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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Pitaia, da propagação à colheita: uma revisão


Germano Ehlert Pollnow¹

Resumo – Novas frutas vêm conquistando consumidores e despertando a atenção de agricultores e agricultoras como
alternativas de renda. É o caso da pitaia, fruta originária da América tropical com grande potencial de adaptação à diversas
condições edafoclimáticas e que oferece diversos benefícios à saúde de seus consumidores. O objetivo desta revisão
bibliográfica é apresentar resultados de teses de doutorado e de dissertações de mestrado sobre o cultivo de base ecológica de
pitaia, abordando aspectos sobre a propagação, instalação do pomar, até a colheita e pós-colheita. Além disso, considerações
são traçadas sobre as potencialidades do cultivo para a agricultura familiar, como alternativa de diversificação produtiva e
econômica das propriedades rurais.

Termos para indexação: fruticultura; fruta-do-dragão; cactaceae.

Pitaia, from propagation to harvest: a review

Abstract – New fruits have been gaining consumers and attracting the attention of farmers as income alternatives. This is
the case of the pitaya, fruit originating in tropical America with great potential for adaptation to diverse soil and climatic
conditions with several benefits to the health of his consumers. The objective of this bibliographical review is to present results
of doctoral theses and dissertations on pitaya’s ecological base crop, covering aspects of propagation, orchard installation, until
harvest and post-harvest. In addition, considerations were draw up about the potential of cultivation for family farming, as an
alternative of productive and economic diversification of rural properties.

Index terms: fruticulture; dragon fruit; cactaceae.

Introdução por meio de uma revisão bibliográfica, a autora, o primeiro registro escrito so-
principalmente de trabalhos publicados bre as pitaias data do ano 1494, em que
Atualmente, algumas frutas que no Brasil, as técnicas de manejo, desde Pedro Mártir de Anglería, estudioso e
eram desconhecidas dos consumido- a propagação das mudas até a colheita historiador do descobrimento das Amé-
res em geral vêm ganhando espaço nos dos frutos, além de explorarmos as pos- ricas pelos espanhóis, relatou: “Hay
mais diversos mercados, desde grandes sibilidades que a cultura apresenta, em otro árbol que nace en las hendeduras
redes varejistas e centrais de abasteci- especial, para a agricultura familiar. de las piedras, no en buen suelo; se lla-
mento até feiras livres de comerciali- ma pytahaya”.
zação direta por agricultores(as) fami- Origem No Brasil, há espécies nativas no
liares. Nesse contexto, podemos citar Cerrado e em matas de transição, prin-
exemplos como o mirtilo (Vaccinium Conforme Lima (2013), as plantas de cipalmente do gênero Selenicereus e
myrtillus), o fisales (Physalis sp.) e a pi- pitaia foram domesticadas recentemen- Hylocereus (JUNQUEIRA et al., 2002).
taia (Hilocereus sp. e Selenicereus sp.). te na América Central e as primeiras re-
Esses novos produtos vêm expressando ferências com práticas de cultivo foram Caracterização botânica
grande potencial como alternativa de publicadas há aproximadamente duas
renda para a agricultura familiar. décadas. O pouco conhecimento téc- Segundo Moritz (2012), a pitaia
Dessa forma, objetivamos com este nico existente até então foi adquirido pertence à família das cactáceas e é
trabalho realizar uma revisão biblio- a partir do cultivo na América tropical, conhecida mundialmente como “fruta-
gráfica sobre a cultura da pitaia, espe- centro de origem das pitaias. Os méto- do-dragão” ou dragon fruit, sendo mui-
cialmente em teses de doutorado e dos tradicionais de cultivo foram então to atraente por sua coloração intensa,
dissertações de mestrado publicadas alterados, adaptados e aperfeiçoados a qual varia desde o vermelho púrpura
no Brasil. Entretanto, durante nossa em novas áreas de produção (BECERRA, até o amarelo.
pesquisa sobre o assunto, observamos 1994). Na América Latina, existem dife-
poucas publicações que abordassem As palavras “pitaia” e “pitahaya” são rentes espécies nativas e cultivadas
o manejo técnico da cultura, desde a originárias do idioma taíno, pertencente conhecidas como pitaia, dificultando
instalação do pomar até a colheita dos à família linguística arahuaca, e significa sua classificação botânica. Entretanto,
frutos. Assim, nos desafiamos a relatar fruta escamosa (SILVA, 2014). Segundo alguns autores (BRITTON & ROSE, 1963

Recebido em 13/06/2017. Aceito para publicação em 05/04/2018. http://dx.doi.org/10.22491/RAC.2018.v31n3.10


¹ Engenheiro-agrônomo, Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar (PPG/SPAF), Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). Caixa Postal 354, 96.010-900, Pelotas, RS, e-mail: germano.ep@outlook.com

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apud LIMA, 2013; MIZRAHI et al., 1997
apud LIMA, 2013) sugerem o agrupa-
mento de todas as espécies em quatro
gêneros: Stenocereus (Britton & Rose),
Cereus (Mill), Selenicereus (Riccob) e
Hylocereus (Britton & Rose).
Lima (2013, p.5) caracterizou a pitaia
como

uma planta perene, crescendo comu-


mente sobre árvores, muros ou pedras.
As plantas desenvolvem numerosas
raízes adventícias que ajudam na fixa-
ção da planta ao solo e na obtenção de
nutrientes. Os cladódios (segmentos de
caules) são triangulares, suculentos e
apresentam espinhos com 2 a 4 mm de
comprimento. Os frutos são globosos
ou subglobosos, com diâmetro variável,
podendo ser de coloração amarela ou
vermelha, coberto com brácteas ou es-
pinhos. Sua polpa é rica em fibras com
Figura 1. Aspecto das flores de pitaia vermelha (Hylocereus undatus): A) flor fechada, com
excelentes qualidades digestivas e de
cerca de 30 cm de comprimento; B) vista interna da flor; C) ovário ínfero; D) flor na manhã
baixo teor calórico […]. As flores2 nas-
seguinte à antese.
cem nas axilas dos espinhos, são herma-
Fonte: Silva (2011).
froditas, vistosas, medem 15 a 30 cm de
comprimento, com antese de período
noturno.

As espécies mais conhecidas são a


pitaia “amarela” (Hylocereus megalan-
thus [K. Schum. Ex Vaupel] Moran), que
possui casca amarela, com espinhos
e polpa branca; e a pitaia “vermelha”,
cujos frutos possuem casca vermelha Figura 2. Vista externa e interna de frutos de (A) H. undatus, (B) S. megalanthus, (C) H.
e polpa branca (H. undatus [Haworth] polyrhizus.
Britton & Rose ex Britton) ou casca e Fonte: Elaboração do autor, adaptado de Grupo Pitayasul (2017).
polpa vermelhas (H. polyrhizus [F.A.C.
Weber ex. K. Schumann] Britton & Rose)
(SILVA, 2014). Ainda segundo a autora, ZRAHI et al., 1997 apud LIMA, 2013). tos bioativos e propriedades medicinais.
a cultura é baseada nessas três espécies Conforme Canto (1993), essa espécie Porém, a autora concorda que os frutos,
e na pitaia “baby” ou “saborosa” (H. se- se encontra distribuída no continente de modo geral, são as partes que apre-
taceus [Salm-Dyck ex DC] Ralf Bauer), americano por países como Costa Rica, sentam maior importância econômica,
as quais diferem basicamente quanto Venezuela, Panamá, Uruguai, Brasil, Co- as quais, segundo Moritz (2012), podem
ao fruto produzido (Figura 2), sendo a lômbia e México, sendo os dois últimos ser consumidas in natura e utilizadas
espécie H. undatus a mais cultivada no os maiores produtores mundiais. em diversos produtos, como sorvetes,
Brasil e no mundo. Durante muito tempo, o consumo bebidas, cosméticos, entre outros.
dos frutos de pitaia foi restrito às re- As características da fruta, como sa-
giões europeias, australianas e norte- bor suave e doce, polpa firme e repleta
Potencial da cultura americanas, chegando ao Brasil mais re- de sementes, têm despertado interes-
centemente – na década de 1990 – por se nos produtores, tendo em vista sua
Os frutos da espécie H. undatus importações da Colômbia, chamando a grande aceitação pelos consumidores
possuem alto potencial agroeconômi- atenção fruticultores brasileiros (LIMA, (MARQUES, 2008). Além disso, o fruto
co, são muito atraentes por seu sabor 2013). também possui outras propriedades
agradável e levemente adocicado, ten- Segundo Silva (2014), todas as par- bioativas: as variedades de polpa ver-
do como origem as regiões de florestas tes da planta podem ser consumidas, in- melha são ricas em antioxidantes, em-
tropicais da América Latina (ORTIZ & cluindo os cladódios e flores, que apre- bora as de polpa branca também sejam
OLIVEIRA, 1995 apud LIMA, 2013; MI- sentam grande quantidade de compos- reconhecidas como preventivas de cân-

² As flores de pitaia (Hylocereus undatus) em diferentes estágios de desenvolvimento estão ilustradas na Figura 1.

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cer e diabetes por neutralizarem subs- vimento posterior, além da produção da matéria orgânica no sistema, melhoran-
tâncias tóxicas, reduzirem o colesterol planta propagada por este método. Para do as qualidades químicas, físicas e bio-
e a pressão sanguínea, além de serem tanto, a realização de manejos técnicos lógicas, evitando também a lixiviação de
ricas em fósforo e cálcio (GUNASENA et abordados na sequência, como aduba- nutrientes e a salinização do solo. Além
al., 2007 apud MORITZ, 2012). ção, condução e polinização, são condi- disso, a utilização de fontes alternativas
Os volumes comercializados de pi- ções preponderantes para o sucesso da de nutrientes pode minimizar os custos
taia ainda não são grandes, apesar de produção de pitaia. com boas perspectivas de produtivida-
o comércio estar crescendo. Conforme Segundo Lima (2013), os princi- de para a pitaia (MARQUES et al., 2012).
Silva (2014), em 2013 foram comer- pais cuidados necessários no plantio Em um estudo conduzido por Ca-
cializadas mais de 300 toneladas nas das estacas se relacionam ao teor de valcante (2008), concluiu-se que o for-
Centrais de Abastecimento (Ceasas) do umidade do solo e à profundidade de necimento de 20L cova-1 de esterco
Brasil, com destaque para São Paulo, plantio, pois estes são os fatores que bovino promove um crescimento da
responsável por mais de 92% da quanti- influenciam diretamente no processo parte aérea em função do melhor de-
dade comercializada naquele ano. de enraizamento. O excesso de umida- senvolvimento do sistema radicular.
Apesar do cultivo ainda ser pouco de causa o apodrecimento da base das Após o plantio, pode-se utilizar essa
difundido no Brasil, há oportunidade estacas, enquanto a profundidade de quantidade de esterco nas fases de de-
para ampliação. A distribuição geográ- plantio influencia no desenvolvimento senvolvimento e frutificação da cultura.
fica apresentada pelas espécies em di- do sistema radicular, sendo recomenda- Essa prática de adubação orgânica pelo
versos países mostra sua capacidade do que os cladódios sejam plantados a uso de esterco contribui para a incorpo-
de adaptação a condições ambientais 1 cm de profundidade para um melhor ração de matéria orgânica no solo em
distintas, podendo ser encontrada des- desenvolvimento da muda (ARAÚJO et diferentes momentos, favorecendo as
de em regiões quentes e úmidas, prati- al., 2008). condições biológicas do solo e a absor-
camente ao nível do mar até em zonas As plantas originadas por propaga- ção de nutrientes pelas raízes da planta,
altas e mais frias (SILVA, 2014). De modo ção sexuada apresentam variabilidade especialmente por estas terem caracte-
geral, a pitaia prospera de 0 a 1850  m genotípica e fenotípica, possibilitando a rística fasciculada e de desenvolvimento
acima do nível do mar, em temperaturas seleção de materiais com determinadas em pequenas profundidades.
médias entre 18 e 27°C, e precipitações características desejáveis (ANDRADE et Por ser uma planta que apresenta
pluviométricas de 650 a 1500 mm anu- al., 2008), principalmente para progra- hábito escandente, a pitaia necessita de
ais (SILVA, 2014). mas de melhoramento genético. tutoramento (SILVA, 2014), o que pode
Entretanto, apesar das diversas van- Em relação aos tamanhos de esta- ser feito de diversas formas. Conforme
tagens apresentadas, é fundamental ca, Silva (2014) concluiu que é possível Lima (2013), podem ser usados mou-
levar em conta todos os aspectos de or- utilizar diferentes tamanhos para as rões de madeira, postes de concreto e
dem técnica e financeira para que o pro- espécies H. undatus, H. megalanthus até caules de outras plantas (Figura 3),
dutor tenha sucesso e melhorias em sua e H. setaceus, sendo viáveis estacas de que podem ser usados depois de po-
condição socioeconômica (FACHINELLO 10  cm para enraizamento, enquanto dados. No Brasil, os usos mais comuns
et al., 1996) a partir da fruticultura. estacas de 20 cm conferiram um desen- são de mourões de madeira (Figura 4)
volvimento mais rápido das mudas. É ou concreto.
A pitaia é encontrada em florestas
Propagação e instalação do interessante salientar que, em casos de
tropicais da América Latina em con-
escassez do material a ser multiplicado,
pomar apesar de estacas maiores apresenta- dições de “meia sombra”, ou seja, em
rem melhor desenvolvimento, é possí- condições de sub-bosque. Alguns auto-
O uso de mudas de pitaia com boa vel a utilização de estacas menores para res (CAVALCANTE, 2008; MORITZ, 2012;
qualidade genética, fisiológica e sani- otimização da quantidade de material SILVA, 2014) apontam que o sombre-
tária é fundamental para o sucesso de disponível. amento é necessário para evitar que
uma boa produção, pela propagação os ramos sofram danos causados pela
através de sementes ou de forma ve- insolação direta e para proporcionar
getativa, por meio dos cladódios (LIMA, Adubação e condução das uma maior taxa de frutificação. Essa re-
2013). A propagação da pitaia é mais plantas comendação para a região Sul do Brasil
comumente realizada por meio da esta- é bastante incipiente e deve ser melhor
quia, por ser uma forma rápida e bara- Os solos que oferecem melhores estudada, especialmente por estar loca-
ta de propagação, utilizando-se, muitas condições para o desenvolvimento das lizada distante da Linha do Equador.
vezes, materiais residuais de podas (SIL- plantas possuem pH entre 5,5 e 6,5, são Apesar disso, a necessidade de
VA, 2014). não compactados, ricos em matéria or- tutoramento, aliada ao possível som-
Conforme Fachinello et al. (1994), a gânica, bem drenados e de textura bem breamento parcial, apresenta poten-
viabilidade de mudas propagadas por solta (LIMA, 2013). A adubação orgâni- cialidades no cultivo da pitaia, como
cladódio depende da capacidade de for- ca confere boas respostas ao solo e às em sistemas agroflorestais (SAFs) com
mação de raízes, da qualidade do siste- plantas, especialmente pela liberação tutores vivos. O manejo da copa das
ma radicular formado, de seu desenvol- lenta de nutrientes e incorporação de plantas que podem servir de tutora-
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mento propicia a abertura dos galhos e
uma maior incidência de radiação solar,
sendo possível utilizar os resíduos das
podas como adubação ao redor das
plantas de pitaia. Isso garante uma boa
cobertura do solo, a decomposição e a
incorporação de matéria orgânica e um
favorecimento aos microrganismos edá-
ficos, promovendo assim uma ciclagem
de nutrientes em um sistema que pode
ser considerado sustentável.
É recomendada a condução das mu-
das de pitaia em haste única, o que con-
tribui para o seu rápido desenvolvimen-
to (MARQUES, 2008). Essa forma de
condução pode ser feita eliminando-se
as brotações laterais por meio de podas,
deixando-se apenas as brotações mais
bem localizadas no sentido vertical. Es-
ses ramos podados podem ser utiliza-
dos para propagação de novas mudas.
Figura 3. Cultivo da pitaia em tutores vivos, Yucatán, México, 2014.
Após atingirem a altura para abertura Fonte: Silva (2014).
da copa, previamente definido de acor-
do com o tutoramento e a condução
(Figura 4), deve-se favorecer o surgi-
mento das brotações laterais, as quais
originarão os frutos, pelo arqueamento
dos ramos.

Florescimento e polinização
Segundo Moritz (2012), as flores
iniciam sua abertura no início da noite,
completando-a antes da meia-noite. No
dia seguinte ocorre seu fechamento,
durante as primeiras horas da manhã.
No hemisfério sul, a floração ocorre ba-
sicamente entre os meses de novembro
e março, com o pico de florescimento
entre a segunda quinzena de dezembro
e meados de fevereiro. Em uma única
planta pode-se encontrar botões florais
emergindo e em desenvolvimento, fru-
tos em desenvolvimento e frutos já ma-
duros (FERNANDES et al., 2010).
A polinização e fecundação são es-
senciais para a frutificação da pitaia,
pela atração de agentes polinizadores Figura 4. Tutoramento de pitaia com mourões de madeira.
como abelhas, pássaros, mamangavas Fonte: Acervo do autor (2017).
e morcegos, por meio do perfume do
néctar da flor (DONADIO & SADER, 2010
alternativa em regiões onde polinizado- do Sul relatam que meliponídeos con-
apud LIMA, 2013). Por conta disso, um
res naturais são escassos, principalmen- seguem polinizar as flores pela manhã,
dos principais problemas no crescimen-
to de novas regiões de cultivo de pitaia te pela antese das flores ocorrer duran- mesmo após estarem fechadas. Porém,
é a ausência de polinizadores (MERTEN, te a noite, período no qual é mais difícil ainda são necessários estudos aprofun-
2003 apud MENEZES, 2013). A autora de serem encontrados polinizadores em dados sobre esse assunto.
aponta que a polinização artificial é uma atividade. Agricultores do Rio Grande Para se evitar a baixa frutificação

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e a ocorrência de frutos pequenos, é ta boas perspectivas para a agricultura tio e dominância apical. In: CONGRESSO
possível o plantio de diversos genóti- familiar, especialmente pela diversifica- BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 54., 2008,
pos e a realização da polinização cruza- ção das matrizes produtivas e econômi- Vitória. Anais… Vitória: Incaper; SBF, 2008.
da manualmente (SILVA, 2014), que é cas das propriedades. Paralelamente, se
BECERRA, O.L.A. El cultivo de la pitahaya (Se-
realizada removendo-se as anteras de o cultivo ocorrer em sistemas agroflo-
lenicereus megalanthus). In: VILLEGAS, M.A.
uma flor e tocando com elas o estigma restais, a diversidade de plantas amplia
(Ed.). Memorias de la Primera Reunión In-
de outra flor, ou então coletando-se o as possibilidades de técnicas agroecoló-
ternacional y Segunda Nacional sobre Fru-
pólen e utilizando um pincel para poli- gicas e de diferentes produções em fun-
tales Nativos e Introducidos con Demanda
nizar múltiplas flores (SILVA, 2011). Pre- ção da área utilizada no sistema, além
Nacional e Internacional. Montecilloco:
ferencialmente, o momento ideal para de uma ampliação das zonas produtoras
Federacion Nacional de Cafeteros de Colom-
a polinização é quando as flores estão de pitaia, pois cria-se um microclima fa-
bia, 1994. p.123-142.
totalmente abertas, ou seja, no período vorável para uma diversidade de plantas
noturno. Para facilitar o trabalho, esse nativas e exóticas, promovendo assim BRUNINI, M.A.; CARDOSO, S.S. Qualidade
procedimento pode ser realizado ao fi- um maior equilíbrio destes subsistemas. de pitaias de polpa branca armazenadas em
nal da tarde, quando no início da aber- Esta possibilidade pode representar diferentes temperaturas. Caatinga, Mosso-
tura das flores, e no começo da manhã, um incremento de zonas de cultivo nos ró, v.24, n.3, p.78-84, 2011.
quando os primeiros raios solares fazem estados do Sul do Brasil, pois as tempe-
com que as flores se fechem. Em lavou- raturas baixas dificultam a implantação CANTO, A.R. El cultivo de pitahaya en Yuca-
ras comerciais, recomenda-se o uso de de novos pomares, apesar de já existi- tan. Yucatán: Universidad Autónoma Chap-
30% das plantas da espécie H. polyrhi- rem algumas experiências de cultivo. ingo, 1993.
zus e 70% da espécie H. undatus. As plantas de maior altura de dossel
CAVALCANTE, I.H.L. Pitaia: propagação e
podem proteger os ramos da pitaia de
crescimento de plantas. 2008. 94f. Tese
Colheita e pós-colheita possíveis danos causados por geadas
(Doutorado em Produção Vegetal) – Facul-
durante o período do inverno. Ainda, o
dade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
O desenvolvimento dos frutos de manejo de remover partes aéreas das
Universidade Estadual Paulista Paulista
pitaia é relativamente curto, de 34 a 43 plantas e usá-las como cobertura do
“Júlio de Mesquita Filho, Jaboticabal, 2008.
dias após a antese; temperaturas ele- solo garante a ciclagem de nutrientes e
vadas antecipam a maturação (SILVA, a sustentabilidade do sistema. FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTI-
2011). Os frutos são colhidos em sua GAL, J.C.; KERSTEN, E.; FORTES, G.R.L. Propa-
maturidade fisiológica, quando adqui- Agradecimentos gação de plantas frutíferas de clima tem-
rem uma coloração rosada, no caso da perado. Pelotas: Editora da UFPel, 1994.
pitaia vermelha (MERÁZ ALVARADO et Este trabalho foi elaborado durante
al., 2003). O ideal é que uma porção do FACHINELLO, J.C.; NACHTIGAL, J.C.; KER-
o segundo semestre de 2016 na disci-
cladódio acompanhe o fruto colhido, a STEN, E. Fruticultura: fundamentos e práti-
plina de Temas Especiais em Olericultu-
fim de se aumentar a vida pós-colheita cas. Pelotas: Editora da UFPel, 1996.
ra do Programa de Pós-Graduação em
(SILVA, 2014). Sistemas de Produção Agrícola Familiar FERNANDES, L.M.S.; VIEITES, R.L.; CERQUEI-
Segundo Rodrigues (2010), a espécie (PPG/SPAF) da Universidade Federal de RA, R.C.; BRAGA, C.L.; SIRTOLI, L.F.; AMARAL,
H. undatus pode ser classificada como Pelotas (UFPel). Agradeço aos profes- J.L. Características pós-colheita em frutos de
um fruto não climatérico. Sendo assim, sores e colegas pelas contribuições ao pitaia orgânica submetida a diferentes doses
é necessário colher os frutos apenas longo do semestre. Agradeço ainda ao de irradiação. Biodiversidade, Rondonópo-
após sua completa maturação. É impor- Conselho Nacional de Pesquisa e De- lis, v.9, n.1, p.15-22, 2010.
tante apontar que pouco se sabe sobre senvolvimento Tecnológico (CNPq) pela
essa caraterística em relação a outras concessão da bolsa de mestrado, sem GRUPO PITAIASUL. Grupo Pitaiasul, [S.l.],
espécies. Apesar disso, para aumentar a qual a realização deste trabalho não [2017]. Disponível em: <http://pitaya-
a vida pós-colheita dos frutos, pode-se seria possível. sul.com.br/index.php>. Acesso em: 15 jun.
usar ambientes refrigerados para seu 2017.
armazenamento. Segundo Brunini &
Cardoso (2011), o armazenamento em Referências JUNQUEIRA, K.P.; JUNQUEIRA, N.T.P.; RA-
ambientes com temperaturas de 8°C MOS, J.D; PEREIRA, A.V. Informações pre-
ANDRADE, R.A.; OLIVEIRA, I.V.M.; SILVA, liminares sobre uma espécie de pitaia do
promove o aumento da vida útil das fru-
M.T.H.; MARTINS, A.B.G. Germinação de Cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados,
tas por até 25 dias, cinco vezes superior
pitaia em diferentes substratos. Caatinga, 2002.
ao armazenamento em temperatura
Mossoró, v.21, n.1, p.71-75, 2008.
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Por si só, o cultivo de pitaia apresen- ha em resposta a profundidade de plan- nomia e Medicina Veterinária, Universidade

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cias Agrárias e Veterinárias, Universidade
89803-904 Chapecó, SC
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
(49) 2049 7575 – cepaf@epagri.sc.gov.br
Jaboticabal, 2014.

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