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INTRODUÇÃO
criar condições de justiça e de igualdade entre o corpo docente ao adoptar uma metodologia
comum a todos.
O método assenta em princípios muito simples e de fácil implementação. A sua flexibilidade permite
uma aplicação alargada às várias áreas de conhecimento ministradas na Universidade.
A AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
Qualquer actividade profissional deverá ser avaliada e reconhecida. A carreira do serviço docente
não deverá ser alheia a esta necessidade e como tal importa que se definam as regras de avaliação
do desempenho do docente ao longo de cada ano lectivo.
O processo apresentado neste artigo tem por princípio criar oportunidades aos docentes no sentido
de construção de uma percepção mais aprofundada do trabalho que realizam, com transparência e
abertura. É convicção dos autores que à medida que isto acontece, desencadeiam-se modificações
conscientes e inconscientes que afectam a sua prática, com o consequente aperfeiçoamento da
acção docente.
De acordo com Rocha (1999) a avaliação de desempenho "consiste na sistemática apreciação do
comportamento do indivíduo na função que ocupa, suportada por uma análise objectiva do
comportamento da pessoa no trabalho, e comunicação ao mesmo do resultado".
A avaliação permite por um lado revelar prestações positivas e inovadoras por parte do docente, e
por outro chamar a atenção para situações a corrigir.
Os alunos. Embora indirectamente, e como consequência dos dois pontos anteriores, os alunos
acabam por ser os principais beneficiados (melhor ensino, reforço da qualidade e docentes mais
motivados).
A avaliação deve ser sempre que possível quantificável e procurar identificar os pontos fortes e
pontos fracos do desempenho. Para além destes aspectos é ainda de todo conveniente estabelecer
metas (objectivos) que sirvam de referência.
Os objectivos devem ser realistas e alcançáveis, devem ainda ser revistos periodicamente e serem
do conhecimento público.
A QUALIDADE NO ENSINO
O referencial normativo ISO 9000:2000 constitui um excelente ponto de partida para a criação de
um sistema de qualidade nas organizações. De acordo com Ferrão (2004) já existem em Portugal
várias escolas superiores certificadas de acordo com esta norma. O referencial normativo ISO
9000:2000 define, no essencial, o que deve ser avaliado em relação com todas as partes
interessadas.
Desde que foi criado este modelo tem-se assumido como o referencial mais ambicioso e exigente no
que diz respeito à definição, implementação e desempenho das organizações no domínio da Gestão
pela Qualidade Total. Ele serve de base à atribuição do Prémio Europeu da Qualidade e, em Portugal,
do correspondente Prémio de Excelência (PEX) no âmbito do Sistema Português da Qualidade. Com
cerca de 30 subcritérios, agrupados por sua vez em torno de 9 critérios (figura 1), este modelo
permite fazer o diagnóstico e avaliação do grau de Excelência alcançado por uma determinada
organização e estimular, a partir daí, a sua melhoria contínua.
Tal como referido anteriormente, o método de avaliação do desempenho proposto neste artigo
procura a melhoria da qualidade do ensino.
Não é fácil definir o se entende por "qualidade do ensino", não apenas porque se trata de um
conceito de difícil quantificação mas também porque a percepção da mesma difere em função do
"cliente[†]" a quem o ensino se destina. Assim, o autor propõe a definição de um conjunto de
características da qualidade do ensino. No que diz respeito ao docente[‡], as características da
qualidade são as seguintes:
Relacionamento humano;
Produção cientifica;
Apoio ao desenvolvimento;
Envolvimento e motivação.
A avaliação constitui um dos elementos essenciais capazes de influenciar por um lado as políticas e
as medidas dos governos , e por outro a própria forma como cada uma das instituições olha para
dentro de si própria e como define o seu projecto à luz dos resultados dessas avaliações.
Em qualquer uma das características identificadas, a sua quantificação não é fácil pelo que se torna
necessário identificar modos que permita a medição de resultados.
O método proposto pelos autores (MADU) procura dar resposta a este desafio.
O MÉTODO DE AVALIAÇÃO
A importância de cada uma destas perspectivas pode variar em função dos objectivos e da definição
de qualidade de cada Faculdade dentro da Universidade, e mesmo de Universidade em
Universidade. Da mesma forma, os autores recomendam que atribuição de pesos a cada perspectiva
seja diferenciada.
A avaliação do desempenho é feita através da consideração simultânea dos quatro critérios acima
referidas recorrendo à média ponderada de cada uma das classificações atribuídas.
De seguida faz-se a apresentação detalhada de cada perspectiva e no final é apresentada a equação
da avaliação do desempenho.
A atitude do docente perante o ensino pode ser avaliada através de questionários (anuais ou
semestrais) realizados junto dos alunos no final do período de avaliação.
A concepção deste questionário deve estar a cargo do Conselho Pedagógico da Universidade e deve
competir aos serviços administrativos a sua execução, sendo de fulcral importância a definição da
amostra a inquirir.
Esta avaliação deve ser anual e os resultados da mesma devem ser comunicados aos directores de
faculdade.
A produção cientifica deve ser encorajada e valorizada junto dos docentes. Neste âmbito, devem ser
considerados e valorizados os seguintes elementos:
Neste ponto os autores gostariam de fazer uma ressalva sobre a "avaliação de docentes". Docência é
ensinar a pensar. Quem sabe pensar tem maiores hipóteses de sobreviver e de ter prazer naquilo
que se faz. Contribui para a qualidade de vida dos indivíduos e do país. Os autores consideram a
docência como o valor mais alto, mais digno. Mas onde se encontra a docência na bolsa
internacional dos saberes da ciência? Ausente. Uma vez decretado que o valor mais alto é a
publicação de artigos em revistas internacionais, "publish or perish[**]", os alunos passam a ser
"trambolhos" que atrapalham os investigadores (não mais docentes) na busca da excelência, onde
ensinar não tem valor nem é coisa digna. Os autores não defendem a ideia de que um investigador
que publica artigos vale mais que um professor que ensina a pensar.
A avaliação da produção científica e investigação deve ser realizada pela direcção de cada faculdade
e à semelhança dos outros critérios de avaliação deve ter uma periodicidade anual.
Dentro deste critério, deve também competir à direcção da faculdade o estabelecimento de metas e
de valores mínimos (eg. A todos os docentes deverá ser pedido a publicação de um artigo ou
comunicação, ou a apresentação de uma proposta de projecto de I&D).
Ainda neste âmbito é importante definir formas de quantificar a produção científica e investigação
realizada, a título de exemplo a tabela que se segue sugere formas de avaliação da produção
científica.
PRODUÇÃO CIENTIFICA
Nacional
Estrangeiro
10
Comunicações
10
15
40
20
10
10
40
40
Orientação de projectos ou teses
30
40
Neste âmbito deve ser avaliado o esforço e os resultados do docente no sentido da sua actualização
e progressão na carreira. De notar que a orientação estratégica de cada faculdade deve consagrar a
progressão contínua do docente, incentivando-o a actualizar-se e a melhorar continuamente as suas
competências e conhecimentos.
Peso a atribuir
50
Acções de formação recebidas (em horas)
30
10
É de salientar que as acções de formação podem e devem ser promovidas pela instituição, e podem
abranger temas que vão desde a colocação de voz, até ao ensino à distância (e-learning).
Nota: Os pesos atribuídos são meramente indicativos. Contudo é importante que sejam
estabelecidos pela Universidade e comuns a todas as faculdades.
A equação anterior procura quantificar o desempenho, contudo este "valor" pode ser ainda apoiado
em considerações subjectivas produzidas pelo director de cada faculdade a quando da avaliação
global de cada docente.
Deve ainda, e como complemento, ser solicitado ao docente que faça um exercício de auto-
avaliação no final de cada ano lectivo. Deste modo, o docente poderá revelar a sua percepção sobre
o modo como se manifestou o seu desempenho e apontar áreas a melhorar.
AE - Média de 15 valores (em 20) resultantes dos questionários efectuados aos alunos;
AU - Média de 12 valores (em 20) resultantes da avaliação realizada pelos serviços administrativos
da instituição e que consistiu numa avaliação qualitativa do nº de faltas durante o ano, cumprimento
de horários e cooperação com actividades institucionais e extracurriculares, entre outras;
ESCALA
COMENTÁRIO
8 ..10
Insuficiente
11 .. 12
Suficiente
13 ..15
Bom
Muito Bom
Procedimento de implementação
Como em qualquer processo que se pretenda inovador e quebrar com velhos hábitos, o sucesso da
implementação do MADU requer antes de tudo o apoio da direcção de cada faculdade e do apoio do
quadro administrativo da Universidade.
Quanto mais claro for todo o processo de avaliação, nomeadamente a definição dos critérios, as
escalas de avaliação e a ponderação, maior será a aderência das pessoas e menores as dificuldades a
vencer.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se que ao fim de um ou dois anos lectivos de funcionamento, o MADU atinja a sua
maturidade e comece a produzir os efeitos desejados. Estima-se que os custos de implementação
sejam muito baixos.
Após uma fase inicial de ajustes e correcções no MADU, os autores propõem-se a desenvolver uma
aplicação informática para apoiar a aplicação do MADU e deste modo facilitar as avaliações
individuais dos docentes. Esta aplicação pode ser desenvolvida numa folha de cálculo e/ou numa
base de dados.
O principal resultado esperado é a excelência no ensino e nesta perspectiva julga-se que o docente
na medida que vai sendo avaliado vai introduzir alterações nas suas práticas de ensino e de
investigação, introduzirá novas mudanças, e procurará alternativas mais viáveis, numa relação
estreita entre a prática e a teoria.
CONCLUSÕES
Com este artigo os autores pretenderam apresentar um sistema alternativo para a avaliação do
desempenho dos docentes nas instituições de ensino superior e, ao mesmo tempo, submetê-la à
discussão e à crítica.
Incentivar a excelência no ensino passa portanto pela efectiva concretização destes sistemas de
avaliação e sobretudo pela adopção de políticas que atribuam compensações e incentivos a quem
tem capacidade para optimizar os meios disponíveis e, nessa perspectiva, "tratar de forma diferente
o que é diferente " e ao mesmo tempo abandonar a forma perversa e iníqua de tratar todas as
instituições da mesma forma, o que castiga aqueles que gerem bem e premeia o desperdício e a má
gestão.
Numa fase em que a competição ao nível do ensino superior na Europa se tornou um factor
importante para a vida das instituições, só a adopção de critérios de exigência e standards de
qualidade permitirá às instituições portuguesas participar no esforço que à escala europeia nos pode
colocar a par do sistema norte-americano.
REFERÊNCIAS
CAMARA PB, GUERRA PB e RODRIGUES JV, 2003. Humanator, recursos humanos e sucesso
empresarial.(5ª Edição). Edições D Quixote.
RAMOS, MG, 1999. Avaliação do desempenho docente numa perspectiva qualitativa. Porto Alegre,
Tese de Doutoramento, Faculdade de Educação/PUCRS.