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Universidade de Brasília

Instituto de Artes – IdA


Departamento de Artes Visuais - VIS

Disciplina: PdE – AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM


Professora: Ana Paula Aparecida Caixeta

TAREFA 1 –

DATA DE ENTREGA: entre 13/02/21 a 20/02/21

Nome: _Thyeme Figueiredo_ Matrícula 160060915_

Leia o comando:

Byung-Chul Han, em A sociedade do cansaço (2017, p. 125-126), diz: “Hoje em dia, as coisas só começam a ter valor
quando são vistas e expostas, quando chamam a atenção. Hoje, nos expomos no Facebook, e com isso nos
transformamos em mercadoria. Originalmente, a palavra produção não significa fabricação e confecção, mas levar para
diante, tornar visível.” A partir desse fragmento e do que foi discutido na aula anterior, elabore uma reflexão a respeito
dos novos espaços ocupados pelos corpos hoje, no âmbito público e privado, considerando uma aproximação com
espaços educacionais. (Entre 1 ou duas páginas, no máximo. Utilize este arquivo para redigir seu texto)

O ditado “quem não é visto não é lembrado” nunca foi tão verdadeiro quanto nos últimos anos,
quando estar presente nas redes sociais se tornou praticamente um atestado de existência. É até
difícil de lembrar de como as relações sociais funcionavam há 15 anos, quando não tínhamos acesso
ao que todos os nossos familiares, amigos, conhecidos e conhecidos de conhecidos estavam fazendo
em tempo real.
Existir na internet se transformou em profissão e as coisas acontecem, por vezes, de maneira tão
aleatória, que até quem não tem a intenção de ingressar na carreira de criador de conteúdo, sente a
pressão de produzir conteúdo com constância e com a melhor qualidade – ou aparência – que puder,
mesmo sem entender direito qual o propósito disto, apenas para fazer parte do que todos já estão
fazendo e, talvez, para tentar a sorte de milagrosamente conseguir muitos seguidores e ganhar
dinheiro com isso.
Recentemente li uma tirinha do artista Pascal Campion, com um diálogo em que uma das partes
dizia “achar difícil continuar com as coisas se movendo tão rapidamente”, o diálogo se estende e
então o outro conclui com “que sociedade interessante, em que todo mundo decide pelos outros,
mas ninguém decide por si mesmo”. E é basicamente como as coisas estão acontecendo: mudamos
os nossos hábitos sociais, nossa maneira de agir e até as nossas prioridades de acordo com a rede
social do momento, que pode durar por vários anos ou só por algumas semanas. Mudamos a
maneira como enxergamos o outro e a nós mesmos, fisicamente e emocionalmente, de acordo com
o que está sendo ditado por “todo mundo” no momento.
O homem, por ser um animal social, sente-se pressionado a fazer o que os seus semelhantes estão
fazendo, caso o contrário, será deixado às margens da sociedade. Sem aparecer na internet, será
esquecido.
A pandemia do novo coronavírus trouxe a necessidade de utilizarmos os recursos tecnológicos
disponíveis e de nos adaptarmos ao extremo do que já vivenciávamos com as redes sociais, através
de interações durante o distanciamento social. É importante refletir sobre os benefícios de executar
algumas atividades de forma remota, o que já existia através de educação a distância EAD mesmo
antes da pandemia. O problema é que o ensino remoto precisou de ser imposto de maneira geral
para estudantes e professores, sem preparo prévio e isso trouxe muitas questões que se misturam
com os nossos hábitos já bagunçados por uma tecnologia em rápida evolução.
A obrigatoriedade de estar presente nos fóruns de discussão, por exemplo, mesmo quando não se
tem nada a acrescentar, ressalta a ilusão de que aparecer é sinônimo de estar presente, sendo que a
realidade é outra. E nas aulas síncronas não aparecer em vídeo – o que é compreensível partindo-se
dos recursos e espaço de cada um – impacta em como a atenção tanto do professor quanto dos
estudantes se mantém ou se desmancha.
E agora, mais do que nunca, a ansiedade de estar sempre presente invade a todos nós, de forma que
talvez não saberemos mais como diferenciar o que é real e o que é “virtual” de forma clara daqui
por diante.

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