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Como citar:
REGO, Noelia R. P. A juventude como um caleidoscópio e a política nacional de juventude: um constante
desafio. Revista Juventude e Políticas Públicas, Brasília, v. 1, n. 2, p. 150-156, jul./dez. 2017.
DOI: 10.22477/rjpp.v1i2.71
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Resumo: Um grande leque se abre quando tomamos para nós o desafio de ter com as juventudes. Isso porque
além de ser uma categoria de certa maneira nova, em plena “desmistificação”, é uma categoria que aqui
denominamos e a entendemos por caleidoscópica: carregada de significados e pertencimentos e, para tanto,
difícil de ser apreendida. Por outro lado, constatar um Estado desigual é entender que não basta “acreditar para
vencer”, mas é ver cada vez mais a necessidade da promoção de políticas públicas mais horizontais, que
priorizem a participação dos coletivos de juventude já no seu planejamento. Assim que, analisar com lucidez os
dez anos de políticas públicas de juventude, nos faz rever pontos e trabalhar em cima deles seja para ampliá-los,
seja para modificá-los, para que possamos de fato ir ao encontro dos quase 70 milhões de habitantes juvenis que
a nação abarca e fazer políticas públicas COM eles e elas e não PARA eles e elas. É o que veremos.
Palavras-chaves: Juventude. Sujeito de direitos. Políticas públicas. Educação.
Abstract: A wide range opens when we take to the challenge of having to youths. That's because in addition to
being a category in a new way, in full "demystification" is a category that we call here and we understand by
kaleidoscopic: full of meanings and belongings and, therefore, difficult to be understood. On the other hand,
finds an uneven state is to understand that not just "believe to win," but is increasingly see the need to promote
more horizontal public policies that prioritize the participation of youth collectives already in its planning. So,
analyze lucidly the ten years of youth policies, makes us review points and work on them is to enlarge them,
either to modify them so that we can actually meet the almost 70 million inhabitants youth that includes the
nation and make public policies wITH them and they and not FOR them and them. We will see.
Keywords: Youth. Subject of rights. Public policy. Education.
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pessoas. A Lei 11.129, de 30-06-2005, trouxe consigo uma gama de elementos que propiciou
a criação de órgãos que pudessem dar conta desse contingente. São formadas, portanto, a
Secretaria Nacional de Juventude, o Conselho Nacional de Juventude e ainda o Projovem
(Programa Nacional para a Inclusão de Jovens) com o objetivo de tentarem responder às
crescentes demandas de juventude. Sem dúvida, um ponto importante se deu com a I
Conferência Nacional de Juventude, ocorrida no ano de 2008, que teve como mote a
aprovação de mais de 70 proposições, sendo 22 eleitas como prioritárias. Em dezembro de
2011, a II Conferência levou mais de 2500 jovens a Brasília para a discussão de novos
caminhos propositivos para a população juvenil, dentre elas uma maior participação nas
esferas públicas decisórias para as políticas de e para as juventudes, elementos da cidadania,
de que vamos tratar aqui.
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usufruir dessa juventude, para outros o viver é hoje, os papéis já estão dados e o que resta é
correr atrás de suas necessidades cotidianas e, sobretudo, de sobrevivência.
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fazer política, quando se estabelece marcos participativos (até então jamais vistos) e de
encorajamento dessas juventudes que se dão em quatro momentos: 1) a partir da verificação
de demandas, 2) entrando em seu planejamento, 3) partindo para a fase de execução, 4) para
fechar na avaliação de tais políticas.
Importante destacar ainda um marco mais recente e ainda mais importante que se deu
com a aprovação da PEC: 042/2008, em 2010. Assim, a juventude brasileira passa a ser um
segmento reconhecido pela Constituição, no capítulo dos direitos e garantias fundamentais,
sendo, para tanto, passível de direitos específicos para ela.
Contudo, apesar dos avanços, é historicamente e até de formação cultural, que o
Brasil, dentro do âmbito das políticas públicas, sempre agiu tal como A Escolha de Sofia em
que se se prioriza um setor, dois ou três serão preteridos. O recurso, que se diz escasso, muita
das vezes não cabe dentro daquilo que poderia ser um “coquetel de políticas”, que seria a
junção de vários setores visando atingir seu povo em sua plenitude, para dar conta da
totalidade, da integralidade de seus destinatários. E aí surgem as indagações: será que a
plenitude do sujeito jovem é considerada quando políticas para ele são criadas? Indo mais a
fundo: será que nossas políticas públicas para a juventude incorporam o jovem
cognitivamente, dando alternativas para seu empenho e escolha intelectual e profissional?
Fomentar políticas públicas que priorizem a juventude dentro do âmbito cultural, educacional
e econômico, numa só “conexão cidadã”, não seria uma saída para ações mais resultantes?
As diversas formas de juventude e coletivos juvenis (o caleidoscópio que acima
defendemos) nos apontam para um tempo em que se faz necessário pensar na necessidade de
aglutinação das ações políticas vigentes: cidadania, cultura, educação, trabalho, dentre outras,
para que de mãos dadas deem o suporte necessário e eficaz a essas diversas juventudes. Por
conseguinte, pensar nessa categoria é constatar todo o dinamismo que ela nos traz, que se
modifica histórica e culturalmente e que com seus diversos modus vivendi se define a partir
de sua posição geográfica, origem social, nível socioeconômico, bem como por suas
trajetórias individuais.
É a partir da conjugação desses fatores globais, locais e históricos que se constitui a
questão emergencial de continuarmos a ter um novo olhar em torno de intervenções políticas
que se dirigem às juventudes, uma vez que, desigualdades e inseguranças atingem
particularmente os jovens desta geração, sobretudo os de origem populares, gerando novas
configurações e demandas. Ler e interpretar esses dados e fatos para que não caiam em polos
opostos às suas necessidades, é o maior desafio que se coloca em torno das ações políticas
para as juventudes. É ainda trabalhar com elas tendo como foco principal a perspectiva dos
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direitos de cidadania, dialogando com esses sujeitos no espaço e no tempo, percebendo seus
múltiplos e coletivos pertencimentos e subjetividades.
Assim, “como “sujeito de direitos”, universais e específicos, a juventude não só
refletirá a sociedade, mas está desafiada a reinventá-la. Compreender estas especificidades é
essencial para a elaboração e implementação de políticas públicas de juventude”. (NOVAES,
2007, p. 09). Precisamos é de políticas públicas conectadas, entrelaçadas aos diversos direitos
e, antes de tudo, participativas, uma vez que as antagônicas realidades sociais se não
determinam, condicionam, sobremaneira, a trajetória do jovem, limitando assim suas escolhas
biográficas.
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REFERÊNCIAS
ABRAMO, Helena Wendel, et al. Juventude, política e cultura. In: Revista Teoria e debate.
Fundação Perseu Abramo. Nº 45, jul./ago./set, 2000.
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