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SEQUÊNCIAS

DIDÁTICAS
Importância do planejamento das aulas

Valéria de Souza Marcelino


Cassiana Barreto Hygino Machado
Sumário

1) Sobre as situações possíveis para apoiar a aprendizagem................................................... 3


2) Sobre planejar as aulas........................................................................................................... 3
3) As sequências didáticas no planejamento das aulas. ........................................................... 4
3.2) Sequências didáticas: aporte teórico .............................................................................. 5
4) Exemplos de SD para adaptarmos. ..................................................................................... 10

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1) Sobre as situações possíveis para apoiar a aprendizagem.

O que se discute prioritariamente é que a profissão docente adquiriu grande complexidade


nessa sociedade do conhecimento, que de acordo com Alarcão (2011, p.17) passou a se chamar
sociedade da aprendizagem, visto que não há conhecimento sem aprendizagem. Nesta sociedade,
a ciência e a tecnologia promovem mudanças a todo instante, a diversidade dos sujeitos é enorme.
Existem muitas situações possíveis para apoiar a aprendizagem. O ensino precisa enfatizar a
qualidade e as formas de avaliação do aprendizado precisam ser revistas (IMBERNÓN,
2016, p. 96).

Diante disso, surgem certos questionamentos:

Você elabora sua aula?

Como você elabora sua aula?

Quanto tempo você gasta com a elaboração da aula?

2) Sobre planejar as aulas.

Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/296/planejar-objetivos

Compreendemos que o planejamento é um instrumento que subsidia a prática pedagógica


do professor e que possibilita a ele uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido
em sala de aula, entendemos que o planejamento é uma necessidade para o desenvolvimento dos
alunos, viabilizando meios para o sucesso do processo de ensino e de aprendizagem.

As sequências didáticas (SD) podem auxiliar o professor no planejamento de suas aulas


e existem referências às SD na rede de uma forma geral, mas também, temos a explicação teórica
e conceituação das SD por autores, os quais consideramos os referenciais teóricos para este tema.

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3) As sequências didáticas no planejamento das aulas.
Ao elaborar suas aulas por meio de uma SD, o professor pode aprimorar seus
conhecimentos sobre o tema que irá abordar em sua aula, pois precisará estudar, pesquisar, buscar
melhores estratégias para elaborar tal SD e isso certamente trará melhorias no processo de ensino
e aprendizagem.

O que esperamos é que, com a elaboração da SD, é que o ensino tradicional, ainda
predominante nas salas de aula possa ser superado. Com uma SD é possível ensinar qualquer tema
e conteúdo

Podemos encontrar diferentes definições, a definição abaixo foi retirada de um blog


(Figura 1), por isso não é recomendado usá-la em um trabalho acadêmico. Para tal finalidade,
podemos nos basear em autores que vamos apresentar mais adiante.

Figura 1: Definição de SD encontrada na internet.

Fonte: http://camilagenaro.blogspot.com.br/2008/04/diferena-entre-planos-de-aula.html

Outro exemplo do que podemos encontrar em rede, são definições e exemplos apresentados na
revista Nova Escola (https://novaescola.org.br/busca?q=sequencias+didaticas). A revista
apresenta conteúdo diversificado e relevante sobre o tema.

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Retirado de https://novaescola.org.br/conteudo/1493/como-organizar-sequencias-didaticas
Acesso em 11/06/2019.

3.2) Sequências didáticas: aporte teórico

Apresentamos duas abordagens teórica sobre as SD, i) Zabala (1998) e ii) Dolz, Noverraz
e Schneuwly (2004).

i) A Prática Educativa:

No livro A Prática Educativa (1998), Zabala elabora um modelo para analisar a prática
profissional docente. Como opção, utiliza-se do modelo de interpretação, que se contrapõe àquele
em que o professor é um aplicador de fórmulas herdadas da tradição, fundamentando-se no
pensamento prático e na capacidade reflexiva do docente.

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Ao analisar a prática docente, Zabala (1998) utiliza diversos elementos que contribuem
para tal prática, na figura 2 destacamos as SD ou sequências de atividades, as quais são elaboradas
inicialmente num contexto teórico. Após os condicionantes do contexto educativo essas SD
sofrem mudanças.

Figura 2: Elementos utilizados por Zabala para análise da prática, com destaque para as
sequências de atividades.

Fonte: Zabala (1998)

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Alguns exemplos de SD e avaliação das mesmas de acordo com as intenções educativas,
estas intenções educativas são identificadas a partir de uma tipologia dos conteúdos de
aprendizagem, os quais podem ser conceituais, procedimentais e atitudinais1.

EXEMPLO 1: Unidade de ensino 1 (ZABALA, p. 56).

Zabala (1998, p.59), explica que nesta unidade de ensino (Figura 3) ou SD genérica, como
denominamos, o objetivo principal deste professor é que os alunos ‘saibam’ os conteúdos. Um
caráter bem tradicional.

Figura 3: Unidade de ensino 1 ou SD genérica, composta por 5 momentos didáticos.

Fonte: Zabala (1998, p. 56).

Leia cada momento didático proposto na unidade de ensino 1, apresentada na figura 3, e


procure apontar os motivos pelos quais Zabala (1998) considerou que seu objetivo estava mais
voltado para o aprendizado apenas dos conteúdos.

EXEMPLO 2: Unidade de ensino 3, apresentada por Zabala (1998, p. 57).

Zabala (1998, p. 61), analisa e explica que nesta unidade de ensino ou SD genérica o
professor valoriza os conteúdos procedimentais e atitudinais. Seu objetivo é que “os alunos
‘saibam’ os temas, ‘saibam’ fazer diálogos e debates e ‘sejam’ participativos e respeitosos”.

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Zabala (1998, p. 39) propõe a abordagem dos conteúdos segundo uma tipologia: atitudinais, conceituais
e procedimentais, ao invés de uma abordagem disciplinar. Com a tipologia proposta observa que há
semelhança na forma de aprender os conteúdos e, portanto, ensiná-los considerando que são conceitos,
fatos, métodos, procedimentos, atitudes, etc.

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Figura 4: Unidade de ensino 3 ou SD genérica, composta por 8 momentos didáticos.

Fonte: Zabala, (1998, p. 57).

Leia cada momento didático proposto na unidade de ensino 3, apresentada na figura 4, e procure
apontar os motivos pelos quais Zabala (1998) considerou que seu objetivo contemplava os
conteúdos, os procedimentos e as atitudes.

ii) Gêneros Escritos na Escola:

No livro “Gêneros Escritos na Escola” Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), os autores


definem as SD como “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática,
em torno de um gênero textual oral ou escrito.” (Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2004, p. 82).

Afirmam que SD “para dar acesso aos alunos a práticas de linguagem novas ou
dificilmente domináveis.” (Dolz, Noverraz e Schneuwly, 2004, p. 97).

Entendemos que podemos nos apropriar para outras áreas do ensino, não apenas no ensino
de línguas e que podemos pensar na linguagem científica como uma linguagem nova ou difícil de
ser dominada pelos alunos.

O esquema apresentado na figura 5 traz um resumo da definição das SD para estes autores
e um delineamento das atividades desenvolvidas numa SD.

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Figura 5: Definição e atividades básicas de uma SD, segundo Dolz, Noverraz e
Schneuwly, (2004).

Fonte: elaboração própria a partir de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), explicam como planejar uma aula com base no
procedimento SD por eles apresentado. Para eles uma SD deve iniciar com a apresentação da
situação a ser estudada, seguida de uma produção inicial. Após esta produção inicial, o professor
deve abordar o tema de forma a ir de um conteúdo mais complexo para o mais simples, os quais
deverão ser abordados em cada módulo. Podemos dividir os conteúdos em quantos módulos
forem necessários. No final propõem uma produção final (Figura 6)..

Figura 6: Esquema representativo de uma SD, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.83).

O procedimento SD está mais detalhado no quadro 1.

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Quadro 1: O procedimento SD apresentado de forma mais detalhada.

O PROCEDIMENTO SEQUÊNCIA DIDÁTICA


1º) Expor aos alunos o que se espera ao final da SD, o que será realizado na
Apresentação produção final.
da situação Apresentar um problema bem definido
Expor os conteúdos que serão trabalhados e sua importância.
Preparar para a produção inicial.
2º) i) Produção inicial: “Elaborar um primeiro texto”, pois expõe suas
A primeira representações sobre o problema ou atividade.
produção ii)Avaliação formativa e primeiras aprendizagens: primeiras produções /
concepções prévias

3º) Trabalhar os problemas que apareceram na produção inicial. Problemas em


Os módulos diferentes níveis.
A atividade é decomposta em seus diversos elementos.
Complexo* Simples (no fim da SD retorna ao complexo)
Variar atividades e exercícios
4º) i) Investir as aprendizagens
Produção ii) Avaliação somativa**
final
Fonte: Elaboração própria, adaptado de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

4) Exemplos de SD para adaptarmos.

i) O site do Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMAD) –


(http://lemad.fflch.usp.br/graduandos) disponibiliza, para o público em geral, diversos materiais,
documentos, links e SD produzidas por alunos da graduação.

Vamos fazer uma pesquisa nesse site e observar como uma SD é planejada “no papel”!!
Como as atividades ou os momentos didáticos nas sequências estão organizados.

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ii) Exemplo de SD sobre Gêneros Textuais retirado da revista Nova Escola
(http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/sequencia-didatica-diferentes-generos-
textuais).

iii) Exemplo de uma SD implementada e descrita em uma dissertação intitulada “Uma Sequência
Didática Elaborada à Luz da Teoria das Inteligências Múltiplas para o Ensino de Reações
Químicas: Novas Possibilidades para a Aprendizagem”. Em
https://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/5878.

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No sumário podemos observar o planejamento da SD e que esta baseou-se em Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004).

Figura 7: Sumário de uma dissertação apresentando o planejamento de uma SD

Fonte: Teixeira (2015).

Referências

ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 7 ed. São Paulo:


Cortez, 2011.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, N. e SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a
escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B. E DOLZ, J. et al.
Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
IMBERNÓN, F. Qualidade do ensino e formação do professorado: uma mudança
necessária. São Paulo: Cortez, 2016.
TEIXEIRA, K. R. Uma sequência didática elaborada à luz da teoria das inteligências
múltiplas para o ensino de reações químicas: novas possibilidades para a aprendizagem.
2015. 148 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciência) - Instituto de Ciências
Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2015.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul,
1998.

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