL
Sta. Ephigenia 123 A - F
Sta. Ephigenia 123 A - 6
"JL M
M
. italiana
francesa
32
32 I
3
2
'"..•, " O
1
3
3
'-
O
O
30
30
10,67
10,67
1,07
1,07
47 Sta. Ephigenia 131 A sd
- espanhola 28 3 O 3 O 10 9,33 2,80
L Sta. Ephigenia 131 8 sd sd 28 I 3 O 3 O 10 9,33 2,80
47 Sta. Ephigenia 131 C sd sd 28 4 O 4 1 10 7,00 2,80
- .-
IL Sta. Ephigenia 130 M italiana sd 10 O 10 5 40 sd sd
48 Sta. Ephigenia 132 M italiana 124 6 2 8 O 60
- 15,50 2,07
-
--
.I Sta. Ephigenia 134 4 M alemã 124 3 2 5 1 40 24,80 3,10
48
,- Sta. Ephigenia 136 M italiana 124 3 2 5 ,- 1 40 24,80 3,10
JL Sta. Ephigenia 138 M italiana 124 2 3 5 1 40 24,80 I 3,10

73
11
- 48
r-
Logradouro

Sta. Ephigenia 140



]L M
r
Nacionalidade

italiana
~
•••• •••
124 lC 2 -!L 2
-~
4
.--
Excedentes

O
-.- 40
-
'- 31,00 3,10
L
-I I
48 Sta. Ephigenia 142 M portuguesa 124 1 4 5 1 40 24,80 3,10
- - ~ - •.... 'CC:

I
49
49 11
- Sta. Ep~genia 1~ A
Sta. Ephigenia 144 B
M
M I
italiana
portuguesa I
47
47
•.•... 3
2
O
3
3
5
O
2
sd
25
15,67
9,40
sd
1,88
49 -
Sta. Ephigenia 144 C M espanhola 47 3 2 5 2 25
- 9,40 1,88
'-"-
- '--
L 49 I ._. Sta. Ephigenia 144 D M [ alemã 47 3
,-
O 3 O I 25 15,67 1,88
- ,- ""
49 Sta. Ephigenia 144 E F brasileira 47 3 O 3 O 25 15,67 1,88
.'
I 49 I Sta. Ephigenia 144 F M italiana 47 2 3 5 2 25 9,40 1.88
""
49 Sta. Ephigenia 144 G M polonesa 33 3 O 3 1 16 10,83 2,03
'- .... -
I 49 I Sta. Ephigenia 144 G M polonesa 33 4 O 4 2 16 8,13 2,03
49 Sta. Ephigenia 144 H M polonesa 33 2 O 2 O 16 16,25 2,03
I 49 I Sta. Ephigenia 144 H M brasileira 33 1 O 1 O I 16 33,00 2,06
49 Sta. Ephigenia 1441 sd sd 33 4 O 4 2 16 8,25 2,06
I 49 I Sta. Ephigenia 1441 M polonesa 33 5 O 5 3 16 6,60 2,06
49 Sta. Ephigenia 144 J M italiana 33 4 O 4 2 16
- 8,25 2,06 J
b~ ••_
'-o
L 49 I Sta. Ellhigenia 144 J I M Ilolonesa 33 4 O 4 2 16 8,25 2,06
50 Sta. Ephigenia 146 M italiana 124 2 O
- ,- 2 O 40 62,00 3,10
I 50 I Sta. Ephigenia 148 M italiana 124 1 O 1 O 40 124,00 3,10
50 Sta. Ephigenia 150 M italiana 124 2 O 2 O 40 62,00 3,10 ..,
I 50 I Sta. Ephigenia 152 I F I portuguesa I 124 3 4 7 4 40 17,71 3,10

I
50
50
Sta. Ephigenia 154
Sta. Ephigenia 156 I
M
M
_ . italiana
brasileira
124
124 0_.
3
5
L. _
O
1
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3
40
70
41.33
20,67
3,10
1)7
;...,
j
50 Sta. Ephigenia 158 M espanhola 124 2 O 2 O sd 62,00 sd
~
- sd j
L 51 Sta. Ephigenia 160 A I M espanhola 55 2 2 4 1 sd 13,75

I 51
51 Sta. Ephigenia 160 B
Sta. Ephigenia 160 C
sd
F
,- sd
espanhola
55
55
3
2
O
3 I
3
5
O
2
30
30
18,33
11,00
1.83
1,83 J -
1.83
51 L Sta. Ephigenia 160 D ~ sd
- ~ sd
- ~ 55
'--
5
'--
O ~ '-- 5
- ~ 2
- ~ 30 - '-
11,00
'-
Sta. EJlhigenia 160 E
Sta. Ephigenia 160 F
Sta. Ephigenia 160 G

M
M
M
Nacionalidade

es anhola
espanhola
es anhola
••••
55
55
55
2
5
2
3
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4
5
5
6
Excedentes

3
2
2
30
30
30
11,00
11,00
9,17
1,83
1,83
1,83
Sta. Ephigenia 160 H M italiana 55 2 2 4 1 30 13,75 1,83
Bom Retiro 33/35 - 1 sd sd 2 O 2 O 20 sd sd
Bom Retiro 33/35 - lA sd sd 3 O 3 O 20 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 2 sd portuguesa sd 3 O 3 O 15 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 3 M espanhola sd 2 2 4 O 15 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 4 F espanhola sd 2 O 2 O 15 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 5 sd sd sd 2 O 2 O 15 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 6 sd sd sd 2 O 2 O 15 sd sd
Bom Retiro 33/35 - 7 M espanhola 28 2 O 2 O 15 14,20 1,89
Bom Retiro 33/35 - 8 sd sd 52 1 O 1 O 15 52,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 9 sd sd 52 2 O 2 O 15 26,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 10 sd sd 52 1 O 1 O 15 52,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 11 sd sd 52 1 O 1 O 15 52,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 12 sd sd 52 2 O 2 O 15 26,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 13 italiana 52 2 O 2 O 22 26,00 2,36
Bom Retiro 33/35 - 14 portuguesa 52 2 O 2 O 22 26,00 2,36
Bom Retiro 33/35 -15 sd 52 2 O 2 O 15 26,00 3,47
Bom Retiro 33/35 - 16 sd 52 2 1 3 O 18 17,33 2,89
Bom Retiro 33/35 - 17 sd sd 52 O O O O sd sd sd
Bom Retiro 33/35 -18 sd sd 23 3 O 3 O 15 7,67 1,53
Bom Retiro 33/35 - 19 sd sd 23 2 2 4 O 20 5,75 1,15
Bom Retiro 33/35 - 20 sd sd 23 2 O 2 O 20 11,50 1,15
Bom Retiro 33/35 - 21 M espanhola 40 3 O 3 O 30 13,33 1,33
Bom Retiro 33/35 - 22 M espanhola 30 2 1 3 O 20 10,00 1,50

75
,•
11.- 53
Logradouro

Bom Retiro 33/35 - 23


r-e-

- M
.,
Nacionalidade

portuguesa •••• ••• 30 2


,.--
1
-~
3
~I
,
Excedentes

O
._.
20
-
10,00
.- 1,50

r 53 I Bom Retiro 33/35 - 24 M portuguesa I 30 2 O 2 I O 30 15,00 1,00


53 Bom Retiro 33/35 - 25 sd
- sd 30 2 O 2 O 30 15,00 1,00
-=

I 53 I Bom Retiro 33/35 - 26 I M portuguesa I 30 I 2 O 2 I O 20 15,00 1,50


- 53 - Bom Retiro 33/35 - 27 M espanhola 30 2 O 2 O 15 15,00 2,00
=-c

I 54 I Bom Retiro 37-37A-A M Ilortuguesa I sd 2 1 3 j O 150 sd sd


54 Bom Retiro 37-37A-B sd sd 23 O O O O sd sd sd

I 54 Ir- Bom Retiro 37-37A-C


• sd sd 19 I 3 O 3 4 2 sd 6,33 sd
- .-

I
54
54 I
Bom Retiro 37-37A-D
Bom Retiro 37-37A-E
sd
sd
sd
sd
30
20
- 4
2
•..... O
O
4
2
2
1
sd
sd
7,50
9,75
sd
sd
J

-
54 Bom Retiro 37-37A-F sd sd 54 5 O 5 2 sd 10,72 sd

I 54 Ir- Bom Retiro 37-37A-G sd sd sd sd sd sd sd sd sd I sd


1
I
55
55 I
~m Retiro 64-3
Bom Retiro 64-4
M
M
portuguesa
italiana I
54
54
4
2
2
1
- 6
3
2
O
40
40
9,00
18,00
1,35
1,35
55 Bom Retiro 64-5 M ir italiana 54 3 O 3 O 40 18,00 1,35
'"-
I 55 I Bom Retiro 64-6 M Ilortuguesa I 54 3 2 5 1 40 10,80 1,35
55 Bom Retiro 64-7 M portuguesa 54 • 4 1 5 1 40 10,80 4 1,35

I 55 I Bom Retiro 64-8 M italiana I 54 2 1 3 O 40 18,00 1,35


55 Bom Retiro 64-9 M portuguesa .. _54 2 4 6 2 40 9,00 1,35

I 55 I Bom Retiro 64-10 F portuguesa I 54 3 2 5 1 40 10,80 1,35


56 Bom Retiro 68 A M
- italiana 57 3
~
1 4 O 28 14,25 2,04
-I

'---o --o

I 56 I Bom Retiro 68 B M italiana I 57 2 O 2 O 30 28,50 1,90


- 2,28

I
56
56 I
Bom Retiro
Bom Retiro 68 O
68 C F
F
portuguesa
italiana
57
57
2
4
'-- 2
O
- 4
4
- O
O
25
28
- 14,25
14,25 2,04
--
~-M 2,04
__ o

I
56
56 II
Bom Retiro 68 E
Bom Retiro 68 F M
-
italiana
brasileira
57
57
4
1
O
O
4
1
O
O
28
20
14,25
57,00 2,85
-J
j
~
56 Bom Retiro 68 G M portuguesa 57 2 3 5 1 20 11,40 2,85
'---. ~ ~ - ~~ ~ ~ ~ ~ - '--. - '-
... . . • .

• •••• •••
I

• • • •• • . . ••• . •••
Logradouro Nacionalidade Excedentes
..
'.111 I

11 Dos Protestantes 1 M portuguesa I 81 4 3 7 3 40 11,57 2,03


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Dos Protestantes 3 M portuguesa 81 2 O 2 O 45 40,50 1,80


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1r
:c=
Dos Protestantes 5 M portuguesa I 81 , 5 1 6 2 45 13,50 1,80

57
Dos Protestantes 7 M portuguesa 81 4 2 6 2 45
- 13,50 1,80

Ir Lg. Protestantes 3/5 - 1 11 sd alemã 28


- 3 O 3 O sd 9,33 sd
Lg. Protestantes 3/5 - 2 sd sd 23 2 O 2 O 20 11,70 1,17
58 ~-~
r
-t;
Lg. Protestantes 3/5 - 3 Ir sd sd 23 1 O 1 O 20
-,
23,40 1,17
58 Lg. Protestantes 3/5 - 4 sd sd 23 1 O 1 O 20 23,40 1,17
[ Lg. Protestantes 3/5 - 5 11 sd sd
--
23 2 O 2 I O 20 11,70 1,17
58 Lg, Protestantes 3/5 - 6 sd sd 23 2 O 2 O 20 11,70 1,17
II Lg. Protestantes 3/5 - 7 11 sd sd 23 2 O 2 I O 20 11,70 1,17
58 Lg. Protesta ntes 3/5 - 8 sd sd 23 1 O 1 O 20 23,40 1,17
I ., Lg, Protestantes 3/5 - 9 11 sd sd 23 2 O 2 I O
-~ 20 11,70 1,17
.
23,40
-
58 Lg, Protestantes 3/5-10 sd sd 23 1 O 1 O 20 1,17
r Do Trium~ho 49 A M
-
alemã sd 4 1 5 O 45 sd sd
59 Do Triumpho 49 B M alemã 18 2 O 2 O 15 9,00 1,20
1 Do Triumpho 49 C M alemã 18 2 2 4 2 15 4,50 1,20
59 Do Triumpho 49 O F alemã 19 1 O 1 O 10 19,00 1,90
'-. -
1 Do Triurnpho 49 E M alemã 26 2 O J 2 O 15 13,00 1,73
59 Do Triumpho 49 F M alemã sd 5 2 7 O 45 sd sd
JL Do Triumpho 49 G M alemã 71 I 3 O 3 O 30 23,67 2,37
59 Do Triumpho 49 H M italiana sd 4 O 4 O 60 sd sd
=- ,-..- '--
1 Do Triumllho 29 A M italiana 13 1 O 1 O 15 13,00 0,87
60 Do Triumpho 29 B M italiana 21 2 O 2 1 25 10,50 0,84
-
,L Do Triumpho 29 C sd sd 14 1 1 10 14,00 1,40
60 Do Triump.ho 29 O 14 1 ° 1 ..-
O
10 14,00 1,40
-
JL Do Triumpho 29 E
sd
sd
sd
sd 14 1 ° 1
- ° - '-
10 14,00 I 1,40
° ° 11

77
11
1
60
61
61
1
~
Logradouro

Do Triumpho 29 F
Dos Andradas 69 B
Dos Andradas 69 A
-


sd
F
sd
Nacionalidade

sd
espanhola
sd
•••• •••14
30
30
I
r--
1
2
6
- ,-
O
2
O
4
1

6
~
Excedentes

O
2
4
10
25
25
14,00
7,50
5,00
,-
1,40

1,20
1,20
c-
1
1 62 1 Dos Andradas 66A-B M espanhola 80 I 2 7 9 5 30 8,89 2,67
--,,- 1
62 Dos Andradas 66A-C M espanhola 56 4 4 8 4 25 7,00 2,24

1 62 1 Dos Andradas 66A-D sd sd 56 I 3 O 3 O I 25 18,67 2,24


-=
1
62 Dos Andradas 66A-E M espanhola 56 4 1 5 1 25 11,20 2,24
II
1 62 1 Dos Andradas 66A-F sd sd 56 I 2 O 2 O 25 28,00 2,24 1
62
'"-
Dos Andradas 66A-G F espanhola 56 •.. ,
4 O 4 O 25 14,00 2,24

1 62 1
r-
Dos Andradas 66A-H M espanhola 68 I 4 4 8 4 25 8,50 2,72 1
63 Dos Guayanazes 39 A M portuguesa sd 3 O 3 O 120 sd sd

1 63 1 Dos Guayanazes 39 B M I portuguesa 1 sd I 2 2 4 O sd sd sd 1


63 Dos Guayanazes 39 C M italiana sd 3 3 6 2 31 sd sd
1 64 1 Dos Guayanazes 33 1 sd sd
-
sd I
,-
12 sd 12 6 sd sd sd J
65 Cons. Nébias 49 A M italiana sd 4 O 4 O 30 sd sd

1 65 1 Cons. Nébias 49 B I sd italiana sd I 2 O 2 O 20 sd sd J


65 Cons. Nébias 49 C sd italiana sd 2 O 2 O 20 sd sd -,J

1 65 1 Cons. Nébias 49 O M polonesa 69 I 4 O 4 O 30 17,25 2,30 J


65 Cons. Nébias 49 E M italiana 69 4 O 4 O 30 17,25 2,30

1 65 'I Cons. Nébias 49 F M italiana I 69 I 4 3 7 3 30 9,86 2,30~


65 Cons. Nébias 49 G M italiana 69 2 2 4 O 30 17,25 2,30

l 65 1 Cons. Nébias 49 H F I portuguesa 1 69 I 2 1 3 O 30 23,00 2,30 J


65 Cons. Nébias 49 I F brasileira 69 2 O 2 O 30 34,50 2,30 _

----
1 65 1 Cons. Nébias 49 J I M I italiana 1 69
17.268
I
I
4
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