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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Relatório:
Volumes pulmonares e aptidão
cardiorrespiratória

Profa. Dra. Miriam Andrade

ASSIS – 2015
1. Introdução – Resumo da teoria

A) ESTRUTURA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO HUMANO

O sistema respiratório apresenta como função a troca de gases do organismo


com o ar atmosférico. Nesta troca, oxigênio entra para a produção de energia no corpo
com o movimento de inspiração, e gás carbônico sai para retirar gases residuais do
sangue com o movimento de expiração. Os órgãos constituintes do sistema respiratório
são o nariz, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões.

No nariz existem duas aberturas para a entrada de ar, denominadas fossas


nasais. O ar pode também adentrar pela boca, porém, quando este entra através das
cavidades nasais, é filtrado por pelos e muco presente no interior das narinas, sendo
umedecido e aquecido.
A faringe apresenta comunicação com a boca e fossas nasais, sendo caminho
dos alimentos e ar. É revestida por mucosa como tecido epitelial.
A laringe apresenta constituição cartilaginosa e muscular. Seu epitélio possui
pregas chamadas cordas vocais, que dão origem ao som. Também faz parte da laringe a
epiglote, que trabalha como uma válvula para alimentos não entrarem nas vias
respiratórias.
A traqueia possui aproximadamente 20 anéis de cartilagem e em seu interior
encontra-se mucosa. Em forma de tubo, se bifurca e dá origem aos brônquios principais.
Os brônquios são anéis de cartilagem, onde se encontra fibra muscular,
glândulas e mucosa. Penetram os pulmões e lá se ramificam.
Os pulmões são órgãos esponjosos de aparência piramidal com ápice e base,
envolvidos por uma membrana serosa denominada pleura. Os dois apresentam
morfologia diferente, o esquerdo possui uma concavidade onde fica localizado o
coração e também a presença de três lobos com duas fissuras, enquanto o direito apenas
uma fissura e dois lobos.

B) PROPRIEDADES FÍSICAS DOS PULMÕES (COMPLACÊNCIA,


ELASTICIDADE, TENSÃO SUPERFICIAL)

A complacência pulmonar é a amplitude da alteração do volume dos pulmões


devido à alteração da pressão. É considerado mais complacente o pulmão que se
distende mais em função da pressão, logo o gasto energético para a inspiração é menor.
Doenças como fibrose pulmonar podem diminuir a complacência, assim para
satisfatória quantidade de oxigênio é preciso uma respiração acelerada.
A elasticidade é o retorno do órgão ao formato original depois de expandido.
Se a elastância baixa, os pulmões demoram a voltar. Pessoas com enfisema pulmonar
apresentam dificuldade na expiração e exibem gasto de energia maior até em situação
de repouso. A figura apresenta a alteração de pressão no pulmão de um mamífero na
respiração normal em repouso.

O líquido surfactante é importante para diminuir a tensão superficial alveolar,


fazendo com que na expiração os alvéolos não colapsem.

C) VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES

O espirômetro é o equipamento utilizado para medir o volume de ar na


inspiração e expiração em várias condições. No repouso, a maior parte dos animais não
utiliza totalmente o espaço de seus pulmões. A espirometria em um humano adulto
macho, informa que seu volume de corrente no repouso é em torno de 500 mL, já a
competência máxima atinge aproximadamente 5.800 mL. Fêmeas apresentam
normalmente 20% a menos do volume. Estudos também mostram que mamíferos na
expiração máxima não expulsam todo o ar dos pulmões, devido ao fato de que os
pulmões se mantêm estendidos e atrelados com as paredes torácicas. A imagem ilustra o
exame de espirometria.

D) CONDICIONAMENTO FÍSICO E CAPACIDADE PULMONAR

Sabemos que em um homem adulto a capacidade pulmonar é de


aproximadamente 5800 mL, já as mulheres atingem em torno de 20% a menos deste
volume. O auge é atingido na idade adulta, reduzindo ao longo dos anos. Outros fatores
além de sexo e idade alteram esses valores, sendo um deles o condicionamento físico.
Pessoas com bom condicionamento físico podem ter um aumento de até 40% da sua
capacidade pulmonar.

E) FREQUÊNCIA CARDÍACA, VOLUME SISTÓLICO E DÉBITO CARDÍACO

Frequência cardíaca é o número de batimentos cardíacos que ocorrem por


minuto (bpm). É comandada pela regulação intrínseca do coração, além dos sistemas
simpático e parassimpático. A frequência cardíaca varia de indivíduo para indivíduo
conforme idade, peso, sexo, prática de exercícios físicos regulares, etc. Podemos medir
nossa frequência cardíaca sentindo a pulsação arterial ou usando aparelhos específicos
para este fim.
Volume sistólico é a quantidade de sangue que é bombeado pelo coração a cada
batimento. O volume sistólico é resultado da contratilidade cardíaca, pré carga e pós
carga. Ou seja, resulta da força de contração da fibra cardíaca, quantidade de sangue
presente antes da contração e resistência apresentada pelo sistema circulatório ao sangue
que sai do coração.

Débito cardíaco é a quantidade de sangue que é bombeado pelo coração em um


minuto. É resultado da multiplicação do volume sistólico pela frequência cardíaca.
Comandado pela regulação intrínseca do coração e mecanismos extrínsecos (como o
sistema nervoso).

E) RESPOSTAS AGUDAS DO CORAÇÃO AO EXERCÍCIO FÍSICO

Quando praticamos alguma atividade física, sofremos alterações


cardiovasculares chamadas de respostas. Há dois tipos: resposta aguda e resposta
crônica. A resposta aguda ocorre tanto em indivíduos sedentários quanto em atletas; já
a crônica apresenta-se nas pessoas que fazem atividade continuamente e é caracterizada
pelas modificações causadas pelo treinamento (tanto em estrutura quanto em função).

A resposta aguda ocorre para que seja reestabelecida a homeostase do


organismo, que é alterada pelo exercício físico. As modificações ocorridas durante a
resposta aguda servem para que o corpo possa atender às exigências metabólicas,
principalmente a grande necessidade de oxigênio nos tecidos.

O tipo de exercício vai determinar quais adaptações serão necessárias, mas de


forma geral podemos observar as seguintes mudanças: em exercícios dinâmicos, há
aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Já em
exercícios estáticos, há aumento da frequência cardíaca e do débito cardíaco, porém
manutenção do volume sistólico.

2. Resultados

2.1 Quadro 1: Capacidade Pulmonar (em mL)

Capacidade Pulmonar 1 2 3 4 5
Após insp. repouso 1500 1600 1000 2200 1300
Após insp. forçada 3600 3600 2700 4800 2300
Sexo F F F M F
Atividade física regular N N N N N
Fumante N N N S S

2.2 Quadro 2: Protocolo de Banco de Astrand

Voluntários 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sexo F F F M F F F F M F
Peso (kg) 72,0 62,0 61,0 98,0 85,0 56,3 56,1 65,1 65,3 41,5
Atividade física regular N N N N N N S S N N
Fumante N N N S S N N N N N
Repouso – FC (bat/min) 80 88 68 80 80 104 108 76 100 100
Repouso – FR (insp/min) 16 20 12 12 20 16 16 16 16 16
Após exercício – FC
152 184 168 116 180 136 160 120 168 164
(bat/min)
Após exercício – FR
32 28 20 28 32 40 20 44 36 32
(insp/min)
2 min de recuperação – FC
108 156 108 112 132 136 132 108 120 112
(bat/min)
2 min de recuperação – FR
24 28 16 20 20 24 44 24 28 24
(insp/min)
3 min – FC (bat/min) 96 128 92 104 128 148 112 100 108 104
3 min – FR (insp/min) 20 20 16 16 20 24 16 20 20 24
Volume de O2max 35,4 30,5 46,3 32,1
40,3 41 61,22 63,94 86,02 43,37
(ml/kg/min) 8 9 5 6
Idade 24 20 21 22 27 20 20 20 24 21
189, 191,
FC max (bat/min) 191,2 194 193,3 192,6 194 194 194 193,3
1 2

Voluntários 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Sexo F M F F F M F F F F
Peso 49,5 69,0 80,0 51,0 61,9 72,3 46,5 60,0 76,3 54,8
Atividade física regular S S N N N N N N N N
Fumante N N N S S S N N N N
Repouso – FC 104 80 88 80 88 88 112 84 88 104
Repouso – FR 16 12 20 12 16 12 12 16 20 20
Após exercício – FC 180 128 172 120 160 128 164 104 172 176
Após exercício - FR 36 24 36 12 24 16 32 20 28 40
2 min de recuperação – FC 104 116 116 84 96 108 88 80 120 120
2 min de recuperação - FR 16 12 24 16 16 12 20 12 24 24
3 min – FC 104 112 116 84 96 108 88 80 104 124
3 min - FR 16 12 24 16 16 12 20 12 16 20
38,3 33,7 38,7 34,0 32,8
Volume de O2max 60,4 66,6 60,8 45,1 90
8 5 7 8 5
Idade 23 24 22 20 21 20 20 20 20 21
191, 191, 192, 193, 193,
FC max 194 194 194 194 194
9 2 6 3 3

Voluntários 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Sexo F F M F F F F F F M
Peso 58,0 69,5 65,3 41,5 49,5 63,2 61,6 51,0 79,0 83,0
Atividade física regular N N N N S S S S N N
Fumante N N N N N N N N N N
Repouso – FC 80 116 100 100 104 80 68 84 68 68
Repouso – FR 16 16 16 16 16 20 28 24 20 16
Após exercício – FC 168 160 168 164 180 108 152 92 144 168
Após exercício - FR 40 28 36 32 36 48 68 40 24 28
2 min de recuperação – FC 164 160 120 112 104 72 100 60 104 84
2 min de recuperação - FR 16 16 28 24 16 24 28 24 20 24
3 min – FC 156 112 108 104 104 68 76 60 88 120
3 min - FR 16 16 20 24 16 24 28 20 12 12
37,9 46,0 36,7 45,7 38,3 85,4 86,2 45,5 36,1
Volume de O2max 48,7
3 4 5 8 8 4 7 7 4
Idade 21 19 23 21 23 20 25 19 23 23
193, 194, 191, 193, 191, 190, 194, 191, 191,
FC max 194
3 7 9 3 9 5 7 9 9
Voluntários 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Sexo F M F F F F F F F F
Peso 54,0 69,0 70,5 55,7 51,3 54,1 66,1 61,8 55,0 64,0
Atividade física regular S N N S N N N S N N
Fumante S N N N N N N N N N
Repouso – FC 64 72 76 80 88 68 92 96 92 84
Repouso – FR 12 12 16 20 24 20 24 24 20 24
Após exercício – FC 120 120 136 136 160 148 180 156 164 148
Após exercício - FR 12 20 40 24 32 28 40 60 28 36
2 min de recuperação – FC 80 84 108 100 112 88 120 104 116 104
2 min de recuperação - FR 16 16 20 20 20 24 24 24 28 28
3 min – FC 88 92 88 88 100 60 108 100 112 88
3 min - FR 12 12 16 16 16 24 24 36 24 24
92,5 55,0 62,4 64,6 46,7 55,4 36,3 46,9 43,6 46,8
Volume de O2max
9 7 1 3 8 5 1 3 4 8
Idade 20 23 20 19 23 20 20 20 20 19
191, 194, 191, 194,
FC max 194 194 194 194 194 194
9 7 9 7

2.3 Gráfico 1

Alunos que completaram 6 minutos de atividade


200
180
160
140
Frequência Cardíaca

120
100
80
60
40
20
0
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Volume de O2 max

2.4 Gráfico 2
Gráfico 2: Frequência Respiratória ao longo dos momentos
35
30
Valores de FR por minuto
25
Aluno 1
20 Aluno 2
15 Aluno 3
Aluno 4
10 Aluno 5
5
0
Repouso Após exercício 2 min após 3 min após
Momentos de realização da medida

3. Discussão de resultados

3.1. Os valores dos volumes pulmonares observados no quadro 1 expressam a


capacidade pulmonar vital, ou seja, o volume total de ar - de uma expiração forçada
após uma inspiração máxima – que cabe no sistema respiratório, medido em mL. Trata-
se de um método importante para análise da função pulmonar.

Todos os valores encontram-se dentro do esperado para a faixa etária e sexo,


segundo as médias previstas na tabela afixada ao espirômetro.

3.2. A turma que participou da aula prática estava composta por 33 mulheres e 7
homens, com idades entre 19 e 27 anos. Fazendo a média dos valores da VO2
registrados, a média feminina foi de 51,4ml e, a masculina, 48,9ml.

De acordo com a classificação de aptidão cardiorrespiratória da American Heart


Association, obteve-se, para as mulheres e homens (considerando apenas a faixa etária
20-29 anos):

Mulheres: valores em ml. (kg.min)-1


Fraca (de 24 a 30) Regular (de 31 a 37) Boa (de 38 a 48) Excelente (a partir de 49)
3% 18,20% 48,50% 30,30%
Fraca (de 24 a 30)
Regular (de 31 a 37)
Boa (de 38 a 48)
Excelente (a partir de 49)

Homens - valores em ml. (kg.min)-1


Fraca (de 25 a 33) Regular (de 34 a 42) Boa (de 43 a 53) Excelente (a partir de 53)
14,30% 28,60% 0 57,10%

Fraca (de 25 a 33)


Regular (de 34 a 42)
Boa (de 43 a 53)
Excelente (a partir de 53)

De um modo geral as alunas obtiveram, em sua maioria, boa aptidão


cardiorrespiratória, enquanto os alunos, excelente aptidão cardiorrespiratória, embora
seja difícil tirar conclusões já que a parcela de homens na amostra está muito desigual.

3.3.

3.4.

3.5. Podemos observar que no grupo todos são sedentários e as atividades físicas
foram realizadas em um tempo curto, assim não sendo necessário usar a respiração
anaeróbica. Em atividades que atingem entre 90% e 100% da FCmáx é tão intensa que
só deve ser utilizada por pessoas que estão em ótima forma física e nessa zona o corpo
já está acostumado com exercícios físicos pesados onde à melhora do VO2Max
(máximo de oxigênio que nosso corpo consome durante o exercício) e uma maior
tolerância do organismo ao ácido lático.

4. Exercício complementares

4.1 O indivíduo A é sedentário, pois o volume de ejeção do sangue pelo coração é


menor, fazendo com que sua frequência cardíaca seja maior para ter o mesmo débito
cardíaco que o indivíduo treinado. Essa diferença é evidenciada quando em exercício
máximo, onde tanto a frequência cardíaca quanto o volume ejetado aumentam em
ambos indivíduos, porém o indivíduo B, treinado, consegue um débito cardíaco maior
com uma menor frequência cardíaca, sendo que o volume ejetado é mais elevado que do
indivíduo A.

Quadro de respostas:

5.2. E 5.3. A 5.4. B 5.5. B 5.6. C

5. Bibliografia consultada

MOYES, Christopher D.; SCHULTE, Patricia M.. Princípios de FISIOLOGIA


ANIMAL. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 792 p.

APPLEGATE, Edith. Anatomia e fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

COSTANZO, Linda. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

Infomédica Wiki. Disponível em: <http://pt-


br.infomedica.wikia.com/wiki/Fisiologia_Card%C3%ADaca> Acesso em 14 de
novembro de 2015.

Fisiologia do Exercício. Disponível em:


<http://fisioterapiafisioex.blogspot.com.br/2013/06/sistema-cardiovascular-
frequencia.html> Acesso em 14 de novembro de 2015.

ESEF – Fisiologia do Exercício. Disponível em:


<http://fisioexesef.blogspot.com.br/2013/06/frequencia-cardiaca-frequencia-
cardiaca.html> Acesso em 14 de novembro de 2015.
Universidade Federal Fluminense. Disponível em:
<http://www.uff.br/fisio6/aulas/aula_10/topico_05.htm> Acesso em 14 de novembro de
2015.

Ebah. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfkooAE/debito-


cardiaco> Acesso em 14 de novembro de 2015.

O que é fisioterapia – Adaptações cardiovasculares ao exercício físico. Disponível em:


<http://oqueefisioterapia.blogspot.com.br/2013/04/adaptacoes-cardiovasculares-
ao.html> Acesso em 14 de novembro de 2015.

Aula de anatomia, disponível em:


<http://www.auladeanatomia.com/respiratorio/sistemarespiratorio.htm> Acesso em:
14/11/2015.

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