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Aula 2 – Sistema Endócrino

Fisiologia Veterinária II
Curso Medicina Veterinária
Prof(a): Betânia Glória Campos
M. Veterinária – Doutora Produção Animal UFMG

Patos de Minas, 2020


Fisiologia II
Curso Medicina Veterinária
Conteúdo

 1 - Sistema Endócrino
 1.1 - Química de hormônios;
 1.2 - Interação hormônio-receptor;
 1.3 - Mecanismo de retroalimentação positiva e negativa;
 1.4 - Principais glândulas endócrinas e seus respectivos hormônios
 1.4.1 - Hipotálamo - Hipófise;
 1.4.2 - Tireoide;
 1.4.3 - Adrenal;
 1.4.4 - Pâncreas;
CONCEITOS GERAIS
O sistema endócrino foi desenvolvido para permitir que
os processos fisiológicos sejam coordenados e
regulados.

Mensageiros químicos

Hormônios

Conceito: substâncias químicas produzidas por tecidos


específicos e que são transportadas pelo sistema vascular
para atuar em outros tecidos, em baixa concentração.
CONCEITOS GERAIS

Tipos de comunicação celular via mediadores químicos

Comparação de arranjos funcionais entre neurônios.


CONCEITOS GERAIS
O sistema Nervoso e Endócrino estão integrados no
controle de processos fisiológicos

Endócrino • Coordena atividades que requerem


controle rápido.

Nervoso • Com íntima interação

Ex: reflexo no qual a sucção da mama promove a liberação


do leite.
CONCEITOS GERAIS
CONCEITOS GERAIS
CONCEITOS GERAIS
Em quais funções fisiológicas o sistema endócrino
está envolvido?

Metabolismo
Energético: Insulina, glucagon, cortisol, epinefrina, hormônio
tireoidiano e hormônio do crescimento.
Mineral: Paratireódeo, calcitonina, angiotensina e renina.

Hormônio do crescimento, tireódeo, insulina, estrógenos


Crescimento
e andrógenos + fatores de crescimento.

Estrogênio, androgênio, progesterona, hormônio folículo


Reprodução
estimulante (FSH), prolactina (PRL) e ocitocina.
CONCEITOS GERAIS
Características importantes
Amplificação do sinal
enzimas
RNA m enzimas
enzimas
enzimas
Esteróides gene RNA m enzimas
enzimas
enzimas
RNA m enzimas
enzimas
enzimas enzimas
AMPc enzimas
enzimas
Proteínas enzimas
Ação hormonal – lenta e prolongada
AMPc enzimas
enzimas (minutos a dias).
enzimas Sistema nervoso – rápida e curta
AMPc enzimas
enzimas ( milissegundos a segundos).

A amplificação é a base para a sensibilidade do sistema endócrino,


que permite que pequenas quantidades de hormônio no plasma
(10-11 a 10-12) produzam efeitos biológicos significativos.
SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Protéicos
Hormônios do crescimento, insulina, corticotrofina, peptídeos
(ocitocina e vasopressina), aminas (dopamina, melatonina e
epinefrina).

Componentes subcelulares da síntese e secreção de hormônio peptídico.


RER (Retículo endoplasmático rugoso).
SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Esteróides
Ex: Cortisol, progesterona, vitamina D.

• Os esteroides são sintetizados à partir do colesterol, o qual


é sintetizado pelo fígado. (maioria).

• O tipo de hormônio esteroide sintetizado depende da


presença de enzimas específicas dentro de uma célula em
particular.

Estrutura em anel e sistema de


numeração dos átomos de carbono
da molécula de colesterol.
SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Esteróides

Vias envolvidas na produção dos principais hormônios esteróides.


SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Esteróides

Vias envolvidas na produção dos principais hormônios esteróides.


SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Esteróides

Vias envolvidas na produção dos principais hormônios esteróides.


SÍNTESE DE HORMÔNIOS
Esteróides

Compartimentalização subcelular da biossíntese do colesterol.


TRANSPORTE DE HORMÔNIOS NO SANGUE
Protéicos – hidrofílicos e transportados no plasma sob a
forma dissolvida.

INSULINA Tecido alvo


sangue

Esteróides e horm. da Tireóide – lipofílicos e


transportados no plasma em associação à proteínas
específicas e não específicas.
*Lipofílico – solubilidade limitada em soluções aquosas.

CORTISOL P
sangue Tecido alvo
TRANSPORTE DE HORMÔNIOS NO SANGUE
2 CLASSES DE PROTEÍNAS CARREADORAS:

• afinidade e capacidade – baixa concentração plasmática.


-Ex: transcortina

• afinidade e capacidade – alta concentração plasmática –


Ex: Albumina.

Forma de ação – forma livre

Hormônios ligados livres (1%)


equilíbrio
P
INTERAÇÃO CÉLULA HORMÔNIO
Como os hormônios e as células alvo de um tecido em
particular interagem de maneira específica?

Hormônios protéicos tem receptores específicos sobre as


membranas plasmáticas de tecido alvo, enquanto os
esteroides tem receptores específicos dentro do citoplasma do
núcleo.
Estas características do receptor
Especificidade permitem que os hormônios estejam
Afinidade em baixas concentrações no sangue,
mas sejam efetivos na produção de
significativa resposta tecidual.

*Quanto > a afinidade do receptor pelo hormônio, mais longa


será a resposta biológica.
INTERAÇÃO CÉLULA HORMÔNIO
Término da ação?

Dissociação do hormônio do receptor.


• Concentração plasmática do hormônio.

Dissociação Endocitose
INTERAÇÃO CÉLULA HORMÔNIO

 Os receptores estão presentes em quantidades muito


maiores que o necessário para a resposta biológica.

 Ocupação de ≤ que 50% dos receptores ativa a


resposta máxima.

 Alteração no número
de receptores
podem alterar a
sensibilidade da
célula.
RESPOSTAS CELULARES PÓS-RECEPTOR
 Os hormônios esteróides interagem diretamente com
o núcleo por meio da formação de um complexo com
seu receptor citosólico.
RESPOSTAS CELULARES PÓS-RECEPTOR

 Os hormônios protéicos necessitam de um


mensageiro, porque eles não podem entrar na célula.
RESPOSTAS CELULARES PÓS-RECEPTOR
MECANISMO DE CONTROLE POR FEEDBACK

 Os efeitos dos hormônios são proporcionais às suas


concentrações no sangue e, portanto, o controle
destas concentrações é um importante aspecto na
garantia das funções fisiológicas normais.

 O sistema de feedback mais comum é o feedback


negativo.

 No qual a monitoração contínua permite ao sistema


contrapor-se a alterações na secreção do hormônio ou
manter um ambiente relativamente constante.
MECANISMO DE CONTROLE POR FEEDBACK

Neste sistema um
aumento na secreção
de hormônio resulta na
diminuição na secreção
do hormônio trófico
MECANISMO DE CONTROLE POR FEEDBACK

 Também é possível ter um sistema de feedback


negativo no qual um aumento de uma substância
fisiológica, como a glicose, causa um aumento em
determinado hormônio, neste caso insulina.
MECANISMO DE CONTROLE POR FEEDBACK
Feed-back + também existe
 Liberação pré-ovulatória de LH a taxa pulsátil de
secreção de LH grandemente durante os últimos
estágios do desenvolvimento folicular ovariano, por
causa do aumento da produção de estrogênio pelo
folículo.
OUTROS MECANISMO DE CONTROLE

Fatores como sono e luz

 Diurnos – influência da luz;

 Noturnos – influência da falta de luz.


Ex: GH, melatonina.

 Ciclos circadianos – variam em uma


base d 24 horas. Ex: cortisol;

 Ultradianos - amplitude de 1 hora.


O HIPOTÁLAMO
 Os dois maiores sistemas controladores são os
sistemas nervoso e endócrino.

Sist. Interface Sist.


Nervoso Hipotálamo Endócrino

A interface ocorre em sua maior parte no hipotálamo.


O HIPOTÁLAMO
 Está em uma área do diencéfalo que forma o assoalho
do 3° ventrículo.
O HIPOTÁLAMO
 Está em uma área do diencéfalo que forma o assoalho
do 3° ventrículo.
O HIPOTÁLAMO
 Está em uma área do diencéfalo que forma o assoalho
do 3° ventrículo.
O HIPOTÁLAMO
 Está em uma área do diencéfalo que forma o assoalho
do 3° ventrículo, inclui: quiasma óptico, corpos
mamilares, eminência média.
O HIPOTÁLAMO
 Está em uma área do diencéfalo que forma o assoalho
do 3° ventrículo.
O HIPOTÁLAMO
 Inclui estruturas como: quiasma óptico, corpos
mamilares, eminência média.
O HIPOTÁLAMO
 O hipotálamo produz peptídeos e aminas que influenciam
a hipófise a produzir hormônios tróficos.

Hormônio Abreviatura
H. Liberador de tireotrofina
H. Liberador de gonadotrofina
H. Inibidor de GH (SOMATOTASTINA)
H. Liberador de GH
H. Liberador de corticotrofina
H. Liberador de prolactina
H. Inibidor de prolactina (DOPAMINA)

Obs: GH é sinônimo de HORMONIO DO CRESCIMENTO


O HIPOTÁLAMO
O HIPOTÁLAMO
Quais hormônios de ação direta o
hipotálamo também produz?

Dica: armazenados na neuro-hipófise?


VASOPRESSINA (ADH)
OCITOCINA
HIPÓFISE
 Composta por:

1. Adenohipófise – lobo anterior ou pars distalis


2. Neurohipófise – lobo posterior
3. Lobo intermediário
4. Pars tuberalis
HIPÓFISE
NEURO -HIPÓFISE
 A neuro-hipófise tem corpos celulares que se originam
no hipotálamo, com terminações celulares que
secretam ocitocina e vasopressina.

 Os neurônios secretores endócrinos


que constituem a neuro-hipófise ≠
dos neurônios envolvidos na
transmissão de sinais neurais de
várias maneiras.

• Não inervam outros neurônios.


• O produto é liberado no sangue.
• O produto pode agir em locais
distantes do neurônio.
NEURO-HIPÓFISE
 A ocitocina e a vasopressina são sintetizadas em corpos
celulares dentro do hipotálamo e transportadas por fluxo
axônico até o lobo posterior, onde são liberadas.
 A liberação dos hormônios
peptídicos do lobo posterior é
iniciada no hipotálamo como
resultado da despolarização do
corpo celular em resposta a
estimulação dos neurônios
aferentes.
 O pontencial de ação gerado se
estende pelo axônio até o terminal
nervoso, onde os grânulos
contendo hormônios são
estocados.
NEURO-HIPÓFISE
 Ocitocina: principais efeitos:
Glândula mamária Contração das
contração do músculo liso células
útero
mioepiteliais
 Vasopressina ou ADH: principais efeitos:

• Antidiurese (conservação da água, retenção de água nos


rins), balanço hídrico.

• Pressão sanguínea – efeito pressor – contração do músculo


liso do sistema vascular e portanto, efeito sobre a pressão
sanguínea.

• O que controla a secreção? Osmorreceptores localizados


no hipotálamo e receptores localizados no esôfago e
estômago que imediatamente percebem a ingestão de
água.
ADENO-HIPÓFISE
 Hipófise anterior.

Influencia outros tecidos


a produzirem hormônios
(H. tróficos).

 Hipófise posterior.

Podem desencadear a
resposta tecidual
desejada diretamente.
ADENO-HIPÓFISE
Seis principais hormônios secretados pela hipófise-anterior.

Hormônio Abreviaturas
Glicoproteínas
Hormônio folículo estimulante FSH
Hormônio luteinizante LH
Hormônio estimulante da tireóide TSH
Somatotrofinas
Hormônio do crescimento (somatotrofina) GH
Prolactina PRL
Pró-opiomelanocortinas
Β - lipotrofina
Corticotrofina (hormônio adrenocorticotrófico) ACTH
HIPÓFISE
ADENO-HIPÓFISE
Modulação:
Passagem de sangue do hipotálamo para hipófise anterior
através do sistema porta-sanguíneo.
ADENO-HIPÓFISE
Modulação:
A atividade adeno-hipofisária é controlada pelos hormônios
liberadores hipotalâmicos liberados no sistema porta – conecta
eminência média – hipófise anterior.

Neurônios neuro-secretores
hipotalâmicos.
HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE
 Hipotálamo produz hormônios reguladores ou
HIPOFISIOTRÓFICOS = estimulam a síntese de hormônio
pela hipófise

Hormônio Abreviaturas
Hormônio liberador de tireotrofina TRH
Hormônio liberador de gonadotrofina GnRH
Hormônio inibidor do hormônio do crescimento GHIH
(somatostatina)
Hormônio liberador do hormônio do crescimento GHRH
Hormônio liberador de corticotrofina CRH

Fator liberador de prolactina PRF


Hormônio inibidor da prolactina (dopamina) PIH
ADENO-HIPÓFISE
Regulação:

Hipotálamo Orgãos alvo:


hormonais

Orgãos alvo:
Horm. Adrenal
Liberadores Gônadas
Tireóide

Horm.
Tróficos
Hipófise
Anterior
Resumo Eixo Hipotálamo-Hipófise
Ciclo regulatório para produção de hormônios.
Hipotálamo Hipófise Tecido Alvo Horm. Ou produto
(H. reguladores) (H. tróficos) (pode ser glândula) Produzido pela pelo
tecido alvo
TRH TSH Tireóide T3 e T4
GnRH LH e FSH Ovário/Testículo Estrógenos,
progesterona,
testosterona
GHIH Inibe GH _______
(somatostatina)
GHRH Produz GH Todo Corpo/ossos e IGF-1
músculos (fígado)/crescimento

CRH ACTH Adrenal Mineralocorticóides e


glicocorticóides
PRF Produz PRL Gl. mamária leite
PIH (dopamina) Inibe PRL ------------------ ------------------------
SÍNDROMES CLÍNICAS
Nanismo hipofisário em cães (deficiência somatotropina)

Causa: destruição da hipófise (neoplásicos, degenerativos ou


anômalos)

Comum: pastor alemão ( 2 a 6 meses de idade); pinchers,


weimaraner.

Sinais: retardo crescimento, retardo mental.

Diagnóstico: dosagens séricas do hormônio do crescimento ou


IGF-1.
SÍNDROMES CLÍNICAS
Acromegalia em gatos adultos (excesso somatotropina)

Causa: tumores secretores de GH;

Comum: gatos 8 a 14 anos, machos;

Sinais: Acromegalia, polidipsia, polifagia e poliúria – aumento


da massa muscular, crescimento dos seguimentos periféricos
do corpo, aumento do tamanho corporal, mandíbula, língua e
fronte.

Diagnóstico: Tomografia computadorizada e


dosagem de IGF-1.
SÍNDROMES CLÍNICAS
Diabetes insípido (alteração no metabolismo da água.)
Causa: O diabetes insipidus pode
ser causado por uma deficiência na
síntese ou liberação do hormônio
antidiurético (diabetes insipidus
central) ou falha dos túbulos renais
em responder ao hormônio
antidiurético (diabetes insipidus
nefrogênico).

Tipos: Central e nefrogênico.

.
Sinais: polidipsia e poliúria, urina
com baixa densidade e
osmolalidade plasmática alta.
REFERÊNCIA

CUNNINGHAM, Klein, Bradley G. Tratado de


fisiologia veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier Editora, 2014. 608 p

Cap –33 - Endocrinologia (359 a 373 p).

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