Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito
Administrativo
Capítulos 1 ao 16
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 1
Olá, aluno!
Bem-vindo ao estudo para os concursos de Carreiras Policiais. Preparamos todo esse material
para você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade,
garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma
inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para
a gente!
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.
Bons estudos
1
Recorrência da Disciplina
Caro concurseiro,
Para elaborar este material com o maior direcionamento e precisão possível, fizemos
uma análise minuciosa dos últimos editais das carreiras de Agente, Escrivão e Investigador de
Polícia, e pudemos verificar que a disciplina de Direito Administrativo possui forte incidência
nas provas. Ela representa uma boa fatia do seu edital, por isso nos aprofundaremos bastante,
o que você poderá verificar a seguir na quantidade de capítulos e títulos estudados. Através
destes dados, alcançamos a seguinte porcentagem de cobrança dos temas, verificados no
gráfico abaixo:
Controle da Direito
Licitação
Administração Administrativo
8% Princípios
Pública 5%
Responsabilidade 10%
7% Poderes
civil do Estado
administrativos
9%
9%
Serviços públicos
5% Organização
administrativa
15%
Agentes públicos
24%
Atos Administrativos
8%
2
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Administrativo da seguinte forma:
CAPÍTULOS
Capítulo 8 – Licitação.
3
Sumário
DIREITO ADMINISTRATIVO, Capítulo 1.................................................................................................................... 6
1.4.2 Lei.............................................................................................................................................................................. 16
4
1.4.3 Jurisprudência ...................................................................................................................................................... 17
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 34
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 38
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 39
5
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 1
Apontam-se, entretanto, algumas obras de glosadores da Idade Média, nas quais se considera
como os pontos iniciais dos atuais direitos constitucional, administrativo e fiscal, como a obra
de Andrea Bonello, o texto de Liber Constitutioni e a obra de Bartolo de Sassoferrato.
6
Aponta-se que a formação do Direito Administrativo, como ramo autônomo, a partir
do momento em que começou a debater-se sobre o conceito de Estado de Direito, o que
ocorreu no Estado Moderno, estruturado sobre o princípio da legalidade e sobre o princípio
da separação de poderes – princípios que aprofundaremos no segundo Capítulo.
Destaca-se, ainda, que com a publicação da obra Espírito das Leis, em que se
definiu a teoria da tripartição dos poderes, desenvolvida por Charles de Montesquieu, no
ano de 1748, foi decisiva para nascimento da ideia desse ramo do Direito.
7
1.1.1 Contribuição do Direito Francês
Diante de tal fato, o Conselheiro Davi concluiu que o Conselho de Estado era
competente para decidir a controvérsia, como também deveria fazê-lo em termos publicísticos,
já que o Estado era parte na relação jurídica. Com isso, houve o afastamento do instituto da
responsabilidade do campo do direito civil, reconhecendo o carácter especial das regras
aplicáveis aos serviços públicos.
Após apreciação do caso por parte do Conselho do Estado, este decide conceder
uma pensão vitalícia à vítima. São assim lançadas as bases da Teoria do Risco
8
Administrativo que estabelece a responsabilidade objetiva do Estado por danos causados
pelos seus agentes.
Acrescenta-se que foi o direito alemão que iniciou a valorização dos direitos
fundamentais e da constitucionalização dos princípios e valores que devem orientar a
atividade da Administração Pública, da teoria dos conceitos jurídicos indeterminados, do
princípio da dignidade da pessoa humana como fundante do Estado de Direito, do princípio
da proporcionalidade, do princípio da proteção à confiança.
1
Vide questão 9
10
Em relação a relativização de formalidades é importante saber que a Lei nº 13.726,
de 8 de outubro de 2018, instituiu o Selo de Desburocratização e Simplificação, além de
mecanismos para diminuir a burocracia e formalismo em órgãos públicos de todos os entes
da Federação.
1.2 Conceito
11
1.2.1 Critério das Relações Jurídicas
Para esse critério o Direito Administrativo estaria resumido na atuação desse poder.
Percebe-se, portanto, que tal critério ignora que a função administrativa pode ser exercida fora
do âmbito do Poder Executivo, e por isso não vigorou.2
Busca definir o Direito Administrativo como sendo tudo aquilo que não seja
atividade legislativa ou atividade jurídica. Surgiu diante da dificuldade em identificar o objeto
próprio do Direito Administrativo.
2
Vide questão 4
12
1.2.6 Critério do Serviço Público
O Direito Administrativo tem por objeto a disciplina jurídica dos serviços públicos,
ou seja, os serviços prestados pelo Estado a toda a coletividade.
A Escola da puissance publique foi desenvolvida no século XIX por Maurice Hauriou.
Essa teoria parte da distinção entre atividades de autoridade e atividades de gestão.
Esse critério não prosperou por deixar de lado uma série de atos praticados sem
prerrogativas públicas e que também são regidos pelo direito público.
1.3 Sentidos
3
Vide questão 10
14
A polícia administrativa compreende as restrições impostas por lei ao exercício de
direitos individuais em benefício do interesse coletivo. Compreende medidas de polícia, como
ordens, notificações, licenças, autorizações, fiscalização e sanções.
O macete para fixar o sentido subjetivo é: FOS é OAB. FOS são todas as inicias de como o
sentido subjetivo pode ser chamado: Formal, Orgânico e Subjetivo. OAB são os Órgão
1.4 Fontes
15
normativos da Administração Pública, bem como, parcialmente, a
jurisprudência;4 e
Fontes materiais: são as que promovem ou dão origem ao direito aplicável.
1.4.1 Constituição
1.4.2 Lei
É fonte primária e direta, eis que a Constituição de 1988 prevê a legalidade como
um dos princípios a que se submete a Administração Pública direta e indireta.
Nesse aspecto, a lei deve ser considerada em sentido amplo, abrangendo normas
constitucionais, legislação infraconstitucional, os regulamentos administrativos e os tratados
internacionais. Esse conceito está relacionado à ideia de juridicidade, ou seja, o administrador
deve respeitar a lei e o direito como um todo, conforme a distribuição de competências
prevista na Constituição Federal.
4
Vide questão 8
5
Vide questão 6
16
1.4.3 Jurisprudência
1.4.4 Doutrina
Tem natureza de fonte material, eis ela não integra o direito aplicável propriamente
dito, mas serve de fundamentação e de orientação para as decisões administrativas e judiciais,
como também serve de inspiração para o legislador. Sendo assim, pode ser considerada fonte
secundária.
1.4.5 Costume
6
Vide questão 5
17
A praxe administrativa também é considerada uma fonte desse direito, mas não se confunde
com os costumes. Os costumes carregam caráter de obrigatoriedade e na praxe inexiste essa
percepção.
1.5 Sistemas
Toda atividade exercida pelo Estado deve ser controlada pela sociedade, por meio
de seus representantes, afinal, o administrador público não é titular do interesse coletivo
(princípio da indisponibilidade do interesse público).
18
1.5.1 Sistema Francês
Apenas o Judiciário tem o condão de dizer o direito de forma definitiva e com força
de coisa julgada material.
Neste sentido, frisa-se que a coisa julgada administrativa, nada mais é senão a
impossibilidade de discussão de determinada matéria no âmbito de processos administrativos.
19
resolver seus conflitos com a administração pública instaurando processos administrativos ou
poderá recorrer ao judiciário.
Justiça desportiva: dispõe seu art. 217, §1° da CFRB/88 que "o Poder
judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas
após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”;
Habeas data: o interesse de agir configura-se pela recusa da entidade
administrativa em atender o pedido do impetrante;
Ato ou omissão administrativa que contrarie súmula vinculante para sua
submissão ao STF por meio da reclamação (art. 7º, § 1º, da Lei Federal nº
11.417/2006)
Mandado de Segurança não é cabível quando caiba recurso administrativo
com efeito suspensivo;
20
QUADRO SINÓTICO
Sofreu muita influência de outros direitos. Mas atualmente, tem passado por
profundas mudanças e seguido determinadas tendências:
Constitucionalização e o Princípio da Juridicidade: com a consequente
normatividade primária dos princípios constitucionais (juridicidade) e a
Direito centralidade dos direitos fundamentais.
Brasileiro Publicização do Direito Civil e privatização do Direito Administrativo:
tendência de transferir atividades do setor público para o setor privado.
Relativização de formalidades e ênfase nos resultados: a efetivação de
direitos fundamentais tem relativizado formalidades desproporcionais.
CONCEITO
21
A definição do que é o Direito Administrativo não é unânime na doutrina.
Critério das
O Direito Administrativo é o ramo do direito responsável pelas relações da
Relações
Administração com os administrados (particular).
Jurídicas
Critério
Considera que o Direito Administrativo é o ramo do direito responsável por
Teleológico ou
regular a atividade do Estado na busca de seus fins.
Finalístico
Critério
O Direito Administrativo é tudo que não seja atividade política, jurídica ou
Negativo ou
legislativa.
Residual
Corrente
O Direito Administrativo é o conjunto da legislação administrativa existente
Legalista/Escola
no país, desconsiderando o papel da doutrina e da jurisprudência.
Exegética
Critério do Conforme esse critério, o Direito Administrativo tem por objeto a disciplina
Serviço Público jurídica dos serviços públicos.
Escola de
Conceitua o direito administrativo partindo da distinção entre atividade de
Puissance
autoridade (império) e atividades de gestão.
Publique
SENTIDOS
22
dessa função: o serviço público (atividade executada para satisfazer as
necessidades coletivas); a polícia administrativa (atividades que implicam
restrição dos direitos individuais); o fomento (incentivo à iniciativa privada);
e a intervenção (regula a fiscalização da atividade econômica).
FONTES
SISTEMAS
23
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
afirmar, exceto:
jurídicos que regem as relações entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e
Comentário:
24
A única alternativa incorreta é a letra “A” pois, como estudamos neste capítulo, são fontes do
Direito Administrativo a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.
Questão 2
A) A lei é uma fonte primária e deve ser considerada em seu sentido amplo para abranger
inclusive os regulamentos administrativos.
B) O acordo é uma importante fonte do direito administrativo por ser forma de
regulamentar a convivência mediante a harmonização de pensamentos.
C) Os costumes, pela falta de norma escrita, não podem ser considerados como fonte do
direito administrativo.
D) A jurisprudência é compreendida como sendo aquela emanada por estudiosos ao
publicarem suas pesquisas acerca de determinada questão jurídica.
E) Uma doutrina se consolida com reiteradas decisões judiciais sobre o mesmo tema.
Comentário:
25
B) Incorreta. Isso porque, o acordo não é fonte do Direito Administrativo (apenas
leis, doutrina, jurisprudência e costumes).
Questão 3
Comentário:
Apesar de essa questão trazer em seu bojo temas ainda não tratados neste capítulo, ela fala
um pouco sobre as fontes do Direito Administrativo, por isso iremos analisá-la.
26
A) Incorreta. Ao contrário do que traz o item “A”, o objeto do Direito Administrativo
são as relações jurídicas calcadas preponderantemente em normas de direito público.
D) Incorreta. Lembra que estudamos sobre isso neste capítulo? Tanto a doutrina
quanto a jurisprudência são fontes do Direito Administrativo.
27
Dada a escassez de questões das matérias tratadas no capítulo 01 em concursos de carreiras policiais, a
partir deste momento iremos analisar questões de carreiras jurídicas em geral, para aprofundar o seu
estudo. Vamos nessa?
Questão 4
Comentário:
28
Questão 5
Comentário:
Questão 6
Comentário:
29
A Constitucionalização do Direito Administrativo pode ser entendida em dois
sentidos: (a) elevação, ao nível constitucional, de matérias antes tratadas por legislação
infraconstitucional; (b) irradiação dos efeitos das normas constitucionais por todo o sistema
jurídico (cf. Virgílio Afonso da Silva, 2007:48-49).
Questão 7
(INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Assistente Social) Assinale a alternativa correta acerca de
conceito e fontes do Direito Administrativo.
A) O sistema de direito administrativo anglo-americano teve origem na França e é focado,
essencialmente, em reger as relações entre cidadãos e Administração, fixando prerrogativas e
deveres à Administração.
B) O sistema de direito administrativo europeu continental deixa para o âmbito do direito
privado as relações entre Estado e cidadãos. A jurisdição é una, exercida exclusivamente pelo
Poder Judiciário.
C) Os costumes não constituem fonte do direito administrativo.
D) O Direito Administrativo, dentre outros conceitos, pode ser definido como o ramo do
direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que
integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens
de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.
30
E) O direito administrativo visa à regulação das relações jurídicas entre servidores e entre estes
e os órgãos da administração, ao passo que o direito privado regula a relação entre os órgãos
e a sociedade.
Comentário:
Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que: Direito Administrativo é “o ramo do direito público
que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se
utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.” (Direito Administrativo, 19º ed,
São Paulo: Editora Atlas, 2006, p. 66).
Questão 8
Comentário:
a) Constituição;
b) Lei;
31
Já a fonte material tem relação com a formação do direito:
b) Doutrina;
c) Costumes; e
Questão 9
(CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2) Uma vez que
o direito administrativo brasileiro foi influenciado pelo direito estrangeiro, é correto afirmar
que exprime a força do direito alemão no direito administrativo pátrio
A) a submissão da administração pública ao controle jurisdicional.
B) o conceito nacional de serviço público.
C) o conceito nacional de autarquia e de entidade paraestatal.
D) a forma de aplicação do princípio da segurança jurídica.
E) o mandado de segurança.
Comentário:
32
Questão 10
Comentário:
• Fomento;
• Serviços Públicos;
• Polícia Administrativa;
• Intervenção Administrativa.
33
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - A
Questão 3 - C
Questão 4 - Errado
Questão 5 - Errado
Questão 6 - Certo
Questão 7 - D
Questão 8 - E
Questão 9 - D
Questão 10 - B
34
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
35
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
O Brasil adota o sistema de jurisdição una ou sistema inglês. Significa que as pessoas
sempre podem se socorrer no Juridicário para eventual solução de conflitos. Coexistem a
jurisdição administrativa e a judicial, mas a primeira não faz coisa julgada material. O
Judiciário pode rever o PA se acionado.
"Art. 5.º, LIV, CF/1988 – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal.
Então, para que se evite a prática de atos arbitrários e tomados por sentimentos pessoais, faz-
se necessária a instauração de um procedimento prévio que sirva de base e fundamento para
as decisões administrativas. Dessa imposição surge o processo administrativo.
Segundo ensinamentos de Ana Cláudia Campos "[...] devemos lembrar que o Brasil adotou o
sistema de jurisdição una (sistema inglês), o qual prevê que todos os conflitos, sejam eles
decorrentes de atos do Poder Público ou não, possam ser julgados pelo Poder Judiciário."
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p.1039.
36
Não cansa lembrar que temos um dispositivo constitucional garantindo a inafastabalidade da
tutela judicial, vejamos:
"Art. 5.º, XXXV, CF/1988 – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito [princípio da inafastabilidade da jurisdição"
Assim, a decisão prolatada em PA não faz coisa julgada material (definitiva), podendo levar a
parte insatisfeita a se socorrer no Poder Judiciário para uma possível alteração da stuação.
Na esfera federal, o processo administrativo é disciplinado pela Lei 9.784/1999, a qual será
aplicada aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), quando estes estiverem
desempenhando a função administrativa.
Vejamos:
"Art. 1.º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1.º Os preceitos desta
Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
desempenho de função administrativa." CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado
/ Ana Cláudia Campos. São Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019.p.1049.
37
LEGISLAÇÃO COMPILADA
38
JURISPRUDÊNCIA
Via de regra, para que se possa levar o litígio ao judiciário, não é necessário o do
esgotamento das instâncias administrativas. Contudo essa regra possui algumas exceções: (i)
Justiça desportiva: o judiciário só admite ações desportivas pós se esgotarem as instancias na
Justiça Desportiva – que apesar de ter o nome “justiça” esta n âmbito administrativo; (ii)
Habeas data: par caracterizar o interesse de agir no Habeas Datas é necessária a
comprovação da negativa ou omissão da Administração; (iii) Ato ou omissão administrativa
que contrarie súmula vinculante só pode ser objeto de reclamação depois de esgotadas as
vias administrativas e (iv) Mandado de Segurança não é cabível quando caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo;
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 32 Ed. São
Paulo: Atlas, 2018.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
40
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 2
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO, Capítulo 2.................................................................................................................... 3
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 34
1
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 38
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 40
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 2
2.1 Definição
3
Regime Jurídico
Administrativo
Prerrogativas Limitações
Os princípios devem ser encarados como normas gerais coercitivas que orientam
a atuação do indivíduo, definindo valores a serem observados nas condutas por ele praticadas.
Ademais, possuem elevado grau de abstração e possuem variados graus de concretização.
4
Porém, em se tratando de conflito de princípios, é possível que o aplicador do
direito opte por escolher um diante do caso concreto. Esse tipo de conflito não resulta em
antinomia.
A doutrina aponta que o regime jurídico administrativo tem como pilares dois
princípios: a supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do
interesse público.
SUPREMACIA
INDISPONIBILI
DO INTERESSE
DADE DO
PÚBLICO
INTERESSE
SOBRE O
PÚBLICO
PRIVADO
ADMINISTRA
ÇÃO PÚBLICA
5
O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado1 indica que o
interesse público se sobrepõe ao particular. Caso haja colisão entre os interesses, o privado
deve ceder ao interesse público. Na teoria, a atuação do administrador não visa ao interesse
do indivíduo, mas do grupo social em sua totalidade e, se assim não ocorrer, a conduta estatal
sofrerá de desvio de finalidade, o que não está amparado pelo direito.
1
Vide questão 10 ao final do capítulo.
6
A importância de tais princípios para a seara administrativa é tão destacada que
Celso Antônio Bandeira de Mello intitula os referidos princípios de “pedras de toque” do
Direito Administrativo.
Quem ainda não ouviu falar do famoso LIMPE? Trata-se de processo mnemônico para facilitar
o aprendizado dos princípios explícitos na CRFB/88 que regem a Administração Pública:
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
8
Não obstante a exigência de lei ser a regra, em determinadas situações, o texto
constitucional excepcionaliza este princípio:
Nesses casos, o Poder Executivo pode impor restrições aos direitos individuais a fim
de enfrentar questões excepcionais, urgentes e relevantes.
2
Vide questão 05 ao final do capítulo.
9
Dever de conformidade aos interesses públicos: se confunde com o
princípio da finalidade, o qual impõe que o fim a ser buscado pelo
administrador deve ser aquele prescrito pela lei;
Vedação à promoção pessoal do agente: as realizações governamentais não
devem ser atribuídas ao agente ou à autoridade que os pratica, estes são
apenas meio de manifestação da vontade estatal; e
Imputabilidade: a doutrina moderna acrescenta ainda ao entendimento
tradicional uma nova perspectiva do princípio da impessoalidade. Com efeito,
a impessoalidade deve ser enxergada também sob a ótica do agente. Nesse
sentido, deve-se considerar que ato não deve ser atribuído à pessoa do
servidor público e sim à Administração, sendo o agente mero executor.
Corresponde a teoria do órgão ou teoria da imputação volitiva.
Traduz a ideia de que nem tudo que é legal é honesto, impondo a necessidade de
atuação ética dos agentes públicos.
Além de agir dentro da legalidade, o administrador público tem que agir com
honestidade, com lealdade, de acordo com a ética e a moral. Reitera-se que a moralidade é
um requisito de validade do ato administrativo, o qual, se eivado de imoralidade, poderá ser
invalidado tanto pela própria Administração, quanto pelo Poder Judiciário.
3
Vide questões 01 e 07 ao final do capítulo.
11
Porém, esse princípio não é absoluto e poderá ser restringido nas hipóteses de
segurança da sociedade e do Estado e quando a intimidade ou o interesse social o exigirem.
Mas atenção, somente a lei – em sentido formal – pode instituir regras de sigilo desse
princípio.
4
2.4.5 Princípio da Eficiência
Esse princípio ficou consagrado no texto constitucional por meio da EC 19, de 1988.
A referida emenda constitucional realizou a famosa Reforma Administrativa, que tentou fazer
com que o Estado abandonasse sua atuação calcada na burocracia, objetivando uma atuação
com mais resultados, eficiência e eficácia.
4
Vide questão 09 ao final do capítulo.
12
O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
maior produtividade e redução dos desperdícios de dinheiro público. Também pode ser
chamado de princípio da qualidade dos servidores públicos.
Esse princípio não alcança apenas o modo de atuação dos agentes públicos, a
Administração também deve observá-lo em relação ao modo de se organizar, se estruturar e
disciplinar os seus agentes.
EFICIÊNCIA
EFICÁCIA
EFETIVIDADE
13
Com isso, terminamos o estudo dos princípios administrativos previstos
expressamente no artigo 37 do texto constitucional e passaremos ao estudo de outros
princípios também aplicáveis à seara administrativa. Alguns são apenas previstos
implicitamente no texto constitucional, mas são considerados de igual importância para a
atuação dos agentes públicos.
14
Justiça, restando aos particulares acusados em processos administrativos
disciplinares a faculdade de se fazerem representar por advogado;
Defesa Prévia: via de regra, é necessário que o particular possa se manifestar
antes de ser proferida decisão administrativa. Todavia, em situações
emergenciais, nas quais o interesse público esteja em perigo, admite-se que a
atuação administrativa anteceda a manifestação do particular. Tais situações
são denominadas de contraditório diferido e admitidas em decorrência da
supremacia do interesse público sobre o privado.
Permite que a administração reveja seus atos, seja para anulá-los quando eivados
de vício ou para revogá-los por motivo de conveniência e oportunidade.
Não se trata de uma faculdade, é em verdade um dever, pois que não se pode
admitir que, diante de situações irregulares, a Administração permaneça inerte. Esse poder da
Administração está consagrado em duas súmulas do STF: Súmulas 346 e 473.
Porém, tal princípio não é absoluto, eis que em alguns casos deve-se prestigiar a
segurança jurídica e a boa-fé. Por isso mesmo, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
administrativo federal, em seu artigo 54, indicou que o direito da Administração de anular atos
administrativos que resultam em efeitos favoráveis ao destinatário tem prazo decadencial de
cinco anos, salvo comprovada má-fé.
5
Vide questões 02, 03 e 04 ao final do capítulo.
15
O princípio da autotutela não se confunde com a tutela administrativa. Autotutela é o
controle que a Administração, seja direta, seja indireta, exerce sobre seus próprios atos. Tutela
é o controle finalístico que a administração direta exerce sobre a administração indireta, eis
que não há hierarquia entre elas.
Tal princípio está expresso no art. 6°, § 1°, da Lei 8987/95, como necessário para
que o serviço público seja considerado adequado. Vale ressaltar que o princípio da
Continuidade está intimamente ligado ao princípio da Eficiência, haja vista tratar-se de
garantia de busca por resultados positivos.
16
condições estabelecidos em lei específica. Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal já
pacificou o entendimento de que o direito de greve é norma de eficácia limitada e
diante da ausência de lei específica a tratar da matéria será utilizada a lei geral de greve
(Lei 7.783/89);
É possível interromper a prestação de um serviço por inadimplemento do usuário? A
Lei 8.987/95, em seu art. 6, §3°, estabelece que não se caracteriza como
descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após
prévio aviso, quando for motivada por razões de ordem técnica ou de segurança
das instalações ou por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade. Apesar de a interrupção por inadimplemento do usuário ser matéria
divergente na doutrina nacional, é majoritário o posicionamento de que será ilegal a
paralisação de determinado serviço público por inadimplemento do usuário, caso
enseje a interrupção de um serviço essencial à coletividade.
O instituto da exceção de contrato não cumprido pode ser aplicada em contratos
administrativos? Exceptio rum adimpleti contractus é o direito de suspender a
execução do contrato em face do inadimplemento da outra parte. Conforme disposição
do art. 78, XV, da Lei 8.666/93, o particular tem direito de invocar a exceção do contrato
não cumprido, desde que a administração seja inadimplente por mais de 90 (noventa)
dias em relação aos seus pagamentos.
17
quantia que já vinha recebendo, de boa-fé, a algum tempo, a Administração não pode exigir
que o servidor devolva esse valor.
Em linhas gerais, defende-se por meio desse princípio que atos considerados
ilegais possam ser mantidos em nome da uma legítima expectativa criada por parte do
administrado. O referido princípio leva em conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera
que os atos praticados pelo Poder Público sejam lícitos e respeitados pela própria
administração.
18
Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens a serem obtidas devem
superar as desvantagens.
Segurança Jurídica;
Motivação;
Proporcionalidade;
Interesse Público.
19
O princípio da proporcionalidade é contemplado em vários artigos, no sentido de
que seja demonstrada a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação
decretada, inclusive em função de possíveis alternativas e também em relação à aplicação de
sanções.
20
QUADRO SINÓTICO
Supremacia do
Indica que o interesse público se sobrepõe ao particular.
Interesse Público
Indisponibilidade
O administrador não é o titular dos bem públicos, por isso deve sempre
do Interesse
atuar buscar o interesse coletivo.
Público
PRINCÍPIOS E REGRAS
21
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Toda atividade administrativa deve ser autorizada por lei. Dessa forma,
caso não haja previsão legal, está proibida a atuação do agente público
Princípio da
Legalidade Apesar da exigência de lei ser a regra, em determinadas situações, há
exceções: (i) edição de medidas provisórias; (ii) estado de sítio; e (iii)
estado de defesa.
22
social o exigirem.
Permite que a Administração reveja seus atos, seja para anulá-los quando
Princípio da
eivados de vício ou para revogá-los por motivo de conveniência e
Autotutela
oportunidade.
Princípio da Greve dos servidores: os servidores militares não têm direito de greve,
por expressa vedação constitucional, mas servidores civis têm direito à
Continuidade dos
greve.
Serviços Públicos
Interrupção da prestação de um serviço por inadimplemento do
usuário: não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando for
motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações ou
por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
A doutrina é unanime ao considerar que é ilegal a paralisação de
23
determinado serviço público por inadimplemento do usuário, caso
enseje a interrupção de um serviço essencial à coletividade.
Exceção de contrato não cumprido nos contratos administrativos: o
particular tem direito de invocar a exceção do contrato não cumprido,
desde que a administração seja inadimplente por mais de 90 (noventa)
dias em relação aos seus pagamentos.
Princípio da
Visa coibir que mudanças de interpretações por parte da administração,
Segurança
sejam aplicadas retroativamente.
Jurídica
Princípio da
Defende-se que os atos considerados ilegais possam ser mantidos em
Proteção à
nome da uma legítima expectativa criada pelo administrado.
Confiança
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, também conhecida como LINDB foi
alterada pela Lei nº 13.655/18. As alterações trouxeram algumas inovações, mas na maior parte
serviram para reforçar exigência de determinados princípios já previstos no ordenamento
jurídico pátrio, em especial os da:
• Segurança Jurídica;
• Motivação;
• Proporcionalidade;
• Interesse Público.
24
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) Legalidade
B) Impessoalidade
C) Moralidade
E) Eficiência
Comentário:
25
Questão 2
A) Princípio da legalidade
B) Princípio da Autotutela
Comentário:
26
Questão 3
controle dos Poderes Legislativo e Judiciário, exerce controle sobre seus próprios atos. Tendo
como referência inicial essas informações, julgue o item a seguir, acerca do controle da
administração pública.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
27
Questão 4
O princípio da autotutela permite que o Poder Judiciário intervenha para apreciar atos
administrativos que sejam supostamente eivados de ilegalidades.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
28
Questão 5
C) Isonomia e eficiência
D) Legalidade e publicidade
Comentário:
29
Questão 6
(VUNESP – 2018 – PC-SP – Investigador de Polícia) Lei estadual que vede a realização de
processo seletivo para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e pelas entidades do poder
público estadual fere o princípio da
A) Eficiência
B) Legalidade
C) Impessoalidade
D) Segurança jurídica
E) Continuidade do serviço público.
Comentário:
Assim, lei estadual que vede a realização de processo seletivo para o recrutamento
fere o princípio da impessoalidade, que obriga a Administração a tratar todos sem
discriminações.
30
Questão 7
(NUCEPE – 2018 – PC- PI – Agente de Polícia Civil) Marcos, prefeito de uma cidade do
Estado do Piauí, no mês anterior ao encerramento do seu mandato, congela o Imposto Predial
e Territorial Urbano-IPTU. Segundo foi repassado pela assessoria de imprensa, o objetivo do
congelamento foi o grande interesse social. Entretanto, todos sabem que o referido
congelamento foi para inviabilizar a nova administração, e assim reduzir as receitas. Diante
desta situação, pode-se dizer que Marcos feriu, precipuamente, o princípio administrativo:
A) Da legalidade
B) Da publicidade
C) Da eficiência
D) Da moralidade
E) Da continuidade.
Comentário:
31
Questão 8
Comentário:
Essa conduta violaria o interesse público primário. Ele tem por foco o efetivo
atendimento das atividades coletivas, o interesse do próprio conjunto social. É a dimensão
pública dos interesses individuais. Assim, a tributação excessiva do Estado viola o princípio
pelo qual deve prevalecer o interesse público primário.
Questão 9
(CESPE – 2018 – PC-MA – Escrivão de Polícia) A conduta do agente público que busca o
melhor desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor resultado, atende ao
princípio da
A) Eficiência
B) Legalidade
C) Impessoalidade
32
D) Moralidade
E) Publicidade.
Comentário:
Gabarito: Letra “A”.
O princípio da eficiência dispõe que o administrador público tem o dever
constitucional de fazer uma boa gestão, uma boa administração. Ademais, ela deve ser feita
com a maior eficácia possível, motivo pelo qual o enunciado corresponde à questão “A”.
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo
33
GABARITO
Questão 1 - C
Questão 2 - B
Questão 3 - Certo
Questão 4 - Errado
Questão 5 - C
Questão 6 - C
Questão 7 - D
Questão 8 - B
Questão 9 - A
Questão 10 - Certo
34
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
35
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Não caracteriza improbidade, pois os cargos mencionados são todos políticos e, portanto,
de confiança. Também não viola a Súmula Vinculante 13, desde que haja razoabilidade
entre qualificação técnica exigida para o cargo, bem como idoneidade do parente
nomeado.
Além disso, o professor Daniel Amorim afirma: "Registre-se que o STJ já decidiu que a
contratação de parentes, sem concurso público, para cargos em comissão, realizada em data
anterior à lei ou ao ato administrativo do respectivo ente federado que proibisse tal conduta,
bem como antes da vigência da Súmula Vinculante 13 do STF, não configura ato de
improbidade, pois ausente o dolo ou a má-fé do agente político" (Improbidade administrativa:
direito material e processual – 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. pg 141).
Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como,
por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem
excepcionado a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades
públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura
nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo
36
político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por
manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. (STF. 1ª
Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018)
Vale ressaltar que a simples dissonância entre a área de formação e a área fim do cargo não é
suficiente, por si só, para se afirmar a inequívoca ausência de razoabilidade da nomeação. Em
outras palavras, o simples fato de a pessoa nomeada não ser daquela área não é motivo, por
si só, para se considerar que tenha havido nepotismo.
37
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Princípios administrativos:
Vedação ao Nepotismo:
STF: Súmula Vinculante nº 13
Lei 8.112/90: art. 177, VIII
Princípio da Eficiência:
CRFBF/88: art. 41, §4º; art. 93, IV; art. 37, §8º
Princípio da Autotutela
38
Princípio da Continuação dos serviços Públicos:
LINDB:
39
JURISPRUDÊNCIA
Vedação ao Nepotismo:
40
FORAM NOMEADOS EM DESACORDO COM O PARADIGMA DE CONFRONTO ORA
INVOCADO – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO – INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE AGRAVO – PARECER DA
PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA PELO NÃO PROVIMENTO DO AGRAVO –
RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (STF - Acórdão Rcl 17219 Agr / Sc - Santa
Catarina, Relator(a): Min. Celso de Mello, data de julgamento: 21/11/2017, data de
publicação: 05/12/2017, 2ª Turma)
41
2. Há subordinação, ainda que eventual – seja em razão de falta ou impedimento
do Presidente, seja por ato de delegação da Mesa (art. 9º, §§ 1º e 4º, do Regimento
Interno da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás) – ao Vice-Presidente da Casa
Legislativa, apontado como autoridade de referência para a configuração objetiva
do nepotismo.
3. Agravo regimental não provido (STF - Acórdão Rcl 14223 Agr / Go - Goiás,
Relator(a): Min. Dias Toffoli, data de julgamento: 16/12/2014, data de publicação:
13/02/2015, 1ª Turma)
Princípio da Eficiência:
43
4. Desprovimento do recurso. (TJRJ - Acórdão Apelação 0382400-44.2010.8.19.0001,
Relator(a): Des. Fernando Foch de Lemos Arigony da Silva, data de julgamento:
13/07/2017, data de publicação: 13/07/2017, 3ª Câmara Cível)
Princípio da Autotutela:
44
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal entendeu ser necessária a prévia
instauração de procedimento administrativo, assegurados o contraditório e a ampla
defesa, sempre que a Administração, exercendo seu poder de autotutela, anula atos
administrativos que repercutem na esfera de interesse do administrado (RE 594.296-
RG, Rel. Min. Dias Toffoli).
2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não é cabível condenação
em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº 12.016/2009 e Súmula 512/STF).
3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015. (STF - Acórdão Re 946481 Agr / Pr - Paraná,
Relator(a): Min. Roberto Barroso, data de julgamento: 18/11/2016, data de
publicação: 02/12/2016, 1ª Turma).
Princípio da Impessoalidade6:
6
Vide questão 06 ao final do capítulo.
45
ESTADO DE RORAIMA. INSTITUIÇÃO DE SUBSÍDIO MENSAL E VITALÍCIO PARA EX-
GOVERNADORES E SUAS VIÚVAS. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS FEDERATIVO, REPUBLICANO, DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE
ADMINISTRATIVA. PRECEDENTES. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA PARTE, JULGADO
PROCEDENTE O PEDIDO.
1. O “subsídio mensal” previsto no artigo 61-A da Constituição do Estado de
Roraima constitui pagamento singular, estabelecido pela Assembleia Legislativa do
Estado de Roraima como benesse a quem tenha exercido a completude do
mandato de Governador
de Estado.
2. O pagamento de prestação pecuniária mensal e vitalícia a ex-governadores e
suas viúvas extrapola o poder constituinte derivado, violando o princípio federativo,
além de não se compatibilizar com os princípios da impessoalidade e da moralidade
administrativa.
3. O princípio republicano apresenta conteúdo contrário à prática do
patrimonialismo na relação entre os agentes do Estado e a coisa pública, o que se
verifica no caso sub examine.
4. O princípio da igualdade veda a instituição de tratamento privilegiado sem
motivo razoável, tal qual o estabelecido em proveito de quem não mais exerce
função pública ou presta qualquer serviço à Administração Pública. Precedentes: ADI
4.552-MC,
Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 9/6/2015; ADI 3853, Rel. Min. Cármen Lúcia,
Plenário, DJe de 26/10/2007; e ADI 3.418, Rel. Min. Dias Toffoli, Plenário, julgamento
em 20/09/2018.
5. A ausência de impugnação específica do artigo 61-B da Constituição do
Estado de Roraima impossibilita o conhecimento da ação quanto ao ponto (artigo
3º da Lei federal 9.868/1999).
46
6. Ação direta parcialmente conhecida, para, nessa parte, julgar procedente o
pedido, para declarar a inconstitucionalidade do artigo 61-A da Constituição do
Estado de Roraima, incluído pela Emenda Constitucional estadual 18/2007. (STF -
Acórdão Adi 4169 / Rr - Roraima, Relator(a): Min. Luiz Fux, data de julgamento:
25/10/2018, data de publicação: 07/11/2018, Tribunal Pleno)
Princípio da Moralidade:
47
responsável por este serviço manter a continuidade do mesmo. Precedentes. 3.
Ponderação entre a coerência entre o exercício do direito de greve pelo servidor
público e as condições necessárias à coesão e interdependência social, que a
prestação continuada dos serviços públicos assegura, como decorre claramente do
âmago da Constituição Federal d e 1988. 4. O Impetrante não tem direito à
exportação incondicional das mercadorias relacionadas, mas sim direito líquido e
certo de ter a análise e processamento do pedido em tempo r azoável. 5 . Remessa
Necessária desprovida. (TRF2 - Acórdão 0123269-82.2015.4.02.5101 (trf2
2015.51.01.123269-0), Relator(a): Des. Guilherme Diefenthaeler, data de julgamento:
02/04/2018, data de publicação: 05/04/2018, 8ª Turma Especializada)
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
49
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 3
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO, Capítulo 3.................................................................................................................... 3
3.4.4 Classificação.......................................................................................................................................................... 10
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 45
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 50
1
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 51
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 3
3. Organização Administrativa
3.1 Introdução
3
O Decreto lei 200/67 define as regras aplicáveis à União e estabelece normas gerais a serem
respeitadas pelos outros entes federativos, podendo ser alterado somente mediante lei
federal.
Cumpre ressaltar que para o melhor funcionamento estatal, alguns serviços são
prestados diretamente pelos entes federativos, sem que seja transferida a execução a outrem,
mas, em determinadas situações, as pessoas políticas transferem a prestação dos serviços a
outros entes, que é a prestação indireta.
O Decreto lei 200/67, em seu artigo 6°, elencou alguns princípios fundamentais que
devem servir de base para as atividades da Administração Pública, quais sejam:
PLANEJAMENTO COORDENAÇÃO
DELEGAÇÃO DE
CONTROLE
COMPETÊNCIAS
DESCENTRALIZA
ÇÃO
4
Princípio do planejamento: O planejamento deve promover o desenvolvimento
econômico-social do País e a segurança nacional;
Princípio da coordenação: o decreto dispõe que a coordenação será exercida em
todos os níveis da administração, mediante a atuação das chefias individuais, a
realização sistemática de reuniões com a participação das chefias subordinadas e a
instituição e funcionamento de comissões de coordenação em cada nível
administrativo;
Princípio da descentralização administrativa: pauta-se no prestígio da eficiência
administrativa, eis que, por meio de da descentralização transfere-se a execução da
atividade a uma pessoa especializada;
Princípio da delegação de competência: uma autoridade permite que certa
atividade que havia sido atribuída a si, por lei, seja exercida por outro agente;
Princípio do controle: o controle das atividades da Administração Pública será
exercido em todos os níveis e em todos os órgãos de governo.
A prestação de serviços públicos pode ser feita diretamente pelos entes federativos
ou, em determinadas situações, indiretamente com a transferência das atividades a
particulares ou entidades especializadas criadas no âmbito da própria Administração Pública.
3.3.1 Centralização
5
3.3.2 Descentralização1
1
Vide questão 03 ao final do capítulo.
6
3) Descentralização territorial ou geográfica: verifica-se quando uma entidade local,
geograficamente determinada, dotada de personalidade jurídica de direito público,
possui capacidade administrativa genérica. Essa descentralização permite o exercício
da capacidade legislativa, porém sem autonomia. Conforme Di Pietro (2019:937) “foi
o modelo adotado para os territórios federais pelo artigo 33 da Constituição Federal
de 1988, que se mantém, embora, atualmente, não existam territórios com essa
configuração. O artigo 18, § 3º, permite a sua criação como integrantes da União.
Nesse caso, seriam incluídos na modalidade de descentralização territorial, sem
integrarem a federação. Teriam personalidade jurídica de direito público, sendo
geograficamente delimitados e possuindo capacidade genérica, que abrange
serviços de segurança, saúde, justiça etc.”.
3.3.3 Desconcentração2
Pode ocorrer tano dentro de uma pessoa política, como dentro de uma entidade
administrativa, ou seja, tanto no âmbito da Administração Direta quando da Administração
Indireta.
2
Vide questão 01 ao final do capítulo.
7
A desconcentração faz surgir uma relação de hierarquia, uma vez eu na relação só há um
ente com personalidade jurídica.
Não é qualquer ato que será imputado ao Estado. É necessário que o agente que pratica o
ato esteja agindo conforme a lei ou que, pelo menos, o ato revista-se de aparência de ato
jurídico legítimo e seja praticado por alguém que pareça ser um agente público – funcionário
de fato.
3
Vide questões 02 e 05 ao final do capítulo.
8
3.4.1 Composição
Em regra, o órgão não possui capacidade processual, eis que não tem
personalidade jurídica. A capacidade é da própria pessoa política.
9
A capacidade processual apenas é reconhecida em relação aos chamados órgãos autônomos
e independentes.
3.4.4 Classificação
1) Estrutura:
Simples ou Unitário: não possuem subdivisões em sua estrutura interna.
Podem ser compostos por mais de um agente.
Compostos: reúnem em sua estrutura interna diversos órgãos menores.
2) Atuação funcional:
Singulares ou Unipessoais: as decisões dependem da atuação isolada de
um único agente. Podem ser compostos por vários agentes, mas as decisões
são tomadas apenas pelo chefe. Exemplo: Presidência da República
Colegiados ou Pluripessoais: as decisões são tomadas pela manifestação
conjunta dos membros. Exemplo: Congresso Nacional, STF.
3) Esfera de atuação:
Centrais: exercem atribuição em toda a área da pessoa jurídica que
integram. Exemplo: Ministérios e Secretarias
Locais: atuam apenas em parte do território. Exemplo: Delegacias
10
4) Posição estatal:
Independentes: previstos diretamente na Constituição, representam os três
poderes e não são subordinados hierarquicamente a nenhum outro órgão. Ex:
Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado Federal, STF, STJ e
demais tribunais.
Autônomos: estão logo abaixo dos órgãos independentes, auxiliando-os
diretamente. Possuem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica,
mas não independência. Ex: Ministérios, Secretarias, AGU.
Superiores: possuem atribuições de direção, controle e decisão, mas estão
sempre sujeitos ao controle hierárquico. Não têm nenhuma autonomia. Ex:
coordenadorias, gabinetes.
Subalternos: exercem atribuições de mera execução com reduzido poder
decisório.
4
Vide questão 08 ao final do capítulo.
11
A administração indireta é composta das seguintes pessoas:
AUTARQUIAS E
FUNDAÇÕES
ASSOCIAÇÕES
PÚBLICAS
PÚBLICAS
EMPRESAS SOCIEDADES DE
ECONOMIA MISTA
PÚBLICAS
12
3.5.1 Características Gerais
3.5.2 Autarquia5
Regime Jurídico:
As Autarquias têm personalidade jurídica de direito público, possuindo
prerrogativas e sujeições típicas do regime jurídico administrativo, quis sejam:
5
Vide questão 04 ao final do capítulo.
13
1) Prazos processuais em dobro;
2) Prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32;
3) Pagamento por precatório;
4) Execução fiscal e inscrição dos créditos em dívida ativa;
5) Impenhorabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade de seus bens;
6) Imunidade tributária: vedação de instituir impostos sobre patrimônio ou serviços
vinculados a finalidades essenciais das autarquias ou dela decorrentes;
7) Não sujeição à falência;
8) Submetem-se, via de regra, à responsabilidade civil objetiva;
9) Os contratos firmados são administrativos e precisam respeitar as normas da lei
8666/93 e da lei 10.520/02.
As Autarquias podem ser federais, municipais, estaduais ou distritais. Não são admissíveis
autarquias interestaduais ou intermunicipais. Cada Autarquia deve se vincular apenas ao ente
federativo responsável. A gestão associada de serviços públicos deve ser promovida por
convênios ou consórcio.
Criação e extinção:
A criação e extinção das autarquias depende de lei especifica - sem necessidade
de registrar os atos para constituir personalidade jurídica. Isso não significa dizer que é
necessário que a lei seja limitada sobre tal assunto, é possível que a lei de criação ou extinção
disponha sobre assuntos variados e em seu bojo veicule a criação ou extinção.
Porém, a lei deve ser de iniciativa privativa do chefe do Poder ao qual esteja
vinculada.
Atividades desenvolvidas:
14
Desenvolvem atividades próprias e típicas de estado. Em razão do princípio da
especialidade, a lei que cria a Autarquia deve delimitar as competências a ela atribuídas
Patrimônio:
A natureza dos bens das autarquias é a de bens públicos, sendo por isso,
impenhoráveis, imprescritíveis e em regra inalienáveis.
Regime de Pessoal:
O regime jurídico único indica que as Autarquias devem adotar o mesmo regime
estabelecido para os servidores da Administração Direta à qual estão vinculadas.
No caso da União, a legislação impõe a adoção do regime estatutário.
Foro Judicial:
Em regra, as casas que envolvem Autarquias federais são processadas e julgadas
pela Justiça Federal. No caso das Autarquias estaduais e municipais, o foro competente será
a Justiça Estadual.
Caso a lide envolva servidores estatutários segue a regra geral: Justiça Federal se a
Autarquia for federal e Justiça estadual se a Autarquia for estadual ou municipal.
Porém, se os servidores envolvidos forem empregados públicos a competência será
da Justiça do Trabalho.
Espécies:
1) Autarquias profissionais
15
Após isso, os Conselhos profissionais passaram a ter natureza jurídica de entidades
autárquicas, gozando de todos os privilégios e se submetendo a todas as restrições impostas
a estas entidades.
2) Agências Executivas:
Agências Executivas podem ser tanto autarquias quanto fundações públicas que por
estarem ineficientes, celebram contrato de gestão com o Ministério supervisor. Ao celebrar o
contrato de gestão, a autarquia comum ganha status de agência executiva – a qualificação
16
será feita em ato do Presidente da República -, adquirindo mais independência e mais
orçamento.
Ressalta-se que tal qualificação visa somente a garantir que esta entidade consiga
alcançar maior eficiência na operacionalização de suas atividades.
Por ser uma Autarquia especial, o reitor, além de ser indicado por seus próprios
membros, cumpre mandato certo, não podendo ser exonerado ad nutum. Essa é uma
garantia de uma maior independência e autonomia em relação aos entes da Administração
Direta.
Ressalte-se que esta autarquia, não só escolhe seus dirigentes, como também tem
poder de escolha quanto à pedagogia a ser adotada no exercício da atividade educacional.
Agências Reguladoras:
17
O poder normativo concedido às Agências Reguladoras para execução não poderá extrapolar
os limites da lei, devendo ater-se a aspectos técnicos
Ademais, não se deve confundir tal poder com o poder de legislar.
A maior liberdade dessas Autarquias decorre sobretudo pela forma de escolha dos
dirigentes.
A Lei nº 13.848, de 2019 alterou a Lei das Agências Reguladoras (Lei 9.986/2000) e alterou o
período da “quarentena”. Sendo assim, ao deixar a agência reguladora, o dirigente ficará
impedido de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
18
respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do término de
seu mandato, assegurada a remuneração compensatória.
Antes da alteração legislativa, o período de quarentena era de 4 (quatro) meses. Porém, o
período vigente é de 6 (seis) meses!
O Decreto lei 200/67, alterado pela Lei n. 7.596/87, conceitua, em seu art. 5°, IV,
fundação pública como a "entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes".
Ressalta-se, ainda, que conforme definido no Decreto Lei 200/67, as fundações públicas
poderão ser instituídas com personalidade jurídica de direito privado, para execução de
atividades de interesse social. Mas estas não se confundem com as fundações privadas, haja
vista serem formadas pela destinação de patrimônio público, indicados para sua formação.
19
Natureza Jurídica:
Apesar da grande divergência doutrinária, o entendimento majoritário, partilhado,
inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, é de que é possível que o Estado institua
fundações públicas com personalidade jurídica de direito público ou de direito privado.
Criação e extinção
As fundações públicas de direito público são efetivamente criadas por lei
específica, como as autarquias. Já a criação das fundações públicas de direito privado é
apenas autorizada pela lei, necessitando de registro do ato constitutivo para adquirir
personalidade jurídica.
Pelo princípio da simetria, as fundações de direito público são extintas por lei,
enquanto que a extinção das de direito privado se dá por autorização legal.
Regime Jurídico:
20
próprias ao seu regime, podem celebrar contrato de gestão e se tornarem agência executiva,
gozam de imunidade tributária, celebram contratos administrativos mediante licitação etc.
Atividades desenvolvidas:
Patrimônio:
Os bens das fundações públicas de direito público são bens públicos. Já os bens das
fundações públicas de direito privado são bens privados.
Entretanto, é possível que alguns dos bens das fundações de direito público se
sujeitem a regras de direito público, como a impenhorabilidade. Isso ocorre com os bens
empregados diretamente na prestação de serviços públicos, em decorrência do princípio da
continuidade dos serviços públicos.
Regime de Pessoal:
21
Controle do Ministério Público:
Segundo o Código Civil de 2002, o Ministério Público do Estado onde estiver
situada velará pela fundação. Tal dispositivo refere-se ao controle sobre as fundações
privadas instituídas por particulares.
No caso das fundações públicas (de direito público ou de direito privado)
dispensa-se a fiscalização pelo Ministério Público uma vez que há realização do controle
finalístico pela Administração Direta.
Foro Judicial:
6
Vide questão 09 ao final do capítulo.
7
Vide questões 06 e 07 ao final do capítulo.
22
As Sociedades de Economia Mista são pessoas jurídicas de direito privado,
integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização legal, sob a forma de
Sociedade Anônima, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por objetivo,
como regra, a exploração de atividade econômica e, às vezes, a prestação de serviços públicos.
Criação e extinção:
Subsidiárias:
As subsidiárias são empresas controladas pelas empresas estatais. A Empresa
Pública que detém o controle da subsidiária é chamada de empresa ou sociedade de 1º grau,
enquanto a subsidiária seria a empresa ou sociedade de 2º grau.
A subsidiária tem personalidade jurídica própria, sendo, portanto, uma pessoa
jurídica diferente da pessoa controladora. A criação delas depende também de autorização
legislativa, sendo legítimo que a lei que autorizou a criação da entidade primária, autorize,
desde logo, a criação – ainda que venha a ocorrer posteriormente – da subsidiária.
Atividades desenvolvidas:
23
Quanto à intervenção no domínio econômico, a CRFB/88 impõe que a exploração
direta da atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional, ou a relevante interesse coletivo.
O Estado também pode atuar diretamente para explorar atividade sujeita a regime
constitucional de monopólio.
Em relação à segunda hipótese, menos frequente, trata-se de serviços públicos
passíveis de exploração segundo os princípios da atividade empresarial com o intuito de lucro.
Não são todos os serviços públicos que poderão ser exercidos por sociedades de economia
mista e empresas públicas, mas só aqueles que poderiam ser prestados pela iniciativa privada.
Ademais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Regime Jurídico:
As empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de atividade
econômica se submetem, predominantemente, ao direito privado. Já as prestadoras de
serviços públicos se submetem, prioritariamente, ao direito público.
Por isso, diz que o regime jurídico das empresas estatais é híbrido.
Forma Jurídica:
Todas as Sociedades de Economia Mista são Sociedades Anônimas (S/A), ou seja,
seu capital é dividido em ações.
24
Composição do Capital
Licitação:
25
Estatuto:
A Constituição Federal de 1988 prevê a edição de um estatuto para disciplinar os
seguintes pontos:
1) Função social e formas de fiscalização;
2) Sujeição ao regime próprio das empresas privadas;
3) Licitação e contratos;
4) Mandatos, avaliações e desempenho e responsabilidade dos administradores;
5) Constituição e funcionamento dos conselhos.
Patrimônio:
Os bens das empresas estatais são bens privados. Porém, se prestadoras de
serviços públicos, o regime de bens será diferenciado, ou seja, os bens afetados diretamente à
prestação dos serviços contarão com a proteção própria dos bens públicos.
Regime de Pessoal
Falência:
As empresas estatais não se submetem ao processo de falimentar independente
da atividade que desempenham.
26
Foro Judicial:
O foro judicial das empresas públicas federais será sempre a Justiça Federal. Se
forem estaduais ou municipais, a competência será da Justiça Estadual.
Em relação ao foro das sociedades de economia mista deve-se prestar atenção, pois
ainda que a Sociedade de Economia Mista seja federal, a regra é que a competência seja
da Justiça Estadual (Súmula 556, STF), exceto se a União atuar na lide, caso em que o foro
é deslocado para a Justiça Federal (Súmula 517, STF)
27
QUADRO SINÓTICO
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
INTRODUÇÃO
Princípio da
A execução das atividades da Administração Federal deverá ser
descentralização
amplamente descentralizada, prestigiando-se a eficiência;
administrativa:
Princípio da
A delegação tem o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às
delegação de
decisões;
competência:
CENTRALIZAÇÃO
28
A centralização é o desempenho direto das atividades públicas pelo Estado
DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização ocorre quando o Estado distribui algumas de suas atribuições para outras
pessoas, físicas ou jurídicas.
DESCONCENTRAÇÃO
29
estrutural, constituindo, assim, uma técnica de aprimoramento do desempenho.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Estrutura: de um agente.
Classificação
Compostos: reúnem em sua estrutura interna diversos
órgãos menores.
30
Colegiados ou Pluripessoais: as decisões são tomadas
pela manifestação conjunta dos membros.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
AUTARQUIA
É o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública.
31
Criação e A criação e extinção das autarquias depende de lei especifica de iniciativa
extinção privativa do chefe do Poder.
Atividades
Desenvolvem atividades próprias e típicas de estado.
desenvolvidas
Regime de O regime jurídico único indica que as Autarquias devem adotar o mesmo
Pessoal: regime estabelecido para os servidores da Administração Direta à qual
estão vinculadas.
32
Agências Reguladoras: criadas com o objetivo
de fiscalizar, regular, normatizar a prestação
dos serviços prestados por particulares,
evitando a busca desenfreada pelo lucro. Os
seus dirigentes são nomeados pelo Presidente
da República, após aprovação prévia pelo
Senado Federal.
FUNDAÇÃO PÚBLICA
33
As fundações de direito público se sujeitam ao regime jurídico único,
Regime de devendo adotar o mesmo regime da Administração Direta. Nas fundações
Pessoal públicas de direito privado seus empregados são regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho.
Controle pelo
No caso das fundações públicas dispensa-se a fiscalização pelo Ministério
Ministério
Público uma vez que há realização do controle finalístico.
Público
EMPRESAS ESTATAIS
As Empresas Públicas são pessoas jurídicas As Sociedades de Economia Mista são pessoas
de direito privado, integrantes da jurídicas de direito privado, integrantes da
Administração Indireta, criadas por Administração Indireta, criadas por autorização
autorização legal, sob qualquer forma legal, sob a forma de Sociedade Anônima, cujo
jurídica, para que o governo exerça controle acionário pertença ao Poder Público,
atividades gerais de caráter econômico ou tendo por objetivo, como regra, a exploração de
execute a prestação de serviços públicos. atividade econômica e, às vezes, a prestação de
serviços públicos.
34
Empresas Públicas podem assumir qualquer forma em direito admitida.
Forma Jurídica: Sociedades de Economia Mista só podem ser Sociedades Anônimas
(S/A).
Empresas Públicas: o capital é formado exclusivamente por recursos
públicos, não sendo admitida a participação direta de recursos particulares.
Composição do
capital Sociedades de Economia Mista: o capital é formado pelo conjunto de
recurso de pessoas de direito público e de recursos da iniciativa privada.
Foro competente Em relação ao foro das sociedades de economia mista deve-se prestar
atenção, pois ainda que a Sociedade de Economia Mista seja federal, a
regra é que a competência seja da Justiça Estadual (Súmula 556, STF),
exceto se a União atuar na lide, caso em que o foro é deslocado para a
Justiça Federal (Súmula 517, STF)
35
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: errado.
36
Questão 2
( ) Certo
( )Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
A administração direta é composta por órgãos públicos que são integrantes de sua
estrutura, sem personalidade jurídica própria. Por outro lado, a administração indireta é
composta por autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista.
37
Questão 3
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo
O enunciado está correto, por seus próprios termos, que caracterizam exatamente a
chamada descentralização.
Questão 4
Uma autarquia é uma pessoa jurídica de direito público criada somente mediante lei
específica, que, embora não tenha subordinação hierárquica com a entidade que a criar,
submeter-se-á, na órbita federal, a supervisão ministerial.
( ) Certo
( ) Errado
38
Comentário:
Gabarito: Certo.
Com efeito, as autarquias são pessoas jurídicas de direito público cuja instituição
ocorre mediante lei específica. Ademais, temos que inexiste, de fato, hierarquia e subordinação
entre pessoas jurídicas distintas.
Questão 5
A) Agência Reguladora.
B) Agência Executiva
Comentário:
39
B) Incorreta. A Agência Executiva está relacionado com a Administração Indireta e
não Direta.
Questão 6
Comentário:
40
Essa é, com efeito, a definição de empresa pública – dotada de personalidade jurídica de
direito privado, com a sua criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital
social é integralmente pertencente à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios.
Questão 7
(VUNESP – 2018 – PC-BA – Escrivão de Polícia) Pessoas jurídicas de direito privado cuja
criação é autorizada por lei para prestação de serviço público ou para exploração de atividade
econômica são
Comentário:
41
Questão 8
Comentário:
(...)
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
d) fundações públicas."
42
Questão 9
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Agente de Polícia Civil) Não constitui característica das sociedades
de economia mista:
Comentário:
Gabarito: “C”.
De todas as afirmações trazidas, a única que não é uma característica da sociedade
de economia mista é a letra “C”.
Elas são pessoas jurídicas de direito privado.
43
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
44
GABARITO
Questão 1 - Errado
Questão 2 - Certo
Questão 3 - Certo
Questão 4 - Certo
Questão 5 – D
Questão 6 - D
Questão 7 - D
Questão 8 - A
Questão 9 - C
Questão 10 - Errado
45
QUESTÃO DESAFIO
realizar concurso?
Máximo de 5 linhas
46
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Trata-se de pessoa jurídica de direito privado, criada por lei e voltado para assistência e
ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais. São mantidas por dotações
orçamentárias ou por contribuições parafiscais e não realizam concurso público.
Hely Lopes Meirelles define que: “São todos aqueles instituídos por lei, com personalidade de
direito privado, para ministrar assistência e ensino a certas categorias sociais ou grupos
profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por
contribuições parafiscais".
"Art. 1º : É o Poder Executivo autorizado a instituir o Serviço Social Autônomo Associação das
Pioneiras Sociais, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e
de utilidade pública, com o objetivo de prestar assistência médica qualificada e gratuita a
todos os níveis da população e de desenvolver atividades educacionais e de pesquisa no
campo da saúde, em cooperação com o Poder Público."
Fonte: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, 35. ed., São Paulo: Malheiros,
2010, p. 216.
Segundo Lincínia Rossi, os serviços sociais autônomos não prestam serviço público delegado
pelo Estado, apenas realizam atividade privada de interesse público que o Estado resolveu
incentivar e subvencionar. Exercem serviços não exclusivos do Estado, e são incentivados pelo
Poder Público por meio de CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS.
47
É o que se depreende da leitura de alguns dispositvos da lei 8.246/91, vejamos:
Assim, segundo Alexandrino, os SSa's "São mantidos por recursos oriundos de contribuições
sociais de natureza tributária, recolhidas compulsoriamente pelos contribuintes definidos em
lei, bem como mediante dotações orçamentárias do poder público.".
Ou seja, a contribuição das pessoas que utilizam os serviços, por ter natureza tributária, tem
que ter previsão em lei para ser cobrada. Ademais, o professor ressalta o fato de que, por
receber recursos públicos, esses entes do terceiro setor sofrem fiscalização do TCU.
Fonte:
48
ALEXANDRINO, Marcelo - Direito Administrativo Descomplicado. 19ª. Ed.- São Paulo: Método,
2017. p. 152.
ROSSI, Licínia. Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2020. p.485.
49
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Organização Administrativa:
Administração Direta:
Agências Executivas:
Agências Reguladoras:
Consócios Públicos:
Lei 11.107/05
Empresas Estatais
CFRB/88: art. 173
Lei 13.303/2016
Súmulas STF: 556 e 517
50
JURISPRUDÊNCIA
Agências Reguladoras:
Empresas Estatais
51
CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PARA TODOS OS EFEITOS. ANUÊNIOS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 83/STJ.
1. É cediço o entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que o tempo de
serviço prestado às empresas públicas e sociedades de economia mistas,
integrantes da Administração Pública Indireta, somente pode ser computado para
efeitos de aposentadoria e disponibilidade. Precedentes do STJ. 2. Inviável o
Recurso Especial se o acórdão recorrido se alinha com o posicionamento
sedimentado na jurisprudência do STJ, nos termos da Súmula 83/STJ. 3. Recurso
Especial não provido. (STJ - Acórdão Resp 1717194 / Sp, Relator(a): Min. Herman
Benja, data de julgamento: 24/04/2018, data de publicação: 21/11/2018, 2ª Turma)
Fundação Pública
52
13.015/2014. FUNDAÇÃO PARA O REMÉDIO POPULAR - FURP. NATUREZA JURÍDICA.
FUNDAÇÃO PÚBLICA. FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO QUE EXERCE ATIVIDADE DE
INTERESSE PÚBLICO. APLICAÇÃO DOS PRIVILÉGIOS CONTIDOS NO DECRETO-LEI Nº
779/1969 E NO ARTIGO 790-A DA CLT.
O Regional consignou que a Fundação para o Remédio Popular - Furp é uma
fundação pública criada por lei estadual. Ressalta-se, ainda, que não há registros de
que a reclamada explora atividade econômica, a tornar inaplicável o disposto no
artigo 173 da Constituição Federal. Verifica-se, nesse contexto, que os elementos
caracterizadores da fundação pública estão presentes. A par disso, esta Corte tem
reiteradamente reconhecido a natureza pública da Fundação reclamada. Dessa
forma, segundo entendimento firmado nesta Corte, a fundação para o Remédio
Popular - FURP, criada e mantida pelo Poder Público, sem finalidade lucrativa,
detém os privilégios contidos nos artigos 1º do Decreto-Lei nº 779/69 e 790-A da
CLT, sendo inexigíveis o depósito recursal e as custas como pressuposto de
recorribilidade (precedentes).
Agravo de instrumento desprovido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMADA, FUNDAÇÃO PARA O REMÉDIO POPULAR - FURP
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
PARCELA DENOMINADA "SEXTA PARTE". CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO
PAULO. SERVIDORES PÚBLICOS CELETISTAS.
A decisão regional foi proferida em consonância com a jurisprudência sedimentada
nesta Corte, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial Transitória nº 75 da
SbDI-1, que dispõe: "PARCELA ' SEXTA PARTE' . ART. 129 DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DE SÃO PAULO. EXTENSÃO AOS EMPREGADOS DE SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA E EMPRESA PÚBLICA. INDEVIDA. (DEJT divulgado em 02, 03 e
04.08.2010). A parcela denominada - sexta parte -, instituída pelo art. 129 da
Constituição do Estado de São Paulo, é devida apenas aos servidores estaduais,
celetistas e estatutários da Administração Pública direta, das fundações e das
autarquias, conforme disposição contida no art. 124 da Constituição Estadual, não se
estendendo aos empregados de sociedade de economia mista e de empresa
53
pública, integrantes da Administração Pública indireta, submetidas ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, nos termos do art. 173, § 1º, II, da
Constituição Federal". O art. 129 da Constituição do Estado de São Paulo, ao
mencionar servidores públicos estaduais, não traçou nenhuma distinção do regime
de admissão, se estatutário ou celetista, para efeito de seu alcance. No caso, a
reclamada é fundação pública de direito público que contratou o autor sob o
regime celetista, portanto se estende ao reclamante a parcela denominada "sexta
parte", prevista na Constituição estadual.
Agravo de instrumento desprovido. (TST - Acórdão Airr - 1001863-
45.2013.5.02.0322, Relator(a): Min. José Roberto Freire Pimenta, data de julgamento:
07/06/2017, data de publicação: 09/06/2017, 2ª Turma)
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
55
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 4
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 2
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 39
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 44
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 45
1
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 4
1.1 Introdução
Caro leitor, você verá que esse capítulo é um pouco menos extenso que os demais.
Tudo isso por uma razão: não é um tema muito cobrado para Carreiras Policiais. Porém, por
estar previsto nos editais para agente, escrivão e investigador de polícia, faremos a abordagem
do tema de forma precisa, mas com muita didática. Ao final, você encontrará questões dos
últimos dez anos para praticar. Dada a sua escassez, complementamos com outras provas de
carreiras jurídicas em geral, totalizando 10 (dez) questões totalmente voltadas para o seu
estudo. Vamos nessa?
2
SERVIÇO
SOCIAL
AUTÔNOMO
ORGANIZAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DA
OSCIP
SOCIEDADE
SOCIAL (OS)
CIVIL (OSC)
ENTIDADES
DE APOIO
3
busca do lucro, a atividade privada na economia se sujeita à regulamentação e fiscalização do
ente estatal, como forma de evitar prejuízos à sociedade.
Agora que você já tem conhecimento dos conceitos iniciais, vamos iniciar o estudo
individualizado das entidades paraestatais.
Essas entidades não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade
de interesse público (serviços não exclusivos do Estado). É por esse motivo que são
4
incentivadas pelo Poder Público. A atuação estatal, no caso, é de fomento e não de prestação
de serviço público.
Para auxiliar a execução de suas atividades, o poder público lhes transfere a capacidade
tributária. Com efeito, os entes do serviço social autônomo gozam de parafiscalidade, que é
a transferência do poder de cobrar tributos, chamada capacidade tributária.
Ademais, tais entidades do sistema "S” devem seguir regramento próprio para
contratações2, respeitando os princípios de licitações da Lei 8.666/93.
1
Vide Capítulo 1
2
Vide questão 7
5
Ponto importante que merece destaque é sobre o foro competente para as causas
que envolvem as entidades do serviço social autônomo: tais causas devem tramitar na justiça
estadual. Neste sentido, a súmula 516, do Supremo Tribunal Federal estabelece que "O
Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito a jurisdição da justiça estadual".
6
A criação destas entidades é feita por particulares, e não mediante lei, muitas vezes pelos
próprios servidores do órgão ou entidade pública, com recursos privados para executarem
atividades de interesse social daquele ente estatal. Por isso, não se sujeitam à realização de
procedimento licitatório, nem a concurso público para contratação de pessoal.
7
objetivamente definidas no Plano de Desenvolvimento Institucional da
instituição apoiada;
Vedação a subcontratação total do objeto dos ajustes realizados pelas IFES
e demais ICTs com as fundações de apoio, bem como a subcontratação
parcial que delegue a terceiros a execução do núcleo do objeto
contratado;
Contratação de fundações de apoio, pelas IFES e ICTs, com dispensa de
licitação fundamentada no artigo 24, XIII, da Lei nº 8.666/93, para dar
apoio a projetos de ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento
institucional, científico e tecnológico, inclusive na gestão administrativa e
financeira estritamente necessária à execução desses projetos;
As IFES e ICTs podem autorizar a participação de seus servidores nas
atividades realizadas pelas fundações, referidas no artigo 1º, sem a criação
de vínculo de emprego, sendo vedado aos servidores públicos federais a
referida participação durante a jornada de trabalho a que estão sujeitos,
excetuada a colaboração esporádica, remunerada ou não, em assuntos de
sua especialidade, de acordo com as normas aprovadas pelo órgão de
direção superior competente; também é vedada essa contratação para
atender a necessidades de caráter permanente das IFES e ICTs;
Exigência de divulgação, pela Rede Mundial de Computadores, dos
instrumentos contratuais, dos relatórios semestrais de execução dos
contratos, da relação dos pagamentos efetuados a servidores ou agentes
públicos com base nos contratos;
Possibilidade de concessão de bolsas de ensino, pesquisa e extensão e de
estímulo à inovação, pelas fundações de apoio aos alunos de graduação e
pós-graduação e aos servidores vinculados a projetos institucionais das IFES
e ICTs);
Vedação do pagamento, pelas IFES e ICTs, de débitos contraídos pelas
fundações de apoio e a assunção de responsabilidade a qualquer título,
em relação ao pessoal por estas contratados;
8
Possibilidade de as fundações de apoio utilizarem bens e serviços das IFES
e ICTs, pelo prazo estritamente necessário à elaboração e execução do
projeto.
3
Vide questão 02
4
Vide questão 8
9
Dispensa de licitação nos contratos de prestação de serviços celebrados entre
a Administração Pública e a organização social.
Nenhuma entidade nasce com o nome de organização social; a entidade é criada pela
iniciativa privada como associação ou fundação e, habilitando-se perante o Poder Público,
recebe a qualificação; trata-se de título jurídico outorgado e cancelado pelo Poder Público.
10
comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado da
prestação de contas correspondente ao exercício financeiro.
A lei estabelece alguns requisitos para que esta entidade privada sem fins lucrativos
possa se qualificar como organização social, mediante a celebração do contrato de gestão,
sendo pressuposto básico a aprovação, baseado na conveniência e na oportunidade – sendo
por isso, um ato discricionário – da qualificação como organização social, do Ministro ou
titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto
social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado.
11
No caso de associação civil, a forma e critério de aceitação de novos
associados, na forma do estatuto;
Proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em
qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento
de associado ou membro da entidade, sob pena de se caracterizar divisão de
lucro;
Previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações
que lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes
de suas atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de
outra organização social qualificada no âmbito da União, da mesma área de
atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados.
Acerca do controle exercido sobre essas entidades, cabe mencionar que além do
controle executado pelos órgãos da Administração Direta, o controle financeiro e contábil
deverá ser realizado pelo Tribunal de Contas.
12
Assim como a OS, a OSCIP é uma qualificação e esta poderá ser perdida
qualificação a pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo, no qual será
assegurada a ampla defesa e o contraditório.
As sociedades comerciais;
5
Vide questão 9
13
Os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria
profissional6;
As instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais;
As organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
As entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a
um círculo restrito de associados ou sócios;
As entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
As instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
As escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas
mantenedoras;
As organizações sociais;
As cooperativas;
As fundações públicas;
As fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por
órgão público ou por fundações públicas;
As organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o
sistema financeiro nacional.
Ainda sobre o termo de parceria, deve-se mencionar que este deve respeito a
algumas cláusulas obrigatórias:
6
Vide questão 6
14
A previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento,
estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o
detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com
recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores,
empregados e consultores;
As obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais a de
apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a
execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico
das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de
prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados;
A obrigatoriedade de publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado
ou da União, conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão
parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, de extrato do
Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira,
conforme modelo simplificado estabelecido em regulamento.
15
O termo de parceria é ato vinculado do poder público. Por essa razão, caso a entidade
cumpra os requisitos da legais para a qualificação como OSCIP, a Administração não pode
negar o vínculo.
16
1.6 Organização da Sociedade Civil (OSC)
7
Vide questão 10
17
O plano de trabalho, que constará como anexo do termo de colaboração, do termo
de fomento ou do acordo de cooperação como parte integrante e indissociável, deve
constar, por imposição legal:
PUBLICAÇÃO
DO EDITAL NO
SITE DO ÓRGÃO
CLASSIFICAÇÃO
DA PROPOSTA
PELA COMISSÃO
HABILITAÇÃO
DA ENTIDADE
ENCERRAMENTO
18
Publicação do Edital:
As propostas serão julgadas por uma comissão de seleção composta por agentes
públicos, designados por ato publicado em meio oficial de comunicação, sendo, pelo menos,
2/3 (dois terços) de seus membros servidores ocupantes de cargos permanentes do
quadro de pessoal da administração pública realizadora do certame, ou constituída pelo
respectivo conselho gestor, se o projeto for financiado com recursos de fundos específicos.
Fica impedida de participar da comissão pessoa que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha
mantido relação jurídica com, ao menos, uma das entidades em disputa.
19
O critério de julgamento a ser utilizado será o grau de adequação da proposta
aos objetivos específicos do programa ou ação em que se insere o tipo de parceria e ao valor
de referência constante do chamamento.
Habilitação:
Encerramento:
20
A homologação não gera o direito de celebração da parceria.
Não se trata de um rol taxativo, eis que sempre que houver inviabilidade de
competição haverá a inexigibilidade do certame.
21
Urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de atividades
de relevante interesse público, pelo prazo de até cento e oitenta dias;
Guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública ou ameaça à
paz social;
Quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas
ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança; e
Atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, saúde e assistência
social, desde que executadas por organizações da sociedade civil previamente
credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política.
22
QUADRO SINÓTICO
INTRODUÇÃO
ENTIDADES EM ESPÉCIE
23
é a transferência do poder de cobrar tributos, chamada
capacidade tributária. Essas entidades se mantém de
Parafiscalidade:
contribuições parafiscais ou diretamente por recursos
públicos.
Características
São regidos pela CLT e não dependem de concurso
público de provas ou de provas e títulos para ingresso em
suas atividades.
ENTIDADES DE POIO
24
As ações propostas em face destas entidades devem
Foro tramitar na justiça estadual, ainda que estejam atuando
Competente junto a uma entidade pública federal, por se tratarem de
particulares, não integrantes da Administração Pública.
25
Destinação de recursos orçamentários e bens
necessários ao cumprimento do contrato de gestão,
mediante permissão de uso, com dispensa de licitação;
Cessão especial de servidores públicos, com ônus para a
Fomento
origem;
Dispensa de licitação nos contratos de prestação de
serviços celebrados entre a Administração Pública e a
organização social.
26
Devem constituir conselho fiscal dotado de competência
para opinar sobre os relatórios de desempenho
financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais
realizadas, emitindo pareceres para os organismos
superiores da entidade.
Conselho Fiscal
A composição desse conselho não exige a presença de
representantes do poder público, sendo somente
permitida a participação de servidores públicos na sua
composição, vedada a percepção de remuneração ou
subsídio, a qualquer título.
É uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos que não
distribui, entre os seus sócios ou associados, eventuais resultados
Conceito
auferidos mediante o exercício de suas atividades, regulamentada pela Lei
nº 13.019/2014.
Adotado em caso de transferências
Termo de voluntárias de recursos para consecução
colaboração de planos de trabalho propostos pela
administração pública.
Vínculo com o Termo de Para a consecução de planos de trabalho
Poder Público Fomento propostos pelas OSC.
Para a consecução de finalidades de
Acordo de interesse público e recíproco que não
Características
Cooperação envolvam a transferência de recursos
financeiros.
Constará como anexo do termo de colaboração, do termo
de fomento ou do acordo de cooperação como parte
Plano de integrante e indissociável, deve possuir, por imposição
Trabalho legal:
Descrição da realidade que será objeto da
parceria;
27
Descrição de metas a serem atingidas e de
atividades ou projetos a serem executados;
Revisão de receitas e de despesas;
Forma de execução das atividades ou dos
projetos e de cumprimento das metas;
Definição dos parâmetros a serem utilizados para
a aferição do cumprimento das metas.
A celebração dos termos de colaboração ou de fomento
será precedida de procedimento simplificado de escolha, o
chamamento público.
Publicação do Edital
Classificação das propostas
Fases
Habilitação
Encerramento
Quando
houver
Inexigibilidade inviabilidade
de
Chamamento competição.
Público
Ocorre em
casos nos
quais a
Contratação
competição é
Direta
viável, mas é
preferível
Dispensa
realizar firmar
o acordo
diretamente.
Por isso, a lei
define um rol
exaustivo.
28
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) Os serviços sociais autônomos não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas
atividade privada de interesse público e, exatamente por isso, são incentivados pelo
poder público, sendo que, neste caso, a atuação estatal é de fomento e não de
prestação de serviço público. Não se trata de atividade que incumbisse ao Estado, como
serviço público, e que ele transferisse para outra pessoa jurídica, por meio do
instrumento da descentralização. Trata-se, isto sim, de atividade privada de interesse
público que o Estado resolveu incentivar e subvencionar.
B) Em relação às entidades paraestatais, fica muito clara a intenção de fugir ao seu
enquadramento entre as entidades da Administração Indireta e, em consequência, ao
regime jurídico imposto a elas como licitação, concurso público e controle. No entanto,
considerando que tais entidades administram, em regra, bens do patrimônio público,
inclusive dinheiro público, não é possível que fiquem inteiramente à margem de
determinados preceitos publicísticos, sob pena de burla aos preceitos constitucionais
que regem a Administração Pública.
C) Entidades de apoio são pessoas privadas que colaboram com o Estado desempenhando
atividade não lucrativa e às quais o Poder Público dispensa especial proteção,
colocando a serviço delas manifestações de seu poder de império, como o tributário,
por exemplo; não abrangem as entidades da Administração Indireta; trata-se de pessoas
privadas que exercem função típica (embora não exclusiva do Estado), como as de
amparo aos hipossuficientes, de assistência social, de formação profissional.
D) Por Organizações Sociais, pode-se entender as pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob a forma
29
de fundação, associação ou cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de
serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da
administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio.
E) Organizações Sociais de Interesse Público são pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços
sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização pelo Poder Público,
mediante vínculo jurídico instituído por meio de contrato de gestão.
Comentário:
Com efeito, é a única alternativa que discorre corretamente sobre os serviços sociais
autônomos. Vejamos o erro das demais assertivas:
E) Errado. O erro, nesse caso, está no fato de que o instrumento jurídico que serve
de qualificação para as OSCIPs é o termo de parceria e não o contrato de gestão.
30
Questão 2
( 1 ) Autarquia
( 2 ) Empresa pública
( 3 ) União, Estados e Municípios
( 4 ) Órgãos públicos
( 5 ) Organizações sociais
( ) Pessoas jurídicas de Direito Público interno, são entes políticos, dotados de estrutura
administrativa própria.
A) 4 - 3 - 5 - 1 - 2
B) 2 - 1 - 4 - 5 - 3
C) 3 - 4 - 5 - 2 – 1
D) 5 - 1 - 3 - 2 - 4
31
Comentário:
Gabarito: Letra “A”. Essa é a ordem correta, que relaciona uma coluna com a outra
consoante requerido no enunciado.
Questão 3
Certo
Errado
Comentário:
32
"Art. 4º. Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na
composição de conselho ou diretoria de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público".
Questão 4
(CESPE – 2013 – PC-DF – Agente de Polícia) Membros da direção de entidades privadas que
prestem serviços sociais autônomos, a exemplo do Serviço Social da Indústria (SESI), estão
sujeitos a prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU), haja vista receberem recursos
públicos provenientes de contribuições parafiscais.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
Questão 5
Certo
Errado
33
Comentário:
Questão 6
Certo
Errado
Comentário:
34
Questão 7
Comentário:
As entidades do Sistema S são particulares e não integram a estrutura
Administrativa do Estado. Tais entidades não se submetem ao procedimento licitatório da Lei
8.666/93. Ressalte-se que, conforme mencionado no comentário da alternativa anterior, as
entidades do Sistema S devem observar os princípios básicos do procedimento licitatório para
suas contratações.
35
Questão 8
Dentre elas, destacam-se as qualificadas como Organizações Sociais (OS`s) que, como disposto
na Lei nº 9.637/98,
A) possuem autonomia em seu órgão colegiado de deliberação superior, vedada a
participação de representantes do Poder Público e de membros da comunidade.
B) prestam serviços públicos não exclusivos do Estado, como ensino, pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
C) dependem de prévia lei específica para serem criadas e promovem obrigatoriamente a
distribuição de bens e de parcela do patrimônio líquido a seus acionistas.
D) integram a Administração Indireta e possuem em seu estatuto objeto social relacionado
com as atividades que desempenharão após a celebração do convênio.
E) têm personalidade jurídica de direito público e estão habilitadas, estatutariamente, a prestar
serviços públicos essenciais compatíveis com o termo de parceria.
Comentário:
36
Questão 9
A) protocolo de intenções.
B) acordo de leniência.
C) termo de parceria.
D) desapropriação indireta.
E) contrato de consórcio.
Comentário:
37
Questão 10
A) é possível a parceira com os serviços sociais autônomos, porém não é um caso de termo
de parceria, pois a legislação exige a elaboração de termo de colaboração.
B) a parceria com os serviços sociais autônomos poderá ser formalizada por meio de termo de
parceria que, de acordo com a legislação, deverá conter o relatório anual de execução de
atividades.
C) é possível a parceira com os serviços sociais autônomos, porém não é um caso de termo
de parceria, pois a legislação exige a elaboração de termo de fomento.
D) a parceria com os serviços sociais autônomos poderá ser formalizada por meio de termo
de parceria que, de acordo com a legislação, deverá conter o extrato da execução física e
financeira.
Comentário:
Lei 13.019/14 dispõe sobre o regime jurídico das parcerias entre a administração
pública e as organizações da sociedade civil. Sobre a hipótese mencionada no enunciado da
questão, o art. 3º, X, da referida lei estabelece que:
38
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - A
Questão 3 - Certo
Questão 4 - Certo
Questão 5 - Certo
Questão 6 - Errado
Questão 7 - E
Questão 8 - B
Questão 9 - C
Questão 10 - E
39
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
40
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
São PJ's de direito privado sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, despidas
de finalidade lucrativa, que exercem serviços não exclusivos relacionados à ciência,
pesquisa, saúde e educação. Realizam convênios com a Administração, tem dispensa de
licitação e contrata seu pessoal pela CLT.
fundações
As entidades de apoio, também pertencem ao terceiro setor e também são pessoas jurídicas
de direito privado, despidas de finalidade lucrativa, que exercem serviços não exclusivos
relacionados à ciência, pesquisa, saúde e educação.
Segundo Di Pietro, elas são "instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob
a forma de fundação, associação ou cooperativa", para a prestação de serviços não exclusivos,
mantendo vínculo jurídico com a Administração Pública (Direta ou Indireta) através de
convênios.
Alexandrino aponta que elas não têm legislação específica, mas têm como legislação de apoio
a Lei 8.958/1994 preceitua que as fundações de apoio nela disciplinadas devem ser
constituídas sob a forma de fundações de direito privado (entidades não integrantes da
administração pública formal), sem fins lucrativos, regidas pelo Código Civil e por estatutos
cujas normas expressamente disponham sobre a observância dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência.
41
"Art. 1o As Instituições Federais de Ensino Superior - IFES e as demais Instituições Científicas
e Tecnológicas - ICTs, de que trata a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, poderão
celebrar convênios e contratos, nos termos do inciso XIII do caput do art. 24 da Lei no 8.666,
de 21 de junho de 1993, por prazo determinado, com fundações instituídas com a finalidade
de apoiar projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à
execução desses projetos. "
Fonte:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2010.
ALEXANDRINO, Marcelo - Direito Administrativo Descomplicado. 19ª. Ed.- São Paulo: Método,
2011. p.173.
Alexandrino resume que "Essas fundações de apoio são obrigadas a prévio registro e
credenciamento no Ministério da Educação e do Desporto e no Ministério da Ciência e
Tecnologia, renovável bienalmente. Estão sujeitas a fiscalização pelo Ministério Público, nos
termos do Código Civil e do Código de Processo Civil, e o seu pessoal é regido pela legislação
trabalhista, sem necessidade de concurso, mas observando todos os princípios da
administração (art. 37 da CF).
Segundo a Lei 8.958/1994, essas instituições podem celebrar convênios e contratos, nos
termos do inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/1993, por prazo determinado, com as fundações
ora em tela. O mencionado dispositivo da Lei 8.666/1993 caracteriza como hipótese de
42
licitação dispensável a contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou
estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional.
Fonte:
ALEXANDRINO, Marcelo - Direito Administrativo Descomplicado. 19ª. Ed.- São Paulo: Método,
2011. p. 173.
43
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Entidades de Apoio:
Lei 8.958/94: íntegra
Organizações Sociais:
Lei 9.637/98: íntegra
Concurso de Projetos:
Decreto 3.100/99: íntegra
44
JURISPRUDÊNCIA
45
Agravo conhecido e não provido. (TST - Acórdão Ag-arr - 433-47.2016.5.08.0017,
Relator(a): Min. Hugo Carlos Scheuermann, data de julgamento: 08/08/2018, data de
publicação: 10/08/2018, 1ª Turma)
46
Entidades de Apoio:
47
5 - Reveste-se de razoabilidade, portanto,a alegação de que a Entidade de Apoio ré,
através de seu representante legal,não agiu de má-fé quando da contratação daqueles
serviços necessários à execução do objeto conveniado, motivo pelo qual não deve ser
acolhida a imputação de prática de ato de improbidade feita à mencionada entidade
privada e ao seu representante legal.
6 - O fato de as notas fiscais e os recibos emitidos não detalharem claramente os
beneficiários e/ou objetivos do convênio configuram mera irregularidade formal, e não
ato de improbidade administrativa, pois em momento algum se pôs em dúvida a
prestação efetiva dos serviços descritos naqueles documentos ou se alegou que os
valores nele constantes tenham sido desviados.
7 - Não constitui ato de improbidade a não juntada de documentos originais na
prestação de contas, uma vez que o art. 30 da IN/STN n° 01/97 não obsta que dita
prestação de contas seja efetuada através de cópias autenticadas. Como, in casu, o
Relatório da Auditoria esclareceu se os documentos não originais correspondem a
cópias não autenticadas, nem tampouco o MPF fez juntar a estes autos a prestação de
contas alusiva ao convênio em questão, não se pode averiguar se as questionadas
cópias estavam ou não em desconformidade com o referido dispositivo legal,
afastando-se, portanto, qualquer imputação aos réus da prática de ato de improbidade.
8 - O pagamento referente aos serviços de cópias/encadernações, sem constar de
forma clara o teor da matéria reproduzida, configura mera irregularidade formal, haja
vista que os auditores estaduais não glosaram o valor pago à gráfica contratada (R$
8.241,00), diante do que se conclui que não houve desvio de recursos ou prejuízo para
o erário, destacando-se, ainda, que a prova testemunhal confirmou a distribuição de
apostilas nos cursos ministrados.
9 - As exigências feitas pelas autoridades administrativas à entidade ré, consistentes na
apresentação de um relatório detalhado e minucioso de todas as atividades
desenvolvidas em função do objeto do convênio, por meio da utilização dos veículos,
constituem rigor demasiado, em razão da impossibilidade de verificar-se em que
condições e lugares se deu cada quilômetro rodado pelos veículos, até porque tal
registro não se tratou de uma exigência prévia do convênio, nem tampouco se encontra
prevista na IN/STN 01/97. Ademais, restou comprovado nos autos que alunos,
48
participantes daquele Programa, freqüentaram os cursos em municípios diversos
daqueles em que residiam, tendo, inclusive, confirmado que foram transportados para o
local onde o curso foi ministrado através de carros locados pela entidade ré.
10 - A terceirização do objeto pactuado no mencionado Convênio por parte da
entidade ré não configurou ato de improbidade,na medida em que não existiu, no
mencionado instrumento, vedação expressa à subcontratação, como também inexiste
proibição legal neste sentido, a teor do disposto no art.72, da Lei nº 8.666/93.
11 - A exigência de documentação que comprove a otimização dos recursos na
consecução dos resultados conquistados revela-se genérica, não sendo possível
identificar que tipo de documento serviria a tal fim, nem tampouco os auditores
indicaram em que norma tal exigência estariaprevista.
- Apelações desprovidas. (TRF5 - Acórdão Ac - Apelação Civel 200782000051905,
Relator(a): Des. Lazaro Guimarães, data de julgamento: 22/10/2013, data de publicação:
25/10/2013, 4ª Turma)
49
Federal, Relator(a): Min. Rosa Weber, data de julgamento: 05/10/2018, data de
publicação: 16/10/2018, 1ª Turma)
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SAÚDE PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA DE
SERVIÇOS. CONTRATO DE GESTÃO. ORGANIZAÇÃO SOCIAL PARA GERENCIAR
HOSPITAL PÚBLICO. LEI Nº 9.637/98. LEGALIDADE. Cinge-se a controvérsia acerca da
legalidade de órgão público conceder à pessoa jurídica qualificada como organização
social, por meio de contrato de gestão, o poder de contratar e gerenciar trabalhadores
não concursados, para exercerem atividade em hospital sediado em terreno público,
que utiliza a estrutura pública, inclusive bens, para prestação dos serviços. A
jurisprudência desta Corte, seguindo a orientação dada pela Suprema Corte, já se
manifestou sobre a legalidade dos convênios firmados com entidades privadas para a
prestação de serviços inerentes à saúde. Incidem, portanto, a Súmula nº 333 desta Corte
e o art. 896, § 7º, da CLT como óbices ao prosseguimento da revista, a pretexto da
alegada ofensa aos dispositivos apontados, bem como da divergência jurisprudencial
transcrita. Recurso de revista não conhecido. (TST - Acórdão Rr - 1928-
26.2010.5.02.0043, Relator(a): Min. Breno Medeiros, data de julgamento: 16/05/2018,
data de publicação: 25/05/2018, 5ª Turma)
50
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO
3/STJ. AÇÃO ORDINÁRIA. POLO PASSIVO. ESTADO-MEMBRO E ASSOCIAÇÃO CIVIL
DE DIREITO PRIVADO. QUALIFICAÇÃO COMO ORGANIZAÇÃO SOCIAL.
IRRELEVÂNCIA PARA A DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA. DESENQUADRAMENTO DA
PARTE NO ROL DO ART. 109, INCISO I, DA CF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM
ESTADUAL. 1. A teor do art. 109, inciso I, da Constituição da República, compete à
justiça federal processar e julgar causas em que a União, entidade autárquica ou
empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
Justiça
51
termos da Lei 9.790/99. Não é possível atribuir ao ente público, que firma parceria com
OSCIP, imunidade trabalhista com base na Lei 8.666/1993, que sequer guarda estreita
pertinência com o caso de parceria estatal com organizações sociais. O que se deve
aferir em tais circunstâncias é se foram observados os princípios consagrados no art. 4º,
I, da Lei 9.790/99, que são os mesmos insertos no caput do art. 37 da Constituição
Federal. O reconhecimento, em abstrato, de impossibilidade da condenação da
Administração Pública a título subsidiário contraria o ditado por esta Corte em sua
jurisprudência pacífica, consubstanciada no item V da Súmula 331. Identificadas as
premissas fáticas para a aplicação da responsabilidade subsidiária não cabe seu
afastamento apenas ao fundamento de ser vedada a responsabilização da entidade
pública com amparo na Lei 8.666/1993, a qual, reitere-se, não disciplina o termo de
parceria firmado com OSCIP. Agravo de instrumento não provido. (TST - Acórdão Airr -
1343-93.2016.5.10.0801, Relator(a): Min. Augusto César Leite de Carvalho, data de
julgamento: 14/03/2018, data de publicação: 16/03/2018, 6ª Turma)
52
do contrato firmado com uma OSCIP, está previsto na própria Lei nº 9.790/99. A citada
lei não exime a Administração Pública de fiscalizar a parceria firmada; pelo contrário,
traz previsão expressa quanto à necessidade e à forma de fiscalização, além das
medidas a serem adotadas nas situações em que se detectar desvio de recursos ou
bens públicos. Nesse contexto, conclui-se que a negligência do ente público na
fiscalização do cumprimento do termo de parceria, no que se refere aos direitos
trabalhistas dos empregados contratados pela organização parceira, acarreta a sua
responsabilidade pelas obrigações trabalhistas devidas. Na hipótese dos autos, verifica-
se que o Tribunal de origem, com base no conjunto probatório, concluiu ter havido
culpa do ente público porque não cumprido o dever de fiscalização, nos termos da lei.
Considerou, ainda, que, no caso dos autos, não remanesceu o objetivo principal do
convênio que é a cooperação. Tais premissas fáticas são suficientes para a manutenção
da decisão em que se condenou o Município reclamado a responder, de forma
subsidiária, pela satisfação das verbas e demais direitos objeto da condenação. Desse
modo, diante do quadro fático delineado pelo Regional, uma vez caracterizada a culpa
in vigilando do ente público, não há como afastar a condenação subsidiária que lhe foi
imposta. Agravo de instrumento desprovido. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE SALÁRIOS. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE
PREJUÍZO. DANO IN RE IPSA. No caso, o Regional consignou que "a primeira reclamada
deixou de pagar os salários de outubro, novembro e saldo salarial de dezembro, de
2012". O empregado oferece sua força de trabalho, em troca de pagamento
correspondente para a sua sobrevivência. Se não recebe seus salários na época
aprazada, fica impedido de arcar com os custos de sua subsistência e de sua família.
Frisa-se que o salário possui natureza alimentar e é extremamente fácil inferir o abalo
psicológico ou constrangimento sofrido por aquele que não possui condições de saldar
seus compromissos na data estipulada, porque não recebeu seus salários em dia.
Nessas circunstâncias, é presumível que o empregado se sentia inseguro e apreensivo,
pois não sabia se receberia seu salário no prazo legal. Portanto, o reiterado ato ilícito
praticado pela reclamada acarreta dano moral in re ipsa, que dispensa comprovação da
existência e da extensão, sendo presumível em razão do fato danoso - não recebimento
dos salários na época certa. Dessa forma, não se cogita da necessidade de o reclamante
53
comprovar que o não pagamento dos seus salários teria acarretado prejuízo psicológico
e íntimo ou afetado sua imagem e honra. Decisão regional que não merece reparos.
Agravo de instrumento desprovido. (TST - Acórdão Airr - 1321-86.2012.5.15.0073,
Relator(a): Min. José Roberto Freire Pimenta, data de julgamento: 29/08/2018, data de
publicação: 31/08/2018, 2ª Turma)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. –
Rio de Janeiro: Forense, 2019.
54
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 5
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 35
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 40
1
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 41
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 5
1.1 Introdução
Estes poderes são instrumentais, ou seja, não são poderes em si mesmos, mas sim
instrumentos por meio dos quais os órgãos e entidades administrativas executam suas tarefas
e cumprem suas funções, buscando sempre o fim coletivo.
Não se pode confundir os Poderes da Administração com os Poderes do Estado. Este último
se divide em Executivo, Legislativo e Judiciário, distinto daqueles que são os instrumentos e
mecanismos para satisfação do bem comum. Os Poderes do Estado não são instrumentais,
são poderes estruturais que realizam a atividade pública.
3
Ressalta-se que são irrenunciáveis, por isso, o administrador não pode deles
dispor conforme a sua vontade.
4
DISCRICIONÁRIO VINCULADO
HIERÁRQUICO DISCIPLINAR
PODER DE
NORMATIVO
POLÍCIA
EXCESSO DE PODER
DESVIO DE PODER
5
Seja em decorrência de excesso de poder ou do desvio de finalidade1, o abuso de
poder enseja a nulidade do ato administrativo a ser discutida na esfera administrativa, por
meio de impugnação administrativa do ato ou mediante provocação do judiciário, em
virtude do poder que lhe é conferido de controlar a legalidade da atuação administrativa.
O abuso de poder, seja ele na espécie excesso de poder ou desvio de poder, pode ocorrer
tanto de forma comissiva - quando o ato administrativo é praticado fora dos limites
legalmente postos - quanto omissiva - situações nas quais o agente público deixa de exercer
uma atividade imposta a ele por lei.
O desvio de poder ocorre quando o agente estatal pratica ato contrário à finalidade.
Pode ocorrer em duas acepções: (i) de forma ampla: quando ofende genericamente o
interesse público, ou seja, pratica o ato visando interesses individuais; ou (ii) de forma
específica: quando desatende o objetivo imediato previsto em lei.
1
Vide questão 04 ao final do capítulo.
6
1.3 Poderes em espécie2
O Poder Vinculado relaciona-se com a prática de atos vinculados - atos cuja forma
de execução está inteiramente definida na lei, não permitindo juízo de conveniência e
nem de oportunidade.
É importante destacar que toda atuação do ente estatal está vinculada à lei, ou seja,
a submissão total à lei não está presente exclusivamente nos atos vinculados.
Além dos limites impostos por lei, esse poder também encontra obstáculo nos
princípios administrativos da razoabilidade e da proporcionalidade.
2
Vide questão 03 ao final do capítulo.
3
Vide questão 06 ao final do capítulo.
7
Além do poder discricionário, o poder vinculado também fundamenta a prática de atos
discricionários especificamente no que tange aos aspectos vinculados do ato, ou seja, a prática
de um ato discricionário tem respaldo tanto no poder discricionário quanto no poder
vinculado. Já o ato vinculado tem respaldo somente no poder vinculado.
Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; no exercício das funções típicas do
Judiciário e do Legislativo; e entre a Administração Pública e os administrados.
4
Vide questões 05 e 09 ao final do capítulo.
8
O poder hierárquico trata-se de atribuição concedida ao administrador para
organizar, distribuir e principalmente escalonar as funções de seus órgãos.
9
1.3.4 Poder Disciplinar5
O poder disciplinar é correlato ao poder hierárquico, mas com ele não se confunde.
No uso no poder disciplinar, a Administração Pública controla o desempenho dessas funções e
a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas cometidas. Já no uso
do poder hierárquico, a Administração Pública distribui e escalona as suas funções.
Esse poder também não se confunde com o poder punitivo do Estado, o qual é exercido
pelo Poder Judiciário para reprimir crimes, contravenções e infrações civis.
5
Vide questões 07 e 08 ao final do capítulo.
10
É imperioso mencionar que o poder disciplinar comporta certo grau de
discricionariedade no que tange à gradação das penalidades ou, em alguns casos, da escolha
dela. Por exemplo: há margem de escolha no caso da aplicação da pena de suspensão, eis
que a lei autoriza sua aplicação por até 90 dias. Porém, não há discricionariedade no dever
de punir.
No que tange aos atos administrativos que estipulam regras gerais e abstratas
existe a possibilidade de expedição de diversos atos normativos, como por exemplo podemos
citar as deliberações e as instruções normativas.
6
Vide questão 01 ao final do capítulo.
11
autoridades denominados regulamentos autorizados não decorrem do poder regulamentar,
eis que este é exclusivo do chefe do Poder Executivo. A doutrina costuma dizer que esses
outros atos normativos têm fundamento no poder normativo que seria um poder mais
amplo que o regulamentar.
7
Vide questão 10 ao final do capítulo.
14
Esse poder pode ser entendido em sentido amplo ou estrito. A definição acima
corresponde ao sentido estrito. Em sentido amplo, além da atividade administrativa, o poder
de polícia também abrange a atividade do Poder Legislativo de editar leis que tenham o
objetivo de condicionar ou limitar a liberdade e a propriedade.
Qualquer medida restritiva adotada com base no poder de polícia deve observar o devido
processo legal, assegurado ao administrado o direito à ampla defesa, bem como deve se
pautar na razoabilidade e na proporcionalidade.
Competência:
Atributos:
15
há lei permitindo ou situações urgentes e emergenciais. Em tais situações, a doutrina
admite, inclusive, a figura do contraditório diferido; e
(iii) Coercibilidade: possibilidade de as medidas adotadas pela Administração serem
impostas ao administrado, inclusive mediante emprego de força, nos casos
necessários.
Modalidades de exercícios:
16
(ii) Autorização: ato administrativo precário e discricionário pelo qual a
Administração Pública autoriza o particular a exercer determinada atividade
do seu interesse.
A atividade de polícia também pode ser fiscalizadora que ocorre quando visa
prevenir eventuais lesões, como, por exemplo, vistoria de veículos, fiscalização de pesos e
medidas entre outros.
Ciclos de polícia:
17
ordem primária deve sempre estar contida em uma lei, obedecendo ao
princípio da legalidade;
(ii) Consentimento de polícia: é a anuência prévia da Administração Pública que
ocorre mediante a concessão de licenças e autorizações. O consentimento
deve ocorrer apenas quando houver a necessidade de licença ou autorização
para uso de bens ou a prática de certas atividades privadas. Pode ser
delegada;
(iii) Fiscalização de polícia: é a atividade pela qual a Administração Pública verifica
se o particular está cumprindo adequadamente a legislação. Também é uma
fase que pode ser delegada;
(iv) Sanção de polícia: nessa fase a Administração verifica alguma infração à
ordem de polícia ou aos requisitos do consentimento e polícia e aplica ao
particular, sem vinculação específica, uma sanção.
As únicas fases que sempre estarão presentes em todo e qualquer ato de polícia são as
fases da legislação e a fiscalização.
18
contrato de prestação de serviços. Nesses casos, não seriam delegados os atos de polícia
em si, mas tão somente atividades materiais de execução.
Prescrição:
Por outro lado, esse prazo não se aplica quando o objeto da ação constituir crime,
eis que aplicar-se-ão os prazos da lei penal.
O Poder de Polícia não se confunde com a polícia judiciária. Esta última visa a
prevenção e a repressão à prática de ilícitos criminais.
19
1.4 Deveres
Ocorre que a Administração Pública deve cumprir os deveres para atingir o fim
pretendido alcançando o maior número de pessoas, não podendo atuar por liberalidade
própria.
O agente estatal tem o dever de agir diante de situações que exigem sua
atuação. O titular do interesse público é a coletividade e por essa razão, o agente não pode
se omitir para satisfazer interesses próprios.
Nem toda omissão é fonte de ilegalidade. José dos Santos Carvalho Filho faz menção à
reserva do possível para sustentar que nem todas as metas podem ser alcançadas,
especialmente pela escassez de recursos financeiros.
20
1.4.2 Dever de Eficiência
O dever de probidade exige que os atos dos agentes do Estado sejam legítimos,
honestos, éticos e de boa-fé, não sendo suficiente o atendimento à lei formal, mas
também à moralidade administrativa e à finalidade pública.
Esse dever alcança não só os agentes estatais como também os particulares que sejam
responsáveis pela aplicação de recursos púbicos.
21
QUADRO SINÓTICO
PODERES ADMINISTRATIVOS
Estes poderes não são poderes em si mesmos, mas sim instrumentos que auxiliam os órgãos
e entidades administrativas para a execução das atividades.
São irrenunciáveis, por isso, o administrador não pode deles dispor conforme a sua vontade.
ABUSO DE PODER
O exercício das prerrogativas conferidas à Administração Pública para que alcance o fim
público fora dos limites legais ou contrário à finalidade precípua, configura abuso de
poder.
É um vício de
competência que
O abuso de ocorre quando o
poder é gênero agente, exorbita
EXCESSO DE PODER
que se desdobra ou extrapola a
em duas competência que
espécies: lhe foi atribuída.
O desvio de
DESVIO DE PODER
22
poder ocorre
quando o agente
estatal pratica ato
contrário à
finalidade.
PODERES EM ESPÉCIE
PODER VINCULADO
Relaciona-se com a prática de atos vinculado, ou seja, atos cuja forma de execução está
inteiramente definida na lei, não permitindo juízo de conveniência e nem de oportunidade.
PODER DISCRICIONÁRIO
Confere prerrogativa para a prática de atos discricionários, isto é, atos cuja execução admite
certa margem de flexibilidade, mas sempre dentro dos limites legais, atendendo aos interesses
coletivos.
PODER HIERÁRQUICO
exercício de Fiscalizar
PODER DISCIPLINAR
23
Quando a Administração resolve punir as infrações funcionais de seus
servidores, faz uso tanto do poder disciplinar quanto do poder hierárquico.
ATENÇÃO!
E quando pune apenas os particulares com vinculo específico só incide o
poder disciplinar.
PODER NORMATIVO
PODER REGULAMENTAR
PODER DE POLÍCIA
24
atividades;
Refere-se à aplicação de sanções administrativas a
Repressivo particulares pelo descumprimento de normas de
ordem pública;
Fiscalizadora Visa prevenir eventuais lesões.
Na execução dos atos de polícia, a Administração
Discricionariedade
Pública, em regra, possui certa liberdade de atuação.
É a possibilidade de executar os atos de forma
imediata e direta, independente de ordem judicial.
Autoexecutoriedade
Atributos Tal atributo apenas existe quando há lei permitindo
ou situações urgentes.
É a possibilidade de as medidas adotadas pela
Coercibilidade Administração serem impostas ao administrado,
inclusive mediante emprego de força.
Nem todos os atos de polícia ostentam os atributos da autoexecutoriedade e
coercibilidade.
Polícia Judiciária: incide sobre bens (uso da
Polícia Administrativa: visa a prevenção e a
propriedade) e direitos (exercício de
repressão à prática de ilícitos criminais, sendo
liberdades), condicionando esses bens e
assim, incide sobre pessoas.
direitos à busca pelo interesse da coletividade.
Legislação ou Institui os limites e condicionamentos ao exercício de
Ordem de Polícia: atividades privadas e ao uso de bens;
É a anuência prévia da Administração Pública que
Consentimento de
ocorre mediante a concessão de licenças e
polícia:
autorizações;
Ciclos
É a atividade pela qual a Administração Pública
Fiscalização de
verifica se o particular está cumprindo
polícia:
adequadamente a legislação;
A Administração verifica alguma infração e aplica ao
Sanção de polícia:
particular uma sanção.
Delegação O Poder de Polícia só pode ser exercido pelas pessoas jurídicas de direitos
25
público.
Porém, algumas atividades materiais de execução podem ser praticados
por particulares, por delegação ou simples contrato de prestação de
serviços.
Dever de Exige que os atos dos agentes do Estado sejam legítimos, honestos, éticos e
Probidade de boa-fé, não sendo suficiente o atendimento à lei formal.
26
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Instituto AOCP – 2019 – PC-ES - Investigador) O poder dos Chefes de Executivo de explicar,
de detalhar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria
de sua competência ainda não disciplinada por lei denomina-se
A) Poder de Polícia
B) Poder Regulamentar
C) Poder Disciplinar
D) Poder Hierárquico
E) Poder Discricionário
Comentário:
27
Questão 2
Comentário:
Questão 3
(Instituto AOCP – 2019 – PC-ES – Escrivão de Polícia) Poderes administrativos são elementos
indispensáveis para persecução do interesse público. São Poderes da Administração Pública,
EXCETO
A) Poder de Polícia
B) Poder Regulamentar
C) Poder Hierárquico
D) Poder Judicial
E) Poder Disciplinar.
28
Comentário:
Isso porque o poder judicial é típico do Poder Judiciário, mas não é uma das
prerrogativas da Administração Pública. Assim, a letra “D” é a única incorreta.
Questão 4
(VUNESP – 2018 – PC-BA – Escrivão de Polícia) A respeito do uso do poder pelo agente
público, é correto afirmar que
Comentário:
Com efeito, o abuso de poder é o gênero, do qual extraímos suas duas espécies:
excesso de poder e desvio de poder.
29
O excesso de poder ocorre quando há vício de competência ou de
proporcionalidade.
Questão 5
Comentário:
30
Questão 6
(COPS – UEL - 2018 – PC-PR – Escrivão de Polícia) Assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, o Poder que é prerrogativa da administração pública de optar por duas ou mais
soluções que, segundo critérios de conveniência e oportunidade, melhor atenda ao interesse
público no caso concreto.
A) Hierárquico
B) Normativo
C) De polícia
D) Disciplinar
E) Discricionário
Comentário:
31
Questão 7
(VUNESP – PC-SP - 2018 – Investigador de Polícia) Advertência verbal aplicada por diretor
de escola estadual a aluno que não cumpriu seus deveres, cometendo falta dentro do
estabelecimento de ensino, é expressão do poder
A) Disciplinar
B) De polícia
C) Hierárquico
D) Regulamentar
E) Discricionário.
Comentário:
Questão 8
( ) Certo
32
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Certo.
Com efeito, consoante já estudamos, o poder disciplinar é uma prerrogativa
atribuída à Administração Pública para impor sanções a seus servidores e a particulares que
com ela mantenham vínculo jurídico específico. Assim, temos que se enquadra nesse caso as
concessionárias de serviços públicos, uma vez que o vínculo se materializa com a celebração
do contrato de concessão.
Questão 9
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
33
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
34
GABARITO
Questão 1 - B
Questão 2 - B
Questão 3 - D
Questão 4 - D
Questão 5 - A
Questão 6 - E
Questão 7 - A
Questão 8 - CERTO
Questão 9 - Errado
Questão 10 - CERTO
35
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
36
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Rafael Rezende explica que o exercício do poder de polícia compreende quatro fases distintas
que se inserem no denominado ciclo de polícia, a saber: consentimento (engloba licença e
autorização), fiscalização, punição e legislação de polícia.
Sobre esse ciclo STJ definiu que as sociedade de economia mista (pessoa jurídica de direito
privado pertencente à administração indireta) pode receber delegação dos poderes de
consentimento e fiscalização, apenas.
37
poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos, a saber: (i) legislação,
(ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção. 4. No âmbito da limitação do exercício
da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB
estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação
(legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a
Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade
estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda
observância ao CTB (sanção). 5. Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização
são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção
do Poder Público. 6. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por
particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro – aplicação de multas para
aumentar a arrecadação. 7. Recurso especial provido (STJ, 2.ª Turma, REsp 817.534/MG,
10.12.2009).
Fonte: Oliveira, Rafael Carvalho Rezende Curso de direito administrativo / Rafael Carvalho
Rezende Oliveira. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020.p.444.
Sabe-se que não é possível a outorga a pessoas da iniciativa privada do exercício do poder de
polícia, uma vez que carecedoras do "ius imperii" necessário ao exercício desse poder, como
afirma Licínia Rossi.
Admite-se, entretanto, a delegação de atos materiais de polícia. Esses atos são atividades de
mera execução de determinações anteriormente emanadas da própria Administração Pública.
Assim, segundo Licínia Rossi "[...] é possível que uma empresa privada realize o serviço de
demolição de uma obra clandestina. Porém, o decidir demolir a obra clandestina deve ter sido
ato anterior e necessariamente emanado da autoridade administrativa."
Ainda, o STJ decidiu que “o registro fotográfico da infração serve como base para a lavratura
do auto de infração, cuja competência é exclusiva da autoridade de trânsito”. (REsp 880.549-
DF, rel. Min. Eliana Calmon, j. 21-10-2008).
38
Fonte: Rossi, Licínia Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2020. p. 230.
39
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Poder de Polícia:
CTN: art. 78
Poder Regulamentar:
CRFB/88: art. 84, VI
40
JURISPRUDÊNCIA
Poder Hierárquico:
Poder disciplinar:
41
PODERES. PODER DISCIPLINAR. INDEPENDÊNCIA ENTRE INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA
E JUDICIAL. RECURSO DESPROVIDO.
1. Os fundamentos apresentados pela parte recorrente, em verdade, resumem-se à
questão dos limites do Poder Administrativo Disciplinar e à Separação dos Poderes.
Sustenta o recorrente que a Administração Pública não poderia demiti-lo com base em
ato que configure improbidade administrativa, seja por não ter competência para julgar
fatos definidos como crime e atos de improbidade, simultaneamente, pois tal compete
ao Poder Judiciário; seja porque a perda da função pública em matéria de improbidade
só pode ocorrer com a existência de sentença judicial condenatória pela prática dos
atos (Lei 8.429/92); seja porque o art. 220 do 3º grau, IV e do 4º grau, IV, da LCE n.
407/2010, no qual foi capitulado o recorrente, está eivado de inconstitucionalidade.
2. Como é cediço, "o poder disciplinar tem origem e razão de ser no interesse e na
necessidade de aperfeiçoamento progressivo do serviço público, assegurando a ordem
interna, a conduta de seus agentes e o regime hierárquico" (HEUSELER, Elbert da Cruz.
(In)comunicabilidade da sentença penal no Processo Administrativo Disciplinar. Revista
Brasileira de Direito Público - RBDP, Belo Horizonte, ano 5, n. 19, p. 129-145, out./dez.
2007). Verifica-se, pois, que se conferiu à Administração Pública a prerrogativa de avaliar
a conduta dos seus agentes, com vistas ao atendimento do interesse público primário
da
boa prestação da atividade administrativa.
3. Uma das decorrências do princípio da separação de poderes (art. 2º, CF/88) é
exatamente o estabelecimento do poder administrativo disciplinar e a fixação da
independência entre as instâncias administrativa e judicial. A escolha das condutas que
configuram infração administrativa e sua respectiva sanção disciplinar, por norma que
disciplina determinada carreira, em princípio não configura inconstitucionalidade,
ressalvados os casos de avaliação da desproporcionalidade entre conduta e sanção.
4. Não há impedimento, portanto, a que uma mesma conduta se caracterize como
ilícito civil, penal e administrativo, com fixação da sanção conforme previsão legal de
cada esfera.
42
5. Orienta-se esta Corte no sentido de que as sanções disciplinares previstas nas
diversas leis reguladoras das carreiras públicas são independentes em relação às
penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa, não havendo necessidade
de se aguardar o trânsito em julgado da ação de improbidade administrativa para
aplicação das penas de demissão ou de cassação de aposentadoria.
6. Recurso ordinário a que se nega provimento. (STJ - Acórdão Rms 48361 / Mt,
Relator(a): Min. Og Fernandes, data de julgamento: 25/08/2015, data de publicação:
11/09/2015, 2ª Turma)
43
70.235/1972, pois diferentemente daquelas normas, esta, dispõem especificamente
sobre normas gerais de Processo Administrativo Fiscal, sem qualquer
correspondência aos atos de Comércio Exterior e seus regramentos tributários
acessórios. IV. Recurso especial não provido. (STJ - Acórdão Resp 1637516 / Rj,
Relator(a): Min. Mauro Campbell Marques, data de julgamento: 04/12/2018, data de
publicação: 11/12/2018, 2ª Turma)
Poder de polícia
45
13.477/2002. Não merece prosperar o argumento de inconstitucionalidade da base
cálculo utilizada, determinada pela lei, pois esta fixa parâmetros objetivos e guarda
correspondência com os custos do exercício do poder de polícia. 2. O Tribunal de
origem solucionou a controvérsia com fundamento na jurisprudência firmada por esta
Corte. Precedentes. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (STF - Acórdão
Are 906203 Agr / Sp - São Paulo, Relator(a): Min. Roberto Barroso, data de julgamento:
25/08/2017, data de publicação: 08/09/2017, 1ª Turma)
46
Ai 676768 Agr-segundo / Sc - Santa Catarina, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski,
data de julgamento: 25/05/2018, data de publicação: 06/06/2018, 2ª Turma)
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. –
Rio de Janeiro: Forense, 2019.
49
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 6
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1.3.4 Tipicidade.................................................................................................................................................................................... 9
1.4.1 Competência............................................................................................................................................................................11
1.4.5 Objeto.........................................................................................................................................................................................16
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 49
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 50
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 55
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 6
1. Atos Administrativos
3
Importante ressaltar, ainda, que os fatos administrativos não estão sujeitos à teoria
geral dos atos administrativos, não possuindo atributos e requisitos, não podendo ser
anulados nem revogados.
4
O ato administrativo também pode ser ´praticados pelos particulares que
estejam investidos de prerrogativas estatais.
5
1.3 Atributos dos Atos Administrativos
Os atributos do ato administrativo são características que permitem afirmar que tais
atos se submetem a um regime jurídico de direito público, distinguindo-os dos atos de
direito privado.
PRESUNÇÃO DE PRESUNÇÃO DE
LEGITIMIDADE VERACIDADE
IMPERATIVIDADE AUTOEXECUTORIEDADE
TIPICIDADE
6
1.3.1 Presunção de Legitimidade e Veracidade
Essa inversão do ônus da prova não exime a Administração de, caso requisitada
pelo Judiciário, apresentar informações e documentos que comprovem a correspondência do
ato à realidade e à veracidade dos fatos.
1.3.2 Imperatividade
7
Decorre do princípio da supremacia do interesse público e também do chamado
“poder extroverso” que é a prerrogativa dada ao Poder Público de impor, de modo
unilateral, obrigações a terceiros, inclusive aos sujeitos que estão fora do âmbito interno da
Administração.
Esse atributo não existe em todos os atos administrativos, mas apenas nos que impõem
obrigações e restrições. Não estando, assim, presente nos atos enunciativos e nem no que
conferem direitos.
1.3.3 Autoexecutoriedade
8
caso, se os devedores não pagarem de forma voluntaria, haverá a necessidade de execução
pelo judiciário.
Pode-se afirmar que o ato de aplicação de sanções disciplinares (da advertência à demissão) é
autoexecutório.
1.3.4 Tipicidade
9
Maria Silvia Zanella Di Pietro ensina que a tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais,
isso porque nos contratos (atos bilaterais) não há imposição de vontade da Administração
Pública.
São as partes que compõem o ato, sendo por isso, considerados requisitos de
validade dos atos. Também podem ser chamados de requisitos ou pressupostos.
MOTIVO OBJETO
10
Para fixar os elementos do ato é só decorar o Mnemônico: COFOFIMO
1.4.1 Competência
11
5) Fracionamento: a competência é distribuída por diversos órgãos ou agentes,
cuja manifestação é imprescindível para a completa formação do ato.
12
Não podem ser objeto de delegação: (i) edição de atos de caráter normativo; (ii)
decisão de recursos administrativos; e (iii) as matérias de competência exclusiva.
1.4.2 Forma1
1
Vide questões 06 e 10 ao final do capítulo.
13
1.4.3 Finalidade
Decorre do princípio da impessoalidade, pelo qual o fim a ser buscado pelo agente
público deve ser apenas o prescrito em lei. É sempre um elemento vinculado.
Também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico imediato que
o ato produz, enquanto a finalidade é o efeito geral ou mediato.
1.4.4 Motivo2
Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei.
2
Vide questões 03 e 07 ao final do capítulo.
14
O motivo pode ser discricionário ou vinculado. Será discricionário quando: (i) a lei
não o definir, deixando-o ao inteiro critério da Administração Pública; ou (ii) a lei definir o
motivo utilizando noções vagas, os chamados conceitos jurídicos indeterminados. Nos casos
em que a lei utiliza conceitos técnicos, a discricionariedade poderá ser afastada.
15
Se o ato prescinde de motivação, mas a Administração o faz indicando um motivo
falso, o ato será nulo por vício no elemento motivo. Porém, se é imprescindível a
motivação e a Administração não o faz, o ato será nulo no elemento forma.
1.4.5 Objeto
O objeto do ato identifica-se com o seu conteúdo. Para encontrar esse elemento,
basta verificar o que o ato enuncia, prescreve, dispõe indagando: “para que serve o ato?”
Além disso, o objeto deve ser lícito – conforme a lei, possível, certo e moral.
O objeto natural é o efeito jurídico que o ato produz, sem necessidade de expressa
menção. O acidental é o efeito jurídico que o ato produz em decorrência de cláusulas
acessórias, compreendendo o encargo/modo, o termo e a condição (elementos acidentais):
16
Objeto Vinculado x Discricionário:
Assim como o motivo, o objeto é um dos elementos que podem ser vinculados ou
discricionários.
17
Função de fato e usurpação de função não se confundem: nesta, a pessoa não foi investida
no cargo; naquela, a pessoa foi investida, mas existe alguma ilegalidade ou impedimento legal
em sua investidura.
3
Vide questão 05 ao final do capítulo.
18
O vício de finalidade configura vício insanável, ou seja, não pode ser convalidado,
devendo ser sempre anulado.
Pode ocorrer vício de motivo quando: (i) a matéria de fato ou de direito em que se
baseia o ato é inexistente (motivo inexistente); (ii) o motivo é falso; ou (iii) há incongruência
entre o fato e a norma, ou seja, quando o motivo é ilegítimo.
19
1.5.5 Vício de Objeto
Ocorrerá este vício quando o objeto for: proibido pela lei; com conteúdo diverso do
previsto em lei para aquela situação; impossível; imoral e incerto em relação aos destinatários,
às coisas, ao tempo e ao lugar.
Apesar de ter sido tópico debatido no capítulo que trata dos poderes
administrativos, cabe aqui, ressaltar que nos atos vinculados, todos os elementos são
vinculados, não restando nenhuma liberdade ao agente público.
4
Vide questão 04 ao final do capítulo.
20
O Judiciário, em sua função típica, não revoga atos, apenas os anula se houver ilegalidade ou
ilegitimidade.
1) Vinculados: são os atos em que a lei cria fixa os requisitos e condições de sua
realização, não deixando liberdade de ação para a Administração Pública;
2) Discricionários: são aqueles em que a Administração tem liberdade de ação
dentro de determinados parâmetros previamente definidos em lei. Além da lei,
os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e da moralidade são
considerados limitadores.
21
meio de recursos administrativos, bem como ações judiciais comuns ou
especiais. Exemplos: nomeação, exoneração, tombamento, autorização, licença.
22
Antes da formação dos atos complexos ou compostos, pode surgir o chamado efeito
prodrômico. É um efeito atípico e um exemplo de sua ocorrência é quando o servidor recebe
os proventos de aposentadoria quando esta é concedida pela Administração, mas ainda não
foi apreciada pela Corte de Contas.
1) Constitutivos: cria uma nova situação jurídica, que pode ser um novo direito
ou uma nova obrigação. Exemplos: licenças, autorizações, nomeações.
23
2) Extintivos: extinguem direitos e obrigações. Exemplos: demissão, cassação de
autorização.
3) Declaratórios: afirmam a existência de um fato ou de uma situação jurídica
anterior. Exemplo: atestados e certidões.
A anulação do ato nulo possui eficácia ex tunc, admitindo-se a preservação dos efeitos
perante os terceiros de boa-fé. Em relação aos atos inexistentes, nenhum efeito pode ser
validamente mantido, nem mesmo perante os terceiros de boa-fé.
24
3) Pendente: é aquele que depende de algum evento futuro para que comece a
produzir efeitos.
4) Consumado/Exaurido: é o que já produziu todos os efeitos.
São atos com efeitos internos - endereçados aos servidores- que visam disciplinar o
funcionamento da Administração e a conduta funcional dos agentes. Possuem fundamento no
poder hierárquico e não atingem os particulares em geral.
Exemplos: (i) portarias: trazem determinação geral ou especial aos que a ela se
submetem; (ii) circulares internas: para transmitir ordens internas a fim de uniformizar o
tratamento de determinando assunto; (iii) ordens de serviço; (iv) avisos e outros.
25
Esses atos estabelecem efeitos jurídicos entre Administração Pública e particular,
impondo a ambos observância de seu conteúdo e respeito às condições.
Não cabe falar em imperatividade nem autoexecutoriedade nos atos negociais, eis que não é
um ato imposto ao particular.
As principais espécies de atos negociais são: (i) licença: ato vinculado e definitivo;
(ii) autorização: ato discricionário e precário pelo qual a Administração possibilita o exercício
de alguma atividade predominantemente do particular; (iii) permissão: ato discricionário e
26
precário pelo qual a Administração faculta ao particular uso de bem público no interesse
público; (iv) admissão: ato vinculado; (v) aprovação: ato discricionário; (vi) homologação: ato
vinculado.
São aqueles que atestam ou certificam uma situação preexistente. São considerados
atos administrativos apenas em sentido formal.
Exemplos: (i) certidão: é a cópia de informação registradas em algum banco de
dados da Administração; (ii) atestado: é uma declaração referente a uma situação; (iii)
parecer: é uma manifestação técnica de caráter opinativo emitida por órgão especializado; (iv)
apostila: ato aditivo usado para corrigir, atualizar ou complementar dados.
Via de regra, o parecer não vincula a autoridade, mas em alguns casos pode ter efeito
vinculante.
27
1.8.5 Atos Punitivos:
São aqueles que impõem sanções aos que descumprem normas legais ou
administrativas. Podem ser: (i) internos: têm como destinatários os servidores públicos; (ii)
externos: têm como destinatários os particulares.
Os casos de extinção são situações nas quais o ato deixa de produzir efeitos, sendo
retirado do mundo jurídico.
28
Deve ser precedida de procedimento administrativo, respeitando o direito de defesa.
Produz efeitos ex tunc, ou seja, retroativo, não gerando direito adquirido. Porém, deve-se
proteger os efeitos em relação aos terceiros de boa-fé.
Além disso é ato privativo da Administração Pública. Convém destacar que não são
passíveis de revogação os atos: exauridos ou consumado; vinculados; que geraram direito
adquirido; atos integrantes de procedimento administrativo; atos enunciativos, atos
declaratórios e atos complexos.
Não se pode confundir a caducidade do ato administrativo com a caducidade nos contratos
administrativos de concessão de serviços públicos, regulamentados pela lei 8.987/95. A
caducidade do contrato de concessão é a rescisão unilateral da avença por motivo de
inadimplemento da empresa concessionária.
29
A contraposição ou derrubada ocorre quando há edição posterior de ato cujos
efeitos se contrapõem ao emitido anteriormente.
30
A ratificação e a confirmação podem ser consideradas espécies da convalidação.
Porém, se a autoridade que convalida o ato é a mesma que o praticou tem-se a ratificação.
Se a convalidação for feita por autoridade superior, ocorrerá a confirmação.
A reforma incide sobre atos válidos que são aperfeiçoados por razões de
conveniência e oportunidade, para melhor atender os interesses públicos.
Já a conversão atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria para que os
efeitos já produzidos sejam aproveitados, por exemplo: permissão de prestação de serviços
públicos sem licitação convertida em autorização, para qual não se exige licitação.
31
QUADRO SINÓTICO
ATOS ADMINISTRATIVOS
32
independente da sua concordância, criando obrigações ou impondo
restrições.
DE Uso de meios
indiretos de
Exigibilidade:
coação.
DESDOBRA-SE EM DOIS
ATRIBUTOS: É o emprego
meios diretos.
Executoriedade:
O fim a ser buscado pelo agente público deve ser apenas o prescrito
FINALIDADE
em lei.
33
É sempre um elemento vinculado.
Acidental: decorrência de
cláusulas
acessórias.
Incompetência: quando
Usurpação de função
VÍCIO DE o ato não se inclui nas
COMPETÊNCIA atribuições legais do
Excesso de poder
agente que o praticou e
34
também quando o
sujeito pratica
exorbitando de suas Função de fato
atribuições. Divide-se
em:
Impedimento
Incapacidade:
Suspeição
É passível de convalidação.
Motivo é inexistente;
É insanável
For incerto.
35
Administração Pública;
Discricionários: são aqueles em que a Administração tem
liberdade de ação dentro de determinados parâmetros
previamente definidos em lei.
ALCANCE Administração;
36
Anulável: apresenta defeito sanável, ou seja, passível de
convalidação
ESPÉCIES DE ATOS
37
final ou prazo
conveniência e
oportunidade
Desfazimento
do ato por
questões de
Anulação
ilegalidade ou
de
ilegitimidade.
Ilegalidade
Extinção precoce do ato
RETIRADA: superveniente
administrativo e abrange:
Cassação decorrente de
culpa do
beneficiário
Ilegalidade
superveniente
Caducidade decorrente de
alteração
legislativa.
ocorre quando
há edição
Contraposiçã
posterior de ato
o/Derrubada
cujos efeitos se
contrapõem ao
38
emitido
anteriormente.
CONVALIDAÇÃO
REFORMA
Incide sobre atos válidos que são aperfeiçoados por razões de conveniência e oportunidade,
para melhor atender os interesses públicos.
CONVERSÃO
Atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria para que os efeitos já produzidos sejam
aproveitados, por exemplo: permissão de prestação de serviços públicos sem licitação
convertida em autorização, para qual não se exige licitação.
39
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Instituto AOCP – 2019 – PC-ES - Investigador) A autorização de serviço público pode ser
considerada um
Comentário:
40
Questão 2
A) Objetividade
B) Tipicidade
C) Motivação
D) Validade
E) Eficácia
Comentário:
Questão 3
( Instituto AOCP – PC-ES - Investigador) De acordo com a Teoria dos Atos Administrativos, o
requisito de validade do ato, discricionário e que consiste na “situação fática ou jurídica cuja
ocorrência autoriza ou determina a prática do ato” denomina-se:
A) Competência
B) Finalidade
C) Objeto
D) Forma
E) Motivo
41
Comentário:
Vamos revisar?
Questão 4
A) Internos ou externos.
B) Individuais ou gerais
C) Vinculados ou discricionários.
D) Concretos ou abstratos
E) Simples ou complexos.
42
Comentário:
No caso dos atos vinculados, o agente não possui margem para atuação, pois todos
os elementos do ato já estão previamente previstos em lei.
Já no que toca aos discricionários, temos que a lei autoriza o agente a proceder
uma determinada avaliação de conduta.
Questão 5
A) Provocar o Poder Judiciário para que aquele poder revogue o ato viciado.
B) Provocar o Tribunal de Contas para que aquele órgão declare nulo o ato viciado.
Comentário:
43
"Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos."
O vício em tela é insanável. Assim, a convalidação não é viável na espécie. Também não
há que se falar em revogação, que é a extinção de ato administrativo que recai sobre atos
válidos (o que não é o caso).
Questão 6
(VUNESP – 2018 – PC-SP – Investigador de Polícia) Ao negar pedido de um cidadão para ter
acesso aos dados estatísticos sobre os crimes violentos cometidos no âmbito estadual no
último ano, a autoridade administrativa não indicou qualquer fato ou fundamento jurídico
para embasar sua decisão, embora a lei exigisse que essa indicação fosse expressa. Nesse
caso, considerando que apesar da ausência de indicação os fatos e os fundamentos jurídicos
para a denegação do pedido existiam e eram válidos, é correto afirmar que o ato
administrativo em questão possui vício de
A) Forma
B) Finalidade
C) Motivo
D) Objeto
E) Competência.
Comentário:
44
Muitos candidatos irão marcar a letra “C”.
O vício seria de motivo, por exemplo, se a autoridade tivesse dado um motivo falso
para o ato.
Questão 7
A) A competência, pela qual é vedado que um agente público transfira a outro funções que
originariamente lhe são atribuídas.
B) O objeto, elemento pelo qual todo ato administrativo deve estar dirigido ao atendimento
de um interesse público.
E) O motivo, que consiste na situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente
público, quando este pratica o ato administrativo.
Comentário:
45
A) Incorreta. A competência, ao contrário do que traz a assertiva, é o conjunto de
atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes (definição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro)
B) Incorreta. Essa definição, na verdade, é a finalidade e não o objeto do ato
administrativo.
C) Incorreta. Novamente a banca confunde, trazendo a definição do objeto.
D) Incorreta. Em regra, o princípio da liberdade das formas é aplicável em sede do
direito privado (artigo 107, CC).
E) Correta, pelos seus próprios fundamentos.
Questão 8
A) Permissão
B) Aprovação
C) Parecer
D) Autorização
E) Licença
Comentário:
O único ato unilateral e vinculado, dentre os apresentados, é a licença, classificada como ato
negocial, onde a Administração concede ao particular – desde atendidas as respectivas
exigências – a faculdade de exercer determinada atividade.
46
Questão 9
( CESPE – 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) No que se refere à anulação e revogação dos
atos administrativos, julgue o item a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Errado.
Vejamos: a anulação pode ocorrer em face do ato discricionário e do ato vinculado.
Ocorre que a revogação, ao contrário do descrito no enunciado, aplica-se somente
aos atos discricionários, o que torna a afirmação incorreta.
Questão 10
(CESPE – 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) No que se refere à anulação e revogação dos
atos administrativos, julgue o item a seguir.
O vício de forma do ato administrativo que não cause lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, em regra, poderá ser convalidado pela administração pública.
( ) Certo
( ) Errado
47
Comentário:
Gabarito: Correto.
48
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - E
Questão 3 - E
Questão 4 - C
Questão 5 - D
Questão 6 - A
Questão 7 -E
Questão 8 - E
Questão 9 – Errado
Questão 10 - Certo
49
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Atos Complexos
Convalidação:
50
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
51
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Sim, porque apesar de não haver correlação entre os motivos expostos pelo
administrador e a prática do ato (teoria dos motivos determinantes), na tredestinação
lícita a finalidade pública é preservada, havendo apenas uma destinação diferente
daquela dada incialmente ao bem, e, portanto, é lícita.
De acordo com a Teoria dos Motivos Determinantes, a Administração Pública passa a ficar
vinculada aos motivos que determinaram a prática do ato. Assim, caso seja realizado um
ato em dissonância com o motivo apresentado, o ato estará viciado. Afinal, a validade do
ato administrativo depende da correspondência entre os motivos nele expostos e a
existência concreta dos fatos que ensejaram a sua edição.
Assim, mesmo naquelas situações excepcionais em que a lei não exige a motivação
(exteriorização dos motivos), caso o agente exponha os motivos do ato, a validade da
medida dependerá da citada correspondência com a realidade.
Jurisprudência correlata:
52
simples descumprimento dos objetivos que justificaram a desapropriação. Para que
o expropriado tenha direito à devolução do imóvel, ou seja indenizado, é necessário que o
Poder Público dê ao bem destinação que não atenda ao interesse público (tredestinação
ilícita). Precedentes do STJ. 3. Recurso especial não provido (STJ, 2.ª Turma,
REsp 1025801/SP, 20.08.2009).
"Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras
ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa."
53
Fonte: ALEXANDRINO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 26. Ed: Rio de Janeiro:
Método, 2018. p. 1181.
Assim, essa finalidade nova, porém de interesse público, não viola a teroia dos motivos
determinantes pois os motivos, ainda que não sejam os mesmos, ficam restritos à supremacia
do interesse público. Como ensina Carvalho Filho, o "aspecto específico" dentro desse
interesse público é diferente. Logo, não se vislumbra ilicitude porque o fim especial foi
diferente, porém, o motivo que deu ensejo à expropriação (interesse público) permanece.
No mesmo sentido é o entendimento do STJ (REsp 968.414/SP) que sustenta não haver desvio
de finalidade quando ao bem for dada destinação que atenda ao interesse público. Daí
porque toda essa construção da doutrina que consolidou o entendimento de que a teoria dos
motivos determinantes tem por exceção a tredestinação lícita da desapropriação.
Fonte: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 12. ed. rev. ampl.
atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005
54
JURISPRUDÊNCIA
Mérito Administrativo
55
under uncertainty: An institutional theory of legal interpretation. Cambridge:
Harvard University Press, 2006, p. 248–251). 5. A intervenção judicial
desproporcional no âmbito regulatório pode ensejar consequências negativas às
iniciativas da Administração Pública. Em perspectiva pragmática, a invasão judicial
ao mérito administrativo pode comprometer a unidade e coerência da política
regulatória, desaguando em uma paralisia de efeitos sistêmicos acentuadamente
negativos. 6. A expertise técnica e a capacidade institucional do CADE em
questões de regulação econômica demanda uma postura deferente do Poder
Judiciário ao mérito das decisões proferidas pela Autarquia. O controle
jurisdicional deve cingir-se ao exame da legalidade ou abusividade dos atos
administrativos, consoante a firme jurisprudência desta Suprema Corte.
Precedentes: ARE 779.212-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de
21/8/2014; RE 636.686-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de
16/8/2013; RMS 27.934 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de
3/8/2015; ARE 968.607 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 15/9/2016;
RMS 24.256, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ de 18/10/2002; RMS 33.911, Rel. Min.
Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 20/6/2016. 7. Os controles regulatórios, à
luz do consequencialismo, são comumente dinâmicos e imprevisíveis. Consoante
ressaltado por Cass Sustein, “as normas regulatórias podem interagir de maneira
surpreendente com o mercado, com outras normas e com outros problemas.
Consequências imprevistas são comuns. Por exemplo, a regulação de novos riscos
pode exacerbar riscos antigos (...). As agências reguladoras estão muito melhor
situadas do que os tribunais para entender e combater esses efeitos” (SUSTEIN,
Cass R., "Law and Administration after Chevron”. Columbia Law Review, v. 90, n. 8,
p. 2.071-2.120, 1990, p. 2.090). 8. A atividade regulatória difere substancialmente
da prática jurisdicional, porquanto: “a regulação tende a usar meios de controle ex
ante (preventivos), enquanto processos judiciais realizam o controle ex post
(dissuasivos); (...) a regulação tende a utilizar especialistas (...) para projetar e
implementar regras, enquanto os litígios judiciais são dominados por generalistas”
(POSNER, Richard A. "Regulation (Agencies) versus Litigation (Courts): an analytical
framework". In: KESSLER, Daniel P. (Org.), Regulation versus litigation: perspectives
56
from economics and law, Chicago: The University of Chicago Press, 2011, p. 13). 9.
In casu, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE, após ampla
análise do conjunto fático e probatório dos autos do processo administrativo,
examinou circunstâncias fáticas e econômicas complexas, incluindo a
materialidade das condutas, a definição do mercado relevante e o exame das
consequências das condutas das agravantes no mercado analisado. No processo,
a Autarquia concluiu que a conduta perpetrada pelas agravantes se enquadrava
nas infrações à ordem econômica previstas nos artigos 20, I, II e IV, e 21, II, IV, V e
X, da Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 10. O Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE detém competência legalmente outorgada para verificar se a
conduta de agentes econômicos gera efetivo prejuízo à livre concorrência, em
materialização das infrações previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 11. As
sanções antitruste, aplicadas pelo CADE por força de ilicitude da conduta
empresarial, dependem das consequências ou repercussões negativas no mercado
analisado, sendo certo que a identificação de tais efeitos anticompetitivos reclama
expertise, o que, na doutrina, significa que “é possível que o controle da
“correção” de uma avaliação antitruste ignore estas decisões preliminares da
autoridade administrativa, gerando uma incoerência regulatória. Sob o pretexto de
“aplicação da legislação”, os tribunais podem simplesmente desconsiderar estas
complexidades que lhes são subjacentes e impor suas próprias opções” (JORDÃO,
Eduardo. Controle judicial de uma administração pública complexa: a experiência
estrangeira na adaptação da intensidade do controle. São Paulo: Malheiros –
SBDP, 2016, p. 152-155). 12. O Tribunal a quo reconheceu a regularidade do
procedimento administrativo que impusera às recorrentes condenação por
práticas previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste), razão pela qual divergir do
entendimento firmado no acórdão recorrido demandaria o reexame dos fatos e
provas, o que não se revela cognoscível em sede de recurso extraordinário, face
ao óbice erigido pela Súmula 279 do STF. 13. Agravo regimental a que se NEGA
PROVIMENTO. (RE 1083955 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 28/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 06-06-2019
PUBLIC 07-06-2019)
57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
58
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 7
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1. Serviços Públicos........................................................................................................................................................ 3
1.1 Conceito ................................................................................................................................................................ 3
1.2 Princípios ............................................................................................................................................................... 5
1.2.1 Dever de prestação do Estado .............................................................................................................................. 5
1.2.2 Princípio da Universalidade/Generalidade ........................................................................................................... 6
1.2.3 Princípio da Modicidade ....................................................................................................................................... 6
1.2.4 Princípio da Atualidade ......................................................................................................................................... 7
1.2.5 Princípio da Cortesia ............................................................................................................................................. 8
1.2.6 Princípio da Isonomia:........................................................................................................................................... 8
1.2.7 Princípio da Submissão a controle ........................................................................................................................ 8
1.2.8 Princípio da Continuidade dos serviços públicos .................................................................................................. 9
1.3 Classificação ........................................................................................................................................................ 11
1.3.1 Quanto à forma de fruição dos serviços: ............................................................................................................ 11
1.3.2 Compulsórios e Facultativos ............................................................................................................................... 12
1.4 Formas de prestação do serviço Público............................................................................................................. 13
1.5 Concessão de Serviços Públicos .......................................................................................................................... 14
1.5.1 Poder concedente ............................................................................................................................................... 14
1.5.2 Concessionária .................................................................................................................................................... 15
1.5.3 Licitação .............................................................................................................................................................. 16
1.5.4 Contrato de Concessão ....................................................................................................................................... 17
1.5.5 Fiscalização.......................................................................................................................................................... 18
1.5.6 Extinção do contrato de concessão .................................................................................................................... 19
1.6 Parceria Público-Privadas.................................................................................................................................... 21
1.6.1 Características ..................................................................................................................................................... 21
1.6.2 Licitação .............................................................................................................................................................. 24
1.6.3 Sociedade de propósito específico ..................................................................................................................... 25
1.7 Permissão de Serviços Públicos .......................................................................................................................... 26
1.8 Autorização de Serviços Públicos ........................................................................................................................ 27
1.9 Consórcios Públicos............................................................................................................................................. 28
1
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 50
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 54
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 7
1. Serviços Públicos
1.1 Conceito
Não é unanime na doutrina a conceituação dos serviços públicos. Segundo José dos
Santos Carvalho Filho, a expressão “serviços públicos” admite mais de um sentido e mais de
um conceito eis que, ao longo dos anos, variou muito em decorrência da evolução do tema
relativo às funções do Estado. E por essa razão apresenta vários aspectos diferentes entre os
elementos que o compõem.
Porém, em verdade, nem toda a atividade do Estado pode ser considerada como
atividade de serviço público. E por essa razão, a doutrina moderna vem considerando
fundamental restringir tal conceito, pontuando as distinções entre serviços públicos,
exploração de atividade econômica pelo Estado, execução de obras públicas e exercício do
poder de polícia
3
Substrato Material: considera-se que o serviço público é uma comodidade ou
utilidade fruível prestada a coletividade, de forma contínua.
Substrato Formal: essa atividade deve ser prestada sob o regime de direito
público, ainda que parcialmente público. Ressalta-se que quando particulares
atuam no serviço público eles atuam sob o regime de direito público.
O Serviço Público não se confunde com obra pública, eis que esta não é
contínua – tem início, meio e fim. A obra pública é necessária a prestação do
serviço público, mas com ele não se confunde;
O Serviço Público não se confunde com o Poder de Polícia, porque este
não estabelece restrições ou limitações ao direito do particular e não uma
comodidade.
O Serviço Público não se confunde com a exploração de atividade
econômica, porque quando o Estado explora tal atividade o faz sob o
regime de direito privado.
Segundo José dos Santos Carvalho Filho: “ o conceito deve conter os diversos
critérios relativos à atividade pública. De forma simples e objetiva, conceituamos serviço
4
público como toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob
regime de direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da
coletividade. ”
Para Maria Silvia Zanella Di Pietro, serviço público é “toda atividade material que a
lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o
objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou
parcialmente público.”
1.2 Princípios
Todavia, alguns princípios são definidos pela doutrina e até mesmo pela Lei nº
8.987/95 – que regulamenta a prestação dos serviços públicos.
1
Vide questão 01 ao final do capítulo.
5
Por este princípio, o Estado tem o dever – não pode se escusar – de efetivar a
prestação do serviço público, fazendo-o de forma direta ou até mesmo indireta mediante
delegação aos particulares por meio de contrato de concessão ou de permissão.
Conforme tal princípio, o Serviço Público deve ser prestado à coletividade em geral
ou, pelo menos, a maior quantidade de pessoas possível.
Não se admite, portanto, que a prestação dos serviços seja dirigida a determinada
camada da sociedade ou pessoa específica, por exemplo.
Pelo princípio da modicidade2 as tarifas cobradas aos usuários pela prestação dos
serviços públicos devem ser as mais baixas – módicas – possíveis afim de atingir a maior
quantidade de pessoas.
Por isso, diz-se que tal princípio está intimamente ligado ao princípio da
universalidade.
2
Vide questões 02 e 05 ao final do capítulo.
6
A taxa não pode ser confundida com tarifa, já que essa segunda ocorre por meio de
contrato. O regime jurídico da taxa é definido pelo Direito Público, ao passo que o regime da
tarifa corresponde ao do Direito Privado. Nas tarifas pode-se dizer que há a liberdade de
contratá-las ou não, mas o mesmo não ocorre com as taxas, já que é compulsória a
submissão aos efeitos tributários. Neste sentido, a súmula 545, do Supremo Tribunal Federal.
Para atingir as tarifas mais baixas, a legislação vigente autoriza, desde que previsto
expressamente em edital de licitação, que o prestador de serviços busque fontes alternativas
de receitas, como exemplo podemos citar os “outbus”.
O art. 6°, §2° da Lei nº 8.987/95, ao tratar deste preceito, define que "atualidade
compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
7
1.2.5 Princípio da Cortesia
É regulamentado pelo art. 6°, §1° da Lei 8.987/95, que estabelece que, para se
considerar adequada a atividade estatal, deve-se privilegiar o bom trato com os particulares
que usufruirão dos serviços executados.
A prestação dos serviços não pode criar diferenciação indevida entre os usuários.
Porém, consagrou-se na doutrina que a isonomia deve ser observada sob dois aspectos: a
isonomia formal – na lei - e a isonomia material – perante a lei.
É esse conceito que justifica as ações afirmativa, como sistema de cotas nas
Universidades Públicas e nos concursos.
Os serviços públicos devem ser controlados tanto pela sociedade quanto pela
própria Administração Pública.
Admite-se também o controle efetivado pelos demais poderes, desde que nos
limites definidos pelo texto constitucional. Dessa forma, o Poder Judiciário pode, mediante
8
provocação, analisar a legalidade na prestação das atividades estatais, bem como o Poder
Legislativo realiza o controle financeiro, com auxílio da Corte de Contas.
Os serviços públicos devem ser controlados pela sociedade, assim como pela
própria Administração Pública, como forma de garantia dos demais princípios, se admitindo,
inclusive, o controle efetivado pelos demais poderes, desde que nos limites definidos pelo
texto constitucional. Dessa forma, o Poder Judiciário pode, quando provocado, analisar a
legalidade na prestação das atividades estatais, bem como o Poder Legislativo realiza o
controle financeiro.
Tal princípio está expresso no art. 6°, § 1°, da Lei 8.2987/95, como necessário para
que o serviço público seja considerado adequado.
9
limitada e diante da ausência de lei específica a tratar da matéria será utilizada
a lei geral de greve (Lei 7.783/89);
É possível interromper a prestação de um serviço por inadimplemento do
usuário? A Lei 8.987/95, em seu art. 6, §3°, estabelece que não se caracteriza
como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência ou após prévio aviso, quando for motivada por razões de
ordem técnica ou de segurança das instalações ou por inadimplemento do
usuário, considerado o interesse da coletividade. Apesar de a interrupção
por inadimplemento do usuário ser matéria divergente na doutrina nacional, é
majoritário o posicionamento de que será ilegal a paralisação de
determinado serviço público por inadimplemento do usuário, caso enseje a
interrupção de um serviço essencial à coletividade.
O instituto da exceção de contrato não cumprido pode ser aplicada em
contratos administrativos? Exceptio rum adimpleti contractus é o direito de
suspender a execução do contrato em face do inadimplemento da outra parte.
Conforme disposição do art. 78, XV, da Lei 8.666/93, o particular tem direito de
invocar a exceção do contrato não cumprido, desde que a administração seja
inadimplente por mais de 90 (noventa) dias em relação aos seus
pagamentos.
Trata-se de cláusula exorbitante dos contratos administrativos que visa a evitar uma
paralisação da atividade pública.
10
Ademais, nos contratos de concessão de serviços públicos, admite-se a
transferência de propriedade, ao final do contrato, dos bens da concessionária que estejam
atrelados à prestação do serviço público.
É a chamada reversão de bens. Sobre a reversão, a Lei nº 8.987/95, em seu art. 36,
indica que a reversão no advento do termo contratual far-se-á mediante indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade do serviço concedido.
1.3 Classificação
1) Serviços Gerais / Uti Universi3: esses serviços são prestados a todos e por
essa razão o Estado não tem como medir a utilização individual de cada
pessoa. São custeados pela receita geral decorrente da cobrança de
impostos. Configuram-se serviços indivisíveis, não sendo possível dividir o
ônus da prestação em proporção igual à utilização. Exemplos: segurança,
limpeza pública e iluminação pública;
2) Serviço Singulares/ Uti Singuli: nesses serviços a Administração tem como
mensurar a utilização individual, ou seja, o quanto cada pessoa utiliza o
serviço. São cobrados individualmente, mediante a cobrança de taxas ou
tarifa/preços públicos proporcional à utilização do sujeito. Podem ser
designados como serviços divisíveis, haja vista a possibilidade de se dividir
a utilização entre os usuários, distribuindo o ônus da prestação de forma
proporcional à utilização individual. Exemplo desses serviços são: energia
elétrica, água, saneamento.
3
Vide questão 04 ao final do capítulo.
11
É inconstitucional uma taxa que tenha como finalidade arcar com os custos de um serviço
indivisível. Assim, a base de cálculo para cobrança de taxas deve ser um serviço uti singuli,
sob pena de inconstitucionalidade da exação. Inclusive, acerca do tema, o Supremo Tribunal
Federal editou a súmula 670, dispondo que “o serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa.”
No que tange aos serviços públicos divisíveis, ou serviços uti singuli, eles podem
ser classificados em compulsórios e facultativos.
12
1.4 Formas de prestação do serviço Público
4
Vide questão 09 ao final do capítulo.
13
de contratos de concessão ou permissão, que estudaremos detalhadamente
no próximo tópico.
14
União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço
público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão".
Por ser titular dos serviços delegados, o ente público tem direitos e obrigações no
contrato de concessão de serviços públicos, sendo, inclusive, responsável subsidiariamente
por todos os danos causados na execução do serviço público.
1.5.2 Concessionária
Caso as empresas pretendam participar da licitação como consórcio, mas não tenham o
formado ainda, elas podem participar desde de que tenha a comprovação de compromisso,
15
público ou particular, de constituição de consórcio, subscrito pelas consorciadas, caso vençam
a licitação. Neste caso, deveram formar o consórcio antes da celebração do contrato.
1.5.3 Licitação
16
Combinação, dois a dois, dos critérios de menor valor da tarifa do serviço
público a ser prestado, de maior oferta, nos casos em que haja pagamento
ao poder concedente pela outorga da concessão e de melhor oferta de
pagamento pela outorga, após qualificação de propostas técnicas;
Melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
Melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da
tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
Melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta
pela outorga da concessão com o de melhor técnica;
Melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas
técnicas.
Pelo contrário, os contratos são firmados por prazos mais longos, inclusive para que
o particular consiga amortizar os investimentos e comece a aferir lucros.
17
Apesar de, normalmente, ser firmado por prazo mais longo que 1 (um) ano, os contratos de
concessão não podem ter prazo indeterminado.
1.5.5 Fiscalização
O poder de fiscalização é tão amplo que a lei estabelece que se houver indícios
irregularidade o Estado pode declarar a intervenção na concessionária.
5
Vide questão 06 ao final do capítulo.
19
Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros
ou com empregados da concessionária.
20
licitação, na vigência da Constituição Federal de 1988, casos em que deve ser declarada sua
nulidade originária, por desrespeito ao princípio da isonomia.
1.6.1 Características
21
Valor: é vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo
valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
22
O parceiro público pode exigir garantia do parceiro privado, mas o parceiro privado também
pode exigir garantia do poder público, pois os riscos são compartilhados.
1.6.2 Licitação
Assim como ocorre nos contratos de concessão simples, nas concessões especiais o
edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.
Por fim, não será possível dar início ao procedimento licitatório sem que haja prévia
licença ambiental ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental do
empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir, em
razão do impacto que poderá causar ao meio ambiente.
24
1) Menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
2) Melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa
do serviço público a ser prestado e de melhor técnica;
3) Menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração Pública; e
4) Melhor proposta em razão da combinação do menor valor da contraprestação a
ser paga pelo poder público com o de melhor técnica, de acordo com os pesos
estabelecidos no edital.
É possível ainda, que o edital de licitação preveja a etapa de lances verbais, sendo,
via de regra, vedado limitar a quantidade de lances. Porém, o edital poderá restringir a
apresentação de lances em viva voz aos licitantes cuja proposta escrita for no máximo 200%
maior que o valor da melhor proposta.
A sociedade de propósito específico deve ser criada pelo ente público e pelo
parceiro privado, com o intuito de gerir a contratação e implantar a parceria.
Essa sociedade deve ser deverá ser instituída depois de realizada a licitação e antes
da celebração do contrato.
Conforme determinação legal, o Poder Público não pode deter a maior parte do
capital social votante desta entidade específica; caso contrário, ficaria comprometida a sua
imparcialidade, salvo em casos de aquisição da maior parte do capital em questão por
instituição financeira controlada pelo Poder Público, quando houver inadimplemento de
contratos de financiamento.
25
1.7 Permissão de Serviços Públicos
A permissão de serviços públicos também foi prevista pelo artigo 175 da CRFB/88 e
é regulamentada pela Lei nº 8.987/95.
Destaca-se que a permissão e a concessão possuem três diferenças básicas. São elas:
26
CONCESSÃO PERMISSÃO
Os consórcios públicos foram criados por meio da edição da Lei nº 11.107/05, para
regulamentar o artigo 241 da CRFB/88.
28
formada com verba estatal, ficando, portanto, sujeita ao controle efetivado pelo Tribunal de
Contas, além de respeitar as normas de impessoalidade e isonomia de suas contratações.
Já se for criada com personalidade jurídica de direito público, irá seguir regime de
direito público e receberá o nome de associação pública – espécie de Autarquia - e fará
parte da Administração Indireta de cada um dos entes consorciados.
Os consórcios podem ser formados por entes federativos de esferas de governo diferentes,
não havendo a previsão de formação somente com entidades de mesma esfera de poder.
Porém, a lei dispõe que a União somente participará de consórcios públicos em que
também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados.
Como as autarquias são entidades criadas por lei específica, não seria possível a criação
de associações públicas por meio de acordo (consórcio). Dessa forma, quando os entes
federativos se juntam, eles celebram o protocolo de intenções. Posteriormente, este
protocolo será enviado ao Poder Legislativo de cada um dos entes consorciados, como
projeto de lei, e, da ratificação do protocolo de intenções, é formalizado o consórcio.
29
poderá atuar com algumas prerrogativas de interesse público. Por isso, os consórcios públicos
poderão firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,
contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo.
Além disso, é garantido ao consórcio público a possibilidade de promover desapropriações e
instituir servidões.
Há, ainda, a garantia de contratar com a administração direta ou indireta dos entes
da Federação consorciados, dispensada a licitação. Trata-se do contrato de programa, ou
seja, conforme o artigo 24, XXVI da Lei nº 8.666/93, haverá dispensa de licitações quando o
consórcio público estiver contratando com os entes formadores do consórcio, sejam os entes
da administração direta ou suas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
economia mista. Estas contratações celebradas ente os consórcios públicos e os entes
consorciados são designadas pela lei, como contratos de programa e são realizadas sem
necessidade de procedimento licitatório.
Porém, fora desses casos, o consórcio público (seja ele de direito público ou
privado) deve realizar, via de regra, licitação.
A exceção fica à cargo das contratações de pequeno valor, eis que o artigo 24,
§1º da Lei nº 8666/93, estabelece que o consórcio público é dispensado de licitação para
30
contratações de valores que não ultrapassem 20% do valor máximo permitido para a licitação
na modalidade convite.
31
QUADRO SINÓTICO
SERVIÇOS PÚBLICOS
PRINCÍPIOS
Princípio da O Serviço Público deve ser prestado à coletividade em geral ou, pelo
Universalidade menos, a maior quantidade de pessoas possível.
32
Princípio da Este princípio estabelece que a prestação do serviço público deve
Atualidade utilizar técnicas mais modernas.
33
usuário, caso enseje a interrupção de um serviço essencial à
coletividade.
Exceção de contrato não cumprido nos contratos administrativos: o
particular tem direito de invocar a exceção do contrato não cumprido,
desde que a administração seja inadimplente por mais de 90 (noventa)
dias em relação aos seus pagamentos.
CLASSIFICAÇÃO
34
coletividade, podendo ou não ser utilizados pelos
usuários. E, por isso, somente será possível a cobrança
pelo serviço efetivamente prestado, sendo que a
contraprestação deve ser feita mediante tarifas ou
preços públicos, não ostentando natureza tributária.
A prestação direta é a efetivada pelos próprios entes federativos: União, estados, municípios e
Distrito Federal, de forma centralizada.
prestação do serviço à outra pessoa serviço. A deleg6ação deve ser feita a pessoas com
jurídica, seja da administração indireta personalidade jurídica de direito privado, sejam
ou algum particular particulares ou entidades da Administração Indireta. Se
a delegação for feita para a Administração Indireta,
será mediante lei, mas aos particulares, a delegação
deverá ser feita através de contratos de concessão ou
permissão.
6
Vide questão 03 ao final do capítulo.
35
Concessão precedida de execução de obra pública: é a construção,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer
obras de interesse público, delegada mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas
Caducidade: é a extinção do
contrato ocasionada por
inadimplemento do particular.
36
Rescisão: a rescisão pode ser
consensual ou judicial.
Anulação: é a extinção do
contrato administrativo em
virtude de ilegalidade originária.
Falência ou extinção da
empresa concessionária e
falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa
individual.
CARACTERÍSTICAS
37
objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública
Ordem bancária;
Vinculação de receitas;
38
Repartição objetiva de riscos entre as partes; e
CONSÓRCIOS
Quando entes federativos se juntam, eles celebram o protocolo de intenções que será enviado
ao Poder Legislativo de cada um dos entes consorciados, como projeto de lei, e, da ratificação
39
do protocolo de intenções, é formalizado o consórcio.
Haverá dispensa de licitações quando o consórcio público estiver contratando com os entes
formadores do consórcio, sejam os entes da administração direta ou suas autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Estas contratações celebradas
ente os consórcios públicos e os entes consorciados são designadas pela lei, como contratos
de programa.
40
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Instituto AOCP – 2019 – PC-ES – Escrivão de Polícia) Os serviços públicos podem ser
classificados
Comentário:
Quanto ao critério da obrigatoriedade de execução, temos que os serviços públicos podem ser
divididos em facultativos e obrigatórios.
Quando à entidade a quem foram atribuídos podem ser federais, estaduais e municipais.
41
Questão 2
A) Estabilidade
D) Vedação de equiparações.
E) Modicidade tarifaria.
Comentário:
De todas as alternativas trazidas, apenas a letra “E” apresenta um princípio aplicável aos
serviços públicos. A modicidade tarifaria é um direito subjetivo do usuário, a fim de que ele
possa ter acesso ao serviço.
Questão 3
(VUNESP – 2018 – PC-BA – Investigador de Polícia) Os serviços públicos que, por sua
natureza ou pelo fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser executados
pelo Estado ou por particulares colaboradores, são classificados como
A) Coletivos
B) Singulares
42
C) Delegáveis
D) Indelegáveis
E) Sociais.
Comentário:
Os serviços públicos são delegáveis quando admitem execução através de terceiros, por meio
das denominadas concessões, autorizações ou permissões. Portanto, correta a assertiva “C”.
Questão 4
(CESPE – 2018 – PC-MA – Escrivão de Polícia) A segurança pública é uma forma de serviço
público de natureza
A) Geral
B) Administrativa
C) Descentralizada
D) Não exclusiva
E) Individual.
Comentário:
43
Os serviços administrativos são aqueles prestados para atender as necessidades internas da
Administração.
Não exclusivos são os serviços executados tanto pelo Estado quanto pelo particular.
Questão 5
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Agente de Polícia Civil) Assinale a alternativa que indica
corretamente o princípio geral que disciplina a prestação de serviços públicos, orientando que
os mesmos devem ser remunerados a preços moderados, de modo que o Poder Público avalie
o poder aquisitivo dos usuários para que, por dificuldades financeiras, não sejam alijados do
universo de beneficiários do serviço:
A) Da eficácia
B) Da modicidade
C) Da universalidade
D) Da impessoalidade
E) Da compulsoriedade.
Comentário:
44
Como explanado na resolução da questão 02, o princípio da modicidade dispõe que as tarifas
devem ter preços razoáveis, a fim de se viabilizar o acesso ao serviço.
Questão 6
(FUNCAB – 2014 – PC-RO – Escrivão de Polícia Civil) Sobre a concessão de serviço público,
assinale a opção correta.
Comentário:
B) Correta. A encampação é uma retomada coercitiva do serviço pelo poder concedente, que
ocorre durante o prazo da concessão e por motivo de interesse público.
C) Incorreta. Ao contrário, mutabilidade significa que é possível que haja a alteração no regime
de execução dos serviços.
45
D) Incorreta. A caducidade é a extinção da concessão por inadimplência da concessionária.
E) Incorreta. Nesse caso, ela não terá caráter de exclusividade (artigo 16 da Lei 8987).
Questão 7
(UEG – 2013 – PC-GO – Escrivão de Polícia Civil) A delegação do serviço público por meio
da concessão pressupõe processo de licitação na modalidade
A) Registro de preços
B) Convite
C) Pregão
D) Concorrência
Comentário:
46
Questão 8
O regime dos serviços públicos depende do titular de seu exercício, ou seja, se é oferecido
pelo próprio Estado, diretamente, submete-se, necessariamente, ao regime de direito público;
se é prestado do modo indireto, quando a população é atendida por entes privados, seu
regime é o do direito privado, em face da vedação constitucional de interferência estatal no
domínio econômico.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Errado.
Isso porque, por ser um serviço genuinamente público, o regime será predominantemente o
de direito público, seja ele prestado diretamente pelo Estado ou seja ele delegado a
particulares. Assim, a assertiva está incorreta.
47
Questão 9
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
Assim, por não se tratar de ato administrativo – mas sim de contrato -, a assertiva está
incorreta.
Questão 10
( ) Certo
48
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
Isso porque os serviços públicos sociais são prestados pelo Estado em paralelo com a
iniciativa privada. Isso ocorre, por exemplo, com os serviços de educação, saúde e previdência
social.
49
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - E
Questão 3 - C
Questão 4 - A
Questão 5 - B
Questão 6 - B
Questão 7 - D
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - ERRADO
Questão 10 - ERRADO
50
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
51
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
"A ideia das PPP é a busca de financiamento no setor privado: a empresa privada
“empresta” ao Estado o dinheiro, e, assim, o Estado consegue cumprir suas obrigações. O
Estado não tem dinheiro sobrando para cumprir suas obrigações, especialmente no que diz
respeito aos grandes investimentos: aeroportos, presídios, metrô etc."
Fonte: ROSSI, Licínia Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2020. p.662.
52
de 5 a 35 anos, contrato de no mínimo 10 milhões
Ana Cláudia Campos ensina que além das características gerais instituídas pela lei geral de
licitação e contratos (Lei 8.666/1993) e das previsões da lei referente às concessões comuns
(Lei 8.987/1995), algumas cláusulas específicas se impõem nos contratos de PPP. Entre elas
está o prazo e o valor mínimo desses contratos que são um pouco diferentes na lei das PPP's
(lei n. 11.079/04), vejamos:
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento
e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública."
Em outras palavras, podemos dizer que o contrato de parceria público privada (PPP) possui as
seguintes limitações:
Valor: no mínimo, o contrato terá o valor de 10 milhões de reais. (Observar que este valor se
trata de alteração recente, pois antes era 20 milhões e a lei n. 13.529/2017 alterou a 11.079/04
para baixar o valor mínimo dos contratos de PPP);
Prazo: o contrato terá como prazo mínimo o período de 5 anos e, no máximo, 35 anos.
Fonte: Campos, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São
Paulo: Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019.p. 375.
53
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Concessão simples:
Parcerias Público-Privadas
Lei nº 11.079/2004
Consórcios Públicos
Lei nº 11.107/05
CFRB/88: artigo 241
Súmulas STF:
Súmula 545
Súmula 670
Súmula Vinculante nº 2
Súmula Vinculante nº 12
Súmula Vinculante nº 19
54
JURISPRUDÊNCIA
55
consumidor: fraude no medidor de consumo.
5. Não obstante a delimitação supra, é indispensável à resolução da controvérsia fazer
um apanhado da jurisprudência do STJ sobre a possibilidade de corte administrativo do
serviço de energia elétrica. 6. Com relação a débitos de consumo regular de energia
elétrica, em que ocorre simples mora do consumidor, a jurisprudência do STJ está
sedimentada no sentido de que é lícito o corte administrativo do serviço, se houver
aviso prévio da suspensão. A propósito: REsp 363.943/MG, Rel. Ministro Humberto
Gomes de Barros, Primeira Seção, DJ 1º.3.2004, p. 119; EREsp 302.620/SP, Rel.
Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Franciulli Netto, Primeira Seção, DJ
3.4.2006, p. 207; REsp 772.486/RS, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ
6.3.2006, p. 225; AgRg no Ag 1.320.867/RJ, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Turma, DJe 19.6.2017; e AgRg no AREsp 817.879/SP, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 12.2.2016.
7. Quanto a débitos pretéritos, sem discussão específica ou vinculação exclusiva à
responsabilidade atribuível ao consumidor pela recuperação de consumo (fraude no
medidor), há diversos precedentes no STJ que estipulam a tese genérica de
impossibilidade de corte do serviço: EREsp 1.069.215/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, DJe 1º.2.2011; EAg 1.050.470/SP, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 14.9.2010; REsp 772.486/RS, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 6.3.2006, p. 225; AgRg nos EDcl no AREsp
107.900/RS, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 18.3.2013; AgRg no REsp
1.381.468/RN, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 14.8.2013; AgRg
no REsp 1.536.047/GO, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 15.9.2015;
AgRg no AREsp 273.005/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
26.3.2013; AgRg no AREsp 257.749/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 8.2.2013; AgRg no AREsp 462.325/RJ, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma,
DJe 15.4.2014; AgRg no AREsp 569.843/PE, Rel.
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 11.11.2015;
AgRg no AREsp 484.166/RS, Rel. Ministro Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, DJe 8.5.2014; EDcl no AgRg no AREsp 58.249/PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 25.4.2013; AgRg no AREsp 360.286/RS, Rel. Ministro
56
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11.9.2013; AgRg no AREsp 360.181/PE,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 26.9.2013; AgRg no AREsp
331.472/PE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13.9.2013; AgRg no
AREsp 300.270/MG, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 24.9.2015; AgRg no
REsp 1.261.303/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 19.8.2013; EDcl no
REsp 1.339.514/MG, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 5.3.2013; AgRg no
AREsp 344.523/PE, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.10.2013; AgRg no AREsp 470/RS, Rel.
Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 4.10.2011; e AgRg no Ag
962.237/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 27.3.2008.
CORTE ADMINISTRATIVO POR FRAUDE NO MEDIDOR 8. Relativamente aos casos de
fraude do medidor pelo consumidor, a jurisprudência do STJ veda o corte quando o
ilícito for aferido unilateralmente pela concessionária. A contrario sensu, é possível a
suspensão do serviço se o débito pretérito por fraude do medidor cometida pelo
consumidor for apurado de forma a proporcionar o contraditório e a ampla defesa.
Nesse sentido: AgRg no AREsp 412.849/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 10.12.2013; AgRg no AREsp 370.548/PE, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 4.10.2013; AgRg no REsp 1.465.076/SP, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 9.3.2016; REsp 1.310.260/RS, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 28.9.2017; AgRg no AREsp 187.037/PE, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8.10.2012; AgRg no AREsp
332.891/PE, Relator Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.8.2013;
AgRg no AREsp 357.553/PE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
26.11.2014;
AgRg no AREsp 551.645/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
3.10.2014; AgInt no AREsp 967.813/PR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, DJe 8.3.2017; AgInt no REsp 1.473.448/RS, Rel. Ministra Assusete Magalhães,
Segunda Turma, DJe 1º.2.2017; AgRg no AREsp 345.130/PE, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe 10.10.2014; AgRg no AREsp 346.561/PE, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 1º.4.2014; AgRg no AREsp 448.913/PE, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 3.9.2015; AgRg no AREsp 258.350/PE,
57
Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 8.6.2016; AgRg no REsp 1.478.948/RS,
Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 20.3.2015; AgRg no AREsp 159.109/SP,
Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 18.4.2013; AgRg no AREsp 295.444/RS,
Rel. Ministra Marga Tessler (Desembargadora Federal Convocada do TRF/4ª Região),
Primeira Turma, DJe de 17.4.2015; AgRg no AREsp 322.763/PE, Rel. Ministra Diva Malerbi
(Desembargadora Federal Convocada do TRF/3ª Região), Segunda Turma, DJe 23.8.2016;
e AgRg AREsp 243.389/PE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe
4.2.2013.
RESOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA 9. Como demonstrado acima, em relação a débitos
pretéritos mensurados por fraude do medidor de consumo causada pelo consumidor, a
jurisprudência do STJ orienta-se no sentido do seu cabimento, desde que verificada
com observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa. 10. O não
pagamento dos débitos por recuperação de efetivo consumo por fraude ao medidor
enseja o corte do serviço, assim como acontece para o consumidor regular que deixa
de pagar a conta mensal (mora), sem deixar de ser observada a natureza pessoal (não
propter rem) da obrigação, conforme pacífica jurisprudência do STJ.
11. Todavia, incumbe à concessionária do serviço público observar rigorosamente os
direitos ao contraditório e à ampla defesa do consumidor na apuração do débito, já
que o entendimento do STJ repele a averiguação unilateral da dívida.
12. Além disso, o reconhecimento da possibilidade de corte de energia elétrica deve ter
limite temporal de apuração retroativa, pois incumbe às concessionárias o dever não só
de fornecer o serviço, mas também de fiscalizar adequada e periodicamente o sistema
de controle de consumo. 13. Por conseguinte e à luz do princípio da razoabilidade, a
suspensão administrativa do fornecimento do serviço - como instrumento de coação
extrajudicial ao pagamento de parcelas pretéritas relativas à recuperação de consumo
por fraude do medidor atribuível ao consumidor - deve ser possibilitada quando não
forem pagos débitos relativos aos últimos 90 (noventa) dias da apuração da fraude, sem
prejuízo do uso das vias judiciais ordinárias de cobrança. 14. Da mesma forma, deve ser
fixado prazo razoável de, no máximo, 90 (noventa) dias, após o vencimento da fatura de
recuperação de consumo, para que a concessionária possa suspender o serviço.
58
TESE REPETITIVA 15. Para fins dos arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fica assim
resolvida a controvérsia repetitiva: Na hipótese de débito estrito de recuperação de
consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que
apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o
corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio
aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao
período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado
o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito
de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive
antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
RESOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 16. Na hipótese dos autos, o Tribunal Estadual
declarou a ilegalidade do corte de energia por se lastrear em débitos não relacionados
ao último mês de consumo.
17. Os débitos em litígio são concernentes à recuperação de consumo do valor de R$
9.418,94 (nove mil, quatrocentos e dezoito reais e noventa e quatro centavos) por
fraude constatada no aparelho medidor no período de cinco anos (15.12.2000 a
15.12.2005) anteriores à constatação, não sendo lícita a imposição de corte
administrativo do serviço pela inadimplência de todo esse período, conforme os
parâmetros estipulados no presente julgamento.
18. O pleito recursal relativo ao cálculo da recuperação de consumo não merece
conhecimento por aplicação do óbice da Súmula 7/STJ.
19. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime dos arts. 1.036 e
seguintes do CPC/2015.
(REsp 1412433/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25/04/2018, DJe 28/09/2018)
59
CONSUMIDOR. CRITÉRIOS. ANÁLISE DA CONTROVÉRSIA SUBMETIDA AO RITO DO ART.
543-C DO CPC/1973 (ATUAL 1.036 DO CPC/2015) 1. A concessionária sustenta que
qualquer débito, atual ou antigo, dá ensejo ao corte administrativo do fornecimento de
energia elétrica, o que inclui, além das hipóteses de mora do consumidor, débitos
pretéritos relativos à recuperação de consumo por fraude do medidor. In casu, pretende
cobrar débito oriundo de fraude em medidor, fazendo-o retroagir aos cinco anos
antecedentes.
TESE CONTROVERTIDA ADMITIDA 2. Sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 (atualmente
1036 e seguintes do CPC/2015), admitiu-se a seguinte tese controvertida: "a
possibilidade de o prestador de serviços públicos suspender o fornecimento de energia
elétrica em razão de débito pretérito do destinatário final do serviço".
PANORAMA GERAL DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ SOBRE CORTE DE ENERGIA POR
FALTA DE PAGAMENTO 3. São três os principais cenários de corte administrativo do
serviço em decorrência de débitos de consumo de energia elétrica por inadimplemento:
a) consumo regular (simples mora do consumidor); b) recuperação de consumo por
responsabilidade atribuível à concessionária; e c) recuperação de consumo por
responsabilidade atribuível ao consumidor (normalmente, fraude do medidor).
4. O caso tratado no presente recurso representativo da controvérsia é o do item "c"
acima, já que a apuração de débitos pretéritos decorreu de fato atribuível ao
consumidor: fraude no medidor de consumo.
5. Não obstante a delimitação supra, é indispensável à resolução da controvérsia fazer
um apanhado da jurisprudência do STJ sobre a possibilidade de corte administrativo do
serviço de energia elétrica. 6. Com relação a débitos de consumo regular de energia
elétrica, em que ocorre simples mora do consumidor, a jurisprudência do STJ está
sedimentada no sentido de que é lícito o corte administrativo do serviço, se houver
aviso prévio da suspensão. A propósito: REsp 363.943/MG, Rel. Ministro Humberto
Gomes de Barros, Primeira Seção, DJ 1º.3.2004, p. 119; EREsp 302.620/SP, Rel.
Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Franciulli Netto, Primeira Seção, DJ
3.4.2006, p. 207; REsp 772.486/RS, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ
6.3.2006, p. 225; AgRg no Ag 1.320.867/RJ, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Turma, DJe 19.6.2017; e AgRg no AREsp 817.879/SP, Rel. Ministro Humberto Martins,
60
Segunda Turma, DJe 12.2.2016.
7. Quanto a débitos pretéritos, sem discussão específica ou vinculação exclusiva à
responsabilidade atribuível ao consumidor pela recuperação de consumo (fraude no
medidor), há diversos precedentes no STJ que estipulam a tese genérica de
impossibilidade de corte do serviço: EREsp 1.069.215/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, DJe 1º.2.2011; EAg 1.050.470/SP, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 14.9.2010; REsp 772.486/RS, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 6.3.2006, p. 225; AgRg nos EDcl no AREsp
107.900/RS, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 18.3.2013; AgRg no REsp
1.381.468/RN, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 14.8.2013; AgRg
no REsp 1.536.047/GO, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 15.9.2015;
AgRg no AREsp 273.005/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
26.3.2013; AgRg no AREsp 257.749/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 8.2.2013; AgRg no AREsp 462.325/RJ, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma,
DJe 15.4.2014; AgRg no AREsp 569.843/PE, Rel.
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 11.11.2015;
AgRg no AREsp 484.166/RS, Rel. Ministro Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, DJe 8.5.2014; EDcl no AgRg no AREsp 58.249/PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 25.4.2013; AgRg no AREsp 360.286/RS, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11.9.2013; AgRg no AREsp 360.181/PE,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 26.9.2013; AgRg no AREsp
331.472/PE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13.9.2013; AgRg no
AREsp 300.270/MG, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 24.9.2015; AgRg no
REsp 1.261.303/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 19.8.2013; EDcl no
REsp 1.339.514/MG, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 5.3.2013; AgRg no
AREsp 344.523/PE, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.10.2013; AgRg no AREsp 470/RS, Rel.
Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 4.10.2011; e AgRg no Ag
962.237/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 27.3.2008.
CORTE ADMINISTRATIVO POR FRAUDE NO MEDIDOR 8. Relativamente aos casos de
fraude do medidor pelo consumidor, a jurisprudência do STJ veda o corte quando o
61
ilícito for aferido unilateralmente pela concessionária. A contrario sensu, é possível a
suspensão do serviço se o débito pretérito por fraude do medidor cometida pelo
consumidor for apurado de forma a proporcionar o contraditório e a ampla defesa.
Nesse sentido: AgRg no AREsp 412.849/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 10.12.2013; AgRg no AREsp 370.548/PE, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 4.10.2013; AgRg no REsp 1.465.076/SP, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 9.3.2016; REsp 1.310.260/RS, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 28.9.2017; AgRg no AREsp 187.037/PE, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8.10.2012; AgRg no AREsp
332.891/PE, Relator Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.8.2013;
AgRg no AREsp 357.553/PE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
26.11.2014;
AgRg no AREsp 551.645/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
3.10.2014; AgInt no AREsp 967.813/PR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda
Turma, DJe 8.3.2017; AgInt no REsp 1.473.448/RS, Rel. Ministra Assusete Magalhães,
Segunda Turma, DJe 1º.2.2017; AgRg no AREsp 345.130/PE, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe 10.10.2014; AgRg no AREsp 346.561/PE, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 1º.4.2014; AgRg no AREsp 448.913/PE, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 3.9.2015; AgRg no AREsp 258.350/PE,
Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 8.6.2016; AgRg no REsp 1.478.948/RS,
Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 20.3.2015; AgRg no AREsp 159.109/SP,
Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 18.4.2013; AgRg no AREsp 295.444/RS,
Rel. Ministra Marga Tessler (Desembargadora Federal Convocada do TRF/4ª Região),
Primeira Turma, DJe de 17.4.2015; AgRg no AREsp 322.763/PE, Rel. Ministra Diva Malerbi
(Desembargadora Federal Convocada do TRF/3ª Região), Segunda Turma, DJe 23.8.2016;
e AgRg AREsp 243.389/PE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe
4.2.2013.
RESOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA 9. Como demonstrado acima, em relação a débitos
pretéritos mensurados por fraude do medidor de consumo causada pelo consumidor, a
jurisprudência do STJ orienta-se no sentido do seu cabimento, desde que verificada
62
com observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa. 10. O não
pagamento dos débitos por recuperação de efetivo consumo por fraude ao medidor
enseja o corte do serviço, assim como acontece para o consumidor regular que deixa
de pagar a conta mensal (mora), sem deixar de ser observada a natureza pessoal (não
propter rem) da obrigação, conforme pacífica jurisprudência do STJ.
11. Todavia, incumbe à concessionária do serviço público observar rigorosamente os
direitos ao contraditório e à ampla defesa do consumidor na apuração do débito, já
que o entendimento do STJ repele a averiguação unilateral da dívida.
12. Além disso, o reconhecimento da possibilidade de corte de energia elétrica deve ter
limite temporal de apuração retroativa, pois incumbe às concessionárias o dever não só
de fornecer o serviço, mas também de fiscalizar adequada e periodicamente o sistema
de controle de consumo. 13. Por conseguinte e à luz do princípio da razoabilidade, a
suspensão administrativa do fornecimento do serviço - como instrumento de coação
extrajudicial ao pagamento de parcelas pretéritas relativas à recuperação de consumo
por fraude do medidor atribuível ao consumidor - deve ser possibilitada quando não
forem pagos débitos relativos aos últimos 90 (noventa) dias da apuração da fraude, sem
prejuízo do uso das vias judiciais ordinárias de cobrança. 14. Da mesma forma, deve ser
fixado prazo razoável de, no máximo, 90 (noventa) dias, após o vencimento da fatura de
recuperação de consumo, para que a concessionária possa suspender o serviço.
TESE REPETITIVA 15. Para fins dos arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fica assim
resolvida a controvérsia repetitiva: Na hipótese de débito estrito de recuperação de
consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que
apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o
corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio
aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao
período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado
o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito
de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive
antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
RESOLUÇÃO DO CASO CONCRETO 16. Na hipótese dos autos, o Tribunal Estadual
declarou a ilegalidade do corte de energia por se lastrear em débitos não relacionados
63
ao último mês de consumo.
17. Os débitos em litígio são concernentes à recuperação de consumo do valor de R$
9.418,94 (nove mil, quatrocentos e dezoito reais e noventa e quatro centavos) por
fraude constatada no aparelho medidor no período de cinco anos (15.12.2000 a
15.12.2005) anteriores à constatação, não sendo lícita a imposição de corte
administrativo do serviço pela inadimplência de todo esse período, conforme os
parâmetros estipulados no presente julgamento.
18. O pleito recursal relativo ao cálculo da recuperação de consumo não merece
conhecimento por aplicação do óbice da Súmula 7/STJ.
19. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime dos arts. 1.036 e
seguintes do CPC/2015.
(REsp 1412433/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25/04/2018, DJe 28/09/2018)
Concessão
64
(RMS 34203, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 21/11/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-053 DIVULG 19-03-2018 PUBLIC 20-03-2018)
Serviços públicos:
65
metropolitanos da Grande São Paulo, a partir de 8 de janeiro de 2017, baseado
essencialmente em dois fundamentos: a) injustiça no fato de que a tarifa de metrô foi
mantida em R$ 3,80, por tratar-se de medida "mais benéfica para quem reside em
locais mais centrais" e utiliza unicamente aquele modal, enquanto é "gravosa a quem
reside em locais mais distantes e se utiliza do trem e do metrô, cuja tarifa integrada foi
aumentada acima da inflação" (fl. 264); e b) suposta motivação política na adoção da
novel política tarifária.
2. Na via suspensiva, por vezes, para que se verifique a violação de um dos bens
tutelados na legislação de regência (Leis n.os 8.437/92, 9.494/97, 12.016/09), faz-se
necessário proceder a um "juízo mínimo de delibação sobre a matéria de fundo da
contracautela" (STF, SS n.º 5.049/BA-AgR-ED, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI -
Presidente -, Tribunal Pleno, julgado em 20/4/2016, DJe de 13/5/2016). Todavia, em
análise de controvérsia sobre estipulação de remuneração pelo uso de transporte
coletivo, o Supremo Tribunal Federal consignou que "o reajuste de tarifas do serviço
público é manifestação de uma política tarifária, solução, em cada caso, de um
complexo problema de ponderação entre a exigência de ajustar o preço do serviço às
situações econômicas concretas do seguimento social dos respectivos usuários ao
imperativo de manter a viabilidade econômico-financeiro do empreendimento do
concessionário" (RE n.º 191.532/SP, Rel. Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 27/5/1997, DJ de 29/8/1997).
3. Cármen Lúcia Antunes Rocha leciona que a discriminação tarifária torna possível,
"nessa distinção de usuários em condições econômicas e sociais desiguais, a efetivação
da igualdade jurídica e da concreta justiça social" (Estudo sobre Concessão e Permissão
de Serviço Público no Direito Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1996, p.
101). Na mesma obra, contudo, ressalta a dificuldade de se fixar tarifa pública com
fundamento no princípio da isonomia. 4. Assim, a evidente sofisticação da demanda
ventilada na causa principal impede que a Presidência do Superior Tribunal de Justiça
julgue questões relativas ao mérito do reajuste determinado pelo Poder Público -
notadamente para concluir sobre discriminação ou injustiça na fixação de preço para
uso de transporte público. O incidente suspensivo, por sua estreiteza, é vocacionado a
tutelar tão somente a ordem, a economia, a segurança e a saúde públicas, não
66
podendo ser analisado como se fosse sucedâneo recursal, para que se examinem
questões relativas ao fundo da causa principal.
5. A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público
urbano viola gravemente a ordem pública. A legalidade estrita orienta que, até prova
definitiva em contrário, prevalece a presunção de legitimidade do ato administrativo
praticado pelo Poder Público (STF, RE n.º 75.567/SP, Rel. Min. DJACI FALCÃO, Primeira
Turma, julgado em 20/11/1973, DJ de 19/4/1974, v.g.) - mormente em hipóteses como
a presente, em que houve o esclarecimento da Fazenda estadual de que a metodologia
adotada para fixação dos preços era técnica.
6. A cautela impediria a decisão de sustar a recomposição tarifária estipulada pelo
Poder Público para a devida manutenção da estabilidade econômico-financeira dos
contratos de concessão de serviço público. Postura tão drástica deveria ocorrer somente
após a constatação, estreme de dúvidas, de ilegalidade - desfecho que, em regra, se
mostra possível somente após a devida instrução, com o decurso da tramitação
completa do processo judicial originário.
7. Não compete às Presidências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça julgar pedido suspensivo à luz de direito local (precedentes). Dessa forma, não
há como analisar eventual ofensa à legislação estadual, qual seja, a Lei do Estado de
São Paulo n.º 9.166/95.
8. O Magistrado Singular concluiu que os reajustes tarifários seriam discriminatórios, por
deixar de atingir parte dos usuários e incidir sobre outros. Estimou que estava a adotar,
assim, a medida que reputou mais justa. Não se pode esquecer, entretanto, que o
exercício da ponderação exige critérios, entre os quais, a adoção de solução que reduza
"a tensão gerada pela falta de legitimidade representativo-democrática do juiz para
realizar opções normativo-axiológicas", conforme leciona Paulo Gustavo Gonet Branco
(Juízo de ponderação na jurisdição constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 305).
Dessa forma, o ato administrativo editado pelo Estado de São Paulo deve ser
prestigiado também para mitigar a problemática do déficit democrático do Poder
Judiciário.
9. Eventual intento político da medida não poderia ensejar a invalidação dos critérios
tarifários adotados, tout court. Conforme leciona Richard A. Posner, o Poder Judiciário
67
esbarra na dificuldade de concluir se um ato administrativo cuja motivação
alegadamente política seria concretizado, ou não, caso o órgão público tivesse se valido
tão somente de metodologia técnica. De qualquer forma, essa discussão seria inócua,
pois, segundo a doutrina Chenery - a qual reconheceu o caráter político da atuação da
Administração Pública dos Estados Unidos da América -, as cortes judiciais estão
impedidas de adotarem fundamentos diversos daqueles que o Poder Executivo
abraçaria, notadamente nas questões técnicas e complexas, em que os tribunais não
têm a expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos
(Economic Analysis of Law. Fifth Edition. New York: Aspen Law and Business, 1996, p.
671). Portanto, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam
revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.
10. Impedir judicialmente o reajuste das tarifas a serem pagas pelos usuários também
configura grave violação da ordem econômica, por não haver prévia dotação
orçamentária para que o Estado de São Paulo custeie as vultosas despesas para a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos acordos administrativos firmados
pelo Poder Público com as concessionárias de transporte público.
11. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AgInt na SLS 2.240/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado
em 07/06/2017, DJe 20/06/2017)
68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
69
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 8
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO, Capítulo 8.................................................................................................................... 3
1. Licitação ......................................................................................................................................................................... 3
1.3 Finalidades................................................................................................................................................................ 5
1.4 Princípios................................................................................................................................................................... 7
1.4.1 Isonomia.................................................................................................................................................................... 7
1.4.2 Competitividade..................................................................................................................................................... 8
1
1.6.2 Maior lance ou oferta ...................................................................................................................................... 20
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 62
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 66
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 67
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 8
1. Licitação
Caro leitor. Antes de adentrarmos no capítulo 08, cabe ressaltar que poucos editais
para investigador, agente e escrivão cobram o tema de licitações. Por ser uma matéria muito
densa, ela costuma cair com bastante frequência para o cargo de Delegado de Polícia Civil e
Federal, que não são nossos focos neste PDF. Portanto, sugerimos que você sempre analise o
seu edital.
Caso essa matéria esteja prevista para a prova do cargo dos seus sonhos, você já
pode passar para o primeiro item. Vamos ver qual o conceito de licitação?
1.1 Conceito
1
Vide questão 09 ao final do capítulo.
3
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Cumpre apontar também o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro que diz
“aproveitando, parcialmente, conceito de José Roberto Dromi (1975:92), pode-se definir a
licitação como o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da
função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no
instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais
selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato.”
Porém, a União se restringe a editar normais gerais, sendo possível que os estados,
o DF e os municípios legislem sobre questões específicas.
4
houver expedido qualquer norma específica em seu âmbito, a legislação federal lhe será
aplicável integralmente.
Por ser uma lei nacional, subordinam-se ao regime da Lei 8.666/93, além dos
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
1.3 Finalidades
5
Selecionar a proposta mais vantajosa para a administração;
6
6) Não podem ser utilizadas margens de preferência para produtos e serviços
cuja capacidade de produção ou prestação no País cuja capacidade de
produção ou prestação no país seja inferior à quantidade a ser adquirida ou
inferior ao quantitativo mínimo para preservar a economia de escala.
1.4 Princípios
1.4.1 Isonomia
2
Vide questão 01 ao final do capítulo.
7
Além disso, deve ser dada oportunidade de participação nas licitações a quaisquer
interessados, só sendo aceitas exigências de qualificação indispensáveis à garantia do
cumprimento da obrigação.
Porém, consagrou-se na doutrina que a isonomia deve ser observada sob dois
aspectos: a isonomia formal – na lei - e a isonomia material – perante a lei.
1.4.2 Competitividade
A lei veda aos agentes diminuir o caráter competitivo das licitações por meio de
estabelecimento de regras que o frustrem.
8
1.4.3 Vinculação ao instrumento convocatório
Por essa razão, os administradores não podem julgar as propostas com critérios
deferentes dos previamente delimitados no edital.
O conteúdo das propostas apresentadas pelos licitantes deve ser secreto até a data
designada para abertura. Ressalta-se que a violação do sigilo da proposta representa
Improbidade Administrativa e crime definido na própria Lei de Licitações.
9
A adjudicação deve ser feita com o vencedor, salvo se este desistir ou não
firmar o contrato no prazo. Esse princípio veda também a abertura de nova licitação
enquanto válida a adjudicação anterior.
Porém, caso o vencedor seja convocado para assinar o contrato dentro do prazo, e
sem justo motivo, recusar, seu direito de contratação irá decair e ele ficará sujeito a sanções
administrativas. Quando isso ocorrer, a Administração poderá convocar os licitantes
remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo e igual prazo e nas mesmas
condições propostas pelo licitante vencedor.
3
Vide questão 05 ao final do capítulo.
10
A concorrência, tomada de preços e convite são utilizadas, em regra, conforme o
valor da contratação. O leilão e o concurso em situações específicas e o pregão para a
finalidade e a aquisição de bens e serviços comuns.
Esquema:
11
1.5.1 Concorrência
12
1.5.2 Tomada de preços
A tomada de preços é possível para contratos de valores médios, sendo, por isso,
uma mais simples que a concorrência.
1.5.3 Convite
13
Além disso, é utilizada para as contratações de pequeno valor, ou seja, serve
contratações de obras e serviços de engenharia até trezentos e trinta mil reais (R$
330.000,00) e para a aquisição de bens e serviços, que não de engenharia, até cento e
setenta e seis mil reais (R$ 176.000,00).
A carta-convite não precisa ser publicada, basta que a Administração afixe em local
apropriado, a fim de que os demais cadastrados, não originalmente convidados, possam
participar, desde que manifestem seu interesse com antecedência de até 24 horas da
apresentação das propostas.
14
1.5.4 Concurso
O vencedor do concurso não é definido pelos critérios de “menor preço”, “melhor técnica”,
“técnica e preço”, ou seja, não se prende ao princípio do julgamento objetivo.
1.5.5 Leilão
15
2) Produtos legalmente apreendidos ou penhorados; e
3) Bens imóveis recebidos em procedimentos judiciais ou por dação em
pagamento
Será conduzido por leiloeiro oficial (leilão comum) ou por servidor designado (leilão
administrativo).
Nos leilões internacionais, o pagamento à vista poderá ser feito em até 24 horas.
1.5.6 Pregão
É a modalidade licitatória – regida pela Lei nº 10.520/02 – que serve para aquisição
de bens e serviços comuns, ou seja, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.
1) Preparatória:
16
Além disso, designará o pregoeiro e a respectiva equipe de apoio. A lei não
restringe a qualificação do pregoeiro, por isso, a função poderá ser ocupada por qualquer
servidor.
Quanto à equipe de apoio, destaca-se que essa não tem competência decisória,
nem poder para conduzir a sessão. Sua função é prestar o necessário apoio ao pregoeiro.
Deve ser integrada, em sua maioria, por servidores de cargo efetivo ou emprego,
preferencialmente, pertencentes ao quadro permanente.
2) Externa:
Após a abertura dos envelopes, o licitante que oferecer o menor preço e os que
oferecerem proposta até 10% superiores ao menor valor poderão fazer lances verbais e
17
sucessivos, descrente, até a proclamação do vencedor. Se não houver pelo menos 3 ofertas
que atendam aos requisitos para apresentar os lances verbais, serão chamados os autores das
melhores propostas – quaisquer que sejam os preços – até atingir o número máximo de 3
licitantes.
18
No pregão são vedadas as exigências de: (i) garantia de proposta; (ii) aquisição
de edital como condição para participação; (iii) pagamento de taxas e emolumentos, salvo
referentes ao custo de fornecimento do edital que não serão superiores ao custo de sua
reprodução gráfica e aos custos de utilização de recursos de TI.
Ressalta-se, ainda, que o licitante que cometer alguma das infrações elencadas na
Lei nº 10.520/02 ficará impedido de licitar e contratar com a União, os Estados, o DF ou os
Municípios e será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento semelhantes,
pelo prazo de até 5 anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das
demais cominações legais.
Pregão Eletrônico:
19
De acordo com o decreto nº 5.420/2005, o prazo para apresentar a impugnação ao
edital é de até 2 dias úteis antes da data fixada para abertura de sessão pública e caberá ao
pregoeiro, auxiliado pelo setor responsável pela elaboração do edital, decidir sobre a
impugnação no prazo de até 24 horas.
É o critério básico de julgamento das propostas que deverá ser sempre objetivo. A
única modalidade que foge ao princípio do julgamento objetivo das propostas é o concurso.
É vedada a utilização de outros tipos de licitação além dos indicados na lei, que
são:
Nesse tipo de licitação, o vencedor é quem apresenta o maior lance que deve ser
igual ou superior ao valor da avaliação feita pelo ente público.
20
Esse tipo de licitação é utilizado para alienação de bens ou concessão de direito real
de uso.
Depois, será feita uma negociação direta de preços com o proponente que obtive
a melhor técnica (melhor nota), tendo como referência o menor valor apresentado.
Além disso, o edital fixará o preço máximo que a Administração se propõe a pagar.
Neste tipo, não há negociação direta de preços. O edital fixa critérios objetivos de
atribuição de notas a cada proposta de preços. Atribuídas as notas para os preços, será,
então, obtida uma média (fórmula previamente definida em edital) das notas de técnica e das
notas de preço, sendo vencedor o de melhor média.
21
Os tipos melhor técnica e melhor técnica e preço são utilizados exclusivamente
para serviços de natureza predominantemente intelectual. A lei autoriza a utilização desses
tipos, de forma excepcional, para contratações relativas a fornecimento de bens e execução
de obras ou serviços, desde que exista autorização expressa e justificada da autoridade e o
objeto seja de grande vulto e dependente de tecnóloga sofisticada.
Além disso, são utilizados para contratação de bens e serviços de informática.
Porém, para bens e serviços de informática considerados comuns usa-se o pregão.
1) Produzidos no país;
2) Produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
3) Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia do país;
4) Produzidos ou prestados por empresas que comprovem o cumprimento de
reserva de cargo prevista e lei para deficientes ou para reabilitados da
Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade.
A lei, ainda, menciona que se nenhum dos critérios de desempate acima elencados
alcançar o propósito, deve ser feito o desempate por meio de sorteio.
22
É importante frisar que, como já mencionado anteriormente, a LC 123/06 prevê
tratamento diferenciado para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.
ELABORAÇÃO DESIGNAÇÃO
ABERTURA ORÇAMENTO
DO EDITAL DA COMISSÃO
23
Valores iguais a 100 vezes o valor da concorrência para obras e serviços de
engenharia (R$ 330 milhões) são consideradas licitações de imenso vulto.
Já as audiências de grande vulto são as que possuem 25 vezes o valor da
concorrência para obras e serviços de engenharia (R$ 82,5 milhões).
É necessário ressaltar que essas fases podem ser inverter, conforme a modalidade
de licitação a ser adotada, como ocorre no pregão, na concorrência – nos casos de concessão
de serviços públicos- e também pode ocorrer a supressão de alguma das fases, como ocorre
no convite.
Publicidade:
24
A publicação deve ocorrer, no mínimo, uma vez no Diário Oficial da União, se a
licitação for feita pela Administração Federal ou com recursos federais, ou no Diário Oficial do
Estado, quando a licitação for feita pela Administração Estadual ou Municipal e em jornal de
grande circulação.
25
Se o valor estimado para a licitação ou para o conjunto de licitações simultâneas ou
sucessivas for superior a 100x o valor da concorrência para obras e serviços de
engenharia, a Administração deverá, obrigatoriamente, realizar uma audiência pública,
com antecedência mínima de 15 dias úteis da publicação do edital. Essa audiência deve
ser divulgada, no mínimo, 10 dias úteis antes da sua realização.
DATA DA
AUDIÊNCIA
• 10 dias úteis antes
da data fixada
• 15 dias úteis
para realização da
antes da
audiência
publicação do
DIVULGAÇÃO edital PUBLICAÇÃO
DA AUDIÊNCIA DO EDITAL
1) Habilitação jurídica;
2) Regularidade fiscal e trabalhista;
3) Qualificação Técnica: são vedadas exigências de quantidades mínimas ou
prazos máximos, assim como a exigência de comprovação de atividade ou de
aptidão com limitações de tempo ou época ou anda em locais específicos;
4) Qualificação econômico-financeira: serve para verificar a boa situação
financeira da empresa. Poderá ser exigida: demonstrações contábeis,
certidão negativa de falência ou concordata, exigência de garantia de até 1%
do valor estimado para contratação (garantia de proposta), exigência de
capital mínimo ou patrimônio líquido mínio no valor de até 10% da
26
estimativa contratual. São vedadas: as exigências de valores mínios de
faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade, bem como
a exigência de índices e valores não usualmente adotados;
5) Cumprimento do artigo 7º, XXXIII da CRFB/88: esse artigo proíbe o
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer
trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos
14.
Essa documentação poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite,
concurso, leilão e fornecimento de bens para pronta entrega.
27
Não será admitida proposta de preço baseada nas ofertas dos demais licitantes nem
propostas com preços simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços de
mercado, exceto quando se referiram a materiais e instalações de propriedade do próprio
licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou a totalidade da remuneração.
Nas licitações do tipo menor preço, para obras e serviços de engenharia, serão
consideradas propostas manifestamente inexequíveis as que apresentem preços inferiores a
70% dos seguintes valores: a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% do
valor orçado pela Administração; ou b) valor orçado pela administração.
Homologação:
28
Adjudicação:
Ressalte-se que a assinatura do contrato não faz parte da licitação, sendo apenas
uma consequência dela.
Importa ressaltar que as minutas dos editais, dos contratos, dos acordos, dos
convênios ou de qualquer ajuste realizado pela Administração devem ser previamente
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da própria Administração.
Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação até 5 (cinco)
dias úteis antes da data fixada para abertura dos envelopes de habilitação, devendo a
Administração Pública julgar em até 3 (três) dias úteis.
4
Vide questão 02 ao final do capítulo.
29
Além da impugnação do edital, qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de
controle interno contra irregularidades existentes.
As comissões, via de regra, são compostas de 3 (três) membro, sendo pelo menos
dois deles servidores qualificados pertencentes ao quanto permanente do órgão. Exceto: a)
convite: em pequenas unidades onde há exiguidade de pessoal a comissão pode ser
substituída por apenas 1 servidor; e b) Pregão: não há comissão. É conduzido por um
pregoeiro, auxiliado por uma equipe de apoio.
30
Os membros responderão solidariamente por todos os atos praticados pela
comissão, salvo se registrar em ata a sua divergência, devidamente, fundamentada. Hipótese
em que ficará afastada a sua responsabilidade solidária pelo ato.
Apesar de ser regra para as contratações públicas, a lei admite que em alguns
casos, essas contratações ocorram sem o procedimento prévio de licitação, ocorrendo uma
contratação direta. As hipóteses de contratação direta são duas: inexigibilidade5 e dispensa.
5
Vide questões 03 e 08 ao final do capítulo.
31
É vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e serviços de
publicidade.
6
Vide questão 10 ao final do capítulo.
32
1.12 Alienação de bens
Se os bens públicos forem desafetados, eles passam a ser alienáveis, desde que
cumpram determinados requisitos. Sendo assim, os artigos 17 a 19 da lei 8666/93 estabelecem
os requisitos para alienação de bens públicos desafetados, ou seja, desvinculados de
qualquer utilização de interesse público.
33
1.13 Parcelamento de obras, serviços e compras
A modalidade a ser adotada em cada uma das parcelas deve ser aquela que seria
utilizada caso houvesse uma contratação única.
34
reconsideração é a mesma que aplicou a sanção: Ministro de Estado, Secretário Estadual ou
Municipal.
A anulação ocorre por motivo de ilegalidade, podendo ser feita de ofício ou por
provocação, mediante parecer escrito fundamentado. Também pode ser decretada pelo
Judiciário, quando provocado. Pode ocorrer, inclusive, durante a execução contratual, caso em
que induz também a anulação do contrato.
Frise-se que a revogação não pode ocorrer após a assinatura do contrato, apenas
a anulação.
Ademais, a anulação pode ser total ou parcial. A parcial, contudo, implica nulidade
de todas as etapas posteriores que sejam dependentes ou consequentes do ato anulado.
Diversamente, a revogação deve ser sempre total.
Os licitantes apresentam o valor unitário dos produtos, uma vez que não há
quantitativo exato a ser adquirido pelo Estado. Porém, a Administração Pública deve
informar a quantidade máxima que poderá adquirir por meio da ata decorrente do certame.
Cumpre esclarecer que essa licitação não obriga a Administração a contratar com
o vencedor.
36
Acontece que, em algumas situações, um órgão ou entidade pública que não
participou da licitação de registro de preços pode querer contratar com o licitante vencedor,
em uma espécie de adesão à ata de registro de preços, mediante anuência do órgão
gerenciador que poderá aceitar ou não. É a chamada licitação "carona".
37
QUADRO SINÓTICO
LICITAÇÃO
PRINCÍPIOS
Princípio da
Impõe um tratamento igualitário entre os licitantes no procedimento,
Isonomia
não se admitindo tratamento que vise beneficiar ou prejudicar qualquer
38
participante.
A lei veda aos agentes diminuir o caráter competitivo das licitações por
Princípio
Vinculação ao O edital é a lei interna da licitação que vincula tanto a Administração
instrumento quanto os licitantes.
convocatório
Princípio do
O edital deve conter critérios objetivos de julgamento, determinando
Julgamento
qual será o critério utilizado na seleção da proposta vencedora.
objetivo
Princípio do sigilo O conteúdo das propostas apresentadas pelos licitantes deve ser secreto
das propostas até a data designada para abertura.
Princípio do
O procedimento licitatório deve atender a todas as formalidades previstas
procedimento
em lei.
formal
MODALIDADES DE LICITAÇÃO
39
Modalidade voltada para licitações de grande valor, em que se admite a
participação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, que na fase
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
Se o imóvel
for oriundo
de processo
CONCORRÊNCIA
Compra ou alienação de bens judicial ou
imóveis dação em
pagamento,
cabe também
Em razão do objeto leilão
Contratos de PPP
Licitações internacionais
Registro de preços
Empreitada Integral
40
Aquisição de bens e Até de R$
serviços 1.430.000,00
Sempre é do tipo maior lance ou oferta – que deve ser maior ou igual à
avaliação prévia
41
e lances sucessivos, em sessão preço e os que oferecerem
pública proposta até 10% superiores ao
menor valor poderão fazer lances
verbais
MAIOR LANCE OU O vencedor é quem apresenta o maior lance que deve ser igual ou
OFERTA superior ao valor da avaliação feita pelo ente público.
42
das notas de técnica e das notas de preço, sendo vencedor o de
melhor média.
CRITÉRIOS DE DESEMPATE
Produzidos no país;
desempate, para que seja Produzidos ou prestados por empresas que invistam em
assegurada preferência, pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia do país
sucessivamente, aos Produzidos ou prestados por empresas que comprovem o
bens e serviços: cumprimento de reserva de cargo prevista e lei para deficientes
ou para reabilitados da Previdência Social e que atendam às
regras de acessibilidade.
Se nenhum dos critérios de desempate acima elencados alcançar o propósito, deve ser feito o
desempate por meio de sorteio.
FASES DA LICITAÇÃO
43
pela Administração Federal ou
com recursos federais, ou no
Diário Oficial do Estado,
quando a licitação for feita
pela Administração Estadual
ou Municipal e em jornal de
grande circulação.
Na habilitação a
Administração verifica se o
Recebimento e julgamento
licitante preenche ou não os
das propostas
requisitos necessários
previstos no edital
É o reconhecimento da
Homologação perfeição e licitude de todo o
procedimento
INTERVALO MÍNIMO
Concorrência: a) prazo mínimo de 45 dias
para licitação do tipo melhor técnica e melhor
A lei impõe um intervalo mínimo de técnica e preço ou quando for regime de
observância obrigatória entre e a publicação empreitada integral; e b) prazo mínimo de 30
do instrumento convocatório e a data da dias nos demais casos
abertura dos envelopes de documentação e Tomada de preços: a) prazo mínimo de 30
de propostas: dias nas licitações do tipo melhor técnica e
melhor técnica e preço; e b) prazo mínimo de
15 dias nos demais casos
44
Convite: prazo mínimo de 5 dias úteis;
Leilão: prazo mínimo de 15 dias;
INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação até 5 (cinco) dias úteis
antes da data fixada para abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração
Pública julgar em até 3 (três) dias úteis.
O prazo de impugnação pelo licitante é de até 2 (dois) dias úteis antes da abertura dos
envelopes, sob pena de decadência do direito.
COMISSÃO DE LICITAÇÃO
As comissões, via de regra, são compostas de 3 (três) membro, sendo pelo menos dois deles
servidores qualificados pertencentes ao quanto permanente do órgão. Exceto: a) convite: em
pequenas unidades onde há exiguidade de pessoal a comissão pode ser substituída por
apenas 1 servidor; e b) Pregão: não há comissão. É conduzido por um pregoeiro, auxiliado
por uma equipe de apoio.
Os membros responderão solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, salvo se
registrar em ata a sua divergência, devidamente, fundamentada. Hipótese em que ficará
afastada a sua responsabilidade solidária pelo ato.
CONTRATAÇÃO DIRETA
Ocorre quando há uma inviabilidade de
45
ALIENAÇÃO DE BENS
Avaliação prévia;
ALIENAÇÃO DE BENS
IMÓVEIS Licitação; e
Autorização legislativa.
PARCELAMENTO DE OBRAS/SERVIÇOS/COMPRAS
As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração deverão ser parceladas em várias
licitações sempre que tal parcelamento se mostrar mais vantajoso.
A modalidade a ser adotada em cada uma das parcelas deve ser aquela que seria utilizada caso
houvesse uma contratação única.
É vedado o fracionamento do objeto com vistas a utilizar modalidade de licitação mais simples
do que se o objeto fosse licitado em sua totalidade.
RECURSOS ADMINISTRATIVOS NA LICITAÇÃO
46
decisão, antes de encaminhar para a
autoridade superior, no prazo de 5 dias úteis.
Por razões de
interesse público
decorrente de fato
A revogação é feita
superveniente
pela própria
devidamente
Administração
comprovado;
baseada em juízo de
Quando o
conveniência e
REVOGAÇÃO
adjudicatário
oportunidade.
convocado não
Na licitação, somente
assinar o termo de
pode ocorrer em duas
contrato ou não
hipóteses:
aceitar o instrumento
equivalente no prazo
e condições
estabelecidas
47
Não pode ocorrer após a assinatura do
contrato.
É quando a Administração Pública licita apenas para registrar os preços, para o caso de
eventual contratação posterior, quando um bem ou serviço é adquirido com frequência.
Os licitantes apresentam o valor unitário dos produtos, uma vez que não há quantitativo
exato a ser adquirido pelo Estado. Porém, a Administração Pública deve informar a
quantidade máxima que poderá adquirir.
Os preços obtidos na licitação são registrados em uma ata de registro de preços. Esta ata,
decorrente do registro, terá validade de 1 ano.
LICITAÇÃO “CARONA”
Quando um órgão ou entidade pública que não participou da licitação de registro de preços
quer contratar com o licitante vencedor, em uma espécie de adesão à ata de registro de
preços.
A soma das aquisições efetivadas pelos licitantes que estão aderindo à ata de registro de
48
preços poderá ultrapassar o quantitativo da ata, porém, não podem ultrapassar o quíntuplo
da quantidade total da licitação.
É vedada aos órgãos e entidades da Administração Pública federal a adesão à ata de registro
de preços de órgão/entidade municipal, distrital ou estadual, mas os órgãos/entidades
municipais, distritais ou estaduais podem aderir à ata de registro de preços da Administração
Pública Federal.
49
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(FUNDATEC – 2018 – PC-RS – Escrivão e Inspetor de Polícia) Na Lei nº 8.666/1993, pode ser
encontrada a seguinte definição:
50
Comentário:
Questão 2
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) Não constitui anexo obrigatório do edital
de licitação:
A) O projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e
outros elementos.
51
Comentário:
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome
da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o
tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para
recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos
envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
52
Questão 3
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Agente de Polícia Civil) De acordo com a legislação, é inexigível a
licitação para:
Comentário:
53
Questão 4
(CESPE – 2016 – PC-PE – Escrivão de Polícia Civil) Assinale a opção correta relativamente a
licitação e contratos públicos.
Comentário:
54
C) Incorreta, nos termos do artigo 78, XV da Lei 8666/93.
Questão 5
{1 ) Convite
(2 ) Tomada de preços
(3 ) Concurso
( 4 ) Leilão
( 5 ) Pregão
55
propostas e lances. Pode ser realizado na forma presencial, com o comparecimento dos
licitantes na sessão pública, ou na forma eletrônica, que envolve a utilização de recursos de
tecnologia da informação.
( ) É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
para alienação de bens imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
dação em pagamento, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
A) 1-2-5-4-3
B) 2-1-3 - 5-4
C) 4-5-1-2-3
D) 3-5-4-1-2
E) 1-2-4-3-5
Comentário:
56
Questão 6
III - As chamadas cláusulas exorbitantes previstas nos contratos administrativos regidos pela
Lei Federal n° 8.666/93 são manifestações concretas do princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado.
IV- O princípio da razoabilidade, por não constar de forma expressa na Constituição Federal
de 1988, não tem qualquer relevância para o Direito Administrativo.
A) Apenas a I.
B) Apenas a I e a II.
C) Apenas a II e a III.
D) Apenas a III e a IV.
E) Apenas a II, a III e a IV.
Comentário:
57
II – Correta.
III- Correta.
Questão 7
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Errado. Dispõe o artigo 1o, parágrafo único da Lei 8666/93 que se subordinam ao
regime da lei, além dos órgãos da administração direta, também os fundos especiais, as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, DF e Municípios.
58
Questão 8
(CESPE – 2012 – PF – Agente de Polícia) No que se refere às licitações, julgue os itens que se
seguem.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado
Questão 9
59
D) As obras, serviços, compras e alienações realizadas pelos órgãos dos Poderes Legislativo
e Judiciário regem-se pelos preceitos da Lei nº 8.666/93.
Comentário:
Questão 10
(ACAFE – 2010 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) Sobre licitação, é correto afirmar:
Comentário:
60
Gabarito: Letra “A”.
A) Correta. Essa assertiva está em total consonância com o artigo 24, III da Lei 8666/93.
B) Incorreta. As prescrições, ao contrário do aduzido no irem, podem estar previstas no
regulamento, no caderno de obrigações e no edital/convite, não só na lei ordinária.
C) Incorreta. É perfeitamente possível que o julgamento não seja público (lei 8666/93).
D) Incorreta, pois nos termos do artigo 40 o objeto deve constar no edital.
61
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - E
Questão 3 - E
Questão 4 - B
Questão 5 - B
Questão 6 - C
Questão 7 - ERRADO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 - D
Questão 10 - A
62
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
63
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
A regra é que lei proíbe que participem, direta ou indiretamente, das licitações por ela
regidas as pessoas físicas ou jurídicas que hajam elaborado ou que tenham relação com os
elaboradores do projeto básico ou executivo correspondente. Consoante disposto no art.
9°, § 2°, da lei 8.666/93, é admitido que o ente estatal adquira somente o projeto básico,
deixando a elaboração do projeto executivo a cargo do vencedor da licitação para
execução da obra, desde que isso esteja previamente estipulado no instrumento
convocatório da licitação.
Nos termos do § 1 do art. 9.o da Lei 12.462/2011, "a contratação integrada compreende a
elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e
serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais
operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto".
64
Cabe enfatizar, segundo diz Alexandrino, que na contratação integrada é
o próprio contratado que deve elaborar o projeto básico e o executivo. O edital respectivo tão
somente "deverá conter anteprojeto de engenharia que contemple os documentos técnicos
destinados a possibilitar a caracterização da obra ou serviço" (apenas sendo vedada
a participação direta ou indireta, na correspondente licitação, da pessoa física ou juridica que
tenha elaborado o anteprojeto de engenharia).
Ou seja, nota-se que esta é uma diferença considerável se comprada com as outras
modalidades licitatórias que não preveem está possibilidade.
65
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Licitação:
Lei nº 8.666/93: íntegra
Decreto 9.412/2018
CRFB/88: 37, XXI
Súmula 333 do STJ
Pregão
Lei nº 11.520/02: íntegra
Decreto 5.450/2005: íntegra
Registro de Preços:
Lei nº 8.666/93: artigo 15
Decreto 7.892/13: íntegra
Decreto 8.250/14: íntegra
Licitação Carona:
Decreto 7.892/13
66
JURISPRUDÊNCIA
Contratação direta:
67
organizadoras de concursos públicos, quando o valor do contrato administrativo for inferior ao
limite estabelecido no art. 24, II, da Lei n. 8.666/93, qual seja, R$ 8.000,00 (oito mil reais) e
ocorre o pagamento de taxas de inscrição pelos candidatos à instituição organizadora,
totalizando um valor global superior ao limite supracitado.
2. A Constituição da República estabelece como regra a obrigatoriedade da licitação, que é
dispensável nas excepcionais hipóteses previstas em lei, não cabendo ao intérprete criar novos
casos de dispensa. Isso porque a licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração (art.
3º da Lei n. 8.666/93).
3. É imprescindível ponderar, também, a distinção entre interesse público primário e
secundário. Este é meramente o interesse patrimonial da administração pública, que deve ser
tutelado, mas não sobrepujando o interesse público primário, que é a razão de ser do Estado
e sintetiza-se na promoção do bem-estar social. Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de
Mello: "O Estado, concebido que é para a realização de interesses públicos (situação, pois,
inteiramente diversa da dos particulares), só poderá defender seus próprios interesses privados
quando, sobre não se chocarem com os interesses públicos propriamente ditos, coincidam
com a realização deles." (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
19ª edição. Editora Malheiros. São Paulo, 2005, pág. 66.) 4. Portanto, ainda que os valores
recolhidos como taxa de inscrição não sejam públicos, a adequada destinação desses valores é
de interesse público primário. Mesmo que a contratação direta de banca realizadora de
concurso sem licitação não afete o interesse público secundário (direitos patrimoniais da
administração pública), é contrária ao interesse público primário, pois a destinação de elevado
montante de recursos a empresa privada ocorrerá sem o processo competitivo, violando,
dessa maneira, o princípio da isonomia, positivado na Constituição Federal e no art. 3º da Lei
n. 8.666/93. Recurso especial provido.
68
Competência para legislar
69
provido.
Recurso na licitação:
70
Pregão:
71
primário, nada explicitou sobre essa questão, o que se traduz, se não em violação, em
vulneração ao princípio da legalidade estrita.
7. Reconhecimento de tempo total suficiente para declarar cumprida a penalidade imposta à
impetrante.
8. Segurança concedida. Agravo regimental prejudicado.
ADI 3735, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 08/09/2016,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-168 DIVULG 31-07-2017 PUBLIC 01-08-2017
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
74
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 9
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 2
1. Contratos Administrativos...................................................................................................................................... 2
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 39
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 40
1
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 9
1. Contratos Administrativos
1.1 Introdução
1.2 Conceito
2
participação do Poder Público, atuando com todas as prerrogativas decorrentes da supremacia
do interesse público, visando sempre à persecução de um fim coletivo. Este contrato é regido
pelo direito público, sendo inerentes a ele todas as prerrogativas e limitações de Estado. ”
Já para José dos Santos Carvalho Filho “o contrato administrativo1 como o ajuste
firmado entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito
público, e tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público. ”
1.3 Características
1
Vide questão 03 ao final do capítulo.
2
Vide questões 05 e 08 ao final do capítulo.
3
Sinalagmático: os contratos sinalagmáticos impõe o dever mútuo de
cumprimento das obrigações decorrentes do contrato, ou seja, as
obrigações das partes são recíprocas.
Formal: todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei,
indispensável à sua regularidade, sendo nulo e de nenhum efeito o contrato
verbal celebrado com a Administração, exceto o de pequenas compras de
pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% do
valor do convite.
No caso de compra com entrega imediata – até 30 dias – e integral dos bens adquiridos, dos
quais não resulte quaisquer obrigações futuras, independentemente do valor do contrato, é
dispensável o contrato, podendo a Administração substituí-lo.
Para contratos de valores mais baixos, não é preciso seguir a forma estabelecida, podendo ser
mais simples: não precisa do instrumento de contrato propriamente dito. Em tais casos, a lei
permite substituir o termo de contrato por: a) Carta contrato; b) Nota de empenho da
despesa;
e) Ordem de serviço; e d) Autorização de compra.
Oneroso: como regra, não são admitidos contratos gratuitos firmados com o
poder público, devendo o particular ser remunerado;
Personalíssimo: os contratos administrativos têm natureza intuito personae,
razão pela qual os contratos administrativos devem ser celebrados com o
4
vencedor do procedimento licitatório, não podendo ser transferido a terceiro.
Cumpre mencionar que a subcontratação é admitida desde que prevista no
edital e no contrato, porém é vedada a subcontratação integral do objeto e
também nos casos em que a qualificação técnica for fator preponderante
para a contratação.
1.4 Garantia
A Lei nº 8.666/93 prevê a garantia como uma espécie de caução para assegurar a
execução do contrato.
1) Dinheiro;
2) Títulos da dívida pública, desde que este título tenha sido emitido sob a
forma escritura, mediante registro em sistema de liquidação e custódia, com
autorização do Banco Central do Brasil e avaliado nos parâmetros definidos
pelo Ministério da Fazenda;
3) Seguro garantia; e
4) Fiança bancária, não se admitindo qualquer outra espécie de fiador, que
não a instituição financeira.
5
Mas se a o prejuízo ultrapassar o valor dado em garantia, pode a Administração cobrar um
valor a mais de indenização.
Porém, tais alterações unilaterais devem ser sempre justificadas e ser decorrentes
de motivo de interesse público superveniente.
3
Vide questão 10
6
Administração não pode alterar o objeto do contrato.
Pode se dar em razão do: (i) inadimplemento do particular; e (ii) interesse público
devidamente justificado.
Caso não haja culpa do, as mesmas consequências são verificadas, porém gera o
direito de indenização pelos prejuízos – danos emergentes -, devolução da garantia e de
receber o pagamento pelo que executo até o momento.
4
Vide questão 06 ao final do capítulo.
7
1.5.3 Exceção do contrato não cumprido
Em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra não cabe essa
exceção de contrato não cumprido.
5
Vide questão 02 ao final do capítulo.
8
Destaca-se que a fiscalização contratual não exclui e nem reduz a
responsabilidade do particular pelos danos causados diretamente à Administração ou a
terceiros.
O particular terá prazo de 5 dias úteis para apresentação de defesa, salvo nas
hipóteses de aplicação de declaração de inidoneidade, cujo prazo será de 10 dias.
Advertência: essa penalidade deve ser aplicada sempre por escrito e serve
para sancionar infrações mais leves;
6
Vide questão 10
9
Multa: pode ser aplicada pelo atraso na execução – multa de mora – ou em
razão da inexecução parcial ou total. Pode ser descontada diretamente da
garantia prestada. Se a multa for de valor superior ao valor da garantia,
além da perda desta, responderá o contratado pela diferença a qual será
descontada de eventuais pagamentos – autoexecutoriedade – ou cobrada
judicialmente.
Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a Administração: a empresa fica impedida de participar de
licitação ou de contratar com a Administração no âmbito do órgão que
aplicou a pena, por até 2 anos;
Declaração de idoneidade: é pena mais grave que a suspensão temporária.
Ocorre quando verificada a prática de fraude, crime ou fato grave por parte
da empresa contratada ou da interessada em contratar com a
Administração. Vale para todo e qualquer órgão de qualquer esfera. Pode
ser fixada por até 5 anos – o período pode ser maior se perdurarem os
motivos. O prazo mínimo é de 2 anos. Só pode ser aplicada por Ministros
de Estado ou autoridade equivalente no âmbito estadual ou municipal. Essa
declaração é ex nunc, mas a Administração pode promover a rescisão de
contratos anteriores.
10
Correção monetária: atualização da margem de lucro inicialmente acordada,
mantendo o valor real do contrato, em virtude da natural desvalorização do
dinheiro;
Reajustamento dos preços: deve ocorrer em face do aumento dos custos
dos insumos necessários ao cumprimento do acordo;
Recomposição de preços ou revisão de preços: quando ocorre uma situação
excepcional - não prevista no contrato -, a Administração Pública precisa
fazer a recomposição de preços.
Caso fortuito e força maior: são situações inevitáveis que decorrem de fatos
humanos - que não sejam partes do contrato - ou podem ser causados por
fatos da natureza;
Interferências imprevistas: são situações preexistentes à celebração do
contrato, mas que só ficam conhecidas pelas partes no momento da
execução.
Fato da administração: o desequilíbrio contratual é causado por uma atuação
da Administração – como parte do contrato - que impede a execução;
Fato do príncipe: há uma atuação extracontratual (geral e abstrata) da
Administração que atinge diretamente a relação contratual.
11
Ressalta-se que em algumas situações da teoria da imprevisão fica impossível
manter o contrato, mesmo com a recomposição dos preços. Nesses casos, deve-se proceder
com a rescisão contratual.
12
mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido;
XIX: para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo,
quando houver necessidade de manter a padronização requerida
pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e
terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
XXVIII: para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do
órgão.
XXXI: nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos
arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004,
observados os princípios gerais de contratação dela constantes
13
O particular contratado responde diretamente pelo serviço prestado, bem entregue
ou pela obra executada. Deve, ainda, arcar com todos os encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a
regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.”
Ocorre que a Justiça do Trabalho, aplicava a Súmula 331 do TST que, determinava a
responsabilidade subsidiária do Estado pelos débitos trabalhistas das empresas contratadas.
Após, o pleno do Tribunal Superior do Trabalho definiu nova redação para a Súmula
331 do TST. Com essa nova redação a intenção foi responsabilizar o Poder Público por
omissão em razão da não fiscalização do contrato e consequentemente por inadimplemento
das obrigações, eis que é dever fiscalizar.
Ressalta-se, contudo, que para fins de prova a redação da súmula 331 é cabível.
14
1.10 Recebimento do objeto do contrato
15
Nos casos de gêneros perecíveis e alimentação preparada, assim como para
contratação de serviços profissionais, poderá ser dispensado o recebimento provisório,
sendo o recebimento feito mediante recibo assinado pela autoridade competente.
Destaca-se que caso o objeto do contrato tenha sido entregue em desacordo com
o contrato, a Administração Pública rejeitará, no todo ou em parte.
16
QUADRO SINÓTICO
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Aos contratos administrativos aplica-se, ainda que de forma subsidiária, o direito privado e as
diretrizes da teoria geral dos contratos do CC/02.
CARACTERÍSTICAS
17
O contrato Administrativo deve ser, em regra escrito, sendo nulo e
de nenhum efeito o contrato verbal celebrado com a
FORMAL Administração, exceto o de pequenas compras de pronto
pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5%
do valor do convite.
GARANTIA
Dinheiro
18
A garantia pode ser utilizada pelo
Estado valor indenizatório. Mas se a
o prejuízo ultrapassar o valor dado
Descumprimento contratual
em garantia, pode a Administração
cobrar um valor a mais de
indenização.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
19
CONTRATO NÃO contra a Administração desde que haja atraso superior a 90 dias no
CUMPRIDO pagamento.
APLICAÇÃO DE
PENALIDADES
Advertência: essa penalidade
Tipos de penalidade: deve ser aplicada sempre por
escrito e serve para sancionar
infrações mais leves;
20
Multa: pode ser aplicada pelo
atraso na execução – multa de
mora – ou em razão da
inexecução parcial ou total.
Suspensão temporária de
participação em licitação e
impedimento de contratar com
a Administração: ocorre no
âmbito do órgão que aplicou a
pena, por até 2 anos.
Declaração de idoneidade:
ocorre quando verificada a
prática de fraude, crime ou fato
grave por parte da empresa
contratada ou da interessada em
contratar com a Administração.
Pode ser fixada por até 5 anos –
o período pode ser maior se
perdurarem os motivos. O prazo
mínimo é de 2 anos. Só pode
ser aplicada por Ministros de
21
Estado ou autoridade
equivalente no âmbito estadual
ou municipal.
EQUILÍBIO ECONÔMICO-FINANCEIRO
TEORIA DA IMPREVISÃO
Decorre de uma situação fática não prevista no contrato, e altera o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, sendo necessária a recomposição dos preços.
22
Fato da administração: o desequilíbrio é
causado por uma atuação da Administração –
como parte do contrato - que impede a
execução;
23
Contratações previstas nos incisos IX, XIX,
XXVIII e XXXI do art. 24, da lei 8.666193:
nessas hipóteses, os contratos poderão ter
vigência por até cento e vinte meses, caso
haja interesse da administração.
Contrato vigente;
REQUISITOS PARA PRORROGAÇÃO
CONTRATUAL: Justificada por escrito, não havendo,
portanto, possibilidade de prorrogação
tácita;
Autorizada pela autoridade competente.
RESPOSABILIDADES CONTRATUAIS
O particular contratado responde diretamente pelo serviço prestado, bem entregue ou pela
obra executada. Deve, ainda, arcar com todos os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato
Por expressão previsão legal a Administração Pública responde solidariamente apenas pelos
encargos previdenciários.
24
assinado por ambas
as partes.
No prazo de
observação – máximo
de 90 dias – ou
mediante vistoria irá
Recebimento ser atestada a
definitivo: adequação do objeto.
Mediante termo
circunstanciado e
deverá ser assinado
pelas duas partes.
Deverá ser realizado o recebimento provisório.
Quando o objeto do contrato firmado for
Nesses casos a Administração irá verificar a
recebimento de bens ou locação de
qualidade e a quantidade do material e só
equipamentos:
após isso será feito o recebimento definitivo.
Poderá ser dispensado o recebimento
Quando o objeto do contrato firmado for provisório, sendo o recebimento feito
gêneros perecíveis e alimentação preparada mediante recibo assinado pela autoridade
competente
Caso o objeto do contrato tenha sido entregue em desacordo com o contrato, a
Administração Pública rejeitará, no todo ou em parte.
EXTINÇÃO CONTRATUAL
Extinção Natural: se dá pela conclusão do
objeto ou advento do termo do contrato;
Desaparecimento da pessoa: uma das
características do contrato administrativo é ser
FORMAS DE EXTINÇÃO:
intuitu personae, por isso a falência da
empresa contratada ou o falecimento da
pessoa física ou firma individual acarreta a
extinção;
25
Anulação: em casos em que haja ilegalidade
na licitação ou no contrato;
Rescisão unilateral: ocorre por razões de
interesse público ou por inadimplemento total
ou parcial do contrato pelo particular, ou
ainda pela subcontratação fora do permitido
na lei e no contrato;
Rescisão Judicial: se dá por provocação do
particular, quando o ente público é
inadimplente;
Rescisão Bilateral ou Distrato: trata-se de
rescisão amigável, realizada por ambas as
partes;
Rescisão de pleno direito: por situações
alheias à vontade das partes, em casos
excepcionais que impedem a manutenção do
contrato e nas quais não seja possível a
revisão de preços.
26
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) F – F – V – V – F.
B) F – V – F – F – V.
C) V – F – F – V – F.
D) F – V – V – F – F.
E) V – V – V – V – V.
27
Comentário:
1. Correta, uma vez que corresponde ao artigo 65, parágrafo primeiro da Lei 8666/93.
2. Correta, pois corresponde ao artigo 11 da Lei 9784/99.
3. Correta.
4. Correta. A sindicância, quando instaurada, tem realmente a finalidade de revelar
ocorrências anômalas no âmbito da Administração Pública.
5. Correta, nos termos do artigo 22 da Lei 9784/99.
Questão 2
A) Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas,
em nenhuma circunstância, poderá haver cláusula que declare competente foro diverso
do da sede da Administração, para dirimir qualquer questão contratual.
B) É conferida à Administração a prerrogativa de fiscalizar a execução dos contratos.
C) É admissível a prorrogação de contratos de prestação de serviços de natureza contínua,
dispensadas, nas prorrogações de prazo, justificativa ou autorização pela autoridade
competente para celebrar o contrato.
D) Em casos de compra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, em qualquer
hipótese é dispensável o "termo de contrato".
E) A referida Lei veda a admissão de subcontratação de partes de obra, serviço ou
fornecimento, por parte da Administração.
28
Comentário:
A) Incorreta. Na verdade, a regra contida no artigo 55, parágrafo 2o da Lei 8666/93 não
é absoluta, mas relativa.
B) Correta, nos termos do artigo 58, III da Lei 8666/93.
C) Incorreta, pois toda prorrogação deve ser justificada por escrito e previamente
autorizada pela autoridade contratante.
D) Incorreta, pois o termo do contrato não é dispensável em qualquer hipótese.
E) Incorreta, já que é permitida a subcontratação até o limite admitido pela
Administração Pública (artigo 72, Lei 8666/93).
Questão 3
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) Sobre a rescisão dos contratos
administrativos, analise as afirmativas abaixo:
29
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Comentário:
30
Questão 4
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Agente de Polícia Civil) A rescisão dos contratos administrativos
poderá ser determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos seguintes casos:
1. o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos. 2. a não
liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço
ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais
especificadas no projeto. 3. a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado. 4. o
atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Comentário:
Apenas o item 2 está incorreto pois este não é um fator de rescisão unilateral por parte da
Administração.
31
Questão 5
(CESPE – 2016 – PC-PE – Escrivão de Polícia Civil) Assinale a opção correta relativamente a
licitação e contratos públicos.
Comentário:
Gabarito: Letra “B”.
A doutrina é uníssona nesse sentido. Dispõem, sobre o tema, Marcelo Alexandrino e
Vicente Paulo: “A doutrina administrativista costuma apontar como principais características
dos contratos administrativos serem eles sempre consensuais (embora se trate de contrato de
adesão) e, em regra, formais, onerosos, comutativos e celebrados intuitu personae (devem, em
princípio, ser executados pelo contratado, não se admitindo a livre contratação)”.
32
Questão 6
Comentário:
Comentário:
Gabarito: Letra “D”. Isso porque, os consórcios administrativos não são considerados
contratos administrativos. Eles são acordos realizados pela Administração Pública.
34
Questão 8
(ACAFE – 2008 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) Analise as alternativas a seguir referentes
aos contratos administrativos. Todas estão corretas, exceto a:
Comentário:
Dentre elas, apenas a letra “B” está incorreta, uma vez que o contrato administrativo
é bilateral e não unilateral.
35
Como esse tema teve pouca incidência nas provas do seu concurso dos últimos dez anos, a partir de
agora veremos duas questões de concursos públicos recentes e totalmente em consonância com o
nosso estudo:
Questão 9
D) ocupar provisoriamente, nos casos de serviços essenciais, bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato caso haja a rescisão deste.
Comentário:
36
Questão 10
(CESPE - 2019 - TCE-RO - Auditor de Controle Externo - Engenharia Civil) Uma empresa
executou a obra de construção da sede de um órgão público pelo valor de R$ 1 milhão.
Foram formalizados R$ 300 mil em termos aditivos de acréscimo e R$ 100 mil em termos
aditivos de supressão.
Nessa situação hipotética, a empresa obedeceu à legislação no que diz respeito aos
Comentário:
A Lei de Licitações e Contratos (Lei federal nº. 8.666/1993) prevê no seu art. 65
hipóteses nas quais se pode fazer o aditamento contratual, bem como os percentuais limites
para tais prorrogações. Neste sentido o parágrafo primeiro do artigo supracitado assim
preceitua:
Resumo:
37
Serviços e compras: acréscimos ou supressões de até 25%
Reforma de edifício ou de equipamento: acréscimos ou supressões de até
50%
38
GABARITO
Questão 1 - E
Questão 2 - D
Questão 3 - A
Questão 4 - E
Questão 5 - B
Questão 6 - E
Questão 7 - B
Questão 8 - B
Questão 9 – D
Questão 10 - E
39
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Contratos:
Lei nº 8.666/93: íntegra
CRFB/88: 37, XXI
Responsabilidades contratuais:
Súmula 331, TST
40
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
41
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Fonte: Carvalho, Matheus. Manual de direlto administrativo/ Matheus Carvalho - 4. ed. rev.
ampl. e atual. - Salvador: JusPODIVM, 2017.P.560..
"Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: ( ... ) VI - a subcontratação total ou
parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total
42
ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, NAO ADMITIDAS NO EDITAL E NO
CONTRATO;"
Matheus Carvalho arremata o tema resumindo que: "[...] pode-se concluir que, para que a
subcontratação seja lícita, deve haver previsão no edital e no contrato administrativo
celebrado e, além disso, a subcontratação deve-se restringir a partes do contrato, não sendo,
a princípio, lícito transferir todo o objeto do contrato a terceiro que não foi vencedor no
procedimento licitatório.
43
JURISPRUDÊNCIA
Responsabilidade Contratual:
RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX,
Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 11-09-2017
PUBLIC 12-09-2017
Equilíbrio Econômico-financeiro
46
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇO PÚBLICO -
TRANSPORTE COLETIVO. REAJUSTE DE TARIFAS. EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO.
INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE LICITAÇÃO. ACÓRDÃO COM FUNDAMENTAÇÃO
NA LEGISLAÇÃO LOCAL. SÚMULA 280/STF. NECESSIDADE DE EXAME DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS. SÚMULAS 5 E 7/STJ. RECURSO ESPECIAL ADESIVO PREJUDICADO.
1. Não ocorre contrariedade ao art. 535, inc. II, do Código de Processo Civil, quando o Tribunal
de origem decide fundamentadamente todas as questões postas ao seu exame, assim como
não há que se confundir entre decisão contrária aos interesses da parte e inexistência de
prestação jurisdicional.
2. A questão relativa à suposta quebra do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de
permissão de serviço de público foi expressamente tratada na decisão do juízo singular.
Sendo assim, o Tribunal de origem, ao agregar outros fundamentos para manter a
improcedência do pedido de indenização, não violou o disposto no art. 515 do CPC.
3. Isso porque o magistrado não está vinculado ao fundamento legal invocado pelas partes ou
mesmo adotado pela instância a quo, podendo qualificar juridicamente os fatos trazidos ao
seu conhecimento, conforme o brocardo jurídico mihi factum, dabo tibi jus ("dá-me o fato,
que te darei o direito) e o princípio jura novit curia ("o Juiz conhece o Direito").
4. De igual modo, não prospera a arguição de ofensa aos demais dispositivos do CPC, quais
sejam, os arts. 125, 425 e 435, ao argumento de que o processo foi sentenciado sem que
fosse concluída a fase probatória, bem como os arts. 131, 436 e 458, II, porque não teria sido
acolhido o laudo técnico judicial.
5. Na linha da iterativa jurisprudência desta Casa de Justiça, o magistrado não está obrigado a
realizar todas as perícias requeridas pelas partes. Ao revés, dentro do livre convencimento
motivado, pode dispensar exames que repute desnecessários ou protelatórios. Na hipótese, se
não foi deferida a diligência complementar - esclarecimentos adicionais ao perito -, é porque
o juiz do processo a entendeu irrelevante.
6. Ademais, por ser o juiz o destinatário das provas, a ele incumbe a valoração do conjunto
probatório carreado aos autos, portanto não está o magistrado adstrito ao laudo pericial
realizado, eis que pode formar sua convicção com outros elementos ou fatos existentes nos
47
autos, o que ocorreu na espécie.
7. Quanto ao mérito, com base no exame das cláusulas contratuais, das planilhas elaboras
pelo DFTRANS, do Decreto Distrital n.
2.456/88 e da Lei n. 242/92, o Tribunal de origem concluiu que não teria sido comprovado o
prejuízo supostamente sofrido pelas recorrentes nem o descumprimento das condições da
permissão do serviço de transporte coletivo, razão pela qual seria incabível qualquer
indenização.
8. Nesse contexto, eventual ofensa aos arts. 58, §§ 1º e 2º da Lei n. 8.666/93; e 9º, § 2º, 10 e
40, parágrafo único, da Lei n.
8.987/95 seria reflexa, e não direta, porque o deslinde da controvérsia exigiria a interpretação
de cláusulas contratuais e de legislação local, além do reexame de matéria fática, o que é
inviável em sede de recurso especial, a teor do enunciado das Súmulas 5 e 7 do STJ e 280 do
Excelso Pretório.
9. De notar que esses fundamentos de natureza probatória, autônomos e suficientes à
manutenção do aresto recorrido, não foram impugnados nas razões do recurso especial,
mormente por ser defeso o seu reexame na via eleita (Súmula 7/STJ), permanecendo,
portanto, incólumes.
10. De qualquer forma, o segundo fundamento adotado pelo Tribunal de origem e
impugnado no especial encontra-se em harmonia com a jurisprudência desta Corte, no
sentido de ser necessário o prévio procedimento licitatório para a garantia da manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato de permissão de serviço de transporte público.
11. Sendo assim, torna-se prejudicado o exame do recurso especial adesivo, no qual se aponta
ofensa ao art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil, por não ter sido reconhecia a prescrição
trienal.
12. Recurso especial principal das permissionárias a que se nega provimento e recurso especial
adesivo do Distrito Federal e DFTRANS prejudicado.
48
AgRg no REsp 1313659/RR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 06/11/2012
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
51
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 10
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1.2 Princípios................................................................................................................................................................... 4
1.2.5 Gratuidade................................................................................................................................................................ 6
1.6.3 Julgamento............................................................................................................................................................ 16
1
1.9 Processo Administrativo Eletrônico ............................................................................................................ 20
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 42
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 46
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 47
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 10
1. Processo Administrativo
1.1 Introdução
A Lei nº 9.784/99 é uma lei subsidiária, ou seja, nos processos administrativos que tenham lei
específica tal legislação será aplicada apenas subsidiariamente. Se o processo não tiver
previsão em lei, aí aplica-se integralmente.
1.2 Princípios1
1
Vide questões 08 e 09 ao final do capítulo.
2
Vide questão 01 ao final do capítulo.
4
Acerca desses princípios, alguns pontos merecem destaque:
5
1.2.4 Verdade Real
O princípio da verdade real reflete à busca pelo que efetivamente aconteceu. Por
isso, no processo administrativo as provas, desde que lícitas, pode ser apresentadas em
qualquer fase do processo, mesmo após o encerramento da instrução.
1.2.5 Gratuidade
1.2.6 Motivação
6
Decidam recursos administrativos;
Decorram de reexame de ofício3;
Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais ou importem anulação,
revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
A legislação vigente também determina que a motivação “deve ser explicita, clara e
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, sendo parte
integrante do ato."
3
Vide questão 02 ao final do capítulo.
7
sequencialmente e rubricadas e que os atos do processo devem ser
produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua
realização e a assinatura da autoridade responsável.
Tempo: os atos, via de regra, serão realizados em dias úteis, no horário
normal de funcionamento da repartição. Porém, serão concluídos depois
do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso
regular do procedimento ou cause danos ao interessado ou à Administração.
Lugar: os atos administrativos devem realizar-se, preferencialmente, na sede
do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.
Prazo: inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade
responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem
ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Além
disso, os prazos começam a correr a partir da data da ciência, excluindo o
dia de início e incluindo o dia do vencimento. Caso o último dia do prazo
caia em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da
hora normal, prorroga-se o prazo até o primeiro dia útil seguinte.
O Projeto de Lei 2823/19 visa alterar a Lei do Processo Administrativo Federal para
determinar que os prazos passem a ser contados em dias úteis. A última ação legislativa
ocorreu em 27/08/2019: Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
Retirado o PL 2823/2019, em face do deferimento do Requerimento n. 2168/2019, nos termos
dos arts. 104, caput, e 114, VII, do RICD.
8
Comunicação: Devem, necessariamente, ser objeto de intimação todos os
atos do processo que resultem para o interessado a imposição de deveres,
ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de
outra natureza, desde que sejam de seu interesse.
A intimação do interessado conter alguns requisitos: (i) identificação do
intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; (ii) finalidade da
intimação; (iii) data, hora e local em que deve comparecer; (iv) se o intimado
deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; (v) informação da
continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; e (vi)
indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
Se for necessário o comparecimento do interessado, a intimação deve dada
com antecedência mínima de 3 dias úteis. Podendo ser efetivada mediante
ciência no procedimento administrativo, por telegrama, por via postal com
aviso de recebimento, por qualquer outro meio que assegure a certeza da
ciência do particular ou por edital – caso os interessados forem
indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido.
9
1.4 Delegação e Avocação de competências4
Assim, a competência pode ser: (i) primária: quando prevista diretamente da CRFB;
ou (ii) secundária: quando emanada de normas infralegais.
4
Vide questões 04 e 06 ao final do capítulo.
10
2) É irrenunciável: o administrador atua em nome e interesse da coletividade,
não podendo renunciar àquilo que não lhe pertence. Essa característica não
impede que a Administração delegue ou avoque o exercício da
competência;
3) É inderrogável/intransferível: não se admite transação de competência.
Uma vez fixada em norma, deve ser rigidamente observada por todos.
Mesmo quando se permite a delegação é preciso um ato formal;
4) É imodificável por mera vontade do agente: só quem pode modificar
competência primária é a lei ou a CRFB;
5) É imprescritível: mesmo quando não utilizada;
6) É improrrogável: o fato de um órgão ou agente incompetente praticar um
ato não faz com que ele passe a ser competente.
Não podem ser objeto de delegação: (i) edição de atos de caráter normativo; (ii)
decisão de recursos administrativos; e (iii) as matérias de competência exclusiva.
11
É medida de caráter excepcional, devendo ser feita apenas temporariamente e por
motivos relevantes devidamente justificados. Também não é possível quando se tratar de
competência exclusiva do subordinado.
12
1.6 Fases do processo
1.6.1 Instauração
O processo administrativo se inicia pela sua instauração através de uma portaria que
irá designar uma comissão processante. Esta portaria pode se dar por provocação do
interessado ou ex officio, por interesse da Administração Pública.
Instrução:
13
real-, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir
alegações referentes à matéria objeto do processo.
O mero comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado
do processo.
Defesa:
14
Relatório:
Segundo a legislação, o órgão de instrução que não for competente para emitir a
decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o
processo à autoridade competente.
Se o parecer for obrigatório, ele se divide em (i) vinculante: a lei dispõe os casos
em que o parecer será vinculante e nesses casos a autoridade deve seguir o mesmo
entendimento do documento elaborado; ou (ii) não vinculante: mesmo tendo que ser
elaborado o parecer, a autoridade não precisa seguir o que foi concluso no mesmo.
Não sendo emitido o parecer, dentro do prazo legal, situações podem ocorrer,
dependendo da natureza deste:
15
Sendo facultativo: o processo segue normalmente para
julgamento.
1.6.3 Julgamento
5
Vide questões 05 e 07 ao final do capítulo.
16
O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal,
desde que não ocorrida preclusão administrativa.
17
Cumpre apontar que nos recursos administrativos, não há vedação da reformatio
in pejus – como ocorre nos processos judiciais – ou seja, uma decisão de recurso
administrativo poderá piorar a situação do recorrente, em razão do princípio da verdade real.
1.7.2 Revisão
18
A anulação também chamada de invalidação, é o desfazimento do ato por questões
de ilegalidade ou de ilegitimidade. A Administração deve anular os atos que possuam vícios
insanáveis.
Além disso é ato privativo da Administração Pública. Convém destacar que não são
passíveis de revogação os atos: exauridos ou consumado; vinculados; que geraram direito
adquirido; atos integrantes de procedimento administrativo; atos enunciativos, atos
declaratórios e atos complexos.
19
Há quem aponte uma hipótese se convalidação tácita, ou ainda estabilização de
consolidação, quando os atos ilegais favoráveis ao administrado não forem anulados dentro
do prazo decadencial legal de cinco anos.
20
1.10 Extinção do processo
21
QUADRO SINÓTICO
PROCESSO ADMINISTRATIVO
PRINCÍPIOS
22
Defesa prévia: via de regra,
deve-se permitir que o
particular possa se manifestar
antes de ser proferida decisão
administrativa.
Direito de recorrer: é a
possibilidade de reanálise dos
atos praticados pela
Administração.
Informalismo/Formalismo
O processo Administrativo só vai exigir as formalidades
Necessário necessárias às garantias do direito do cidadão.
ATOS PROCESSUAIS
23
determinada, salvo disposição legal em contrário.
24
Pode ser realizada por: ciência no procedimento administrativo;
por telegrama; por via postal com aviso de recebimento; por
qualquer outro meio que assegure a certeza da ciência do
particular; ou por edital – caso os interessados forem
indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido.
DELEGAÇÃO E AVOCAÇÃO
A competência é o poder atribuído ao agente – por lei ou ato administrativo - para a prática
de ato.
Matérias de competência
exclusiva.
FASES DO PROCESSO
É a fase de produção de
provas
INQUÉRITO INSTRUÇÃO
A Administração Pública pode
proceder com a busca de
26
provas, mesmo sem
provocação do interessado.
Antes do julgamento pode apresentado parecer, no prazo de 15 dias, por órgãos consultivos.
O parecer pode ser obrigatório – quando a lei exige que a consultoria jurídica elabora - ou
facultativo – quando o particular ou poder público requer um parecer.
27
Se o parecer for obrigatório, ele se divide em (i) vinculante: a lei dispõe os casos em que o
parecer será vinculante e nesses casos a autoridade deve seguir o mesmo entendimento do
documento elaborado; ou (ii) não vinculante: mesmo tendo que ser elaborado o parecer, a
autoridade não precisa seguir o que foi concluso no mesmo.
6
Vide questão 4
28
competente para julgar.
29
sanáveis são aqueles presentes nos elementos competência
(exceto competência exclusiva e competência quanto à matéria)
e forma (exceto forma essencial à validade do ato).
A adoção do processo eletrônico é obrigatória, mas os atos processuais podem ser praticados
segundo as normas aplicáveis aos processos em papel, desde que posteriormente o
documento-base correspondente seja digitalizado.
EXTINÇÃO DO PROCESSO
O órgão da Administração Pública competente poderá declarar extinto o processo quando
exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por
fato superveniente, ou seja, a extinção ocorrer de ofício.
A manifestação de desistência do processo pelo interessado não gera, necessariamente,
extinção do feito, podendo a administração pública dar continuidade ao processo, uma vez
que este visa o interesse público.
30
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
31
Comentário:
Questão 2
(CESPE – 2018 – PC-MA – Escrivão de Polícia Civil) A revisão, de ofício, pela administração
pública, de decisões sancionatórias aplicadas a servidor público por meio de regular processo
administrativo é
Comentário:
32
Gabarito: Letra “C”.
Questão 3
A) O Poder Judiciário não pode praticar atos administrativos , mas apenas atos da
administração.
B) O Direito Administrativo é um conjunto de regras e princípios que confere poderes
desfrutáveis pelo Estado para a consecução do bem comum e da finalidade pública.
Esta concepção, portanto, não compreende deveres da Administração em favor dos
administrados que, para este ramo do direito, são objetos da relação jurídico-
administrativa.
C) O administrado tem o direito de ser tratado com respeito pelas autoridades e
servidores. Contudo, este direito não implica na possibilidade de exigência da
Administração, pelo administrado, de um dever de facilitação do exercício de seus
direitos.
D) Os servidores públicos civis podem, como regra, ser responsabilizados, de modo
concomitante, nas esferas civil, criminal e administrativa.
E) O controle da Administração Pública no Brasil é realizado por meio do sistema do
contencioso administrativo.
33
Comentário:
Questão 4
34
C) É vedada, como regra, a delegação de competência dos órgãos colegiados aos
respectivos presidentes, pois seria um caso de violação do princípio da colegialidade.
D) Não podem ser objeto de delegação de competência a edição de atos de caráter
normativo, a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência exclusiva
de órgão ou autoridade.
E) As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e
considerar-se-ão editadas pela autoridade delegante.
Comentário:
Com efeito, a letra “D” possui total respaldo no artigo 13 da Lei 9784/99, motivo
pelo qual deve ser considerada como correta.
Questão 5
35
D) Uma das diferenças do instituto da revisão do processo administrativo para o instituto
do recurso administrativo, é que na revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção anteriormente imposta, enquanto o recurso administrativo
poderá resultar em agravamento da situação do recorrente.
E) Um dos critérios a ser observado nos processos administrativos é o da interpretação da
norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, permitindo-se, inclusive, aplicação retroativa de nova interpretação.
Comentário:
Questão 6
36
E) É permitida a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior. Para tanto, basta que a autoridade edite o ato administrativo avocatório no
Diário Oficial, pois a dispensa da fundamentação, quanto aos motivos, decorre do
próprio dever-poder hierárquico.
Comentário:
37
Questão 7
Comentário:
38
E) Incorreto. O artigo 56 da Lei 9784/99 estabelece o cabimento dos recursos
administrativos por legalidade ou mérito.
Questão 8
Os princípios constitucionais que norteiam a administração pública podem ser ampliados por
outros dispositivos normativos, a exemplo da Lei n.º 9.784/1999, que explicitou os seguintes
princípios como norteadores da administração pública: legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Certo.
39
Questão 9
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
40
Gabarito: Certo
LEI 9.784
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria,
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
III –
41
GABARITO
Questão 1 - B
Questão 2 - C
Questão 3 - D
Questão 4 - D
Questão 5 - D
Questão 6 - C
Questão 7 - C
Questão 8 - CERTO
Questão 9 – ERRADO
Questão 10 - CERTO
42
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
43
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Sim, os estados e municípios têm competência para criar suas próprias leis de processo
administrativo. Segundo a jurisprudência, caso não o façam, é possível a aplicação, por
analogia, da lei federal 9784. Inclusive, aplica-se o mesmo prazo prescricional para
anulação dos atos eivados de vícios.
Segundo Ana Cláudia, poderão os Estados e Municípios da federação instituir seu próprio
regramento. E se o Estado “X” não possui sua própria lei de processo administrativo.
Segundo a jurisprudência do STJ, deve-se, nesse caso, fazer o uso, por analogia, da lei
federal. Segue o julgado:
Rafael Rezende acrescenta que "A competência para legislar sobre processo administrativo
é reconhecida a todos os Entes federados. Trata-se de competência legislativa autônoma,
inexistindo competência da União para elaboração de normas gerais sobre a matéria."
Fontes:
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019.p.1040.
44
Aplica-se prazo prescricional de 5 anos
Como dito, hoje é pacífico que os estado e municípios que não tiverem lei própria de
regramento do processo administrativo poderão utilizar a lei 9784.
A supramencionada lei tem um artigo muito importante que trata do prazo prescricional que a
Administarção tem para anular atos que impliquem efeitos favoráveis aos particulares, quando
eivados de vício insanável, vejamos:
"Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé."
O que ocorre se o ente federativo não tiver lei própria? O STJ sumulou verbete para pôr fim a
qualquer dúvida:
Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial
para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser
aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e
específica que regule a matéria. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/06/2019, DJe 17/06/2019.
Ou seja, "caso a não exista lei no estado ou município, será aplicável o prazo de 5 anos para
anular esses atos."
Fonte: OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende Curso de direito administrativo / Rafael Carvalho
Rezende Oliveira. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020.p.554.
45
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Processo Administrativo:
Inafastabilidade de jurisdição:
46
JURISPRUDÊNCIA
Processo Administrativo:
47
inerente ao processo judicial. 4. A Administração Pública ostenta maior capacidade para avaliar
elementos fáticos e econômicos ínsitos à regulação. Consoante o escólio doutrinário de Adrian
Vermeule, o Judiciário não é a autoridade mais apta para decidir questões policêntricas de
efeitos acentuadamente complexos (VERMEULE, Adrian. Judging under uncertainty: An
institutional theory of legal interpretation. Cambridge: Harvard University Press, 2006, p. 248–
251). 5. A intervenção judicial desproporcional no âmbito regulatório pode ensejar
consequências negativas às iniciativas da Administração Pública. Em perspectiva pragmática, a
invasão judicial ao mérito administrativo pode comprometer a unidade e coerência da política
regulatória, desaguando em uma paralisia de efeitos sistêmicos acentuadamente negativos. 6.
A expertise técnica e a capacidade institucional do CADE em questões de regulação
econômica demanda uma postura deferente do Poder Judiciário ao mérito das decisões
proferidas pela Autarquia. O controle jurisdicional deve cingir-se ao exame da legalidade ou
abusividade dos atos administrativos, consoante a firme jurisprudência desta Suprema Corte.
Precedentes: ARE 779.212-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de 21/8/2014;
RE 636.686-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 16/8/2013; RMS 27.934
AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de 3/8/2015; ARE 968.607 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 15/9/2016; RMS 24.256, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ de
18/10/2002; RMS 33.911, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 20/6/2016. 7. Os
controles regulatórios, à luz do consequencialismo, são comumente dinâmicos e imprevisíveis.
Consoante ressaltado por Cass Sustein, “as normas regulatórias podem interagir de maneira
surpreendente com o mercado, com outras normas e com outros problemas. Consequências
imprevistas são comuns. Por exemplo, a regulação de novos riscos pode exacerbar riscos
antigos (...). As agências reguladoras estão muito melhor situadas do que os tribunais para
entender e combater esses efeitos” (SUSTEIN, Cass R., "Law and Administration after Chevron”.
Columbia Law Review, v. 90, n. 8, p. 2.071-2.120, 1990, p. 2.090). 8. A atividade regulatória
difere substancialmente da prática jurisdicional, porquanto: “a regulação tende a usar meios de
controle ex ante (preventivos), enquanto processos judiciais realizam o controle ex post
(dissuasivos); (...) a regulação tende a utilizar especialistas (...) para projetar e implementar
regras, enquanto os litígios judiciais são dominados por generalistas” (POSNER, Richard A.
48
"Regulation (Agencies) versus Litigation (Courts): an analytical framework". In: KESSLER, Daniel
P. (Org.), Regulation versus litigation: perspectives from economics and law, Chicago: The
University of Chicago Press, 2011, p. 13). 9. In casu, o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE, após ampla análise do conjunto fático e probatório dos autos do processo
administrativo, examinou circunstâncias fáticas e econômicas complexas, incluindo a
materialidade das condutas, a definição do mercado relevante e o exame das consequências
das condutas das agravantes no mercado analisado. No processo, a Autarquia concluiu que a
conduta perpetrada pelas agravantes se enquadrava nas infrações à ordem econômica
previstas nos artigos 20, I, II e IV, e 21, II, IV, V e X, da Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 10. O
Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE detém competência legalmente
outorgada para verificar se a conduta de agentes econômicos gera efetivo prejuízo à livre
concorrência, em materialização das infrações previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 11.
As sanções antitruste, aplicadas pelo CADE por força de ilicitude da conduta empresarial,
dependem das consequências ou repercussões negativas no mercado analisado, sendo certo
que a identificação de tais efeitos anticompetitivos reclama expertise, o que, na doutrina,
significa que “é possível que o controle da “correção” de uma avaliação antitruste ignore estas
decisões preliminares da autoridade administrativa, gerando uma incoerência regulatória. Sob
o pretexto de “aplicação da legislação”, os tribunais podem simplesmente desconsiderar estas
complexidades que lhes são subjacentes e impor suas próprias opções” (JORDÃO, Eduardo.
Controle judicial de uma administração pública complexa: a experiência estrangeira na
adaptação da intensidade do controle. São Paulo: Malheiros – SBDP, 2016, p. 152-155). 12. O
Tribunal a quo reconheceu a regularidade do procedimento administrativo que impusera às
recorrentes condenação por práticas previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste), razão pela
qual divergir do entendimento firmado no acórdão recorrido demandaria o reexame dos fatos
e provas, o que não se revela cognoscível em sede de recurso extraordinário, face ao óbice
erigido pela Súmula 279 do STF. 13. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO.
49
Órgão Julgador: STJ SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento; 22/09/201S. Data da
Publicação/Fonte: DJe 05/10/2015
50
AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ECONÔMICO E
ADMINISTRATIVO. CONCORRÊNCIA. PRÁTICA LESIVA TENDENTE A ELIMINAR
POTENCIALIDADE CONCORRENCIAL DE NOVO VAREJISTA. ANÁLISE DO MÉRITO DO ATO
ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. INCURSIONAMENTO NO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279 DO STF. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. A capacidade institucional na seara regulatória, a qual atrai controvérsias de
natureza acentuadamente complexa, que demandam tratamento especializado e qualificado,
revela a reduzida expertise do Judiciário para o controle jurisdicional das escolhas políticas e
técnicas subjacentes à regulação econômica, bem como de seus efeitos sistêmicos. 2. O dever
de deferência do Judiciário às decisões técnicas adotadas por entidades reguladoras repousa
na (i) falta de expertise e capacidade institucional de tribunais para decidir sobre intervenções
regulatórias, que envolvem questões policêntricas e prognósticos especializados e (ii)
possibilidade de a revisão judicial ensejar efeitos sistêmicos nocivos à coerência e dinâmica
regulatória administrativa. 3. A natureza prospectiva e multipolar das questões regulatórias se
diferencia das demandas comumente enfrentadas pelo Judiciário, mercê da própria lógica
inerente ao processo judicial. 4. A Administração Pública ostenta maior capacidade para avaliar
elementos fáticos e econômicos ínsitos à regulação. Consoante o escólio doutrinário de Adrian
Vermeule, o Judiciário não é a autoridade mais apta para decidir questões policêntricas de
efeitos acentuadamente complexos (VERMEULE, Adrian. Judging under uncertainty: An
institutional theory of legal interpretation. Cambridge: Harvard University Press, 2006, p. 248–
251). 5. A intervenção judicial desproporcional no âmbito regulatório pode ensejar
consequências negativas às iniciativas da Administração Pública. Em perspectiva pragmática, a
invasão judicial ao mérito administrativo pode comprometer a unidade e coerência da política
regulatória, desaguando em uma paralisia de efeitos sistêmicos acentuadamente negativos. 6.
A expertise técnica e a capacidade institucional do CADE em questões de regulação
econômica demanda uma postura deferente do Poder Judiciário ao mérito das decisões
proferidas pela Autarquia. O controle jurisdicional deve cingir-se ao exame da legalidade ou
abusividade dos atos administrativos, consoante a firme jurisprudência desta Suprema Corte.
Precedentes: ARE 779.212-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de 21/8/2014;
51
RE 636.686-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 16/8/2013; RMS 27.934
AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de 3/8/2015; ARE 968.607 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 15/9/2016; RMS 24.256, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ de
18/10/2002; RMS 33.911, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 20/6/2016. 7. Os
controles regulatórios, à luz do consequencialismo, são comumente dinâmicos e imprevisíveis.
Consoante ressaltado por Cass Sustein, “as normas regulatórias podem interagir de maneira
surpreendente com o mercado, com outras normas e com outros problemas. Consequências
imprevistas são comuns. Por exemplo, a regulação de novos riscos pode exacerbar riscos
antigos (...). As agências reguladoras estão muito melhor situadas do que os tribunais para
entender e combater esses efeitos” (SUSTEIN, Cass R., "Law and Administration after Chevron”.
Columbia Law Review, v. 90, n. 8, p. 2.071-2.120, 1990, p. 2.090). 8. A atividade regulatória
difere substancialmente da prática jurisdicional, porquanto: “a regulação tende a usar meios de
controle ex ante (preventivos), enquanto processos judiciais realizam o controle ex post
(dissuasivos); (...) a regulação tende a utilizar especialistas (...) para projetar e implementar
regras, enquanto os litígios judiciais são dominados por generalistas” (POSNER, Richard A.
"Regulation (Agencies) versus Litigation (Courts): an analytical framework". In: KESSLER, Daniel
P. (Org.), Regulation versus litigation: perspectives from economics and law, Chicago: The
University of Chicago Press, 2011, p. 13). 9. In casu, o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE, após ampla análise do conjunto fático e probatório dos autos do processo
administrativo, examinou circunstâncias fáticas e econômicas complexas, incluindo a
materialidade das condutas, a definição do mercado relevante e o exame das consequências
das condutas das agravantes no mercado analisado. No processo, a Autarquia concluiu que a
conduta perpetrada pelas agravantes se enquadrava nas infrações à ordem econômica
previstas nos artigos 20, I, II e IV, e 21, II, IV, V e X, da Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 10. O
Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE detém competência legalmente
outorgada para verificar se a conduta de agentes econômicos gera efetivo prejuízo à livre
concorrência, em materialização das infrações previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). 11.
As sanções antitruste, aplicadas pelo CADE por força de ilicitude da conduta empresarial,
dependem das consequências ou repercussões negativas no mercado analisado, sendo certo
52
que a identificação de tais efeitos anticompetitivos reclama expertise, o que, na doutrina,
significa que “é possível que o controle da “correção” de uma avaliação antitruste ignore estas
decisões preliminares da autoridade administrativa, gerando uma incoerência regulatória. Sob
o pretexto de “aplicação da legislação”, os tribunais podem simplesmente desconsiderar estas
complexidades que lhes são subjacentes e impor suas próprias opções” (JORDÃO, Eduardo.
Controle judicial de uma administração pública complexa: a experiência estrangeira na
adaptação da intensidade do controle. São Paulo: Malheiros – SBDP, 2016, p. 152-155). 12. O
Tribunal a quo reconheceu a regularidade do procedimento administrativo que impusera às
recorrentes condenação por práticas previstas na Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste), razão pela
qual divergir do entendimento firmado no acórdão recorrido demandaria o reexame dos fatos
e provas, o que não se revela cognoscível em sede de recurso extraordinário, face ao óbice
erigido pela Súmula 279 do STF. 13. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO.
53
emprestada para embasar a decisão administrativa, posteriormente anulada no âmbito
criminal, merece atenção o fato de que a apuração não se resumiu às referidas provas,
conforme ficou assentado no acórdão recorrido. 4. É firme a jurisprudência desta Corte quanto
à independência e autonomia das instâncias penal, civil e administrativa, razão pela qual o
reconhecimento de transgressão disciplinar e a aplicação da punição respectiva não
dependem do julgamento no âmbito criminal, nem obriga a Administração a aguardar o
desfecho dos demais processos. Somente haverá repercussão, no processo administrativo,
quando a instância penal manifestar-se pela inexistência material do fato ou pela negativa de
sua autoria, não sendo o caso dos autos. Precedentes. 5. Recurso a que se nega provimento.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
55
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 11
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 4
1
1.7 Provimento ............................................................................................................................................................ 16
1.15.1 Férias........................................................................................................................................................................ 32
1.17 Concessões............................................................................................................................................................ 38
2
1.18 Regime Disciplinar ............................................................................................................................................. 39
1.18.4 Demissão................................................................................................................................................................ 42
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 71
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 76
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 77
3
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 11
1. Agentes Públicos
Pelo sumário, você, caro leitor, já deve ter percebido que esse é um tema muito profundo.
E com efeito, é muito importante para as provas do seu concurso. A partir da nossa análise
minuciosa, pudemos fazer um levantamento de dezenas de questões sobre este tema nas
provas de agente, escrivão e investigador de polícia nos últimos anos. Portanto, não se
esqueça: leia com muita atenção, grife e, ao final, resolva todas as questões.
Vamos juntos!
A expressão agente público é bastante ampla e abarca qualquer pessoa que age
em nome do Estado, independentemente de vínculo jurídico. Os agentes públicos dividem-se
em:
Atuam no exercício da função política do Estado, ou seja, têm vínculo político. São
agentes políticos: (i) os detentores de mandato eletivo; (ii) os Secretários e Ministros de
Estado; (iii) os membros da magistratura; e (iv) os membros do Ministério Público.
4
Já em relação aos Membros do Tribunal de Contas, o Supremo Tribunal Federal já
se pronunciou acerca do tema, dispondo que eles se enquadram na categoria de agentes
administrativos.
Dividem-se em:
1) Designados: também chamados de agentes honoríficos, são aqueles
convocados pelo Poder Público para exercer atividade administrativa. Exercem
múnus público, têm a obrigação de participar quando requisitados sob
pena de sanção. Exemplos: Mesários e Jurados
2) Voluntários: também são chamados de agentes necessários. São aqueles
que atuam voluntariamente em repartições, escolas, hospitais públicos ou
situações de calamidade, sempre que o ente estatal realiza programa de
voluntariado;
3) Delegados1: são os agentes que atuam por delegação de serviços públicos.
Os titulares de serventias de cartório também atuam por delegação, apesar
de prestar concurso;
1
Vide questão 01 ao final do capítulo.
5
4) Credenciados: atuam em razão de convênios firmados com o Poder Público.
Exemplo: médicos privados que atuam em convênio com o SUS;
2
Vide questão 06 ao final do capítulo.
6
1.2 Emprego público, Cargo Público3 e Função pública
Ressalta-se que para que seja celebrado esse contrato com o Poder Público, há a
necessidade de aprovação em concurso público.
Por expressa disposição do artigo 61, §1°, II, "a" da CRFB/88, a criação de empregos
públicos deve ser feita mediante lei. A extinção desses cargos também depende de lei.
Os doutrinadores apontam que o cargo público pode ser definido como sendo uma
unidade de competência que deve ser criado mediante lei, com vínculo estatutário, de
natureza profissional e permanente, para execução das atividades a ele inerentes.
Denota-se do conceito acima que a criação de cargos públicos deve ser feita
mediante lei. E de fato, o artigo 48, X da CCRFB/88 prevê que a criação, transformação e
extinção dos cargos, depende de lei.
3
Vide questão 09 ao final do capítulo.
7
Porém, o próprio texto da Constituição estabeleceu uma exceção: em seu art. 84, VI,
permite que Presidente da República, mediante decreto autônomo, extinga cargos e funções
públicas, quando vagos.
8
1.2.3 Função Pública
Apesar de inexistir cargo ou emprego público sem funções, o contrário não é verdade.
Pode-se criar funções de confiança, para exercício de atividades de direção, chefia ou
assessoramento. Nestes casos, a função de confiança não é atribuída a nenhum cargo público,
sendo atribuída a um servidor que já detenha cargo público efetivo.
10
Tribunal Federal, dispõe que "Dentro do prazo de validade do concurso, o
candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for
preenchido sem observada da classificação".
Cláusula de barreira: ocorre quando o edital limita a quantidade de
classificados. Apesar de muita divergência, em 2014, o Supremo Tribunal
Federal declarou constitucional a previsão dessa cláusula nos editais.
Reserva de vagas para pessoas com deficiência: a Lei nº 8.112/90
determina que deve ser reservada até 20% das vagas do concurso público
aos portadores de deficiência, desde que essa deficiência não impeça o
exercício da função do cargo a ser assumido.
Reserva de vagas para negros e pardos: a Lei nº 12.990/14 determina que
seja reservada 20% das vagas, no âmbito da Administração Direta e
Indireta da União, para os candidatos negros e pardos, desde que o número
de vagas no edital seja igual ou superior a três. Tal regra não se aplica para
concursos no âmbito estadual, distrital e municipal, os quais dependem
da publicação de leis específicas, publicadas no bojo dessas entidades.
Limite etário: muito se fala da definição de idade máxima para participação
em concursos públicos. Sobre este tema, o Supremo Tribunal Federal editou
a súmula 683 que dispõe que “o limite de idade para a inscrição em
concurso público só se legitima em face do art. 7°, XXX, da Constituição,
quando ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido. ”
Ademais, tal limitação deve ser compatível com as atribuições do cargo, e se
restringe a situações excepcionais. Porém, mesmo diante de situações que
justifiquem as restrições de ingresso, estas regras devem ser estipuladas
por meio de lei, não sendo suficiente a disposição no edital.
O entendimento sumulado deve ser ampliado, não somente para restrição
referente a idade, mas também em relação ao gênero e altura mínima.
Exame Psicotécnico: conforme a súmula 686 do STF "Só por lei se pode
sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público".
Destaca-se que Decreto 6.944/09 regulamenta a realização de exames
11
psicotécnicos em concursos públicos realizados pelo Poder Executivo da
União.
Porém, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso I prevê que as
universidades públicas e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão
prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, configurando, assim,
exceção à regra.
As pessoas que não estiverem em pleno gozo dos direitos políticos não poderão
ingressar na carreira pública federal.
12
1.3.5 Nível de escolaridade exigido para o cargo
A exigência de escolaridade deve ser determinada por meio de lei e deve ser
compatível com as funções a serem atribuídas aos servidores dos cargos a serem providos.
O artigo 5°, V da lei 8.112/90 determina a idade mínima de 18 anos para ingresso
em cargos públicos federais.
13
1.4 Estabilidade
Sendo assim, destaca-se que a estabilidade não poderá ser adquirida pelos
agentes detentores de empregos públicos.
Os agentes que ingressaram no serviço público pelo menos cinco anos antes da promulgação
da CRFB de 1988, ainda que sem aprovação em concurso, adquiriram a estabilidade. Trata-se
de regra de "estabilização" prevista no Aro das Disposições Constitucionais Transitórias –
ADCT.
14
3) Avaliação periódica de desempenho: o servidor apesar de já
ter adquirido a estabilidade, continuará sendo avaliado continuará sendo
avaliado. Ressalta-se que é diferente da avaliação especial, necessária para
aquisição da estabilidade;
4) Corte de gastos: primeiramente haverá redução de pelo
menos 20% das despesas com cargos comissionados e funções de confiança.
Se mesmo após isso o problema não seja sanado serão exonerados os
servidores públicos não estáveis. Se ainda assim a Administração não atingir
o limite legal de gastos, serão exonerados os servidores estáveis.
Nos casos de exoneração de servidor estável para corte de gastos, a Administração precisa
respeitar um prazo de quarentena para criar cargos iguais ou semelhantes, ou seja, fica
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
prazo de quatro anos e, além disso, o servidor estável exonerado perceberá uma
indenização que corresponde a um mês de remuneração para cada ano de serviço público
prestado.
15
Em razão da alteração constitucional do prazo de estabilidade de 2 para 3 anos,
começou uma divergência doutrinária, eis que o estágio probatório continuou sendo de 24
meses.
1.6 Vitaliciedade:
1.7 Provimento
4
Vide questão 03 ao final do capítulo.
16
Depois de nomeado, o servidor tem até 30 dias para tomar posse. A posse garante
a investidura no cargo, ou seja, só com a posse é conferida a qualidade de servidor público.
Por essa razão, se no prazo de 30 dias não tiver tomado a posse, o ato de nomeação fica
sem efeito.
Após a posse, o servidor tem até 15 dias para entrar em exercício, se não o fizer
no prazo será exonerado.
17
PROMOÇÃO READAPTAÇÃO
REVERSÃO REINTEGRAÇÃO
APROVEITA
RECONDUÇÃO
MENTO
A promoção não se confunde com a progressão funcional, eis que esta é um aumento do
padrão remuneratório sem mudança de cargo. Na promoção há a mudança de cargo, para um
mais elevado.
18
Readaptação: É tipo de provimento derivado horizontal, eis que o servidor
não sobe na carreira. A readaptação é o aproveitamento do servidor em um
novo cargo em razão de ter ocorrido limitação em sua capacidade física
e/ou mental. Esse novo cargo será compatível com a limitação, porém
enseja a garantia de equivalência de vencimentos, ou seja, em razão da
readaptação o servidor não pode sofrer nenhuma mudança remuneratória.
Não depende da existência previa de cargo vago, eis que ainda que não
haja cargo vago, o servidor irá exercer as funções como excedente até que
surja um. Mas é imperioso destacar que em não havendo nenhum cargo na
carreira, com funções compatíveis, o servidor será aposentado por
invalidez.
5
Vide questão 10 ao final do capítulo.
19
idade limite para a aposentadoria compulsória, nos moldes do art. 2°,
da Lei complementar 152/2015.
2) Recondução: É a volta do servidor estável ao cargo anterior sem
direito a indenização. Acontece em duas hipóteses: (i) quando há
reintegração do anterior ocupante do cargo; e (ii) se o servidor é
considerado inapto em estágio probatório de outra carreira, podendo
ser reconduzido para o cargo de origem em que era estável.
3) Reintegração: A reintegração ocorre quando o servidor estável estiver
diante de uma anulação do ato de demissão. A anulação pode ser
feita pela própria Administração ou pelo Judiciário e produz efeitos ex
tunc. O servidor será indenizado por tudo que deixou de ganhar.
Atente-se que o servidor reintegrado irá voltar para o cargo que
ocupava anteriormente. Caso este cargo esteja ocupado, o servidor
ocupante será reconduzido para o cargo anterior. Estando esse
ocupado, ele irá para um cargo vago compatível. Se não tiver cargo
compatível, ficará em disponibilidade.
4) Aproveitamento: É a volta do servidor estável que se encontrava em
disponibilidade.
1.8 Vacância
20
necessidade de corte de gastos com pessoal, conforme já explicitado
anteriormente; f) em casos de cargos em comissão.
2) Demissão: tem caráter punitivo e é cabível sempre que o servidor comete
infração funcional que é prevista em lei e punível com a perda do cargo
público. Ressalta-se que a aplicação da penalidade deve ser precedida de
processo administrativo disciplinar em que sejam observados o contraditório
e a ampla defesa.
3) Readaptação: a readaptação enseja o provimento de um cargo e a vacância
de outro, em um único ato.
4) Promoção: a assunção do novo cargo causa a vacância do cargo
anteriormente
ocupado;
5) Aposentadoria;
6) Morte;
7) Posse e cargo inacumulável: é, via de regra, vedada a acumulação6 de
cargos e empregos públicos. Sendo assim, o servidor que ocupa dois cargos
inacumuláveis deverá optar por apenas um. A Administração concede um
prazo de 10 dias (considera-se boa-fé) para que o servidor faça sua escolha.
Caso não a faça no prazo, será instaurado processo administrativo sumário.
Durante esse processo e até o último prazo da defesa, poderá o servidor
optar por um dos cargos sem que incorra em pena de demissão.
6
Vide questões 04 e 07 ao final do capítulo.
21
Porém, o próprio texto constitucional elenca algumas exceções, ou seja, casos em
que a acumulação e cargos é permitida. São elas:
Ressalta-se que para que essas acumulações sejam válidas é necessário demonstrar
que há compatibilidade de horários. Ademais, a acumulação deve respeitar o teto
remuneratório do art. 37, XI da CF/98, qual seja o subsídio dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal.
1.10 Deslocamento
1.10.1 Remoção
1.10.2 Redistribuição
1.11 Remuneração
VENCIMENTO
BÁSICO DO
CARGO
REMUNERAÇÃO/
VENCIMENTOS
VANTAGENS
PECUNIÁRIAS
PERMANENTES
23
Para a fixação de remunerações e vencimentos deve-se levar em consideração
alguns fatores:
A natureza;
O grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos; e
Os requisitos para a investidura e as peculiaridades dos cargos.
Ressalta-se que a revisão deverá ser feita sempre na mesma data e sem distinção
de índices.
24
A jurisprudência pacificou o entendimento de que a garantia de irredutibilidade não impede a
alteração da forma de cálculo.
É importante destacar que a remuneração do servidor público não pode ser inferior
ao salário mínimo, conforme o art. 39, §3°, combinado com o art. 7°, IV da Constituição.
Porém, entende-se que o vencimento básico pode ser inferior ao mínimo legal,
desde que a remuneração total não o seja, consoante disposto no art. 41, §5° da lei 8.112/90 e
na súmula vinculante nº 16.
Ainda sobre os vencimentos, vale destacar que o artigo 37, XII, da CRFB/88, dispõe
que "os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo".
Em regra, não há descontos nas remunerações e subsídios. Mas pode haver os descontos de
imposição legal, como Imposto de Renda e Previdência Social; por decisão judicial;
consignação em folha.
25
1.12 Teto Remuneratório
Subteto Estadual:
O subteto estadual tem parâmetro nos três poderes, sendo: para o Poder Executivo
o subsídio do governador; para o Poder Legislativo, o subsídio dos deputados estaduais e
distritais. E para o Poder Judiciário, o subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça
que deve corresponder a 90,25% do subsídio do ministro do STF. Os membros do Ministério
Público, defensoria pública e procuradorias estaduais se submetem ao subteto do Poder
Judiciário.
26
estaduais não se submetem à regra do subteto, mas sim ao teto de remuneração, qual seja o
subsídio do Ministro do STF.
Após isso, o art. 37, §12° da Carta Magna passou a definir que fica facultado aos
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Subteto Municipal:
1.13 Subsídio
A lei de cada carreira irá determinar se o servidor receberá por subsídio ou não,
mas há carreiras que o pagamento por meio de subsídio é obrigatório:
Agentes políticos;
Membros da Defensoria Pública;
Advocacia Pública;
Polícia; e
Tribunal de Contas.
27
1.14 Vantagens
As vantagens são:
INDENIZAÇÕES
GRATIFICAÇÕES
ADICIONAIS
1.14.1 Indenizações
29
4, 5 e 6. O valor pago terá como base o valor aluguel ou pagamento de
hotel, limitado a 25% do valor do cargo em comissão. Há requisitos,
cumulativos, para o recebimento de tal indenização: (i) não exista imóvel
funcional disponível para uso pelo servidor; (ii) o cônjuge ou companheiro
do servidor não ocupe imóvel funcional; (iii) o servidor ou seu cônjuge ou
companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for
exercer o cargo; (iv) nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia; (v) o Município no qual assuma o cargo em
comissão ou função de confiança não se enquadre dentro da mesma região
metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião; (vi) servidor não-tenha
sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze meses,
aonde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança; (vii) o
deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou
nomeação para cargo efetivo; e (viii) o deslocamento tenha ocorrido após
30 de junho de 2006.
1.14.2 Gratificações
De função: Todo cargo público tem função, e para cada função a lei atribui
um valor;
Natalina: é o famoso “13º salário”. Pode ser dividia em duas parcelas, mas
deve ser paga integralmente até o dia 20 de dezembro de cada ano. Essa
gratificação corresponde a 1/12 da remuneração de dezembro por mês de
serviço público prestado. Ressalta-se que a partir de 15 dias trabalhados,
30
considera-se que o mês todo foi trabalhado para fins de pagamento dessa
gratificação. Se o servidor for exonerado ou demitido, tomar-se-á como
base o mês da exoneração ou demissão.
Encargo de concurso ou curso: gratificação paga para o servidor que atua
na aplicação de prova de concurso, na coordenação de prova de concurso,
que atua como examinador em banca, ou como instrutor em curso de
formação. O máximo de horas trabalhadas deverá ser a de 120 horas de
trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente
justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 horas de trabalho
anuais. O valor pago por hora corresponderá aos seguintes percentuais,
incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública
federal: (i) 2,2°% nas atividades de instrutor em curso de formação ou
examinador de bancas de concurso público realizado pelo órgão estatal; e
(ii) 1,2% na atividade de aplicação, fiscalização de provas de concurso ou a
coordenação e planejamento destas atividades, incluindo a organização da
estrutura logística.
1.14.3 Adicionais
31
insalubre e perigosa, ele deve optar por um deles. Ressalta-se que os
servidores que operam máquinas de Raio-X devem receber adicional de
insalubridade e serem submetidos a exames médicos a cada 6 meses.
Hora extra: tem caráter excepcional, não podendo ultrapassar 2 horas por
dia e será remunerada com um adicional de 50% a mais em relação à hora
normal.
Serviço noturno: adicional pago, no valor de 25% da remuneração da hora
normal, ao servidor que exerce atividade noturna. Considera-se serviço
noturno, o prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas)
horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte. Frisa-se que a hora
noturna tem duração de cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
Ademais, se o serviço extraordinário adentrar ao período noturno, paga-se
cumulativamente os dois adicionais. Primeiro acrescenta-se a hora extra e
depois o percentual de serviço noturno.
Terço de férias: É o adicional pago ao servidor público, por ocasião das
suas férias, correspondente a 1/3 de sua remuneração. Deve ser pago dois
dias antes do gozo das férias e não pode ser parcelado.
1.15.1 Férias
O servidor público tem 30 dias de férias por anos. Para gozar o primeiro período de
férias o período aquisitivo será o de 12 meses de trabalho.
32
Apenas para o primeiro período é que se exige o período aquisitivo de 12 meses.
As férias podem ser parceladas em até 3x, desde que requeridos pelo servidor e
autorizado pela Administração. Lembrando que nenhum período pode ser inferior a 10 dias.
1.15.2 Licenças
Como regra, as licenças não remuneradas pela Administração Pública não contam
como tempo de serviço, mas contam para fins de aposentadoria, eis que o servidor poderá
continuar contribuindo para a Previdência.
As licenças são:
Por motivo de doença familiar: tal licença pode ser concedida no estágio
probatório, mas suspende a sua contagem. Durante essa licença é vedado
33
o exercício de atividade remunerada. Para que o servidor tenha direito a
essa licença por até 60 dias com remuneração precisa comprovar 3
requisitos: 1) demonstrar – por laudo médico – que a pessoa da família está
doente; 2) que a pessoa doente dependa e assistência direta do servidor; e
3) que o servidor não possa conciliar a prestação da assistência com a
prestação do serviço. Passados os 60 dias, é possível prorrogar por até 90
dias, sem remuneração. Nova licença pelo mesmo motivo só poderá ser
requerida após 12 meses de prestação de serviços.
Por motivo de afastamento do cônjuge: tal licença pode ser concedida
no estágio probatório, mas suspende a sua contagem. É possível desde
que o cônjuge – ainda que não seja servidor – tenha sido afastado a
trabalho para qualquer lugar do território nacional ou exterior. A licença
não tem prazo e não tem remuneração. No deslocamento de servidor cujo
cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
exercício de atividade compatível com o seu cargo. O STJ entende que não
se trata de uma licença discricionária, e sim vinculada.
Por motivo de Serviço Militar: tal licença pode ser concedida no estágio
probatório e não suspende a sua contagem. É remunerada e possui prazo
que coincide com o tempo de serviço militar. Terminada a licença, o servidor
terá até 30 dias, sem remuneração, para voltar ao serviço.
Por motivo de Atividade Política: tal licença pode ser concedida no
estágio probatório, mas suspende a sua contagem. Essa licença é para
que pretende se candidatar. No momento em que o servidor é escolhido na
convenção do partido até a véspera do registro da candidatura tem direito à
licença sem remuneração. Após o registro e até 10 dias após as eleições tem
34
direito à licença com remuneração, entretanto, a remuneração só poderá
durar 3 meses.
Por motivo de capacitação: não pode ser concedida no estágio
probatório. A cada 5 anos de efetivo exercício no serviço público, o servidor
tem direito de até 3 meses de licença para fazer curso de capacitação
profissional no interesse da Administração. É licença remunerada e
discricionária. Não pode ser acumulada, ou seja, não se admite que não
sendo admitido que, após 10 (dez) anos de exercício, a licença chegue a seis
meses.
Por interesse particular: não pode ser concedida no estágio probatório.
Não depende de motivação especifica, podendo o servidor requerer tal
licença para qualquer atividade no interesse dele. É discricionária e
precária, podendo a Administração revogá-la por necessidade do serviço.
Não é remunerada e pode ser concedida por até 3 anos improrrogáveis.
Para que possa ser requerida nova licença de mesma natureza tem que
passar mais de 60 dias.
Para Mandado Classista: não pode ser concedida no estágio probatório.
Somente serão licenciados os servidores eleitos para os cargos de direção
35
1.16 Afastamento
O servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade
dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios ou em serviço
social autônomo instituído pela União que exerça atividades de cooperação com a
administração pública federal, para exercício de cargo em comissão ou função de confiança,
ou de direção ou gerência no caso dos serviços sociais autônomos, além de situações
previstas em lei específica.
O ônus de pagar ao servidor pode ser definido no ato de cessão, mas se o ato
não mencionar nada, tem-se que: se o servidor for cedido para outro órgão ou entidade da
União quem pagará será o cedente; já se o servidor for cedido para órgão ou entidade dos
estados, DF, ou municípios o pagamento ficará a cargo do cessionário.
Não se confunde com a licença para exercício de atividade política, eis que esta é
concedia aos servidores que querem se eleger. Já este afastamento é para o servidor exercer
o mandato popular.
36
Prefeito, será afastado mas poderá optar pela remuneração. Se eleito vereador e tiver
compatibilidade de horários, poderá acumular os cargos e as remunerações. Se não houver
compatibilidade de horários, será afastado e poderá optar pela remuneração.
Esse afastamento cota como tempo de serviço para todos os efeitos, exceto para
promoção por merecimento.
Esse afastamento é remunerado e pode ser concedido por até 4 anos. Quando o
servido volta ao exercício da atividade fica impedido de ser exonerado – a pedido – pelo
menos prazo que passou afastado. Também não poderá ser concedida licença para interesse
particular, salvo se fizer o reembolso à Administração.
Se o afastamento for para servir em organismo internacional que o Brasil participa ou coopera
será sem remuneração, eis que será remunerado pelo organismo e o período de afastamento
irá suspender a contagem do estágio probatório.
37
1.16.4 Pós-Graduação strictu senso no país
O servidor que queira fazer mestrado tem que ter 3 anos de exercício na função;
para os casos de doutorado e pós-doutorado exige-se 4 anos. Para a pós-graduação latu
sensu não se pode pedir tal afastamento.
Depois que o servidor voltar, não poderá sair da função pelo mesmo prazo que
ficou afastado, salvo se reembolsar a Administração.
1.17 Concessões
38
Gerais: concedidos a quaisquer servidores, esteja em estágio probatório ou
não:
a) 1 dia para doação de sangue – será o dia em que ele irá fazer a
doação;
Especiais:
a) Estudantes: tem direito à horário especial para conciliar o serviço
com os estudos, com compensação de horários;
b) Pessoas com deficiência: o servidor tem direito à horário especial
sem necessidade de compensação de horários;
c) Familiar com deficiência ou doença: o servidor tem direito à
horário especial com compensação de horários.
39
1.18.1 Advertência:
1.18.2 Suspensão:
40
3) Reincidência em infração punível com advertência: se o agente cometer
infrações puníveis com advertência em menos de 3 anos de diferença –
prazo em que o registro do servidor que foi punível com advertência é
limpo – será considerado reincidente.
4) Recusa de inspeção médica quando solicitado: nesse caso a suspensão não
pode ultrapassar 15 dias. Porém, se o servidor se submeter a inspeção, a
pena de suspensão será cessada automaticamente.
Para aplicação de advertência e suspensão por até 30 dias, a lei permite que seja instaurada
apenas uma sindicância, sem necessidade do PAD propriamente dito. A sindicância é um
procedimento administrativo simplificado que deve durar no máximo 30 dias – prorrogável
por igual período. Da sindicância pode ocorrer 3 resultados: (i) arquivamento: se não houver
infração ou se não foi aquele servidor o autor da infração; (ii) sanção de advertência ou
suspensão por até 30 dias: nos casos em que for confirmada o cometimento; e (iii) verificação
de infração mais grave: nesse caso da sindicância vai decorrer a instauração do PAD. É
importante destacar que a instauração do PAD, em regra, não depende de prévia sindicância.
41
A exoneração é livre e não precisa de processo administrativo para tal, mas a
destituição é penalidade e só pode ser aplicada mediante processo administrativo.
1.18.4 Demissão
Enseja a perda do cargo em caráter punitivo, nas hipóteses do artigo 132 da Lei
8.112/90. A competência para aplicação dessa penalidade é do chefe máximo do Poder ao
qual o servidor está vinculado, porém tal competência é delegável.
42
Quem está respondendo processo administrativo disciplinar não pode ser
exonerado a pedido e nem aposentado voluntariamente. Primeiro responde ao PAD, cumpre a
pena se for o caso e só após isso poderá ser concedida a exoneração ou aposentadoria.
O PAD é instaurado por uma portaria que também designa uma comissão
processante composta de 3 servidores estáveis. Os servidores – tanto o acusado quanto os
da comissão – não podem ser parentes até o 3º grau, ne cônjuge/companheiro. Além disso, o
presidente da comissão deve ter cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do
acusado.
43
apresentada no relatório, salvo se ela for manifestamente contrária à prova
dos autos.
Sendo assim, entende-se que o PAD pode durar no máximo 140 dias (60 + 60 + 20 do
julgamento), podendo inclusive, ocorrer prescrição intercorrente se não acabar nesse prazo.
44
QUADRO SINÓTICO
AGENTES PÚBLICOS
Designados
Credenciados
45
podendo ser feito um
procedimento simplificado.
Dependem de 3 requisitos: (i)
deve haver o serviço temporário
regulamentado em lei específica;
(ii) deve haver interesse público; e
(iii) a contratação deve ser de
caráter excepcional.
Servidores Celetistas /
Empregados Públicos: exercem
atividade permanente no órgão,
não sendo atividade temporária.
Precisam ser aprovados em
concurso público, mas possuem
vínculo contratual com a
Administração Pública, eis que
são regidos pela CLT.
46
execução das atividades a ele inerentes.
GOZO DOS DIREITO As pessoas que não estiverem em pleno gozo dos direitos políticos
POLÍTICOS não poderão ingressar na carreira pública federal.
NÍVEL DE
A exigência de escolaridade deve ser determinada por meio de lei e
ESCOLARIDADE
deve ser compatível com as funções a serem atribuídas aos servidores
EXIGIDO PARA O
dos cargos a serem providos.
CARGO
IDADE MÍNIMA DE 18 O artigo 5°, V da lei 8.112/90 determina a idade mínima de 18 anos
ANOS para ingresso em cargos públicos federais.
47
MENTAL relação às atribuições que serão exercidas pelo cargo ou emprego
público, sendo vedado impor critérios que limitem a participação dos
candidatos.
ESTABILIDADE:
ESTÁGIO PROBATÓRIO
VITALICIEDADE
A vitaliciedade é uma garantia destinada aos membros da magistratura, do Ministério Público e
do Tribunal de Contas.
48
Aos que ingressam mediante concurso público só adquirem a vitaliciedade após 2 anos de
efetivo exercício, mas se o ingresso se der mediante nomeação direta, como acontece nas
nomeações do quinto constitucional, a vitaliciedade é adquirida no momento da posse.
PROVIMENTO
Promoção
Readaptação
Espécies: Reversão
Reintegração
Recondução
49
Aproveitamento
VACÂNCIA
Promoção;
Aposentadoria;
Morte;
Espécies
Posse e cargo inacumulável;
Readaptação;
Demissão;
Exoneração
ACUMULAÇÃO DE CARGOS
Ressalta-se que para que essas acumulações sejam válidas é necessário demonstrar que há
compatibilidade de horários. Ademais, a acumulação deve respeitar o teto remuneratório.
50
DESLOCAMENTO
REMUNERAÇÃO
remunerações e vencimentos
deve-se levar em O grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos;
A remuneração do servidor público deve ser definida mediante a edição de lei específica.
TETO REMUNERTÓRIO
51
A Constituição da República de 1988 prevê que o teto remuneratório é o Subsídio do Ministro
do Supremo Tribunal Federal, sendo assim, nenhum servidor poderá ganhar mais que os
Ministros do STF.
SUBSÍDIO
52
O subsídio é o pagamento feito em parcela única, não aceitando nenhum acréscimo
patrimonial.
Advocacia Pública
A lei de cada carreira irá
determinar se o servidor Agentes políticos;
receberá por subsídio ou não,
mas há carreiras que o Membros da Defensoria Pública;
pagamento por meio de
subsídio é obrigatório: Polícia;
Tribunal de Contas.
VANTAGENS
De função
GRATIFICAÇÃO
Natalina
ESPÉCIES:
Encargo de curso ou
concurso
Os adicionais, também, podem incorporar a remuneração do
servidor, desde que seja prevista na lei da carreira.
ADICIONAL
Exercício de atividades
ESPÉCIES:
insalubres, perigosas ou
53
penosas
Hora extra
Serviço noturno
Terço de férias
AUSÊNCIAS DO SERVIDOR
54
Para Mandado Classista
AFASTAMENTO
São hipóteses em que o servidor se afasta do exercício do serviço público para execução de
outras atividades de interesse da coletividade ou de cunho social.
Mandado eletivo
ESPÉCIES: Estudo ou missão de interesse público no exterior
CONCESSÕES
São situações na qual o servidor pode se ausentar e o tempo de ausência será contado
efetivamente para todos os casos e não ocorrera prejuízo da remuneração.
Estudantes: tem
Podem ser:
direito à horário
especial para conciliar
o serviço com os
Pessoas com
deficiência: o servidor
55
tem direito à horário
especial sem
necessidade de
compensação de
horários;
Familiar com
deficiência ou
doença: o servidor
tem direito à horário
especial com
compensação de
horários.
REGIME DISCIPLINAR
Via de regra, essas instancias são independentes entre si e não se comunicam, exceto se for
absolvido na esfera penal por inexistência de fato ou por negativa de autoria.
56
Regra geral, o prazo máximo da suspensão e de até 90 dias.
A competência varia de acordo com o prazo da penalidade.
EM COMISSÃO OU FUNÇÃO
A prescrição é de 5 anos contados da data em que a
DE CONFIANÇA
Administração tomou conhecimento do fato.
57
competência é delegável.
O processo administrativo disciplinar – PAD - serve para aplicar sanções aos servidores que
comentem infrações no serviço público, deve durar 60 dias, mas pode ser prorrogado por
igual período.
O PAD é instaurado por uma portaria que também designa uma comissão processante
composta de 3 servidores estáveis
58
Defesa: após a instrução, abre-se o prazo de
10 dias para a defesa. Se o servidor não for
encontrado para intimação será intimado por
edital e nesse caso o prazo de defesa será 15
dias. Se tiver mais de um acusado no mesmo
processo, o prazo será de 20 dias. Se o
servidor for revel será designado um defensor
dativo que irá apresentar defesa no lugar do
acusado. Esse defensor dativo deve ter nível
de escolaridade e igual ou superior ao
acusado e não precisa ser advogado.
Após o inquérito, a autoridade competente deve proferir o julgamento em, no máximo, 20 dias,
devendo ser motivado.
59
Revisão: o pedido de revisão pode ser feito a
qualquer tempo desde tenha fatos novos. É,
em verdade, um novo processo. Veda-se a
reformatio in pejus.
É possível um processo diferenciado no caso de abandono de cargo e inassiduidade
habitual, a lei prevê um processo sumário de no máximo 30 dias prorrogáveis por mais 15
dias. A comissão será formada por apenas 2 servidores estáveis. O prazo de defesa é de 5
dias. Esse mesmo processo é o aplicado na acumulação ilegal de cargos.
60
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Instituto AOCP – 2019- PC-ES - Investigador) Dentro da classificação dos agentes públicos,
os concessionários públicos e os mesários eleitorais são considerados, respectivamente:
Comentário:
Vamos relembrar?
Os agentes delegados são aqueles que atuam na prestação do serviço público por
meio de delegação.
61
Questão 2
(instituto AOCP – 2019 – PC – ES – Escrivão de Polícia) A respeito dos deveres dos agentes
públicos, é correto afirmar que
A) a prática intempestiva, por omissão, pelo Agente Público, de atos de sua competência
não viola o seu dever de agir.
B) o dever de eficiência sujeita apenas os Agentes Públicos vinculados à Administração
Pública Direta.
C) o dever de probidade do Agente Público exige que ele realize os atos de sua
competência sempre buscando o melhor para a Administração Pública e, por
consequência, para o interesse público.
D) o Congresso Nacional não tem participação no julgamento das contas do Presidente da
República, tal ato é de competência exclusiva do Tribunal de Contas da União.
E) o dever de prestar contas está relacionado unicamente com a gestão de dinheiro
público.
Comentário:
62
Questão 3
A) incorreta, pois, embora a seleção interna seja instrumento válido, sua amplitude deve
abranger somente os servidores vinculados a um determinado órgão ou ente da
Administração, não podendo, portanto, alcançar indistintamente todos os servidores
municipais.
B) correta, pois a Constituição Federal exige a realização de concursos de provas, ou
provas e títulos, mas não determina que o concurso deva ser, em todas as hipóteses, de
ampla concorrência. Então, a seleção realizada pela Municipalidade, ainda que restrita
aos já integrantes da Administração Municipal, equivale a um concurso público.
C) incorreta, pois é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual tenha sido anteriormente
investido.
D) correta, pois a Constituição Federal prevê, como forma de investidura em cargo público,
a realização de concurso público juntamente com as seleções internas, buscando que o
aperfeiçoamento dos servidores públicos seja incentivado.
63
E) incorreta, pois basta o ingresso na seleção interna efetuada pela Prefeitura Municipal
para que X incorra em acumulação indevida de cargos, já que a Constituição Federal
estabelece, como regra geral, que é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos.
Comentário:
Isso porque a conduta da Prefeitura está juridicamente incorreta, uma vez que, com
efeito, é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor se investir,
sem prévia aprovação em concurso público. Vejamos o que dispõe o artigo 37, II da CF:
“Art. 37 (...).
Questão 4
(FUNCAB – 2014 – PC-RO – Escrivão de Polícia Civil) o que se refere à acumulação remunerada
A) Somente o cargo para cujo provimento se exija grau superior de escolaridade se inclui
no conceito de cargo de natureza técnica.
B) As regras de acumulação alcançam, também, as sociedades controladas direta ou
indiretamente pelo Poder Público.
64
C) O texto constitucional não permite regra concernente à possibilidade da percepção
simultânea de remuneração com proventos de aposentadoria.
D) Desde que haja compatibilidade de horários, admite-se, apenas, a acumulação de dois
cargos ou empregos públicos privativos de profissionais da saúde.
E) Não é lícita a acumulação de remuneração, ou de proventos por regime próprio, com
proventos de aposentadoria pelo Regime Geral da Previdência Social.
Comentário:
A) Incorreta. Não é necessário ensino superior para tanto, desde que haja
qualificação técnica.
B) Correta. Com efeito, a Lei 8112/90 dispõe sobre a proibição de acumular, que se
estende a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal,
dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
C) Incorreta, pois contrária ao texto constitucional.
D) Incorreta. É possível a acumulação de dois de profissionais da saúde, de dois de
professor ou de um de professor com um técnico ou científico.
E) Incorreta. Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na
forma da CRFB, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria pelo
Regime Geral da Previdência Social.
Questão 5
(FUNCAB – 2014 – PC-RO – Escrivão de Polícia Civil) Acerca do Estatuto dos Servidores
Públicos Civis da União, assinale a opção correta.
A) O servidor eleito Deputado Estadual tem direito a optar pela remuneração do cargo
efetivo.
65
B) Se a investidura ocorrer no mandato de Prefeito, o servidor será afastado do cargo
efetivo, mas, nesse caso, terá direito a optar entre a remuneração até então percebida e
o subsídio relativo ao mandato.
C) O servidor fará jus à licença para atividade política com remuneração durante seis
meses, a partir do registro de sua candidatura, até o décimo dia após as eleições.
D) Ocorrendo a investidura no mandato de Vereador, havendo incompatibilidade de
horário, o servidor deverá afastar-se do cargo efetivo, não podendo optar entre a
remuneração e o subsídio.
E) Em caso de afastamento do cargo por investidura em mandato eletivo, o servidor não
contribuirá obrigatoriamente para a seguridade social como se no exercício do cargo
estivesse.
Comentário:
66
Questão 6
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Certo. De fato, temos que o limite máximo legal para o resguardo de
vagas em concursos públicos para pessoas com necessidades especiais é de 20%, e não de
50%.
Questão 7
A) o prazo de validade do concurso público será de até 3 anos, prorrogável uma vez, por
igual período.
B) a acumulação remuneratória de qualquer cargo público, EXCETO quando houver
compatibilidade de horários, é vedada.
C) os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo podem ser superiores aos pagos pelo
Executivo, em virtude da importância dos cargos.
67
D) é vedada a acumulação remuneratória de cargos públicos, salvo quando houver
compatibilidade de horários, no caso de um cargo de professor e outro de técnico ou
científico.
E) é obrigatória a equiparação remuneratória dos cargos públicos do Poder Legislativo,
Judiciário e Executivo em razão da harmonia e dependência entre os poderes.
Comentário:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Questão 8
A) Agente político.
B) Empregado público.
68
C) Agente honorífico.
D) Servidor público.
Comentário:
Gabarito: Letra “D”.
Questão 9
(UEF – 2013 – PC-GO – Escrivão de Polícia Civil) Em relação aos servidores públicos, tem-se
que
Comentário:
Com efeito, os cargos públicos são ocupados por servidores públicos, sob o regime
estatutário, nas pessoas jurídicas de Direito Público.
69
Questão 10
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Certo.
aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cincos anos anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
70
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - C
Questão 3 - C
Questão 4 - B
Questão 5 - B
Questão 6 - CERTO
Questão 7 - D
Questão 8 - D
Questão 9 – A
Questão 10 - CERTO
71
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
72
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
A contratação temporária prevista na CF/88 tem como requisitos que deve ser
transitória e que seja para atender excepcional interesse público. Deve haver lei no
ente disciplinando as contratações e servidores aposentados podem ser contratados.
Não precisa ter prova, mas procedimento simplificado.
"IX — a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;"
Assim, o ente federativo precisa respeitar esses critérios constitucionais e, caso não o faça,
poderá ter decretada inconstitucional sua lei, vejamos o que diz o STF:
"São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa
genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de
contratações temporárias." STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
23/3/2017 (Info 858).
Assim, precisa que a lei especifique o prazo desses contratos e a excepcional necessidade
deles e que não prorrogue indefinidamente.
Fontes:
73
ROSSI, Licínia Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2020. p. 782.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos para que a contratação seja legítima.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/be3159ad04564bfb90db
9e32851ebf9c>. Acesso em: 24/07/2020
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Lei de contratação temporária não pode prever
hipóteses genéricas nem a prorrogação indefinida dos contratos. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/79cc30c73507cfc25d20f
e7f7bcfd91b>. Acesso em: 24/07/2020.
"Art. 3.º O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, será feito
mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário
Oficial da União, prescindindo de concurso público. § 1.º A contratação para atender às
necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergência ambiental e de emergências
em saúde pública prescindirá de processo seletivo."
74
"Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada
de cargos públicos.
"Não existe expressa vedação legal que impeça a acumulação de proventos de aposentadoria
no RGPS, ainda que em emprego público, com remuneração de função pública por
contratação temporária do art. 37, IX, da CF/88." STJ. 2ª Turma. REsp 1.298.503-DF, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 7/4/2015 (Info 559).
Fontes:
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p.646.
75
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Legislação:
Lei nº 8.112/90: íntegra
CFRB/88: artigos 37 ao 40
Súmulas:
STF: súmulas vinculantes nº 3, 4, 5, 16, 13, 21, 34, 37 e súmulas nº 11, 15, 16, 17, 19,
20, 21, 22, 679, 681, 682, 683, 684, 685, 686 e 726
STJ: súmulas nº 137, 173, 218, 266, 377 e 378
76
JURISPRUDÊNCIA
Acumulação de cargo:
77
RMS 34257 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma,
julgado em 29/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 03-08-2018 PUBLIC 06-
08-2018
Teto remuneratório:
78
cognominadas funções essenciais à Justiça, na medida em que também atuam para a
preservação dos direitos fundamentais e do Estado de Direito. 2. O teto de remuneração
fixado no texto constitucional teve como escopo, no que se refere ao thema decidendum,
preservar as funções essenciais à Justiça de qualquer contingência política a que o Chefe do
Poder Executivo está sujeito, razão que orientou a aproximação dessas carreiras do teto de
remuneração previsto para o Poder Judiciário. 3. Os Procuradores do Município,
consectariamente, devem se submeter, no que concerne ao teto remuneratório, ao subsídio
dos desembargadores dos Tribunais de Justiça estaduais, como impõe a parte final do art. 37,
XI, da Constituição da República. 4. A hermenêutica que exclua da categoria “Procuradores” -
prevista no art. 37, XI, parte final, da CRFB/88 – os defensores dos Municípios é
inconstitucional, haja vista que ubi lex non distinguit, nec interpres distinguere debet. 5. O
termo “Procuradores”, na axiologia desta Corte, compreende os procuradores autárquicos,
além dos procuradores da Administração Direta, o que conduz que a mesma ratio legitima,
por seu turno, a compreensão de que os procuradores municipais, também, estão abrangidos
pela referida locução. Precedentes de ambas as Turmas desta Corte: RE 562.238 AgR, Rel. Min.
Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe 17.04.2013; RE 558.258, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
Primeira Turma, DJe 18.03.2011. 6. O texto constitucional não compele os Prefeitos a
assegurarem aos Procuradores municipais vencimentos que superem o seu subsídio,
porquanto a lei de subsídio dos procuradores é de iniciativa privativa do chefe do Poder
Executivo municipal, ex vi do art. 61, §1º, II, “c”, da Carta Magna. 7. O Prefeito é a autoridade
com atribuição para avaliar politicamente, diante do cenário orçamentário e da sua gestão de
recursos humanos, a conveniência de permitir que um Procurador do Município receba
efetivamente mais do que o Chefe do Executivo municipal. 8. As premissas da presente
conclusão não impõem que os procuradores municipais recebam o mesmo que um
Desembargador estadual, e, nem mesmo, que tenham, necessariamente, subsídios superiores
aos do Prefeito. 9. O Chefe do Executivo municipal está, apenas, autorizado a implementar, no
seu respectivo âmbito, a mesma política remuneratória já adotada na esfera estadual, em que
os vencimentos dos Procuradores dos Estados têm, como regra, superado o subsídio dos
governadores. 10. In casu, (a) o Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou a sentença
79
favorável à associação autora para julgar improcedentes os pedidos, considerando que o art.
37, XI, da Constituição da República, na redação conferida pela Emenda Constitucional 41/03,
fixaria a impossibilidade de superação do subsídio do Prefeito no âmbito do Município; (b)
adaptando-se o acórdão recorrido integralmente à tese fixada neste Recurso Extraordinário,
resta inequívoco o direito da Recorrente de ver confirmada a garantia de seus associados de
terem, como teto remuneratório, noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 11. Recurso
extraordinário PROVIDO. Tese da Repercussão Geral: A expressão ‘Procuradores’, contida na
parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição da República, compreende os Procuradores
Municipais, uma vez que estes se inserem nas funções essenciais à Justiça, estando, portanto,
submetidos ao teto de noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Reintegração:
80
Reajuste:
81
Equiparação de remuneração:
ADI 145, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-162 DIVULG 09-08-2018 PUBLIC 10-08-2018
82
inconstitucional o art. 147, § 1º, da Carta estadual, o qual prevê a aplicação aos defensores
públicos do regime de garantias, vencimentos, vantagens e impedimentos do Ministério
Público e da Procuradoria-Geral do Estado. Os estatutos jurídicos das carreiras do Ministério
Público e da Defensoria Pública foram tratados de forma diversa pelo texto constitucional
originário. A equivalência remuneratória entre as carreiras encontra óbice no art. 37, inciso XIII,
da Constituição Federal, que veda a equiparação ou a vinculação remuneratória. A previsão
original do art. 39, § 1º, da Constituição Federal, que assegurava a isonomia remuneratória
entre os servidores de atribuições iguais ou assemelhadas, não poderia ser invocada a favor
dos defensores públicos, tendo por paradigma os membros do Ministério Público, em razão
da autonomia financeira de que goza a entidade, da qual, à época, ainda não dispunham as
defensorias públicas estaduais, o que somente foi assegurado com o advento da Emenda
Constitucional nº 45/04 (art. 134, § 2º, da Constituição Federal). 5. O art. 152, parágrafo único,
da Constituição do Estado do Ceará, ao estabelecer que o Governador do Estado deve
encaminhar à Assembleia Legislativa projeto de lei dispondo sobre a organização e o
funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias autárquicas, admite, de
forma geral e para o futuro, a existência de órgãos jurídicos, no âmbito das autarquias e
fundações, distintos da Procuradoria-Geral do Estado, em clara afronta ao modelo
constitucional do art. 132 da Carta Federal. A Constituição Federal estabeleceu um modelo de
exercício exclusivo, pelos procuradores do estado e do Distrito Federal, de toda a atividade
jurídica das unidades federadas estaduais e distrital – o que inclui as autarquias e as
fundações -, seja ela consultiva ou contenciosa. A previsão constitucional, também conhecida
como princípio da unicidade da representação judicial e da consultoria jurídica dos estados e
do Distrito Federal, estabelece competência funcional exclusiva da procuradoria-geral do
estado. A exceção prevista no art. 69 do ADCT deixou evidente que, após a Constituição de
1988, não é mais possível a criação de órgãos jurídicos distintos da procuradoria-geral do
estado, sendo admitida apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes
quando da promulgação da Carta. Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do
passado, que, por essa razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à
diferenciação entre os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que essa
83
última pode englobar as atividades de consultoria e representação judicial. 6. A equiparação
remuneratória entre servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da Carta Federal,
restringiu-se aos servidores da administração direta, não se mencionando os entes da
administração indireta. Precedentes. Por essa razão, é inconstitucional a expressão “das
autarquias e das fundações” contida no § 1º do art. 166 da Carta cearense. Além disso, o
dispositivo em apreço não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação atual do art.
39 da Constituição Federal, conferida pela Emenda Constitucional nº 19/98, incidindo, ainda, a
vedação de vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de
remuneração de pessoal do serviço público, prevista no art. 37, XIII, da Constituição Federal. 7.
Os parágrafos do art. 184 da Constituição do Ceará, ao estabelecerem equiparação
remuneratória entre a carreira dos delegados de polícia e a de promotores de justiça, além de
isonomia e vinculação de remuneração entre os servidores das diferentes carreiras da polícia
civil, afrontam o art. 37, XIII, da Constituição Cidadã. 8. É constitucional a previsão contida no
art. 215, IV, da Constituição do Ceará quando assegura a isonomia salarial para docentes em
exercício com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que atuam e a carga
horária do respectivo regime. Não há, no caso, equiparação salarial de carreiras distintas, pois
se trata especificamente da carreira de magistério público e de docentes com titulação
idêntica, devendo, no entanto, ser respeitados os respectivos regime e carga horária. 9.
Inconstitucionalidade dos arts. 154, § 2º; 167, XII, XIII, §§ 1º e 2º; e 174 da Constituição do
Estado do Ceará, e dos arts. 27 e 28 do ADCT. Os dispositivos questionados tratam de
remuneração e direitos de servidores públicos, os quais, não encontrando similares na
Constituição Federal, somente poderiam ser veiculados por lei de iniciativa do chefe do Poder
Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização ou da estruturação do
estado-membro ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores
públicos, expressamente submetido a tal prerrogativa. Do mesmo modo, a fixação de teto de
vencimento para os escrivães de entrância especial, de modo que não exceda oitenta por
cento dos vencimentos dos juízes de entrância inferior, prevista no art. 174 da Constituição do
Estado, além de incidir em vinculação de vencimentos de carreiras distintas, afronta a iniciativa
legislativa do Poder Judiciário, em atendimento ao disposto no art. 96, inciso II, alínea b, da
84
Constituição Federal. 10. O art. 167, inciso XIII e § 2º, da Constituição estadual estabelece a
aposentadoria em montante remuneratório maior do que aquele previsto para o cargo
desempenhado em atividade, remetendo o valor dos proventos aos cargos imediatamente
superiores do quadro funcional ou com acréscimo de gratificação, o que não encontra
paradigma na Constituição Federal. Essa previsão não era considerada materialmente
inconstitucional à época da edição da Carta, uma vez que a superação da remuneração em
atividade era tolerada na redação original da Carta da República. Porém, toda a parte
previdenciária contida no art. 167 da Constituição estadual não foi agasalhada pela Lei
Fundamental a partir da Emenda Constitucional nº 20/98. A superação do patamar
remuneratório da atividade e a impossibilidade de incorporação da remuneração do cargo em
comissão para fins de aposentadoria foram estabelecidas expressamente pelo art. 40, §§ 2º e
3º, da Constituição Federal. 11. Ação direta da qual se conheceu em parte, relativamente à
qual a ação é julgada parcialmente procedente.
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
86
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 12
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 2
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 29
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 33
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 34
1
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 12
Na teoria da irresponsabilidade estatal, "o rei nunca errava" (the king can do not
wrong). As monarquias absolutistas se fundavam numa ideia de soberania, e o Estado não
respondia por seus atos.
1
Vide questões 03 e 04 ao final do capítulo.
2
uma menina de apenas 5 anos de idade, ao atravessar uma rua da cidade de Bordeaux, foi
atropelada por um vagão da Companhia Nacional de Manufatura de Tabaco, empresa pública.
O vagão era empurrado por quatro funcionários e, em virtude do atropelamento, uma das
pernas de Agnés teve que ser amputada.
Diante de tal fato, o Conselheiro Davi concluiu que o Conselho de Estado era
competente para decidir a controvérsia, como também deveria fazê-lo em termos publicísticos,
já que o Estado era parte na relação jurídica. Com isso, houve o afastamento do instituto da
responsabilidade do campo do direito civil, reconhecendo o carácter especial das regras
aplicáveis aos serviços públicos. Após apreciação do caso por parte do Conselho do Estado,
este decide conceder uma pensão vitalícia à vítima.
Sendo assim, o Estado, que, até então, agia irresponsavelmente, passou a ser
responsável, em casos pontuais, sempre que houvesse previsão legal específica para
responsabilidade. No Brasil, surgiu com a criação do Tribunal Conflitos, em 1873.
Com o passar dos anos surgiu a teoria da Culpa do Serviço ou faute du servisse.
Essa teoria visava maior proteção à vítima, eis que era difícil provar a culpa do agente. Neste
caso, a vítima apenas deve comprovar que o serviço foi mal prestado ou prestado de forma
ineficiente ou ainda com atraso, sem necessariamente apontar o agente causador.
3
Enfim, evoluiu-se até a Responsabilidade Objetiva do Estado, em que não era
necessário comprovar existência de qualquer elemento subjetivo.
1.2 Teorias
Conduta:
A conduta deve ser de determinado agente público que atue nesta qualidade ou, ao
menos, se aproveitando da qualidade de agente para causar o dano. O agente autor da
conduta pode ser das pessoas jurídicas de Direito Público da Administração Direta, além de
autarquias e fundações públicas de Direito Público e das Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista prestadoras de serviço público.
Importa mencionar que, mesmo que o agente público não esteja trabalhando, mas
se aproveite da condição de agente e nessa circunstância cause o dano, haverá a
responsabilidade do Poder Público. Tal situação é corolário da teoria da imputação - ou
teoria do órgão - que define que a conduta do agente público deve ser imputada ao ente
estatal que ele representa.
2
Vide questões 01 e 04 ao final do capítulo.
3
Vide questões 02, 06, 07 e 09 ao final do capítulo.
4
Ressalte-se, ainda, entende a melhor doutrina, que a conduta que enseja a
responsabilidade objetiva do ente público é a conduta comissiva, eis que a omissão em casos
de condutas omissivas, a responsabilidade será subjetiva.
Um mesmo ato pode ensejar um dano anormal a alguns administrados e não a outros. Tal
situação gera o dever de indenizar determinadas pessoas, mas não enseja a reparação em
relação a outras é o que a doutrina denominou de Teoria do Duplo Efeito dos atos
administrativos.
Dano:
Nos atos ilícitos não tal necessidade, uma vez que a própria conduta gera o dever
de indenizar, haja vista a violação ao princípio da legalidade.
5
O dano pode ser causado a terceiro que ostente ou não a qualidade de usuário do
serviço.
Nexo de causalidade:
Como regra, o Brasil adotou a teoria da causalidade adequada, por meio da qual o
Estado responde, desde que sua conduta tenha sido determinante para o dano causado. Se
ficar provado que o dano se deu por influências de outras condutas, interrompe-se o nexo
causal e exclui-se a responsabilidade do Estado.
6
1.2.2 Teoria da Culpa Anônima ou Culpa do Serviço
Porém, o Estado não responde por fatos da natureza e também não responde
por atos de terceiros ou atos de multidões, desde que não tenha dito a possibilidade de
evitar o dano.
4
Vide questões 08 e 10 ao final do capítulo.
7
Nas situações de presos que fogem com frequência do presídio e nenhuma
providência é adotada, entende-se que haverá a responsabilização, ainda que haja uma
situação de caso fortuito, bastando a comprovação de que este fortuito só foi possível em
virtude da custódia. É o chamado fortuito interno - ou caso fortuito.
Adota-se essa teoria no caso de dano nuclear, dano ambiental, crimes ocorridos a
bordo de navio, ataques terroristas e nos casos de DPVAT.
O agente que ensejou o dano deve ressarcir os prejuízos que o Poder Público
pagou à vítima, por meio da ação de regresso, mas este deve provar a existência de dolo ou
culpa do agente público.
8
Diante disso, muito se questiona se a vítima poderia entrar com ação diretamente
contra o agente ou ainda, se na ação proposta pela vítima contra o Estado poderia ocorrer a
denunciação à lide em face do agente público. Explica-se:
9
O Superior Tribunal de Justiça vem admitindo a denunciação à lide do agente público, para
prestigiar a economia processual, eficiência e celeridade. Mas acrescenta que o Estado não
está obrigado a fazê-la, podendo exercer o direito de regresso também de forma autônoma.
1.4 Prescrição
Cabe ressaltar que a ação de ressarcimento ao erário por danos causados por
agentes ao patrimônio público, é imprescritível. Caso o dano tenha sido causado por um
particular, a ação de ressarcimento neste caso prescreve em 3 anos, nos moldes do Código
Civil de 2002.
10
1.5 Responsabilidade por obra pública
Nesse caso, deve-se apontar quem estava executando a obra, para que seja
responsabilizado.
Porém, se o Estado foi omisso no dever de fiscalizar o contrato firmado, José dos
Santos Carvalho Filho indica que este deve ser responsabilizado subjetivamente.
Neste caso, o dano não decorre da má execução da obra, mas sim da existência da
obra sendo irrelevante saber quem está executando-a.
11
Leis de efeitos concretos:
As leis de efeito concreto são aquelas que ostentam a qualidade de lei em sentido
formal, mas são, na verdade, atos administrativos.
Art. 5°. LXXV: o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
12
Em suma, entende-se que a prisão em sim, não é ato jurisdicional, e sim ato
administrativo exercido posteriormente à decisão judicial, em sede de cumprimento e
execução da pena.
Nessa hipótese, a ação regressiva deve ser proposta em face do magistrado,
devendo-se demonstrar dolo ou erro grosseiro, eis que o magistrado possuí a garantia de
independência ao prolatar suas decisões, além do princípio do livre convencimento motivado.
13
QUADRO SINÓTICO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
TEORIAS
RISCO
14
ADMINISTRATIVO É a responsabilidade objetiva consagrada no art. 37, §6º da CRFB/88,
ao apontar que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
15
dano causado.
16
custódia, não gerando a
responsabilização.
RISCO INTEGRAL Adota-se essa teoria no caso de dano nuclear, dano ambiental,
crimes ocorridos a bordo de navio, ataques terroristas e nos casos
de DPVAT.
O artigo 37, §6° da Constituição estabelece que a responsabilização dos agentes públicos é
subjetiva.
PRESCRIÇÃO
Apesar de a questão ainda não estar pacificada, a doutrina majoritária aponta que o prazo
prescricional de tal ação é de 5 anos.
Cabe ressaltar que a ação de ressarcimento ao erário por danos causados por agentes ao
patrimônio público, é imprescritível. Caso o dano tenha sido causado por um particular, a ação
de ressarcimento neste caso prescreve em 3 anos, nos moldes do Código Civil de 2002.
17
RESPONSABILIDADE POR OBRA PÚBLICA
LEIS DE EFEITOS lei em sentido formal, mas são, na verdade, atos administrativos.
18
A Constituição traz uma exceção, ou seja, um
irresponsabilidade do ente público por atos decorrente da decisão judicial, por erro
jurisdicionais típicos. judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença.
A prisão não é ato jurisdicional, e sim ato administrativo exercido posteriormente à decisão
judicial, em sede de cumprimento e execução da pena.
A ação regressiva deve ser proposta em face do magistrado, devendo-se demonstrar dolo ou
erro grosseiro.
19
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
20
Questão 2
E) Inexistente.
Comentário:
Questão 3
21
B) responsabilidade civil do Estado no Direito Administrativo Brasileiro é regida pela teoria
do risco integral. Assim, o Estado não pode alegar caso fortuito ou força maior para
eximir-se de sua responsabilidade perante os administrados.
C) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável. Este direito de
regresso há de ser exercido em uma demanda em que a responsabilidade do agente
público é objetiva, sendo, assim, desimportante a verificação de sua culpa ou dolo.
D) O servidor público estatutário é aquele que tem seu vínculo jurídico com a
Administração Pública regido por um contrato de trabalho.
E) Um Deputado Estadual não pertence à categoria de agentes públicos denominada
“agente político”, pois apenas vota projetos de lei, sem que represente a unidade do
Poder Legislativo Estadual. Esta visão torna-se ainda mais acentuada quando há
divergência na aprovação dos projetos de lei.
Comentário:
Aqui, basta que se demonstre o nexo causal, a conduta (ainda que lícita) e o dano.
22
Questão 4
Comentário:
23
Essa teoria, contudo, admite algumas causas de exclusão da responsabilidade civil
como o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima.
Questão 5
(VUNESP – 2015 – PC-CE – Escrivão de Polícia) Considere que a viatura “X” da Polícia Civil
do Estado do Ceará, durante o serviço policial, conduzida pelo Policial Civil “Y”, ao ultrapassar
um semáforo vermelho, estando com a sirene ligada, colidiu contra o veículo particular do
cidadão “K”.
Com relação à responsabilidade civil, é correto afirmar que o cidadão “K”, ao ajuizar a ação em
relação ao Estado, para ser indenizado pelos danos que a viatura provocou em seu veículo,
deverá provar que
Comentário:
24
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa”.
Assim, temos que uma vez sido provado o dano, não seria necessário provar a
culpa.
Questão 6
(Aroeira – 2014 – PC-TO – Agente de Polícia) Determinado Policial Civil, conduzindo uma
viatura oficial para a investigação de um crime, avança o sinal vermelho e atropela um
cidadão. Nesse caso, a responsabilidade do Estado é do tipo:
A) Subjetiva
B) Objetiva
C) Universal
D) Contratual.
Comentário:
25
Questão 7
condenado a vinte e oito anos de prisão por diversos crimes, decidiu fugir e, para tanto,
matou o presidiário Valmir e o agente penitenciário Vicente. A fim de viabilizar sua fuga,
Charles roubou de Marcos um carro que, horas depois, abandonou em uma estrada de terra,
batido e com o motor fundido. Charles permaneceu foragido por cinco anos e, depois desse
período, foi preso em flagrante após tentativa de assalto a banco em que explodiu os caixas
eletrônicos de uma agência bancária, tendo causado a total destruição desses equipamentos e
a queima de todo o dinheiro neles armazenado.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
26
Questão 8
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Errado.
De acordo com a jurisprudência pátria, não é possível presumirmos a existência de
dano moral em virtude de corte de energia elétrica por parte da concessionária de serviço
público. É necessário, portanto, que se comprove os prejuízos à honra subjetiva. Aqui temos
que, como o Estado deixou de prestar diretamente o serviço, a responsabilidade passa a ser
subjetiva.
Questão 9
27
Comentário:
Questão 10
Um agente público que produza dano ao particular obriga o Estado a indenizar o particular,
desde que a vítima comprove que a omissão é a causa do prejuízo.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado.
Ocorre que a assertiva não indica que o agente público estava no exercício de suas
funções, motivo pelo qual, sem relação com as suas competências, o Estado não tem
responsabilidade.
28
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - B
Questão 3 - A
Questão 4 - B
Questão 5 - A
Questão 6 - B
Questão 7 - ERRADO
Questão 8 - ERRADO
Questão 9 – B
Questão 10 - ERRADO
29
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
30
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Como regra, as decisões judiciais não ensejam a responsabilização do Estado, nos moldes
do art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988.
A professora Licínia explica que a sentença normalmente não pode propiciar qualquer
indenização por eventuais danos que possa acarretar às partes ou a terceiros. "Se
certa decisão causar prejuízo à parte, esta deve valer-se da via recursal. Em sendo o ato
confirmado em outras instâncias, é porque é inevitável a produção de danos à parte
(corolário do sistema do duplo grau de jurisdição)."
Assim, vige a regra que de o Estado não responde por ato judicial que supostamente
causar prejuízo e a pessoa deve buscar as vias recursais quando for o caso.
Fonte: Rossi, Licínia Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo:
Saraiva Educação, 2020. p.544.
Apesar de a regra ser a irresponsabilidade civil do Estado por atos judiciais (despachos,
sentenças e decisões interlocutórias) a própria CF/88 excepciona a regra, vejamos:
Art. 5.º, LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença.
31
A professora Ana Cláudia Campos afirma "Nesses dois casos, comprovando-se que o
magistrado atuou de forma dolosa ou cometeu um erro grosseiro, caberá a responsabilização
do Estado pela decisão judicial e a consequente lesão sofrida pelo particular."
Para entender melhor, o erro judiciário (art. 5º, LXXV, da CF) é tido quando o ato
jurisdicional resultar de CONDENAÇÕES PESSOAIS INJUSTAS, cuja absolvição é obtida em
REVISÃO CRIMINAL, aí sim poderá existir responsabilização estatal, desde que tais
condenações não sejam imputadas a ato ou falta do próprio condenado.
Neste caso, deverá o condenado em virtude de erro judiciário postular ação de indenização
contra o Estado, pleiteando o direito à reparação de seus prejuízos. José dos Santos Carvalho
Filho entende que a natureza desse erro judiciário limita-se à esfera penal.
Fontes:
Carvalho Filho, José dos Santos Manual de Direito Administrativo / José dos Santos Carvalho
Filho. – 33. ed. – São Paulo: Atlas, 2019.p.526.
Campos, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p.825.
32
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Responsabilidade Objetiva:
CFRB/88: artigo 37, §6ª
Prescrição:
Decreto 20.910/32: art. 1° e da
Lei 9494/97: art. 1°-C
CC/02: art. 206, §3°, V
33
JURISPRUDÊNCIA
Responsabilidade estatal:
35
518.894 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, DJe de 22/9/2011; RE 551.156 AgR, Rel.
Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe de 10/3/2009; AI 846.317 AgR, Relª. Minª. Cármen
Lúcia, Segunda Turma, DJe de 28/11/13 e RE 788.009 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira
Turma, julgado em 19/08/2014, DJe 13/10/2014. 5. Os serviços notariais e de registro, mercê
de exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público (art. 236, CF/88), não se
submetem à disciplina que rege as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos. É que esta alternativa interpretativa, além de inobservar a sistemática da
aplicabilidade das normas constitucionais, contraria a literalidade do texto da Carta da
República, conforme a dicção do art. 37, § 6º, que se refere a “pessoas jurídicas” prestadoras
de serviços públicos, ao passo que notários e tabeliães respondem civilmente enquanto
pessoas naturais delegatárias de serviço público, consoante disposto no art. 22 da Lei nº
8.935/94. 6. A própria constituição determina que “lei regulará as atividades, disciplinará a
responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário” (art. 236, CRFB/88), não competindo
a esta Corte realizar uma interpretação analógica e extensiva, a fim de equiparar o regime
jurídico da responsabilidade civil de notários e registradores oficiais ao das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, § 6º, CRFB/88). 7. A
responsabilização objetiva depende de expressa previsão normativa e não admite
interpretação extensiva ou ampliativa, posto regra excepcional, impassível de presunção. 8. A
Lei 8.935/94 regulamenta o art. 236 da Constituição Federal e fixa o estatuto dos serviços
notariais e de registro, predicando no seu art. 22 que “os notários e oficiais de registro são
civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado
o direito de regresso. (Redação dada pela Lei nº 13.286, de 2016)”, o que configura inequívoca
responsabilidade civil subjetiva dos notários e oficiais de registro, legalmente assentada. 9. O
art. 28 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973) contém comando expresso quanto à
responsabilidade subjetiva de oficiais de registro, bem como o art. 38 da Lei 9.492/97, que fixa
a responsabilidade subjetiva dos Tabeliães de Protesto de Títulos por seus próprios atos e os
de seus prepostos. 10. Deveras, a atividade dos registradores de protesto é análoga à dos
36
notários e demais registradores, inexistindo discrímen que autorize tratamento diferenciado
para somente uma determinada atividade da classe notarial. 11. Repercussão geral
constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde, objetivamente, pelos
atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a
terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa,
sob pena de improbidade administrativa. 12. In casu, tratando-se de dano causado por
registrador oficial no exercício de sua função, incide a responsabilidade objetiva do Estado de
Santa Catarina, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa. 13. Recurso extraordinário CONHECIDO e
DESPROVIDO para reconhecer que o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães
e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado
o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de
improbidade administrativa. Tese: “O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães
e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado
o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de
improbidade administrativa”.
37
REsp 1749941/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
04/12/2018, DJe 07/12/2018
38
RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – RÉU AGENTE PÚBLICO – ARTIGO 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE – ADMISSÃO NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO
– PROVIMENTO.
Prescrição:
39
1. Não há omissão, contradição, obscuridade ou erro material a ser sanado no acórdão
regional, que se encontra suficientemente fundamentado e em consonância com a
jurisprudência desta Corte.
2. O Tribunal de origem afastou a alegada prescrição. Primeiro, ao proceder à análise do
contexto fático- probatório dos autos e concluir pela demora do Estado na conclusão do
inquérito policial;
segundo, por decidir que, nos termos da Jurisprudência desta Corte, o termo a quo da
prescrição da ação indenizatória, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal, é a
data do arquivamento do inquérito policial.
3. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o termo a quo da
prescrição da ação indenizatória, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal, é a
data do arquivamento do inquérito policial. Prescrição afastada na hipótese em comento.
4. Quanto aos juros de mora e à divergência jurisprudencial suscitada, não merece
conhecimento o recurso, porquanto o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência
desta Corte, no sentido de que os juros moratórios, em caso de responsabilidade
extracontratual, devem incidir a partir da data do evento danoso, nos termos da Súmula
54/STJ.
Recurso especial improvido.
40
1º do Decreto 20.910/1932. Precedentes do STJ.
2. O Tribunal de origem consignou existirem elementos nos autos que demonstram a
condição de anistiado político para fins de obtenção de reparação econômica. Inverter essa
conclusão implica reexame da matéria fático-probatória, o que é obstado ao STJ (Súmula
7/STJ).
3. A Corte a quo, ao considerar as circunstâncias do caso concreto, manteve o quantum
indenizatório arbitrado na sentença, de R$ 55.000, 00 (cinquenta e cinco mil reais), a título de
indenização por danos morais.
4. Rever tais valores somente é possível quando exorbitantes ou insignificantes, em flagrante
violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que não ocorre in casu.
Incidência da Súmula 7/STJ.
5. O art. 1º-F da Lei 9.494/1997, incluído pela MP 2.180-35, de 24.8.2001, com a redação
alterada pelo art. 5º da Lei 11.960, de 29.6.2009, tem natureza processual, devendo ser
aplicado imediatamente aos processos em tramitação, vedada, entretanto, a retroatividade ao
período anterior à sua vigência.
6. Orientação firmada no julgamento do REsp 1.205.946/SP, na sistemática do art. 543-C do
CPC.
7. Recurso Especial parcialmente provido
41
regional, que se encontra suficientemente fundamentado e em consonância com a
jurisprudência desta Corte.
2. O Tribunal de origem afastou a alegada prescrição. Primeiro, ao proceder à análise do
contexto fático- probatório dos autos e concluir pela demora do Estado na conclusão do
inquérito policial;
segundo, por decidir que, nos termos da Jurisprudência desta Corte, o termo a quo da
prescrição da ação indenizatória, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal, é a
data do arquivamento do inquérito policial.
3. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o termo a quo da
prescrição da ação indenizatória, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal, é a
data do arquivamento do inquérito policial. Prescrição afastada na hipótese em comento.
4. Quanto aos juros de mora e à divergência jurisprudencial suscitada, não merece
conhecimento o recurso, porquanto o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência
desta Corte, no sentido de que os juros moratórios, em caso de responsabilidade
extracontratual, devem incidir a partir da data do evento danoso, nos termos da Súmula
54/STJ.
Recurso especial improvido.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
43
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 13
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1.3 Classificação............................................................................................................................................................. 5
AQUISIÇÃO DERIVADA................................................................................................................................................. 18
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 31
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 35
1
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 37
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 13
1. Bens Públicos
De qualquer modo, sempre prezamos pela sua completa preparação. Por isso,
analisaremos os principais tópicos do tema e, ao final, traremos uma questão de prova de
agente de polícia (a única dos últimos anos) e as demais, para treino, de carreiras jurídicas
em geral. Bons estudos!
1.1 Conceito
3
regime dos bens de propriedade pública. Logo, tem que estar incluídos no conceito de bem
público"
“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.”
Corroborando com o exposto acima, está José dos Santos Carvalho Filho que define
"bens públicos como todos aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título, pertençam
às pessoas jurídicas de direito público, sejam elas federativas, como a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, sejam da Administração descentralizada, como as autarquias,
nestas incluindo-se as fundações de direito público e as associações públicas”
Todavia, apesar de não serem considerados bens públicos, os bens das pessoas
jurídicas de direito privado que estejam sendo utilizados na prestação de determinado
serviço público gozam das prerrogativas de direito público.1
1
Vide questão 9
4
1.3 Classificação
Federais:
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20 aponta quais são os bens que
pertencem à União. São eles:
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II;
VI - o mar territorial;
5
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Estaduais:
Municipais:
Porém, a doutrina aponta que são bens públicos os bens de utilização local que
não pertençam à União, nem aos Estados.
Os bens de uso comum são os bens uso livre pela população em geral.
Geralmente são gratuitos, sendo admissível cobrança de taxa em casa de utilização anormal
ou privativa.
Os bens de uso especial são os bens usados para a prestação de serviço público3.
Dividem-se em: (i) diretos: são os bens que fazem parte da máquina estatal, utilizados
diretamente na prestação do serviço público. Exemplo: Prédio da repartição, escola pública,
computadores, carros oficiais; (ii) indiretos: são os bens que o Estado não utiliza diretamente,
mas conserva uma finalidade pública. Exemplos: as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios, as terras públicas utilizadas para proteção do meio ambiente.
São bens que não têm qualquer destinação pública, sendo, portanto,
desafetados. 4Exemplos: terra devoluta5 de um determinado Estado da federação, bens móveis
apreendidos sem utilização definida.
2
Vide questão 7
3
Vide questão 7
4
Vide questão 4
5
Vide questão 2
7
Os bens que tem uma finalidade pública são os bens afetados (bens de uso comum do povo
e bens de uso especial), já os bens que não têm destinação pública são considerados
desafetados. A afetação pode se dar por lei, por ato administrativo ou pela simples utilização
d bem no serviço público. Já a desafetação só pode ocorre por meio de lei ou por ato
administrativo, não podendo se dar pelo simples desuso.
1.4 Características
6
Vide questão 10
8
instituição de penhor, anticrese ou hipoteca para garantir débitos do ente
estatal.
Imprescritibilidade: diz respeito a prescrição aquisitiva, ou seja, usucapião.
Importa mencionar que os bens públicos não podem ser usucapidos. A
posse mansa e pacífica e o decurso do tempo não ensejam a usucapião.
Ademais, o Supremo Tribunal Federal na Súmula nº 340, estabelece que
"desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens
públicos, não podem ser adquiridos por usucapião"
7
Vide questão 3
8
Vide questão 4
9
Vide questão 5 e 6
9
1.5 Uso do bem por particulares
Inicialmente o Estado irá verificar se a utilização anormal de uma pessoa, não irá
impedir o uso normal das outras.
10
Vide questão 1
11
Vide questão 8
10
3) Concessão de uso: tem natureza de contrato e por isso não é ato precário,
além de depender de licitação. É usado para situações mais duradouras e
que dependem de maior investimento financeiro do particular. Não é
precária.
4) Concessão de uso para fins de moradia: é regulamentado pela MP nº
2.220/01 que estabelece que "Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu
como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos
e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão
de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse,
desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de
outro imóvel urbano ou rural”. Ademais, a medida provisória não admite o
reconhecimento desse direito por mais de urna vez ao mesmo
concessionário;
5) Concessão de direito real de uso: é contrato administrativo – depende de
licitação na modalidade concorrência - por meio do qual o particular passa
a ser titular de um direito real de utilização de determinado bem público.
Geralmente é feito quando a Administração visa à industrialização ou
urbanização.
São várias as formas pelas quais o ente estatal pode tornar-se proprietário de bens
com o propósito de atender às finalidades públicas e aos interesses da coletividade.
11
1.6.2 Aquisição derivada
12
d) Testamento e herança vacante: por meio de testamento é possível transferir
bens ao Estado e também nos casos de herança vacante, que são aquelas em que não há
herdeiros sucessíveis.
e) Reversão de bens: é o instituto previsto na lei 8987/95 que define que os bens
da concessionária de serviços públicos que estejam atrelados à prestação do serviço serão
transferidos ao poder concedente, ao final do contrato de concessão, mediante o pagamento
da indenização devida.
13
QUADRO SINÓTICO
BENS PÚBLICOS
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Apesar de não serem considerados bens públicos, os bens das pessoas jurídicas de direito
privado que estejam sendo utilizados na prestação de determinado serviço público gozam das
prerrogativas de direito público.
DOMÍNIO PÚBLICO
DOMÍNIO PÚBLICO EM É o conjunto de bens que pertencem ao poder público, que goza
SENTIDO ESTRITO de todas as faculdades atinentes ao direito de propriedade.
CLASSIFICAÇÃO
14
não há previsão constitucional expressa destes.
Porém, a doutrina aponta que são bens
públicos os bens de utilização local que não
pertençam à União, nem aos Estados.
BENS
São bens que não têm qualquer destinação
DOMINICAIS
pública, sendo, portanto, desafetados.
OU DOMINIAIS
CARACTERÍSTICAS
Não-Onerabilidade Os bens públicos não podem ser objetos de direito real de garantia
15
À princípio os bens públicos são inalienáveis. Porém, os artigos 17
a 19 da Lei nº 8.666/93 definem as condições para a alienação dos
bens públicos. Primeiramente, para que possam ser alienados os
Inalienabilidade /
bens públicos – sejam móveis ou imóveis, precisam estar
Alienabilidade
desafetados. Para alienação de bens imóveis deverá haver:
Condicionada
Interesse público justificado; Avaliação prévia; Licitação; e
Autorização legislativa. Já para a alienação de bens móveis:
Interesse público justificado; Avaliação prévia; e Licitação.
Utilização especial Quando o particular precisa fazer uso do bem sem a interferência
privativa de outras pessoas.
É ato administrativo unilateral, discricionário e
precário, por meio do qual o Estado consente
Autorização:
na utilização anormal do bem público. É feita
no interesse do particular.
É ato administrativo unilateral, discricionário,
Formas de
dependente de licitação, por meio do qual o
consentimento do Permissão:
Estado consente na utilização anormal do bem
Estado para o uso
público, porém é feita no interesse público
anormal:
Tem natureza de contrato e por isso não é ato
precário, além de depender de licitação. É
Concessão de
usado para situações mais duradouras e que
uso:
dependem de maior investimento financeiro
do particular
16
Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu
como seu, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, até duzentos e cinquenta
metros quadrados de imóvel público situado
Concessão de em área urbana, utilizando-o para sua moradia
uso para fins de ou de sua família, tem o direito à concessão
moradia: de uso especial para fins de moradia em
relação ao bem objeto da posse, desde que
não seja proprietário ou concessionário, a
qualquer título, de outro imóvel urbano ou
rural
É contrato administrativo – depende de
licitação na modalidade concorrência - por
Concessão de meio do qual o particular passa a ser titular de
direito real de um direito real de utilização de determinado
uso: bem público. Geralmente é feito quando a
Administração visa à industrialização ou
urbanização.
AQUISIÇÃO DE BENS PELO PODER PÚBLICO
17
Se dá independentemente da vontade do
transmitente e se designa de aquisição direta
de bens. Nesses casos, o bem se incorpora ao
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA
patrimônio público sem nenhuma espécie de
restrição ou ônus.
18
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
B) Não perdem a característica de bens de uso especial aqueles que, objetivando a prestação
de serviços públicos, estejam sendo utilizados por particulares, sobretudo sob regime de
delegação.
C) Os bens patrimoniais disponíveis são os bens dominicais em geral, porque nem se destinam
ao público em geral, nem são utilizados para o desempenho normal das atividades
administrativas.
D) Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo; tal autorização é ato precário,
podendo ser revogado a qualquer momento, observando sempre o dever de indenizar.
Comentário:
19
Autorização é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, por meio do
qual o Estado consente na utilização anormal do bem público, sem direito de indenização. É
feita no interesse do particular quando a situação é episódica ou de curta duração.
Questão 2
A) terras de propriedade da União que não têm afetação específica e que, portanto, são
consideradas disponíveis.
B) terras públicas que estão afetadas a um uso público, mas que ainda não foram arrecadadas
por ações discriminatórias.
E) terras públicas não incorporadas a patrimônio particular e que não estejam afetadas a
qualquer uso público.
Comentário:
Os bens dominicais ou dominiais são bens que não têm qualquer destinação
pública, sendo, portanto, desafetados. Exemplos: terra devoluta de um determinado Estado da
federação, bens móveis apreendidos sem utilização definida.
20
Questão 3
B) Para reaver o bem doado, o doador deverá notificar o donatário acerca do descumprimento
de encargo estabelecido na lei que autorizou a doação de bem público.
C) Os bens públicos gozam de proteção integral, sendo vedada expressamente a sua oferta
em garantia, alienação e disposição.
Comentário:
Questão 4
21
execução de tal atividade econômica. Considerando a situação hipotética, assinale a alternativa
correta.
A) A escola pública deve ser classificada como bem de uso comum do povo.
C) Caso o terreno seja transformado em praça pública, passará a ser classificado como bem de
uso especial.
D) O terreno deve ser classificado como bem dominical, podendo a Administração realizar a
sua alienação, caso haja prévia autorização legislativa.
E) O terreno deve ser classificado como bem privado em razão do seu uso estar direcionado a
um fim comercial.
Comentário:
O terreno pode ser classificado como bem dominical, tendo em vista que não tem
qualquer destinação pública. Em virtude de ser desafetado, o terreno poderá ser alienado
desde que haja autorização legislativa (art. 17, I, da Lei 8.666/93).
Questão 5
(FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto) Suponha que uma autarquia estadual pretenda alienar
alguns imóveis de sua propriedade, objetivando a obtenção de receitas para a aquisição de
um imóvel situado em região mais central da cidade e no qual pretende concentrar suas
atividades. Considerando o regime jurídico aplicável aos bens públicos, bem como as
disposições da Lei federal n° 8.666/1993,
22
A) as alienações e as aquisições prescindem de autorização legislativa, devendo, contudo,
haver despacho motivado do dirigente da autarquia, avaliação prévia dos imóveis e adoção de
procedimento licitatório para cada um dos negócios jurídicos, na modalidade leilão ou
concorrência.
Comentário:
À princípio os bens públicos são inalienáveis. Porém, os artigos 17 a 19 da Lei nº
8.666/93 definem as condições para a alienação dos bens públicos. Primeiramente, para que
possam ser alienados os bens públicos – sejam móveis ou imóveis, precisam estar
desafetados. Para alienação de bens imóveis deverá haver: Interesse público justificado;
Avaliação prévia; Licitação; e Autorização legislativa. Já para a alienação de bens móveis:
Interesse público justificado; Avaliação prévia; e Licitação.
23
Questão 6
(VUNESP - 2019 - IPREMM - SP - Procurador Jurídico) Acerca dos bens públicos, pode-se
corretamente afirmar que
B) somente os bens de uso comum do povo são alienáveis, observadas as exigências da lei.
Comentário:
Com base no art. 101, do Código Civil de 2002. Segundo Di Pietro (2018), "os bens
dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser alienados por
meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação e permuta) ou do direito
público (investidura, legitimação de posse e retrocessão).
Questão 7
(FCC - 2019 - MPE-MT - Promotor de Justiça Substituto) Mares e rios, terrenos e edifícios
destinados aos serviços da Administração pública são exemplos de bens públicos,
respectivamente,
A) de uso especial.
24
D) dominicais.
Comentário:
Os bens de uso comum são os bens uso livre pela população em geral.
Geralmente são gratuitos, sendo admissível cobrança de taxa em casa de utilização anormal
ou privativa.
São exemplos de bens de uso comum do povo: ruas, praias, calçadas, praças.
Já os bens de uso especial são os bens usados para a prestação de serviço público.
Questão 8
25
C) autorização de uso, ato administrativo de natureza vinculada, o que impede a negativa da
outorga por parte do Estado.
Comentário:
A permissão de uso de bem público é ato pelo qual o Poder Público defere o uso
privativo de bem público a determinado particular em atenção a interesse público. Conforme
indicado no enunciado da questão o imóvel será utilizado para armazenamento de vacinas -
atendendo assim, a interesse predominantemente público.
Questão 9
A) poderá demonstrar já ter havido amortização dos investimentos para aquisição do bem,
bem como que este não está mais afetado ao serviço público, sendo, assim, inservível e
passível de alienação.
B) deverá promover prévia alienação ao poder concedente e, este, por meio de decisão
discricionária, decide pela alienação onerosa ou não do bem.
26
C) pode promover alienação direta, na forma da lei, não sendo necessária prévia submissão a
certame de nenhuma natureza.
E) caberá alienar o bem ao poder concedente, ao qual pertencem os bens afetados ao serviço
público, ainda que essa condição fática não mais proceda.
Comentário:
Os bens das pessoas jurídicas de direito privado que estejam sendo utilizados
na prestação de determinado serviço público gozam das prerrogativas de direito público.
Os bens da empresa pública não são considerados bens públicos e podem ser
alienados desde que não estejam sendo empregados na prestação de serviço público.
Questão 10
A) não pode ser deferido, pois a destinação para o estacionamento configura afetação a
serviço público, ainda que em sentido amplo.
27
B) pode ser deferido, considerando que o imóvel não se presta ao atendimento do escopo
institucional da autarquia.
C) não pode ser deferido, tendo em vista que os bens públicos das autarquias são protegidos
pelo regime de bens públicos, sendo impenhoráveis, ainda que os de natureza dominical.
D) pode ser deferido, pois o imóvel penhorado não configura bem público de uso comum do
povo, sendo que os de uso especial, natureza do bem, não são protegidos pela
impenhorabilidade.
E) não deve ser deferido, por razões de isonomia em relação aos demais credores, tendo em
vista que a autarquia é proprietária de apenas um imóvel passível de garantir dívidas
assumidas.
Comentário:
28
Questão 11
Comentário:
Gabarito: Letra “B”.
A) Incorreta. O valor é importante, sobretudo para a aquisição de bens;
B) Correta.
C) Incorreta. Pois não é só mediante desapropriação que o poder público forma o
seu patrimônio. Além disso, nem toda desapropriação gera indenização (vide
desapropriação confiscatória)
29
D) Incorreta. A desapropriação é paga em títulos e não em dinheiro.
E) Incorreta. Nesse caso não se submete integralmente ao regime jurídico de
direito privado e, para além disso, integrando o patrimônio disponível da
Administração Pública, o bem se torna passível de alienação.
30
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - E
Questão 3 - D
Questão 4 - D
Questão 5 - D
Questão 6 - C
Questão 7 - E
Questão 8 - A
Questão 9 – A
Questão 10 – C
Questão 11 – B
31
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
32
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
"Art. 173, § 1.º, II, CF/1988 – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários."
E segue "Já no caso de a estatal ser instituída para desempenhar serviços públicos, apesar
de seus bens continuarem sendo privados, poderão estes gozar de algumas prerrogativas
públicas como a impenhorabilidade e imprescritibilidade. "Assim, o que se quer dizer com
isso é que quando a empresa pública exerce atividade econômica e também serviço
público, há que se avaliar se os bens estão empregados no serviço público para que
gozem das prerrogativas como a impenhorabilidade.
FONTE:
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 262/263.
33
O Informativo n° 412, do STF, noticia que os bens da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos não podem ser penhorados, tendo em vista que a empresa pública em questão se
submete ao regime de precatórios e que tal entendimento seria aplicável às demais estatais
que prestam serviço público ou, ainda, que exercem atividade econômica sob o regime de
monopólio legal. Destaca-se, como precedente, o julgamento do RE 220906/RS (DJU de
14.11.2002).
A EBCT possui esse privilégio da impenhorabilidade de seus bens por ser uma prestadora
exclusiva - monopólio - de determinado serviço (não há outra empresa de correios no Brasil).
O mesmo não funciona para a CEF, já que esse serviço econômico é prestado por diversos
bancos. STF, RE 222.041 e 228.296, j. 15.9.1998. O Decreto-lei nº 509/1969 prevê
a impenhorabilidade dos bens da ECT, empresa pública. Então, no caso da EBCT não há que
se verificar se o bem está diretamente empregado no serviço pois há presunção absoluta
disso.
A professor Ana Cláudia leciona que "[...] cumpre observar o regime específico ofertado para a
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (correios). Segundo o STF, como essa entidade
desempenha um serviço público exclusivo do Estado em regime de monopólio, gozará de
prerrogativas típicas da própria Fazenda Pública, inclusive em relação a seus bens."
Fonte:
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019.p. 262/263.
34
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Bens Públicos:
CFRB/88: artigo 20, 26
CC/02: artigo 98
Imprescritibilidade:
Súmula STF: 340
CC/02: artigo 102
Impenhorabilidade:
CFRB/02: 183, §3° e 191, parágrafo único
Alienabilidade condicionada:
Lei nº 8.666/93: artigos 17 a 19
Desapropriação:
CFRB/88: art. 5°, XXIV
Acessão natural:
35
Perda de bens:
36
JURISPRUDÊNCIA
37
primeiras espécies possuem destinação pública, enquanto a terceira não a possui.
5. Os terrenos pertencentes à União são bens públicos, apesar de os bens dominicais terem
destinação precipuamente particular. Seguindo o escólio da ilustre professora Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, que alerta, em sua obra Direito Administrativo, 5ª edição, ed. Atlas, pg. 425,
que "o regime dos bens dominicais é parcialmente público e parcialmente privado". Por isso,
devemos ter consciência de que a sua natureza não é exclusivamente patrimonial, pois a
Administração Pública não deseja apenas auferir renda, mas, também observar o interesse
coletivo representado pelo domínio direto do imóvel.
6. Conforme explicitado os bens dominicais possuem especificidades com relação à
propriedade privada, que é regulada exclusivamente pelo Código Civil. Dentre elas, existe o
direito de transferir onerosamente o domínio útil do imóvel mediante o pagamento de
laudêmio, pois se trata, como dito alhures, de uma relação de natureza híbrida. Portanto, o
contrato de compra e venda desses imóveis devem revestir formalidades sem as quais
desnaturam a sua natureza jurídica.
7. Não é somente o pagamento do laudêmio que diferencia essa espécie de transferência
onerosa entre vivos, mas, e, principalmente, a autorização da união para a realização do
negócio jurídico. Como se trata de bem público de interesse da União, ela deve acompanhar
de perto, através da Secretaria de Patrimônio da União, a realização de sua transferência, pois,
como dispõe a lei, pode ocorrer a vinculação do imóvel ao serviço público. Precedente: REsp
1.201.256/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 22/2/2011.
8. Os Cartórios de Registro de Imóveis têm a obrigação de não lavrar nem registrar escrituras
relativas a bens imóveis de propriedade da União sem a certidão da Secretaria do Patrimônio
da União - SPU, sob pena de responsabilidade dos seus titulares.
9. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.
38
Desapropriação:
39
7. Verba honorária minorada para 5% do valor da condenação.
8. Recurso Especial parcialmente provido, apenas para redução dos honorários advocatícios.
40
sobre benfeitorias neles construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos.
3. Nas desapropriações, nas quais, embora a transferência ocorra compulsoriamente, é possível
identificar a onerosidade de que trata a lei, uma vez que há a obrigação de indenizar o preço
do imóvel desapropriado, no caso, o domínio útil do imóvel, àquele que se sujeita ao império
do interesse do Estado.
4. A transferência de imóvel edificado em terreno de marinha, para fins de desapropriação,
configura hipótese de transferência onerosa entre vivos, apta a gerar o recolhimento de
laudêmio.
5. Recurso especial provido.
Permissão:
41
prestação do serviço, até a realização de nova licitação, a fim de assegurar a plena observância
do princípio da continuidade do serviço público, não estando condicionado o termo final do
contrato ao pagamento prévio de eventual indenização, que deve ser pleiteada nas vias
ordinárias" (AgRg no REsp 1139802/SC, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 25/04/2011) 3. Declarada a nulidade da permissão
outorgada sem licitação pública, não se pode condicionar o termo final do contrato ao
pagamento prévio de eventual indenização, cabendo ao Poder Público a retomada imediata
da prestação do serviço, até a realização de nova licitação.
4. Ressalta-se que a eventual paralisação na prestação do serviço de transporte público de que
trata a presente demanda, coadjuvado pela impossibilidade de o ente público assumir, de
forma direta, a prestação do referido serviço, em razão da desmobilização da infra-estrutura
estatal, anterior a conclusão do procedimento licitatório, poderá ensejar a descontinuidade dos
serviços prestados, em completa afronta ao princípio da continuidade dos serviços públicos
essenciais. Assim, visando a continuidade do serviço público de transporte e o interesse de
toda coletividade, autoriza-se a realização do procedimento licitatório no prazo de até um
ano, independentemente do trânsito em julgado, momento em que cessam os efeitos dos
contratos em questão.
5. Trata-se no presente caso de ação civil pública apresentada pelo Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro contra o DETRO/RJ e a Linave Transportes Ltda visando a declaração
de nulidade de todos os instrumentos delegatórios outorgados sem licitação firmados entre os
réus, bem como a condenação do primeiro a realizar a licitação das linhas de ônibus
exploradas pela segunda.
6. A ação civil pública é o instrumento processual destinado à defesa judicial de interesses
difusos e coletivos, permitindo a tutela jurisdicional do Estado com vistas à proteção de certos
bens jurídicos. Por meio desta ação, reprime-se ou previne-se a ocorrência de danos ao meio
ambiente, ao consumidor, ao patrimônio público, aos bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico, dentre outros, podendo ter por objeto a condenação
em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Assim, não cabe neste
tipo de ação, em que se busca a tutela do bem coletivo, a condenação do Estado em
42
indenizar o "réu", no caso, a permissionária de transporte público, na indenização dos
investimentos realizados, que poderá ser pleiteado em ação autônoma.
7. O contrato firmado entre a Linave Transportes Ltda e o DETRO/RJ constitui apenas um
contrato de permissão DE CARÁTER PRECÁRIO, portanto sem qualquer licitação, submetendo-
se, o permissionário, a todos os riscos inerentes de tal repugnante prática. A jurisprudência
desta Corte Superior é no sentido de que "é indispensável a realização de prévio
procedimento licitatório para que se possa cogitar de indenização aos permissionários de
serviço público de transporte coletivo em razão de tarifas deficitárias, ainda que os Termos de
Permissão tenham sido assinados em período anterior à Constituição Federal de 1988." (REsp
886925/MG, Rel.
Min.
Castro Meira, Segunda Turma, DJ 21.11.2007). Dessa forma, conclui- se ser indispensável o
cumprimento dos ditames constitucionais e legais, com a realização de prévio procedimento
licitatório para que se possa cogitar de indenização aos permissionários de serviço público de
transporte coletivo, o que não ocorreu no presente caso.
8. Saliente-se que o artigo 42, § 2º, da Lei n. 8.987/95 aplica-se somente às concessões de
serviço público, e não às permissões.
Precedente: REsp 443.796/MG, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ de 03.11.03.
9. Por outro lado, no que se refere à decisão que conheceu do agravo para negar seguimento
ao recurso especial da Linave, os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as
teses levantadas pelo jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões
proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao que determina
o art. 93, inc. IX, da Constituição da República vigente. Isto não caracteriza ofensa ao art. 535
do CPC.
10. Não há que se falar em violação ao princípio da reserva de plenário, uma vez que o
Tribunal a quo, ao julgar nulo o ato administrativo que renovou a concessão do serviço
público sem licitação, o fez, principalmente, com fundamento nos artigos 37, inciso XXI, e 175
da Constituição Federal e na Lei 8.987/95, com as alterações trazidas pela Lei 11.445/07,
mencionando, como mais um argumento, a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei
43
Estadual 2.831/97, que violava o princípio da obrigatoriedade da licitação.
11. O Tribunal a quo concluiu pela ausência de cerceamento de defesa. Ora, infirmar tais
conclusões, com o fito de acolher a apontada violação aos artigos 130 e 330, inciso I, do CPC
e aferir se houve, ou não, cerceamento de defesa e prejuízo à parte demandaria incursão no
contexto fático-probatório dos autos, o que é defeso em recurso especial, nos termos da
Súmula 7 desta Corte de Justiça. 12. A redação contida no § 2º do art. 42 da Lei n.
8.987/95 estabelece que "as concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo
vencido e as que estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de
legislação anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à realização dos
levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das licitações que precederão a
outorga das concessões que as substituirão, prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e
quatro) meses", ou seja, fixa o prazo de 24 meses como tempo mínimo necessário que deve
ser observado pela Administração Pública para a realização de levantamentos e avaliações
indispensáveis à organização das licitações exigidas.
13. A Lei 8.666/93, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Carta Magna, instituindo normas
para licitações e contratos da Administração Pública, em seu art. 2º, afirma que as obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da
Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas
de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. Assim, a exigibilidade da licitação é
proveniente da Constituição Federal, devendo a legislação infraconstitucional ser
compatibilizada com os preceitos insculpidos nos artigos 37, inciso XXI, e 175 da Carta
República, não podendo admitir-se um longo lapso temporal, com respaldo no art.
42, §2º, da Lei n. 8.987/95, uma vez que o comando constitucional deve ser plenamente
cumprido. Precedente: ADI 3521, Relator(a): Min.
EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 28/09/2006, DJ 16-03-2007.
14. A prorrogação do contrato de permissão por longo prazo, fundamentada na necessidade
de se organizar o procedimento licitatório, não pode ser acolhida para justificar a prorrogação
efetuada, visto que tratam de suposto direito econômico das empresas que não podem se
sobrepor ao preceito constitucional que obriga a licitar e visa garantir e resguardar o interesse
44
público da contratação precedida de licitação.
15. Quanto aos honorários, a ora recorrente utilizou-se do fundamento de que o DETRO/RJ
não faz jus à verba honorária que lhe foi concedida , uma vez que foi ele que deu causa à
instauração do processo, sendo ele que elaborou o contrato que o Poder Judiciário considerou
inválido. Ocorre que não há como apreciar essa tese, uma vez que não foi objeto de debate
pela instância ordinária, o que inviabiliza o conhecimento do especial no ponto por ausência
de prequestionamento.
16. Agravo regimental não provido.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
46
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 14
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1.2 Classificação............................................................................................................................................................. 4
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 33
1
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 34
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 39
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 14
1.1 Introdução
Apesar de, à princípio, o controle ser uma atribuição estatal, há também o controle
popular, uma vez que a Constituição outorga ao particular determinados instrumentos de
ação a serem utilizados com essa finalidade.
Neste sentido, o Decreto Lei nº 200/1967, em seu art. 6°, V, dispõe que as
atividades da Administração Federal obedecerão como princípio fundamental ao controle
exercido pelos cidadãos e pelos próprios órgãos internos desta entidade, abrangendo,
inclusive, aqueles que integram a estrutura dos Poderes Legislativo e Judiciário.
1
Vide questão 06 ao final do capítulo.
3
Sendo assim, a finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue
em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, para que
atenda aos interesses e necessidades da coletividade.
1.2 Classificação
2
Vide questão 02 ao final do capítulo.
4
2) Controle Externo: é exercido por um poder em relação aos atos administrativos
praticados por outro poder do estado. O controle popular é considerado controle externo.
Neste último, os administrados podem, diretamente ou por meio de órgãos específicos,
verificar a regularidade de atuação da administração pública e impedir a prática de atos
ilegítimos.
5
forma a analisar se o ente cumpre suas finalidades estatutárias. ” Ademais, acrescenta-se que
o controle finalístico é tratado pelo Decreto lei 200/1967 com o designativo de supervisão
ministerial.
Ainda que não possa efetivar o mérito do ato administrativo, o Poder Judiciário tem o poder
de analisar se a conduta foi praticada dentro dos limites da discricionariedade, o que é feito
3
Vide questões 03, 05 e 08 ao final do capítulo.
6
com base na análise de princípios como razoabilidade e proporcionalidade. Trata-se, aqui, de
análise de legalidade.
É o controle realizado pela própria administração pública sobre seus próprios atos.
A título de exemplo pode-se citar a verificação, pela administração pública, da legitimidade ou
mérito de um ato administrativo. Assim, destaca-se que esse poder decorre do poder de
autotutela exercido pelos órgãos administrativos do Poder Executivo, bem como pelos Poderes
Legislativo e Judiciário.
7
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.
Controladoria Geral:
8
A Emenda Constitucional n. 45/2004 criou os dois órgãos para realizar o controle
administrativo e financeiro do Judiciário e do Ministério Público, além de verificar a atuação
funcional dos seus membros.
Corregedorias e Ouvidorias:
Nesse sentido, os tribunais e casas do Poder Legislativo devem, por meio de lei,
criar as corregedorias e ouvidorias, com a função de realizar o controle interno da entidade,
assim como a análise da atuação de seus membros.
9
A Resolução nº 86 do CNJ impõe a criação de órgãos internos de controle em todos os
tribunais para auxiliar na fiscalização, analisando a eficiência da atividade, assim como o
cumprimento das metas definidas em orçamento.
10
Pedido de reconsideração: o particular peticiona requerendo a retratação da
autoridade que proferiu o ato;
Recursos: para combater uma decisão por motivo de ilegalidade, seja por
motivo de mérito. Os recursos merecem atenção especial.
11
vinculação. Trata-se, neste caso, de recurso que decorre do poder de
supervisão ministerial.
Assim, o controle político somente pode ser exercido quando houver previsão
constitucional expressa, sob pena de violar o princípio das separações de poderes.
4
Vide questão 04 ao final do capítulo.
12
Tal controle pode ser: de ofício ou mediante provocação; prévio, concomitante ou
posterior; legalidade ou de mérito e divide-se em:
É o controle realizado pelo Congresso Nacional, ou por uma das casas de forma
direta. Esse controle é realizado nos moles previstos pela Constituição de 1988 sob pena de
violação ao princípio da separação dos poderes.
O TCU é integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio
de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, sendo os seus membros nomeados
dentre os brasileiros que tenham mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
idade, idoneidade moral e reputação ilibada, notórios conhecimentos jurídicos, contábeis,
econômicos e financeiros ou de administração pública, além de possuir mais de dez anos de
exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija estes conhecimentos.
13
Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente5 da República,
mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar
de seu recebimento;
Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público;
Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para
cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores
que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades privadas que atuem na prestação de serviços por meio da
transferência de verbas públicas;
Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;
Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de
suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados
5
Vide questão 09 ao final do capítulo.
14
de auditorias e inspeções realizadas, auxiliando a atividade do controle
parlamentar direto;
Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade
de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias
ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados;
Efetuar o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, bem como fiscalizar a entrega dos
recursos.
Inicialmente, cumpre mais uma vez apontar que o Brasil adotou o sistema inglês ou
sistema de jurisdição única, o qual estabelece que é competência do Poder Judiciário,
quando provocado, resolver as lides em caráter de definitividade.
6
Vide questão 01 ao final do capítulo.
15
Vale, ainda, ressaltar que esse controle é, em regra, posterior e tem como escopo a
fiscalização da legalidad7e ou legitimidade dos atos administrativos. Destaca-se que a
conveniência e oportunidade não são analisadas no controle judicial.
Na efetivação do controle judicial dos atos administrativo nunca será decretada a revogação,
mas apenas sua anulação.
7
Vide questão 07 ao final do capítulo.
16
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
17
DE ATUAÇÃO hierarquicamente superior a quem praticou o ato.
18
É o controle realizado pela própria administração pública sobre seus próprios atos. Destaca-se
que esse poder decorre do poder de autotutela exercido pelos órgãos administrativos do Poder
Executivo, bem como pelos Poderes Legislativo e Judiciário.
19
ouvidorias, com a função de realizar o controle interno da entidade,
assim como a análise da atuação de seus membros.
RECURSOS
20
possui posição de superioridade hierárquica em relação a quem
praticou o ato recorrido, mas tão somente a possibilidade de
controle em decorrência de vinculação. Trata-se, neste caso, de
recurso que decorre do poder de supervisão ministerial.
CONTROLE LEGISLATIVO
PAUTA EM DOIS
CRITÉRIOS:
Controle financeiro que é exercido pelo Tribunal de Contas.
CONTROLE JUDICIAL
O Brasil adotou o sistema inglês ou sistema de jurisdição única, o qual estabelece que é
21
competência do Poder Judiciário, quando provocado, resolver as lides em caráter de
definitividade.
As ações mais importantes decorrentes do controle judicial são: a) habeas corpus; b) mandado
de segurança individual e coletivo; c) habeas data; d) mandado de injunção; e) ação civil
pública; e f) ação direta de inconstitucionalidade
22
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(Instituto AOCP – 2019 – PC-E – Escrivão de Polícia) Assinale a alternativa que apresenta um
exemplo de instrumento de controle jurisdicional da Administração Pública.
A) Reclamação Administrativa
C) Pedido de Informação
D) Recurso Administrativo
E) Mandado de Segurança
Comentário:
23
E) Correta, nos termos do artigo 5o, LXIX e LXX da Constituição Federal e da Lei
Federal 12.016/2009.
Questão 2
A) Poder de Polícia
B) Poder Executivo
C) Poder Federal
D) Poder Judiciário
E) Poder Legislativo.
Comentário:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
24
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;
25
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
Questão 3
O Poder Judiciário tem competência para apreciar o mérito dos atos discricionários exarados
pela administração pública, devendo, no entanto, restringir-se à análise da legalidade desses
atos.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Errado. Isso porque o Poder Judiciário não tem competência para apreciar
o mérito dos atos discricionários exarados pela administração pública. Na verdade, sim, ele
26
deve se restringir à análise de legalidade dos atos. O bom dessa questão, caro leitor, é que ela
aborda também o tema dos atos discricionários que estudamos anteriormente.
Questão 4
Comentário:
Gabarito: Letra “D”. Essa é mais uma questão que podemos extrair do artigo 71 da
Constituição Federal:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete
27
Questão 5
(CESPE – 2016 – PC-PE – Escrivão de Polícia) A respeito do controle dos atos e contratos
administrativos, assinale a opção correta.
Comentário:
Gabarito: Letra “B”.
28
Questão 6
A) por controle judicial entende-se o controle interno que o Poder Judiciário realiza com
seus próprios atos, não podendo incidir sobre as atividades administrativas do Estado.
B) o controle, em razão da legalidade dos atos administrativos, é exercido tanto pela
Administração como pelo Poder Judiciário.
C) o Tribunal de Contas é o órgão do Poder Judiciário encarregado do controle financeiro
da Administração Pública
D) não poderá o Poder Legislativo fiscalizar as atividades da Administração Pública.
E) somente o Ministério Público poderá fiscalizar os atos dos administradores públicos.
Comentário:
29
Questão 7
(UEG – 2013 – PC-GO – Escrivão de Polícia Civil) Acerca do controle do ato administrativo,
tem-se que
Comentário:
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.
30
Questão 8
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
O controle judicial dos atos administrativos deve se ater aos aspectos de legalidade
dos atos sob análise, o que engloba a análise da lei e também do ordenamento jurídico como
um todo.
Por outro lado, o controle judicial não pode substituir a vontade do administrador,
por isso a assertiva está correta.
Questão 9
(CESPE – 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) Em relação ao controle legislativo dos atos
administrativos, julgue o item a seguir.
O Poder Legislativo exerce controle sobre os atos da administração pública, contando com
vários instrumentos para desempenhar tal atividade, como, por exemplo, o julgamento pelo
Tribunal de Contas da União das contas prestadas pelo Presidente da República.
( ) Certo
( ) Errado
31
Comentário:
Gabarito: Errado.
Na realidade, o Tribunal de Contas da União não julga as contas prestadas pelo
Presidente da República: apenas as aprecia (artigo 49, IX, e 71, I, CF).
Questão 10
(CESPE – 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) Em relação ao controle legislativo dos atos
administrativos, julgue o item a seguir.
O princípio da separação dos poderes não impede o controle judicial sobre decisão do
Tribunal de Contas da União que resulte na anulação de autorização conferida ao particular do
Poder Executivo.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
Com efeito, vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da inafastabilidade
do controle jurisdicional, inserto no artigo 5o, XXXV, de acordo com o qual a lei não pode
excluir da apreciação do Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de lesão.
Assim, considerando que a anulação de uma autorização concedida ao particular
consiste em um ato que restringe a esfera jurídica do particular, conclui-se que a decisão
tomada pelo TCU pode ser questionada perante o Judiciário.
32
GABARITO
Questão 1 - E
Questão 2 - E
Questão 3 - Errado
Questão 4 - D
Questão 5 - B
Questão 6 - B
Questão 7 - A
Questão 8 - CERTO
Questão 9 – ERRADO
Questão 10 – CERTO
33
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Controle Administrativo:
Decreto Lei nº 200/1967: artigo 6º, V
CFRB/88: artigo 5º, XXXIV, artigos 103-B e 130-A
STF: Súmula 473, SV nº 21
Lei 9.784: artigo 56
Controle Legislativo:
CFRB/88: artigo 52, 71
34
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
35
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
"Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal, na forma da lei.
FONTE:
Nesse mesmo sentido, Rafael Rezende afirma, ainda, que a transparência pública depende da
implementação do direito fundamental à informação previsto no art. 5.º, XXXIII, da CRFB,
segundo o qual “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado”
Assim, com base nesse direito ao controle sobre os atos da Administração, pautado, ainda, no
direito à informação, Ana Cláudia Campos afirma que o controle social/popular "É o controle
do Poder Público por segmentos oriundos da sociedade."
"Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de
atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de
sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja
criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União,
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos."
"Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão
competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para
37
manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte
interessada."
"Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão,
poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo."
FONTE:
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende Curso de direito administrativo / Rafael Carvalho Rezende
Oliveira. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p.378.
38
JURISPRUDÊNCIA
Controle Judicial:
40
Popular, a mais ampla proteção aos bens e direitos associados ao patrimônio público, em suas
várias dimensões (cofres públicos, meio ambiente, moralidade administrativa, patrimônio
artístico, estético, histórico e turístico).
2. Para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato administrativo por ofensa a
normas específicas ou desvios dos princípios da Administração Pública, dispensando-se a
demonstração de prejuízo material.
3. Hipótese em que a Corte de origem concluiu que "o então Gestor Público Municipal
atentou contra os princípios da administração pública, com violação da legalidade,
impessoalidade, moralidade e eficiência, desviando a finalidade de sua atuação para satisfazer
sentimento pessoal alheio à ética e à moral (...)".
4. Descabe ao Superior Tribunal de Justiça iniciar juízo valorativo a fim de desconstituir a
conclusão alcançada pela instância de origem, pois, para isso, seria necessário o exame do
contexto fático-probatório dos autos, o que não se admite nesta estreita via recursal, ante o
óbice da Súmula 7/STJ.
5. No mais, cabe esclarecer, quanto ao artigo 11 da Lei 8.429/1992, que a jurisprudência do
STJ, com relação ao resultado do ato, firmou-se no sentido de que se configura ato de
improbidade a lesão a princípios administrativos, o que, em regra, independe da ocorrência de
dano ou lesão ao Erário.
6. O acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento deste Tribunal Superior,
razão pela qual não merece prosperar a irresignação. Incide, in casu, o princípio estabelecido
na Súmula 83/STJ: "Não se conhece do Recurso Especial pela divergência, quando a orientação
do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida".
7. Agravo Interno não provido.
41
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. IRREGULARIDADES FORMAIS
AVERIGUADAS NO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO, QUE NÃO ENSEJARAM, CONTUDO, DANO
AO ERÁRIO, CONFORME RECONHECIDO EM PERÍCIA JUDICIAL E PELO TCE DE MINAS GERAIS.
IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES NO RESSARCIMENTO DOS COFRES
PÚBLICOS, COM ESTEIO EM LESÃO PRESUMIDA À MUNICIPALIDADE, SOB PENA DE
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DO ENTE ESTATAL.
1. À luz da Súmula 418/STJ, é inadmissível o Recurso Especial interposto antes da publicação
do acórdão dos Embargos de Declaração, sem posterior ratificação, como ocorreu em relação
ao Nobre Apelo de fls. 6.492/6.514, haja vista a peça recursal ter sido protocolizada em
24.02.2011, sendo que o Acórdão que julgou os últimos Embargos interpostos foi
disponibilizado no Dje em 30.09.2011. O Recurso Especial, dest'arte, não transpõe a barreira da
admissibilidade, porquanto interposto antes do julgamento dos Embargos de Declaração, ou
seja, antes do exaurimento das instâncias ordinárias, em desconformidade com o disposto no
referido art. 105, III da Constituição Federal 2. A preliminar de nulidade do acórdão
vergastado, por suposta violação ao art. 535, II do CPC, somente tem guarida quando o
julgado se omite na apreciação de questões de fato e de direito relevantes para a causa -
alegadas pelas partes ou apreciáveis de ofício - o que não ocorreu nos presentes autos.
3. Mostra-se deficiente a fundamentação dos recursos que se limitaram a elencar os
dispositivos de lei federal (arts. 964 do CC/1916 e 131, 165, 436 e 458, II do Estatuto
Processual Civil) sem, contudo, relacioná-los de forma específica com o eventual vício de
fundamentação alegadamente existente no acórdão guerreado, incidindo, portanto, a Súmula
284 do Supremo Tribunal Federal.
4. A Ação Popular consiste em um relevante instrumento processual de participação política
do cidadão, destinado eminentemente à defesa do patrimônio público, bem como da
moralidade administrativa, do meio-ambiente e do patrimônio histórico e cultural; referido
instrumento possui pedido imediato de natureza desconstitutiva-condenatória, pois colima,
precipuamente, a insubsistência do ato ilegal e lesivo a qualquer um dos bens ou valores
enumerados no inciso LXXIII do art. 5o. da CF/88 e, consequentemente, a condenação dos
responsáveis e dos beneficiários diretos ao ressarcimento ou às perdas e danos
42
correspondentes.
5. Tem-se, dessa forma, como imprescindível a comprovação do binômio ilegalidade-
lesividade, como pressuposto elementar para a a procedência da Ação Popular e consequente
condenação dos requeridos no ressarcimento ao erário em face dos prejuízos
comprovadamente atestados ou nas perdas e danos correspondentes.
6. Eventual violação à boa-fé e aos valores éticos esperados nas práticas administrativas não
configura, por si só, elemento suficiente para ensejar a presunção de lesão ao patrimônio
público, conforme sustenta o Tribunal a quo; e assim é porque a responsabilidade dos agentes
em face de conduta praticada em detrimento do patrimônio público exige a comprovação e a
quantificação do dano, nos termos do art. 14 da Lei 4.717/65;
assevera-se, nestes termos, que entendimento contrário implicaria evidente enriquecimento
sem causa do Município, que usufruiu dos serviços de publicidade prestados pela empresa de
propaganda durante o período de vigência do contrato.
7. Não se conhece do Recurso Especial da Empresa de Propaganda e Marketing, em face de
sua manifesta intempestividade, e do Recurso Especial interposto pelo ex-Prefeito. Recursos
Especiais dos demais recorrentes providos, para afastar a condenação dos mesmos a restituir
aos cofres públicos o valor fixado no Acórdão do Tribunal de origem. Com fulcro no art. 509
do CPC, atribui-se efeito expansivo subjetivo à presente Decisão, para excluir a condenação
ressarcitória dos demais litisconsortes necessários.
Recurso Hierárquico
MS 17.449/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 14/08/2019, DJe 01/10/2019
43
PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DECRETO N. 3.035/1999. RECURSO
HIERÁRQUICO ADMINISTRATIVO.
1. Pretende o impetrante, Procurador da Fazenda Nacional, a concessão da segurança para
anular a decisão do Exmo. Senhor Advogado-Geral da União, que indeferiu o Recurso
Administrativo interposto pelo impetrante nos autos PAD 00406.002747/2011-51, ao
fundamento de que a referida autoridade careceria de competência para julgar o recurso
administrativo interposto contra decisão da sua própria lavra, sendo competente a autoridade
imediatamente superior àquela que proferiu a decisão impugnada, in casu, a então
Excelentíssima Senhora Presidente da República.
2. O art. 141, I, da Lei n. 8.112/1990 que as penalidades disciplinares serão aplicadas "pelo
Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de
aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou
entidade".
3. Por força do art. 84, IV, "a" e parágrafo único, da Constituição Federal, foi editado o Decreto
n. 3.035/1999, por meio do qual o Exmo. Senhor Presidente da República delegou aos
Ministros de Estado e ao Advogado-Geral da União a atribuição de julgar Processos
Administrativos Disciplinares e aplicar penalidades aos servidores públicos a eles vinculados,
nas hipóteses de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
4. A 1ª Seção do STJ, no julgamento do MS 15.917/DF, de relatoria do Min. Castro Meira, julg.
em 23/5/2012, Dje 19/6/2012, reconheceu a competência do Advogado-Geral da União para
aplicar pena de demissão, no bojo de Processo Administrativo Disciplinar, contra os
integrantes da carreira da AGU, incluindo os membros da Procuradoria da Fazenda Nacional,
na forma do art. 2°, I, "b" e § 5°, da Lei Complementar n. 73/93.
5. Esta 1ª Seção reconheceu que o Decreto Presidencial n. 3.035/1999 tem fundamento de
validade diretamente na Constituição Federal (art.
84, IV e VI, e parágrafo único), não havendo que se falar em afronta à Lei Complementar n.
73/1993. (MS 15.828/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/03/2016, DJe 12/04/2016). Portanto, não há ilegalidade no ato do Advogado-
44
Geral da União ao determinar a demissão do ora Impetrante, que ocupava o cargo de
Procurador da Fazenda Nacional.
6. Quanto ao cabimento de recurso hierárquico ao Exmo. Presidente da República em face de
ato delegado com base no Decreto n. 3.035/99, no caso em concreto, temos que: a pena de
demissão foi aplicada pelo Advogado-Geral da União no exercício de competência que lhe foi
delegada pelo Presidente da República por meio do Decreto Presidencial n. 3.035/1999; o
recurso administrativo, se cabível, é na modalidade própria, ou seja, tendo em vista a
estruturação orgânica da Administração Pública, é dirigido à própria autoridade delegante,
que, no caso, é o Presidente da República; e, nem a Lei Complementar n. 73/93 nem a Lei n.
8.112/90 regulam a possibilidade de interposição de recurso administrativo em face de
decisão prolatada em sede de processo administrativo disciplinar, razão pela qual são
aplicáveis as disposições da Lei n. 9.784/99; 7. Nesse contexto, após melhor reflexão, entendo
que não há impedimento para que seja interposto recurso hierárquico. Isso porque o art. 14, §
3º, da Lei n. 9.784/99 estabelece expressamente que as decisões proferidas por meio de ato
de delegação considerar-se-ão editadas pelo delegado.
8. Além disso, ao tratar da delegação, a Lei n. 9.784/99 não estabeleceu nenhuma ressalva
quanto à impossibilidade de recurso hierárquico, razão pela qual é aplicável o que dispõe o
art. 56 desse diploma legal. Ou seja, não há óbice para a interposição de recurso hierárquico à
autoridade delegante porque, embora mediante delegação, a decisão foi tomada pelo
delegado no exercício das suas competências administrativas. Além disso, o Decreto n. 3.035,
de 27 de abril de 1999, não estabeleceu nenhuma vedação à possibilidade de interposição de
recurso hierárquico, razão pela qual entendo que devem prevalecer as disposições legais que
possibilitam a interposição do recurso administrativo.
9. Concedida a segurança para anular o ato coator por vício de legalidade e, por conseguinte,
determinar que seja processado o recurso hierárquico nos termos dos arts. 56 e seguintes da
Lei n.
9.784/99.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
46
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 15
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 41
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 45
1
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 46
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 15
1. Improbidade Administrativa
1.1 Introdução
Porém, destaca-se que o STJ vem sustentando que a LIA não deve ser aplicada para
punir meras irregularidades administrativas, erros toleráveis ou transgressões disciplinares
(Resp 1.245.622).
3
Segundo o STF, o fato de a LIA ter ampliado o rol de sanções mínimas originariamente
previstas na Constituição Federal não representa inconstitucionalidade (AgRg no RE 598588).
Quanto à legitimidade, a ação popular só pode ser proposta pelo cidadão – pessoa
física em pleno gozo dos direitos políticos - e a sentença promove essencialmente a anulação
do ato lesivo à moralidade, assim como a condenação do réu ao pagamento de perdas e
danos.
1
Vide questão 03 ao final do capítulo.
4
No julgamento do Resp 1.129.121, o STJ entendeu que a LIA não pode ser aplicada para
punir condutas anteriores à sua vigência, ainda que ocorridas após a edição da Constituição
Federal de 1988.
5
Ademais, é muito importante destacar que as disposições dessa lei são aplicáveis,
no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a
prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Ou seja, os particulares que se enquadrem nessas situações podem ser responsabilizados,
juntamente com o agente público, nos moldes da lei de improbidade.
6
1.2.1 Responsabilização dos agentes políticos
Porém, no entendimento do STF, para que a LIA seja afastada deve haver, de forma
simultânea, dois requisitos: (i) o agente político deve estar expressamente incluído entre os
puníveis pela Lei n. 1.079/50; e (ii) a conduta precisa estar tipificada na Lei n. 1.079/50 e na Lei
n. 8.429/92.
a) Presidente da República;
b) Ministro de Estado;
c) Procurador-Geral da República;
e) Governador;
f) Secretário de Estado.
7
Porém, o Superior Tribunal de Justiça tem adotado posicionamento diferente. No
julgamento da Reclamação 2.790/09, o STJ decidiu que “excetuada a hipótese de atos de
improbidade praticados pelo Presidente da República, cujo julgamento se dá em regime
especial pelo Senado Federal, não há norma constitucional alguma que imunize os agentes
políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer sanção por ato de improbidade”.
Dessa forma, para o STJ os agentes políticos estão submetidos integralmente à LIA,
com exceção do Presidente da República.
8
de ato de improbidade administrativa desde que recebam algum tipo de
vantagem concedida pelo Poder Público, tais como: subvenções, benefícios,
incentivos fiscais ou incentivos creditícios;
5) Entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de 50% do patrimônio ou da receita anual: o ato de improbidade
também pode ser praticado contra as denominadas empresas privadas com
participação estatal, isto é, aquelas em que o Estado detenha percentual
minoritário na composição do capital votante.
A Lei n. 8.429/92, em seus arts. 9º a 11, define um rol exemplificativo das condutas
que caracterizam improbidade administrativa, dividindo-as em quatro grupos distintos:
9
dolosamente uma vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade pública.
Sanções:
2
Vide questão 04 ao final do capítulo.
3
Vide questão 01 ao final do capítulo.
10
São os casos em que o agente público causa lesão ao erário por meio de ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades públicas mencionadas na
Lei.
Sanções:
As sanções previstas para esta espécie estão previstas no art. 12, II, da LIA e,
também podem ser aplicadas de forma cumulativa ou isolada:
11
1.4.3 Atos que atentam contra os princípios da administração
pública
Sanções:
12
1.4.4 Atos decorrentes de concessão ou aplicação indevida de
benefício financeiro ou tributário
Sanção:
Apenas as condutas praticadas após tal data limite para os Municípios para revogar
benefícios financeiros ou fiscais que desatendam à alíquota mínima de 2% do ISS, qual seja:
01/06/2018, são puníveis nos termos do artigo 10-A da Lei n. 8.429/92, sujeitando o agente às
penas de:
a) perda da função pública;
Atualmente, uma única conduta praticada pelo agente público pode desencadear
seis processos distintos de responsabilização, quais sejam:
1) civil;
13
2) penal;
3) administrativo disciplinar;
4) improbidade administrativa;
6) processo de controle.
14
É certo que este dispositivo legal visa a permitir uma efetiva fiscalização sobre a
evolução patrimonial do agente público, especialmente para evitar a prática de atos ímprobos
que importem em enriquecimento ilícito do agente.
O agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
determinado, ou que a prestar falsa será punido com pena de demissão4 sem prejuízo de
outras sanções cabíveis.
Tal representação deverá ser feita por escrito ou, se oral, reduzida a termo e
assinada, devendo obrigatoriamente conter a qualificação do representante, as informações
sobre o fato e sua autoria e a indicação de provas.
4
Vide questão 08 ao final do capítulo.
15
Admite-se instauração do procedimento administrativo investigativo por meio de denúncia
anônima, desde que esta seja verossímil (STJ: RMS 30510).
Após a comunicação deve ser instaurada uma comissão processante e dada ciência
ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas.
16
acrescidos ilicitamente, a indisponibilidade deve atingir apenas os bens
adquiridos posteriormente ao ilícito (STJ: RMS 6197).
17
1.8 Processo Judicial
Vale ressaltar que não há foro determinado por prerrogativa de função na ação
de improbidade (STF, ADI 2.860). Importante exceção reconhecida pela jurisprudência do STJ
a essa regra ocorre na hipótese de ato de improbidade praticado por juiz integrante de
tribunal.
Quando não for autor, o Ministério Público obrigatoriamente atuará como fiscal
da lei, sob pena de nulidade do processo.
O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como parte no Superior
Tribunal de Justiça nas ações de improbidade administrativa, reservando-se ao Ministério
Público Federal a atuação como fiscal da lei (AgRg no AREsp 1323236/RN).
18
Estando a inicial em termos, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do
requerido, para oferecer manifestação por escrito, a chamada defesa prévia, que poderá ser
instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
Importante ressaltar que o STJ já afirmou que não há julgamento “ultra” ou “extra
petita” quando o juiz acrescenta à condenação sanções não pedidas na inicial da ação de
19
improbidade. Além disso, pode o juiz enquadrar o ato de improbidade em dispositivo diverso
do indicado na Inicial, sem prejuízo para a defesa, pois esta deve ater-se aos fatos e não à
capitulação legal.
Segundo prescreve a LIA, na fixação das penas por ato de improbidade, o juiz levará
em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente
O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de que, uma vez
caracterizado o prejuízo ao erário, o ressarcimento é obrigatório visto que serve para
caucionar o rombo consumado em desfavor do erário.
Ademais, deve-se ter em mente que a efetivação da suspensão dos direitos políticos
e a perda do cargo somente ocorre com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
1.10 Prescrição
20
Se o agente público exercer cumulativamente cargo efetivo e cargo comissionado, ao tempo
do ato reputado ímprobo, há de prevalecer o primeiro, para fins de contagem prescricional,
pelo simples fato de o vínculo entre agente e Administração pública não cessar com a
exoneração do cargo em comissão, por ser temporário (STJ: Resp 1.060.529).
5
Vide questão 02 ao final do capítulo.
21
particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a
ilicitude” (STJ: AgRG no REsp 1510589/SE).
22
QUADRO SINÓTICO
IMPROBIDADE ADMINISRRATIVA
Os agentes públicos6 podem praticar, no exercício das funções, condutas que ensejam à
aplicação de sanções em diversas esferas. Além das repercussões civil, penal e administrativa, é
possível a responsabilização do agente público em decorrência da aplicação da Lei de
Improbidade Administrativa (LIA) – Lei n. 8.429/92.
O STJ vem sustentando que a LIA não deve ser aplicada para punir meras irregularidades
administrativas, erros toleráveis ou transgressões disciplinares (Resp 1.245.622).
A Lei de Improbidade Administrativa tem natureza jurídica de lei nacional, e aplica-se em todo
âmbito federativo.
SUJEITO ATIVO
É qualquer agente público, servidor ou não, que atua contra a administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio
ou da receita anual. Se concorrer com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, a
sanção limita-se à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
O conceito de agente público, para efeitos de penalização da LIA, foi legalmente previsto como
6
Vide questão 07 ao final do capítulo.
23
sendo todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função.
Sujeito ativo também é àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para
a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Podem ser punidos também pela Lei de Improbidade os sucessores de quem praticou a
conduta. até o limite do valor da herança.
STF Para que a LIA seja afastada deve haver, de forma simultânea, dois
requisitos: (i) o agente político deve estar expressamente incluído entre
os puníveis pela Lei n. 1.079/50; e (ii) a conduta precisa estar tipificada
na Lei n. 1.079/50 e na Lei n. 8.429/92.
SUJEITO PASSIVO
24
órgãos públicos: as pessoas jurídicas privadas, não pertencentes ao Estado, também podem
figurar como sujeito passivo de ato de improbidade administrativa desde que recebam algum
tipo de vantagem concedida pelo Poder Público, tais como: subvenções, benefícios, incentivos
fiscais ou incentivos creditícios;
Entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do
patrimônio ou da receita anual: o ato de improbidade também pode ser praticado contra as
denominadas empresas privadas com participação estatal, isto é, aquelas em que o Estado
detenha percentual minoritário na composição do capital votante.
ATOS QUE São os casos em que o agente público causa lesão ao erário por meio
CAUSAM PREJUÍZO de ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
25
AO ERÁRIO desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades públicas mencionadas na Lei.
26
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de três anos.
Como regra, o resultado em um processo não interfere nos demais em razão da independência
das instâncias.
Porém, que a absolvição criminal por negativa de autoria ou por insistência do fato são as
únicas capazes de interferir nas outras esferas.
DECLARAÇÃO DE BENS
Visando prestigiar a moralidade, a lei determina que a posse e o exercício de agente público
ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores de seu patrimônio
privado.
O agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
determinado, ou que a prestar falsa será punido com pena de demissão sem prejuízo de
outras sanções cabíveis.
27
A declaração de bens será atualizada anualmente e também na data em que o agente
público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
MEDIDAS CAUTELARES
Qualquer pessoa que tenha ciência da prática de ato de improbidade pode representar à
autoridade administrativa competente para que realize as investigações pertinentes e apure o
ocorrido. Tal representação deverá ser feita por escrito ou, se oral, reduzida a termo e assinada,
devendo obrigatoriamente conter a qualificação do representante, as informações sobre o fato
e sua autoria e a indicação de provas.
28
gera, por si, vício processual.
Quando não for autor, o Ministério Público obrigatoriamente atuará como fiscal da lei, sob
pena de nulidade do processo.
Recebida a defesa prévia, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a
ação se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita. Se resolver pelo prosseguimento da ação, realizará a citação do réu
para contestar o feito.
PRESCRIÇÃO
Até cinco anos após o término do exercício Se o agente público exercer
de mandato, de cargo em comissão ou de cumulativamente cargo efetivo e cargo
função de confiança. Havendo reeleição, o comissionado, ao tempo do ato reputado
prazo se inicia a partir do encerramento do ímprobo, há de prevalecer o primeiro, para
último mandato. fins de contagem prescricional.
Dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com
demissão, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Em regra, tal prazo também é
de 5 anos. Nesse caso, o prazo corre a partir da data em que foi praticado o ato de
improbidade.
29
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
Gabarito: Letra A.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
30
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
Questão 2
(VUNESP – 2018 – PC-BA – Escrivão de Polícia) Servidor público que revelar fato de que
tenha ciência em razão do cargo e que deveria manter em segredo, responderá, no âmbito
administrativo,
Comentário:
31
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil
de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
Questão 3
32
Comentário:
Questão 4
(CESPE – 2018 – PC-MA – Escrivão de Polícia Civil) De acordo com a Lei de Improbidade –
Lei n. 8429/92 -, o servidor público que comprovadamente tiver causado lesão ao patrimônio
público estará sujeito
Comentário:
33
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
Questão 5
Comentário:
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
35
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do
Questão 6
Comentário:
36
Gabarito: Letra “D”.
É a única das letras que possui um conteúdo correto, nos termos da Lei 8.429/92.
Vejamos:
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
Questão 7
(CESPE – 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) Acerca do regime jurídico dos servidores
públicos, julgue o item subsecutivo.
Certo
Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
37
Nos termos do artigo 2o, caput, da Lei 8429/92, para os fins da Lei de Improbidade
Administrativa, consideram-se como agentes públicos aqueles que exercem, mesmo que sem
remuneração, função nas entidades contidas no artigo 1o:
"Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior."
Questão 8
(CESPE – 2013 – PC-BA – Escrivão de Polícia) No que se refere aos princípios básicos da
administração pública federal, regulamentados pela Lei n. 8429/1992 e suas alterações, julgue
o item subsecutivo.
Agente público que, ao assumir cargo público, preste, pela segunda vez, falsa declaração de
bens deve ser punido com demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis.
Certo
Errado
Comentário:
Gabarito: Certo.
38
e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
Questão 9
O servidor público que revelar fato ou circunstância que tenha ciência em razão das suas
atribuições, e que deva permanecer em segredo, comete ato de improbidade administrativa.
( ) Certo
( ) Errado.
Comentário:
Gabarito: Certo.
Com efeito, constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
das atribuições e que deva permanecer em segredo.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
39
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
Questão 10
(CESPE – 2013 – PC-BA – Investigador de Polícia) No que se refere aos princípios básicos da
administração pública federal, regulamentados pela Lei n. 8429/1992 e suas alterações, julgue
o item subsecutivo.
A probidade, que deve nortear a conduta dos administradores públicos, constitui fundamento
do princípio da eficiência.
Certo
Errado
Comentário:
Gabarito: Errado.
Essa é mais uma questão que envolve vários temas. Aqui, temos a improbidade e o que
chamamos de LIMPE.
40
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - B
Questão 3 - A
Questão 4 - B
Questão 5 - B
Questão 6 - D
Questão 7 - CERTO
Questão 8 - CERTO
Questão 9 – CERTO
Questão 10 – ERRADO
41
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
42
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
É possível a prova emprestada de outras searas criminal desde que ali tenha sido
observadas as garantias processuais do contraditório e da ampla defesa. A prova é
recebida como prova documental e esse fenômeno se dá em nome da celeridade e da
economia processual.
43
Qualquer prova que tenha sido produzida judicialmente e materializada em um documento,
embora seja entendida como prova causal no processo em que foi produzida, será
documental – ao menos em sua forma – no processo que a receber como prova emprestada,
ainda que proveniente de um processo administrativo ou inquérito civil.
CAMPOS, Ana Cláudia Direito Administrativo Facilitado / Ana Cláudia Campos. São Paulo:
Método; Rio de Janeiro: Forense, 2019.
44
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Improbidade Administrativa:
LC 157/16: íntegra
Moralidade Administrativa:
CFRB/88: art. 14, § 9º; art. 15, V; art. 37, § 4º, art. 85, V
Prescrição:
45
JURISPRUDÊNCIA
46
condutas dos Prefeitos e Vereadores serem tipificadas como infração penal (artigo 1º) ou
infração político-administrativa (artigo 4º), previstas no DL 201/67, a responsabilidade civil por
ato de improbidade administrativa é autônoma e deve ser apurada em instância diversa. 5.
NEGADO PROVIMENTO ao Recurso Extraordinário. TESE DE REPERCUSÃO GERAL: “O processo
e julgamento de prefeito municipal por crime de responsabilidade (Decreto-lei 201/67) não
impede sua responsabilização por atos de improbidade administrativa previstos na Lei
8.429/1992, em virtude da autonomia das instâncias”.
Ação de ressarcimento
47
imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade administrativa, aprecie o
mérito apenas quanto à pretensão de ressarcimento.
Ação de Improbidade:
Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-171 DIVULG 21-08-2018 PUBLIC 22-08-2018
Ementa: Direito Constitucional. Agravo Regimental em Petição. Sujeição dos Agentes Políticos
a Duplo Regime Sancionatório em Matéria de Improbidade. Impossibilidade de Extensão do
Foro por Prerrogativa de Função à Ação de Improbidade Administrativa. 1. Os agentes
políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de
improbidade administrativa, quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de
responsabilidade. Não há qualquer impedimento à concorrência de esferas de
responsabilização distintas, de modo que carece de fundamento constitucional a tentativa de
imunizar os agentes políticos das sanções da ação de improbidade administrativa, a pretexto
de que estas seriam absorvidas pelo crime de responsabilidade. A única exceção ao duplo
regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos praticados pelo
Presidente da República, conforme previsão do art. 85, V, da Constituição. 2. O foro especial
por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais
comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa, de natureza civil. Em
primeiro lugar, o foro privilegiado é destinado a abarcar apenas as infrações penais. A suposta
gravidade das sanções previstas no art. 37, § 4º, da Constituição, não reveste a ação de
improbidade administrativa de natureza penal. Em segundo lugar, o foro privilegiado
submete-se a regime de direito estrito, já que representa exceção aos princípios estruturantes
da igualdade e da república. Não comporta, portanto, ampliação a hipóteses não
expressamente previstas no texto constitucional. E isso especialmente porque, na hipótese, não
48
há lacuna constitucional, mas legítima opção do poder constituinte originário em não instituir
foro privilegiado para o processo e julgamento de agentes políticos pela prática de atos de
improbidade na esfera civil. Por fim, a fixação de competência para julgar a ação de
improbidade no 1o grau de jurisdição, além de constituir fórmula mais republicana, é atenta
às capacidades institucionais dos diferentes graus de jurisdição para a realização da instrução
processual, de modo a promover maior eficiência no combate à corrupção e na proteção à
moralidade administrativa. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
Prescrição:
Indisponibilidade de bens:
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
51
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Administrativo
Capítulo 16
SUMÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................................... 3
1.7.1 Classificação.......................................................................................................................................................... 25
1
1.7.3 Obrigações ............................................................................................................................................................ 28
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 58
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 64
2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 16
1.1 Introdução
Caro leitor, esse é um tema com quase nenhuma incidência nos concursos públicos
para as carreiras de agente, escrivão e investigador de polícia. Nos últimos dez anos de
provas, temos apenas a incidência de uma questão sobre o tema – na prova de Escrivão para
a PC-MA, em 2012. Por isso, é válido verificar se esse tema é cobrado no seu edital antes de
iniciar os estudos.
Há, ainda, o caráter de perpetuidade que decorre do fato de que o exercício deste
direito não se dá com prazo definido, devendo a qualidade de proprietário durar até que haja
a transferência a outrem, mortis causa ou por ato inter vivos.
3
Cabe ao Estado a fiscalização do cumprimento da função social a propriedade. O
proprietário que desatende aos requisitos incide na prática de ato ilícito, podendo sujeitar-se à
imposição de instrumentos sancionatórios de intervenção na propriedade.
Sobre a função social, Maria Sylvia Zanella di Pietro estabelece que ''Hoje prevalece
o princípio da função social da propriedade, que autoriza não apenas a imposição de
obrigações de não fazer, como também as de deixar de fazer e, hoje, pela Constituição, a
obrigação de fazer, expressa no art. 182, §4°, consistente no adequado aproveitamento do
solo urbano”.
4
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais expressas no plano diretor - art. 182, § 2º, da CRFB/88.
Quanto à propriedade pública, o cumprimento de sua função social, além dos requisitos gerais
exigidos para qualquer propriedade, deve atender à afetação específica no caso dos bens de
uso especial.
5
a única forma de intervenção supressiva na propriedade regulamentada pelo
ordenamento jurídico brasileiro.
1.4 Desapropriação
O bem desapropriado chega ao acervo do Estado livre de quaisquer ônus de natureza real.
Desse modo, qualquer direito real que recaía sobre o bem fica sub-rogado no valor da
indenização.
6
Utilidade pública são as situações em que o ente público tem necessidade de
utilizar o bem diretamente – algumas situações são regulamentadas no Decreto-lei 3.365/41. A
necessidade pública se verifica nas mesmas hipóteses em que há uma urgência na solução de
um problema. Já as hipóteses de interesse social são justificadas pela necessidade de se
garantir a função social da propriedade. Esses casos são, em regra, regulamentados pela Lei
4.132/62.
Por fim, vale mencionar o que dispõe a súmula 479 do Supremo Tribunal Federal:
“as margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso
mesmo, excluídas de indenização".
7
demonstração de uma hipótese de interesse social. Além disso, deverá ser precedida de
pagamento indenização prévia, justa e em dinheiro.
8
3) Caso o proprietário do bem possua débitos com a fazenda pública, desde
que estes valores já estejam inscritos e ajuizados, permite-se a dedução do
quantum indenizatório para pagamento das dívidas.
O plano diretor - obrigatório para todas as cidades que possuam mais de vinte mil
habitantes, nas cidades que sejam integrantes de regiões metropolitanas ou aglomerações
urbanas, assim como nas áreas de especial interesse turístico e nos municípios inseridos na
9
área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional - deverá ser aprovado por lei municipal, que deve ser revista a
cada dez anos, pelo menos.
1
Vide questão 6
10
de anistia relativas a esta tributação progressiva. Ademais, de um ano para o
outro, o máximo que se pode acrescentar na alíquota é 100% do valor
anterior, ou seja, é possível a duplicação anual da alíquota, não mais do que
isso.
3) Desapropriação especial urbana: passado o prazo de cinco anos sem que o
particular tenha tomado qualquer providência no sentido que conferir função
social ao bem, o ente municipal poderá decretar a desapropriação especial
urbana, com pagamento de indenização mediante a entrega de títulos da
dívida pública, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Trata-se
de desapropriação com função sancionatória.
11
produtividade; (iii) assegura a conservação dos recursos naturais; e (iv) observa as disposições
legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem.
Caso a função social não esteja sendo cumprida, compete à União desapropriar por
interesse social, para fins de reforma agrária, o referido imóvel, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, preservando o do valor real, resgatáveis no prazo
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão.
12
Ressalta-se que a Lei Complementar 76/93 estabelece um procedimento de rito
especial, para o processo judicial de desapropriação especial para fins de reforma agrária.
13
O Supremo Tribunal Federal vem decidindo no sentido de que todo o terreno será
desapropriado, ainda que o proprietário do bem utilize somente parte de seu imóvel para a
cultura ilegal de plantas psicotrópicas.
14
Se após 120 dias, à terra expropriada não for dada a destinação prevista na Constituição,
ficará incorporada ao patrimônio da União, reservada, até que sobrevenham as condições
necessárias àquela utilização.
Nesses casos, dada a destinação pública ao bem, o proprietário não pode mais
reverter a situação, buscando o bem para si, restando pleitear o pagamento de justa
indenização através da Ação de Indenização por Desapropriação Indireta.
conforme o disposto no art. 22, inciso II, da Constituição da República de 1988. Porém, o
parágrafo único determina que a lei complementar poderá autorizar os estados a legislar
sobre questões específicas.
2
Vide questão 7
15
Já a competência declaratória, ou seja, a atribuição para declarar a utilidade ou
necessidade pública e o interesse social dos bens privados para fins de desapropriação será,
concorrente, de todos os entes federativos.
2) Fases do procedimento:
16
A declaração não tem o poder de transferir a propriedade do bem objeto do ato.
Fase Declaratória:
Nesse sentido, o Poder Público pode ingressar no bem para fazer avaliações e
medições e fixar o estado do bem, bem como indicar as benfeitorias.
17
Em relação às benfeitorias, cabe mencionar que as úteis só serão indenizadas se
forem autorizadas pelo Estado. Em relação a estas benfeitorias, a indenização será devida,
mesmo que executadas após o ato declaratório.
Passado o prazo, a declaração efetivada não poderá ser executada. Porém, o Estado
poderá realizar nova declaração, caso haja utilidade pública ou interesse social, após 1 ano.
Fase executória:
A execução pode ser feita na via administrativa caso acordo entre o Poder Público e o
proprietário quanto ao valor da indenização.
18
que não houver acordo em relação ao valor da indenização ou, ainda, se o ente
expropriante não souber quem ostenta a qualidade de proprietário do bem.
A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da
Capital do Estado onde for domiciliado o réu; sendo outro o autor, no foro da situação dos
bens.
Após receber a inicial, o juiz designará um perito para proceder à avaliação dos bens,
sendo garantido ao autor e ao réu a indicação de assistente técnico do perito.
Posteriormente, será realizada a citação do proprietário por mandado, salvo se este não
for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro,
quando a citação será feita por edital.
O réu terá o prazo de 15 dias para apresentação de defesa, a qual, no mérito, apenas
pode versar acerca do valor indenizatório ou vícios processuais. Se o réu quiser discutir a
ocorrência de vícios no ato de desapropriação, deverá fazê-lo em ação autônoma.
1) Declaração de urgência;
2) Depósito do valor incontroverso da indenização.
Declarada a urgência da imissão pelo Estado, este terá o prazo de 120 dias para
requerer ao juízo a imissão. Caso escoe esse prazo, a urgência não pode ser renovada.
19
Determinada judicialmente a imissão provisória – que deverá ser registrada no
registro de imóveis competente - o proprietário do bem tem direito de levantar 80% do
valor depositado pelo Estado.
Caso o proprietário levante o valor total do depósito, presume-se que o valor depositado foi
aceito e o juiz homologará o acordo, por sentença, não havendo mais a possibilidade de se
questionar o pagamento.
20
Ademais, os juros de mora incidem no percentual de 6% ao ano, de acordo com o
art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41 e incidem sobre o valor que o proprietário do bem não
levanta no curso do processo.
3
Vide questão 9
21
Porém, se o ente estatal deixar de utilizar o bem no interesse social, não dando a
ele a finalidade específica para o qual havia sido desapropriado ocorre a tredestinação ilícita,
também designada pela doutrina como adestinação.
Cumpre mencionar que nos casos em que o ente público desapropria o bem,
transferindo a propriedade ao patrimônio público sem, contudo, garantir a sua utilização na
busca do interesse público, surge o direito à retrocessão do proprietário.4
A outra parte entende que se trata de direito pessoal e por isso se o bem já tiver
sido alienado a terceiros a situação deve se resolver apenas em perdas e danos.
Maria Sylvia di Pietro defende que tal instituto tem natureza mista e por essa razão
o particular expropriado pode optar por reaver o bem ou por requerer a perdas e danos.
Em suma, são normas gerais que incidem sobre os bens dos particulares limitando
a forma de utilização do bem.
4
Vide questão 2
22
Em virtude de seu caráter de generalidade, normalmente, a limitação administrativa
produz efeitos ex nunc, não retroagindo para atingir pessoas e propriedades que respeitavam
a situação anterior. É por essa razão, também, que, a princípio, não geram danos específicos;
logo, não ensejam o dever de indenização do proprietário do bem.
5
Vide questão 1
23
Salvo as situações em que a servidão é instituída mediante lei, a instituição da servidão deve
ser feita mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis, como forma de garantir
eficácia erga omnes.
1.7 Tombamento
24
Mesmo bem pode sofrer mais de um tombamento
1.7.1 Classificação
25
1.7.2 Bens sujeitos ao Tombamento
O tombamento pode recair sobre bens móveis ou imóveis. Há, contudo, discussão
acerca da possibilidade de tombamento de bens imateriais.
Já para Matheus Carvalho: “a posição nos parece equivocada, haja vista não ser
possível aplicar as regras do tombamento aos bens imateriais. (...). É indiscutível que tais bens
devem gozar de proteção estatal sempre que forem relevantes à cultura ou história da nação,
no entanto o instituto do tombamento, como foi pensado pela legislação, não se coaduna
com as características dos bens incorpóreos. ”
É certo que para os bens imateriais, existe a previsão de registro nos órgãos de
proteção ao Património Histórico Artístico e Cultural que garantirá a proteção sem imposição
das exigências decorrentes do tombamento.
26
Não podem ser objeto de tombamento: as obras de origem estrangeira que pertençam às
representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país; que adornem quaisquer
veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam carreira no país; que pertençam a
casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; que sejam trazidas para exposições
comemorativas, educativas ou comerciais ou que sejam importadas por empresas estrangeiras
expressamente para adorno dos respectivos estabelecimentos.
6
Vide questão 4
27
1.7.3 Obrigações
1) Obrigações de fazer:
28
se tratar de alienação extrajudicial. Mas, há ainda, a preferência em casos de alienações
judiciais.
Retirada do país: não é possível tirar o bem do país, salvo, por curto
período de tempo para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Caso haja
descumprimento dessa obrigação, o proprietário pagará uma multa de
cinquenta por cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em
garantia do pagamento, e até que este se faça, sem prejuízo das sanções
penais cabíveis pelo cometimento do crime de contrabando.
Não destruição: o proprietário do bem tombado não pode modifica,
destruir, mutilar ou demolir o bem tombado. Qualquer e depende de
autorização do Estado, sob pena de multa no valor de cinquenta por cento
do dano causado.
3) Obrigação de tolerar:
Fiscalização: o proprietário do bem tem que tolerar a fiscalização
permanente pelo Poder Público.
O tombamento enseja uma servidão administrativa aos vizinhos do bem tombado, ou seja, o
vizinho não pode impedir a visualização e nem o acesso ao bem tombado, sob pena de multa
de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto.
29
1.7.4 Extinção
7
Vide questão 8
30
Ademais, a requisição só enseja o dever de indenização caso tenha sido
comprovada a existência de danos ao bem objeto da restrição, ou seja, a indenização será
sempre ulterior. 8
Em relação à requisição de bens consumíveis tem-se que: se o bem for fungível - ou seja,
puder ser substituído por outro da mesma qualidade - pode ser requisitado. Se infungível,
então será o caso de desapropriação.
A instituição pode ocorrer mediante ato formal ou pela simples ocupação material
dispensando formalidade, nas situações desvinculadas de desapropriação.
8
Vide questão 5
31
A respeito da indenização, quando a ocupação for vinculada à desapropriação, o art.
36 do Decreto-Lei n. 3.365/41 fala em ocupação remunerada, devendo-se considerar
obrigatória a indenização. Nas demais hipóteses, a regra é a ausência de indenização, exceto
se o proprietário demonstrar algum prejuízo especial decorrente do uso compulsório do bem.
32
QUADRO SINÓTICO
FUNÇÃO SOCIAL
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
expressas no plano diretor.
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO
33
qual o Estado intervém na propriedade modificando a titularidade do
bem, transformando-o em bem público, mediante o pagamento de prévia
e justa indenização em dinheiro ao proprietário, salvo nos casos
expressamente previstos na Constituição.
São normas gerais que incidem sobre os bens dos particulares limitando
LIMITAÇÃO
a forma de utilização do bem.
ADMINISTRATIVA
Em virtude de seu caráter de generalidade, normalmente, a limitação
administrativa produz efeitos ex nunc. É por essa razão, também, que, a
princípio, não geram danos específicos; logo, não ensejam o dever de
indenização do proprietário do bem.
34
Manifesto desinteresse do
Estado em continuar utilizando
parte do domínio alheio.
Dever de
Obrigações de comunicação
fazer: em caso de
Gera algumas obrigações que devem
extravio
ser suportadas pelo proprietário do
Registro
bem tombado.
especial
Retirada do
Obrigações de país
não-fazer:
Não destruição
35
Obrigação de
Fiscalização
suportar:
36
enquanto durar a situação de risco.
DESAPROPRIAÇÃO
É forma originária de aquisição de propriedade por meio da qual o Estado intervém na
propriedade modificando a titularidade do bem, transformando-o em bem público, mediante o
pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro ao proprietário.
O bem desapropriado chega ao acervo do Estado livre de quaisquer ônus de natureza real.
37
federativa".
38
objetivo de garantir a função social à propriedade.
39
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão.
40
DESAPROPRIAÇÃO A competência declaratória, ou seja, a atribuição
para declarar a utilidade ou necessidade pública e o
interesse social dos bens privados para fins de
desapropriação será, concorrente, de todos os entes
federativos.
É através da declaração de
utilidade pública que o Poder
Público manifesta o seu interesse
na desapropriação. Essa declaração
pode ser feita de duas formas, por
meio de Decreto ou mediante a
FASES DECLARATÓRIA edição de lei de efeitos concretos –
42
O ente público pode se imitir na Declaração de urgência;
posse do bem, antes do fim da
ação, desde que cumpra os Depósito do valor incontroverso da
IMISSÃO Declarada a urgência da imissão pelo Estado, este terá o prazo de 120
PROVISÓRIA NA dias para requerer ao juízo a imissão. Caso escoe esse prazo, a urgência
POSSE
não pode ser renovada.
JUROS
Já os juros compensatórios começam a incidir a partir do momento em
MORATÓRIOS
que o particular perde a posse do bem, ou seja, a partir da data de
X
JUROS imissão provisória na posse efetivada pelo ente estatal, no percentual de
43
mantendo-se a finalidade genérica, qual seja a busca do interesse
público, a tredestinação será lícita.
44
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
A) o tombamento.
B) a desapropriação.
C) a requisição administrativa.
D) a servidão administrativa.
E) o arrendamento compulsório.
Comentário:
45
São exemplos comuns de servidão a colocação de placa com nome da rua na
fachada do imóvel; a passagem de fios e cabos pelo imóvel; a instalação de torres de
transmissão de energia em terreno privado.
Questão 2
(CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto.) Assinale a opção que indica a
denominação dada ao direito do expropriado de exigir de volta o imóvel objeto de
desapropriação na hipótese de o poder público não dar o destino adequado ao bem
desapropriado.
A) desapropriação indireta
B) enfiteuse
C) tredestinação
D) retrocessão
E) servidão administrativa
Comentário:
46
Questão 3
B) Nas ações de desapropriação não se incluem as parcelas relativas aos juros compensatórios
e moratórios.
Comentário:
a) Errado:
Trata-se de assertiva que destoa da Súmula 141 do STJ, que assim enuncia:
b) Errado:
47
"Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as
parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas."
c) Errado:
d) Certo:
e) Errado:
Questão 4
48
C) De acordo com o STJ, como não há dispositivo expresso proibindo a hierarquização para o
tombamento, os municípios podem tombar bens públicos estaduais.
D) O tombamento pode ser voluntário ou compulsório, mas não pode ser instituído de ofício.
Comentário:
Questão 5
49
A) requisição administrativa, que não exige autorização do Poder Judiciário e acarreta o dever
de indenização posterior;
B) ocupação temporária, que exige prévia autorização do Poder Judiciário e não demanda
indenização;
Comentário:
Questão 6
50
A) agiu incorretamente o município, visto que a desapropriação, na hipótese descrita, seria de
competência privativa da União.
C) agiu corretamente o município, visto que a notificação prévia somente seria exigível em
caso de imóvel subutilizado, sendo dispensável no caso descrito.
E) agiu incorretamente o município, visto que a desapropriação somente seria admissível após
prévia notificação e, sucessivamente, aplicação de IPTU progressivo no tempo.
Comentário:
A propriedade urbana deve atender as exigências definidas no Plano Diretor da
Cidade, de forma a atender à sua função social. Nesse sentido, o art. 182 da Constituição
Federal estabelece que "A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes".
Por sua vez, o art. 182. § 4º, da Constituição Federal dispõe que:
51
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
Questão 7
A) expropriação.
B) desapropriação direta.
C) desapropriação indireta.
D) desapropriação sancionatória.
Comentário:
52
ou seja, o Estado comete ato ilícito. Também é conhecida pela doutrina com a designação de
apossamento administrativo.
Questão 8
Certo
Errado
Comentário:
Questão 9
53
C) Pela demora no pagamento do preço da desapropriação caberá indenização complementar
além dos juros.
Comentário:
54
Alternativa "e": Errada. Súmula 157: É necessária prévia autorização do Presidente da
República para desapropriação, pelos Estados, de empresa de energia elétrica.
Questão 10
Certo
Errado
Comentário:
55
Questão 11
(FGV – 2012 – PC-MA – Escrivão de Polícia) Com vistas a construir uma nova praça pública,
com ginásio esportivo e instalações para o lazer de crianças, o município “X" desapropria
diversos imóveis comerciais. Jackson, empresário que teve a maior parte do seu
empreendimento comercial desapropriado, exige que o Poder Público o indenize também pelo
restante do terreno, que não foi incluído na desapropriação. Jackson argumenta que a
pequena área restante é inócua, após a expropriação da maior parte da área comercial.
B) Jackson não tem direito a indenização suplementar, uma vez que o município não se
utilizará da área remanescente, podendo o empresário tentar vender o imóvel.
E) Com a declaração de utilidade pública para fins de expropriação, o Poder Público poderá,
em caso de urgência, iniciar obras na propriedade antes de proposta a ação judicial, visto que
o decreto de desapropriação é auto-executável.
Comentário:
56
Isso porque uma vez que o Estado desapropriou somente uma parte da propriedade de
Jackson, sobrando uma fração da área que restou inócua, o proprietário tem o direito de
exigir que a desapropriação se estenda ao que restou do bem (direito de extensão).
57
GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - D
Questão 3 - D
Questão 4 - C
Questão 5 - A
Questão 6 - E
Questão 7 - C
Questão 8 - CERTO
Questão 9 – B
Questão 10 – ERRADO
Questão 11 – C
58
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
59
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Os dois tipos testão previstos nos art. 7 a 9 do decreto lei 25/37, vejamos:
60
contar do recebimento da notificação, ou para si o quisér impugnar, oferecer dentro do
mesmo prazo as razões de sua impugnação.
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que
se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.
Segundo a professora Licínia, os bens móveis e imóveis existentes no País cuja conservação
seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico, só
serão considerados parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional depois de
inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo.
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
61
Interessante jurisprudência sobre o tema que, apesar de não ser recente, continua em
debate:
FONTE: ROSSI, Licínia Manual de direito administrativo / Licinia Rossi. – 6. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2020. p. 1269.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às
obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras,
sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano
sofrido pela mesma coisa.
Pela leitura do art. 19 entende-se que caso não disponha de recursos é que o particular
iniciará processo solicitando ao Serviço de Patrimônio a realização das obras de reparo.
A questão já chegou ao STJ, caso de pessoas que dispõe de recursos mas não querem
dispender do seu patrimônio para reparar as obras. No entanto o referido tribunal ratificou
a literalidade do art. 19 do DL n. 25/37, vejamos:
62
Turma. AgRg no AREsp 176140-BA, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/10/2012 (Info
507).
63
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Função social:
Desapropriação:
CFRB/88: art. 5º, XXIV, art. 22, II, art. 185, art. 186
Decreto-lei 3.365/41
Lei 4.132/62
STF: súmula nº 23, nº 479, SV nº 17
STJ: súmula nº 12
Lei nº 4.504/64
Lei Complementar 76/93
Lei 8.257/91
Servidão Administrativa:
Requisição Administrativa:
Tombamento:
Decreto-Lei 25/37
64
JURISPRUDÊNCIA
Desapropriação Indireta:
REsp 1653169/RJ, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 19/11/2019, DJe 11/12/2019
65
real de titularidade do particular, devendo ser observados os princípios da instrumentalidade
das formas e da primazia da solução integral do mérito. Doutrina.
IV - Recurso especial provido.
66
POSSIBILIDADE DE PROVA EM SENTIDO CONTRÁRIO. PRAZO DE QUINZE ANOS.
EXCEÇÃO.
1. Conforme a jurisprudência, é irrelevante para o conhecimento dos embargos de divergência
o fato de não estar o acórdão paradigma transitado em julgado.
2. A divergência entre os órgãos fracionários deste Colegiado é evidente. Para a Primeira
Turma, o prazo é de 15 anos, na medida em que o parágrafo único do art. 1.238 do Código
Civil destina-se especificamente a regular os direitos do posseiro particular que ocupa o
imóvel para uso residencial ou produtivo. Para a Segunda Turma, o prazo de 10 anos de
referido dispositivo é plenamente aplicável à desapropriação indireta, por presumir-se a
implementação pelo Poder Público de obras ou serviços de utilidade pública ou interesse
social.
3. O conceito de desapropriação indireta retrata situação fática em que a Administração, sem
qualquer título legítimo, ocupa indevidamente a propriedade privada. Incorporado de forma
irreversível e plena o bem particular ao patrimônio público, resta ao esbulhado apenas a ação
indenizatória por desapropriação indireta.
4. A jurisprudência conferiu a essa ação indenizatória caráter de direito real, equiparando seu
prazo prescricional ao da ocorrência de usucapião em favor do ente público.
5. A adoção das regras de Direito Privado decorre unicamente de construção jurisprudencial.
Para aplicação ao Direito Administrativo de normas do Código Civil de 2002 destinadas a
regular relações estritamente particulares, é preciso interpretá-las de forma temperada. No
caso da desapropriação indireta, inexiste sequer norma positiva no Direito Administrativo, não
podendo se exigir da lei civil essa disposição.
6. Todo o sentido do Código Civil é pela ponderação entre os direitos de propriedade do
particular e o interesse coletivo. No equilíbrio entre eles, está a função social da propriedade.
Assim, plenamente aplicável o parágrafo único às hipóteses de desapropriação indireta, por
presunção de haver o Estado implantado obras ou serviços de caráter social ou utilidade
pública.
7. A presunção é relativa, podendo ser afastada pela demonstração efetiva de inexistência de
referidas obras ou serviços.
67
8. Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação
indireta é decenal. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso
concreta e devidamente afastada a presunção legal.
9. No caso dos autos, o acórdão da origem demonstra tratar-se de desapropriação indireta
pela construção de rodovia, hipótese de incidência da regra geral. A obra foi realizada em
1976. O decreto de utilidade pública editado em 1994 interrompeu a prescrição.
Aplicando-se a regra de transição do Código Civil de 2002, o prazo prescricional de 10 anos
teve início em 11/1/2003. Tendo a presente ação sido ajuizada em agosto de 2013, é forçoso
o reconhecimento da prescrição.
10. Embargos de divergência providos.
Desapropriação:
REsp 1668058/ES, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 08/06/2017, DJe 14/06/2017
68
3. Recurso especial não provido.
69
4. Provido o REsp 1.368.773, com a consequente homologação do pedido de desistência
formulado em 1º grau, o REsp 1.527.256 fica prejudicado.
É POSSÍVEL A DESISTÊNCIA DA DESAPROPRIAÇÃO A QUALQUER TEMPO, DESDE QUE NÃO
SEJA IMPOSSÍVEL O IMÓVEL SER UTILIZADO COMO ANTES 5. A jurisprudência do STJ
consolidou-se no sentido de que é possível a desistência da desapropriação, a qualquer
tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que ainda não tenha havido o pagamento
integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que impeça que
seja utilizado como antes.
Entendimento fixado a partir do REsp 38.966/SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, Segunda
Turma, julgado em 21/2/1994.
A DESISTÊNCIA É DIREITO DO EXPROPRIANTE E A IMPOSSIBILIDADE É FATO IMPEDITIVO DO
SEU EXERCÍCIO - QUESTÃO JURÍDICA - NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ 6. A alegada
violação ao art. 267, VIII, do CPC/1973 é passível de conhecimento, não havendo óbice trazido
pela Súmula 7/STJ. O problema se resolve por uma questão de direito, pertinente ao ônus da
prova.
7. O acórdão recorrido imputou indevidamente à desapropriante o ônus de provar que o
imóvel de cuja expropriação pretende desistir não foi afetado fisicamente ou em sua finalidade
econômica.
8. Se a desapropriação se faz por utilidade pública ou interesse social, uma vez que o imóvel
já não se mostre indispensável para o atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra,
possível a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do atingido à ação de
perdas e danos. Essa desistência só não será possível se já tiver sido pago integralmente o
preço, pois nessa hipótese já terá se consolidado a transferência da propriedade do
expropriado para o expropriante, ou se tiverem sido feitas alterações de tal monta no imóvel
que impeçam que ele possa ser utilizado como antes.
9. A regra é a possibilidade de desistência da desapropriação.
Contra essa, pode ser alegado fato impeditivo do direito de desistência, consistente na
impossibilidade de o imóvel ser devolvido como recebido ou com danos de pouca monta.
10. Por ser fato impeditivo do direito de o expropriante desistir da desapropriação, é ônus do
70
expropriado provar sua existência, por aplicação da regra que vinha consagrada no art. 333, II,
do CPC/1973, hoje repetida no art. 373 do CPC/2015.
O ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ESTABELECEU A IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DO
IMÓVEL AO SEU ESTADO ANTERIOR 11. O acórdão recorrido não dispôs como fato que estava
provado ser inviável restituir o imóvel como se encontrava antes. O que ele estabeleceu é que
a Cesp não tinha feito essa prova, tanto que deixou aberta a possibilidade de novo pedido de
desistência no futuro, como se vê do trecho final do voto do relator: "Ressalvo, contudo, que,
em sendo comprovado, sem sombra de dúvidas, após a conclusão da fase de instrução
processual, que realmente não foram nem serão afetados os imóveis da requerida pelas
diversas fases do represamento, obviamente que a desistência poderá ser requerida
novamente, para que o processo não se transforme em meio de enriquecimento ilícito da
exproprianda" (fls. 989-990).
EMENTA DO ACÓRDÃO RECORRIDO JÁ MOSTRA A INVERSÃO INDEVIDA DO ÔNUS DA
PROVA 12. A própria ementa do acórdão recorrido afirma que "É possível, diante do interesse
público, a desistência de ação expropriatória de área localizada em região de alagamento de
usina hidrelétrica, mesmo após a fase de contestação e reconvenção, ainda que já tenha sido
levantado o depósito indenizatório prévio, mas desde que o desistente comprove que a
inundação não afetou fisicamente o imóvel expropriando nem comprometeu a sua finalidade
econômica, circunstância não ocorrida na espécie" (fl. 991).
DAS QUATRO DESAPROPRIAÇÕES DE ÁREAS CONTÍGUAS, O TJMS HOMOLOGOU A
DESISTÊNCIA DE DUAS 13. Eram quatro as ações de desapropriação ajuizadas pela Cesp
contra a mesma empresa. Além dos processos 021.00.020712-1 e 021.00.030741-0, ainda em
curso, havia os processos 021.00.020711-3 e 021.00.000013-3, nos quais a desistência das
desapropriações foi homologada pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.
14. A homologação da desistência da desapropriação 021.00.000013-3 foi feita nos autos do
Agravo 020.02.007781-0, que recebeu a ementa: "AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE
DESAPROPRIAÇÃO - INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO -
DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL QUE DEIXOU DE SER ÚTIL E NECESSÁRIA - PREVALÊNCIA DO
INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR - RECURSO PROVIDO. Desaparecendo o interesse
71
público em desapropriar certa área, em virtude da limitação da cota de operação e com o
não-alcance do mesmo imóvel pelas águas da represa, deve ser deferido o pedido de
desistência da ação, já que não se pode obrigar a agravante a adquirir um bem imóvel com
dinheiro público e, tampouco, condená-la a pagar indenização por algo que não precisa nem
deve integrar seu patrimônio, visto que prevalece o interesse coletivo sobre o particular".
15. E do voto consta a observação: "... é de se estranhar o presente caso, já que diverso dos
outros casos de desapropriação que chegam ao Poder Judiciário, neste o expropriado quer
seja o bem adquirido pelo expropriante. Se a agravada valoriza tanto o bem e dele retira um
quantum monetário que lhe interessa, através de exploração de minerais, deveria então estar
sendo a favor da desistência" .
OBRIGAR O PODER PÚBLICO A FICAR COM BEM DE QUE NÃO PRECISA VIOLA A
CONSTITUIÇÃO 16. A Constituição, no seu art. 5º, XXIV, estabelece que "a lei estabelecerá o
procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social". Obrigar o poder público a ficar com um bem de que não precisa certamente não
atende nenhuma dessas finalidades, mas apenas o interesse particular do expropriado que,
aparentemente, acredita que jamais conseguirá obter com a venda de cascalho e produtos do
gênero o valor bilionário arbitrado como indenização.
INVERTER O ÔNUS DA PROVA VIOLA O DEVIDO PROCESSO LEGAL E O PRINCÍPIO DA
PREPONDERÂNCIA DO INTERESSE PÚBLICO 17. Da mesma forma, na hipótese dos autos,
inverter o ônus da prova em detrimento do ente público viola a cláusula do devido processo
legal, estabelecida no art. 5º, LIV, da Constituição; foi o que fez o acórdão recorrido. E, no
caso, há o agravante de que é até intuitivo que, não sendo mais inundada a área, a mineração
poderá ser retomada, razão pela qual mais lógico ainda é exigir que seja a empresa a ter o
ônus de demonstrar a impossibilidade de voltar a exercer a atividade de areia industrial,
cascalho e sílex no local.
18. Em última ratio, é a coletividade que terá de pagar cerca de um bilhão de reais por
direitos minerários que, é razoável pensar, se tivessem mesmo esse valor, seriam bem
recebidos de volta por seu titular.
CONCLUSÃO 19. Como a regra é a possibilidade de desistência da desapropriação, o
72
desistente não tem de provar nada para desistir, cabendo ao expropriado requerer as perdas e
danos a que tiver direito por ação própria. Pretendendo o réu, porém, impedir a desistência,
poderá alegar que não há condição de o bem ser devolvido no estado em que recebido ou
com danos de pouca monta, mas é seu o ônus da prova.
20. No caso concreto, não cabia à Cesp fazer a prova pretendida pelo acórdão recorrido. Ela,
como expropriante, tinha o direito de desistir da desapropriação, com base no art. 267, VIII, do
CPC/1973, podendo a Aeroceânica buscar a reparação de perdas e danos em ação própria. Se
esta pretendia impedir a desistência sob o fundamento de que a sua atividade mineradora
tinha sido inviabilizada, cabia a ela provar esse fato impeditivo do direito de desistência e não
o contrário.
21. Recurso Especial parcialmente conhecido, no que tange à alegação de violação ao art. 267,
VIII, do CPC/1973, e, nessa parte, provido para homologar o pedido de desistência da
desapropriação formulado pela Cesp em 1º grau, ressalvado o direito da Aeroceânica
promover ação de perdas e danos para reparação de prejuízos que eventualmente lhe
tenham, concretamente, sido causados.
Limitação Administrativa:
AgRg no REsp 1317806/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/11/2012, DJe 14/11/2012
73
limitação administrativa, cujos prejuízos causados devem ser indenizados por meio de uma
ação de direito pessoal, e não de direito real, como é o caso da ação em face de
desapropriação indireta.
3. Assim, ainda que tenha havido danos aos agravantes, em face de eventual esvaziamento
econômico de propriedade, devem ser indenizados pelo Estado, por meio de ação de direito
pessoal, cujo prazo prescricional é de 5 anos, nos termos do art. 10, parágrafo único, do
Decreto-Lei n. 3.365/41. Agravo regimental improvido.
Tombamento:
ACO 1208 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
24/11/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-278 DIVULG 01-12-2017 PUBLIC 04-12-2017
Agravo em ação cível originária. 2. Administrativo e Constitucional. 3. Tombamento de bem
público da União por Estado. Conflito Federativo. Competência desta Corte. 4. Hierarquia
verticalizada, prevista na Lei de Desapropriação (Decreto-Lei 3.365/41). Inaplicabilidade no
tombamento. Regramento específico. Decreto-Lei 25/1937 (arts. 2º, 5º e 11). Interpretação
histórica, teleológica, sistemática e/ou literal. Possibilidade de o Estado tombar bem da União.
Doutrina. 5. Lei do Estado de Mato Grosso do Sul 1.526/1994. Devido processo legal
observado. 6. Competências concorrentes material (art. 23, III e IV, c/c art. 216, § 1º, da CF) e
legislativa (art. 24, VII, da CF). Ausência de previsão expressa na Constituição Estadual quanto à
competência legislativa. Desnecessidade. Rol exemplificativo do art. 62 da CE. Proteção do
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico regional. Interesse estadual. 7.
Ilegalidade. Vício de procedimento por ser implementado apenas por ato administrativo.
Rejeição. Possibilidade de lei realizar tombamento de bem. Fase provisória. Efeito meramente
declaratório. Necessidade de implementação de procedimentos ulteriores pelo Poder
Executivo. 8. Notificação prévia. Tombamento de ofício (art. 5º do Decreto-Lei 25/1937).
Cientificação do proprietário postergada para a fase definitiva. Condição de eficácia e não de
validade. Doutrina. 9. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 10.
Agravo desprovido. 11. Honorários advocatícios majorados para 20% do valor atualizado da
causa à época de decisão recorrida (§ 11 do art. 85 do CPC).
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 30 Ed. São
Paulo: Atlas, 2016.
CARVALHO, Matheus. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 3 ed. Salvador: JusPODIVM,
2016.
MAZZA, Alexandre. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO – 9. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 5 ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ed. rev. atual e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2019.
75