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Abuso de Autoridade

Questões

Prof. Ricardo Perin e Thiago


Baldani
Sumário
Lei de Abuso de Autoridade .............................................................................................................. 2

Questão 01 ................................................................................................................................................ 2

Questão 02 ................................................................................................................................................ 2

Questão 03 ................................................................................................................................................ 3

Questão 04 ................................................................................................................................................ 3

Questão 05 ................................................................................................................................................ 4

Questão 06 ................................................................................................................................................ 4

Questão 07 ................................................................................................................................................ 5

Questão 08 ................................................................................................................................................ 6

Questão 09 ................................................................................................................................................ 6

Questão 10 ................................................................................................................................................ 7

Questão 11 ................................................................................................................................................ 8

Questão 12 ................................................................................................................................................ 8

Questão 13 ................................................................................................................................................ 9

Questão 14 .............................................................................................................................................. 10

Questão 15 .............................................................................................................................................. 11

Questão 16 .............................................................................................................................................. 11

Questão 17 .............................................................................................................................................. 12

Questão 18 .............................................................................................................................................. 13
Lei de Abuso de Autoridade

Questão 01
1. Qual o bem jurídico-penal tutelado pelos crimes de abuso de autoridade?

Gabarito: trata-se da proteção do normal funcionamento da Administração Pública, no

que diz respeito à probidade, à fidelidade, ao decoro funcional, à incorruptibilidade,


protegendo-se, indiretamente, alguns dos direitos fundamentais de primeira geração,

com destaque para a liberdade individual.

Questão 02
2. A Lei de Abuso de Autoridade contempla apenas duas faixas penais: para as
condutas mais graves, penas de detenção de 1 a 4 anos e multa; para as condutas

menos graves, penas de detenção de 6 meses a 2 anos e multa. Vislumbra-se algum


problema nessa restrição, à luz da proporcionalidade em sentido estrito?

Gabarito: a proporcionalidade em sentido estrito, para a doutrina constitucional, diz

respeito à relação custo-benefício entre o fim almejado e o meio utilizado, examinando-


se se há equilíbrio entre meio e o fim. Para o direito penal, significa o exame do equilíbrio
entre as penas. Por isso, na seara das penas abstratamente cominadas pelo legislador,

há problemas na eleição de apenas duas faixas penais, porque para condutas de


gravidades bem diversas acabam sendo previstas as mesmas penas, como, por exemplo,

o art. 12 da Lei, que estabelece as mesmas penas de 6 meses a 2 anos tanto para quem
deixa injustificadamente de comunicar a prisão em flagrante ao juiz (caput) como para

quem deixa de entregar ao preso a nota de culpa com os requisitos legais, no prazo de
24h (art. 12, parágrafo único, III).
Questão 03
3. Os crimes de abuso de autoridade atendem satisfatoriamente aos reclames da

taxatividade penal? 3

Gabarito: as normas penais incriminadoras atendem ao princípio estrita legalidade, nos


termos do art. 5o, XXIX, da Constituição, e do art. 2o do CP: não há crime sem lei anterior

que o defina. No entanto, não basta que os crimes sejam veiculados por leis. Além disso,
elas devem ser fechadas o suficiente para ensejar segurança jurídica. Bem por isso, a

legalidade estrita apresenta dois corolários: a taxatividade e a tipicidade. A taxatividade


é mandamento dirigido ao legislador, para que elabore a lex certa, ao passo que a
tipicidade é dirigida ao juiz, que não se afaste dos estritos contornos da lei, quando de
sua aplicação (lex stricta). A Lei do Abuso de Autoridade abusa desse recurso, quando
utiliza algumas expressões: manifesta desconformidade com as hipóteses legais (art. 9 o),

condução coercitiva... manifestamente descabida (art. 10); imediatamente (incisos I e II


do parágrafo único do art. 12); sem justa causa (art. 20); prazo razoável (art. 9 o, parágrafo

único; 20, parágrafo único etc.). Portanto, não há atendimento aos reclames da
taxatividade penal.

Questão 04
4. A respeito do elemento subjetivo dos tipos penais da Lei de Abuso de Autoridade

(Lei 13.869/2019), é correto afirmar que:

(a) o dolo exigido por todos os tipos é genérico, dispensando-se qualquer finalidade
específica;

(b) há tipos penais que contemplam modalidades culposas;

(c) todos os tipos penais exigem o chamado dolo específico, porque demandam a

finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro,


capricho ou satisfação pessoal.
(d) a maior parte dos delitos contenta-se com o dolo genérico, criminalizando-se, por
exemplo, a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos ou provas.

Gabarito: c. Nos termos do art. 1o, § 1o, da Lei de Abuso de Autoridade, todos os crimes 4

exigem finalidade específica.

Questão 05
5. A ação penal nos crimes de abuso de autoridade será:

(a) sempre pública incondicionada, admitindo-se a ação penal privada subsidiária da


pública, diante da inércia do Ministério Público;

(b) ação penal pública condicionada à representação;

(c) sempre pública incondicionada, não se admitindo a ação penal privada subsidiária da
pública;

(d) exclusivamente privada.

Gabarito: a, nos termos do art. 3o da Lei do Abuso de Autoridade.

Questão 06
6. No tocante aos sujeitos ativos dos crimes de abuso de autoridade, é correto

afirmar que:

(a) trata-se de crimes comuns, porque podem ser praticados por qualquer pessoa;

(b) trata-se de crimes próprios, porque somente podem ser praticados por agentes
públicos, permitindo-se, contudo, a coautoria e a participação de particulares;

(c) trata-se de crimes próprios, porque somente podem ser praticados por agentes

públicos, não se permitindo a coautoria e a participação de particulares;

(d) trata-se de crimes próprios, que somente podem ser praticados por agentes públicos
que detêm vínculo estatutário para com a Administração Pública.
Gabarito: b. Os crimes de abuso de autoridade são crimes próprios, porque somente
podem ser praticados por agentes públicos, apesar de o conceito destes ser o mais

amplo possível, de acordo com o art. 2o da Lei. Entretanto, nos termos do art. 30 do CP,
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admite-se a participação de particulares, tanto como coautores, quando praticam o
núcleo do tipo, quanto como partícipes, quando induzem, instigam ou auxiliam o agente

público na prática do delito.

Questão 07
7. Policial militar que comete qualquer dos crimes previstos na Lei de Abuso de
Autoridade será processo e julgado pelo seguinte órgão do Poder Judiciário:

(a) Justiça Militar Estadual;

(b) Justiça Comum Estadual;

(c) Justiça Comum Federal;

(d) Justiça Militar da União.

Gabarito: a. A Súmula 172 do STJ dispunha o seguinte: “Compete à Justiça Comum


processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em

serviço”. Entretanto, essa súmula foi revogada a partir da alteração no Código Penal
Militar promovida pela Lei 13.491/2017, todos os crimes cometidos por militares serão

julgados pela Justiça Militar, ressalvada, no entanto, a competência constitucional do


Tribunal do Júri da Justiça Estadual, em se tratando de crimes dolosos contra a vida de

civil, nos termos exatos do art. 124, parágrafo 4 o, da Constituição: Compete à Justiça
Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos

em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência


do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda
do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
Questão 08
8. Quanto aos efeitos da condenação por crime de abuso de autoridade, é correto

afirmar que: 6

(a) o efeito de tornar certa a obrigação de reparar o dano é específico, dependendo de


fundamentação judicial;

(b) os efeitos de inabilitação e de perda do cargo, do mandato ou função pública são

genéricos, decorrendo da própria condenação, independentemente de fundamentação


judicial;

(c) a fixação do valor mínimo de indenização pode ser pedida pelo Ministério Público,

independentemente de qualquer requerimento do ofendido;

(d) os efeitos de inabilitação e de perda do cargo, do mandato ou função pública


dependem de reincidência específica em crimes de abuso de autoridade e de

fundamentação judicial expressa.

Gabarito: d. O art. 4o da Lei de Abuso de Autoridade trata dos efeitos extrapenais da


condenação. O efeito de tornar certa a obrigação de reparar o dano (inc. I) é genérico

e decorre da própria condenação, muito embora a fixação de valor mínimo de


indenização dependa de requerimento do ofendido. Por outro lado, os demais efeitos,

dos incisos II e III, dependem da reincidência específica, assim entendida como


condenação definitiva anterior por crime de abuso de autoridade, cuja extinção da pena

tenha ocorrido há menos de 5 anos, e de fundamentação judicial expressa.

Questão 09
9. Assinale a alternativa correta, relativamente às penas restritivas de direitos da Lei
de Abuso de Autoridade:
(a) é possível a conversão da pena privativa de liberdade por quaisquer das penas
restritivas de direitos previstas no Código Penal;

(b) a Lei de Abuso de Autoridade contempla apenas duas modalidades de penas 7

restritivas de direitos: a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e


a suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6

meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;

(c) a Lei de Abuso de Autoridade estabelece requisitos específicos para a conversão das
penas privativas de liberdade em penas restritivas de direitos;

d) desde que presentes os requisitos legais, sempre é possível a conversão da pena

privativa de liberdade em prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas.

Gabarito: b. Os requisitos para a conversão de penas privativas de liberdade em penas


restritivas de direitos são os mesmos dos descritos pelo art. 44 do CP, muito embora o

art. 5o da Lei somente preveja duas modalidades de penas restritivas de direitos, não
podendo ser aplicadas as demais espécies do Código Penal. Por fim, o art. 46 do CP

somente admite a aplicação da pena de prestação de serviços à comunidade para penas


privativas de liberdade superiores a 6 meses, de maneira que ela não será uma alternativa
viável para os casos em que a pena é fixada abaixo desse patamar.

Questão 10
10. Quanto às repercussões da sentença penal condenatória no âmbito extrapenal,
segundo a Lei de Abuso de Autoridade, é correto afirmar que:

(a) a condenação criminal por de abuso de autoridade obsta a condenação no âmbito

extrapenal;

(b) a condenação criminal por abuso de autoridade não faz coisa julgada no âmbito
extrapenal, devendo ser propostas as ações civis pertinentes;
(c) a condenação criminal por abuso de autoridade faz coisa julgada no âmbito
extrapenal, não mais podendo haver questionamentos sobre a existência do fato ou sua

autoria;
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(d) a absolvição criminal por ausência de provas faz coisa julgada no âmbito extrapenal.

Gabarito: c. Nos termos do art. 7o da Lei, não mais pode haver questionamentos sobre
a existência do fato e de sua autoria, diante de sentença penal condenatória por crime

de abuso de autoridade, o que, aliás, é a regra no Direito brasileiro. A sentença criminal


absolutória apenas faz coisa julgada no âmbito extrapenal quando for fundamentada na

presença de causa excludente de ilicitude, ou negar categoricamente a existência do fato


ou da autoria. Por isso, a sentença criminal que absolve com base em ausência de provas
nenhuma repercussão terá para fora da jurisdição criminal.

Questão 11
11. O art. 9o, caput, da Lei do Abuso de Autoridade, criminaliza a conduta de
“decretar medida de privação de liberdade em manifesta desconformidade com as
hipóteses legais”. Em quais hipóteses em que, mesmo diante do provável

cometimento de crimes, o juiz estaria impedido de decretar prisões cautelares?

Gabarito: na grande maioria dos casos, a análise dos requisitos ensejadores das prisões
cautelares, previstos, basicamente, nos artigos 312 e 313 do CPP, ficará a critério da

discricionariedade judicial. Entretanto, há casos-limite em que terminantemente se veda


a prisão, sem que exista margem para interpretação. Por exemplo, o decreto de prisão

temporária sem que o crime aparentemente cometido esteja previsto no rol do art. 1 o
da Lei 7960/89, bem como o decreto de prisão preventiva de sujeito primário, por causa

de crime cuja pena máxima seja igual ou inferior a 4 anos, a teor do art. 313, I, CPP.

Questão 12
12. O decreto de condução coercitiva manifestamente descabida da vítima pode
caracterizar:
(a) o crime do art. 10 da Lei do Abuso de Autoridade, que estabelece: “Decretar a
condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem
prévia intimação de comparecimento ao juízo”;
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(b) fato atípico;

(c) comportamento lícito;

(d) o crime de constrangimento ilegal, previsto no art. 146 do Código Penal, que
preceitua que: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de

lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda”.

Gabarito: b. Apesar de se tratar de comportamento ilícito, podendo implicar a invalidade

do ato processual, a conduta não se amolda ao crime do art. 10 da Lei do Abuso de


Autoridade, que estabelece como sujeitos passivos a testemunha ou investigado,

tampouco crime de constrangimento ilegal, que demanda os elementos normativos da


violência, ameaça ou redução da capacidade de resistência. O fato, apesar de ilegal, é

atípico.

Questão 13
13. A respeito da conduta criminosa de “constranger o preso ou o detento, mediante
violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência a (...) produzir

prova contra si mesmo ou contra terceiro” (art. 13, III, da Lei de Abuso de
Autoridade), assinale a alternativa incorreta:

a) é uma modalidade especial de constrangimento ilegal, que também se vincula ao

princípio da vedação à autoincriminação;

(b) o tipo abarca não apenas a confissão e à localização da coisa subtraída, estendendo-
se também à conduta de, mediante violência, grave ameaça ou redução da capacidade
de resistência, a autoridade conseguir do preso ou detento a delação dos sujeitos que
com participaram do crime;

(c) referido tipo não revogou o crime do art. 1o, I, a, da Lei de Tortura (Lei 9455/97) que 10

estabelece: “Art. 1o. Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de
obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (...) Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos”, porque este último crime exige a produção de
sofrimento físico e mental;

(d) referido tipo revogou tacitamente o crime do art. 1o, I, a, da Lei de Tortura (Lei
9455/97), por se tratar de norma mais recente, segundo o critério da lex posterior
derogat legi priori.

Gabarito: d. Não há se falar em revogação tácita do art. 1 o, I, a, da Lei de Tortura (Lei


9455/97), por causa de seus elementos especializantes, quais sejam, sofrimento físico e
mental.

Questão 14
14. Um advogado que deseja depor, na condição de testemunha, de fato que tomou
conhecimento em razão de sua profissão, e é autorizado para tanto pela parte
interessada, e, durante o depoimento, falta com a verdade, recebendo a advertência

do juiz de que pode ser preso, pode ser vítima do crime do art. 15, caput, da Lei do
Abuso de Autoridade?

Gabarito: não. Em princípio, o advogado não é obrigado a depor. No entanto, nos

termos do art. 207 do CPP, se desejar fazê-lo e for autorizado pelo interessado, presta
o compromisso, não podendo calar a verdade ou deixar de responder as perguntas que

lhe forem formuladas.


Questão 15
15. O art. 15, parágrafo único, II, da Lei do Abuso de Autoridade, criminaliza a

conduta de quem prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha optado por 11

ser assistida por seu advogado ou defensor público, sem a presença deste

profissional. Referido tipo penal refere-se apenas ao interrogatório judicial ou


também se estende ao interrogatório policial? Por quê?

Gabarito: como não há ressalvadas expressas, o tipo penal abarca ambos os

interrogatórios. Quanto ao interrogatório judicial, sequer há possibilidade de a parte


optar por não ser assistida por advogada, porque o art. 185 do CPP estabelece que o
acusado deverá ser interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
Na fase policial, entretanto, não há a necessidade legal de advogado, mas o investigado
pode optar por sua presença, nos termos do art. 7º do Estatuto da OAB, alterado pela

Lei 13.245/2016.

Questão 16
16. A respeito do interrogatório policial de pessoa presa, assinale a alternativa
correta:

(a) não se admitirá o interrogatório policial de pessoa presa durante o repouso noturno,

assim compreendido entre as 21h e 5h, qualquer que seja o dia da semana, salvo prisão
em flagrante delito ou se o preso, devidamente assistido, consentir com o seu

interrogatório;

(b) é sempre vedado o interrogatório policial de pessoa presa, independentemente da


modalidade de prisão cautelar;

(c) é válido o consentimento do preso quanto ao seu interrogatório durante o repouso

noturno, mesmo que não seja ele assistido por seu advogado;

(d) o interrogatório policial de pessoa presa nunca será feito na presença de advogado.
Gabarito: a. É a dicção do art. 18 da Lei de Abuso de Autoridade. A extensão do repouso
noturno deve ser capturada do art. 22, § 1 o, III, da mesma lei, que não ressalva dias da

semana.
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Questão 17
17. A respeito do sujeito ativo do crime do art. 19 da Lei de Abuso de Autoridade,
assinale a alternativa correta:

(a) trata-se de crime que somente pode ser cometido pelo juiz competente, em todas

as suas modalidades;

(b) a figura do caput do art. 19 pode ser cometida por qualquer autoridade encarregada
de encaminhar o pleito do preso ao juiz competente, ao passo que a figura do parágrafo

único deve ser necessariamente praticada pelo juiz, ainda que incompetente para decidir
sobre a prisão;

(c) a figura do caput do art. 19 pode ser cometida por qualquer autoridade encarregada

de encaminhar o pleito do preso ao juiz competente, ao passo que a figura do parágrafo


único deve ser necessariamente praticada pelo juiz competente para decidir sobre a

prisão;

(d) o crime do art. 19 nunca pode ser cometido pelo juiz competente para decidir sobre
a prisão.

Gabarito: b. A figura do caput visa à punição de qualquer autoridade que impede ou

retarda, sem justo motivo, o envio de pedido feito por preso ao juiz competente para a
apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias da custódia. Já a figura do

parágrafo único trata de crime omissivo a ser praticado pelo juiz, quer seja o competente
para decidir sobre a prisão, que deixa de tomar as providências para sanar o
impedimento ou o atraso no pleito, quer seja o incompetente, que deixa de remeter o

caso à apreciação da autoridade judiciária naturalmente competente para decidir sobre


a prisão.
Questão 18
18. A respeito do tipo do parágrafo único do art. 20 da Lei de Abuso de Autoridade,

é correto afirmar que: 13

(a) o advogado tem o direito de se entrevistar com o seu cliente durante o interrogatório
judicial deste;

(b) trata-se de conduta delitiva que visa à proteção do princípio da ampla defesa, que

compreende tanto a defesa técnica, feita por advogado, quanto a autodefesa, que
expressa, dentre outros, o direito de o próprio acusado apresentar a sua versão sobre

os fatos;

(c) o tipo se configura quando o magistrado proíbe a entrevista entre o advogado e seu
cliente durante a audiência, mas antes de seu interrogatório;

(d) o tipo preserva a incomunicabilidade entre advogado e seu cliente durante todo o

decorrer da audiência.

Gabarito: b. O direito à ampla defesa, corolário do devido processo legal (art. 5 o, LIV,
da Constituição), abarca a defesa técnica, feita por advogado, e a autodefesa, que

compreende o direito de ciência, de presença e de audiência. Para que ele seja


satisfatoriamente exercido, deve-se garantir a entrevista reservada entre advogado e

cliente. Por outro lado, não há esse direito durante o interrogatório, porque se trata de
ato unipessoal, e as respostas devem ser fornecidas pelo próprio acusado. Além disso,

o tipo criminaliza o impedimento de entrevista antes da audiência, e não durante a


audiência, mas antes do interrogatório.
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