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Introdução
A educação atual está cercada por diferentes formas de ensinar e aprender. Essa
afirmativa é evidenciada pelos próprios alunos, que chegam à escola tendo acesso a todo tipo
de tecnologia digital, sendo considerados nativos digitais. Desta maneira, torna-se
imprescindível uma mudança por parte da escola visando acompanhar o mundo digital em que
os aprendizes vivem (JORDÃO, 2009). Ou seja, torna-se necessário utilizar como recursos as
TD, que ampliam o acesso aos conteúdos e permitem o desenvolvimento de aptidões
relacionadas a comunicação, busca por novas informações e autonomia por parte dos docentes
e aprendizes (TEZANI, 2011).
O uso das TD traz para a educação grandes possibilidades como a democratização do
acesso à informação, a interação aprimorada entre os pares e a redução das barreiras culturais,
facilitando a cooperação e colaboração. Todavia sua utilização também traz grandes desafios,
como a dificuldade de desenvolvimento da autonomia dos estudantes para seu uso, a ausência
de infraestrutura necessária para utilizá-las, e a possibilidade de distração por parte dos alunos
(ARPACI, 2015).
Desta forma, para inserir a tecnologia no meio escolar é preciso que o professor tenha
conhecimento sobre estas possibilidades e desafios para assim iniciar sua adoção e adaptação.
Neste contexto, a formação inicial de professores tem um papel importante na futura prática
docente. Maldaner (2003) afirma que os futuros professores tendem a reproduzir em sua prática
os exemplos que obtiveram na formação inicial. E por maiores que sejam as críticas, o método
de ensino tradicional ainda persiste na educação brasileira, com o seguinte cenário: o professor
transmissor, aluno passivo, aulas expositivas, conhecimento enciclopédico e explanação oral,
todos capazes de amplificar problemas como a evasão e a repetência (GARCÍA; PORLAN,
2000).
Diante dessa realidade torna-se necessário repensar o fazer pedagógico objetivando
atender às novas demandas da educação. Para Valente (2014), a implantação das TD na
educação podem ser importantes aliadas na implantação de instrumentos capazes de promover
mudanças e práticas inovadoras.
Tais práticas inovadoras podem estar embasadas no modelo didático desejável que
busca trabalhar com problematizações no ensino (GARCIA; PORLÁN, 2000). As
metodologias de ensino problematizadoras, metodologias ativas, tem o foco na realidade do
aprendiz, desse modo o protagonista da aprendizagem é o aluno e o professor tem o papel de
facilitar o processo de aprendizagem (BORDENAVE, 2003).
Segundo Carvalho (2013), ao propor um problema o docente estimula o seu aluno a
raciocinar e refletir sobre os assuntos, alcançando uma postura crítica e autônoma dos mesmos.
Dessa maneira, o papel do professor é o de encaminhar e orientar tais reflexões visando alcançar
a construção do conhecimento, bem como a aplicação deste conhecimento em diferentes
contextos sociais.
A partir do que foi discutido, percebe-se que a inserção das TD na escola trouxe junto
essa necessidade de um ensino diferente do tradicional, as metodologias problematizadoras ou
metodologias ativas apresentam essa possibilidade. Estas metodologias de ensino, as quais
buscam tornar os estudantes mais ativos no processo de aprendizagem já são conhecidas e
utilizadas há bastante tempo, mas sua adoção aliada às TD é algo mais recente. Nesse contexto
apresenta-se a metodologia de ensino denominada Sala de Aula Invertida (SAI), que segundo
Valente (2014) é uma modalidade de e-learning na qual o conteúdo e as instruções são
estudados on-line antes de o aluno frequentar a sala de aula, que agora passa a ser o local para
trabalhar os conteúdos já estudados, realizando atividades práticas como resolução de
problemas e projetos, discussão em grupo, laboratórios etc.
É comum se atribuir a criação dessa metodologia de ensino, aos professores americanos,
Aaron Sams e Jonathan Bergmann, porém as primeiras iniciativas datam da década de 90.
Segundo Valente (2014), a ideia da aula invertida não é nova e foi usada pela primeira vez 1996
na Miami University, quando perceberam que o formato de aula tradicional não funcionava
para alguns alunos. Apesar da experiência ter sido considerada bem-sucedida, pelo fato dos
alunos se apresentarem mais motivados, ela não foi à frente, talvez por dificuldades em preparar
o material, uma vez que as TD ainda estavam “engatinhando” (VALENTE, 2014).
De fato, de acordo com o relato de Sams e Bergmann (2016), em meados de 2007,
incomodados com o absenteísmo dos seus alunos, começaram a gravar em vídeo as suas aulas
e disponibilizá-las para os estudantes. Os resultados animadores fizeram com que resolvessem
ampliar a proposta para os demais. Foi sugerido como tarefa de casa o aluno assistir aos vídeos
contendo os conceitos-chave do conteúdo para que o tempo em sala de aula fosse utilizado para
esclarecer as dúvidas. Essa estratégia se mostrou mais eficiente que aquela baseada em aulas
expositivas e tarefas de casa convencionais.
Foi apenas a partir de 2010, de acordo com Valente (2014), que o termo flipped
classroom tornou-se um chavão impulsionado por publicações internacionais e as escolas de
Ensino Básico e Superior passaram a adotar esse método.
Bergmann e Sams (2016) explicam que a SAI é a inversão da sala de aula tradicional,
ou seja, significa que o estudante faz em casa o que era feito em aula, e em aula o trabalho que
era feito em casa Assim, o aluno assume a responsabilidade pelo estudo do conteúdo
previamente on-line, e a aula presencial é utilizada para a aplicação prática dos conceitos
estudados (Figura 1).
Deste modo, diante do objetivo desta pesquisa, a saber: apresentar a Sala de Aula
Invertida (SAI) como uma metodologia ativa de ensino, foram elucidadas definições e reflexões
com o intuito de incentivar aos professores no sentido de mudanças em sua prática educacional.
Entende-se que um possível caminho para minimizar as dificuldades da educação brasileira é a
mudança do modelo de ensino tradicional para o modelo investigativo, isso pode ser conseguido
adotando a metodologia em questão.
Apresentou-se evidências que a SAI associada às TD pode apresentar resultados
positivos, uma vez que grande parte dos aprendizes têm acesso a estas TD, principalmente na
palma da mão (smartphones) e podem aproveitar esse interesse pelo seu uso a favor da
educação. Por outro lado, há dificuldades em sua utilização devido a não aceitação por parte
dos professores, os quais tendem a resistir a mudanças relacionadas ao uso da tecnologia, por
serem considerados imigrantes digitais.
Em síntese, o que se espera é que ao divulgar a SAI, a importância da inserção das TD
e de necessárias mudanças da prática docente, o presente capítulo possa servir de aporte para
professores e demais sujeitos envolvidos no cenário educacional empreenderem as tão
discutidas e necessárias mudanças nas salas de aula e na sociedade em geral.
Referências