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BELO HORIZONTE
2017
LAÍS NÉRIS SOUSA QUEIROZ PINTO
BELO HORIZONTE
2017
LAÍS NÉRIS SOUSA QUEIROZ PINTO
Área de concentração:
Data da apresentação:
Resultado:______________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, que me deu capacidade para chegar até aqui; aos meus pais,
por serem meus primeiros professores e maiores apoiadores; aos meus irmãos, parentes e
amigos, pela torcida, incentivo e afeto na busca da realização deste sonho.
Ao corpo docente do INBEC que me passou coragem e determinação na construção da
minha carreira.
A todos que, de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
“Se não conheces os teus contratos, não
conheces o teu negócio”.
(Autor desconhecido)
RESUMO
A má gestão de contratos tem se tornado um agravante cada vez maior no mundo dos
negócios, por isso, vê-se a importância de estudar as consequências da mesma, uma vez que
os contratos são considerados os alicerces das empresas, nos quais se baseiam a saúde
financeira dos empreendimentos. O mercado está em constante evolução, por isso, já existem
inúmeras ferramentas de gestão que o protegem de algumas armadilhas. Nesse sentido, é
importante e necessário analisar criteriosamente um contrato antes do mesmo ser fechado, ou
depois que firmado, possuir meios de acompanhamento para evitar consequências danosas,
não esperadas. Este estudo demonstra a importância das empresas possuírem Know-how sobre
este assunto e investir na expertise de seu corpo técnico, principalmente em fazer cumprir as
leis. Nessa direção, portanto, foram apresentadas ferramentas que podem ser adotadas a fim
de manterem o controle na gestão de contratos. Conclui-se, por fim, que as empresas mais
sólidas, diante das incertezas do mercado tão competitivo, são aquelas que avaliam e
acompanham melhor os seus contratos.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................9
1.1 Objetivos .........................................................................................................................................10
1.1.1 Objetivo geral................................................................................................................................10
1.1.2 Objetivos específicos .....................................................................................................................10
1.2 Justificativa .....................................................................................................................................10
1.3 Metodologia ....................................................................................................................................11
1.3.1 Estrutura do trabalho ...................................................................................................................11
2 CONTRATO ......................................................................................................................................13
2.1 A importância do contrato ............................................................................................................14
2.2 Estrutura do contrato ....................................................................................................................15
2.3 Assinatura do contrato...................................................................................................................16
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................38
6.1 Verificação dos objetivos ...............................................................................................................38
6.2 Conclusões e resultados .................................................................................................................38
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................40
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1 INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre a gestão de contratos é fundamental, uma vez que mal geridos,
acarretam consequências danosas à organização, trazendo grandes prejuízos diante do
mercado no qual está inserida. Sendo assim, não raro, após sua assinatura, os contratos são
lembrados apenas em casos de problemas, dificuldades quanto ao cumprimento de suas
cláusulas ou nos momentos das renovações.
De acordo com Freitas (2009), a gestão de contratos vem para auxiliar as empresas a
aumentar este nível de controle (apud CORDEIRO, 2013). Para Demétrius (2016), muitos são
os esforços despendidos nas negociações de contratos, mas poucos são direcionados ao seu
controle. Percebem-se a falta de atenção quanto aos prazos de renovação, a ausência de
segurança na autorização de pagamentos, a indisponibilidade de armazenagem e o
desconhecimento quanto aos aditivos.
O presente estudo vem trazer ao conhecimento do leitor a importância dessa gestão e
usar como exemplo um contrato já existente, no qual será apontada sua viabilidade, adotando
as ferramentas de análise. Esta análise permite a gestão do ciclo de vida dos contratos
presentes nas organizações, desde o momento de sua assinatura até o seu distrato ou
encerramento, além do acompanhamento e controle do fluxo entre departamentos e/ou
fornecedores ou clientes com mensuração dos tempos de retorno e execução de tarefas
associadas ou delegadas.
A princípio, o estudo foi organizado em 3 (três) seções. A primeira apresenta a
fundamentação teórica pesquisada em bibliografias e leis a respeito do tema. A seguir, foi
feito um estudo sobre as vantagens de implantação da gestão de contratos. A última seção fica
a cargo do estudo de caso, com a análise da metodologia aplicada na gestão do contrato da
obra em um conjunto habitacional na cidade de Governador Valadares-MG.
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1.1 Objetivos
1.2 Justificativa
questão. Por isso, é proposta a análise de uma determinada obra, a fim de exemplificar na
prática os inúmeros conceitos que serão mencionados.
O grande benefício do estudo proposto está pautado principalmente no baixo custo e
facilidade de implantação, além disso, demonstra que o segredo está no cuidado e cautela na
análise de contratos e verificação de sua viabilidade. Com isso, espera-se alcançar uma maior
parcela do mercado, com contratos mais bem sucedidos, com qualidade, segurança, eficiência
e claro, maior retorno financeiro.
1.3 Metodologia
2 CONTRATO
A palavra contrato vem do latim contractus, que significa tratar com. Nada mais é do
que a junção de interesses de pessoas sobre determinada coisa. Segundo Ferreira (2014, p.31)
contrato é um “Acordo entre duas ou mais que entre si transferem direito ou se sujeitam a uma
obrigação”. Para tornar válido um contrato, as partes devem ser capazes, o objeto não pode
ser ilícito e a sua forma deve ser prescrita em lei.
Ainda, de acordo com Setti (2015) o conceito de contrato envolve a idéia de vínculo
jurídico transitório através do qual as partes contratantes se atam de tal modo que a cada qual
incumbe ônus e bônus recíproco.
O objeto de um contrato pode ser qualquer coisa ou serviço que não esteja fora da lei,
não agrida a moral nem os costumes de um grupo social. A causa para a elaboração de um
contrato é o motivo que os contratantes apresentam. Perde a causa o contrato que não cumpra
com os requisitos sociais que deve cumprir, quando seja fingida ou simulada sua necessidade.
Tendo por base Lôbo (2014), existem alguns princípios fundamentais do direito contratual,
que podem ser citados, são eles:
- Princípio da autonomia da vontade: nele se fundamenta a liberdade contratual dos
contratantes, consistindo no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier,
mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela
ordem jurídica;
- Princípio do consensualismo: segundo o qual o simples acordo de duas ou mais
vontades basta para gerar o contrato válido;
- Princípio da obrigatoriedade da convenção: pelo qual as estipulações feitas no
contrato deverão ser fielmente cumpridas (pacta sunt servanda), sob pena de execução
patrimonial contra o inadimplente;
- Princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual: visto que não
aproveita nem prejudica terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem;
- Princípio da boa fé: segundo ele, o sentido literal da linguagem não deverá
prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes.
No entanto, muitas vezes estes princípios não são seguidos. Logo, existem contratos
mal elaborados, e que as empresas acabam tendo que atender e arcar com custos imprevistos,
que por sua vez, impactam diretamente o resultado esperado para determinado projeto.
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De acordo com Choma (2007) conforme citado por Shimbo (2010), o mercado da
Construção Civil ainda sofre as consequências da informalidade, não só no que diz respeito ao
emprego de funcionários sem registro em carteira, mas também na falta de documentação dos
mais diversos tipos, como: procedimentos de execução, padrões de qualidade, metodologia
(própria) de planejamento e formalização das relações contratuais com os empreiteiros.
Assim, como é preciso encontrar tempo para efetuar o planejamento da obra, deve-se
formalizar o contrato com o empreiteiro antes que a equipe subcontratada comece a trabalhar,
caso contrário, a construtora estará aumentando a sua exposição a diversos riscos.
França (2013) afirma que o contrato proporciona à construtora uma segurança maior
em relação ao que foi contratado, possibilitando, muitas vezes, que o pagamento do
empreiteiro seja suspenso se ele não comprovar o pagamento de impostos e de encargos
trabalhistas de seus funcionários, ou se a obra estiver atrasada. Mas, para isso, é indispensável
que a construtora também cumpra com o que foi acordado.
Segundo o PMI (2013, p.380) “A natureza legal da relação contratual torna imperativo
que a equipe de gerenciamento do projeto esteja ciente das implicações legais das ações
adotadas na administração de qualquer contrato”.
Se a equipe de gestão da obra não tiver conhecimento pleno do contrato, pode oferecer
ao empreiteiro alguma margem para sua contestação. Por isso, o conhecimento do conteúdo
do contrato é fundamental, assim como das consequências que podem surgir pelo
descumprimento dos termos do acordo. Santana (2015) afirma que aquilo que foi estipulado
no termo assinado deve ser cobrado e monitorado tanto pelo gestor como pela equipe da obra.
Além disso, as alterações de contratos (alteração qualitativa) ou alteração nos
quantitativos (alteração quantitativa) de iniciativa da contratante, já na fase de execução ou
mesmo em consequência de outras alterações imprevisíveis acertadas por acordo entre
contratantes e contratadas, previstas na legislação, podem gerar os inevitáveis aditivos
contratuais, que vão requerer um cuidado maior no decorrer da vigência do contrato.
Portanto, para que o contrato seja elaborado corretamente, Santiago Júnior (2012)
defende a importância de haver integração entre o setor jurídico e o de engenharia. É
indispensável o auxílio de um advogado com experiência no mercado da construção civil. Os
custos com o auxílio profissional são muito menores que os passivos que podem ser
adquiridos por falhas nos contratos.
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O contrato firmado entre as partes deve ser o mais completo possível, deixando bem
claro o escopo dos serviços, as condições de prazo, a forma de pagamento, as obrigações das
partes, a documentação necessária, enfim, todos os aspectos da prestação dos serviços
contratados. Para Justen Filho (2014), a estrutura básica de um contrato contempla:
- Identificação das Partes;
- Objeto do Contrato;
- Especificações do Objeto do Contrato;
- Obrigações Gerais da Contratada;
- Obrigações Gerais da Contratante;
- Preços, Quantidade e Formas de Pagamento;
- Condições de Aceitação dos Serviços;
- Encargos Sociais;
- Retenções de Garantia;
- Condições para Rescisão do Contrato;
- Aceites e Disposições Gerais;
- Foro;
- Anexos.
Aprofundando ainda mais, a Lei 8.666/93 no artigo 55, contempla o que deve
estabelecer as cláusulas de um contrato:
Muitos empreiteiros não leem os contratos na hora de assinar, tratando apenas como
uma “formalidade”. Para muitos, vale o que foi “combinado”. Segundo Choma (2007) apud
Shimbo (2010), antes de assinar o contrato, é possível seguir um passo a passo que ajuda o
empreiteiro a rever as condições da obra para saber se realmente tem capacidade de executá-
la, e também, auxilia a construtora avaliar as condições da obra em relação ao cliente final.
Segue abaixo as recomendações a serem seguidas:
- Revise a proposta – rever com a equipe os custos, as necessidades de recursos,
confirmar preços com fornecedores;
- Reveja todas as plantas e relatórios – muitas vezes o empreiteiro (e até mesmo a
construtora) faz as estimativas de preços sem conhecer os projetos completos. Mas, antes de
assinar o contrato, essa revisão é fundamental;
- Reveja todas as especificações – além das plantas, o tipo de acabamento, as
solicitações e os critérios de medição são de fundamental importância. Assinar um contrato
antes de definir os detalhes do projeto é aceitar uma exposição muito grande ao risco;
- Visite o local da obra – alguns canteiros têm limitações sérias de espaço, obrigando o
empreiteiro (ou a construtora) a utilizar guindastes e gruas para mover o material. Problemas
com o acesso também afetam a produção e a logística do canteiro;
- Revise a programação de obra – se o empreiteiro fez algum cronograma estimativo
para orçar a obra, deve revisar as estimativas de tempo, para ter certeza de que é possível
concluir o contrato no prazo;
- Complete uma lista de checagem do projeto – o empreiteiro deve conferir se o
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contrato está claro no que diz respeito ao escopo, aos prazos, às exigências de materiais,
ferramentas, equipamentos e à segurança do trabalho, entre outros;
- Verifique recursos do projeto – o contratante tem os recursos financeiros para arcar
com a obra? E o empreiteiro tem recursos para mobilizar a sua equipe e mantê-la até (no
mínimo) a primeira medição?
- Leia todo o contrato – o contrato não é apenas uma formalidade, mas sim, uma
obrigação entre as partes; portanto, é necessário ler atentamente e procurar sempre a
orientação de um advogado;
- Execute o contrato – após toda essa revisão, o empreiteiro estará muito mais seguro
para executar o contrato.
Após seguir as recomendações supracitadas, pressupõe-se que o empreiteiro teve a
oportunidade de avaliar todas as condições e exigências contidas no contrato, e se mostra
ciente do preço e das condições, caso sejam viáveis, pode assumir o compromisso e assinar o
devido contrato.
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3 TIPOS DE CONTRATOS
A Lei nº 8.666, de 1993, no seu artigo 2º, parágrafo único, considera contrato “todo e
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que
haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”.
O contrato, independentemente de sua espécie, é caracterizado como negócio jurídico
com a finalidade de gerar obrigações entre as partes, afirma Lôbo (2014). Além disso, norteia
três princípios fundamentais: autonomia das vontades, supremacia da ordem pública e
obrigatoriedade.
Segundo Mello (2005) também citado por Di Pietro (2013), para que o contrato se
efetive, são necessários alguns requisitos como: existência de duas ou mais pessoas;
capacidade genérica para praticar os atos da vida civil; aptidão específica para contratar;
consentimento das partes contratantes; licitude do objeto do contrato; possibilidade física ou
jurídica do objeto do negócio jurídico; determinação do objeto do contrato; e economicidade
de seu objeto.
Granziera (2002) conforme citado por Ribeiro (2011) diz que são muitos os tipos de
contrato, podendo conter várias formas, como por exemplo, verbais ou escritos, por
instrumento público ou particular. Entretanto, será relevante para este estudo conceituar
contrato administrativo, caracterizado por ser escrito e público, visto ser o contrato firmado no
estudo de caso da obra em questão.
Portanto, tratando-se de contratos administrativos, podem-se citar de obra pública, de
serviço, de fornecimento ou de concessão. O Contrato de Obra Pública tem como finalidade a
construção, reforma, fabricação, recuperação, ampliação de determinado bem público,
podendo ser por Tarefa ou Empreitada, assim definidas (CUNHA, 2016):
- Tarefa: A tarefa é uma forma de contrato de obra pública comumente utilizada em
pequenas obras ou em uma parte de obras. A tarefa poderá prever o fornecimento de mão de
obra, equipamentos e até materiais. Sendo o valor considerado baixo não haverá necessidade
de se realizar licitação;
- Empreitada: Na empreitada, o particular assume o dever de realizar a obra pública
por sua conta e risco, com remuneração previamente ajustada. A remuneração na empreitada
poderá ser definida conforme o caso em:
Empreitada por Preço Unitário: Quando o preço é definido por unidades determinadas
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da obra;
Empreitada por Preço Global: Quando o preço ajustado leva em consideração a obra
como um todo, com possibilidade de reajustes;
Empreitada Integral: Quando preço ou remuneração se refere a todo o
empreendimento, em todas as suas etapas de obras, serviços e instalações.
subverte a ordem natural da execução das obrigações numa perspectiva isonômica, isto é, de
igualdade e paridade contratual que permeia os contratos entre particulares, mas não prevalece
nos contratos firmados com a administração pública.
Observa-se que nos contratos licitados, o quesito “satisfação do cliente” pode ser
mitigado, até como decorrência do princípio da impessoalidade que rege a administração
pública. Não se pode perder de vista que a possibilidade de aplicação autoexecutável de
penalidades por descumprimento parcial ou total de obrigações contratuais torna
imprescindível o melhor controle possível da execução dos contratos, para garantir o
recebimento integral das parcelas contratadas nas medições periódicas (FREITAS, 2009 apud
CORDEIRO, 2013).
Nesse sentido, o Poder Judiciário está repleto de causas, às vezes milionárias, de
construtoras que reclamam prejuízos havidos com o atraso ou negativa de pagamento de
parcelas devidas, em razão de controvérsias nas medições, ausência de documentação e
clareza de critérios, despreparo do gestor do contrato, entre outros.
A discussão judicial costuma durar muitos anos e não são raros os casos de
construtoras que faliram durante a espera. Contudo, mais uma vez, fica explícita a
importância de uma boa gestão de contratos, inclusive quando os mesmos são firmados com a
Administração Pública.
consistentes para que os mesmos sejam executados nos exatos termos que as obrigações
contratuais foram avençadas inicialmente (LÔBO, 2014).
A alteração contratual deve pressupor alteração efetiva na demanda de interesse
público que se busca a atender com o contrato administrativo e não para a correção de falhas
substanciais provenientes de projetos básicos ou de termos de referência deficientes e
omissos.
Desse modo, o planejamento eficiente e adequado das licitações reduz,
significantemente, as demandas por alterações contratuais. Justen Filho (2014) cita que as
hipóteses de alteração do contrato administrativo são basicamente:
I – Alteração unilateral, determinada pela Administração;
II – Alteração por acordo entre as partes.
A Administração possui a prerrogativa de alterar o contrato unilateralmente, ou seja, o
contratado é obrigado a aceitar a alteração, garantido o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato. Trata-se da aplicação de cláusula exorbitante, conforme dispõem os arts. 58, I e 65, I
“a” e “b” da Lei n º 8.666, de 1993.
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4 GESTÃO DE CONTRATOS
conclusão;
- Utilizar um banco de dados comum para garantir a clareza de todas as informações
aos envolvidos no negócio;
- Definir perfis de risco para cada contrato e os enquadrarem de acordo com a sua
importância.
Vale ressaltar que não importa a quantidade de contratos que a empresa dispõe para
implantação deste sistema, o mesmo é de extrema importância e retorno, mesmo que seja para
gerir somente um único contrato, o qual consegue sim ganhos suficientes que justifique tais
investimentos.
É importante saber que a fiscalização de contratos não envolve somente a checagem de
averiguação para saber se ele foi cumprido, validando a entrega de serviços ou produtos, a
quantidade, qualidade, preços, condições e formas de pagamentos.
Também será verificada toda a rotina, desde um questionamento sobre a necessidade
ou não de adquirir um produto ou serviço, quantidade, preço, sugestões, elaboração e
alteração das cláusulas contratuais, até mesmo uma visão mais ampla de mercado para o
acompanhamento de aumentos e reduções de preços, indagando os motivos do aumento ou
então da diminuição do consumo, visando o aumento da eficiência e da eficácia da empresa,
otimizando assim os custos (ANCHIETA, 2009 conforme citado por GONÇALVES, 2014).
Santana (2015) define que os contratos são os reflexos dos negócios firmados,
podendo ser positivos ou negativos, isso será definido após uma boa análise dos mesmos,
nascendo assim a gestão dos contratos.
causar, uma vez que seu gestor pode ser substituído, ou outros acontecimentos podem surgir
durante a vigência do contrato, isso evidenciará a organização da empresa.
Negócios significam relacionamentos, sejam eles com clientes, fornecedores, parceiros
e mesmo com órgãos públicos, como a Receita Federal — e, na maior parte dos casos, esses
relacionamentos precisam ser oficializados por meio de contratos. É nesse documento que
estão inseridas informações essenciais como prazos, valores, além de possíveis multas ou
sanções por descumprimento dos termos.
E, tão importante quanto fechar um contrato, é preciso saber gerenciá-los da melhor
maneira possível. Inúmeros são os benefícios acarretados pela gestão de contratos, segue
abaixo alguns citados por Freitas (2009) e revalidado por Cordeiro (2013):
- Acompanhamento da vigência dos contratos, podendo analisar com antecedência se é
viável renová-lo ou não, e não correr o risco de ser pego de surpresa;
- Padronização dos critérios de minuta da empresa conforme já analisado e aprovado
pelo departamento jurídico;
- Facilidade de identificação se o serviço ou o produto estiverem sido realizados e/ou
entregues dentro do prazo, sendo indicadores para a área financeira da empresa, criando assim
uma visibilidade para a liberação de pagamentos;
- Armazenamento e controle de documentos para serem consultados sempre que
precisar, visto que os mesmos fazem parte do processo de contratação como especificações e
cotações, que acabam ficando perdidas no decorrer do processo.
Com uma gestão de contratos, todas as áreas envolvidas no processo de contratação
terão mais comunicação entre si. A boa gestão de contratos é apenas uma das inúmeras
funções que fazem parte da rotina de um bom empreendedor.
A vigência dos contratos regidos pelo art. 57, caput, da lei 8.666, de 1993, pode
ultrapassar o exercício financeiro em que celebrados, desde que as despesas a eles
referentes sejam integralmente empenhadas até 31 de dezembro, permitindo-se,
assim, sua inscrição em restos a pagar (BRASIL, Orientação normativa nᵒ 39, 2011).
Ou seja, “restos a pagar” são as despesas cuja obrigação de pagamento foi criada pelo
Estado em determinado exercício financeiro, mas não completaram todo o trâmite de
realização da despesa pública até 31 de dezembro. Isso significa que os créditos referentes à
despesa inscrita em “restos a pagar” têm sua vigência prorrogada para o exercício financeiro
seguinte, já que, embora estejam previstos na lei orçamentária anterior e sejam destinados a
cobrir despesas empenhadas durante o exercício pretérito, serão utilizados após 31 de
dezembro.
Nesse sentido, o artigo 68, do Decreto n° 93.872, de 23 de dezembro de 1986, que
regulamenta a legislação supracitada, dispõe textualmente que “a inscrição de despesas como
Restos a Pagar será automática, no encerramento do exercício financeiro (...) e terá validade
até 31 de dezembro do ano subsequente”.
Seguindo, sobre a cláusula de reajustamento, segundo a Lei 8.666/93, art. 40,
estabelece a obrigatoriedade de constar:
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção,
admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para
apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data
do adimplemento de cada parcela.
será paga até vinte dias úteis do mês subsequente. A ausência de pagamento dentro do prazo
fixado importará sua atualização para a data de liquidação pela variação dos índices do INCP,
pro rata die.
Esta porcentagem de 23,08% pode ser considerada uma porcentagem bem relevante
para acréscimo de valor de um contrato firmado em 2014 e que por falta de uma gestão
adequada levou a um aumento considerável. O Prof. Marçal comenta da seguinte maneira esse
reajuste:
O direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da contratação não
deriva de cláusula contratual nem de previsão no ato convocatório. Tem raiz
constitucional. Portanto, a ausência de previsão ou de autorização é irrelevante. São
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inicialmente. Uma boa gestão de contratos já deve prever tudo isso desde o início, e
acompanhar e fazer cumprir as cláusulas constantes no contrato.
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6 CONCLUSÃO
Em vista do exposto, conclui-se que o empresário deve gerir o ciclo de vida dos
contratos desde o momento da contratação até o seu distrato ou encerramento, os quais devem
estar regidos pelos princípios da lealdade, eticidade e boa-fé. Se algum momento dos
princípios anteriores forem violados, há a intervenção judicial.
Como pode ser visto, inúmeras leis regem os contratos administrativos e possuem
como premissa manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, conforme a Orientação
Normativa nº 22 da AGU e acórdão do TCU que dispõem do seguinte:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o Art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, 1993,
Legislação Federal e Marginália.
BRASIL. Lei n. 9.648, de 27 de maio de 1998. Altera dispositivos das Leis no 3.890-A, de
25 de abril de 1961, no 8.666, de 21 de junho de 1993, no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
no 9.074, de 7 de julho de 1995, no 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder
Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de
suas subsidiárias e dá outras providências. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência,
São Paulo, 1998, Legislação Federal e Marginália.
BRASIL. Advocacia-Geral da União. A vigência dos contratos regidos pelo art. 57, caput, da
lei 8.666, de 1993, pode ultrapassar o exercício financeiro em que celebrados, desde que as
despesas a eles referentes sejam integralmente empenhadas até 31 de dezembro, permitindo-
se, assim, sua inscrição em restos a pagar. Orientação Normativa n. 39, 13 dez.
2011. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, 2011.
41
CUNHA, Euza Barroso et al. Modalidades de licitações. Revista de Ciências Sociais, Caribe,
7630, 2016. Disponível em: http://www.eumed.net/rev/caribe/2016/06/licitazao.html. Acesso
em: 15 de janeiro/2017.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella et al. Direito Privado Administrativo. São Paulo: Atlas,
2013.
LÔBO, Paulo. Direito Civil - Contratos. 2ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.
PADGETT, Clinton M. Métodos de Sucesso em Projetos. São Paulo: DVS Editora, 2012.
Portal FGV – Índices Gerais de Preços. Disponível em: http://portalibre.fgv.br/. Acesso em:
10 de janeiro/2017.
SETTI, Maria Estela L.G. O princípio da função social do contrato: conteúdo, alcance e a
análise econômica do direito. Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do
CONPEDI realizado em Fortaleza – CE. 2015.