Você está na página 1de 11

CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO PIAUÍ

FACULDADE UNINASSAU – CAMPUS REDENÇÃO


BACHARELADO EM FARMÁCIA
Disciplina: Farmacognosia Aplicada Turno: Noite
Professora: DRª. Lyghia Maria Araújo Meirelles

DOSSIÊ DE ESPÉCIE
SENE

Clara Emanuele dos Santos Batista - 20012508


Francisco André de Andrade - 20011606
Keliane da Conceição Silva - 20012589
Samara de França Silva - 2007168
Tacyana Pires de Carvalho Costa - 20000334

Teresina PI
2020
Introdução

O fitoterápico e chá de Sene (Senna alexandrina Miller syn. Cassia


angustifolia Vahl) são amplamente consumidos pela população brasileira por suas
propriedades laxativas, atribuídas aos compostos antraquinônicos, e seu baixo
custo quando comparado a outras espécies com mesma atividade.
Mesmo com o desenvolvimento de novos fármacos de origem sintética, é
visível o crescente uso de produtos naturais na produção de medicamentos. Isso
se deve a diversos fatores, tais como a insatisfação de pesquisadores e usuários
com a eficácia e o custo dos medicamentos sintéticos, e a dificuldade em se
produzir em laboratório substâncias presentes em espécies vegetais que possuem
atividade terapêutica.
Embora as plantas medicinais sejam conhecidas como parte da cultura
popular, nas últimas décadas o interesse pela Fitoterapia teve um aumento
considerável entre usuários, pesquisadores e serviços de saúde. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS) 80% da população dos países em
desenvolvimento utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde
e 85% usam plantas medicinais ou preparações destas. A necessidade de valorizar
a utilização de plantas medicinais no âmbito sanitário e na atenção básica à saúde
é uma preocupação da OMS (SOUZA et al., 2013).
Senna é um dos mais conhecidos gêneros da família Leguminoseae,
ocorrem como árvores, arbustos ou subarbustos, em diversas partes do mundo
com flores exuberantes (MACEDO et al., 2016).
Atualmente o consumo do sene, sem prescrição médica ou sem orientação
farmacêutica, revela-se um perigo para a nossa sociedade, pois as pessoas
pensam que por ser natural não faz mal. A utilização inadequada, pode trazer uma
série de efeitos colaterais. O uso prolongado pode danificar a sensibilidade da
parede do intestino, agravando ainda mais o problema. A perda dessa
sensibilidade faz com que o usuário tenha a sensação de que o laxante perdeu o
efeito, o que leva a usar quantidades cada vez maiores.
Farmacoetnologia
Sene também é conhecido como Cassia sena, sene-da-índia, entre outros
nomes regionais, é originada do norte da África, inclusive já era muito utilizada
pelos curadores do Egito antigo (Figura 1). Levada até a Índia por médicos árabes,
foi incluída na Medicina Tradicional Indiana por muito tempo. Atualmente os
maiores produtores são a Índia e países do norte da África, e sua distribuição se
estende às áreas quentes e secas do centro-norte da África, via Sudão, Egito, e do
leste ao sul da Índia, via Arábia.
Possui como principais propriedades a laxante e purgativa, atuando sobre a
mucosa intestinal estimulando seu funcionamento. Não deve ser usada de forma
desnecessária e nem por um longo período.
Historicamente o chá de Sene era usado para tratar febre, indigestão,
desinteria, bronquite, convulsão, doenças de pele, entre outros tratamentos, porém
a partir do final do século XIV, se tornou o chá laxativo mais usado no mundo. Seu
principal uso é para o tratamento da obstipação aguda e temporária, sendo muito
eficaz. Recomenda-se tomar à noite, pois os ativos presentes na planta irritam os
músculos do cólon e geralmente causam a evacuação 6-8 horas depois.

Figura 1. Sene - Senna alexandrina Mill.


FONTE: Kooperation Phytopharmaka
Disponível em: https://www.koop-phyto.org/en/medicinal-plants/senna.php.
Acesso em: 10 de novembro de 2020.
Farmacobotânica
Nome científico: Senna alexandrina Mill.
Sinonímia científica: Cassia angustifolia Vahl; Cassia senna L.
Família: Fabaceae.
Aspectos botânicos: Subarbusto perene, caracterizado por apresentar uma
altura entre 0,75 cm a 2 m de altura, folhas compostas paripenadas, divididas em
4-8 folíolos inteiros, medindo de 2-6 cm de comprimento por 4-14 mm de largura,
em contorno lanceolado ou oval-lanceolado, de cor verde amarelada, apresentando
ápice agudo, base assimétrica e margem lisa. Flores pequenas e numerosas,
agrupadas em racemos, com pétalas amarelas (Figura 2A). O fruto é uma vagem
achatada (Figura 2B), membranosa e deiscente, medindo de 15-17 mm de largura,
de cor verde (com o tempo torna-se marrom).

A B

Figura 2. (A) flores e grupamento de racemos de Sene - Senna alexandrina Mill.


(B) vagem Sene - Senna alexandrina Mill.
FONTE: Horto didático de plantas medicinais do HU/CCS
Disponível em: https://hortodidatico.ufsc.br/sene/.
Acesso em: 10 de novembro de 2020.

Partes usadas: Folhas secas ou frutos (vagens).


Uso popular: As folhas secas de sene e os frutos como laxante para o
tratamento de constipação aguda.
Composição Química: extrato padronizado em 10% de senosídeo.
Antraquinonas: licósidos de diantrona, os senósidos C e D (heterodiantrona de rína
aloe-emodina). Antraquinonas livres: reina, aloe-emodina, crisofanol e seus
glicosídeos. Carboidratos: polissacarídeos. Mucilagem: galactose, arabinose,
ramnose, ácido galactose, arabinose, ramnose, ácido galacturônico, manose,
frutose, glicose, pinitol e sacarina. Flavonoides: isoramnetina e o kaempferol.
Glicosídeos: 6-hidroximusizina e tinevelina. Outros componentes: ácido crisofânico,
ácido salicílico, saponinas, resina, manitol, tartrato duplo de sódio e potássio. Óleo
volátil. A fração lipofílica das folhas contém 80% de clorofila e 10% de ceras.

Metabólicos secundários predominante


As quinonas/antraquinonas (Figura 3) constituem um caráter
quimiotaxonômico nas espécies do gênero Senna sendo responsáveis pela
atividade biológica laxante (LEÃO, 2015)

Figura 3. Representação estrutural do esqueleto básico das antraquinonas


FONTE: Macedo et. al., (2016)
Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v8n1a13.pdf.
Acesso em: 11 de novembro de 2020.

Propriedade farmacológica atribuídas a espécie


O sene possui propriedades laxativas, purgativas, depurativas e vermífugas
e, por essa razão é muito utilizado para tratar problemas gastrointestinais,
especialmente a prisão de ventre. No entanto, uma vez que deixa as fezes mais
moles, também pode ser usado para aliviar o desconforto da defecação em
pessoas com fissura anal e hemorroidas.
Principais métodos de extração
No Brasil, comercializam-se desde plantas frescas, secas, grosso modo
seccionadas, moídas ou rasuradas, a princípios ativos processados por métodos
apropriados de extração (destilação, percolação, maceração e outros) (Figura 4).

Figura 4. Percolador
FONTE: https://docplayer.com.br/50234494-Topico-2-processos-de-extracao. html.
Acesso em: 11 de novembro de 2020.

Parte utilizada para o preparo do chá:


Folhas secas ou frutos (vagens). O método de extração que é utilizado no
preparo do chá é a infusão.
Para o chá deve-se dar preferência às folhas verde de sene, pois possuem
um efeito mais ativo no organismo, especialmente quando comparadas à sua
versão seca. Além disso, quanto mais verde for a folha, mais forte será o efeito.
Coloca-se a erva numa panela ou xícara, acrescenta-se a água e deixa em
repouso por 5 minutos. Embora o chá seja uma opção prática de consumir sene,
esta planta também pode ser encontrada sob a forma de cápsulas, que podem ser
vendidas em lojas de produtos naturais e algumas farmácias, e que normalmente
são ingeridas na quantidade de 1 cápsula de 100 a 300 mg por dia.
Idealmente, o sene só deve ser utilizado com orientação de um médico,
fitoterapeuta ou naturopata e até uma período máximo de 7 a 10 dias consecutivos.
Se após esse período, a prisão de ventre se mantiver, é aconselhado consultar um
clínico geral ou gastroenterologista.
O uso contínuo de chá de sene podem causar melanose reto-cólica, uma
condição pré-maligna.
Sene em cápsulas:
Nas capsulas é utilizado o extrato seco do sene e devem ser ingeridas
inteiras e com uma quantidade suficiente de água para que possam ser deglutidas.
- Extrato seco: 100 a 300 mg, uma a quatro vezes ao dia, em cápsulas
- Pó: 0,5 a 2 g ao dia (dose máxima de 3g)
A utilização de laxantes não deve ultrapassar o período de 1 semana.

Medicamento disponível no mercado


O Sene herbarium possue como princípio ativo o a folha do sene, o tempo
estimado para o início de ação deste medicamento é de 8 a 12 horas.
Sene Herbarium estimula as contrações no intestino grosso, resultando em
um trânsito acelerado do bolo fecal. Com isso, há uma diminuição na absorção de
líquidos pelo intestino grosso, o que mantém o conteúdo intestinal com grande
volume e pressão.

O mecanismo de ação laxativa:


Estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino,
aumentando a motilidade (possivelmente relacionado com a liberação ou com o
aumento da síntese de histamina ou outros mediadores);
Inibição da reabsorção de água, sódio e cloro através da inativação da
bomba Na+/k+-ATPase, (aumentando a secreção de potássio);
Inibição dos canais de Cl-, comprovada para inúmeros 1,8-
hidróxiantranóides (antroquinas e antronas).

Contra indicações:
Não deve ser utilizado em casos de constipação crônica, distúrbios
intestinais, tais como obstrução e estenose intestinal, atonia, doenças inflamatórias
intestinais.
Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos e para uso
por lactantes (mulheres amamentando).

Interações medicamentosas
A diminuição do tempo do trânsito intestinal (pela ação laxativa da droga)
poderá reduzir a absorção de fármacos administrados por via oral; outra
consequência da ação terapêutica da droga é o aumento da perda de potássio que
poderá potenciar os efeitos de glicosídeos cardiotônicos (digitalis e estrofanto).
Existindo a hipocalemia, por uso prolongado abusivo como laxativo, poderá ocorrer
intensificação da ação de fármacos antiarrítmicos, como a quinidina, que afeta os
canais de potássio. O uso simultâneo com outras drogas ou ervas que induzem
hipocalemia, como diuréticos tiazídicos, adrenocorticosteróides ou Glycyrrhiza
uralensis poderá exacerbar o desequilíbrio de eletrólitos. O uso prolongado do sene
pode resultar em redução da concentração de globulinas séricas, albuminúria e
hematúria, excreção de Aspartilglicosamina e hipogamaglobulinemia.

Efeitos adversos e/ou tóxicos:


O uso prolongado ou excessivo do sene provoca inicialmente diarreia com
espoliação de potássio e diminuição na concentração de globulinas séricas. A
longo prazo pode causar nefrite, colite ou constipação paradoxal.

Contra indicações:
O sene é contraindicado nas seguintes situações: obstrução intestinal,
apendicite, abdômen agudo, hipocalemia, enterite, enfermidade de Crohn, colite
ulcerosa, hemorroidas, crianças menores de 10 anos. Contraindicado também em
gestantes e lactantes.

Conclusão
Em virtude dos fatos mencionados fica claro a relevância da planta sene
devido aos seus benefícios que trata problemas gastrointestinais e especialmente à
prisão de ventre graças as suas fortes propriedades laxativas e purgantes. Embora
o seu uso prático como um chá deve ser utilizado com cautela e sob orientação
médica pois seu uso constante indiscriminado pode causar melanose reto-cólica,
uma condição pré-maligna.
Referências

LEÃO, Waleska de Figueirêdo. Avaliação e validação de metodologias


analíticas por UV-VIS e CLAE-DAD para quantificação de antraquinonas nos
frutos de Senna angustifolia Vahl (Fabaceae). Dissertação (mestrado) –
Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Ciências Biológicas. Inovação
Terapêutica, 2015.

MACEDO, E.M.S.; Alan e Silva, J. G.; Silva, M.G.V. Quimiodiversidade e


Propriedades Biofarmacológicas de Espécies de Senna Nativas do Nordeste do
Brasil. Revista Virtual de Química, vol. 8 (1), 169-195. Acesso em: 11 de
novembro de 2020.

SOUZA, C.M.P et al . Utilização de plantas medicinais com atividade


antimicrobiana por usuários do serviço público de saúde em Campina Grande -
Paraíba. Rev. bras. plantas med., Botucatu , v. 15, n. 2, p. 188-193, 2013 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
05722013000200004&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Nov. 2020.

https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/13167/1/8.pdf. Acesso em: 10 de


novembro de 2020.

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-
brasileira/arquivos/7989json-file-1. Acesso em: 09 de novembro de 2020.

https://www.koop-phyto.org/en/medicinal-plants/senna.php. Acesso em: 10 de


novembro de 2020.

http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v8n1a13.pdf. Acesso em: 08 de


novembro de 2020.

https://hortodidatico.ufsc.br/sene/. Acesso em: 10 de novembro de 2020.

https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/10/infa09.pdf. Acesso em: 09 de


novembro de 2020.
http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/antraquinonas.html. Acesso em: 10 de
novembro de 2020.

https://docplayer.com.br/50234494-Topico-2-processos-de-extracao.html. Acesso
em: 10 de novembro de 2020.
Interações medicamentosas
Essa estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino, e a
inibição da reabsorção de água, sódio e cloro através da inativação da bomba
Na+/K, o que aumenta a secreção de potássio e diminui o tempo do trânsito
intestinal (pela ação laxativa da droga), essa ação fisiológica, possibilita uma
redução de absorção de fármacos administrados por via oral; Esse aumento da
perda de potássio, também poderá potenciar os efeitos de glicosídeos
cardiotônicos (digitalis e estrofanto).

A Digitalis é como um impulsionador cardiovascular. Ela é capaz de


estimular o coração e evitar arritmias e outras desordens, ao fortalecer,
principalmente, o tecido muscular e aumentar a eficiência do coração sobre a forma
como bombeia o sangue por todo o corpo. A Digitalis é capaz de aumentar a
pressão arterial por enrijecer as artérias e vasos sanguíneos.

Então quando existe a hipocalemia (baixa concentração de potássio presente na


corrente sanguínea), por uso prolongado abusivo do laxativo, pode ocorrer uma
intensificação da ação de fármacos antiarrítmicos, como a quinidina, que afeta os
canais de potássio. O uso simultâneo com outras drogas ou ervas que induzem
hipocalemia, como diuréticos tiazídicos, adrenocorticosteróides ou Glycyrrhiza
uralensis poderá agravar o desequilíbrio de eletrólitos.
Eletrólitos (sódio, potássio, cloreto e bicarbonato) eles são minerais que
quando estão dissolvidos em um líquido como o sangue carregam uma carga
elétrica. Eles ajudam a regular as funções dos nervos e músculos e a manter um
equilíbrio ácido-base e um equilíbrio hídrico.
Em outras palavras os Eletrólitos são minerais responsáveis pelo transporte
de água para dentro das nossas células e também pelos impulsos elétricos do
nosso corpo, que por sua vez são importantes para os movimentos musculares,
para o funcionamento de órgãos vitais e também para uma hidratação.
Então pra ficar um pouco mais claro, nós precisamos entender que o chá de
Sene inibi a reabsorção de água, sódio e cloro através da inativação da bomba
Na+/K, é essa ação que aumenta a secreção de potássio, já os diuréticos
tiazídicos(tem como mecanismo de ação, inibir a ação do ion transportador Na+CL-
no túbulo distal com aumento de eliminação de Na+, Cl-, K+ e água).
Bomba de sódio e potássio é uma proteína da membrana plasmática que utiliza
energia ATP - transformando em ADP – pra levar íons de sódio (NA+) e potássio (K+)
para o meio intracelular e extracelular, consecutivamente.

Efeitos adversos e/ou tóxicos:


O uso prolongado do sene pode resultar em redução da concentração de
globulinas séricas(são indicadores limitados do metabolismo protéico, tendo mais
importância como indicadores de processos inflamatórios), albuminúria (que é a
perda de albumina na urina) e hematúria (presença anormal de eritrócitos na urina),
excreção de Aspartilglicosamina e hipogamaglobulinemia.

Contra indicações:
O sene é contraindicado em casos de obstrução intestinal, apendicite,
abdômen agudo, hipocalemia, enterite, enfermidade de Crohn, colite ulcerosa,
hemorroidas, crianças menores de 10 anos e claro... É Contraindicado o usos para
gestantes e lactantes.

Conclusão
Em virtude dos fatos mencionados fica claro a relevância da planta sene
devido aos seus benefícios que trata problemas gastrointestinais e especialmente à
prisão de ventre graças as suas fortes propriedades laxativas e purgantes. Embora
o seu uso prático como um chá deve ser utilizado com cautela e sob orientação
médica pois seu uso constante indiscriminado pode causar melanose reto-cólica,
uma condição pré-maligna.

Você também pode gostar