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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Altos Estudos Amazônicos


Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do
Trópico Úmido

Disciplina: Políticas Urbanas


Professora: Simaia Mercês
Aluno (a): Tatiane de Cássia Silva da Costa
Data: 13 de Agosto de 2010

VILLAÇA, F. O espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: Fapesp:


Lincoln institute, 2001.

Informações sobre o autor:

Idéia central:
Analisar a como as disputas entre classes por domínio do espaço urbano
influenciam na estruturação do espaço intra-urbano;

Objetivos:
 Analisar como o espaço torna-se um instrumento de dominação e controle das
classes dominantes;
 Analisar o papel da segregação no processo de controle do espaço urbano pelas
classes dominantes;
Síntese da obra:
I. Segregação e estruturação do espaço intra-urbano:
A. As burguesias controlam a produção do espaço intra-urbano dominando
equipamentos centrais e não centrais atraindo-os para sua direção de
deslocamento;
i. Essa produção do espaço não se limita ao contraste centro x
periferia;
II. O consumo e a estruturação do espaço intra-urbano;
A. A estrutura interna do espaço urbano se processa sob o domínio de forças
que representam os interesses de consumo das camadas de mais alta renda;
B. Dominação: é o processo segundo o qual a classe dominante comanda a
apropriação diferenciada dos frutos, das vantagens e dos recursos do espaço
urbano;
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i. Vantagens: acessibilidade às diversas localizações urbanas, em


especial ao centro;
ii. Tempo de deslocamento: é o principal beneficio disputado no espaço
urbano;
C. A burguesia produz o espaço urbano no sentido de otimizar suas condições
de deslocamento;
i. “o dominio do espaço sempre foi um aspecto vital da luta de classe”
– esta luta consiste na força determinante da estruturação do espaço
intra-urbano;
ii. As classes dominantes buscam trazer para perto de si os
equipamentos de comando da sociedade;
iii. E com isso produzem centros expandidos, o “seu” cento e o centro
dos “outros”
D. As indústrias:
i. Seus interesses nesta disputa por localização no espaço intra-urbano,
é para garantir o deslocamento dos capitalista, trabalhadores e das
atividades terciárias e habitação;
ii. Sua disputa é com a residência e com o comércio;
E. Transportes: Marx considera os meios de transporte um meio de trabalho que
ajuda a produzir um efeito útil que é a mudança de lugar, que outra coisa
não é senão a localização;
F. Consumo enquanto condição de estruturação do espaço intra-urbano;
G. As disputas pelas localizações urbanas têm uma história:
i. Produz-se meios para satisfazer as necessidades de sobrevivência do
homem (a produção da vida material);
ii. Produz-se a vida material através do trabalho;
iii. E pra isso é necessário gastar o mínimo de energia e de tempo;
a. Energia se recupera e se armazena, tempo não;
iv. É necessário se controlar o dispêndio de tempo de deslocamento;
H. A disputa por localização é uma disputa pela otimização de tempo e de
energia;
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III. A segregação e o controle do espaço intra-urbano;


A. As camadas de mais alta renda controlam a produção do espaço urbano por
meio do controle de três mecanismos;
i. Econômico: o mercado imobiliário, principalmente;
ii. Político: controle do Estado:
a. Através da localização dos aparelhos de estado;
b. Através da produção de infra-estrutura – que beneficia
algumas áreas em detrimento de outras;
c. Através das legislação urbanísticas;
iii. Ideológico:
IV. Segregação, controle do Estado e ideologia;
A. A ideologia é o processo pelo qual a classe dominante representa seu
interesse particular como o interesse geral;
i. Seu papel na história: para isso é necessário articular a ideologia ás
classes sociais, à luta de classes e à atuação da classe dominante;
ii. A produção ideológica lança mão de alguns mecanismos:
a. Naturalização de processos sociais: deterioração do centro, a
formação de novos centros, identifica a cidade apenas como a
parte da cidade onde se concentram as camadas demais alta
renda;
b. A imprensa é o porta-voz da classe dominante;
V. O controle do espaço intra-urbano e o controle do tempo;
A. O mercado imobiliário determina não só a segregação residencial, mas toda
estruturação do espaço intra-urbano;
B. Localização:
i. É fruto do trabalho humano que não pode ser reproduzido pelo
trabalho humano;
ii. Refere-se as localizações às relações entre um determinado ponto do
território urbano e todos os demais;
iii. É definida pelas possibilidades de deslocamentos do ser humano;
C. Desigualdades:
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i. Na disponibilidade de equipamentos e infra-estrutura e a qualidade


das edificações, entre centro e periferia;
ii. Diferenças de acessibilidade a todos os pontos do espaço urbano;
D. Acessibilidade se produz duplamente:
i. Durante a produção e consumo do espaço, ou seja, dos pontos a
serem interligados;
ii. Pela atuação sobre os meios de transportes, que une os pontos a
serem interligados;
E. A burguesia controla o tempo de deslocamento de maneira dupla, quando
produzem os espaços e quando desenvolvem os meios de transporte, de
deslocamento;
F. Dialética tempo/espaço:
i. “o homem atua sobre o tempo para reduzir o espaço, ao mesmo
tempo e pelo mesmo processo que atua sobre o espaço para reduzir o
tempo”;
ii. A produção do espaço aparece como forma de controle do tempo, por
meio de um trabalho coletivo, social, no qual as classes entram em
conflito visando apropriar-se diferenciadamente dos frutos do
trabalho envolvido nessa produção;

Conclusões do autor:
 A luta pela localizações entre classes sociais é uma luta em torno de condições
de consumo, não em torno de condições de produção;
 É necessária uma configuração espacial (a segregação) para viabilizar a
dominação através do espaço. Sem essa configuração, seriam talvez impossíveis
a dominação e a desigual apropriação do trabalho despendido na produção do
espaço";
 A segregação é uma determinada geografia, produzida pela classe dominante, e
com a qual essa classe exerce dominação através do espaço urbano;

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