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Questionário do texto

sobre a refundação de
Évora durante o
período islâmico

17 MARCH

Docente: Fernando Branco Correia


Discente: Maria Romão

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Este texto sobre Évora é o primeiro a ser publicado com critérios científicos, o que torna a sua leitura
mais complicada. É um texto que nos fala sobre os vários séculos de que quase não se fala em
Portugal, que se chamam séculos de domínio árabe ou islâmico, ou seja, parte da história que
normalmente não entra na narrativa da história portuguesa, onde há também cristãos, judeus,
muladis (ibéricos que se ligam ao domínio islâmico, que se convertem/aproximam).
É uma redação sobre uma Évora que foi arrasada em 913 e foi reconstruída a partir do ano seguinte.
E é a partir dessa reconstrução, que Évora afirma-se como uma grande cidade.

1. Ibn Hayyan, foi um grande historiador cordovês do séc. XI. Escreveu a ilustre compilação
cronográfica, constituída por alguns volumes de al-Muqtabas, com passagens alusivas a
Gharb. Este relato de Hayyan, é uma exposição aprofundada sobre o estado das muralhas
de Évora, durante a sua ocupação e a sua reconstrução, fito de evitarem outro ataque.
Por palavras mais simples, é o autor deste texto.

2. Este texto fala-nos de 3 Surumbaqi: Sa´dún, Fath (pai) e o filho de Sa´dún.


A família dos Surumbaqi são muladis recentemente islamizados que andavam pela zona do
baixo Alentejo e não de davam bem com o governador da região de Beja, que era a cidade
principal na altura. Ficam então em Évora após em 914-915 um contingente de Badajoz
reerguer a muralha. Esta família vai ser importante em Évora durante o período islâmico/
do al- Andalus.
As-Surunbáqui foi o restaurador de Évora, e é aí instalado pelo seu aliado, o senhor de
Badajoz Jilíqui, a cidade encontrava-se completamente destruída e nas mãos dos infiéis.
Surunbáqui reconstrói as muralhas e os edifícios, de forma a que Évora seja novamente
habitada. Ao mesmo tempo, ao lado de Marwan, dominou não só a zona intermediária
abandonada e arrasada, mas também a área de fronteira entre os impérios cristãos e a
área muçulmana. (Apesar da reconstrução e repovoamento da cidade se ter iniciado em
período emiral, é sob a alçada do califa ‘Abd al-Rahmān III que se concretiza).
Em outros termos, a cidade foi reconstruída e repovoada pelo muladí Úd Ibn Sa´dún as-
Surunbáqi, a mando de Ibn Marwan, ficando sob alçada de Badajoz, o que será força motriz
para assegurar o seu renascimento económico e cultural.

3. Originário de Mérida, Ibn Marwan foi um líder militar e religioso. Criou uma espécie de
reino independente sediado em Badajoz, cidade da qual é considerado fundador. Deu
nome à vila de Marvão (fundada também pelo mesmo), e cujo castelo construiu entre 876
e 877.
Segundo Hayyan, “Afastou-se das fileiras muçulmanas para entrar nas dos cristãos, cuja
amizade preferiu à dos que dirigem a sua oração em direção à qibla”. Pertencia também a
uma família de muladis, filho de Iunus Aliliqui.
O seu descendente teve um papel importante no renascer da cidade de Évora.

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4. Em finais do século IX e começo do X, Évora era parte do senhorio de Badajoz fundado por
Ibn Marwan.
E em 913, num momento em que o poder do emir de Córdova está em declínio, dá-se o
caso contrário com o reino de Leão. Ordonho II faz uma incursão a sul, sem nenhum plano
definido. Apercebendo-se de que Évora é vulnerável, resolve atacá-la. Como consta no
texto, há altos montes de lixo encostados às muralhas pelo lado de fora e que a plataforma
não está protegida por ameias. A população islâmica, que não esperava um ataque, resiste
como pode, mas o tiro dos arqueiros torna difícil a permanência no topo da muralha. Com
o auxílio do lixo esta é escalada, sendo aberta uma brecha num ponto onde a tinha sido
remendada. É desta forma, graças ao mau estado das muralhas romanas, que Ordonho
tomou Évora e massacrou a população. Évora fica destruída e sem população praticamente.
Marwan foi morto na sua (própria) mesquita e Ordonho abandonou a cidade com 4 mil
cativos entre mulheres e crianças. Destruiu aqueles que lhe podiam fazer frente, aqueles
que podem empenhar armas, homens em idade com força física e levou o resto da
população para que algum familiar que os queira recuperar, pagasse resgate (uma das
formas de fazer guerra durante a idade média).
Devido aos problemas com a muralha, podemos presumir que a cidade estava a passar por
dificuldades, pois para além da cidade não estar bem defendida, as defesas não estavam
bem construídas. Havia alguns problemas com a governação da cidade.
O saque a Évora foi ato de afirmação de Ordonho II de se afirmar enquanto força militar, e
só vai ser proclamado Rei de Leão, depois desta ação sobre Évora e outras zonas. Ordonho
ficou visto como um grande cavaleiro, líder de homens e nobres.
Posto isto, em muitas cidades onde também havia lixo em redor das muralhas, que
tivessem em mau estado, e ao facto de Ordonho ter feito o que fez em Évora, começaram a
recuperar castelos rapidamente. Episódio que é importante para os Arqueólogos e para as
pessoas ligadas ao Património pois, o século IX e inícios do século X, é um período de
melhoramento das muralhas.
No ano seguinte, em 914 a cidade foi repovoada com aliados do senhor de Badajoz da
época, Abd Allâh ibn Marwân al-Jilliqî (neto do Emir Abderramão III). Ele vai com alguns
homens arrasar o resto da muralha para que os berberes não ocupassem Évora e
causassem problemas.
A muralha da cidade foi reconstruída seguindo o traçado do muro romano da Antiguidade,
e os edifícios da cidade restaurados. Os Banu Jilliqi de Badajoz forneceram homens e
material para essa reconstrução.
Depois de tal acontecimento, a cidade de Évora foi beneficiada, colocando-a sob a alçada
de Badajoz. O centro eborense era um importante ponto de apoio militar para a cidade de
Badajoz. Posteriormente, Évora, tornou-se a segunda cidade mais importante do reino taifa
de Badajoz. O florescer económico de Évora prende-se com a sua localização geográfica,
preeminente para os objetivos comerciais, militares e políticos de Badajoz.
Mas porquê Évora? Certamente havia comércio e Ordonho II queria arranjar uma
campanha que lhe desse prestígio, que lhe desse força. E também devido ao mau estado
das marulhas.

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