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São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2001

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SEGURANÇA

Preço de apólices para carros caíram até 20% em relação


a dezembro
Queda de roubo reduz valor de seguro
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço das apólices de seguro de carros -em geral, médios e


populares- está em queda: elas custam hoje até 20% menos
do que custavam em dezembro do ano passado. O motivo
soa inusitado em tempos de violência: o preço caiu porque
diminuíram em todo o Estado de São Paulo os casos de
roubo e furto de veículos.
O governo tucano comemora. As seguradoras, que
confirmam a queda, advertem: a revisão dos valores é
mensal, e aumentos virão rapidamente se a tendência de
queda dos crimes não continuar.
A redução começou após uma explosão dos casos: em quatro
anos -do primeiro semestre de 1996 ao primeiro semestre de
2000- a frota de carros roubados ou furtados aumentou 72%,
ultrapassando 120 mil unidades semestrais em 2000 (veja
quadro).
Era como se 2% da frota total de veículos do Estado fosse
roubada anualmente, com o desaparecimento de 670 carros
por dia.
Em meados do ano passado, a redução começou. É lenta,
admite o governo. O primeiro semestre deste ano fechou
com índices próximos aos que eram registrados há dois anos,
com cerca de 605 carros levados por ladrões a cada dia. Já
são 65 a menos do que no começo do ano passado, mas
ainda são 217 a mais do que os sumiços diários do início de
96.
A redução dos preços das apólices foi anunciada
oficialmente pelo Sindicato das Empresas de Seguros
Privados, Capitalização e Previdência Privada à Secretaria da
Segurança Pública por uma carta enviada na semana
passada.
Na carta, o presidente do sindicato, Casimiro Blanco Gomez,
afirma que, "como a tendência de queda da frequência de
roubos vem se mantendo desde dezembro, as seguradoras
estão reduzindo o componente tarifário decorrente do roubo
e estão oferecendo menores preços nos seguros de veículos".
Estão de olho nos consumidores de menor renda, segue ele,
em outras palavras.
"Mandamos a carta quando notamos, na frota segurada, as
reduções que o governo anunciava. O que queremos é dar
um incentivo para que o desempenho melhore mais", disse
Gomez à Folha. A frota segurada no Estado equivale a cerca
de 22% da frota total -13,5 milhões veículos pelos registros
da polícia em agosto.
A carta do sindicato foi acompanhada por gráficos que
mostram a redução do número de unidades roubadas ou
furtadas para cada cem seguradas.
Os modelos mais beneficiados pela redução de preço são os
tipo 1.000, Parati, Vectra e Santana.
O Santana, por exemplo, que em agosto de 2000 chegou a ter
5 unidades desaparecidas para cada 100 seguradas, hoje tem
2,5.
A redução, alerta Gomez, não atinge carros importados, que
tiveram reajustado o item reparo da composição de preço
devido à alta do dólar. Além do tipo de carro, também o
perfil do consumidor influencia no preço da apólice. Mas,
para quem não teve sinistro, não mudou de casa e tem carro
de um dos modelos citados, a redução é certa, variando o
valor de seguradora para seguradora.
A tendência paulista, segundo Gomez, que ainda é
conselheiro da Fenaseg (Federação Nacional de Empresas de
Seguros Privados e da Capitalização), só aparece também no
Rio de Janeiro.
Para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, os
dados mostram como o crime é uma variável mercadológica
de composição de preço, com reflexos invertidos em
mercados legais e ilegais.
"O que está acontecendo com os seguros, acontece,
inversamente, com as drogas. Aumenta a prevenção,
aumenta o preço dos entorpecentes", diz o secretário-adjunto
da pasta, o promotor Mario Papaterra Limongi.
Limongi atribui a queda das ocorrências à concentração dos
trabalhos policiais em locais com grande incidência de casos.
O mapeamento -que na capital já funciona em tempo real-
começou no ano passado.
Para ele, o contraste entre a queda dos índices de roubo e
furto de carro e o aumento de sequestros, por exemplo, é
explicado pela prevenção que é possível fazer.
"O sequestro exige cautela, porque tem refém. Além disso,
não adianta mapear, porque não há concentração em
determinadas regiões", diz ele. "Soma-se a isso o fato de os
criminosos migrarem de modalidade. Combatemos um
crime, eles cometem outro."

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