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FONTES DEBILITADORAS

DO PASTORADO
Uma reflexão de Joseph Stowell sobre o sentimento de inadequação no ministério pastoral
Por Rev. Gildásio Reis
Nos últimos três anos, tenho sido pastoreado por Joseph Stowell através dos seus escritos.
Pastor batista e de linha reformada, Stowell tem impactado minha maneira de encarar o
trabalho pastoral. Este breve artigo é fruto de minhas anotações sobre algumas de suas idéias.
Penso ser interessante compartilhá-lo para nossa reflexão.
Medo de falhar e uma certa dose de inadequação são reações legítimas para quem está no
ministério pastoral. Não obstante, por vezes, estamos desanimados, e experimentando uma
sensação de constante fracasso diante dos desafios e responsabilidades que o ministério exige.
Segundo Stowell, há três fatores sempre presentes em nossa caminhada pastoral, que são
fontes debilitantes e aumentam nosso senso de inadequação: críticas, comparação e
carnalidade.
1º) Críticas: Se não tomarmos cuidado, a crítica interferirá negativamente em nossa
capacidade de pastorear. Por que, mesmo contando com o respeito, a honra e o estímulo da
vasta maioria da igreja, se houver apenas um pequeno número de críticos, nosso coração fica
escravizado às opiniões e atitudes deles? Por que os mantemos sempre em mente quando
preparamos sermões? Por que sentimos que nosso coração de pastor não tem
responsabilidade sobre eles e está incapacitado para ministrar-lhes por causa da atitude deles
em relação a nós?
Precisamos aprender a valorizar certos aspectos da crítica e a crer em algumas verdades sobre
ela que vão nos ajudar a nos libertar dos seus efeitos destruidores. Temos que ter duas
verdades em mente:
1º) Primeiro, não raro há uma parcela de verdade naquilo que é dito. Se estou decidido a ser
um servo, preciso aprender a avaliar com cuidado o que é verdadeiro nas críticas e saber como
usá-las como degraus que me levarão a um pastorado melhor.
2º) Em segundo lugar, a crítica me ensina a não ser auto-suficiente. A crítica deve me fazer
depender mais de Deus, e gastar mais tempo em oração. Há uma benção na crítica. Quando a
insegurança soprada pela crítica está presente, torno-me mais propenso a buscar a Deus.
2º) Comparação: Quem sabe por que estamos sempre descontentes com quem somos e onde
estamos, desejando ser como alguém ou estar onde ele está? Não importa quem somos ou
quão alto subamos, haverá sempre alguém maior, melhor, mais famoso, melhor pregador,
mais capaz. Haverá sempre alguém que tenha oportunidades e pareça sofrer menos. Que
pareça ter menos problemas e mais facilidades.
O pastor que se compara com outros, logo se torna descontente com o lugar em que está e
com quem ele mesmo é. Pastores assim, tornam-se amargurados e carentes de afirmação. O
problema com nossa tendência à comparação é que no fundo de tudo isso estamos
descontentes com a missão de Deus para nós em sua vinha, descontentes com os dons que ele
nos deu e com o papel que ele quer que desempenhemos no corpo de Cristo. Isso deixa bem
claro que nossas perspectivas são realmente ligadas à terra. Avaliamos a vida por fama e
fortuna, posição e poder, aplauso e aprovação, conforto e conveniência.
Precisamos abandonar esta postura que sabota o nosso pastorado e adotar uma visão
diferente. Devemos ter em mente, que nosso ministério pode ser pequeno e passar
despercebido, mas quem pode dizer que no contexto de um ministério como esse não haja um
jovem ou uma jovem
que crescerá observando nosso exemplo, honrando nosso ministério, e acabará sendo o
próximo Billy Graham, ou o próximo João Calvino? Tudo porque um pastor fiel não se
preocupava com comparações, mas antes, com a consagração de sua vida e seu ministério
exatamente onde Deus o colocou.
3º) Carnalidade: Esta é uma terceira fonte debilitadora do ministério pastoral. Quando nós
pastores vivemos situações não resolvidas de pecado, geramos uma insegurança que nos
assola e incapacita. Essa insegurança se concentra em O que acontecerá se eu for pego? E no
senso de inadequação resultante quando consideramos: Deus continuará à abençoar-me? E
talvez eu esteja fazendo isso tudo na carne. A carnalidade cria um ambiente de medo em
nosso coração, coloca-nos em atitudes defensivas e faz do nosso ministério uma função
forçada do nosso chamado, em vez de uma expressão espontânea de amor desimpedido e
mais intimamente com Cristo.
Não é necessário dizer que essa pode ser a fonte de inadequação mais fácil de ser resolvida,
com arrependimento, responsabilidade e crescimento.
Notas
STOWELL, Joseph M. Pastoreando a Igreja – Liderança espiritual eficaz numa cultura em
transformação. São Paulo, SP: Editora Vida. 1997 pp. 73-79

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