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Plano Nacional de Recursos Hídricos

Diretrizes 3
Diretrizes
Foto: Eduardo Junqueira Santos
República Federativa do Brasil

Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva

Vice-Presidente: José Alencar Gomes da Silva

Ministério do Meio Ambiente

Ministra: Marina Silva

Secretário-Executivo: Cláudio Roberto Bertoldo Langone

Secretaria de Recursos Hídricos

Secretário: João Bosco Senra

Agência Nacional de Águas

Diretor-Presidente: José Machado


Brasília, 2006
COORDENAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO Equipe de Apoio
NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (SRH/MMA) Lucimar Cantanhede Verano
Diretor de Programa de Estruturação Marcus Vinícius Teixeira Mendonça
Márley Caetano de Mendonça Rosângela de Souza Santos
Gerente de Apoio à Formulação da Política
Luiz Augusto Bronzatto Consultoria Especializada para o Volume 3
Francisco José Lobato da Costa (ANA)
Maria de Fátima Chagas Dias Coelho (SRH/MMA)
Equipe Técnica
Paulo Roberto Haddad (ANA)
Adelmo de Oliveira Teixeira Marinho
André do Vale Abreu
Projeto Gráfico/Programação Visual
André Pol
ITECH
Adriana Lustosa da Costa
Daniella Azevêdo de Albuquerque Costa Capa
Danielle Bastos Serra de Alencar Ramos Arte: ITECH
Flávio Soares do Nascimento Ilustração: Adão Rodrigues Moreira
Gustavo Henrique de Araujo Eccard
Gustavo Meyer Revisão

Hugo do Vale Christofidis Rejane de Menezes


Yana Palankof
Jaciara Aparecida Rezende
Rodrigo Laborne Mattioli
Marco Alexandro Silva André
Marco José Melo Neves
Edição
Percy Baptista Soares Neto
Myrian Luiz Alves
Roseli dos Santos Souza
Priscila Maria Wanderley Pereira
Simone Vendruscolo
Valdemir de Macedo Vieira Impressão
Viviani Pineli Alves Dupligráfica

Catalogação na fonte
Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

P699 Plano Nacional de Recursos Hídricos. Diretrizes: Volume 3 / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos.
– Brasília: MMA, 2006.
4 v.: il. Color; 28 cm.

Conteúdo: v. 1. Panorama e estado dos recursos hídricos do Brasil – v. 2. Águas para o futuro: cenários para 2020 – v. 3.
Diretrizes – v. 4. Programas nacionais e metas.

Bibliografia
ISBN 85-7738-011-4

1. Hidrografia (Brasil). 2. Recursos hídricos. 3. Programa (Planejamento). 4. Diretrizes. 5. Meta. I. Ministério do Meio
Ambiente. II. Secretaria de Recursos Hídricos. III. Título.

CDU(2.ed.)556.18
SUMÁRIO VOLUME 3

1 ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................................................10

2 BASES PARA O ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES E ASPECTOS METODOLÓGICOS ....14


2.1 Conceitos e políticas regentes das ações do PNRH ....................................................................16
2.2 Inserção espacial e cenários prospectivos de desenvolvimento ................................................18
2.3 Contexto intra-setorial e intersetorial da gestão de recursos hídricos .....................................20
2.4 Natureza dos problemas de recursos hídricos .............................................................................21
2.5 Outras abordagens temáticas .........................................................................................................21

3 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PNRH ...................................................................24

4 REFERÊNCIAS PARA DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES .......................................................................28

5 AS DIRETRIZES DO PLANO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS ..........................................34


5.1 Diretrizes gerais e estratégia robusta do PNRH ...........................................................................34
5.2 Consolidação das macrodiretrizes do PNRH ..............................................................................39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................48

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................52
SUMÁRIO GERAL

VOLUME 1 – PANORAMA E ESTADO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO BRASIL

1 Aspectos gerais ...............................................................................................................................................30


2 O Plano Nacional de Recursos Hídricos ....................................................................................................34
3 Histórico do desenvolvimento da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos no Brasil .......................48
4 Base jurídica e institucional do modelo de Gestão de Recursos Hídricos vigente no Brasil ...............56
5 Situação atual da implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos .....................................70
6 Os recursos hídricos no contexto das relações internacionais ..............................................................116
7 Conjuntura macroeconômica e recursos hídricos ...................................................................................128
8 Biomas, ecorregiões, biorregiões e os principais ecossistemas brasileiros ..........................................138
9 Aspectos socioculturais do uso da água e as sociedades tradicionais ..................................................160
10 Situação atual das águas do Brasil ...........................................................................................................174
11 Experiências existentes em algumas situações especiais de planejamento .......................................216
12 Desafios e oportunidades para a gestão das águas do Brasil ...............................................................224
Referências .......................................................................................................................................................274

VOLUME 2 – ÁGUAS PARA O FUTURO: CENÁRIOS PARA 2020

1 Aspectos gerais .............................................................................................................................................. 12


2 Construindo os cenários ...............................................................................................................................16
3 Cenários dos recursos hídricos do Brasil 2020 ..........................................................................................22
4 Elementos para a construção de uma estratégia robusta .........................................................................64
Referências .........................................................................................................................................................72
Anexos ................................................................................................................................................................78
SUMÁRIO GERAL

VOLUME 4 – PROGRAMAS NACIONAIS E METAS

1 Aspectos gerais ...............................................................................................................................................10


2 As macrodiretrizes e a estrutura de programas do Plano Nacional de Recursos Hídricos ................14
3 Estrutura lógica dos programas do Plano Nacional de Recursos Hídricos ...........................................26
4 Gerenciamento e sistemática de monitoramento e avaliação .................................................................30
5 Descrição geral dos programas do Plano Nacional de Recursos Hídricos ...........................................36
6 As metas do Plano Nacional de Recursos Hídricos ..................................................................................64
Referências .........................................................................................................................................................74
LISTA DE FIGURAS E DE SIGLAS

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Os vetores da sustentabilidade .................................................................................... 17


FIGURA 2.2 – Articulações na gestão de recursos hídricos .............................................................. 20
FIGURA 4.1 – Esquema de organização das diretrizes do PNRH .................................................... 30

LISTA DE SIGLAS

ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos


ANA – Agência Nacional de Águas
CT-PNRH – Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral
GIRH – Gestão Integrada dos Recursos Hídricos
MMA – Ministério do Meio Ambiente
OEA – Organização dos Estados Americanos
OGU – Orçamento Geral da União
PNRH – Plano Nacional de Recursos Hídricos
PPA – Plano Plurianual
Prodes – Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas
SEGRH – Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
Sisnama – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SRH/MMA – Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente
Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura
Foto: WWF – Brasil/Denise Oliveira
1 ASPECTOS GERAIS
1 ASPECTOS GERAIS

E
ste documento contempla os preceitos para a O desenvolvimento dos estudos das diretrizes está apre-

definição das estratégias do Plano Nacional sentado em seis capítulos, incluindo esta introdução. O

de Recursos Hídricos (PNRH), consolida- capítulo 2 aborda as bases conceituais e os aspectos me-

dos na forma de diretrizes, que representam instruções todológicos gerais para o estabelecimento das diretrizes

condutoras do estabelecimento das ações programáti- do PNRH.

cas e dos programas para se alcançarem os objetivos


O capítulo 3 destaca o significado do PNRH, o objetivo
pretendidos com o Plano.
geral e os objetivos estratégicos, que representam o que

Para a consolidação dessas diretrizes, um conjunto de se pretende alcançar com a implementação do Plano. O

informações advindas das etapas de trabalho anterio- capítulo 4 indica as referências utilizadas para a definição

res foi resgatado, revelando a interatividade e a inter- das diretrizes, incluindo as perspectivas de análise ado-

relação das ações implementadas no processo de cons- tadas como base para essa definição. Representando as

trução do PNRH. estratégias do Plano Nacional, as diretrizes encontram-

se apresentadas no capítulo 5, agrupadas segundo temas


Nesse sentido, os limites de abrangência do escopo esta-
de interesse do PNRH e traduzidas em diretrizes gerais e
belecido para o PNRH, os Cadernos Setoriais, os Cader-
macrodiretrizes.
nos Regionais, os estudos de diagnóstico, assim como a

análise prospectiva, constituíram elementos balizadores O capítulo 6 tece considerações sobre o estabelecimento

para a consolidação das diretrizes. São ainda dignos de das diretrizes do Plano Nacional de Recursos Hídricos,

nota os resultados advindos das oficinas, dos seminários apontando sua inter-relação com aspectos relevantes e

e dos encontros públicos, bem como as contribuições da desafios identificados, bem como com o documento final,

Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos, subseqüente, em que se apresenta a estrutura programá-

que refletiram o caráter de planejamento participativo tica do PNRH. As referências bibliográficas utilizadas no

impresso ao PNRH e agregaram contribuições essenciais desenvolvimento do trabalho estão relacionadas no final

à definição das diretrizes do Plano. do documento.

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Foto: Eduardo Junqueira Santos

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Foto: Eduardo Junqueira Santos
2 BASES PARA O
ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES
E ASPECTOS METODOLÓGICOS
2 BASES PARA O ESTABELECIMENTO DE
DIRETRIZES E ASPECTOS METODOLÓGICOS

O
Plano Nacional de Recursos Hídricos está in- X propostas para a criação de áreas sujeitas a res-
cluído entre os instrumentos da Política Na- trições de uso, com vistas à proteção dos recur-
cional de Recursos Hídricos, instituída pela sos hídricos.
0
Lei n 9.433/1997, e sua estruturação incorporou os atri-
butos relacionados em seguida e contemplados na legisla-
Além disso, a legislação determina que os Planos de Re-
ção (artigos 70 e 80):
cursos Hídricos devem ser elaborados por bacia hidro-
• Perspectiva de longo prazo, com horizonte de plane- gráfica (Planos de Bacia), por Estado (Planos Estaduais) e
jamento compatível com o período de implantação para o País (Plano Nacional).
de seus programas e projetos.
Por conseguinte, sendo o Plano um dos instrumentos da
• Conteúdo mínimo, de acordo com os incisos do Política Nacional de Recursos Hídricos, os conceitos e as
artigo 70: diretrizes que regem sua concepção devem guardar coe-
rência com aqueles que orientaram a própria política e o
respectivo arranjo institucional preconizado com a cria-
I diagnóstico da situação atual dos recursos ção do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
hídricos; Hídricos (SINGREH).

II análise de alternativas de crescimento de- Nessa perspectiva, cabe resgatar alguns dos fundamen-
mográfico de evolução de atividades pro- tos da Política Nacional de Recursos Hídricos, com
dutivas e de modificações dos padrões de ênfase particular para: “A gestão dos recursos hídricos
ocupação do solo; deve ser descentralizada e contar com a participação do
poder público, dos usuários e das comunidades” (inciso VI,
III balanço de disponibilidades e demandas futuras
artigo 1o, da Lei n0 9.433/1997).
dos recursos hídricos, em quantidade e quali-
Assim, os conselhos e os comitês representam os centros
dade, com identificação de conflitos potenciais;
dinâmicos de decisão do SINGREH e, por conseqüências
IV metas de racionalização de uso, aumento da das ações do PNRH, o que requer a articulação de atitudes
quantidade e melhoria da qualidade dos recur- simultâneas ascendentes e descendentes.
sos hídricos disponíveis;
No processo de construção do PNRH, a abordagem as-
V medidas a serem tomadas, programas a serem cendente foi, de certa forma, contemplada mediante a
desenvolvidos e projetos a serem implantados realização de consultas regionais, que balizaram a conso-
para atendimento das metas previstas; lidação dos diagnósticos das Regiões Hidrográficas, bem
como a proposição de diretrizes. Mais do que isso, essa
VIII prioridades para outorga de direitos de uso de
abordagem tem o sentido de dar apoio a dinâmicas pree-
recursos hídricos;
xistentes, respeitando diferenças e criando competências
IX diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso e recursos locais, de modo que se motive a sociedade e se
de recursos hídricos; busque respaldo político.

14
O órgão e a entidade da União envolvidos na elaboração modelos e alternativas, traçando o Brasil como Esta-
do PNRH, respectivamente Secretaria de Recursos Hídri- do unitário.
cos (SRH/MMA) e Agência Nacional de Águas (ANA),
• As ações sobre o território comum das bacias hi-
devem se responsabilizar pela definição de desígnios e ob-
drográficas devem ser integradas, sem distinção dos
jetivos (água para diversos usos e para todos) e metas para
domínios dos corpos de água, segundo uma divisão
o país, em abordagens descendentes que explicitem con-
de funções que otimize capacidades institucionais
ceitos e princípios orientadores, com vistas à sua consen-
existentes, orientadas pela natureza dos problemas
sualização. Adicionalmente, devem atuar de modo proa-
a enfrentar, evitando a duplicidade e as disputas de
tivo na resolução e na superação de diferenças e conflitos
atribuições e competências entre entidades e esferas
entre Estados e entre bacias.
de governo.
Em ambas as abordagens, cabe considerar:

Em outras palavras, o Sistema Institucional conformará


• Os sistemas e os instrumentos visam à solução de o PNRH e não o Plano delimitará as possibilidades do
problemas e devem se constituir nos orientadores e
Sistema, sem prejuízo de que o próprio SINGREH seja
nos indicadores finais sobre a proficiência das ações,
submetido às adequações que sua implementação prática
evitando, assim, que tais sistemas e instrumentos se-
venha a indicar, no âmbito de um processo essencialmen-
jam adotados como dogmas, objetivos centrais ou
te dinâmico.
fins em si mesmos.
Além desses aspectos político-institucionais, as diretrizes
• Os Comitês de Bacia Hidrográfica constituem-se em
do PNRH decorreram de duas vertentes de trabalho inter-
espaços institucionais para uma gestão comparti-
relacionadas, quais sejam:
lhada entre o Estado e a sociedade que favorecem o
processo de negociação social sobre a utilização dos
recursos hídricos, não representando um fórum de
• Vertente nacional
contraposição do sistema de gestão de recursos hí-
dricos aos governos estabelecidos. Nesta vertente foram organizados os temas e as questões
estratégicas, de abrangência nacional, voltados para efeti-
• Os comitês e as Agências de Água constituem-se em
var a gestão integrada dos recursos hídricos, conforme as
espaços institucionais abertos à participação e à di-
seguintes linhas de abordagem:
nâmica social, não devendo limitar-se a apêndices do
aparelho de Estado, submetidos a controles, métodos Uma linha vertical incorporou as variáveis resultantes
e práticas tradicionais da administração pública, sa- da interação do âmbito regional para todo o país, na qual
bidamente impróprios ao trato dos problemas com- foram destacados os temas e as questões regionais de im-
plexos que se quer enfrentar. portância nacional, que foram organizados de forma que
fossem explicitadas a problemática da água e sua inter-re-
• O respeito ao federalismo e à autonomia local deve
lação com o processo de ocupação regional e a conseqüen-
ser estabelecido como orientação, assim como “o
te pressão sobre os biomas e os ecossistemas. Daí resulta-
avanço gradativo em áreas determinadas, que pos-
sam consolidar experiências e aprendizados passíveis ram diretrizes gerais, programas e metas voltados para a
de replicação e aprimoramento, deve constituir-se instrução de ações de âmbito do governo federal, visando
em caminhos legítimos a serem reconhecidos e res- à articulação dos órgãos e das entidades da União com os
paldados”1, o que permite evitar a uniformização de das unidades da Federação, tendo em vista a gestão com-

1
Carta de Aracaju. In: Simpósio da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), 14, 2001.

15
partilhada e cooperada das águas de interesse comum; a À luz das bases e dos aspectos anteriormente apresenta-
articulação entre as entidades colegiadas do SINGREH; a dos, as diretrizes do PNRH foram estabelecidas sob a ótica
articulação e a complementaridade entre o Plano Nacio- das seguintes perspectivas de análise:
nal, os Planos Estaduais, bem como do Distrito Federal e
os Planos de Bacia, tendo em vista os limites de abrangên- • conceitos e políticas regentes das ações do PNRH;
cia do escopo e cada um.
• inserção espacial e cenários prospectivos de desen-
Uma linha horizontal agregou temas e questões e perti- volvimento;
nência nacional voltados para o estabelecimento e dire- • contexto intra-setorial e intersetorial da gestão de re-
trizes, programas e metas relacionados à inserção global cursos hídricos;
e macrorregional do Brasil, próprios às articulações com • natureza dos problemas de recursos hídricos;
outros países; à Política Nacional de Recursos Hídricos no
• outras abordagens temáticas.
quadro administrativo brasileiro; à articulação da políti-
ca de recursos hídricos com outras políticas públicas, tais
como a de desenvolvimento regional, meio ambiente, saú- 2.1 CONCEITOS E POLÍTICAS
de, ciência e tecnologia, segurança alimentar e nutricional, REGENTES DAS AÇÕES DO PNRH
uso e ocupação do solo e suas interfaces com o planeja-
mento municipal, especialmente no que tange à questão Para a concepção das diretrizes do PNRH, foram consi-
da drenagem urbana e das inundações; à articulação com derados alguns princípios inerentes à Política Nacional de
setores intervenientes, notadamente como os usuários das Recursos Hídricos e ao SINGREH, notadamente o prin-
águas, como o setor de energia, saneamento, mineração, cípio da subsidiariedade, segundo o qual as decisões que
possam ser tomadas em âmbitos mais próximos às comu-
irrigação, indústria e outros.
nidades e não afetem terceiros não devem ser submetidas
Uma linha transversal de análise forneceu elementos a outras esferas de decisão; e o fortalecimento do conceito
voltados para a incorporação efetiva dos Municípios ao de federalismo, imprescindível para viabilizar a integra-
processo de gestão das águas, em vista da necessidade de ção dos interesses públicos, com o intuito de superar os
entraves derivados da falta de coordenação entre os dife-
articular o planejamento municipal (planos diretores, or-
rentes domínios dos corpos hídricos e proporcionar polí-
denamento do uso e ocupação do solo, zoneamento am-
ticas de efetiva descentralização.
biental) com o planejamento de recursos hídricos.
No que diz respeito à descentralização, é importante re-
forçar que esta se constituiu em um processo mediante o
qual são transferidas decisões a institutos independentes
• Vertente regional
do núcleo central, ainda que sob condicionalidades, ou-
Os temas e as questões de caráter estritamente regionais torgando-se poder e, em contrapartida, encargos e res-
ou locais fizeram parte dos Cadernos Regionais elabora- ponsabilidades a autoridades locais periféricas.
dos para as 12 Regiões Hidrográficas brasileiras. Esses Solução precária para os desafios da descentralização refe-
Cadernos apontam diretrizes e prioridades regionais, as- re-se a concessões no sentido da desconcentração de pro-
sim como a inserção macrorregional da região estudada, cessos decisórios, quando decisões são regionalizadas sem
que a autoridade e as responsabilidades deixem, em última
em vista das possíveis articulações com regiões vizinhas.
instância, de remanescer em departamentos do poder cen-
Nessa vertente de análise, os temas e as questões aqui con- tral, configurando-se em meros processos administrativos
templados serviram de subsídio para o desenvolvimento que podem incrementar as responsabilidades em âmbito
futuro de planos de recursos hídricos de bacias hidrográ- regional, não oferecendo, contudo, espaço para a consoli-
ficas e de planos estaduais de recursos hídricos. dação de uma real autonomia institucional.

16
Nesse sentido, a desconcentração não pode ser vista como Nesse sentido, cabe reforçar o caráter dinâmico do pro-
um conflito nem como alternativa à descentralização, uma cesso de implementação da Política Nacional de Recursos
vez que esta implica um processo mais avançado, princi- Hídricos, marco diretivo do Plano Nacional de Recursos
palmente quando estão em questão objetivos de elevar Hídricos, este identificado como instrumento de plane-
a capacidade social de investimento voltada à melhoria jamento, sendo importante lembrar a natureza interativa
ambiental, para a qual é essencial o desenvolvimento e dos processos de planejamento.
a mobilização de potencialidades locais endógenas, caso Como resposta a esse caráter dinâmico, conformam-se os
exemplar da gestão das águas. princípios da administração estratégica, que, no âmbito
O exercício da gestão descentralizada favorece a formação do PNRH, encontra na dimensão temporal as caracterís-
ticas de continuidade e permanência, significando que
de pactos e a divisão de responsabilidades para a solução
o Plano se desenvolve com uma visão de processo, não
de questões locais, regionais, estaduais e nacionais. Além
admitindo descontinuidade nem limites preestabeleci-
disso, permite a consolidação de propostas voltadas para a
dos de duração, a despeito de seu horizonte indicativo de
adoção de medidas visando a aperfeiçoar a prática da ges-
planejamento de 15 anos, principalmente em decorrência
tão integrada dos recursos hídricos no país, tendo como
da construção e da consolidação simultânea do próprio
base as experiências acumuladas até o momento com a im-
SINGREH. Já na dimensão espacial, a abordagem estraté-
plementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
gica envolve um ambiente interno e externo ao SINGREH,
Nesse contexto, é importante sublinhar ainda a perspec- reforçando as características de negociação e de interação
tiva de governança impressa nas diretrizes propostas para na implementação do PNRH.
estruturação das ações do PNRH, tendo em vista a cons- Em suma, observados os conceitos de planejamento e de
trução de uma gestão ética que tem na coletividade e na administração estratégica, o PNRH deve ser entendido
participação uma de suas bases edificantes. Isso implica como um processo multidisciplinar, dinâmico, flexível,
uma maior flexibilidade por parte do Estado, que, sem participativo e permanente.
abrir mão dos instrumentos de controle e supervisão, se
A observância do conceito de sustentabilidade (Figura 2.1)
torna capaz de descentralizar funções, transferir responsa-
corresponde à necessidade de contemplar requisitos opera-
bilidades e alargar o universo de atores participantes.
cionais, a consistência dos arranjos institucionais (consolida-
Ressaltam-se ainda, na concepção das diretrizes para es- ção do próprio SINGREH, assim como de acordos e parcerias
truturação das ações do PNRH, os conceitos relativos ao com Estados, Municípios e atores sociais relevantes), além das
planejamento e à administração estratégica, bem como os bases econômicas e financeiras (em especial, fontes de recei-
requerimentos de sustentabilidade. tas) que serão indispensáveis à sua viabilidade executiva.

FIGURA 2.1 – Os vetores da sustentabilidade


Fonte: ANA, 2005a

17
2.2 INSERÇÃO ESPACIAL E CENÁRIOS contexto sul-americano e caribenho. Contempla aspec-
PROSPECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO tos da gestão conjunta, com outros países, de corpos de
água transfronteiriços e fronteiriços, além de considerar
as necessidades decorrentes do cumprimento da agenda
A segunda perspectiva de análise utilizada para estabe- internacional brasileira, voltada para os objetivos da ges-
lecer as diretrizes do PNRH diz respeito às escalas de tão integrada dos recursos hídricos (GIRH).
sua inserção espacial bem como a evolução de cenários
prospectivos. Assim, partindo do contexto global rumo a
• Contexto nacional e perspectivas de desen-
menores abrangências espaciais, têm-se os seguintes con-
volvimento
textos de análise:
Envolve aspectos macroeconômicos que condicionam os
cenários futuros e afetam a gestão de recursos hídricos no
• Contexto global Brasil. A abordagem nesse contexto de análise encontra-se
pautada por cinco hipóteses de desenvolvimento do país
Contempla as demandas exógenas decorrentes da inser-
(ANA, 2005b), iniciando pela identificação do modelo de
ção socioeconômica do país no cenário político global
inserção internacional competitiva, como alternativa
que apresentem reflexos nos recursos hídricos, levando
adotada para a promoção do desenvolvimento do país. A
em conta as vantagens comparativas do Brasil nesse as- segunda, que orienta as avaliações sobre o contexto ma-
pecto. Exemplo disso são as exportações de produtos da croeconômico, refere-se às expectativas de um novo ciclo
agricultura irrigada (fruticultura e outros), que funcio- de expansão de médio e longo prazos, com manutenção
nam como incentivos a determinados setores usuários, de taxas de crescimento da ordem de 4% a 5% a.a. Para
com potencial de influenciar cenários futuros nas dife- tanto, os estudos da ANA (2005b) indicam, como tercei-
rentes regiões hidrográficas. ro tema, que a possibilidade dessa expansão seja marcada
por novos paradigmas para o desenvolvimento, confor-
Não se trata de empreender estudos exaustivos sobre a
mados pela busca de sustentabilidade, por arranjos insti-
economia global, mas de considerar, seletivamente, veto-
tucionais participativos e pela endogenia de fatores.
res que exercem influência sobre os setores usuários, alte-
rando as demandas sobre os recursos hídricos. A quarta hipótese aponta que o novo ciclo de desenvolvi-
mento deve resultar na acentuação de disparidades regio-
Assim, não somente a produção de grãos e alimentos,
nais, reforçando o perfil de concentração relativa nas re-
mas também a temática da matriz energética, deve ser giões Sudeste e Sul do país, que passariam a experimentar
considerada sob uma perspectiva global. Da mesma for- taxas mais expressivas de crescimento.
ma, padrões ambientais que venham a ser requeridos pe-
Por fim, a quinta linha de análise refere-se ao chamado
las tecnologias de produção industrial devem influir no
“capitalismo natural”, no qual o elemento de dinâmica da
traçado de cenários de expansão das demandas setoriais
economia não seria conferido por setores dominantes, e
pela água como insumo produtivo. Outro fator a ser con-
sim pela maior produtividade na exploração dos recursos
siderado é o impacto das possíveis mudanças climáticas e
naturais e pela mitigação dos correspondentes impactos
seus reflexos na disponibilidade hídrica e na freqüência ambientais. Nessa perspectiva, além de reforço e mo-
de eventos críticos. dernização da estrutura de regulação pública, o Estado
brasileiro deveria incorporar instrumentos econômicos
de gestão que respondessem adequadamente a um novo
• Contexto macrorregional modelo de desenvolvimento, caracterizado pelo meio
Envolve a identificação de interesses geopolíticos do Bra- ambiente como elemento “pivotante” e não como mero
sil no que concerne à gestão de bacias hidrográficas no insumo da produção.

18
• Cenários prospectivos de desenvolvimento • Limites de abrangência do PNRH, dos planos
Esse contexto de análise, guardando coerência com as estaduais e dos planos de bacias hidrográficas
hipóteses que estruturaram as análises do contexto ma- Dada a evidente superposição territorial entre o Plano
croeconômico apresentadas anteriormente, contempla Nacional, os Planos Estaduais e os Planos de Bacia Hi-
tendências internas do país com base em cenários de drográfica, é fundamental destacar que a concepção e
desenvolvimento definidos, que apontam até mesmo os o desenvolvimento desses instrumentos devem conside-
principais fatores e as variáveis “portadoras de futuro”. rar a divisão de ações a serem contempladas em seus
Tais cenários, operando com 53 variáveis-chave, possibi- respectivos escopos, cabendo notar o caráter de integra-
litaram a antecipação de situações potenciais nas quais a ção a ser incorporado.
dinâmica dos problemas de recursos hídricos é conferida
Assim, a abordagem contida nesse contexto de análise res-
por variáveis sob ou fora dos controles estabelecidos pelo
gata os fundamentos e os conceitos já dispostos neste do-
sistema de gestão. Quando sob controle, as diretrizes ema-
cumento, notadamente os princípios da subsidiariedade e
nadas desse contexto de análise devem pautar programas
de natureza proativa, caso contrário os programas devem do federalismo, cabendo lembrar que
assumir um viés preventivo ou de atenuação de impactos
socioambientais indesejados.
[...]na verdade, verticalmente não há pro-
priamente território federal, estadual,
• Contexto das regiões hidrográficas distrital ou municipal; o que existe são as
funções federais, estaduais, distritais e mu-
Esse contexto de análise representa a escala de trabalho
nicipais sobre o mesmo espaço geográfico.2
que contempla os estudos e os diagnósticos que respalda-
ram os Cadernos Regionais elaborados pela SRH/MMA
para as 12 Regiões Hidrográficas. Foram realizadas con-
Com efeito, para que sejam respeitados tais fundamentos
sultas regionais que ofereceram um amplo leque de dire-
e conceitos, é relevante que demandas passíveis de serem
trizes e demandas por programas e projetos.Tais estudos
solucionadas pelos planos de bacia não sejam transferidas
revelam a necessidade de maior desagregação espacial
para que alguns dos problemas identificados nas regiões ou assumidas nas esferas dos Planos Estaduais ou do Pla-
hidrográficas ganhem sua real dimensão e foco. no Nacional, ou que procedimentos próprios da esfera das
unidades federadas não sejam canalizados para o Plano
Nacional. Além disso, evita-se a ocorrência de sobrepo-
• Situações especiais de planejamento sições e duplicidades entre o PNRH, os Planos Estaduais
Este contexto de análise aborda espaços territoriais cujas e os de Bacia Hidrográfica. Caso contrário, o risco será o
peculiaridades ambientais, regionais ou tipologias de de confirmar tendências atávicas da sociedade brasileira
problemas relacionados à água conduzem a um outro re- de delegar as responsabilidades pela resolução de todas as
corte, no qual os limites não necessariamente coincidem mazelas ao Orçamento Geral da União (OGU), transfe-
com os de uma bacia hidrográfica. É o caso dos recursos rindo ao PNRH a solução de todos os problemas relacio-
hídricos na região Amazônica, no Pantanal e em aglome- nados aos recursos hídricos.
rados urbanos e regiões metropolitanas; da problemática
Essas “fronteiras de trabalho” que apresentam evidentes
de escassez de água no Semi-árido; da gestão integrada de
áreas de sombreamento tendem a ser distintas para dife-
recursos hídricos na zona costeira e da gestão de manan-
rentes setores e regiões, sofrendo a influência, de um lado,
ciais subterrâneos.

2
ALVES, Alaor Caffé. Bases jurídicas e administrativas para a gestão cooperada de águas de interesse comum à União e aos Estados federados.

19
das capacidades institucionais instaladas nos Estados, e, O esquema apresentado a seguir, Figura 2.2, procura sis-
de outro, das próprias possibilidades e limites da União tematizar o complexo conjunto dessas articulações. Do
em oferecer respostas consistentes e continuadas. esquema depreende-se que as questões ambientais são
suscitadas quando se pensa nas relações de apropriação

2.3 CONTEXTO INTRA-SETORIAL dos recursos naturais (água tornada recurso hídrico),
E INTERSETORIAL DA GESTÃO DE empreendidas por determinada sociedade sobre seu res-
RECURSOS HÍDRICOS pectivo espaço geográfico. Essas relações de apropriação,
relacionadas a esforços para a promoção do desenvolvi-
mento regional, geram impactos sobre o território (tensão
Reafirmados os princípios e os conceitos, assim como ve-
da sustentabilidade), conformando variáveis superve-
rificadas as inserções espaciais do PNRH, essa perspectiva
de análise trata das interfaces setoriais da gestão dos re- nientes à gestão dos recursos hídricos, na medida em que
cursos hídricos, incorporando as necessidades de integra- os problemas de disponibilidade quantitativa e qualitativa
ção entre os órgãos e as entidades do SINGREH e destes das águas estarão referidos às demandas da produção e do
com os órgãos e as entidades dos Sistemas Estaduais de consumo regional e/ou a aspectos de conservação ou pre-
Gestão de Recursos Hídricos. Engloba, ainda, a articula- servação do meio ambiente.
ção do SINGREH no âmbito do próprio MMA, bem como
Ademais, essas relações de apropriação são operadas por
a articulação com os setores usuários e com as instituições
públicas que formulam e implementam as políticas de de- diferentes setores (saneamento, indústria, irrigação, gera-
senvolvimento nacional e regional. ção de energia, navegação, lazer e outros), caracterizando

FIGURA 2.2 – Articulações na gestão de recursos hídricos


Fonte: ANA, 2005a

20
outras variáveis, desta vez, intervenientes na gestão dos racterísticas climáticas e as disponibilidades hídricas, as-
recursos hídricos, algumas das quais associadas à presta- sim como a pressão sobre ecossistemas e biomas.
ção de serviços à população.
Articulado aos problemas de disponibilidade hídrica que,
Para além de aspectos relacionados à necessária coorde- por sua vez, se articulam à dinâmica socioeconômica ins-
nação regulatória (eficiência na prestação de serviços e talada, emerge o acirramento das disputas pelo uso da
na utilização das disponibilidades hídricas), essas articu- água, gerando situações de conflito que merecem diretri-
lações apresentam mútuas sobreposições e interdepen- zes específicas.
dências, uma vez que a gestão de recursos hídricos deve
Da mesma forma, foi tratada a problemática das inunda-
perseguir, ainda que sob o formato de diretrizes que a con-
ções e das secas, relacionada à vulnerabilidade climática e
formam, a compatibilidade possível com a natureza plena
à dinâmica do uso e da ocupação do solo. Para o tratamen-
dos problemas em cada bacia hidrográfica.
to da questão das inundações, destaca-se a necessidade de
Quanto às variáveis intervenientes (dos usos múltiplos),
articulação da Política de Recursos Hídricos com as polí-
é importante destacar que cerca de 95% do montante dos
ticas públicas federais e municipais, notadamente no que
recursos do PPA 2004/2007 estão relacionados às ações de
diz respeito às cidades, no tocante à drenagem pluvial e à
desenvolvimento ligadas aos principais setores que inter-
ocupação do solo urbano.
ferem nos recursos hídricos, restando apenas 5% a cargo
das entidades diretamente responsáveis pela gestão das Quanto à problemática das secas, em particular no que

águas, nomeadamente Ministério do Meio Ambiente, por tange à situação de vulnerabilidade do Semi-árido aos

intermédio da SRH/MMA e da ANA. Portanto, boa parte períodos de estiagem, ressalta-se a importância da imple-

das diretrizes que orientam os programas e os projetos do mentação de ações concebidas sob a ótica do desenvolvi-

PNRH tem origem nas interfaces setoriais identificadas. mento sustentável e da convivência com o Semi-árido.

2.4 NATUREZA DOS PROBLEMAS 2.5 OUTRAS ABORDAGENS TEMÁTICAS


DE RECURSOS HÍDRICOS

Por fim, em adição às perspectivas de análise anterior-


Essa perspectiva de análise, intimamente ligada às ante- mente apresentadas, resta incorporar algumas perspec-
riores, procura orientar a concepção de diretrizes voltadas tivas ligadas a outras abordagens temáticas, a saber: (i)
às necessidades de gestão para contribuir com a solução as relações do PNRH com as políticas públicas de saúde,
de problemas de disponibilidade hídrica, superficiais e segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia e
subterrâneas, sob a ótica da qualidade e da quantidade, de educação; (ii) a efetiva inserção dos Municípios na ges-
conflitos pelo uso da água, além dos problemas relaciona-
tão dos recursos hídricos, particularmente em razão dos
dos à ocorrência de eventos hidrológicos críticos.
impactos sobre as águas derivados do uso e da ocupa-
Nessa perspectiva, resgatam-se as análises sobre a confor- ção do solo; (iii) os condicionantes já estabelecidos pelo
midade para o abastecimento das populações, bem como Plano Plurianual de Investimentos (PPA), do período
a conformidade da base econômica instalada ante as ca- 2004 a 2007.

21
Foto: Companhia Energética de Minas Gerais
3 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS
ESTRATÉGICOS DO PNRH
3 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PNRH

S
ob os conceitos e os princípios dispostos no item simples, considerando, de um lado, a capacidade
2 do presente documento, a estruturação do Plano institucional instalada e, de outro, os limites opera-
Nacional de Recursos Hídricos resultou de dois cionais da União que permitem solucionar os pro-
passos metodológicos, a saber: blemas identificados e ordenados crescentemente
segundo sua abrangência e área de influência.

• A identificação da melhor divisão de ações a serem


• A identificação e a espacialização da matriz de rela-
contempladas nos escopos dos Planos Estaduais, dos
ções interinstitucionais, necessária à implementação
Planos de Bacia Hidrográfica (eventualmente defini-
do PNRH, construindo-a progressivamente, segun-
dos no âmbito de sub-bacias e regionalmente) e do
do a ocorrência local, regional, estadual, nas regiões
PNRH, considerando as particularidades de cada re-
hidrográficas ou em âmbito nacional das articula-
gião, Estado ou bacia.
ções institucionais a considerar, de modo que sub-
sistam, para interesse do PNRH, aquelas relações de • A distinção das ações de cunho estratégico e nacio-
importância estratégica sem as quais as articulações nal, área de concentração do PNRH, e a identificação
dos âmbitos locais aos das regiões hidrográficas não dos meios, representados pelos instrumentos, pelos
ocorreriam ou seriam dificultadas. recursos e pelas articulações institucionais, necessá-
rios à sua efetividade, considerando a mencionada
• O cruzamento dessas articulações institucionais com
divisão de ações explicitada pela matriz institucional,
o conjunto real de problemas, tais como aqueles iden-
especializada e aplicada aos problemas reais.
tificados pelos diagnósticos no contexto dos estudos
do próprio PNRH, igualmente ordenados segundo a
pertinência do nível hierárquico mais próximo capaz
Assim, o Plano Nacional de Recursos Hídricos configura-
de solucioná-los, o que pressupõe algum cotejamento
se como:
entre a natureza dos problemas e o maior ou menor
grau de delegação para a gestão das águas, segundo
a capacidade institucional instalada em cada região [...]o conjunto estratégico de ações e re-
ou Estado e de acordo com as próprias condições da lações interinstitucionais, instrumentos
União de responder às demandas. de política, informações e ferramentas de
apoio à decisão, ações de comunicação so-
cial, fontes de financiamento e, também,
Dessa forma, foi possível responder a questões voltadas
intervenções físicas seletivas que, ao serem
para:
implementadas pela União, possibilitam e
potencializam o equacionamento e as so-
luções regionais ou locais de problemas
• A identificação de problemas regionais relevantes
relativos aos recursos hídricos e, simulta-
e sua hierarquia segundo a abrangência ou a área
neamente, estruturam uma ótica nacional
de influência.
indispensável ao seu efetivo gerenciamen-
• A identificação das articulações institucionais mais to, respeitadas as diretrizes de descentra-

24
lização e o princípio da subsidiariedade, Diante do exposto e refletindo sobre o objetivo geral,
como predicados inerentes ao SINGREH os objetivos estratégicos, que representam o que se
que se quer edificar. pretende alcançar com a implementação do PNRH,
orientam a definição das suas estratégias, que se con-
solidam na forma de diretrizes, programas e metas.
Diante dessa definição e à luz dos conceitos apresentados, Tais objetivos estratégicos (finalísticos) são formula-
em consonância com as Metas de Desenvolvimento do dos contemplando três dimensões, a saber:
Milênio e com os compromissos assumidos na Agenda 21
Brasileira, o Plano Nacional tem como objetivo geral:
• a melhoria das disponibilidades hídricas, super-
ficiais e subterrâneas, em qualidade e em quan-
[...]estabelecer um pacto nacional para a tidade;
definição de diretrizes e políticas públi-
• a redução dos conflitos reais e potenciais de uso
cas, voltadas para a melhoria da oferta
da água, bem como dos eventos hidrológicos
de água, em qualidade e quantidade, ge-
críticos;
renciando as demandas e considerando a
água um elemento estruturante para a im- • a percepção da conservação da água como valor so-
plementação das políticas setoriais sob a cioambiental relevante.
ótica do desenvolvimento sustentável e da
inclusão social.
Foto: Soraia Ursine

25
Foto: Eduardo Junqueira Santos
4 REFERÊNCIAS PARA
DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES
4 REFERÊNCIAS PARA DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES

A
s diretrizes do Plano Nacional de Recursos Hí- • Cadernos Regionais de Recursos Hídricos
dricos, pautadas pelas bases conceituais já apre-
Os Cadernos Regionais de Recursos Hídricos consistem
sentadas, foram estabelecidas utilizando uma
em estudos voltados para o estabelecimento de uma visão
série de insumos e de documentos básicos produzidos ao
regional dos recursos hídricos nas 12 Regiões Hidrográfi-
longo do processo de construção do Plano. Assim, citam-
cas brasileiras, cabendo destacar o caráter estratégico dos
se as seguintes referências principais:
documentos. No escopo desses cadernos foram incluídos
estudos retrospectivos, avaliação de conjuntura, assim
• Documento “Definição dos Limites de como o estabelecimento de prioridades regionais.
Abrangência do Escopo do Plano Nacional de
Os estudos contidos nos Cadernos Regionais de Recursos
Recursos Hídricos”
Hídricos serviram de subsídio para a consolidação dos rela-
Ressalta orientações de cunho conceitual e metodológico tórios do PNRH, bem como para a participação qualificada
e procura expressar o escopo necessário para o desenvol- nos Seminários Regionais de Prospectiva e no Seminário
vimento e a consolidação do PNRH, discernindo os temas
Nacional de Consolidação de Diretrizes e Programas.
abordados, uma vez que se trata de um plano de abran-
gência nacional e de cunho eminentemente estratégico. O A particularidade da base técnica de âmbito regional

documento foi amplamente debatido pela Câmara Técni- consistiu na articulação dos estudos com a dinâmica do
ca do Plano Nacional de Recursos Hídricos (CTPNRH) processo participativo no âmbito das 12 Regiões Hidro-
em junho e julho de 2005. gráficas, conforme a agenda das Comissões Executivas
Regionais, criadas para subsidiar a sistemática descentra-
lizada de discussões sobre o PNRH ao longo das diversas
• Cadernos Setoriais de Recursos Hídricos etapas de sua execução.
Os Cadernos Setoriais de Recursos Hídricos consoli-
daram-se na forma de estudos sobre os diversos setores
usuários da água, como a indústria e o turismo; a agrope- • Diagnóstico dos recursos hídricos
cuária, a aqüicultura e a pesca; a geração de energia elé- O volume 1 do PNRH, Panorama e estado dos recursos
trica, o saneamento ambiental e o transporte aquaviário. hídricos do Brasil, traça um diagnóstico da situação atual
Desenvolvidos com o objetivo de caracterizar a relação de dos recursos hídricos no país sob os aspectos físicos, bió-
cada setor usuário com a água, sendo ela insumo para suas
ticos, socioeconômicos, institucionais e políticos, além de
atividades produtivas, os Cadernos contemplaram para
contemplar a definição de um quadro referencial do país
cada setor, entre outros aspectos, a questão da água e os
em termos de qualidade e quantidade das águas, superfi-
desafios a serem enfrentados; a caracterização e a análise
ciais e subterrâneas.
da dinâmica histórica do setor; a situação atual do setor; a
análise conjuntural e seus reflexos, bem como os planos e Os estudos contêm ainda avaliações sobre a conformidade
os programas setoriais. para o abastecimento das populações, assim como sobre a

28
conformidade da base econômica instalada ante as carac- • Insumos da dinâmica do processo participativo
terísticas climáticas e as disponibilidades hídricas a fim de
Como parte da estratégia de planejamento participativo
propiciar o estabelecimento de diretrizes para a gestão da
inserida no processo de construção do Plano Nacional
oferta e da demanda da água. A análise (diagnóstica) foi
de Recursos Hídricos, foram realizados diversos even-
conduzida no sentido de delinear as perspectivas para a
gestão sustentável da água tendo como focos principais as tos, a saber:

áreas muito críticas, as críticas e aquelas com problemas


potenciais. Portanto, sistematiza os condicionantes para a
– Seminários Regionais
utilização da água, bem como avalia os avanços e as neces-
sidades de aperfeiçoamento do processo de gestão. Foram realizados seminários nas 12 Regiões Hidrográfi-
cas, com foco em sugestões e propostas de diretrizes para
o PNRH, bem como em demandas por programas.
• Aspectos macroeconômicos e cenários prospec-
tivos (Águas para o futuro: cenários para 2020)
Os estudos que contêm as hipóteses de desenvolvimento – Encontros Públicos Estaduais e Distrital
macroeconômico (ANA, 2005b) procuraram caracteri- Os Encontros Públicos realizados nas 27 unidades da Fe-
zar qual modelo de crescimento econômico terá maiores
deração também estiveram focados em sugestões e pro-
chances de prevalecer no país ao longo da vigência do Pla-
postas de diretrizes e demandas por programas, bem como
no Nacional de Recursos Hídricos de 2005 a 2020.
no retorno sobre o acúmulo dos trabalhos desenvolvidos
Tal modelo poderá ser determinante para delimitarem- ao longo do processo de desenvolvimento do PNRH.
se as pressões que poderão advir sobre a base de recursos
naturais das regiões brasileiras, sobre a inserção de nos-
sa economia na nova divisão internacional do trabalho, – Oficinas temáticas e setoriais
sobre os grupos sociais e sobre os setores produtivos que
Foram realizadas sete oficinas temáticas e setoriais, que
terão maiores ganhos e perdas e, particularmente, sobre a
objetivaram a obtenção de contribuições específicas sobre:
escassez relativa e os usos alternativos dos recursos hídri-
(i) a inserção das questões de gênero na gestão integrada
cos do país.
dos recursos hídricos; (ii) a integração da gestão de recur-
Os estudos de cenários prospectivos conjugam hipóteses
sos hídricos com a gestão ambiental, por intermédio das
distintas sobre as incertezas críticas que configuram os fu-
contribuições do MMA e do Ibama; (iii) o papel da socie-
turos plausíveis dos recursos hídricos no Brasil. Além dos
dade civil na gestão integrada dos recursos hídricos; (iv)
cenários mundiais e nacionais, destacam-se grandes usu-
os desafios e as potencialidades do segmento de usuários
ários da água, bem como as perspectivas de gestão, tendo
em consideração as características econômicas, políticas ante os recursos hídricos e a implantação do SINGREH;

e sociais do país. Esses estudos explicitam as invariâncias (v) a inserção de diretrizes para o manejo de águas de chu-

constatadas nos cenários, sugerindo algumas orientações va no PNRH; (vi) os aspectos políticos, socioculturais e a
para a elaboração das estratégias do Plano Nacional de Re- água; e (vii) orientações voltadas para a gestão de recursos
cursos Hídricos. hídricos transfronteiriços.

29
– Seminário Nacional de Consolidação de Diretrizes A partir das referências apresentadas, as diretrizes foram
e Programas estabelecidas e sistematizadas em uma matriz, segundo

Foi realizado com o objetivo de debater as diretrizes e os as mencionadas perspectivas de análise abordadas no
programas propostos para o PNRH, criando um ambiente capítulo 2, conforme ilustra a Figura 4.1.
propício ao estabelecimento de acordos sociopolíticos em
torno dos recursos hídricos do país.

Perspectivas
de análise

Relação de diretrizes,
Conceitos e políticas recomendações e princípios
regentes das ações
do PNRH
metodológicos...

Inserção espacial
e cenários prospectivos
de desenvolvimento
e traduzidas em
possíveis
macrodiretrizes
Contexto intra-setorial e linhas
e intersetorial da gestão programáticas
de recursos hídricos

Natureza
dos problemas de
recursos hídricos
...agrupadas segundo temas
de interesse do Plano

Outras abordagens
temáticas

...que constituem a base para a consolidação dos programas que devem estruturar
o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)

FIGURA 4.1 – Esquema de organização das diretrizes do PNRH


Fonte: ANA, 2005a (Adaptado)

30
Foto: Caule Rodrigues

31
Foto: Governo do Maranhão/Márcio Vasconcelos
5 AS DIRETRIZES
DO PLANO NACIONAL
DE RECURSOS HÍDRICOS
5 AS DIRETRIZES DO PLANO NACIONAL
DE RECURSOS HÍDRICOS

A ampla dimensão das perspectivas de análise considera- variáveis derivadas dos cenários prospectivos e das hipóteses
das permite observar a expressiva variação do conjunto traçadas para o desenvolvimento macroeconômico do país,
de diretrizes relacionadas, seja em termos de suas escalas que, seguramente, apresentam repercussões importantes so-
espaciais, seja em ênfase setorial, requisitos institucionais bre a gestão dos recursos hídricos no Brasil.
e demandas executivas. Tal fato pode ser confirmado pelo
A metodologia adotada na cenarização destaca a identifi-
exame da matriz de sistematização das diretrizes e pela
cação de incertezas críticas, da multiplicidade de atores
identificação de linhas programáticas do Plano Nacional
relevantes e de invariâncias que persistem em quaisquer
de Recursos Hídricos, apresentadas, em sua íntegra, no sí-
dos cenários que venham a ser considerados para a elabo-
tio do PNRH na internet (http://pnrh.cnrh-srh.gov.br), no
ração do PNRH. Como incertezas críticas, que condicio-
qual se encontram agregadas as contribuições dos seminá-
nam os cenários em questão, merecem destaque:
rios regionais e de todas as oficinas temáticas e setoriais.

A mencionada diversidade de diretrizes mostra a impor-


tância de se manter certa flexibilidade tática na implemen- • o ritmo do crescimento econômico internacional;
tação do PNRH, reservando esforços para a identificação • a dinâmica econômica nacional (modelo e ritmo);
dos vetores que podem conferir ao Plano as necessárias
dinâmicas político-institucionais e operacionais sob o • o comportamento das principais atividades econô-
enfoque setorial (das variáveis supervenientes e interve- micas do país (forma, ritmo, padrão tecnológico e
nientes) ou espacial. Em outras palavras, deve-se admitir áreas de expansão de fronteiras agrícolas, da irriga-
que setores possam impulsionar a temática dos recursos ção, pecuária, indústria, aqüicultura e transporte);
hídricos ou que problemas regionalmente localizados se • a matriz energética, em especial a construção de no-
apresentem como núcleos de sustentação para a gestão de vas usinas hidrelétricas (quantidade, localização e
bacias hidrográficas. Assim, o PNRH deve ter flexibilidade padrões ambientais e tecnológicos);
suficiente para abrigar diferentes escalas e abordagens de
• o saneamento ambiental (ritmo e forma de atendi-
intervenção.
mento ao passivo ambiental e às demandas sociais,
contidas e novas);
5.1 DIRETRIZES GERAIS E ESTRATÉGIA • a institucionalização da gestão integrada de recursos
ROBUSTA DO PNRH hídricos (a efetividade da implantação do SINGREH,
a elaboração e a implementação de planos de bacia, a
integração com as demais políticas públicas e a con-
Complementarmente à consideração do amplo conjunto
sistência da participação social no processo);
de diretrizes e demandas por programas, sistematizado na
matriz anteriormente citada e apresentado no sítio do Plano • os investimentos em proteção e gestão de recursos
Nacional de Recursos Hídricos, é fundamental, para con- hídricos (volume de investimentos, localização e
solidar a concepção do PNRH, dedicar especial atenção às prioridades).

34
Diante dessas incertezas, devem ser consideradas as O cruzamento do conjunto de incertezas críticas com os
atitudes próprias à multiplicidade de atores relevantes, comportamentos e as reações potenciais da multiplici-
dade de atores relevantes permite vislumbrar a extrema
dentre os quais foram listadas:
complexidade que a gestão dos recursos hídricos encerra,
caso se pretenda uma administração pautada por relacio-
namentos próximos e diretos, e o Estado não detém tal
– as grandes potências internacionais; capacidade de administração e gerenciamento.

– empresários de indústrias impactantes sobre os re- Com efeito, o que se pode pretender delimitar é apenas o
cursos hídricos; traçado do “ambiente” institucional no qual as múltiplas
interações terão seus reflexos, representando os contornos
– empresários industriais de grande consumo de água; do modelo institucional do SINGREH.

– empresários da agroindústria; Não obstante tal complexidade, alguns elementos comuns


aos diversos cenários dos recursos hídricos do Brasil per-
– empresários da agricultura irrigada; mitem enfrentar as incertezas comuns e se antecipar às
tendências presentes nos diversos cenários construídos,
– empresários da agricultura moderna convencional;
constituindo o que se denomina de estratégia robusta.
– empresários do turismo;
Essa estratégia robusta, associada à própria consolidação
– usuários e empresários da navegação; do modelo institucional do SINGREH, considerado um
dos principais produtos (ou resultados) intermediários da
– empresas de produção de energia hidrelétrica; implementação do PNRH, dará viabilidade aos objetivos
estratégicos e aos resultados substantivos do Plano.
– concessionárias de saneamento;
Os três cenários plausíveis para o Brasil 2020 foram cons-
– empresas mineradoras; truídos com base em um conjunto de incertezas críticas,
conforme a síntese a seguir:
– formuladores de políticas públicas;

– agências reguladoras e executivas;


ÁGUA PARA TODOS
– instituições de fiscalização e controle;
O mundo cresce de maneira contínua, e nele o Brasil
– Ministério Público; adota um modelo de desenvolvimento que reduz a po-
breza e as desigualdades sociais, com bom índice de
– governos estaduais; desenvolvimento econômico e políticas sociais consis-
tentes e integradas.
– governos municipais;
As atividades econômicas expandem-se em todo o país,
– ONGs ambientalistas que tratam dos interesses dos bem como a infra estrutura urbana, com fortes porém
consumidores e de outros direitos; declinantes impactos sobre os recursos hídricos graças a
uma gestão operativa, a significativos investimentos de
– movimentos populares e religiosos;
proteção dos recursos hídricos, à adoção de novas tec-
– países limítrofes ao Brasil; nologias e a mudanças nos padrões de produção e con-
sumo. O país encontra uma forma mais eficaz no uso
– instituições nacionais e multilaterais de cooperação das águas, incluindo o planejamento e a implementação
e financiamento. do uso múltiplo, integrado, harmônico e sustentável.

35
ÁGUA PARA ALGUNS a promoção do desenvolvimento do país; (ii) um novo
ciclo de expansão de médio e longo prazos, com ma-
O mundo e o Brasil são regidos por forte dinamismo
nutenção de taxas de crescimento da ordem de 4% a 5%
excludente, com expansão das atividades econômicas
a.a.; (iii) os novos paradigmas para o desenvolvimento,
no país, fortes impactos sobre os recursos hídricos e
conformados pela busca de sustentabilidade, por arranjos
aumento da desigualdade social.
institucionais participativos e pela endogenia de fatores;
Crescem fortemente as usinas hidrelétricas e mediana- (iv) a acentuação das disparidades regionais, resultante
mente a rede de saneamento. A degradação dos recur- do novo ciclo de desenvolvimento, reforçando o perfil de
sos hídricos é notória, com uma gestão liberal, planos concentração relativa nas regiões Sudeste e Sul do país,
inoperantes, participação social formal e pouca regu- que passariam a experimentar taxas mais expressivas de
lamentação e fiscalização no uso das águas. Assim, os crescimento; (v) o “capitalismo natural”, em que o ele-
conflitos crescem e a degradação compromete a quali- mento de dinâmica da economia não seria conferido por
dade dos recursos hídricos. O uso múltiplo das águas é setores dominantes, mas por maior produtividade na ex-
parcialmente resolvido nas áreas de exportação. ploração dos recursos naturais e pela mitigação dos cor-
respondentes impactos ambientais.

É importante lembrar que o setor de recursos hídricos não


ÁGUA PARA POUCOS detém competências ou instrumentos para uma atuação
O Brasil não aproveita as poucas oportunidades de substantiva sobre todas as variáveis que condicionam os
um mundo instável e fragmentado e tem pequeno cenários prospectivos e o contexto do desenvolvimento
crescimento das atividades econômicas e da infra-es- macroeconômico.
trutura urbana, com manutenção dos índices de po- Como orientação geral, quando as variáveis são afetas à
breza e desigualdade social. gestão das águas, deve-se pensar em atitudes proativas.
Os investimentos em proteção de recursos hídricos são Caso contrário, cabe assumir um viés preventivo ou de
pequenos, seletivos e corretivos, sob uma gestão buro- atenuação de impactos socioambientais indesejados. Com
crática. Os conflitos e os problemas em torno dos re- efeito, no mínimo podem-se evitar determinadas conse-
cursos hídricos crescem, particularmente nas regiões qüências previstas em cenários tendenciais ou indeseja-
hidrológicas já deficientes e nas localidades problemá- dos, atuando para que a gestão dos recursos hídricos não

ticas. Não há expansão significativa da hidreletricidade. seja licenciosa ou meramente burocrática.

Agrava-se a contaminação das águas subterrâneas em De fato, sob qualquer condição, compete ao setor tratar da
algumas regiões hidrográficas. gestão e garantir o adequado uso múltiplo das águas, o que
permite identificar, assim, uma das linhas de atuação prio-
ritária do PNRH, que deve contemplar os temas da gestão
As hipóteses de desenvolvimento macroeconômico que e do planejamento integrado dos recursos hídricos.
condicionam os cenários futuros, afetando a gestão de re-
Uma análise detida dos cenários prospectivos, da contex-
cursos hídricos no Brasil (ANA, 2005b), devem ser consi-
tualização do desenvolvimento macroeconômico, bem
deradas também como contribuição adicional aos cená-
como da ampla matriz de diretrizes e demandas por pro-
rios prospectivos.
gramas permite constatar determinados fatores, denomi-
Resgatam-se, nesse contexto, as cinco questões apresen- nados invariâncias, apresentados a seguir, que estão sem-
tadas no capítulo 2, a saber: (i) o modelo de inserção in- pre presentes e apresentam repercussões fundamentais
ternacional competitiva como alternativa adotada para sobre os recursos hídricos.

36
Invariâncias • A necessidade de se definir, para essa “construção do
futuro”, como serão subsidiadas as decisões ao longo
do tempo, pautadas pelas perspectivas dos diversos
• O crescimento dos problemas de saneamento cenários, em particular sobre como serão contorna-
ambiental. das as incertezas críticas, de modo que se conduza a
• A expansão das atividades rurais, particularmente área de recursos hídricos o mais próximo possível do
da irrigação. cenário desejável.

• As hidrelétricas continuarão a ser implantadas em • O enfoque principal do PNRH em diretrizes estra-


qualquer cenário, ainda que de modo condicio- tégicas de abrangência nacional, com ênfase nos
nado pelas exigências ambientais, pelo transporte temas da gestão e do planejamento integrado dos
aquaviário, pelo multiuso e pelo respeito às popu- recursos hídricos.
lações atingidas. • A perspectiva da gestão, em essência, como a conso-
• A necessidade de conservação de aqüíferos estratégi- lidação do SINGREH, com suas características de um
cos, especialmente o Aqüífero Guarani. sistema descentralizado e participativo, capaz de mo-
bilizar e assegurar uma inserção orgânica dos diversos
• O perigo de que o SINGREH seja burocratizado e
atores sociais afetos às questões de recursos hídricos.
perca operatividade.
• A inserção orgânica de atores sociais afetos às ques-
• A necessidade de conhecimentos, bem como de desen-
tões de recursos hídricos deve ter por objetivo a
volvimento e adoção de novas técnicas de utilização
dos recursos hídricos e de tratamento de efluentes. construção de uma agenda positiva, com vistas a
assegurar padrões adequados de disponibilidades hí-
• Os investimentos para o manejo eficaz dos recur- dricas, em qualidade e quantidade, para a atual e as
sos hídricos. futuras gerações.
• A necessidade de que os gestores de recursos hídricos
Com efeito, sabe-se que dentre os principais desafios que venham a conhecer a lógica regente da atuação dos
demandam maior necessidade de gerenciamento no cam- setores usuários, assegurando que as vertentes que
po dos recursos hídricos no país se encontram a poluição objetivam soluções mais econômicas em seus pro-
hídrica originada por esgotos domésticos não tratados, o cessos de produção e de oferta de serviços tomem
crescimento da demanda potencial de água por cultivos o cuidado de computar todos os custos envolvidos,
irrigados e pela criação animal, a implantação de empre- incluindo os investimentos em soluções integradas e
endimentos para a geração de hidreletricidade (matriz de os aspectos socioambientais.
energia elétrica) e a estruturação de fontes de financia-
• A indispensável e efetiva articulação entre a política de
mento para ações em recursos hídricos.
recursos hídricos e a política dos setores usuários, no-
As invariâncias, associadas a uma visão de futuro, dispõem tadamente para que programas e projetos setoriais in-
os elementos necessários à definição da chamada estraté- corporem transversalmente diretrizes e preocupações
gia robusta para a implementação do PNRH, constituída ambientais e para com as disponibilidades hídricas.
pela aplicação das seguintes diretrizes gerais e por princí-
• A consolidação do próprio PNRH como instru-
pios norteadores:
mento de incentivo para que os vários segmentos
de usuários, em especial o transporte aquaviário e
• A adoção de uma atitude proativa e não apenas con- a irrigação, desenvolvam esforços de planejamento
templativa, com vistas à “construção do futuro”, que que resultem no estabelecimento de diretrizes e na
se deve refletir no comportamento das instituições construção de políticas de abrangência nacional para
responsáveis pela implementação do PNRH. os diversos setores.

37
• O cômputo dos aspectos mencionados na fase de pla- • A articulação intersetorial, em uma perspectiva mais
nejamento do uso dos recursos hídricos, como forma ampla, que atinja o campo das políticas macroeco-
efetiva (orgânica) de incorporar as diversas políticas nômicas, que sofrem, a médio e longo prazos, com
e não como medida posterior, voltada apenas à miti- custos derivados da deterioração ambiental e das
gação de impactos. disponibilidades hídricas, mesmo que restrições de

• A estratégia de implementação do PNRH e da pró- orçamento possam resultar em pequenas economias


pria Política de Recursos Hídricos, reconhecendo os no fluxo de caixa de curto prazo.
esforços empreendidos pelos setores usuários para a • O destaque dos temas da gestão e do planejamento,
incorporação de todos os custos envolvidos em seus notadamente quando entram em questão ações re-
processos – inclusive ambientais, de integração de gulatórias substantivas, como forma atrativa de jus-
usos múltiplos e de conservação dos recursos hídri- tificar, perante a área macroeconômica, bons investi-
cos –, passando a apoiar iniciativas e avanços, como mentos em recursos hídricos.
forma de incentivar sua continuidade e permanência
• Ações de comunicação social e difusão de informações
e de superar a tradicional atitude de mera imposição
centradas na disseminação para os setores usuários
de restrições e penalidades.
da percepção sobre o valor e a importância da água
• A superação (sem suprimir), em termos técnicos e
para o desenvolvimento econômico e social do país, a
conceituais, de mecanismos tradicionais de coman-
ser promovido de modo ambientalmente sustentável,
do e controle, incorporando, de modo coordenado
o que poderia conferir ganhos ponderáveis de aceita-
e complementar, formas de construção de consensos
bilidade do SINGREH, dos instrumentos e das ações
sociais, instrumentos descentralizados de incentivo
de gestão dos recursos hídricos, conformando um
econômico e alternativas que promovam a adesão
ambiente de parceria e não de confrontação.
dos usuários a objetivos ambientais e de conservação
dos recursos hídricos. • O apoio de um documento voltado à estratégia de
implementação do PNRH, elaborado para atender às
• O desenvolvimento, pelo setor de recursos hídri-
etapas seguintes a sua formulação, bem como a orga-
cos, de instrumentos e mecanismos consistentes e
nização de um sistema de gerenciamento orientado
duradouros que orientem os estudos sobre critérios
para aferir objetivos finalísticos e resultados (ou pro-
de preservação e utilização múltipla das águas para
dutos) intermediários que lhes conferem viabilidade,
fins de elaboração de programas e projetos setoriais
mediante os adequados indicadores de monitora-
integrados e das respectivas análises de pedidos de
reserva de disponibilidade hídrica e da posterior mento e avaliação.

concessão de outorga de direito de uso dos recursos • Por fim, o estabelecimento e o detalhamento de como
hídricos, de acordo com os processos legais vigentes. será o processo de constante atualização do PNRH,
• A aplicação potencial de instrumentos como os pla- mediante o qual serão empreendidas adequações, pau-
nos integrados de recursos hídricos e as avaliações tadas por experiências, aprendizados, novas realidades
ambientais estratégicas, que podem oferecer impor- econômicas, evolução de indicadores do Plano e/ou
tantes subsídios aos processos de concessão de ou- novas diretrizes político–institucionais, observadas
torga de direito de uso da água e de licenciamento durante o período de sua implementação, segundo a
ambiental de empreendimentos. periodicidade a ser oportunamente estabelecida.

38
5.2 CONSOLIDAÇÃO DAS MACRODIRE- • Identificar tendências comuns constantes dos diver-
TRIZES DO PNRH sos cenários prospectivos dos recursos hídricos do
Brasil, incorporando uma avaliação dinâmica aos
estudos de diagnóstico desenvolvidos no PNRH e
A análise integrada da matriz de diretrizes e de deman- considerando a formulação de uma estratégia robus-
das por programas com os princípios norteadores e as ta que permita aproveitar as oportunidades e reduzir
prioridades apontadas pela estratégia robusta permitiu as ameaças.
a consolidação de macrodiretrizes, organizadas em cinco
• Promover a gestão conjunta, com outros países, de
conjuntos, que guardam estreita coerência interna, cuja rios transfronteiriços, fronteiriços e de aqüíferos
descrição é apresentada na seqüência: estratégicos.

• Identificar interesses geopolíticos do Brasil em suas


Primeiro Conjunto fronteiras e nos países vizinhos no que concerne
à gestão de bacias hidrográficas no contexto sul-
O primeiro conjunto de macrodiretrizes volta sua atenção
americano.
para algumas das variáveis críticas relacionadas com a in-
serção do país nos contextos global, latino americano e ca- • Estabelecer uma agenda de cooperação científica e
ribenho, para fins de identificação e acompanhamento de tecnológica com os países fronteiriços.
demandas sobre produtos que utilizam água como insumo • Promover o cumprimento da agenda internacional
de produção, considerando, também, interesses geopolíti- brasileira, considerando a incorporação dos objetivos
cos na gestão de bacias de rios transfronteiriços e fronteiri- e das metas estabelecidos pelos compromissos e pelas
ços, bem como o cumprimento de acordos, compromissos agendas internacionais que apresentem sinergia com
e tratados internacionais celebrados pelo Brasil. a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH).

Em acréscimo à consideração dessas variáveis exógenas, • Definir critérios para o traçado de unidades territo-
cumpre identificar o comportamento de vetores endóge- riais de planejamento, de gestão e de intervenção em
nos de desenvolvimento, notadamente no que concerne à recursos hídricos, bem como de orientação para a ins-
localização espacial de vetores de expansão econômica. talação de comitês e Agências de Água, acompanha-
dos dos adequados instrumentos de gestão, tal como
Na perspectiva de uma visão integrada e integradora da
previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos.
gestão de recursos hídricos, cabe ponderar os aspectos
hidrológicos, ambientais, socioeconômicos e político-ins-
titucionais que concorrem para a definição de unidades Segundo Conjunto
de planejamento, de gestão e de intervenção em recursos
Considerando que o Sistema Nacional de Gerenciamento de
hídricos, sempre articulados às dimensões mais amplas
Recursos Hídricos (SINGREH), em cujo contexto estão orga-
– global, macrorregional e nacional –, já mencionadas.
nicamente inseridos os Sistemas Estaduais de Gerenciamento
Essas perspectivas podem ser expressas pelas seguintes de Recursos Hídricos (SEGRHs), não se encontra implemen-
macrodiretrizes: tado em sua plenitude, o segundo conjunto de diretrizes do
PNRH deve ser o próprio ordenamento institucional da gestão
integrada dos recursos hídricos no Brasil (GIRH), que deve
• Avaliar a inserção socioeconômica do país no cená- tratar do modelo institucional adotado, dos instrumentos de
rio político internacional, considerando as vantagens gestão previstos e de ações de capacitação e de comunicação
comparativas e os fatores exógenos que apresentem social que confiram suporte a todos os atores envolvidos e ao
reflexos sobre a utilização dos recursos hídricos. funcionamento do sistema e de suas ferramentas de atuação.

39
As macrodiretrizes dessa linha de abordagem podem ser • Melhorar e consolidar o conhecimento sobre o
assim formuladas, quanto aos principais aspectos institu- comportamento hidrológico, hidrogeológico e da
cionais e legais envolvidos: qualidade das águas, como forma de aprimorar
as bases técnicas e apoiar a tomada de decisões na
gestão das águas.
• Aperfeiçoar a implementação da Política Nacional de
• Organizar, sistematizar e disseminar as informações
Recursos Hídricos, qualificando e aprimorando a atua-
hidrológicas, hidrogeológicas e de qualidade das
ção dos integrantes do SINGREH, bem como efetivan-
águas, contribuindo para a realização de estudos e
do a articulação entre as entidades que o integram.
projetos e para a construção do conhecimento, qua-
• Definir estratégias institucionais, notadamente de lificando o diálogo entre aqueles que atuam na temá-
interlocução entre as entidades colegiadas do SIN- tica da gestão das águas.
GREH, conferindo maior dinâmica à gestão dos re-
• Implementar, desenvolver e modernizar o sistema de
cursos hídricos.
outorga dos direitos de uso de recursos hídricos de
• Apoiar a organização dos Sistemas Estaduais de forma articulada entre os órgãos gestores e com a par-
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRHs), ticipação dos usuários das águas, utilizando metodo-
construindo e consolidando capacidades, por meio logias voltadas para a definição de critérios que levem
da adoção de políticas consistentes e robustas de ca- em conta as especificidades regionais, tendo como
pacitação e fixação de quadros nas entidades, com base as diretrizes de planos de recursos hídricos.
vistas à descentralização de funções e competências,
• Integrar o instrumento da outorga com os processos
sempre que possível.
autorizativos do Sisnama, notadamente o licencia-
• Consolidar o marco legal e institucional existente, mento ambiental.
promovendo a mútua adequação do SINGREH e
• Apresentar proposições para ações de integração en-
o ordenamento administrativo do aparelho esta-
tre os órgãos gestores de recursos hídricos, visando à
tal brasileiro; e adequar o modelo preconizado outorga em rios fronteiriços e transfronteiriços, em
na Lei n° 9.433/1997 ante à diversidade socioam- zonas costeiras, assim como a articulação com o De-
biental do país e às necessidades de regulamen- partamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
tação da legislação de recursos hídricos. no que tange às águas minerais.
• Identificar fontes de receita para financiamento de • Promover as ações de fiscalização segundo uma
ações voltadas para a gestão integrada dos recursos abordagem sistêmica, planejada por bacia hidrográ-
hídricos, com vistas à sustentabilidade econômico- fica, com observância das inter-relações entre os usu-
financeira do sistema e das ações propostas. ários com o intuito de garantir os usos múltiplos na
bacia, privilegiando o caráter educativo e preventivo
do processo de fiscalização.
Quanto aos aspectos instrumentais, as macrodiretri-
zes serão: • Estimular a fiscalização integrada, visando a uma
maior eficiência e otimização dos meios e dos ins-
trumentos, bem como a harmonização de condutas
• Identificar os usos e os usuários das águas superfi- e procedimentos para proporcionar tratamento justo
ciais e subterrâneas para conhecer as demandas e os aos usuários de recursos hídricos, com a constatação
consumos de água, o perfil do usuário, as tecnologias e a aplicação de penalidades de forma harmônica
utilizadas, dentre outras características. pela União e pelas unidades da Federação.

40
• Implementar os instrumentos de planejamento da dricos subterrâneos e superficiais, sob a ótica da qua-
Política Nacional de Recursos Hídricos, consideran- lidade e da quantidade.
do as necessárias articulações entre o Plano Nacional,
• Produzir conhecimento e estimular a inovação tec-
os Planos Estaduais e os Planos de Bacia Hidrográfi-
nológica, com vistas a proporcionar a gestão das de-
ca, bem como as peculiaridades e a abrangência das
mandas e o aumento da oferta de água, contribuindo,
ações de cada um, além das articulações dos Planos
ainda, para assegurar os usos múltiplos e a necessária
de Bacia com os Planos Diretores Municipais.
disponibilidade de água em padrões de qualidade e
• Estabelecer e aperfeiçoar o sistema de cobrança pelo
quantidade adequados aos diversos usos.
uso dos recursos hídricos, adequando as peculiarida-
des regionais, e de forma negociada, aos comitês, aos • Ampliar, mediante estudos e pesquisas, o entendi-
órgãos gestores e aos usuários, destinando a aplica- mento das relações entre a dinâmica das disponibili-
ção dos recursos à bacia de origem. dades hídricas e o comportamento climático.

• Implementar sistema de acompanhamento que gere • Promover o desenvolvimento de pesquisas e a difu-


informações que levem a reconhecer a cobrança pelo são de tecnologias orientadas para a integração e a
uso dos recursos hídricos como um fator de estímulo conservação dos ecossistemas de água doce e flores-
à inovação tecnológica e à adoção de práticas de uso tal, com a previsão dos efeitos das mudanças climá-
mais racional dos recursos hídricos. ticas, por meio de modelos de suporte para tomada
• Estabelecer mecanismos de compensação financei- de decisões.
ra para proteção, recuperação e conservação de rios, • Disponibilizar, em favor de populações tradicionais
nascentes e estuários.
e dos povos indígenas, alternativas de oferta de água
• Sistematizar os dados gerados pelos órgãos e pelas en- compatíveis com seu contexto sociocultural e buscar
tidades integrantes do SINGREH, garantindo o aces- tecnologias apropriadas para a inserção socioeconô-
so a essas informações para a sociedade em geral, uma mica de pequenos e médios produtores, sempre sob
vez que tal acesso constitui fator fundamental para a a perspectiva da sustentabilidade.
tomada de decisões seguras e responsáveis por parte
• Promover a formação de profissionais para atuar
das comunidades, dos usuários e do poder público.
em gestão integrada de recursos hídricos, atualizar
• Desenvolver ferramentas e metodologias que possam
os decisores públicos do processo de gestão em seus
auxiliar os que atuam na área de recursos hídricos no
diversos níveis de atuação, como também qualificar
equacionamento e na solução de problemas relacio-
membros da sociedade, neles incluindo grupos tra-
nados ao processo de gestão integrada e descentrali-
dicionais e representantes das comunidades indíge-
zada desses recursos.
nas, para participar de forma efetiva dos colegiados
do SINGREH.
Em acréscimo, algumas linhas de atuação transversal de- • Criar bases para ampliar e democratizar as discussões
vem ser estruturadas em apoio aos avanços da gestão in- sobre a temática da água, estimulando o permanente
tegrada dos recursos hídricos no Brasil, conformando as
diálogo entre diferentes saberes – científico-tecnoló-
seguintes macrodiretrizes:
gico, filosófico e biorregional ou tradicional –, uma
vez que a construção do conhecimento caracteriza
• Desenvolver estudos e pesquisas para ampliar a base um processo que envolve multiplicidade de atores e
atual do conhecimento, no campo dos recursos hí- componentes.

41
• Promover a incorporação da perspectiva de gênero • Identificar os vetores que conferem a dinâmica dos
como elemento essencial na implementação da ges- problemas regionais que afetam os recursos hídricos –
tão integrada de recursos hídricos. a natureza plena dos problemas de recursos hídricos.

• Promover o empoderamento da sociedade na elabo- • Definir uma clara estratégia institucional, notada-
ração e na implementação da Política Nacional de mente de interlocução do SINGREH com os Estados
Recursos Hídricos, fortalecendo os canais de comu- (SEGRH), bem como com os principais setores usu-
nicação existentes e a criação de novos, assim como o ários e com as instituições públicas que formulam e
aperfeiçoamento dos meios de interlocução social. implementam as políticas de desenvolvimento nacio-
nal e regional, visando a garantir a implementação
da Política de Recursos Hídricos como instrumento
Terceiro Conjunto transversal às demais políticas de desenvolvimento.
O terceiro conjunto de macrodiretrizes do PNRH trata de • Estabelecer uma agenda proativa entre os responsá-
suas articulações intersetoriais, inter e intra-institucionais, veis pela condução das políticas públicas, visando a
reconhecidamente essenciais para a efetividade da GIRH, sistematizar ações para o estabelecimento concreto
contemplando três abordagens principais. das relações entre a Política de Recursos Hídricos e
as políticas públicas correlatas.
Na medida em que parcela substantiva dos investimentos que
afetam a gestão das águas é efetuada pelos setores usuários, • Promover incentivos para que os vários segmentos
como inequivocadamente demonstrado pela análise do PPA, de usuários desenvolvam esforços de planejamento
período 2004 a 2007, a primeira abordagem deve, então, con- que resultem no estabelecimento de diretrizes e na
templar tanto uma perspectiva geral, na busca de coordena- construção de políticas de abrangência nacional para
ção e convergência de ações, como focos mais específicos, em os diversos setores.
temas que apresentem sombreamento de competências, com • Estimular que ações de planejamento setorial incor-
marcado interesse para a gestão dos recursos hídricos. porem a ótica de uso múltiplo e integrado desde sua
As macrodiretrizes correspondentes a essa abordagem etapa inicial.
podem ser assim expressas: • Avaliar formas de implementação do artigo 52 da Lei
no 9.433/1997.

• Fortalecer a dimensão sustentável do desenvolvimen-


to a partir da gestão da água ou de sua valorização A articulação intersetorial da GIRH resulta nas seguintes
como elemento estruturante para a implementação macrodiretrizes, pautadas pelo uso múltiplo e integrado
de políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento das águas, voltadas para a mitigação e a solução de proble-
sustentável e da inclusão social. mas relacionados aos recursos hídricos:
• Subsidiar linhas temáticas e diretivas que possam
orientar o PPA referente ao próximo período – de
• Promover a gestão em áreas sujeitas a eventos hi-
2008 a 2011.
drológicos ou climáticos críticos, considerando, no
• Subsidiar a definição de estratégias de articulação do caso de secas, as possibilidades de convivência com o
SINGREH com os setores usuários e com as institui- Semi-árido e a otimização da capacidade de suporte
ções públicas que formulam e implementam as polí- do ambiente, bem como as potencialidades da bio-
ticas de desenvolvimento nacional e regional, como diversidade, acrescidas da valorização do importante
também no ambiente interno ao MMA. arsenal cultural local, consolidado por comunidades

42
tradicionais e povos indígenas, com destaque para as duais de Recursos Hídricos, tendo em vista seu papel
questões de gênero, de geração e de etnias. como usuários e como eventuais responsáveis pelo
licenciamento ambiental de empreendimentos, sem-
• Para o caso de cheias urbanas, devem-se enfatizar me-
pre que receberem delegação para tanto.
didas de gestão e controle, considerando a dinâmica
imposta pela totalidade da bacia hidrográfica, confe- • Considerar que a área de recursos hídricos deve atu-
rindo prioridade às medidas não estruturais – perme- ar como fonte complementar para o financiamento
abilidade, uso e ocupação do solo, proteção de áreas de ações de saneamento, notadamente no campo das
lindeiras aos cursos de água, controle de inundações interfaces mencionadas, levando em conta a pers-
pectiva da bacia hidrográfica.
ribeirinhas, proteção de canais e dos mecanismos na-
turais de escoamento, entre outras alternativas. • Promover a atuação coordenada e integrada entre o
setor de saneamento e a área de recursos hídricos,
• Enfatizar, considerando a inserção de gênero, a par-
especialmente por intermédio dos instrumentos de
ticipação das populações como condição essencial
gestão: planos de bacia, metas de enquadramento,
para o sucesso das ações voltadas à prevenção e à de-
critérios de outorga e de cobrança pelo uso da água,
fesa de eventos hidrológicos críticos, como também
sistemas de informação, sem prejuízo da aplicação de
a articulação da gestão de recursos hídricos com o outros mecanismos.
zoneamento do uso e da ocupação do solo.
• Observar as sinergias entre programas previstos que
• Promover a gestão da oferta, por intermédio da contemplem atividades de saneamento e as ações no
ampliação, da racionalização e do reúso da água, campo dos recursos hídricos, notadamente para fins
considerando as especificidades socioambientais, de atenuação do passivo ambiental representado pe-
levando em conta a inovação e a modernização de los esgotos domésticos não tratados.
processos tecnológicos e a utilização de práticas
• Considerar as ações integradas de conservação de
operacionais sustentáveis.
solos e água no âmbito do manejo de microbacias no
• Promover a gestão da demanda, considerando a oti- meio rural sob duas vertentes: (i) projetos demons-
mização e a racionalização do uso da água, por meio trativos em áreas selecionadas, agregando conheci-
da diminuição do consumo e da geração de efluentes, mento sobre práticas bem-sucedidas, de caráter pre-
assim como as necessidades de modificação e ade- ventivo, ou orientadas para a recuperação de áreas já
quação dos padrões de consumo e variáveis do uso e degradadas; e (ii) pela difusão de projetos e experi-
da ocupação do solo. ências que já vêm sendo implementados por diversos
segmentos sociais, com potencial de transformação
• Promover a gestão de conflitos pelo uso da água, pas- em políticas públicas.
sando, fundamentalmente, pelas instituições e pelas
• Enfatizar as ações de conservação que promovam a
ferramentas oferecidas pela Política de Recursos Hí-
integridade dos ecossistemas aquáticos, assim como
dricos, pelo estabelecimento de mecanismos de incen-
as funções representadas pelo papel estratégico das
tivos, pelo planejamento articulado entre os setores e
florestas e das unidades de conservação na melhoria
as esferas de governo, assim como pela disseminação
do regime hídrico.
de experiências bem-sucedidas nesse campo.
• Integrar as políticas setoriais, garantindo a quan-
• Propor ações no campo do saneamento, com foco tidade e a qualidade das águas, superficiais e sub-
nas interfaces desse setor com a área de recursos hí- terrâneas, para os diversos usos requeridos, tendo
dricos, considerando, adicionalmente, a necessidade como base o fornecimento de energia hidrelétrica,
de promover mecanismos que incentivem maior in- como núcleo matriz de energia elétrica predomi-
serção dos Municípios nos Sistemas Nacional e Esta- nante no país.

43
• Considerar que as hidrelétricas continuarão a ser im- Quarto Conjunto
plantadas em quaisquer dos cenários prospectivos,
O quarto conjunto de macrodiretrizes contempla uma
devendo ser estabelecidas condições operacionais perspectiva espacial, definindo unidades geográficas de
para os reservatórios, de modo que se garanta o uso intervenção, nas quais os limites não necessariamente
múltiplo dos recursos hídricos, incluindo as pers- coincidem com os de uma bacia hidrográfica, que reque-
pectivas de navegabilidade dos cursos de água, e se rem ações e atividades ajustadas à natureza e à tipologia de
assegurem maiores benefícios e menores perdas para problemas regionais que se mostram bastante característi-
o conjunto da sociedade brasileira. cos, exigindo, por essa razão, que as linhas de atuação dos
programas e dos subprogramas já propostos nessas áreas
venham a sofrer uma especialização determinada por re-
Por fim, cabem abordagens específicas para o traçado de alidades específicas.
macrodiretrizes com forte sobreposição com aspectos Em acréscimo, cumpre reconhecer que as áreas geográfi-
setoriais que apresentam elevados impactos sobre os re- cas selecionadas reúnem forte apelo simbólico concernen-
cursos hídricos: te às temáticas ambiental e dos recursos hídricos.
Dessa forma, as macrodiretrizes que orientam a estru-
turação dos programas regionais do PNRH foram as-
• Promover estratégias voltadas à despoluição das
sim formuladas:
águas, passando, necessariamente, pelo tratamento
de esgotos sanitários, uma vez que a degradação da
qualidade das águas resulta desse enorme passivo • Detalhar, oportunamente, os programas regionais
ambiental que deve ser enfrentado pelo país, e con- em termos do ordenamento das ações e das ativi-
siderando que o crescimento dos problemas de sa- dades necessárias a cada unidade de intervenção,
neamento ambiental se destaca nos cenários como contemplando: (a) modelos institucionais de gestão
uma das mais importantes invariâncias, superada apropriados à natureza dos problemas a enfrentar;
apenas pelas atividades produtivas rurais (irrigação, (b) ênfases e prioridades na implantação de instru-
principalmente). mentos de gestão de recursos hídricos próprios a
cada região; e (c) intervenções físicas estruturais de
• Sob tal orientação, cabe resgatar e aprimorar a linha cunho regional, destinadas à recuperação das dispo-
de atuação do Programa de Despoluição de Bacias nibilidades hídricas, em quantidade e qualidade, e à
Hidrográfica (Prodes), no qual são priorizados a afe- sua conservação e aproveitamento de forma ambien-
rição e o pagamento pelos resultados efetivos alcan- talmente sustentável.
çados no tratamento de esgotos domésticos. • Considerar que as unidades geográficas prioritárias
• Buscar a otimização do uso da água pela agricul- para fins de estruturação de programas regionais
tura irrigada, mediante a adoção de tecnologias são: (i) aqüíferos estratégicos; (ii) Zona Costeira; (iii)
mais eficientes, bem como do manejo na irrigação Amazônia; (iv) Pantanal; e (v) Semi-árido. Nas zonas
costeiras, destacam-se, entre outros casos, o Comple-
sob o entendimento de que as elevadas demandas
xo Iguape–Cananéia–Guaraqueçaba; a Baía de Sepe-
do setor agrícola constituem o principal vetor de
tiba como desaguadouro de águas transpostas da ba-
conflitos potenciais por usos múltiplos da água no
cia hidrográfica do rio Paraíba do Sul para a bacia do
país e considerando que a expansão das atividades
rio Guandu, a zona costeira do Rio de Janeiro, a Baía
rurais, particularmente da irrigação, se constitui na de Guanabara e a Foz do Paraíba do Sul; o Complexo
principal invariância apontada nos cenários traça- Piracicaba,Tietê e Baixada Santista; o Complexo La-
dos pelo PNRH. gunar Mundaú–Manguaba.

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Quinto Conjunto Nesse sentido, cabe a seguinte macrodiretriz de ordem
geral:
Finalmente, o quinto conjunto de diretrizes diz respeito
ao modelo de gerenciamento executivo e de monitora-
mento e avaliação da implementação do PNRH, dado o
• Promover avaliações sistemáticas dos resultados
caráter continuado conferido ao Plano, com previstas atu-
da implementação do PNRH, visando a apoiar as
alizações periódicas, decorrentes de possíveis mudanças
necessárias atualizações, considerando que o Plano
de orientação, incorporação do progresso ocorrido, bem
se constitui em um processo permanente e flexível,
como de novas perspectivas, decisões e aprimoramentos
que se fizerem necessários. sujeito a correções de rumo.
Foto: Eduardo Junqueira Santos

45
Foto: WWF–Brasil/Samuel Barreto
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As diretrizes gerais e as macrodiretrizes estabelecidas for- Essas diretrizes gerais e as macrodiretrizes consubstan-
necem orientações para reforçar as oportunidades e supe- ciam princípios para orientar a tomada de decisões, cons-
rar os desafios, objetivando a solução dos problemas atuais tituindo-se, portanto, em elementos condutores para a
e potenciais relacionados aos recursos hídricos, atuando, concepção e o estabelecimento do conjunto de programas
quando possível, de forma proativa e preventiva para a an- do Plano Nacional de Recursos Hídricos, cuja implemen-
tecipação aos problemas e tendo como principais meios a tação, consoante com metas específicas, deverá possibili-
Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacio- tar o alcance dos objetivos pretendidos.
nal de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Foto: Eduardo Junqueira Santos

48
Foto: WWF–Brasil/Juan Pratginestós

49
Foto: Eduardo Junqueira Santos
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS

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