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Filhos, é necessário ir adiante!

Nossa lealdade ao nosso sistema familiar é um tema central da Constelação Sistêmica. É


através desta lealdade que nos colocamos em contato, em nosso coração e em nosso
inconsciente, com o movimento de repetir o que foi difícil na história de vida de outros
membros da nossa rede familiar.

Essa lealdade, como bem pontua Bert Hellinger, está para além daquilo que nossa
consciência nos fala: Ela atua também naqueles que dizem não ter nada ou estão brigados,
ou ainda mesmo no movimento de excluir sua família, seus pais, seus irmãos, entre outros
vínculos familiares.
Então, a lealdade invisível atua em todos, mesmo que no racional nos colocamos “fora” do
nosso sistema familiar. Somos leais, em nossa inconsciência, pelo simples fato de estarmos
ligados pelo fio da vida a muitas outras pessoas que vieram antes.
Então, é comum vermos no atendimento da Constelação um bisneto conectado com o
bisavô, embora ambos não tenham se conhecido pessoalmente. Ou um sobrinho que
repete a dificuldade de um tio que há muito saiu da convivência familiar.
De forma mais frequente, vemos filhos e filhas presos nas dinâmicas difíceis de seus pais.
Seja por uma dor na família de origem da mãe ou do pai, seja por uma dificuldade no
relacionamento a dois.

Quando os pais sofrem


Como filhos, principalmente quando crianças, temos pouca consciência da nossa
individualidade. E, para além desse fato, quando crianças, necessitamos da relação
simbiótica que temos com os nossos pais. Isso é necessário para nossa sobrevivência.
Nessa fase da nossa vida, vivenciamos de forma clara as felicidades e também as dores de
nossos pais.
E as vezes, nesse lugar, encontramos uma armadilha a que muitos se prendem: a
necessidade que sentem de “resolver” ou “compensar” a dor sentida pelos genitores.

Dessa forma, se colocam na impossível missão de carregar as dores dos pais, como uma
tentativa de liberá-los da dor que sentem.
Em casos
mais difíceis, onde sentem que os pais se encaminham em sua alma para seguir outros
familiares que se foram, ou quando sentem que os pais “se entregaram a um grande
sofrimento e dali não conseguem se mover” os filhos podem até mesmo partir para todo o
tipo de sacrifício, na fantasia de salvar seus pais.
Isto acontece pois todos somos movidos pela inconsciência, e por esta lealdade invisível.
Hellinger e o campo da Constelação Familiar têm observado esses movimentos com muita
claridade, há mais de 40 anos.

Quando o relacionamento dos pais não vai bem

Outra dinâmica que também coloca os filhos em rota com as dificuldades, é quando há uma
dificuldade no casal.
Quando a relação amorosa dos pais, por algum motivo, resulta em brechas, o filho ou a filha,
sentindo a necessidade não preenchida do pai ou da mãe, se coloca na função de
compensar a falta (ou o que falta) para um dos genitores e até para ambos.

É dessa dinâmica que surge “o filhinho da mamãe” ou a “filhinha do papai”.


Os filhos se colocam no movimento de viver a dor de um dos pais ou de compensar o que
sentem que os pais desejam receber e ficam indisponíveis para viver a sua própria vida.

Essa indisponibilidade segue com eles nos seus caminhos para a fase adulta, que por sua
vez, gera novas dificuldades nos seus relacionamentos posteriores. Muitos filhos, embora
se encaminhem para um relacionamento afetivo na sua vida adulta, muitas vezes não estão
verdadeiramente disponíveis para estas relações, pois se encontram “comprometidos e
vinculados” com seus pais.

A possibilidade de solução
Quando esses movimentos ocorrem, a indisponibilidade que os filhos sentem por estarem
ligados através da lealdade familiar a uma dor sistêmica os impedem de viver e crescer em
sua vida pessoal.
Neste lugar, somente uma solução é possível: olhar para o lugar dos pais e perceber a
grandeza deles e a pequenez dos filhos. É incompatível quando o segundo tenta fazer algo
pelo primeiro.

Ao ver a realidade e o que atua, o filho pode, com amor e respeito, deixar com pais os
problemas que ele não tem a capacidade de resolver.
E quando ele faz isso, algo liberador acontece: o filho ou a filha se sente livre para seguir
adiante, levando com ele o fluxo da vida que recebeu de seus pais e que passou por muitos
antepassados.

Da mesma forma, reconhecer que o que é difícil para os pais está dentro do que é capaz
para eles resolverem. Ao filho cabe cuidar dos seus próprios problemas.
A prova real disso é ver a felicidade que os pais sentem de ver seus filhos seguindo adiante.

Filhos presos em emaranhamentos familiares é pesado para os pais. Vê-los livres e


seguindo adiante é leve e prazeroso.

Filhos, vocês amam seus pais?


Então sigam adiante!
Esta é, sem dúvida, a maior homenagem que poderão oferecer a eles.

Referencia:

 Filhos, é necessário ir adiante! – Constelação Familiar de Bert Hellinger, Ipê Roxo,


2018. Disponível em: https://iperoxo.com/2018/12/04/filhos-e-necessario-ir-
adiante-constelacao-familiar-de-bert-hellinger/ . Acesso em: 6 dezembro 2020.
 HELLINGER, Bert. A fonte não precisa perguntar pelo caminho. Patos de Minas:
Ed.Atman, 2005.

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