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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

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O Aprendiz

Coimbra

1
Ø
Junho de 6020
GRANDE LOJA LEGAL DE PORTUGAL / GRANDE LOJA REGULAR DE PORTUGAL
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

COMISSÃO DE HONRA:

GRÃO MESTRE ARMINDO DE AZEVEDO


ANTIGO GRÃO-MESTRE JÚLIO MEIRINHOS
ANTIGO GRÃO-MESTRE JOSÉ FRANCISCO MORENO
ANTIGO GRÃO-MESTRE MÁRIO MARTIN GUIA
ANTIGO GRÃO-MESTRE ALBERTO TROVÃO DO ROSÁRIO
ANTIGO GRÃO-MESTRE JOSÉ MANUEL MORAIS ANES
ANTIGO GRÃO-MESTRE ( INTERINO) JOSÉ MANUEL PEREIRA DA SILVA
ANTIGO GRÃO-MESTRE LUÍS NANDIN DE CARVALHO
ANTIGO GRÃO-MESTRE ( FUNDADOR ) FERNANDO TEIXEIRA

SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA MAÇÓNICA ARMANDO FERREIRA


ANACLETO

Conselho Editorial

Manuel Caldeira
António Jorge
Nuno Raimundo
2
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

ÍNDICE

PÁGINA

2 – COMISSÃO DE HONRA
3 – ÍNDICE
4 – EDITORIAL – ARMINDO DE AZEVEDO
5 – TEMOS DE AGIR – ARMINDO DE AZEVEDO
7 – DAS CRISES GLOBAIS: DINAMISMO E VALORES MAÇÓNICOS – JÚLIO MEIRINHOS
11 – TEMPOS DE MUDANÇA – JOSÉ FRANCISCO MORENO
14 – A MAÇONARIA – MÁRIO MARTIN GUIA
16 – MAÇONARIA… E AMANHÃ? – ALBERTO TROVÃO DO ROSÁRIO
20 – A MAÇONARIA NA PRESENTE EMERGÊNCIA – JOSÉ MANUEL MORAIS ANES
21 – “O APRENDIZ" – JOSÉ MANUEL PEREIRA DA SILVA
24 – MAIS UM ELO DA TRANSMISSÃO DE UM TESTEMUNHO – LUÍS NANDIN DE CARVALHO
26 – LIMITES DA INTERVENÇÃO MAÇÓNICA NO MUNDO PROFANO – FERNANDO TEIXEIRA
28 – RITO ESCOCÊS RECTIFICADO – JOÃO OLIVEIRA E SILVA
34 – RITO DE YORK 5.0 MISTÉRIOS | CAMINHOS – GONÇALO RIBEIRO
40 – A ACADEMIA MAÇÓNICA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴ – ARMANDO FERREIRA ANACLETO
44 – A ORIENTE DE COIMBRA
46 – R∴L∴ BRASÍLIA N.º 11
48 – R∴L∴CONIMBRIGA N.º 47
50 – R∴L∴ VÉRITAS N.º77
52 – R∴L∴ SÃO JOÃO BAPTISTA N.º82
54 – R∴L∴UNIVERSITAS N.º 143
56 – LOJAS DE SÃO JOÃO - RAZÕES HISTÓRICAS – N∴N∴
58 – EU SOU – R∴ L∴ V IMPÉRIO
60 – A CORDA DE 81 NÓS
63 – O SETE – JOÃO A. FERREIRA
67 – A VIDA A PASSAR – LUÍS MIGUEL NOGUEIRA ROSA DIAS

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EDITORIAL

MENSAGEM “O APRENDIZ”

minha primeira palavra é

A para manifestar um redo-


brado prazer e satisfação em
associar-me à (re)edição de “O
Aprendiz” importante Boletim da
GLLP/GLRP que, pela sua quali-
dade, marcou um período das nos-
sas vidas de forma indelével, e ser-
viu de fonte de conhecimento, de
inspiração, e de partilha importante
de Pranchas maçónicas.

Esta nova edição de “O Aprendiz” - que próxima edição, não deixaremos de dis-
nesta fase deverá privilegiar o formato di- correr sobre os restantes Ritos pratica-
gital - há muito desejada, irá preencher dos na nossa GL.
um espaço editorial único, no âmbito das
atividades da Academia Maçónica da
GLLP/GLRP, coordenada por uma BOAS
equipa de Irmãos dedicados e compe- E PROFÍCUAS LEITURAS.
tentes, a quem penhoradamente desde
já agradeço, e que são merecedores do ARMINDO AZEVEDO
nosso respeito e admiração. GRÃO-MESTRE DA GLLP / GLRP

O título de “O Aprendiz” é, por si só, um


desafio e uma provocação a todos nós,
neste caminho de procura constante da
luz e do conhecimento, para benefício
pessoal e para engrandecimento da
NAO.

A escolha para a capa de uma imagem


de Coimbra, pretende ser um justo reco-
nhecimento do seu importante papel na
cultura, na educação e no conhecimento.
Nos próximos números não deixaremos
de enaltecer outros distritos, na qual a
GLLP/GLRP tem expressão.
Os Ritos abordados neste número: RER
e Rito de York; foram selecionados de
forma aleatória pelo que, na

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cidadania e dos valores que enformam o


progresso da humanidade, sempre sem

TEMOS DE AGIR!
transigir quanto aos direitos, liberdades e
garantias das pessoas,
ARMINDO AZEVEDO
GRÃO-MESTRE DA GLLP / GLRP “TEMOS DE AGIR”
Agir sempre e sem hesitações quanto ao
dever de ter de fazer o possível dentro do
á cerca de dois meses poucos po- necessário, para salvar vidas e mais

H deriam antever o futuro, discorrer


sobre as emergências políticas e
sociais com que o mundo se defronta ac-
tualmente com a globalização da pande-
ainda, para que tudo possa voltar à nor-
malidade o mais depressa possível.

Mas antes de agir, obriga-nos a história


mia, conhecida como Covid-19. e a memória, a refletir e a ponderar.
Num mundo em permanente evolução, a
Agora, perante a pandemia gravíssima mudança deve estar ancorada num qua-
do Covid-19, socorremo-nos da experi- dro de valores que, em momento ne-
ência, relativamente a outras tantas cri- nhum, esqueça o personalismo e a liber-
ses, epidemias, guerras e calamidades, dade individual como principal motor
que conhecemos bem. dessa dinâmica e, em última instância,
da garantia da própria felicidade hu-
Esta pandemia trouxe à evidência a mana.
nossa fragilidade como pessoas, dos go-
vernos e de todas as organizações mun- E neste desafio, poucas são as institui-
diais. Mas trouxe também à evidência a ções seculares que têm mantido viva a
forma fútil e vazia como temos vivido até luz. Por vezes, na vida, somos nós que
aqui. fazemos a História. Noutras ocasiões é a
História que nos faz a nós. A sociedade
Evidenciou também, de forma chocante, em que vivemos hoje em profunda mu-
a desigualdade. Essa desigualdade que dança, encerra um conjunto de desafios
condena os pobres, os mais fracos ao de proporções ainda desconhecidas e de
sofrimento e à morte. consequências imprevisíveis. Os riscos
da incerteza exigirão firme e determi-
Fiéis aos imutáveis preceitos fundacio- nada intervenção das lideranças das
nais em prol de um mundo melhor, base- principais instituições que compõem a
ados na defesa dos direitos humanos, da sociedade.

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A pandemia trouxe constrangimentos diferenças, para combater as injustiças e


profissionais, financeiros, na saúde, e apelar aos governantes para as promo-
nas famílias, pelo que a esperança não ver o desenvolvimento, para matar a
pode falhar, não podemos desistir, não fome, para elevar a ciência, para defen-
nos podemos render nem desesperar. der a liberdade, para tolerar as emergên-
Ninguém, absolutamente ninguém, deve cias sociais resultantes desta calami-
ficar à beira da estrada. Nenhuma pes- dade.
soa nos deve deixar indiferentes. Exis-
tem princípios de solidariedade e gene- É graças a essa atenção a todas as pes-
rosidade que não devem ser esquecidos soas, sem qualquer discriminação, ética,
e que agora são mais importantes do que religiosa, política e racial, como um amor
nunca. que não espera nada em troca, que man-
teremos o vínculo que gera e desperta a
O que se espera é que os governos de- harmonia do mundo.
fendam o homem em todas as suas ver-
tentes dos direitos humanos, da liber- “O QUE FAZEMOS PARA NÓS MES-
dade, da fraternidade, da democracia e MOS MORRE CONNOSCO. O QUE FA-
do estado de direito. ZEMOS PELOS OUTROS E PELO
E é na atenção generosa e solidária que MUNDO, PERMANECE E É IMORTAL”
poderemos ajudar as pessoas, que po- Albert Pike
deremos preservá-las, dar-lhes força e
confiança. Eu estou a agir; Nós estamos a agir; Te-
mos de estar presentes para todos.
É por causa disso que todos são CON-
VOCADOS A AGIR, isolada ou coletiva- ARMINDO AZEVEDO
mente, para minorar o sofrimento, para (GRÃO-MESTRE DA GLLP / GLRP)
evitar as doenças, para

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DAS CRISES GLOBAIS: DINAMISMO E VALO- delas, funcionando por avanços e re-
RES MAÇÓNICOS cuos, embora a panóplia dos especialis-
tas iluminados, constitua sempre uma
enorme oferta!
Sobretudo durante uma crise, as neces-
sidades são sempre muitos superiores
aos recursos, e os mecanismos da livre
formação dos preços fica completamente
agitado.
Bem ou mal, a gestão de todas as crises,
é feita por quem está na conjuntura, le-
galmente mandatado para liderar os Es-
tados e as instituições!
Independentemente dos humores dos in-
divíduos serem otimistas, pessimistas,
realistas, ou mistos, é fundamental que
não sejam apenas a misericórdia e a
compaixão a nortear os vários caminhos
JÚLIO MEIRINHOS que nos devem levar para fora da crise,
ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP / GLRP mas que sejam sobretudo os valores fun-
dadores da Maçonaria, a Liberdade, a
. Crise é um colapso. Desde que o Justiça, a Equidade, a Fraternidade, a

1 homem é homem, e o mundo é


mundo: sempre houve e haverá cri-
ses. Sei que definir o seu conceito é com-
orientarem todos os passos que dermos
para voltar a ser felizes. A Nossa Au-
gusta Ordem, deve ter sobretudo esse
plexo, porque as há de todos os forma- papel de farol enquadrador: o de impedir
tos. De maneira muito pessoal e sucinta, que nos deixemos deslizar para a mor-
crise é uma mudança brusca: pode ser daça, para a facilidade das soluções en-
política, económica, social, ambiental, ganosas do totalitarismo.
humanitária, de saúde, de nervos, exis- Se assim for, independentemente do
tencial, …, individual, coletiva ou global. avultado das desgraças, dos choros, do
Todos os tipos que enumerei, no caso sofrimento, dos estragos, o tempo existe
desta crise da Covid-19: somam-se. de per si, e diz dele o nosso povo, tudo
Para simplificar, e dado que uma imagem curar. Mas se a cura tiver como parâme-
vale sempre mais que mil palavras, deixo tros os valores maçónicos, o somatório
algumas sugestões de imagens: uma luz de todos os sofrimentos será sempre me-
vermelha a piscar; uma sirene a tocar; nor, e o novo caminho encontrado será
muita gente a bradar; o “Grito” de Edvard sempre mais seguro, mais justo, mais fi-
Munch; gráficos atípicos; a “curva de ável e resplandecente.
Gauss”; uma autoestrada que acaba
num precipício; ruas desertas... 2. A Maçonaria tem ajudado a construir e
Quando a crise não é nova, não se trata fortalecer todas as democracias do
de uma verdadeira crise, porque já mundo, porque sabe ser este o menos
aprendemos de certa forma a lidar com mau dos sistemas políticos. Em demo-
ela. Numa verdadeira crise a sério, não cracia, o povo elege para que a política
temos ainda experiência e por isso há governe. É, portanto, a política legiti-
que andar de candeia na mão às apalpa- mada pelo voto, respeitando a separa-

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ção de poderes, com todas as suas im- apenas mais uma crise, uma crise glo-
perfeições, corrupções, desvios e entro- bal do nosso tempo, que também nos
pias, que deve ir sempre à frente: com a pode estar a dar tempo para refletir,
bandeira, com todas as decisões da go- atestando-nos que não somos assim
vernança, mas sobretudo sempre enqua- tão donos do mundo quanto isso. E se
drada pelos valores pugnados pela ma- a essa frigideira, que se chama crise
çonaria. Os países democráticos são os ambiental global, se somar uma crise
que atingiram maiores níveis de desen- biológica global como a Covid-19, e a
volvimento e bem-estar, conseguiram ela acrescentarmos uma crise global
melhor repartição dos recursos e da ri- de valores, então significa que a ma-
queza gerada pela economia, embora çonaria não tem conseguido passar a
saibamos que há tanta variabilidade de essência da sua mensagem, dos seus
padrões de democracia, como países valores fundadores, e quando assim é, a
que a adotaram para regime político, história já nos ensinou que tudo pode
acrescentando ainda a enfase que lhe é correr ainda muito pior.
dada pelo estilo de cada governante Aprendemos com Albert Einstein, que o
eleito. A parte que cabe à maçonaria, há tempo condiciona toda a coisa física, que
de ser sempre a de olho vigilante e o tempo se cumpre sempre de forma ab-
atento, para que os valores que pugna- soluta, mas por outro, aprendemos com
mos, não sejam esquecidos ou deturpa- Charles Darwin, que a dialética evolutiva
dos. das espécies é o único motor que move
O objetivo da arte política é fazer boas inexoravelmente o mundo vivo, mas
escolhas: como e onde se devem afetar nesse mundo vivo, o homem maçon
os recursos, suprindo necessidades e pensa, e tem o dever de intervir: essa in-
aumentando paulatinamente os níveis de tervenção deve a maçonaria guiá-la no
bem-estar das populações. Resumindo sentido da afirmação dos seus grandes
muito grosseiramente: o ato de governar valores: Liberdade, Justiça, Equidade,
é “gastar” dinheiro! Fraternidade.
Aqui chegados, sabemos que quem gera
o dinheiro, é o MERCADO. Ora o objetivo 3. Felizes os simples, porque deles é o
da arte do mercado é o lucro! E no en- reino dos céus! Esta não é exatamente
calço louco dessa senda, o mercado não uma “Bem-aventurança”, mas há uma
se pode transformar na única religião fa- que fala dos pobres de espírito, ou me-
nática de todos os políticos e economis- lhor dizendo, dos que têm sede de espí-
tas, e o dinheiro, o único deus fanático rito!
para todos os terráqueos. Por isso deve- Se de premissa estabelecermos uma
mos evitar dar substância ao terrível pa- equivalência entre céu e felicidade,
radoxo: quem manda afinal em democra- percebemos que tanto o primeiro,
cia: a POLÍTICA ou o MERCADO? como a segunda se ganham com as
Vemos lavrar a tendência, por vezes com coisas simples, rotineiras, aquelas a
teorias validadas pelas grandes universi- que todos os dias damos menos im-
dades do mundo, que pretende submeter portância, mas que em todas as nos-
a política ao mercado, que no seu desva- sas sessões maçónicas pugnamos
rio total de acumulação de riqueza e ma- por elas: o Amor, a Paz, a Alegria; a
ximização dos lucros, o mercado paulati- Força, a Beleza, a Sabedoria. Pode-
namente tem vindo a transformar o pla- mos, portanto, colocar em cima da mesa
neta numa imensa frigideira onde nos vai os verbos: abraçar, beijar, acarinhar,
colocando todos a fritar. E a Covid-19 é

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convidar, visitar, repartir, ajudar…; e con- globo, porque este pode albergar vários
tinuar com as expressões: fazer prazer, mundos e outros tantos submundos!
estar com os amigos, comer e beber jun- As duas Grandes Guerras do século XX,
tos, ir em conjunto ao restaurante, dar receberam também o adjetivo de Mundi-
um passeio, andar pela rua, beber um ais, ainda que haja vários autores, nome-
copo com amigos, rir em grupo, ir apa- adamente o grande pensador George
nhar ar, ir dar uma volta, ir ver alguém, Steiner, que dizem tratar-se de uma só
debater em grupo, no contexto das nos- Guerra, que teve um largo armistício de
sas sessões pugnar juntos pelos valores vinte anos pelo meio! E eu concordo com
maçónicos. ele, porque vendo bem, os motivos que
Se não estivéssemos agora no olho do levaram à primeira, não ficando bem re-
furação Covid-19, esta seria prosa algo solvidos, à próxima nova encruzilhada,
rançosa, que a liberdade tem sempre deram guerra novamente! Por isso o sé-
mais valor quando não se tem, mas o culo XX, ficou conhecido como o século
verbo pensar e refletir, para se exercita- das grandes guerras mundiais: as que ti-
rem, necessitam de sossego, de tempo veram lugar, a primeira e a segunda, e as
livre e das mãos também algo vazias de que não tiveram lugar, designadamente
afazeres. a terceira!
Muitos dizem que depois desta imundice A “mundialização” podemos dizer que foi
passar, o mundo nunca voltará a ser o um processo histórico muito lento que se
mesmo, mas nestas coisas, eu sou algo foi dando à medida que o Homo sapiens
como o discípulo Tomé: terei que pri- saiu da África Oriental, por volta de 300
meiro meter três dedos na chaga grande! mil anos atrás, para colonizar o mundo
Dentro e fora da loja maçónica, sei que inteiro, provocando depois um processo
precisarei continuar todos os dias a pra- de trocas culturais que se acelerou muito
ticá-las, a pugnar por elas. Porque sem- com os descobrimentos portugueses do
pre o ódio espreita em todas as esqui- século XV, e que culminou na segunda
nas. metade do século XX.
Como já disse, o tempo é a mais abso- Por seu lado a globalização, dá-se a par-
luta das realidades, que nunca parará de tir do último quartel do século XX, e tem
escorrer, mas concluía o grande mate- mais a ver com processos económicos, o
mático Edward Lorenz já algo mais de que chamamos hoje a "aldeia global": so-
cinquenta anos, que por vezes, basta bretudo ligada à descentralização da
que uma frágil borboleta bata as asas, produção, graças aos mercados finan-
para que o caos se estabeleça, e aí, tal- ceiros e à Internet. É aqui que nos damos
vez o caminho do tempo do Homem conta que o mundo é verdadeiramente fi-
vença mais uma pequena reviravolta. nito e totalmente interdependente, e que
Que a maçonaria seja sempre esse leve quando a tal borboleta bate as asas no
bater de asas da borboleta que enquadra polo norte, pode provocar grandes efei-
sempre o Homem nos mais nobres valo- tos no polo sul.
res maçónicos. Ainda que o tempo escorra de forma
igual, nós viajamos cada vez mais, e
4. Como diria Jacques de La Palice, a pa- cada vez mais rápido! Por essa razão, o
século XXI, vai ser o século das grandes
lavra “mundial” refere-se ao mundo, e a
pandemias sanitárias: ambientais, finan-
palavra “global” refere-se ao globo. Pela ceiras, informáticas, biológicas! E todas
parte que me toca, não tenho dúvidas estão interligadas.
que o mundo é mais pequeno que o Depois da segunda Grande Guerra, ala-
vancado pela maçonaria, a criação de

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várias instituições supranacionais, so- pangolins que foram mordidos por mor-
bretudo as Nações Unidas, foi a melhor cegos!? E aqui está a prova, tal como
resposta que se pode dar para impedir disse John Maynard Keynes, “os ciclos
novas guerras mundiais. económicos são determinados por um
Com esta primeira pandemia biológica suposto "espírito animal"!
verdadeiramente global, qual primeira E se muitos pensam que a globalização
“Grande Revelação” da finitude e fragili- é uma coisa do outro mundo, que se de-
dade global, chegou o tempo de enten- senganem, porque a globalização é
dermos que estes problemas precisam mesmo o nosso mundo de todos os dias:
instituições globais muito mais fortes, rapazes a traficar “créditos hipotecários”
que possam controlar e regular todas es- e depois nós perdermos as nossas eco-
tas questões de forma assertiva, vigo- nomias e parte dos nossos salários; fazer
rosa e absoluta, porque de outra forma, as mais baratas compras no eBay ou
as várias pandemias, tal um boomerang, Amazon e em tempos de crise o nosso
irão suceder-se ao ritmo das estações do país não ter acesso a bens fundamen-
ano, com alguns armistícios pelo meio. tais; os nossos filhos poderem trabalhar
Por isso o melhor, é mesmo resolver as noutro país, e depois Portugal ficar sem
coisas bem à primeira, porque caso con- a massa crítica dos melhores profissio-
trário: a segunda, a terceira, e muitas ou- nais; abusar sem limites das viagens de
tras pandemias, vêm já a caminho. A Ma- carro, de avião, de barco, e depois ver o
çonaria deverá, portanto, aprofundar o nível do mar a subir em todo o mundo;
seu papel histórico, no sentido de ajudar morcegos a morder pangolins e depois
a concretizar estes nobres desideratos nós termos que ficar em casa fechados,
de Liberdade, Paz, Justiça e Harmonia e para voltarmos a sair, ter que andar an-
globais. gustiados, de máscara, de luvas, …
A maior problemática do nosso globo, é
5. Diz-se em bom mirandês, a língua da que não pode girar para trás, porque é
terra que me criou: “L mundo ye redondo uma roda gigante que completa uma
i tando anda, cumo zanda”. Para que não volta elíptica ao redor do sol, a uma velo-
seja muito longe, basta-nos recuar até cidade contínua de 1800 quilómetros por
2007: crise financeira do “subprime” e minuto e nós todos a rodar com ele. Es-
subsequente falência em 2008 do tamos, portanto, todos triplamente liga-
grande banco americano Lehman dos: pela nossa condição de terrenos,
Brothers. A este fenómeno também po- pela nossa condição biológica, pela
díamos chamar “pandemia financeira”, nossa condição humana.
provocada pelo azar introduzido por uns Apesar da nossa história, enquanto via-
bichos raros, uns rapazes muito esper- jamos a alta velocidade, a única, e a me-
tos, que faziam “transferência dos crédi- lhor forma que temos para nos ajudar, é
tos hipotecários (CDS, CDO…). sermos mais cidadãos, é sermos mais ir-
E nós que já nos tínhamos habituado a mãos, é pensar mais e melhor, é fazer
pensar que coisa de falência de bancos com que os valores maçónicos incutam
nunca mais ia acontecer, ficamos todos todos os dias mais Humanidade à nossa
muito admirados. Muita gente perdeu as querida Terra Azul.
economias que tinha colocado nos sítios
mais seguros: os bancos! Do dia para a Júlio Meirinhos
manhã, o mundo entrou em crise, e em Antigo Grão-Mestre
Portugal, muitos milhares de pessoas vi-
ram parte do seu ordenado cortado! Miranda do Douro, Maio de 2020
Muita gente sofreu, muita gente alucinou,
e passado pouco mais de dez anos, os
que sobrevivemos, estamos aqui. Outra
vez diante de mais uma pandemia que
ninguém pensava que iria acontecer, que
desta vez foi provocada pelo encontro
azarento entre uns bichos raros, uns

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TEMPOS DE MUDANÇA Neste momento em que coincidem três


factos, i. e, fazemos 20 anos de Maçona-
ria Regular, publicamos uma nova ver-
são do Aprendiz e o nosso país atra-
vessa um momento particularmente difí-
cil a que decidimos chamar-lhe "crise", é
pedido ao Grão-Mestre que no exercício
da sua função faça uma comunicação
aos seus obreiros.

Assim sendo, importa desde logo afirmar


e como diria Norton de Matos, Pessoa e
tantos outros — que os maçons são pes-
soas de bem, livres, patriotas que amam
a sua pátria, humanistas e que tem para
o seu sustento, ou seja que possuem os
metais para pertencer a esta nossa Or-
dem com a liberdade que a todos nos é
exigida.

JOSÉ FRANCISCO MORENO Sabemos que vinte anos na vida de um


ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP
homem é muito tempo, contudo, no per-
curso de uma instituição poderá não ser
eus queridos Irmãos: Pedem-me

M um texto para ser publicado no


relançamento da nossa revista
“O Aprendiz”.
nada, sobretudo se esta é milenar como
a Maçonaria.

Nos nossos vinte anos de Fundação da


Grande Loja, da Restauração da Regula-
Quero saudar a decisão deste relança-
ridade, do Reconhecimento Internacio-
mento e apelar à colaboração de todos
nal, do retorno ao seio da Maçonaria Uni-
os Irmãos para, com dedicação e entusi-
versal, Anglo-saxónica, EUA, Inglaterra,
asmo, possam dar o seu contributo para
CMI, ..., atingimos um patamar que nos
a sustentabilidade deste projeto por mui-
torna na maior potência Maçónica Portu-
tos anos.
guesa. Esta responsabilidade leva-nos a
não ter necessidades prementes de
Em junho de 6011, foi publicada uma
crescimento, as quais já ultrapassámos.
mensagem minha a que dei o título de
Já não existem Irmãos desavindos... A
“Tempos de Mudança”, volvidos nove
consolidação que actualmente vivemos,
anos, infelizmente a situação do nosso
dá-nos motivos e razões para aprofundar
País mantem-se, ou seja, o que na altura
os critérios qualitativos e pautar a nossa
decidiram chamar de “crise”. Dada a atu-
actuação com um sentimento de selec-
alidade da mesma, desculpem, mas re-
ção criteriosa.
meto para ela e permito-me fazer a sua
transcrição:
O melhor presente que poderíamos rece-
ber, ou usando uma linguagem mais po-
“TEMPOS DE MUDANÇA
pular, " a cereja em cima do bolo", seria
agora a obtenção de novas Instalações -
sede da Grande Loja. Não desejamos as

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de outros. A Maçonaria Regular já teve augusta ordem é chamada, mais


património no passado, pelo que esse uma vez, a fazer ouvir a sua voz, no
deverá ficar onde está. silêncio da sua descrição, é certo,
mas de forma veemente para re-
Nós reclamamos o património Espiri-
centrar a sociedade no quadro do
tual... No entanto, num país com tantos
valores que professamos, naque-
edifícios, dos quais muitos infelizmente
abandonados e degradados, por parte
les que libertaram o Homem no
do Estado e das Autarquias Locais, será passado e o poderão voltar a ele-
ousar muito pedir que nos cedam, qual- var no futuro.
quer que seja o título da cedência e a sua
duração, umas instalações que nós pos- É nosso dever, é nossa obrigação, voltar
samos recuperar, manter e dar vida a um a exigir a todos um discurso de verdade,
património que é de todos? onde o interesse nacional se sobreponha
a qualquer outro, destacando todos
Creio e estou certo que todos cremos aqueles que se saibam sacrificar pelo
que não. Mas será que não temos direi- bem comum.
tos históricos? Creio e estou certo que to-
dos cremos que sim. Então vamos a É por isso que no quadro da profunda
isso... trabalho e motivação não nos falta crise em que nos encontramos, perante
e a sorte também temos que lutar por ela. a necessidade de reformar muitos dos di-
reitos e obrigações que dávamos como
Nestes nossos 20 anos, não tivemos do- certos, na perspectiva de termos que re-
ações ou heranças, pelo que devemos orientar os rumos do nosso desenvolvi-
todos trabalhar e envolvermo-nos nesta mento, devemos partir para a sociedade
missão clara de possuirmos umas novas profana exigindo a todos os intervenien-
e melhores instalações (com ou sem tes, governantes e governados, o mais
ajuda dos poderes públicos). absoluto respeito por cada um daqueles
que compõe a própria sociedade, inde-
Para tanto, devemos ser mais organiza- pendentemente dos seus credos ou con-
dos e mais eficazes e façamos assim dição.
gala desse mote, temos que passar das
palavras aos actos e de uma vez por to- Para que a mudança possa ser compre-
das trabalhar neste mesmo desígnio. endida e aceite por todos, sem os custos
desnecessários daqueles que por falta
Igualmente, na sociedade profana em de informação teimem em não reconhe-
que vivemos, os valores que professa- cer razão da mudança, é fundamental
mos e que arduamente fazemos valer que desde a primeira hora nada se omita,
entre nós, não têm conhecido a luz, pelo nada se adultere, nada se manipule.
que urge também aqui sermos organiza- Para todos tenham parte na mudança in-
dos e passarmos uma mensagem rigo- contornável que as nossas vidas conhe-
rosa e de verdade. cerão, é fundamental que a partir de
agora só se fale verdade aos cidadãos.
É por isso que, neste tempo de mu-
dança, que nesta fase de profunda Para nós, no seio do nosso templo sa-
grado, sabemos bem que só a verdade
transformação da sociedade onde
nos liberta. Para o bem do futuro da so-
vivemos, neste quadro de crise
ciedade profana não pode ser diferente e
económica e de valores, a nossa só a verdade permitirá começar de novo,
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em conjunto, rumo a uma sociedade


mais participada, mais justa, com mais
oportunidades e onde cada um possa co-
nhecer a luz pelo mérito das suas ac- É verdade que já temos sede e mais ins-
ções. talações, mas temos de ser ambiciosos e
desejar ter além de mais e melhores tem-
Esta é uma daquelas épocas em que a plos, nomeadamente Instalações de
sociedade mais necessita da intervenção apoio ao Maçon e família, bem como
da Maçonaria. Este é o tempo em que te- prestar serviços sociais à comunidade,
remos que voltar a intervir com convicção etc., etc., realizações que podem efe-
e desinteresse. O futuro chama por nós. tuar-se sem aumentar os nossos encar-
Por último, solicito a todos os meus II∴ gos, chega para tal alterar prioridades e
que auxiliem e ajudem os responsáveis estar atento aos apoios do Estado, por-
do "Aprendiz" a fazer deste instrumento que felizmente temos Irmãos com capa-
um espaço de Excelência e de propaga- cidade técnica e experiência para o gerir.
ção da Fraternidade, da Tolerância e da
Sabedoria. A maçonaria deve ter uma postura de
Permitam-me ainda que através deste abertura à sociedade, valorizando a
"Aprendiz" vos saúde e vos transmita nossa história, os nossos valores, princi-
uma palavra de Esperança extensiva às palmente a defesa da liberdade e as cau-
vossas famílias, porque sou optimista, sas sociais e o orgulho de ser Maçon.
mas também realista, embora esteja
convicto que com e através da Maçona- O maçon não deve fazer promessas que
ria Regular, Portugal vencerá a crise e o não tenha capacidade para cumprir, dei-
mundo em que vivemos será melhor. xemos para outros essa postura…

Continuarei a ser, apenas, mais um! Meus Irs. Um TAF para todos extensivo
às vossas famílias e votos de esperança
A partir pedra ao Vosso lado... a bem da num mundo melhor, solidariamente to-
Ordem. das as dificuldades serão vencidas.

Bem Hajam. José Francisco Moreno

José Francisco Moreno “ Antigo Grão-Mestre

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

A MAÇONARIA mos para que se saiba quão bons ou ca-


ridosos somos, fazemo-lo pelos ditames
dos nossos corações e das nossas cons-
ciências de Maçons.

Mas, meus Irmãos, deve ser dado, sem-


pre, um muito obrigado fraterno e amigo
a todos os Irmãos que, humildemente,
por nós, partem a sua pedra. Principal-
mente quando em prol do bem comum.

Afinal, somos Maçons e, como tal, cava-


lheiros.

Mário Martin Guia


Ano 7, número 31, Equinócio de 6008

Quem se humilha será exaltado e


quem se exalta será humilhado.
MÁRIO MARTIN GUIA
ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP Meus Irmãos!
Meus Irmãos O mundo em que vivemos entrou numa
crise que tem mais a ver com a avidez
uvimos por vezes dizer que em dos homens do que com a sua capaci-

O Maçonaria não se agradece.

Entendo que esta frase significa que, em


dade de produzir riqueza suficiente para
erradicar a fome no nosso planeta.

Maçonaria, nada fazemos para que nos É na busca incessante dos valores da
agradeçam e que nem sequer espera- Solidariedade que praticamos e que alar-
mos agradecimentos porque, por muito gamos a esse mesmo Mundo, que reside
que façamos, apenas estaremos a cum- uma das nossas maiores forças.
prir com os deveres das nossas cami-
nhadas, e das caminhadas ao lado de Se lhe juntarmos a busca sistemática da
outros Maçons. tolerância ou, talvez melhor, se lhe jun-
tarmos a busca da nossa compreen-
Tristes aqueles que, dizendo-se Maçons, são pelos outros, teremos encontrado
trabalham nas suas oficinas com o objec- certamente a razão tanto individual
tivo de serem glorificados ou para que se como colectiva da nossa existência.
lhes agradeça o bem que fizeram. As
suas catedrais interiores não passam, Peço-vos, por isso, meus Irmãos, que
ainda, de projectos de caboucos de mi- apertemos ainda a nossa Cadeia de
núsculas capelas. União e que a alarguemos ao mundo pro-
fano em que nos inserimos.
Quem se humilha será exaltado e
quem se exalta será humilhado. Um abraço Fraterno
As nossas obras e todo o bem que prati- Mário Martin Guia
camos devem ser discretos. Nada faze- Ano 8, número 34, Equinócio de 6008

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Que bom é o caminho

Meus Irmãos, Que bom é o caminho


Transpirado, suado,
Estamos a chegar ao fim de mais um ano Estupidamente feliz
Em que tenho tropeçado.
Maçónico, e, além de vos
É o caminho de nós todos.
Não é ?
agradecer tudo o que cada um de vós Sempre em frente
tem feito por todos nós, quero abraçar- Com mais ou menos fé,
vos cada um individualmente, com um Sempre com fé,
abraço amigo e fraterno. Mesmo que seja
fé no nada,
Neste ano que finda, as nossas oficinas ou em mim,
produziram tolerância, solidariedade fra- último guardião da
ternidade e paz, e por isso, o vosso minha esperança
Na lembrança
Grão-Mestre está-vos imensamente
Do que foi
grato.
Do que fui
E do meu fim.
Não devemos esquecer que, para nós, a Que bom é o caminho em que
paz é simultaneamente matéria prima e Sem perguntas me dou
produto acabado. A ti meu Irmão, minha Irmã,
Meu amor,
Nas nossas oficinas os Rituais ensinam Simplesmente
misteriosamente a produzí-la, mas ela só Porque és tu
pode ser gerada se as oficinas estiverem A quem amo,
Porque existes, porque és,
sinceramente em paz…
Nada mais pedindo
Que a tua condição de ser
… ou, por outras palavras, se cada Irmão Para contigo estar
se sentir em paz com os seus Irmãos, E com muito amor
com a sua família, com os seus amigos Te amar.
e, parece paradoxo mas não é, em paz, Que bom é o caminho
até, com os seus inimigos. Em que para te dar
E a ti me dar
Só assim podemos, como homens de Sofro
paz que somos, servir a Sociedade em Ao respeitar o caminho
Que escolheste
que nos inserimos, contribuindo para ali-
E que diferente do meu
viar o acumular de tensões que infeliz-
Percorres
mente hoje a regem, não deixando que E de mim afasta.
as mesmas nos atinjam. Respeito-o porque é teu
E porque respeitando-o
Um abraço Fraterno me respeito.
Sabes o que faço na
Mário Martin Guia Realidade ?
Ano 8, número 36, solstício 6009 Vivo na tua
A minha liberdade.

Mário Martin Guia / Solstício de Verão


de 2001

15
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

MAÇONARIA… E AMANHÃ? Isto é, o cogitarmos no que já foi vivido,


não deverá ser balizado por muros aca-
démicos nem pelo recurso, passo a
passo, a textos e citações de uso có-
modo mas dispensável se queremos
desfiar os saberes que nos foram ofere-
cidos e nos podem ser úteis na nossa ca-
minhada.

Assim congeminando, somei algumas


ideias que, sem prévia arrumação nem
recurso a hierarquias passo a expressar
movido pelo interesse e pelo respeito
que a Ordem me merece.

Quando a Maçonaria foi apresentada à


História e surgiram os primeiros docu-
ALBERTO TROVÃO DO ROSÁRIO mentos que lhe fazem referência,
ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP
quando era mais operativa do que espe-
culativa, os seus objectivos tiveram
ltrapassados já alguns séculos

U sobre o advento da Maçonaria em


moldes semelhantes aos que
hoje são respeitados, é oportuno sope-
como razão de ser a justiça social e a sal-
vaguarda da cultura que, no exercício do
seu mister iam moldando e enrique-
cendo.
sar o que foi feito e porquê, para que,
com isenção e rigor acrescidos, possa-
Cedo os maçons operativos montaram
mos, se quisermos, caminhar com maior
uma cerca com o intuito de se defende-
segurança para o horizonte que visamos.
rem dos que lhes queriam coarctar direi-
tos e proibir sonhos de emancipação,
Se é evidente que devemos adaptar a
ainda que só com o crescimento e o alar-
passada aos tempos que correm e que
gamento da sua influência tenham inqui-
são indiciadores de mudanças e turbu-
etado políticos e ideólogos.
lências inevitáveis, não é menos evi-
dente que os princípios e os valores que
A inquietação surgiria quando da semen-
são a nossa razão de ser deverão ser
teira operativa brotaram formas especu-
respeitados com a exigência imposta
lativas que trouxeram a sólida teorização
pela nossa coerência.
de conceitos e a sistematização de mo-
delos estruturais que visavam a criação
A cultura terá de ser, quando estudado o
de condições propícias para a realização
já vivido, uma bússola inquestionável, na
de trabalho espiritual em células discre-
certeza de que não há maçonaria sem
tas.
cultura maçónica.
Para que tal assumisse robustez e res-
peitasse a pretendida coerência espiri-
Todavia, a cultura constitui um bordão e
tual, os maçons recorreram a heranças
uma referência, não um somatório de
culturais encontradas na História do
dogmas que cerceiem a descoberta pro-
Egipto, da Grécia, de Roma e da Judeia,
porcionada pela recolha criteriosa das
propostas oferecidas pela experiência.
16
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

procuraram bordões nas Ordens Religio- erigira à Igreja e, porque, pela mesma ra-
sas Militares, em particular na Ordem zão, baseada na menor ocupação do
Templária ou na própria construção do Norte pelas cortes romanas, a influência
Templo de Salomão e em livros sagra- da Igreja, de Roma, seria, como é, me-
dos. nor.

Desta bem urdida tessitura emergiu uma Como facilmente reconhecemos, perma-
cultura própria que, para surpresa dos necem na actualidade as diferenças que
profanos não rejeita a herança das cor- separam duas perspectivas e que estive-
porações de canteiros; continuou a res- ram na origem de guerras e de milhares
peitar graus -aprendiz, companheiro, de mortos.
mestre- e a atribuir carga simbólica aos
instrumentos que utilizavam -compasso, Celeremente, com a chama soprada pe-
esquadro, nível, prumo,…-, o que muito los ventos atiçados pela História e pelo
contribuiu para a coesão e para a carac- Iluminismo e pelo desabrochar de cor-
terização da identidade da Maçonaria. rentes culturais emergentes desperta-
vam, a Maçonaria foi espraiando a sua
Entretanto, corria o ano de 1717, se- implantação e as suas formas de inter-
gundo as fontes mais respeitadas, venção. Não só no respeito pela missão
quando foi criada em Londres, a primeira a que se propusera, como constituindo-
Loja Maçónica e, passados poucos anos, se como veículo que seria utilizado por
em 1723, surgiriam as Constituições de movimentos revolucionários e contesta-
Anderson, redigidas por um pastor pro- tários.
testante que se viriam a tornar para a
maior parte do mundo maçónico uma É a altura de realçarmos que a Maço-
verdadeira Magna Carta. naria provou nesse período que a sua
face operativa estava bem viva e que
Foram duas as consequências da en- estava disposta a ser, na defesa dos
trada em cena da Maçonaria Especula- seus valores, útil, não se quedando
tiva como estrutura assente em alicerces em torres de marfim ou em encena-
sólidos: ções apelidadas de esotéricas. E, tão
útil foi que a História seria hoje contada
Numa face, tornou-se patente que reunia de forma diferente, mormente no tocante
meios espirituais, culturais e sociais que às Américas, se a Maçonaria não tivesse
se ofereciam ao pensamento livre e que lutado como lutou. Com empenho, com
eram armas poderosas na luta contra sacrifício, esteve na primeira linha do
despotismos e saberes anquilosados; na combate pela construção de sociedades
outra face, e como se aguardaria, os de- mais justas, onde o Homem pudesse
tentores de privilégios e os guardiães de ocupar o lugar que, por direito, era o seu.
saberes inquestionáveis contra-ataca-
ram com ferocidade, entrincheirados em Este período da vida maçónica coincidiu
intolerâncias e medos. com a emergência da Idade Contempo-
rânea, o que não pode ser visto como um
Esta resistência, tingida de sangue, tor- acaso, já que se conjugaram nesta
nou-se mais ostensiva nos países do Sul época os desafios que a Maçonaria acei-
da Europa, onde o Império Romano tinha tou, mas que todavia não durariam senão
cedido o belo e imponente edifício que algumas décadas.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Embora na fase seguinte tenha continu- - Que entrega se dispõem a fazer de si-
ado a pugnar pelos mesmos valores, as próprios à Maçonaria e aos seus futuros
solicitações e as motivações foram rare- II∴ ?
ando e a ampulheta, inexorável, foi tra-
zendo alterações nos comportamentos e Ainda que se tenha sentido, nos tempos
nas atitudes. mais próximos, vontade em arrepiar ca-
minho, não podemos iludir que são mui-
A participação, que tanto a honrara, em tos, designadamente entre os maçons
confrontos bélicos e ideológicos, foi-se com maior experiência e mesmo entre os
desvanescendo e os maçons foram-se que foram iniciados há menos tempo, os
acomodando prestando atenção cres- que sentem uma certa desilusão criada
cente a ritos e rituais deixando a Maço- em grande parte por um tipo de facili-
naria para segundo plano temas como a tismo que contrasta com a imagem de
justiça social ou a liberdade dos povos. seriedade e de exigência que tem de ser
associada à cultura maçónica.
Em boa medida, a forma foi-se sobre-
pondo ao conteúdo, o que se traduziu em Se é justo realçarmos a melhoria da
que o crescendo do cuidado posto na de- qualidade do trabalho maçónico que é
coração da moldura empalideceu a bela produzido em muitas Lojas, também
mensagem do quadro. não podemos ignorar que noutras im-
pera a rotina sem que a espirituali-
Os que foram atraídos pelos mais nobres dade seja objecto de grande atenção.
valores que foram a razão de ser da Ma-
çonaria e que por estes lutaram foram, Se quisermos aprofundar a análise, fi-
paulatinamente, sendo substituídos pe- caremos até com dúvidas relativa-
los que pretenderam integrar-se numa mente ao empenho com que são esti-
associação com respeitáveis propósitos muladas a solidariedade e a fraterni-
e aparente poder, desde que da adesão dade.
não adviessem riscos profissionais nem
familiares. A discrição de que o maçon se Importa que, julgo com oportunidade,
munira para atingir elevados desígnios, nos recordemos sem tibiezas, de que a
passou a servir a muitos para encobrirem honra de pertencermos à nossa Ordem
perante os profanos a sua qualidade de acarreta o compromisso de respeitarmos
obreiros da Ordem. normas e regulamentos que são bem ex-
plícitos. Por exemplo e em termos claros:
Os que defendem, e não serão poucos, não é conjecturável que aceitemos,
o respeito pela pureza dos princípios da numa atitude aparentemente tolerante,
Maçonaria, temem que ela se desvirtue como maçónicos grupos que não são for-
progressivamente. Condenam a exibição malmente reconhecidos.
do elevado número de obreiros e de Lo-
jas que desde há alguns anos tem sido Uma leitura atenta dos referidos textos
alardeada e interrogam-se: impede que sejam cometidos atropelos
- Será que o recrutamento tem sido tão que colidem com a especificidade da
rigoroso como é exigível? nossa cultura, com as nossas tradições
- Porque motivo alguns candidatos que- e, o que não é de menos, com os com-
rem ser iniciados? promissos que temos com as Ordens de
outros países. Aliás, é conhecido que o

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

reconhecimento formal de que nos ufa- que mais não são do que imitações que
namos não pode ser posto em causa por são praticadas desmotivadamente.
atitudes pautadas pela ligeireza ou pela
ignorância. Chegados a este ponto, algumas dúvi-
das podem insinuar-se: estamos em con-
Na fase ensombrada por interrogações dições de continuarmos a ser úteis à so-
que a Humanidade se vê forçada a enca- ciedade a que pertencemos? De sermos
rar não podemos esquecer que somos úteis aos nossos II∴? De sermos úteis a
herdeiros, portadores e transmissores de nós próprios?
um conjunto de saberes espirituais, cul-
turais e sociais que devemos, como tan- A resposta parece clara: poderemos es-
tas vezes já sucedeu, colocar ao serviço tar mas, para tal, há que seguir e gene-
dos nossos semelhantes, sempre com a ralizar o exemplo dos obreiros de algu-
intenção de dar e nunca buscando elo- mas Lojas que trabalham e estudam, as-
gios ou compensações. sumindo plenamente a sua responsabili-
dade, concedendo maior importância à
Há que combater a tentação de olharmos espiritualidade, à solidariedade e à fra-
a Maçonaria como uma carreira, em que ternidade do que à decoração dos aven-
uma boa parte da motivação dos obreiros tais, dos colares, dos diplomas e das me-
resida na subida de grau e na decoração dalhas.
do avental -cujo simbolismo muitos igno-
ram-. Também a mudança de posição no Quero acreditar nos prenúncios de um
Quadro de Oficiais da Loja deve ser novo tempo que nos dizem que amanhã
olhada como um convite ao desempenho a Maçonaria não será recordada como
de funções tão responsáveis como uma associação que foi e deixou de ser
quaisquer outras e nunca fonte de vaida- e que ficou na memória colectiva pelo
des nem, muito menos, de ressentimen- muito que fez pela justiça social e pela
tos. dignidade do Homem enquanto foi coe-
rente com os seus princípios e que pouco
A simbologia usada em Maçonaria é a fez quando deixou de se bater por eles.
sua linguagem própria, apurada e trans- O caminho desafia-nos. É chegado o mo-
mitida ao longo de muitos anos; respei- mento de avançarmos. Os nossos valo-
tada e, em momentos de maior intransi- res guiar-nos-ão como fizeram com
gência, resguardada de ódios e incom- quem nos antecedeu. Com o nosso sa-
preensões. É a guardiã do nosso código ber e com o nosso querer.
genético; é o mais sólido e duradouro elo
entre gerações de maçons. Se são in-
questionáveis quer a sua valia cultural Trovão do Rosário
quer a indispensabilidade do cumpri- Palmela, 8 de Julho de 6019
mento dos ensinamentos que veicula, há
que, sempre que para tal surja oportuni-
dade, explicar aos obreiros o significado
mais profundo dos sinais, passos, pala-
vras, toques,… que identificam cada
grau.

A ausência de tais conhecimentos con-


duz a repetições mecânicas e rotineiras

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

A MAÇONARIA NA PRESENTE EMERGÊNCIA infectados e pouco ou nada acrescenta à


saúde publica.

Ao mesmo tempo a monitorização da


nossa vida social se poderá ser eventu-
almente justificada nestes tempos, ela
corre o risco de se eternizar se os cida-
dãos não exercerem a sua opinião crítica
e denúncia frontal.

Por último há que referir a sagrada obri-


gação do Maçom que é a de exercer a
solidariedade, auxiliando os mais pobres
e mais necessitados. É claro que o Es-
tado e seus Governos têm a obrigação
de prover a essas necessitados, mas as
organizações maçónicas, Obediências e
Lojas, e os Maçons a nível individual tem
de cumprir o dever de Fraternidade em
JOSÉ MANUEL MORAIS ANES relação aos outros homens, uma “bene-
ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP ficência activa e esclarecida” que nada
tem a ver com a “caridadezinha”. A soli-
Maçonaria transporta no seu seio dariedade que os Maçons exercem den-

A tradições e valores que se vão ac-


tualizando através dos tempos.
Assim acontece nesta época de emer-
tro das Lojas tem de sair para fora delas,
à luz do dia e tudo isto para o Bem da
Humanidade e à Glória do Grande Arqui-
gência sanitária e social devido ao Coro- tecto do Universo.
navirus-19.
José Manuel Anes
É claro que devemos estar atentos às Antigo Grão-Mestre da Grande Loja Le-
ameaças à Liberdade que nos assolam gal de Portugal
de vários quadrantes - como dizia Fer-
nando Pessoa no corajoso e lúcido artigo Lisboa, 23 de Abril de 2020
do Diário de Lisboa - devemos ser tole-
rantes excepto quando regimes e ideolo-
gias ameaçam a nossa liberdade. Tam-
bém a nossa vigilância deve exercer-se
“A SOLIDARIEDADE QUE OS MAÇONS
EXERCEM DENTRO DAS LOJAS TEM
no domínio das ameaças aos nossos va-
lores e direitos humanos, como por DE SAIR PARA FORA DELAS, À LUZ
exemplo sugestões que ocorrem vindas DO DIA E TUDO ISTO PARA O BEM
de uma certa ciência e uma certa política DA HUMANIDADE E À GLÓRIA DO
que quer asfixiar as nossas vidas, confi- GRANDE ARQUITECTO DO
nando idosos e monitorizando os nossos UNIVERSO.
passos. Se é certo que o confinamento
tem sido necessário e útil para combater
a doença, a tentação totalitária de insta-

lar um certo darwinismo sanitário ame-
aça a vida dos velhos que não estejam

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

“O APRENDIZ" fragilidade da nossa própria condição hu-


mana.
Umas melhor do que outras, as socieda-
des responderam perante a crise duma
forma notável. A sociedade civil mostrou
que a solidariedade humana ainda é um
valor “em uso”. Pelo menos perante as
crises. Já não é mau e é até possível de-
sejar e esperar que este evento tenho
trazido ao mundo um novo despertar.

A forma imediata e vigorosa com que a


Obediência, e falo de nós todos os seus
Obreiros mas também da exemplar lide-
rança do MRGM Armindo de Azevedo,
reagiu aos condicionamentos impostos
pela pandemia há de ficar na nossa his-
tória como uma ilustração maior do que
somos e de como isso é importante para
JOSÉ MANUEL PEREIRA DA SILVA cada um de nós. Pela primeira vez, tal-
ANTIGO GRÃO-MESTRE ( INTERINO ) DA
vez, pudemos experimentar de uma
GLLP/GLRP
forma mais vivida o que significa a Fra-
eus Queridos Irmãos ternidade e o seu alcance, efetivo, con-

M É com imensa alegria que saúdo


mais uma iniciativa de publica-
ção do “Aprendiz”. Inicialmente conce-
creto e palpável na vida de cada um de
nós; descobrimos o quanto, da forma
mais desinteressada, nós somos impor-
tantes para os outros e eles para nós.
bido como instrumento de divulgação,
apenas entre nós, do trabalho e do pen- Fraternidade, para nós essa Amizade
samento produzido pelos II∴, a publica- comprometida que não se confunde com
ção teve os seus momentos mais altos e qualquer outra e que por isso nos afasta,
mais baixos, numa descontinuidade re- com uma especificidade inequívoca, de
veladora das dificuldades com que sem- todas as outras entidades e instituições
sociais criadas pelas culturas ao longo
pre se debateu um projeto dependente
do voluntarismo fraterno e das próprias dos tempos. Ser Maçon é ser diferente, é
contrariedades que a Obediência foi en- viver a amizade duma forma mais pura,
frentando. Mas sempre foi cumprindo o duma forma que nos faz ser importantes
para cada um dos outros que connosco
que dele se esperava e, por isso, se es-
partilham um caminho. Como dizia Wil-
pera.
liam Preston, talvez um dos nossos mai-
Vivemos hoje um particularíssimo tempo ores pedagogos:
nas nossas vidas. Um momento nunca
antes experimentado, que nos interpela “Where friendship is unknown, jealousy
de forma intensa sobre muitos aspetos e and suspicion prevail; but where that vir-
nos impele a uma aprofundada reflexão tue is the cement, true happiness sub-
sobre muito daquilo que considerávamos sists. In every breast there is a propensity
como certezas e adquiridos. Ou seja, que to friendly acts, which, being exerted to
em larga medida nos confrontou com a effect, sweetens every temporal enjoy-
ment; and although it does not remove

21
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

the disquietudes, it tends at least to allay ensaia uma definição de espiritualidade


the calamities of life.” (Preston, 1812) a que muitas vezes recorro:

Durante este período que levou ao can- “Nous sommes de êtres finis ouverts sur
celamento do nosso convívio presencial l’infini… Je peux ajouter : des êtres
recusaram os Irmãos prescindir de “estar éphémères, ouverts sur l’éternité ; des
com os outros”; recusaram suspender a êtres relatifs, ouverts sur l’absolu. Cette
Maçonaria, enquanto experiência convi- ouverture, c’est l’esprit même. La mé-
vial de partilha, e multiplicaram-se as ini- taphysique consiste à la penser ; la spiri-
ciativas que mantiveram em contato não tualité, à l’expérimenter, à la exercer, à la
só os II∴ de cada Loja mas, e talvez pela vivre. “ (Comte-Sponville, 2006, p. 145)
primeira vez, inventaram-se iniciativas
que trouxeram ao nosso convívio II∴ de Sim, não somos um clube. Somos, en-
outras Obediências por esse mundo fora. quanto coletivo, uma circunstância em
que cada um se pode abrir a esse infinito,
O recurso às novas tecnologias abriram- a essa eternidade e a esse absoluto na
nos horizontes de futuro no alargamento prática duma espiritualidade que nos
da egrégora maçónica. Mostraram-nos permite experimentar, exercer e viver
como podemos estar mais próximos ape- uma outra realidade que nos separa,
sar das distâncias geográficas; ultrapas- mesmo que não nos afaste, do mundo a
sámos os limites do espaço físico e apro- que chamamos profano.
ximámo-nos na descoberta de inquieta-
ções comuns. Para todos os II∴ que tor- Ainda que nos seja difícil perceber, por
naram possível esta nova realidade, esta falta do necessário distanciamento do
excelente oportunidade de sermos mais momento atual, abrem-se novas pers-
universalmente fraternos, ficará sempre pectivas de futuro. Sairemos desta crise
curto e insuficiente o nosso muito devido mais fortes e em grande medida diferen-
e agradecido reconhecimento. tes. E é nessa incerteza que temos que
assentar uma reflexão sobre o futuro.
Mas, apesar de toda esta maravilhosa Pensando-o e desejando-o melhor. E
novidade, confrontamo-nos com aquele para ele trabalhar com determinação e
sentimento de perda do convívio real; to- afinco.
dos sentimos a falta de estarmos juntos;
daqueles abraços, da nossa Cadeia de Mas, a minha visão da tradição maçónica
União. Sentimos essa inquietante neces- tem-me conduzido, pela reflexão ao
sidade, que se mantém indizível, e que longo dos anos, a uma conceção da ma-
não sendo um profundo vazio é algo que çonaria como uma organização ou, me-
queremos, com brevidade, preencher. lhor, como um método marcado pela sua
Porque, agora podemos constatá-lo, ela atemporalidade. Não porque ignore o
é a essência da nossa experiência que tempo, mas porque nele se suspende.
dizemos iniciática e espiritual onde, no Porque se sustenta da radicalidade do
encontro face a face, nos descobrimos a ser humano. Radicalidade que se com-
nós próprios, nos e com os outros. prova na surpreendente atualidade que
Numa excelente síntese da essência e temos que reconhecer no pensamento
condição do ser-se humano, Comte- expresso pelas figuras maiores da nossa
Sponville, na sua confessada mas, para espécie. Mas esta atemporalidade não
mim, duvidosa declaração de ateísmo nos remete para um tempo estagnado,

22
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

mas antes para um tempo vivo e trans-


formante que se ativa (e só nós podemos
compreender o mistério desta aparente Que o “Aprendiz” venha reforçar o apa-
contradição) numa utopia, esse não es- rato de instrumentos que temos ao nosso
paço que é a Loja, enquanto assembleia dispor é o que desejo.
dos Irmãos que se anima em egrégora, José Manuel Pereira da Silva, M∴M∴
energia coletiva que emerge no espaço
concreto dum Templo, esse repositório
inesgotável da simbólica que temos por Referências
referencial de ação e de vida.
Comte-Sponville, A. (2006). L'esprit de
Por isso, o nosso futuro não é distinguí- l´átheísme: introduction à une spiritualité
vel do nosso passado nem do nosso pre- sans Dieu. Albin Michel.
sente. É apenas um fundo em que pode-
mos projetar os nossos desejos e os nos- Preston, W. (1812). Illustrations of Free-
sos compromissos atuais. masonry (12th ed.). London.

Mas não seria justo se não esclarecesse


um desejo mais prosaico. A maçonaria
“SER MAÇON É SER DIFERENTE, É
regular portuguesa tem trilhado um cami- VIVER A AMIZADE DUMA FORMA
nho nem sempre fácil. Mas, apesar de MAIS PURA, DUMA FORMA QUE
tudo, tem crescido com força e vigor e NOS FAZ SER IMPORTANTES PARA
mantido uma notável capacidade para CADA UM DOS OUTROS QUE
atrair obreiros entre a juventude. Quando CONNOSCO PARTILHAM UM
se anuncia a intenção de implantar em CAMINHO. COMO DIZIA WILLIAM
Portugal a Ordem DeMolay, é mais um
PRESTON, TALVEZ UM DOS NOSSOS
passo que se quer dar nessa direção.
Um passo importante para o qual todos
MAIORES PEDAGOGOS:
podemos e devemos contribuir.
“WHERE FRIENDSHIP IS UNKNOWN, JEALOUSY
AND SUSPICION PREVAIL; BUT WHERE THAT
Estou por isso convicto que a Maçonaria VIRTUE IS THE CEMENT, TRUE HAPPINESS
Regular portuguesa continuará a crescer SUBSISTS. IN EVERY BREAST THERE IS A
e a afirmar-se como uma oportunidade PROPENSITY TO FRIENDLY ACTS, WHICH, BEING
para todos os que num mundo de algum EXERTED TO EFFECT, SWEETENS EVERY
desvario, inquietação e desconsolo aqui TEMPORAL ENJOYMENT; AND ALTHOUGH IT
DOES NOT REMOVE THE DISQUIETUDES, IT
queiram encontrar um oásis de paz e se-
TENDS AT LEAST TO ALLAY THE CALAMITIES OF
renidade. LIFE.”

Descobrimos que temos nas novas tec-


(PRESTON, 1812)
nologias mais ferramentas para conti-
nuarmos, enriquecermos e aprofundar-
mos o nosso trabalho para além do que ”
sendo essencial, o trabalho ritual, “deve
continuar lá fora” para que se cumpra
aquilo em que acreditamos.

23
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

MAIS UM ELO DA TRANSMISSÃO DE UM tício de Inverno, no período da nossa re-


TESTEMUNHO fundação, com a recriação da
GLLP/GLRP, emergente de uma crise,
que quase colocou em causa a nossa
Regularidade, foi iniciada a edição do
Aprendiz da II série, de papel de cor azul,
e logo que possível, depois melhorada,
para uma cuidada edição em tipografia.

Eis então, que neste ano de 6020, pela


terceira, vez sou chamado a escrever, na
primeira edição da III fase do Aprendiz,
numa sucessão de testemunho, de
transmissão da palavra, de quem apenas
sabe soletrar. Sinto-me honrado, repito,
porque assim posso rememorar a he-
rança recebida, e honrar também o atual
MRGM GM, e os MQII, numa saudação
fraterna, e esperançosa, no sucesso
continuado da GL, na afirmação da sua
Missão de iluminação pela Luz espiritual,
de uma Sociedade profana, que enfrenta
LUÍS NANDIN DE CARVALHO novos desafios de identidade, e de iden-
ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP tificação com os valores Universais.

ão podia deixar de me sentir hon- De facto, estamos por razões de pande-

N rado pelo convite para contribuir


para este novo primeiro número
do Aprendiz. Trata-se da terceira vez que
mónio civilizacional, de turbulência eco-
nómico-social, e de crise pandémica sa-
nitária, num turning point de paradigma,
escrevo na primeira edição do nosso que importa equacionar interiormente,
Aprendiz, por ser agora, a III série que entre nós, e exteriormente, perante a So-
agora se inicia, de forma auspiciosa. ciedade.

Na realidade, na I série o Aprendiz, era É altura de cada vez ser mais necessá-
apenas um boletim com base numa tem- rio, que o mundo material das coisas, e o
plate de newsletter, executado esforça- mundo da discussão das pessoas, deva
damente em computador, e editado por sujeitar-se à sua subordinação, ao
fotocópias, em tiragem quase confiden- Mundo Superior das Ideias, da Mente, e
cial. Cumpriu porém a função, pela qual do Espiritual. É tempo, de assumirmos o
fui responsável, por incumbência do I Dever de Mestria, simultaneamente com
MRGM, Fernando Teixeira, - registar, a humildade do Aprendiz, e com a solida-
para efeitos internos, e curta divulgação riedade dos Companheiros. Tempo, de
externa, alguns eventos e informação de acertarmos o passo do nosso compasso,
uma Obediência Maçónica em fase de para maior abrangência do Círculo de In-
afirmação e instalação. clusão, de Tolerância, e de Consciência
Posteriormente, já eleito como II MRGM, da Responsabilidade, e da Solidariedade
da nossa Grande Loja, em 2006, no Sols- Fraterna.

24
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Primeiro, sempre com proatividade, no


epicentro recentrado da nossa geolocali-
zaçao, de seguida, no território da nossa
“EIS ENTÃO, QUE NESTE ANO DE
proximidade Europeia, e fortalecidos por 6020, PELA TERCEIRA, VEZ SOU
esse percurso, nos domínios mais am- CHAMADO A ESCREVER, NA
plos da entreajuda e da partilha do Co- PRIMEIRA EDIÇÃO DA III FASE DO
nhecimento, na Lusofonia, pela na sua APRENDIZ, NUMA SUCESSÃO DE
expressão Universal.
TESTEMUNHO, DE TRANSMISSÃO
DA PALAVRA, DE QUEM APENAS
Que assim seja
SABE APENAS SOLETRAR…
A∴G∴D∴G∴A∴U∴

Luis Nandin de Carvalho


ANTIGO GRÃO-MESTRE DA GLLP/GLRP ”
É ALTURA, DE CADA VEZ SER MAIS


NECESSÁRIO, QUE O MUNDO
MATERIAL DAS COISAS, E O
MUNDO DA DISCUSSÃO DAS
PESSOAS, DEVA SUJEITAR-SE À
SUA SUBORDINAÇÃO, AO MUNDO
SUPERIOR DAS IDEIAS, DA MENTE,
E DO ESPIRITUAL.

25
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

LIMITES DA INTERVENÇÃO MAÇÓNICA NO Livros Sagrados quantos os diferentes


MUNDO PROFANO Credos dos membros que a integram,
está-se a intervir e muito para além da-
quilo que é praticado ou consentido nas
diferentes Religiões. Senão, experi-
mente-se pôr uma Bíblia numa mesquita
ou a Torah num altar católico...

Por outro lado não nos parece que os


Maçons que assinaram a Declaração de
Independência dos USA, não estivessem
a intervir politicamente baseados em
muitas das facilidades que a Organiza-
ção Maçónica lhes concedia, nomeada-
mente a capacidade de reunir sem gran-
des suspeitas, guardar o secretismo das
suas filiações, etc...

De resto, basta notar que a Constituição


dos USA, um dos mais importantes do-
cumentos políticos que a Humanidade
FERNANDO TEIXEIRA conhece, foi obra de vários Maçons.
ANTIGO GRÃO-MESTRE ( FUNDADOR) DA
Quem tiver dúvidas que visite os diferen-
GLLP/GLRP
tes Memorials que existem em Washing-
ue as Maçonarias Regulares se ton D.C. onde a qualidade de Maçon não

Q devem abster de qualquer inter-


venção de carácter político; que
são totalmente interditas em Loja as dis-
é escondida mas sim orgulhosamente
atribuída a muitos dos fundadores dos
USA.
cussões de carácter político e religioso;
que esta e outras sentenças semelhan- Também na Europa e na própria Ingla-
tes se encontram em todas as Constitui- terra a intervenção Maçónica no mundo
ções e Regulamentos Gerais das Gran- profano é um facto indesmentível. A filo-
des Lojas, são factos objectivos indes- sofia prestoniana é baseada essencial-
mentíveis e até já tradicionais mas que, mente num Iluminismo actuante, didác-
note-se bem, não são exactamente um tico, e altamente consciente das reac-
LandMark. ções adversas que certamente iria de-
sencadear.
Dificilmente poderiam sê-lo. No que diz
respeito à mais antiga e ortodoxa, a Ma- Uma vez mais a descrição ou secretismo
çonaria Inglesa, ela própria no seu prin- das Lojas Maçónicas, ou das “Secções
cípio interveio, e de que maneira, em as- da Real Sociedade de Ciências”, eram
suntos religiosos, não através de discus- técnicas de escolha para testar a capaci-
sões teológicas com maior ou menor se- dade de sobrevivência das novas ideias
guimento tumultuoso, mas pelo contrário face às fogueiras intransigentes que en-
numa tónica de ecumenismo cujos resul- tão ainda estavam bem presentes na me-
tados se podem considerar preciosos. mória dos homens.
Também ao estabelecer-se que devem
existir em Loja tantos
26
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Um facto parece evidente. Com a pro- Para nós resulta confrangedor que a Ma-
gressiva integração das mais diversas çonaria se alheie de todas estas situa-
actividades e dos mais diversos aconte- ções sem pensar que muitas serão até
cimentos na esfera das preocupações do consequência do progresso que ela pró-
homem de hoje, torna-se extremamente pria impulsionou.
difícil saber em relação a qualquer tema
o que é ou não é político. Talvez se com- De facto, os nossos maiores procederam
preenda melhor o que pretendo dizer por de forma oposta, e a eles se deve que o
um exemplo baseando-nos em argumen- avanço social e espiritual da humanidade
tação inversa. Hoje verificamos constan- se tenha processado em formas mais ou
temente que as disputas eleitorais para a menos correctas. Mas não será que o
direcção de um simples Clube Recrea- nosso actual laxismo está possibilitando
tivo ou uma Associação de Beneficência o primado da tecnologia sôbre a ética
constituem sempre, ou quase sempre, que tanto ameaça o futuro da Humani-
um prolongamento do combate das for- dade? A resposta é vossa.
ças políticas que se digladiam no campo
real. Fernando Teixeira
09/09/1996
Por outro lado, ao fazer beneficência
qualquer homem hoje faz política.
Quando se dá uma esmola pode-se con-
“DE RESTO, BASTA NOTAR QUE
siderar que automaticamente se estão a A CONSTITUIÇÃO DOS USA,
suprir ou a criticar deficiências do Sis- UM DOS MAIS
tema de Segurança Social. E se o pro- IMPORTANTES DOCUMENTOS
blema considerado isoladamente pode POLÍTICOS QUE A
parecer caricato, deixa de o ser se pen- HUMANIDADE CONHECE, FOI
sarmos que o acto esmoler é um incen- OBRA DE
tivo à mendicidade e que esta por sua
VÁRIOS MAÇONS. QUEM
vez constitui quando em número consi-
derável uma chaga social berrante e de-
TIVER DÚVIDAS QUE VISITE OS
primente. DIFERENTES MEMORIALS QUE
EXISTEM EM WASHINGTON
Mas interessa talvez mais considerar D.C. ONDE A QUALIDADE DE
aqueles raros campos em que dificil- MAÇON NÃO É ESCONDIDA
mente se pode considerar uma implica- MAS SIM ORGULHOSAMENTE
ção política na questão. Refiro por exem- ATRIBUÍDA A MUITOS DOS
plo os problemas da eutanásia, do suicí-
FUNDADORES DOS USA.
dio, do aborto, da pedofilia e tantos ou-
tros, designadamente problemas inacre-
ditáveis na esfera dos direitos humanos ”
ou ainda questões verdadeiramente pre-
mentes no campo da ecologia.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Maçonaria com 20 anos de idade em


Versailles e 2 anos depois era Venerável
Mestre da sua Loja, na sequência dos
trabalhos do Convento das Gálias em
Lyon de 1778, e depois em Wilhelmbs-
bad no final de 1782 (trabalhos que du-
raram 45 dias), onde redigiu os rituais de
Aprendiz, Companheiro e Mestre.

O R.E.R. é dentro do Cristianismo um rito


ecuménico, embora se possa considerar
restritivo em relação a outras religiões
monoteístas, pois é fundamentalmente
um rito Joanita. Está ligado à mensagem
de Amor e Tolerância do Novo Testa-
JOÃO OLIVEIRA E SILVA mento, sem detrimento da justiça vincu-
GRANDE SECRETÁRIO DA GLLP/GLRP
lada pelo Antigo Testamento, bem como
à “Tradição Templária” em termos de he-
RITO ESCOCÊS RECTIFICADO
rança espiritual e próximo da Gnose
Síntese Histórica Cristã. Contudo convém esclarecer que
o R.E.R. não é um Rito Católico é um
O Rito Escocês Rectificado (R.E.R.) foi Rito Cristão, no sentido mais amplo do
estruturado em França e na Alemanha conceito.
na segunda metade do Sec. XVIII, e as-
senta na simbologia maçónica e cavalei- O R.E.R. através da R.L. Nominoé Nº
resca com uma dupla finalidade, alcan- 436, a Oriente de Lorient na Bretanha, foi
çar o objectivo primitivo da Maçonaria de criada a R.L Fernando Pessoa Nº 523 do
realizar uma beneficência activa e escla- distrito de Portugal da Grande Loja Naci-
recida. De todos os ritos praticados hoje onal Francesa (G.L.N.F.) depois rebati-
em dia pela Maçonaria Universal, o zada de Fernando Pessoa Nº 1 (carta pa-
R.E.R. é sem dúvida o mais esotérico, o tente concedida em 19/09/1987), que
mais incompreendido e o mais complexo está na origem da regularidade Maçó-
de todos. Mas é também o mais lógico, o nica em Portugal, e consequentemente
mais consequente, e pela sua génese o na fundação da Grande Loja Legal de
mais ligado à Maçonaria operativa teísta Portugal/Grande Loja Regular de Portu-
Escocesa, anterior às reformas deístas gal (G.L.L.P./G.L R.P.) em 29 de Junho
do Reverendo James Anderson e à Ma- de 1991.
çonaria Inglesa de base protestante do
início do Sec. XVIII. *Jean-François Var

O R.E.R., ou melhor o Regime Escocês


Rectificado (constituição, forma de go-
vernação e conjunto de regras de admi- RITO ESCOCÊS
nistração de um corpo maçónico*) surge RECTIFICADO
em França mercê dos trabalhos de Ir-
mãos Franceses, principalmente de Lyon I - A LOJA RECTIFICADA
e Estrasburgo e sobre a orientação de A Loja é uma entidade espiritual constitu-
Jean-Baptiste Willermoz (comerciante de ída pelos Irmãos reunidos na mesma
sedas em Lyon). Willermoz, iniciou-se na
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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Tradição, para trabalharem em fraterni- Pórtico que faz parte do Templo, não de-
dade e com amor para a mesma finali- vemos mesmo assim usar o termo Tem-
dade. plo para designar a Loja. No modo de
pensar do rito Rectificado, o termo de
Enquanto entidade espiritual é consa- Templo está reservado para a designa-
grada desde o momento da sua criação ção do Santuário, o qual constitui a sua
ou fundação. parte central.

A Loja é também chamada “Oficina” en-


quanto Iugar espiritual do trabalho maçó- II - PREPARAÇÃO DA LOJA ANTES
nico. DA ABERTURA DOS TRABALHOS

Os Maçons ou Obreiros trabalham maço- Preparação Habitual


nicamente na Loja sempre a coberto de
profanos. 1 - A Bíblia

Todas as Lojas são chamadas Lojas de Sobre o altar do Venerável Mestre, a Bí-
São João, para lembrar aquele que foi blia deve estar aberta no Prólogo do
eleito pelo Ser Supremo (G.A.D.U.) para Evangelho de São João, com o texto vol-
anunciar a grande Luz, e que todos os tado na direcção do Ocidente.
Maçons reconhecem como patrono.
2 - O Esquadro e o Compasso
A palavra Loja significa também, e ao
mesmo tempo, o local onde a Loja se Estão sempre entrelaçados em todos os
graus no rito Rectificado, o braço direito
do compasso por cima do esquadro e o
braço esquerdo por debaixo. O esquadro
e o compasso estão colocados no altar à
direita do Venerável Mestre entre a Bíblia
e o candelabro de três braços; a cabeça
do compasso está voltada na direcção do
Oriente.

reúne; no entanto, este local consagrado 3 - As Luzes


não pode ser propriamente chamado
“Loja” senão durante o período em que As Luzes são em número de nove, a sa-
decorre o trabalho maçónico, pois não é ber:
consagrado ao contrário do que acon-
tece com um edifício religioso. - O candelabro de três braços, colocado
sobre o altar à direita do Venerável Mes-
Assim, como acabamos de constatar, a tre.
Loja não é o local, e não é o Templo, po-
rém, mas é a reedificação mística pelos Este candelabro representa “a tripla
Maçons do Templo de Salomão. força que organiza e governa o mundo”,
assim como determina a instrução do pri-
O Templo é constituído por três partes, o meiro grau.
Pórtico, o Templo e o Santuário. A Loja
de Aprendiz trabalha no Pórtico e se o

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

- Três luzes à volta do tapete de Loja Luzes. Cada Grau tem o seu Quadro de
(que não são “colunas”) Loja sobre o Pavimento de Mosaico

- Três luzes, cada uma com a forma de 8 - Quadro do Grau


um castiçal, colocadas sobre as mesas
dos dois Vigilantes e do Secretário. O quadro de Aprendiz sobre o qual apa-
rece a divisa “Adhuc Stat” (coluna partida
4 - O Malhete e truncada por cima mas firme na base,
significando que o homem se encontra
O Malhete coloca-se sempre no altar à degradado mas que lhe restam meios su-
direita do Venerável Mestre. ficientes para restabelecer o seu estado
original) é colocado em frente e no centro
5 - A Colher de Pedreiro (Trolha) do altar do Venerável Mestre.
Cada Grau tem o seu Quadro específico.

Deve estar colocada no altar à direita do


Venerável Mestre, recuada em relação
ao esquadro e ao compasso.

6 - O Dossel ou Baldaquino

Símbolo celeste, deve estar por cima da


cadeira do Venerável Mestre, evidenci-
ando o poder divino que o guia durante
os trabalhos da Loja.

7- O Tapete ou Quadro de Loja 9 - O Triângulo Luminoso

Nunca é desenhado ou muda de posi- O Triângulo Luminosos é um triângulo


ção. equilátero sobre um fundo azul colo-
cado na parede oriental por cima do Ve-
Está colocado entre as três luzes à volta nerável Mestre (sob o dossel), contendo
do Pavimento de Mosaico. Se todos os as palavras:”Et tenebrae eam non com-
símbolos estiverem reproduzidos no ta- prehenderunt” (e as trevas não a com-
pete de Loja, é desnecessário que estes preenderam ou e as trevas repeliram-
figurem fisicamente no toca), como por na).
exemplo, a pedra bruta e a pedra cúbica;
por outro Iado o Sol e a Lua devem estar 10 - A Almofada com o Esquadro à frente
representados no exterior do dossel de do Altar do Oriente
um lado e doutro do Venerável Mestre, o
Sol no Sul e a Lua no Norte. Formam A almofada de cor azul, bordada com um
com o Venerável Mestre as três Grandes galão dourado e um esquadro feito do
30
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

mesmo galão bordado no meio, com a O Venerável Mestre entra na Loja prece-
ponta do esquadro apontada na direcção dido pelo Portador da Luz (Irmão que
do Ocidente. Ao ajoelhar, o joelho direito transporta o candelabro de três braços),
no interior do esquadro deve ficar entre o pelos dois Vigilantes e eventualmente
esquadro e o compasso. pelos Irmãos que ele quiser honrar, fa-
zendo-os entrar juntamente com ele.
Neste caso, os Irmãos são colocados por
III - PREPARATIVOS PARA A EN- ordem crescente da sua graduação entre
TRADA EM LOJA os Vigilantes e o Portador da Luz., de-
vendo este último
O Venerável Mestre acende com as lu-
vas vestidas e no exterior da Loja o can- preceder sempre o Venerável Mestre.
delabro de três braços (este não é de Todos têm o chapéu na cabeça (tricór-
forma triangular e as suas velas devem nio) e a espada ao Iado, salvo os dois Vi-
estar alinhadas). gilantes que têm a espada na mão direita
com a ponta apontando para o chão.
Tendo em conta o mais alto significado,
torna-se claro que em caso algum o can- O cortejo é conduzido pelo Mestre-de-
delabro de três braços pode ser deslo- Cerimónias que tem também o chapéu
cado do Oriente, uma vez os trabalhos na cabeça e a espada na mão direita
abertos e até ao seu encerramento, salvo com a ponta virada para cima e o braço
se o MR Grão-Mestre se dignar participar em esquadro.
na sessão
2 - Entrada em Loja
Na altura da visita de Dignitários ou Ofi-
ciais da GLLP/ GLRP, por exemplo para Todos os Irmãos Companheiros e Mes-
uma Instalação ou Recepção, o Venerá- tres (os Aprendizes já estão levantados)
vel Mestre perguntará de que modo de- levantam-se, e os Mestres descobrem-
sejam entrar na Loja, seja com o Vene- se. Todos guardam a espada na bainha
rável Mestre e seus Oficiais, como exige e seguram o chapéu na mão direita,
o costume do Rito Escocês Rectificado, braço estendido na direcção do chão, li-
seja após a abertura dos trabalhos, se- geiramente afastado do corpo, de modo
gundo o costume inglês adoptado tam- a nunca mostrar ao Venerável Mestre o
bém pela GLNF; de outra forma solicitam interior do chapéu.
oficialmente a entrada na Loja após a
abertura dos trabalhos.

O Mestre-de-Cerimónias fará entrar os


Irmãos segundo o grau, começando pe-
los Aprendizes os restantes Irmãos da
Loja, depois os Oficiais e finalmente os
Irmãos visitantes, salvo os Veneráveis
Mestres em exercício que entrarão inte-
grados no cortejo.
Os dois Vigilantes, desde a sua entrada
IV - ENTRADA EM LOJA ocupam o seu Iugar e permanecem co-
bertos com o chapéu, bem como todos
1 - Composição do Cortejo

31
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

os Mestres, até à saudação do Venerá- dá ordem pela mesma via, que verifique
vel Mestre. quem bateu.

Quando o cortejo entra, o Segundo Vigi- O Segundo Vigilante entreabre a porta e


lante fecha a porta. assegura-se do nome e do grau do irmão
O Mestre de Cerimónias conduz os Dig- retardatário.
nitários da GLLP/ GLRP, caso estejam
presentes, aos lugares que lhes estão Depois torna a fechar a porta, retoma ao
destinados. O Venerável Mestre e o MR seu lugar, e informa o Venerável Mestre
Grão-Mestre se participar na sessão e o por intermédio do Primeiro Vigilante.
Portador da Luz aguardam no Ocidente Este dá ordem aos lrmãos (que não se-
o retorno do Mestre-de-Cerimónia para jam Oficiais) de grau inferior ou igual
os conduzir ao Oriente àquele do Irmão que vai entrar, para se
levantarem e se colocarem à ordem. De-
Os Irmãos que entram com o Venerável pois através do Segundo Vigilante dá-lhe
Mestre não devem formar alas para a entrada. Se houver necessidade o Se-
sua passagem, ocupam directamente os gundo Vigilante informa o lrmão para que
lugares que lhes estão atribuídos. entre no grau no qual a Loja trabalha.

3 - Entrada do Grão-Mestre da GLLP/ O lrmão entra em passo livre, espada na


GLRP bainha e chapéu na cabeça se for um
Mestre.
- Antes da abertura dos trabalhos:
No último passo, feito com o pé direito,
-seja com o cortejo da Loja, conforme o junta os pés em esquadro, coloca-se no
costume do R.E.R e como já vimos primeiro tempo do sinal e saúda o Vene-
rável Mestre com uma profunda inclina-
-seja em cortejo distinto; neste caso o ção, sem fazer o sinal completo. Se for
Grão-Mestre da GLLP/GLRP ou o seu um Mestre, descobre-se (com a mão es-
Representante de mão dada com o Mes- querda) antes da saudação e recobre-se
tre- de-Cerimónias passa entre as luzes, em seguida. No Rito Escocês Rectificado
pelo lado esquerdo (Norte) do tapete da não se saúdam os Vigilantes.
Loja, que o Mestre-de-Cerimónias terá
previa- mente deslocado ligeiramente O Irmão pode proferir palavras de des-
para lhe permitir passar. culpas, mas muito breves e sem abordar
explicações profanas.
-Depois da abertura dos trabalhos:
Quando o Irmão faz a saudação, o Ve-
Segundo o costume solicitando a en- nerável Mestre dá ordem ao Mestre-de-
trada na Loja. Cerimónias para conduzir o lrmão a um
Iugar apropriado na Loja.
V - ENTRADA EM LOJA COM OS TRA-
BALHOS ABERTOS O Mestre-de-Cerimónias circula com a
espada na mão direita, ponta para cima,
O Irmão retardatário bate à porta da Loja braço em esquadro. Recorde-se que no
como Aprendiz, o Segundo Vigilante Rito Escocês Rectificado o movimento
anuncia-o, por intermédio do Primeiro Vi- em Loja faz-se sempre sem marcar os
gilante ao Venerável Mestre, o qual Ihe ângulos (rito solar).Se o retardatário bate

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

durante a abertura dos trabalhos, o Mes- VI - NÚMERO MÍNIMO DE IRMÃOS


tre-de-Cerimónias, que é aquele que PARA ABRIR OS TRABALHOS DA
está mais perto da porta, responde-lhe LOJA
por idêntica bateria à dele, para Ihe fazer
saber que a Loja está informada da sua É necessário que nove Oficiais mais o
presença. ex-Venerável Mestre estejam presentes
na cerimónia de Iniciação ou Elevação
(ou seja dez Oficiais).

Quando não houver esta cerimónia os


trabalhos podem abrir-se com sete Ofici-
ais.

João Oliveira e Silva


Grande Secretário da GLLP/GLRP

33
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

RITO DE YORK 5.0


Mistérios | Caminhos Recordo-me que há cerca de 20 de anos
atrás, ao entrar na Grande Loja, obser-
vava o nosso velhinho aprendiz na edi-
ção de papel. Era algo muito valioso, ha-
via poucos livros de referência disponí-
veis na altura e nas suas páginas, tínha-
mos acesso ao conhecimento existente,
que era passado pelos Irmãos.
Na altura perguntava ao meu Mestre:
onde posso saber mais? A resposta le-
vava-me a uma tradição iniciada e ainda
mantida hoje, uma viagem pelas entra-
nhas do que já não era novo, onde fui en-
sinado a “pescar”, na busca do conheci-
mento perdido nessas livrarias antigas
da zona do Carmo, onde aprendi a gostar
dessas “coisas” antigas.
Essa rotina, a presença da relação do
Aprendiz-Mestre-Aprendiz nesse alfa até
GONÇALO RIBEIRO
Excelentíssimo Grande Sumo Sacerdote Su-
ao ómega, marca uma forma de estar na
premo Grande Capítulo do Arco Real de Portugal vida.

É importante colocar em perspetiva, o


eus Queridos Irmãos, em todos quanto o mundo mudou desde então, a

M os vossos graus e qualidades,


É com muita honra, que escrevo
esta prancha para o número 0 da Edição
tecnologia, a globalização, a demografia,
a segurança (nossa e a da informação).
Só em Maio de 2000, a Google tinha aca-
Digital do Aprendiz, na sequência de bado de lançar o seu motor de busca,
uma prancha efetuada em 6011 para o que hoje nos permite ter acesso a muitos
Rito de York, onde escrevi sobre os mis- dos ditos “mistérios”. Hoje pergunta-se
térios e posteriormente sobre o esote- ao Google!
rismo.
O Skype foi lançado em 2003, o Face-
Na altura partilhei, se queremos saber book em 2004, o primeiro Smartphone da
mais sobre os mistérios, temos de recor- Apple em 2007, ou recentemente a pla-
rer aos meios que nos transmitem a ver- taforma Zoom que hoje utilizamos, em
dade e que nos foram passados até aos 2011. Tudo isso numa era de conectivi-
dias de hoje, os Livros da Lei Sagrada dade do 5G que nos coloca, no ponto, no
(todos), precisam de ser estudados. Com meio do círculo.
o avançar na arte real, os principais filó- Numa era global, onde está a nossa ra-
sofos, as artes liberais, os autores de re- zão de ser? Como se efetua a ligação do
ferência da ordem Anderson, Preston, passado, o presente e o futuro, na cons-
Webb, Duncans, Mackey, Pike, Willer- trução de uma Maçonaria 5.0 e onde se
moz, Eckleff, também! insere o Rito de York?

Os Originais… esse foi e continuará a Explorando as referências, refletindo so-


ser o caminho indicado. bre os mistérios que encerra a nossa

34
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

arte, integrando com o caminho que efe- interna corporis, ensinado como um de-
tuamos em Portugal e com o contexto ver moral de todo maçom, vem com a re-
que vivemos, possamos ter resposta comendação: “de que os modos de reco-
para as questões levantadas. nhecimento - palavras, sinais e toques,
os verdadeiros segredos maçônicos -
Para se compreender o Rito de York, que uma vez banalizados, abririam as portas
atualmente praticamos na G∴L∴L∴P∴ / dos templos para aproveitadores seden-
G∴L∴R∴P∴, temos de explorar o sistema tos de benesses ou espiões desejosos
Preston-Webb, que é a obra chave do de perseguir os maçons.”
Rito de York, tal como se pratica nos Es-
tados Unidos, sendo a 1ª edição do mo- O princípio do homem comum, prudente,
nitor de 1797. que aprende o valor de lidar virtuosa-
A sua mais-valia, é que a sua antigui- mente com os problemas práticos da
dade reforça a sua qualidade. O resul- vida, aliado à união dos homens e o cul-
tado foi a preservação dos ensinamentos tivar do amor fraterno, por si validam a
partilhados, de uma tradição esotérica importância da nossa ordem, na constru-
depurada, simplificada e estruturada, ção de uma sociedade justa e perfeita,
para que faça sentido quando comuni- de homens livres de bons costumes.
cada.
O difícil é ser simples!
Existem 2 pontos chaves, que realço ***
como sendo fundamentais para o exercí- No que diz respeito aos Mistérios, Webb
cio que estamos fazer. Por um lado o Ma- volta-nos a indicar o caminho, pois se-
çom que emerge da obra de Webb di- gundo ele: “Fossem os segredos particu-
verge do que lhe era contemporâneo, lares ou formas peculiares prevalentes
evoluindo para o que para nós hoje, faz entre os maçons a essência da Arte, po-
ainda mais sentido. der-se-ia de fato, alegar que nossas prá-
Emerge assim na obra maçónica de ticas são frívolas e nossas cerimônias,
Webb, o “spoudaios aristotélico”, o ho- superficiais. Mas não é o caso. A prática
mem maduro que venceu suas paixões, as preserva. E delas um maçom culto
submeteu suas vontades e equilibra sa- pode extrair importantes lições.”
biamente seu temor a Deus com as fer-
ramentas da razão por Ele concedidas. Renovo neste prancha, o método, base-
ado nos 7 níveis da consciência dos prin-
O outro ponto chave é descrito nos prin- cípios filosóficos para ter acesso ao Mis-
cípios universais da nossa Arte, “que térios, suportada pelos ensinamentos de
unem os homens das mais opostas ten- Webb:
dências, dos mais distantes países e das
mais contraditórias opiniões, em um laço 1.º Passo – O Caminho - O primeiro nível
indissolúvel de afeto, para que um ma- de consciência será o de saber qual o ca-
çom encontre um amigo em cada nação minho a seguir, será um Mundo Físico
e uma casa em cada latitude.” – Webb. em que o indivíduo materializa essa sua
sede de conhecimento. É um mistério
Webb também alertava sobre os "privilé- que nos leva a essa inquietude e que nos
gios" em Maçonaria, associado ao princi- deixa sem dormir, errando em busca da
pio da união dos homens. Esse privilégio, resposta, ganhando forma, sendo guia-
do companheirismo e do auxílio mútuo,

35
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

dos por essa mão que nos apara e con- ou dispensadas ao bel-prazer. Sob estas
duz nessa nossa nova existência, entrar premissas falsas, temo-los visto avan-
na Maçonaria. çando celeremente pelos graus, sem
atentar para o conteúdo de cada passo
“É uma fraqueza conhecida da natureza ou mesmo sem possuir um único requi-
humana o gosto que os homens têm pela sito para esse avanço.”
novidade, e não pelo valor intrínseco das
coisas. O gosto pelo novo influencia nos- 4.º Passo – A Emoção - Entramos no 4º
sas ações e propósitos. O que é novo ou patamar, escolhemos o caminho, nos ini-
difícil de se obter, não importa se frívolo ciamos nos mistérios antigos, trabalha-
ou insignificante, rapidamente cativa a mos ritualmente, arduamente na perce-
imaginação e garante uma admiração ção dos mesmos mistérios e neste
temporária, ao passo que o que é familiar quarto patamar encontramos a Emoção,
ou de fácil obtenção, pouco importa se uma Mente de Desejos, limitada e condi-
nobre ou de utilidade eminente, tende a cionada partilhando, o mundo do Espírito
ser desprezado e a cair no esquecimento da Vida, num Plano Etéreo.
pelos tolos.” Este é um ponto de viragem, os quatro
primeiros passos estão dados com isso
2.º Passo – A Iniciação - O dia da nossa os principais quatro elementos na natu-
iniciação é marcante, é o virar da página reza: Terra, Ar, Fogo e Água. Somos in-
de um livro, com a perceção que já antes vestigadores da natureza e do seu ser. É
o havíamos folheado. É nos transmitido necessário pois dar um salto num plano
simbolicamente no primeiro grau os mis- evolutivo.
térios, mas sobretudo apesar de os rece-
bermos ainda não possuímos a consci- “É a Maçonaria uma arte igualmente útil
ência da pureza do seu significado. e extensa. Em toda arte há um mistério
que requer uma progressão, gradual de
“Cerimónias, assim simplesmente consi- conhecimento para que se possa atingir
deradas, não são mais que representa- um patamar, de perfeição. Sem instrução
ções, mas seus efeitos são importantes. e prática nenhum homem pode ser um
Quando capazes de imprimir espanto e bom artífice.”
reverência na mente, a sua forma exte- 5.º Passo – O Altruísmo - Entramos no
rior é capaz de fixar a atenção”, “em cada Plano Espiritual no Mundo do Espírito Di-
coração há um mistério.” vino. Para nele entrar é necessário uma
Mente pura e altruísta, ilimitada e incon-
3.º Passo – O Ritual - Passamos então a dicionada.
um plano mental que é governado pelo
Mundo do Pensamento. Aprofundamos “Cultivai o amor fraterno, pedra angular,
os Mistérios ritualistas, o que está por de- cimento e glória desta antiga Fraterni-
trás, da obra, o Mundo Emocional que se dade, evitando assim o rancor, a intriga,
pretendeu criar, as respostas ocultas nas a maledicência, as rixas, não permitindo
palavras e ações. a difamação contra um irmão honesto,
mas defendendo seu caráter e prestando
“Muitos maçons se iludem em suas su- seus bons ofícios, não indo além do que
posições de que nossos mistérios são seja consistente com sua honra e sua se-
meramente nominais, que as práticas es- gurança. Sendo assim, todos poderão
tabelecidas entre nós são frívolas e que ver a influência benigna da Maçonaria,
nossas cerimônias podem ser adotadas como tem sido feito por todos os bons

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

maçons desde o princípio do mundo, e o conhecimento adquirido, não é senão


como farão até o fim dos tempos.” um patamar que cada um, seguindo os
passos certos, poderá ser o eleito a al-
6.º Passo – A Intuição Pura - Este é a cançar.
União com o universo, o sentido de que
existe uma Unidade Cósmica, entramos ***
em contacto com O mundo dos Espíritos E qual o caminho que o Rito de York fez
Virginais, em que a Intuição pura ou luz em Portugal?
da inteligência erradia do nosso ser de
Luz. O Rito de York está em Portugal há 24
anos, já consagrou 14 Respeitáveis Lo-
O Homem pretende vislumbrar o sa- jas, tem mais de 250 obreiros ativos nas
grado e ter acesso aos mistérios, com- Lojas Azuis e 300 nos Altos Graus, mui-
preendê-los para além dos sentidos, de tos contribuíram para a sua construção,
forma a perceber o porquê. Quem es- fazendo parte da história da
tuda o homem nas suas mais diversas G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴.
formas se questiona pelo fenómeno reli-
gioso, no qual ele busca o entendimento Tomar decisões nem sempre é fácil.
da figura divina, numa procura intuitiva
do espírito da vida. Têm sido pedras basilares nessa cons-
trução do nosso Rito de York, o princípio
7.º Passo – O Divino - O Topo da Pirâ- da amizade, da partilha do conheci-
mide, simbolicamente o n.º 1, Plano Di- mento, o tempo que passamos juntos, o
vino O Mundo de Deus. Muitos foram os azul real que é a nossa cor, a nossa prá-
Homens que caíram na tentação de ser tica ritual alinhada com o que mais antigo
Deus, não se apercebendo que tudo o e preservado existe.
que os rodeia, até à partícula mais ínfima
possuía a centelha Divina. Que ele, Ho- O Rito de York consiste num conjunto ho-
mem é feito dessa centelha Divina e mogéneo de quatro corpos maçónicos
como todo que é, nunca o deixará de o interligados entre si e estratificados em
ser. diferentes Graus: as Lojas Azuis, os Ca-
pítulos, os Conselhos e as Comendas,
Deparo-me com a realidade, de que os tendo sempre presente que:
nossos caminhos são pedregosos. Com-
preendi que é nosso dever retirar as pe- A Loja será sempre a Unidade mais
dras do caminho e transformar esse ter- Importante da Maçonaria.
reno pedregoso em plano. Que somos
acompanhados de muitos Mestres, Ir- Simbolicamente a Loja trata dos assun-
mãos, Amigos, que contribuíram para co- tos materiais da vida. O Capítulo lida com
locar a pedra e edificar o templo. Essa é o lado espiritual da mesma. O Conselho
a nossa força, beleza e sabedoria. prende-se com a filosofia da vida e da
morte, e a Comenda consolida a interpre-
Construímos a Maçonaria juntos, tação cristã dos símbolos da Antiga Ma-
com Honra e Ética, sem isso os Ma- çonaria Operativa.
çons não são nada. O ponto no meio do círculo é a Palavra.
A Loja ensina-nos sobre a Palavra Per-
O caminho da Iluminação, a todos os ho- dida, o Capítulo leva-nos à Redesco-
mens pode estar destinado, essa gnose, berta da Palavra, o Conselho trata da

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Preservação da Palavra e a Comenda re- Muitos dos caminhos e diretrizes atuais


alça e aprofunda as virtudes Cristãs na passam por:
sua promessa em imortalizar e expandir
• Efetuar uma transformação geracio-
a história encerrando o círculo da Histó-
nal, conectando as diferentes gera-
ria da Palavra. ções, atraindo e integrando os mais
novos nos DeMolay e nas Lojas Uni-
Esta é a nossa herança, o caminho é na- versitárias, permitindo elos para o fu-
tural, sequencial e espiritualmente ade- turo na era digital e o rejuvenescer da
quado, estando aberto a todos irmãos de Ordem;
diferentes ritos, a seguir esta via nos al-
tos graus, desde o Aprendiz, ao Mestre • Elaborar Programas de transforma-
do Arco Real, Mestre Criptico, ao Cava- ção eficazes, com projeção local junto
leiro Templário. da comunidade, com base na quali-
dade do trabalho dos seus Maçons;
No sentido do Impacto na Sociedade,
este rito na sua génese, está estruturado • Criar ou participar em ONG, necessá-
por comissões para dar resposta ao de- rias com a participação da sociedade
safio da operatividade, ou seja, permite civil, para implementar projetos cariz
que os maçons sejam uma extensão da social transformador;
Organização na Sociedade.
E onde estamos nós, bem como, qual o • Potenciar o networking nacional e in-
nosso papel nessa Maçonaria 5.0? ternacional, com ligação a outras R∴
L∴ de outros países, evoluindo para
Um Maçom conhecedor da Arte Real, uma abertura à globalização, partilha
atua com base em fórmulas que são uni- de experiências e conhecimento, pró-
versalmente aceites, respeitando as prias de um mundo em transformação
ideias dos outros, submetendo essas digital.
ideias a um exame livre e imparcial da si-
tuação com base na razão, limitando os ***
seus interesses pelos dos outros, dei- O atual contexto da Crise Covid, aliada à
xando a sua marca, libertando a socie- incerteza económica que hoje vivemos,
dade do material, procurando por todos torna a Sociedade onde nos inserimos
os meios a construção de uma sociedade ainda mais desafiante para a Humani-
justa, livre de bons costumes, que con- dade e para nós Maçons, que temos de
viva fraternalmente. refletir sobre uma nova visão do
mundo.
Devemos pois agir, sendo catalisado-
res dessa mudança, pensando no pró- Será certamente um mundo diferente
ximo, nas nossas decisões, fazendo o que iremos encontrar e exigirá de nós
que está certo. reinventarmo-nos como pessoas, de
forma a rapidamente nos adaptarmos a
O Maçom, tal como a Sociedade, terá de este novo “jogo” e focar o nosso esforço,
acelerar o processo de colocar as tecno- em prol da construção de um mundo me-
logias criadas na revolução 4.0 (big data lhor.
e analytics, robôs autónomos, IoT, ciber-
segurança, cloud, impressão 3D e reali- Mais uma vez estaremos de olhos ven-
dade virtual aumentada) para agir a favor dados, percorrendo veredas que igno-
das pessoas. ramos, superando véus de ilusão,
transformando as trevas em luz.
Essa Sociedade 5.0, será pois a conver-
gência de todas as inovações para dar O grande desafio é o que o mundo vai
mais qualidade de vida aos seres huma- definitivamente mudar e a pergunta é, se
nos e nós Maçons, devemos estar na li- todos nós aprendemos algo com “isto”.
nha da frente.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Qual será pois a nossa marca, que per- Quis o G∴A∴D∴U∴ que nos encontrásse-
dure na Humanidade, com a esquadria e mos nesta oficina e que no caldeirão da
retidão dos seus atos, pois a pedra que vida, as nossas matérias fossem sujeitas
os construtores rejeitaram, tornou-se a às forças cósmicas. É um processo de
pedra angular principal dom templo. transformação, perturbando a ordem da
matéria, com temperaturas altas e bai-
Se pensarmos em termos histórico, a li- xas, até a verdadeira essência ser reve-
derança desenvolveu-se maioritaria- lada, na temperatura certa, na medida
mente em momentos de adversidade, de certa, no tempo certo.
caos, e foi nesse caos, que alguém teve
a coragem de liderar um processo de Tudo na vida tem um propósito, um prin-
mudança, influenciando os outros a su- cípio e um fim, antes que o pó regresse
perar esses desafios e fazendo nascer à terra e o sopro do espirito, ao Criador.
uma nova ordem. O Maçom faz o caminho para o Encontro
Final.
É nesse processo interior de necessi-
dade de sair para fora, que o Maçom se A Maçonaria pode Ser Tudo e pode Ser
transforma no Líder que deseja ser. E é Nada.
nesse momento, através da sua Lide-
rança pelo exemplo, que inspira os ou- Onde vos deixei espero-vos encontrar,
tros a serem líderes desses processos, assim seja essa, a vossa e a Sua von-
conseguindo transformar e gerar resulta- tade.
dos duradouros no tempo.
A nossa arte deve ser elogiada por A Maçonaria é um Encontro
perdurar nos séculos, influenciando .
os homens resolvendo desafios com- A Oriente de Santarém, ao 7º dia do mês de
plexos da sociedade, de forma dis- Maio no anno luccis de 6020,
creta.
Gonçalo Madeira Ribeiro
Como Maçons da Arte Real pelo exercí-
cio do amor fraterno, somos ensinados, Obreiro e um dos Fundadores da R∴L∴ Uni-
que cada ser humano, rico ou pobre, de versitas n.º 143
diferente nacionalidade, raças ou sexo,
Todo percurso no Rito de York na R∴L∴ Aris-
fazemos parte de toda a família criada tides de Sousa Mendes n.º 32
pelo G∴A∴D∴U∴, e habitantes deste pla-
neta e portanto devemos ajudar, auxiliar Antigo Grande Inspetor do Rito de York e An-
e proteger-se mutuamente. tigo Grande Orador da
G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴
Claramente que nós pensadores livres e
conhecedores da Arte Real, ao longo dos Excelentíssimo Grande Sumo Sacerdote Su-
séculos, decidimos sobre o empower- premo Grande Capítulo do Arco Real de Por-
ment do Homem, através do seu desen- tugal
volvimento e atuação na sociedade, bem
como por uma Solidariedade Global, re-
presentada numa egrégora de fraterni-
dade entre povos, independente de cre-
dos, raças ou geografias.

Esta é a nossa forma de SER, baseada


no Pensamento Livre com crença no
Grande Arquiteto do Universo, nos
valores e princípios Universais que
têm sido difundidos pela nossa Or-
dem.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

a preocupação primeira e a pergunta que


tentei responder foi: como possibilitar o
acesso a todos os Irmãos a uma forma-
ção permanente, fiável e credenciada,
com a cooperação das Respeitáveis Lo-
jas, suportadas por todos os Irmãos inde-
pendentemente de serem Aprendizes,
Companheiros ou Mestres. Sempre en-
tendi que o aperfeiçoamento é resultado
da partilha desinteressada de conheci-
mento entre
Irmãos seja qual for o seu grau ou quali-
dade.

Neste sentido, o caminho percorrido tem


sido sempre assente em valores univer-
sais, no respeito pelo passado, na com-
preensão do presente acrescentando-lhe
valor e olhando para o futuro com res-
ARMANDO FERREIRA ANACLETO ponsabilidade e rigor.
SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA MAÇÓNICA Considero importante, neste primeiro nú-
mero revista, “O Aprendiz”, regressada
A ACADEMIA… SÃO TODOS OS IRMÃOS pela mão da Academia, apresentar uma
breve história da mesma, uma resenha
QQ∴ II∴ do que foi desenvolvido desde o dia em
que foi publicado o decreto da minha no-
o momento em que vos escrevo a

N sociedade em geral e a nossa or-


dem em particular, está muito pre-
ocupada em encontrar soluções para
meação como Secretário-Geral e uma
perspectiva de futuro.

A Academia Maçónica da GLLP/GLRP,


manter todos os Irmãos (a nossa foi criada por decreto Nº 240, datado de
GLLP/GLRP) ativa e criar a capacidade 15 de Maio de 6011, ao momento, o
para ajudar os que necessitam sem dei- MRGM José Moreno, nomeou como pri-
xar ninguém para trás. Este é o sentido meiro responsável o MRI∴ José Anes,
encontrado nos Landmarks, o 12º diz- Antigo Grão-mestre. Em 26 de Outubro
nos que os Maçons devem ajudar-se mu- de 6012, o mesmo Grão-Mestre e por
tuamente. “…Praticam a arte de con- Decreto Nº 280, encarregou o RI∴ Rui
servar, em todas as circunstâncias, a Bandeira de apresentar um projeto de
calma e o equilíbrio indispensáveis a funcionamento e dinamização da Acade-
um perfeito controle de si próprio”. mia Maçónica. O mesmo Irmão foi nome-
ado em 6015 e 6016, Secretário-geral da
Isto consegue-se com o aperfeiçoa- Academia maçónica, pelo MRGM Júlio
mento permanente, e este só é possível Meirinhos. Terminando o seu mandato
com o estudo e trabalho constantes em com a nomeação do RI∴ Amadeu Paiva
busca da Sabedoria, que deverá ser su- em outubro de 6018.
portada pela Força e Beleza. O R∴I∴ Armando Ferreira Anacleto, foi
nomeado Secretário-geral da Academia
Desde que fui nomeado Secretário-geral Maçónica, por decreto Nº 474, do atual
da Academia Maçónica da GLLP/GLRP,
40
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

MRGM, Armindo Azevedo, a 25 de Outu- lo e deixar a abertura para a sua continu-


bro de 6018. ação. Bem-haja a todos.

No mês seguinte em reunião com o Foi um caminho percorrido de respeito


MRGM foi constituída uma equipa que com o passado, com responsabilidade,
imediatamente começou a trabalhar e a profissionalismo e tolerância necessária
29 de Novembro foi apresentado ao em nome da GLLP/GLRP, de todos nós,
MRGM o novo projeto da Academia Ma- maçons.O seu conceito é abrangente e
çónica da GLLP/ GLRP. desejou-se que fosse intemporal:
Equipa constituída pelos II∴ Armando A Academia Maçônica da Grande Loja
Santos, Carlos Cupeto, Elidérico Viegas, Legal de Portugal / Grande Loja Regular
Francisco Queiroz, José Ferreira Santos de Portugal é uma estrutura integrada na
e Luís Honrado Ramos, que foram nome- Grande Loja que deve prestar um serviço
ados por despacho do MRGM, comuni- à maçonaria regular de todo o país e a
cado em RL 562/2019. todas as Lojas Registadas na nossa obe-
Desde a primeira hora, o objetivo foi in- diência.
cluir e nunca o contrário, e nesse sentido É uma estrutura que conta ter a coopera-
participaram nos trabalhos o Grande Bi- ção de todos os maçons regulares, de
bliotecário, o Grande Secretário e o forma a cumprir a sua missão: “dar a co-
Grande Correio Mor. Foi desejo do nhecer a filosofia e a história da maçona-
GADU, chamar ao Oriente Eterno este ria no interior e no exterior da Obediência
último, para um dos seus canteiros. e auxiliar as Lojas na sua ação de forma-
Deixo aqui o meu agradecimento e reco- ção ritualística e regulamentar.” Tudo
nhecimento por ter trabalhado com a isto é conduzido com a visão: “Ser par-
Academia da GLLP/GLRP. Bem-haja ceira das Respeitáveis Lojas, respeitar o
Luís Cardoso, foi ainda contigo que passado, intensificar o presente, perspe-
adotámos o lema: “a União Faz a Força”, tivar o futuro e ajudar a traçar caminhos.”
que ainda hoje perdura e que desejamos
que continue. Cada maçom da GLLP/GLRP deverá
Contudo, depois do projeto ser apresen- sentir-se elemento integrante desta
tado e aprovado pelo MRGM, antes de o Academia, beneficiando também da
tornar público, foi também apresentado a importância que esta deverá ter na
todos os Grande Oficiais, no dia 15 de sua formação enquanto maçom e en-
dezembro de 2018, no Hotel Altis, projeto quanto homem. Acreditamos no tra-
esse que ainda hoje está atual e disponí- balho em rede, no rumo ao sucesso.
vel na página da Grande Loja. No caminho, a academia teve o cuidado
de pensar para o interior e para o exterior
Sempre foi objetivo da Academia ter a da obediência:
colaboração e a ajuda de todos os Ir-
Para o interior da obediência a Academia
mãos. Devo confessar que inicialmente deve atuar com proximidade das Lojas,
foi difícil; contudo, o caminho faz-se ca- ouvindo as suas necessidades e depois
minhado e atualmente agradeço o contri- da análise e estudo destas, emitir os pa-
buto de todos os Irmãos que se disponi- receres considerados convenientes pe-
bilizaram e trabalharam em prol da los respetivos Grandes Oficiais. Em ma-
GLLP/GLRP, desinteressadamente. téria de História dos Ritos, proceder à re-
colha dos contributos dos Altos Corpos
Sem a sua contribuição não teria sido
Rituais, mantendo o respeito inerente
possível encontrar o caminho, percorrê- aos usos e costumes na nossa Obediên-
cia. Promover a publicação de trabalhos

41
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

realizados por Irmãos. Promover ações o BOAZ - Folha Informativa da


de formação, conferências, seminários e Academia Maçónica da GLLP /
outros eventos (nomeadamente de ín- GLRP de frequência mensal
dole lúdico-cultural) para partilha de co- Em Março de 6020, juntaram-se à equipa
nhecimentos e experiências. os Irmãos Nuno Raimundo, António
Para o exterior da obediência a Acade- Jorge e Manuel Caldeira. A todos ele-
mia deve contribuir para o esclareci- mentos da equipa agradeço a disponibi-
mento da sociedade civil sobre os funda- lidades e o apoio incondicional.
mentos e utilidade da Maçonaria como Neste percurso tivemos necessidade de
Escola Iniciática. As ações deste âmbito construir a Joia como símbolo identifica-
deverão ter sempre o acompanhamento tivo da Academia Maçónica da
do M∴ R∴ Grão-Mestre ou de quem re- GLLP/GLRP. Também foram elaborados
ceba do mesmo a competente delega- Certificados de participação para as di-
ção. versas iniciativas.

A Academia pretende continuar a fazer Para dar corpo à visão traçada, foram
um trabalho sistematizado, com o obje- contactados todos os Antigos MRGM e
tivo de manter elos de continuidade te- todos os Veneráveis Mestres que assu-
mática e programática, em matérias nu- miram funções em 6018/6019.
cleares. Porque há projetos que poderão ser in-
temporais, deixo mais alguma informa-
Assim, elegeu-se um conjunto de iniciati- ção para a sua continuidade e participa-
vas que permitirão a continuidade para o ção dos Irmãos:
futuro, nomeadamente:
 Organização digital da Academia Tios & Primos AMIGOS, tem como
no Site na GLLP/GLRP; objetivo apoiar uma Sobrinha ou Sobri-
 Bibliografia recomendada para nho com explicações sobre uma disci-
Aprendizes, Companheiro e Mes- plina/tema.
tres;
 Cadernos de Formação para Com- 7 Sábados / 7 Artes Liberais, tem como
panheiros e Aprendizes; objetivo dar maior robustez ao nosso co-
 Cadernos de formação universais; nhecimento. Pretende despertar o es-
 Artigos de Investigação; tudo das Sete Artes Liberais e Ciências
 Ações de Formação com os se- da antiguidade, que são gramática, retó-
guintes projetos: rica, lógica, aritmética, geometria, mú-
o Tertúlia entre colunas sica e astronomia, no grau correspon-
o 7 Sábados – 7 Artes Liberais dente.
o Pós- Graduação em estudos TERTÚLIA ENTRE COLUNAS, é um es-
Maçónicos: Herança Espiritual, paço de debate e partilha livre sobre te-
Filosófica e Simbólica, Proto- mas variados que pretende divulgar, par-
colo assinado com a Universi- tilhar, propor o diálogo na busca da ver-
dade Lusófona a 25 de Outubro, dade que há no interior de cada um de
com o início do curso a 8 de fe- nós. Um espaço livre entre Irmãos que se
vereiro de 2020; reconhecem como tal e que é um exce-
o Academia de Verão; lente instrumento “educativo”, uma vez
o Tios & Primos AMIGOS; que a primeira coisa que se aprende é o
o Tardes em Família da desenvolvimento do sentido crítico e a to-
GLLP/GLRP. lerância para com as ideias alheias. Por
o Outros projetos foram eleitos outro lado, pretende fomentar a amizade,
que serão nucleares para o fu- estreitar as relações sociais e enriquecer
turo e já materializados, nomea- a cultura entre os Irmãos.
damente: Academia de Verão - Partilha de Boas
o Biblioteca Digital; Práticas, é um projeto destinado aos Ir-
o Revista “O Aprendiz” mãos a exercerem funções no ciclo se-
guinte, deverá ter uma periodicidade

42
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

anual. Com o crescimento da nossa Au- Neste período sentimos a nossa respon-
gusta Ordem, torna-se pertinente desen- sabilidade a aumentar, e isso tem sido vi-
volver uma iniciativa que promova o ali- sível nas variadíssimas ações da
nhamento e normalização de práticas GLLP/GLRP, em sintonia com as Res-
que conduzam a um crescimento susten- peitáveis Lojas e em parceria com os cor-
tado e em harmonia entre todas as par- pos rituais.
tes.
No momento em que vos escrevo esta-
A Revista “O Aprendiz”, publicação da mos a viver tempos que não esperáva-
nossa memória que teve a sua desconti- mos, situações que não imaginávamos e
nuidade em 2011, porque nos faz falta para as quais tivemos que encontrar so-
este instrumento de comunicação, de luções, onde todos coubessem.
formação e partilha entre todos, vai apa-
recer renovado, pela mão da Academia, Com a suspensão das atividades pre-
no Solstício de Verão de 6020. senciais, a Academia Maçónica da
GLLL/GLRP, encontrou soluções para
No Aprendiz do Solstício de Verão de manter os Irmãos a participar ativamente
5998, nas notas da redação pode ler-se: na partilha de conhecimento, levando
“O Aprendiz é e será sempre, um instru- mais luz a todos, incluindo aos Irmãos
mento de divulgação e comunicação en- que por razões de saúde e outras não
tre Irmãos. Para tal, contamos com a conseguiriam participar em iniciativas
vossa colaboração” . presenciais.
Passado 22 anos sentimos o mesmo e
fazemos o mesmo apelo, enviem os vos- Por fim, uma palavra de esperança para
sos trabalhos e nós proporcionamos a todos.
sua partilha.
BOAZ - Folha Informativa da Academia Que esta seja apenas uma fase menos
Maçónica da GLLP / GLRP, tem por obje- boa das nossas vidas e que consiga-
tivo ser um instrumento de comunicação mos retirar dela os ensinamentos ne-
regular da Academia com todos os Ir- cessários para um futuro bem melhor,
mãos onde será feito um resumo do tra- sobretudo para aqueles que mais ne-
balho realizado, informação sobre novas cessitam.
atividades da Academia e das Respeitá-
veis Lojas, bem como outras informa- Ninguém dever ser deixado para trás.
ções neste ou outro âmbito.
A Academia Maçónica… são todos os Ir-
Biblioteca Digital – pretende ser uma mãos.
ferramenta de disseminação, uso e pre-
servação de dados, informação e conhe- Visitem o Site da Grande Loja… Colabo-
cimento. A divulgação das obras obede- rem.
cerá aos normativos do Direito de Autor
e dos Direitos Conexos. Recebam com muita saúde,
Um Tríplice Abraço Fraternal.
Foi e é importante sentir que a Academia Armando Ferreira Anacleto
da nossa Grande Loja, continua na Secretário-geral da Academia Maçónica
senda do aperfeiçoamento, e com capa- da GLLP/GLRP
cidade de se adaptar a formatos diferen-
tes, como este que nos obrigou a pande-
mia COVID – 19; aumentou a responsa-
bilidade de todos, trabalhando de forma
articulada, apoiando os irmãos nas suas
atividades, acompanhando da melhor
forma possível todos os que necessitam
de ajuda.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Em 1765 é queimado no Terreiro do


Paço o livro do maçom – Bispo Conde de
Coimbra.

ARMANDO ROCHA
M∴M∴

Em 1778, o Santo Ofício condena o lente


oimbra, cidade historicamente

C Universitária, apelidada do “Co-


nhecimento”, é amplamente co-
nhecida pela sua Universidade, uma das
de Coimbra e escritor Maçom, José
Anastácio da Cunha, por traduzir Voltaire
e defender a tolerância religiosa.

mais antigas da Europa. Fundada em Em 1781 saem em auto de fé, em Coim-


1290, em Lisboa, por D. Dinis, como Es- bra, nove maçons quase todos estudan-
tudo Geral Português, fixou-se definitiva- tes, de uma loja desta cidade.
mente em 1537 na cidade do Mondego,
após várias transferências entre estas Posteriormente em 1863 foi fundado em
duas cidades. Coimbra a loja Liberdade, com lentes da
Universidade e intelectuais entre eles
Uma das cidades mais antigas do pais, António Aires de Gouveia, Bernardo de
foi capital de Portugal até 1255 e nela en- Albuquerque e Lourenço de Almeida
contra-se o primeiro Panteão Nacional, o Azevedo.
Mosteiro de Santa Cruz.
Pela Universidade de Coimbra passaram
Todo o contexto histórico, sua evolução inúmeros Maçons, local onde receberam
e o seu percurso convergem num cami- os primeiros ensinamentos específicos
nho totalmente ligado à cultura, à ciência, em várias áreas do saber e que posteri-
ao livre pensamento e às tradições. ormente, já iniciados na Ordem Univer-
sal, humanista, filosófica e filantrópica
É uma cidade mergulhada em simbolo- que é a Maçonaria, tiveram a possibili-
gia, ritual e numa dimensão emocional dade de os desenvolver e aperfeiçoar,
que não se desvanece, independente- podendo desta forma contribuir para um
mente da evolução e globalização que os mundo melhor.
tempos modernos impõem. Coimbra, mantendo ao longo dos tempos
sempre um papel de relevo na defesa do
Pela sua história, natureza e conteúdo in- homem, traduzido na clássica trilogia, li-
trínseco que transporta, Coimbra sempre berdade, igualdade e fraternidade, e
esteve ligada à Maçonaria. sempre com um espírito de construção e
desenvolvimento dentro dos pilares fun-
damentais da sociedade, não poderia

44
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

deixar de contar com uma Maçonaria


viva, rica na qualidade e capaz no de-
sempenho.

Atualmente existem 5 lojas azuis e tam-


bém os altos graus do rito de York e Es-
cocês antigo e aceito.
“TEMPLO
Apesar do dinamismo e cooperação que GLLP/GLRP
tem havido entre as várias lojas, com re-
alização de eventos conjuntos, presente- SITO
mente, com a adquisição do novo Tem-
plo e as suas excelentes condições, es-
pera-se que possibilite uma ainda maior
NA
aproximação entre as Lojas e que daí
possa advir um consequente enriqueci-
MEALHADA”
mento da Maçonaria na zona Centro.

45
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴ BRASÍLIA N.º 11 agradecemos a prestimosa e valiosís-


A ORIENTE DE COIMBRA sima contribuição para o entendimento
do que temos hoje desta R∴L∴.

E logo como curiosidade histórica surge


a petição feita em novembro de 1990 por
quatro QQ∴II∴ provenientes das RR∴LL∴
Jean Moes Nº638 e Europa Nº595 da
G∴L∴N∴F∴ e dirigido ao M∴R∴G∴M∴ da
G∴L∴ do Distrito de Portugal, R∴I∴ Fer-
nando Teixeira, para ser criado o Triân-
gulo Brasília, a O∴ de Lisboa, ao qual lhe
sucedeu um mês depois o respetivo De-
creto da sua constituição.

E é assim que após adquirir o direito de


soberania em junho de 1991, a 6 de
março de 1992, por Decreto do
M∴R∴G∴M∴ Fernando Teixeira da
G∴L∴R∴P∴, é constituída a R∴ L∴ Brasí-

C ontar a história da R∴ L∴ Brasília


exige nota prévia, pois é como re-
visitar uma fita do tempo con-
tendo realizações indeléveis, outras invi-
lia n.º 11.

Podendo encontrar-se evidências admi-


nistrativas de certa atividade até 1995,
síveis e impercetíveis, exigindo que pos-
constata-se que a 24 de outubro de 2002
samos plasmar 3 períodos distintos.
é exarado o Decreto Nº 161, assinado
pelo M∴R∴G∴M∴ José Manuel Anes, or-
Estas “marcas naturais” de atipicidade,
denando o levantamento de Colunas da
fruto da imperfeição dos Homens, são
R∴L∴ Brasília n.º 11, após os episódios
ainda razões mais fortes para respeitar,
ocorridos e relacionados com a “Casa do
dentro do que foi possível pesquisar em
Sino”.
prol da fidelidade e rigor históricos aqui
descritos. Compreender as muitas estó-
Sem mais referências, desconhecem-se
rias transatas preenchendo a índole ho-
documentos que transmitam o sucedido,
lística de inteligibilidade do passado,
esta segunda fase terminaria em 12 de
guiar-nos-á com humilde trabalho a um
janeiro de 2004 com a emissão do De-
futuro auspicioso.
creto Nº 207, assinado pelo mesmo
M∴R∴G∴M∴ José Manuel Anes que de-
Uma outra nota para dizer que o nasci-
termina o abatimento de Colunas da
mento e o percurso da primeira fase da
R∴L∴ Brasília Nº 11, por comportamen-
“Brasília” correm em paralelo com o nas-
tos antimaçónicos graves dos seus
cimento da Maçonaria Regular em Portu-
membros.
gal e acompanha as episódicas atribula-
ções da própria G∴L∴R∴P∴, conforme
A 22 de setembro de 2006 dá-se início à
comprovam os documentos existentes
terceira fase e até hoje, última, através
no nosso arquivo, os quais foram faculta-
do Decreto Nº 69, assinado pelo
dos pela G∴S∴, a quem penhoradamente
M∴R∴G∴M∴ Alberto Trovão do Rosário
para o Levantamento de Colunas da
46
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴ Brasília Nº 11 a Or∴ de Santa Ma-


ria da Feira que por via dos seus peticio-
nários, a maior parte deles provenientes
da R∴ L∴ Mercúrio, com este gesto de-
monstrariam uma vontade indómita no
renascimento da “Brasília” como que a
augurar o futuro promissor que se lhe de-
sejava e ambicionava desde o seu início.

Sem recurso a qualificações ou juízos de


valor, mas exortando o rigor dos factos,
este é o período de maior estabilidade e
ininterrupção nos trabalhos maçónicos.
Tem uma riquíssima marca indelével de
construção maçónica, respeito pela
Constituição, Regulamentos e Land-
marks. Este período fica marcado pela
reconstrução, pela permanente união
dos obreiros, pelos desafios estratégicos
e de intervenção da Grande Loja, pelo
crescimento, pelo desenvolvimento de
maturidade maçónica.

Fica marcado pelas várias crises de ín-


dole diversa que o país e o mundo en-
frentam e o exigente trabalho maçónico
a favor da comunidade intervindo
quando o Estado não é suficiente e
nunca em substituição deste. Mas fica
essencialmente marcado, pelo aperfei-
çoamento individual na construção do
progresso da humanidade, com amor en-
tre os HOMENS e FÉ no GRANDE AR-
QUITETO DO UNIVERSO.

Uma nota final sobre o seu Estandarte


que é da autoria do R∴I∴ Cabido Mota e
faz alusão aos Descobrimentos portu-
gueses, à Esfera Armilar, à Cruz de
Cristo e a Catedral Metropolitana Nossa
Senhora Aparecida da autoria do Arqui-
teto Oscar Niemeyer, um dos muitos edi-
fícios públicos da autoria deste famoso
arquiteto de Brasília, capital do Brasil, e
o epíteto “TALANT DE BIEN FAIRE” que
o seu autor auspiciosamente deu lema à
“Brasília” como que a traçar e selar o seu
futuro.

47
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴CONIMBRIGA N.º 47 Pinto da R∴L∴ Porto do Graal Nº 2, os


A ORIENTE DE COIMBRA IIr∴ Luís Honrado Ramos e Emanuel
Coutinho da R∴L∴ Mestre Hiram Nº 42 e
os IIr∴ Rogélio Cruz, José D’Alte e Abel
Vale da R∴L∴ Portus Calle Nº 26.
Nos anos de 6003/6004 e 6004/6005 foi
V∴ M∴ o Ir∴ Abílio Olveira tendo como 1º
Vig∴ o Ir∴ Victor Matos e 2º Vig∴ o Ir∴
José Mesquita que havia sido o primeiro
iniciado da R∴L∴ Conimbriga.
No ano de 6005/6006 foi V∴ M∴ o Ir∴ Vic-
tor Matos tendo como 1º Vig∴ o Ir∴ José
Mesquita e 2º Vig∴ o Ir∴ Nadji M. Pacha.

Nos anos de 6006/6007 e 6007/6008 foi


V∴ M∴ o Ir∴ José Mesquita tendo como
1º Vig∴ o Ir∴ Nadji M. Pacha em
6006/6007 e o Ir∴ Vasco Martins em
6007/6008 e como 2º Vig∴ O Ir∴ Luís
R∴L∴Conimbriga, número 47,
Carvalho Homem em 6006/6007 e o Ir∴

A foi constituída pelo Decreto n.º


125 de 22 de junho de 6001, da
GLLL/GLRP, tendo sido consagrada na
Sessão de Grande Loja do Solstício de
Helder Bruno Martins em 6007/6008.
No ano de 6008/6009 foi V∴M∴ o Ir∴
Vasco Martins tendo como 1º Vig∴ o Ir∴
Rafael Madeira e 2º Vig∴ o Ir∴ Cunha Oli-
Verão de 6001. Pratica o Rito Escocês
veira.
Antigo e Aceite (REAA).

Nos anos de 6009/6010 e 6010/6011 foi


Os Peticionários da R∴L∴ foram os
V∴M∴ o Ir∴ Rafael Madeira tendo como
MM∴MM∴ Luís Filipe Peixoto de Carva-
1º Vig∴ o Ir∴ Alcides Guimarães em
lho Homem, Abílio Manuel Veiga de Oli-
6009/6010 e o Ir∴A. Silva Marques em
veira, Victor Manuel Lourenço de Matos,
6010/6011 e como 2º Vig∴ o Ir∴ Cunha
Victor Manuel Barreto Marinho da Cu-
Oliveira.
nha, Américo da Conceição Baptista e
Manuel Moreira.
Nos anos de 6011/6012 e 6012/6013 foi
V∴ M∴ o Ir∴ A. Silva Marques tendo como
O seu primeiro V∴M∴ foi o M.:M∴ Luís Fi-
1º Vig∴ o Ir∴ Cunha Oliveira em
lipe Peixoto de Carvalho Homem tendo o
6011/6012 e o Ir∴ Artur Fontes em
Ir∴ Abílio Oliveira como 1º Vig∴ e o Ir∴
6012/6013 e como 2º Vig∴ o Ir∴ Artur
Victor Matos como 2º Vig∴. Dirigiram os
Fontes em 6011/6012 e o Ir∴ Helder
Trabalhos em 6001/6002 e 6002/6003.
Bruno Martins em 6012/6013.
As sessões decorreram de acordo com o
calendário definido (mensalmente às ter- Nos anos de 6013/6014 e 6014/6015 foi
ceiras terças-feiras) com o apoio dos V∴ M∴ o Ir∴ João Damasceno tendo
Mestres Auxiliares IIr∴Alcides Guima- como 1º Vig∴ o Ir∴ Helder Bruno Martins
rães, Josué Pinto Couto e Albano La- em 6013/6014 e o Ir∴ Artur Fontes em
voura da R∴L∴ Rei Salomão Nº 25, o Ir∴ 6014/6015 e como 2º Vig∴ o Ir∴ Oliveira
Fernando Ferrero Santos, o Ir∴ Mário Antunes em 6013/6014 e o Ir∴ Pedro Mo-
reira em 6014/6015.
48
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Respeitável Grão-Mestre e de vários IIr∴


Nos anos de 6015/6016 e 6016/6017 foi de múltiplas R∴L∴
V∴ M∴ o Ir∴ Artur Fontes tendo como 1º Em 6010 procedeu-se à revisão do Re-
Vig∴ o Ir∴ Mário Marques e como 2º Vig∴ gulamento Interno, por proposta do Ir∴
o Ir∴ Cunha Oliveira. Nos anos de Alcides Guimarães, que aprovado em
6017/6018 e 6018/6019 foi V∴ M∴ o Ir∴ Sessão Regular e Obrigatória de 17 de
Mário Marques tendo como 1º Vig∴ o Ir∴ Dezembro de 6010, posteriormente rec-
Cunha Oliveira e como 2º Vig∴ O Ir∴ Fi- tificado pelo Grande Secretário em
lipe Carvalho em 6017/6018 e o Ir∴ Mário 22/02/6011. As rectificações foram apro-
Silva em 6018/6019. vadas em Sessão Regular e Obrigatória
de 18 de Março de 6011, o que foi com-
Atualmente (6019/6020) o V∴ M∴ é o Ir∴ provado pelo Grande Secretário em
Cunha Oliveira tendo como 1º Vig∴ o Ir∴ 26/05/6011 tendo entrado em vigor a par-
Mário Silva e como 2º Vig∴ O Ir∴ Oliveira tir de 17/06/6011. Atualmente está em
Antunes. fase de nova revisão.

Ao longo dos anos a R∴L∴ Conimbriga Em 6018 e em virtude de algumas dificul-


tem vindo a fortalecer as suas Colunas dades financeiras, face à necessidade
com várias Iniciações, Aumentos de Sa- de obras de restauro, motivadas pela
lário e Elevações bem como Filiações de existência de infiltrações graves, e na au-
vários IIr∴. Alguns dos seus Obreiros fo- sência de apoio da Grande Loja, foi ne-
ram entretanto filiar-se noutras R∴L∴ . O cessário encerrar o Templo de Coimbra.
seu Quadro de Obreiros tem-se mantido Apesar de o leasing estar parcialmente
mais ou menos estável ao longo dos pago foi necessário ceder as instalações
anos embora no presente ano maçónico à Associação Albert Pike e ao Supremo
tivessem saído cinco IIr∴ residentes na Conselho para Portugal do REEA.
região de Viseu para levantar colunas de
uma outra R∴L∴ do REAA naquela ci- Durante os anos de 2018 e 2019 a R∴L∴
dade (R∴L∴ Viriatus Lusitanus, Nº 147). Conimbriga reuniu regularmente em ins-
Foram eles os MM∴MM∴ IIr∴ Artur Fon- talações cedidas pelo Ir∴ Luís Carvalho
tes, Rui Pinto, Cristóvao Ferreira, Tiago Homem as quais foi possível adaptar
Ramalho e Rui Carvalho. construindo um Templo com um mínimo
De 6001 a 6005 as Sessões foram reali- de dignidade.
zadas no Templo de Águeda (Marlanvil).
Presentemente a R∴L∴ Conimbriga nº 47
Com a consagração do Templo da tem um quadro de 28 Obreiros, dos quais
Grande Loja de Aveiro, ocorrida em 16 sete são “Mestres Instalados”, quinze
de Setembro de 6005, as Sessões pas- são “Mestres”, quatro são “Companhei-
saram a ser realizadas em Aveiro. ros” e dois são “Aprendizes”. Está atual-
Fruto de grande esforço dos Obreiros da mente a reunir nas instalações da
R∴L∴ Conimbriga foi entretanto realizada Grande Loja situadas na cidade da Mea-
a aquisição de instalações onde foi cons- lhada.
truído, pelo labor operativo dos mesmos,
o Templo de Coimbra, onde a R∴ L∴ tem
o seu Oriente, sito na Praceta da Rua Pe-
dro Álvares Cabral n.º 1. O Templo de
Coimbra foi consagrado no dia 19 de Se-
tembro de 6009 com a presença do Muito
49
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴ VÉRITAS N.º77


A ORIENTE DE COIMBRA Esta concretização só foi possível pela
colaboração de outros Irmãos, já com
passado histórico de relevo na Maçona-
ria, que abraçaram este projeto com
grande entusiasmo, como o irmão José
Gomes – 1º Venerável, Paulo Cardoso,
Armando Rocha, Carlos Antunes, Ar-
mando Anacleto, Fernando Gouveia,
José Dias Pereira, José Boal Paixão,
José Rabaça, José Ribeiro, Carlos Costa
Almeida e Paulo Cardoso.

Nesta fase houve sempre uma colabora-


ção estreita entre as duas lojas da Beira
e a RL Véritas, facto primordial para o su-
cesso e afirmação desta loja.

s colunas da RL Véritas estão atu- O Projeto inicial teve como referência es-

A almente preenchidas com 32


Obreiros, 25 Mestres, 4 Compa-
nheiros e 3 Aprendizes.
tratégica a intervenção nos grandes pro-
blemas da sociedade no campo do hu-
manismo, da moral, da família, da ciên-
cia, etc., sem esquecer o escrupuloso
Teve como 1º Venerável Mestre o II José respeito pelo ritual e disciplina maçónica.
Gomes e como posteriores VM os II
Paulo Cardoso, Armando Rocha, José Dentro destes objetivos, organizámos o
Rabaça, João Orvalho, Francisco Veiga, primeiro encontro nacional de profissio-
Ricardo Afonso, Carlos Janelas, Rafael nais da saúde, em 04 de maio de 2013,
Vale Reis e, neste veneralato 6019- e posteriormente o primeiro encontro na-
6020, Ramiro Miranda. cional do direito.

Tem como Mestres Honorários José Go- Em 6016 e sendo obreiros da RL Véritas,
mes, José Paixão, Armando Anacleto, houve a saída de vários irmãos da nossa
Carlos Antunes, Albano Janelas, Pedro Augusta Ordem, incluindo o irmão funda-
Coelho e José Moreno. dor Paulo Cardoso. No entanto, apesar
A embriogénese da Respeitável Loja Vé- da nostalgia da saída e sem haver uma
ritas nº77 dá-se na Beira Interior, a 16 de relação direta com a loja em si, a RL Vé-
outubro de 6010, tendo como progenito- ritas manteve o mesmo espírito de união
res as Respeitáveis Lojas Egitania e Pe- e edificação, com a consciência que a
dro Alvares Cabral. atual sociedade precisa de ação e que o
agir isoladamente com uma expressão
O despertar do interesse pela criação individual, normalmente é limitativo, re-
desta nova loja nos Vales do Mondego, forçando o estímulo de intervenção pa-
deve-se a alguns obreiros destas duas tente neste grupo.
lojas, residentes em Coimbra, a quem
surgiu no espírito uma vontade de cria- Com a constante preocupação de um
ção de uma loja com ligação estreita ao crescimento harmonioso e de valoriza-
meio académico e à área da saúde.

50
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

ção pessoal, mantendo como pedra ba-


silar os princípios estratégicos da criação
desta loja, temos desenvolvido e fomen-
tado ações como “Ágapes Brancos”
mensais, com carater regional, em que
são convidados palestrantes de mérito
reconhecido em várias áreas da socie-
dade. Além disto, promovemos a dinâ-
mica de apresentação de trabalhos em
loja e ágapes rituais no âmbito de temas,
quer ritualísticos e filosóficos, quer de na-
tureza e complexidade diversa, inerentes
aos grandes problemas da atualidade.

Também nas iniciações tem havido um


objetivo de recrutamento de jovens qua-
dros promissores e a manutenção de afi-
nidades pessoais e intelectuais.

51
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴ SÃO JOÃO BAPTISTA N.º82 trabalhavam segundo a regularidade,


A ORIENTE DE COIMBRA mas não eram reconhecidos como tal.

Depois de muitos telefonemas e e-mails


trocados, passados uns dias o

N
ão é fácil falar da história da Res-
peitável Loja São João Baptista, R∴I∴Rui informou o R∴I∴ Bruno que os
nº82! Muito ficará por dizer. Falar Obreiros que tinham abandonado a
da história da SJB nº82 é falar de parte GLNP seriam um tubo de ensaio à reuni-
da história da GLLP/GLRP. É falar de ou- ficação da GLLP e da GLRP.
tras obediências e de muitas outras Res-
peitáveis Lojas. Fruto da visão do R∴I∴Rui Clemente Lelé
que já “contagiara” o R∴I∴ Bruno Lou-
Corria o ano de 6010 quando a GLNP reiro Gonçalves foram sendo desenvolvi-
(Grande Loja Nacional Portuguesa – dos alguns contactos, juntando a este
uma dissidência da GLRP com alguma projecto mais e mais Maçons, espalha-
expressão em Trás-os-Montes) levan- dos pelo país fora, que já tinham aban-
tava colunas da R.L. Estrela do Oriente donado a GLNP ou se preparavam para
na Mealhada. O Templo foi totalmente o fazer.
projectado e construído a expensas dos
obreiros de tal Loja, da qual era Venerá- A adesão à GLLP ficou selada num al-
vel Mestre o respeitável Irmão Bruno moço, no restaurante Serra da Estrela no
Loureiro Gonçalves. Arrábida Shopping em Vila Nova de Gaia
entre os RR∴II∴ supra citados.
No final desse ano, todos os obreiros da
Loja Estrela do Oriente, por motivos que Esta adesão que começou por ser ape-
aqui não interessam dissecar, pediram o nas de uma dúzia de Irmãos de uma Loja
atestado de quite e abandonaram a da Mealhada, rapidamente alastrou aos
GLNP. distritos de Bragança, Braga, Coimbra,
Castelo Branco, Leiria, Porto e Viseu.
Desde o início uma coisa era clara, estes
Obreiros queriam continuar a trabalhar Havia sido acordado que, por uma ques-
segundo a regularidade. Neste sentido, e tão de logística, uma dúzia e meia de Ir-
sabendo que apenas a GLLP detinha o mãos seria de imediato regularizada na
reconhecimento da UGLE, o R∴I∴ Bruno Respeitável Loja Fernando Teixeira, nº
Loureiro Gonçalves contactou o saudoso 79, que tinha acabado de levantar colu-
Respeitável Irmão Rui Clemente Lelé, na nas, e posteriormente seriam regulariza-
altura Grande Secretário da GLLP, que dos os restantes.
se prontificou de imediato para uma reu-
nião. Assim aconteceu! Com o Rui era assim!
Depois de estudados os rituais pratica-
A reunião teve lugar na antiga sede da dos na GLNP, foram reconhecidos os
GLLP em Alvalade. No final da conversa, Graus, a todos os Irmãos regularizados.
o R∴I∴Rui partilhou com o R∴I∴Bruno
que estavam a ser dados os primeiros Passados cerca de três meses levantou
passos para a reunificação da GLLP e da então colunas a Respeitável Loja São
GLRP, vendo com muito bons olhos a João Baptista, nº82 sendo nomeado Ve-
adesão à GLLP de todos os Maçons que
52
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

nerável Mestre Interino o Muito Respei- Com a constante preocupação de um


tável Irmão Paulo Rola, que era à altura crescimento harmonioso e de valoriza-
Grande Tesoureiro da GLLP. ção pessoal, mantendo como pedra ba-
silar os princípios estratégicos da criação
Já na Respeitável Loja São João Bap- desta loja, temos desenvolvido e fomen-
tista continuaram as Regularizações e as tado ações como “Ágapes Brancos”
iniciações até perfazerem mais de quatro mensais, com caráter regional, em que
dezenas. são convidados palestrantes de mérito
reconhecido em várias áreas da socie-
Com efeito, volvido um ano e meio desde dade. Além disto, promovemos a dinâ-
o levantamento de colunas da R∴L∴São mica de apresentação de trabalhos em
João Baptista, nº82 várias foram as Lojas loja e ágapes rituais no âmbito de temas,
que foram reforças nas suas colunas quer ritualísticos e filosóficos, quer de na-
com obreiros que dela saíram. tureza e complexidade diversa, inerentes
aos grandes problemas da atualidade.
Muito fica por dizer, mas não se pode
deixar de lembrar o nosso Rui Clemente Também nas iniciações tem havido um
Lelé, que tinha por esta Loja um carinho objetivo de recrutamento de jovens qua-
muito especial e que hoje adorna as Co- dros promissores e a manutenção de afi-
lunas do Grande Oriente Eterno! nidades pessoais e intelectuais.

53
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

R∴L∴UNIVERSITAS N.º 143 mãe R∴ Lj∴ Acácia n.º 34, a Or∴ de Lis-
A ORIENTE DE COIMBRA boa nasce a Universitas.

A história e a origem daquela que viria a


ser a nova família Universitas não pode-
ria ter começado de forma mais bela e
simbólica do que através de um núcleo
de uma família de sangue, com os ir-
mãos Filipe Leite e Ruben Leite a junta-
rem-se ao seu pai.

Esse núcleo foi, então, crescendo com


força e vigor, com a presença, o trabalho
e a dedicação de outros IIr∴ de Coimbra.
Foram feitas muitas viagens entre Coim-
bra e Lisboa por estes IIr∴, sendo que
quanto maior a quantidade dessas via-
gens maior se foi tornando a sua quali-
dade, pelo conhecimento mútuo e espí-
rito de união que foram crescendo no
seio do grupo.

Foram viagens repletas de convívio e


aventuras. Não terá sido fácil cumprir to-
sta é uma história de amizade, tra-

E balho, evolução e procura de Luz


por 8 IIr∴ que abraçaram o traba-
lho árduo sem hesitações.
dos os compromissos profissionais, pes-
soais e familiares, entre longas horas de
viagem.

Mas estavam todos a olhar e a seguir


Dizem que a História é feita por quem a
pelo mesmo caminho, com a mesma de-
escreve e, tradicionalmente, quem a es-
dicação e sentimento e tudo isso faz da
creve prefere apresentar os resultados
Universitas o que é hoje.
de forma factual, apontando datas, even-
tos e nomes concretos.
Passaram-se vários equinócios e vários
solstícios, passaram vários anos e o ca-
E assim poderia começar esta memória:
minho de Luz recebido na R∴ Lj∴ Acácia
“Assinalou-se no passado dia
culminou, assim, naquele momento em
12.12.2019 o primeiro aniversário do
que as mães vêem partir as filhas chega-
levantamento de colunas da R∴ Lj∴
das à adultez.
Universitas n.º 143, a Or∴ de Coim-
bra”. Mas há todo um universo que en-
Mediante a petição assinada pelos IIr∴
volve este facto. Todo um universo com
Eugénio Leite, Filipe Leite, Ruben Leite,
origem no próprio Grande Arquitecto do
José Miguel Alves, Sérgio Madeira, Rui
Universo, pois claro.
Simões, Vasco Ferreira e Gonçalo Ri-
beiro, permitiu e veiculou a GLLP/GLRP
Adaptando Fernando Pessoa, O Grande
que fossem levantadas as colunas de
Arquitecto do Universo quis, o N∴Q∴Ir∴
uma nova R∴ Lj∴ a Or∴ de Coimbra: a R∴
Eugénio Leite sonhou e a obra come-
Lj∴ Universitas n.º 143.
çou a ser gerada. Gerada no útero da
54
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

melhor trabalhar plenamente na difu-


Assim aconteceu com toda a harmonia e são da Luz nesta região do país; é uma
alegria no Templo de Telheiras no dia 12 R∴ Lj∴ na qual o primeiro VM∴ teve
de dezembro de 2018/ 6018. como 1ºV∴ e 2ºV∴ os próprios filhos e
na qual a primeira passagem do malhete
E passou 1 ano... E neste período de foi de forma física e metafísica muito sim-
tempo a R∴ Lj∴ Universitas tem procu- bólica, da geração mais velha para a ge-
rado fazer jus ao seu mote “Semper Ex- ração mais nova, de pai para filho; a pri-
celsius”. O caminho da Luz é moroso meira cerimónia ritual de Iniciação no
para ser pleno, mas estes IIr∴ continuam novo Templo do Centro do País/ Tem-
a trabalhar a pedra e continuam a abra- plo Mário Martin Guia foi a tríplice Inici-
çar desafios. Mas independentemente ação dos IIr∴ Luís Simões, Pedro Reis
desta realidade, certo é que há algumas Marques e Rui Leite Moreira na R∴ Lj∴
particularidades que marcam e distin- Universitas; no seu primeiro ano de vida
guem esta R∴ Lj∴ e os seus 18 OObr∴ foi esta R∴ Lj∴ a organizadora do 4.o En-
numa singularidade muito própria e me- contro Nacional do Rito de York; o Livro
ritória: é a única R∴ Lj∴ do Rito de York da Lei Sagrada que ilumina as cerimó-
em Coimbra e em toda a região do centro nias e sobre o qual os juramentos da R∴
litoral; é a 5.ª R∴ Lj∴ Regular em Coim- Lj∴ Universitas são feitos é uma Bíblia
bra, como o 5.º dedo de uma mão que que fez 100 anos aquando do levanta-
pode agora mento de colunas da loja, a qual se es-
pera possa assim continuar por pelo me-
nos mais 100 anos.

55
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

LOJAS DE SÃO JOÃO «baptizava» as pessoas, derramando-


RAZÕES HISTÓRICAS lhes água sobre as cabeças, limpando-
as assim espiritualmente (baptismo sig-
nifica banho).
ão cabe neste documento, nem é

N esse o seu propósito, entrar em


detalhes sobre os movimentos
complexos que a Terra descreve en-
quanto gira em torno do Sol de acordo
Era também conhecido por viver no de-
serto, alimentando-se de mel e gafanho-
tos, vestindo apenas uma pele de car-
neiro, e andando assim meio nu. Segu-
com as leis de Kepler. Tão-somente é de ramente, pertencia, entre os judeus, ao
referir que existem dois momentos nesse grupo dos essénios, que vivia em Quram,
seu percurso quase eterno, que, pela sua perto do mar Morto, local onde, em 1947,
força, pelo seu misticismo, e pelo seu foram encontrados alguns documentos
fascínio, têm originado as mais nobres da época. O dia 24 de Junho foi estipu-
comemorações em numerosos grupos e lado pela Igreja Católica como o da sua
organizações: são eles o Solstício de In- comemoração.
verno e o Solstício de Verão.
O EVANGELISTA
Por herança recebida de grupos, que tra- O outro São João, o Evangelista, era
dicionalmente, costumavam comemorar apóstolo de Jesus. Chamam-no de
os solstícios, essa prática chegou à Ma- Evangelista porque, além de pregar os
çonaria moderna, mas já temperada pela ensinamentos do Mestre, foi o autor do
influência da Igreja. Como as datas dos 4o Evangelho, de três epístolas e do fa-
solstícios são 21 de Junho e 21 de De- moso Apocalipse, palavra que significa
zembro, muito próximas das datas come- «revelação».
morativas de São João Batista, (24 de No Apocalipse São João Evangelista re-
Junho), e de São João Evangelista, (27 lata as revelações que teria tido sobre o
de Dezembro), as datas confundem-se fim dos tempos e dos caminhos para a
entre esses grupos, chegando à actuali- salvação. Por falar nos fins dos tempos,
dade. catástrofes, guerras, pestes, castigos, a
palavra «apocalipse» ganhou a conota-
Graças a isso muitas corporações aca- ção de «algo ruim, mau, apavorante, ca-
baram adoptando os dois São João taclismático, terrificante». A linguagem é
como padroeiros, fazendo chegar esse extremamente simbólica e de difícil com-
hábito à moderna Maçonaria, onde exis- preensão. São João Evangelista é come-
tem, segundo a maioria dos ritos, as Lo- morado a 27 de Dezembro.
jas de São João, que abrem os seus tra-
balhos à glória do Grande Arquitecto do MAÇONARIA OPERATIVA
Universo (Deus) e em honra a São João, Na verdade, como vem registado no item
nosso padroeiro, englobando, aí, os dois XXII, dos Regulamentos Gerais das
santos. Constituições de Anderson, de 1723, e
com elas publicado, o dia que os maçons
O BAPTISTA operativos do passado escolheram para
São João Baptista, também dito «o Pre- a reunião anual era 24 de Junho o dia de
cursor», era filho de Isabel, prima da Vir- São João Batista, ou opcionalmente, o
gem Maria e, por conseguinte, também dia de São João Evangelista, a 27 de De-
parente de Jesus Cristo. Ganhou o epí- zembro. Mas com muito mais ênfase em
teto de «baptista» porque, no rio Jordão, Junho.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

chama é símbolo do amor que gera a fra-


Será bom notar que a fundação da ternidade, a chama produz a luz, que é
Grande Loja de Londres, em 1717, ocor- símbolo da verdade através da qual al-
reu precisamente em 24 de Junho, e cançamos a liberdade, a chama e sua luz
veja-se como se redigiu esse cânone dos brilham para todos, gerando a igualdade.
Regulamentos Gerais, aprovados, pela
segunda vez, no dia de São João, 24 de Portanto, deduzo que, uma Loja de São
Junho de 1721, por ocasião da eleição João É JUSTA, simbolizada por BAP-
do Príncipe João, duque de Montagu, TISTA, quando os seus obreiros andam
para Grão-Mestre: na linha horizontal agindo correcta-
«Os Irmãos de todas as Lojas de Lon- mente, como simboliza o ESQUADRO,
dres e Westminster e das imediações re- induzindo-os à auto-disciplina que lhes
unir-se-ão numa COMUNICAÇÃO proporciona a liberdade.
ANUAL e Festa, em algum Lugar apro- A Loja de São João é PERFEITA, simbo-
priado, no dia de São João Baptista, ou lizada por EVANGELISTA, quando seus
então no dia de São João Evangelista, obreiros se curvam humildemente na
como a Grande Loja pensa fixar por um verticalidade, como simboliza o COM-
novo Regulamento, pois essa reunião PASSO, apoiados no seu centro (cora-
ocorreu nos Anos passados no dia de ção - EU SUPERIOR) buscam a evolu-
São João Batista Provido(...)” ção consciente através do amor fraternal
(fraternidade).
A LOJA
Entendo que uma Loja de São João en- O Esquadro Justo e o Compasso Perfeito
cerra em si os dois aspectos básicos da entrelaçados como COMPANHEIROS,
iniciação, tanto o da Consciência = Água, são ambos SÃO JOÃO(ões) e o núcleo
quanto o do Espírito = Fogo, sendo por- dessa união é a pedra fundamental do
tanto um local de iniciação plena, onde Templo Interior, a igualdade, a ser adqui-
os obreiros constroem o Templo traçado rida pela expansão da consciência em
pelo G.A.D.U. («Em verdade , em ver- sua plenitude, ou seja, de forma pro-
dade, te digo: quem não nascer da Água funda, elevada e ampla, enfim, infinita, é
e do Espírito não pode entrar no Reino o todo e o tudo, símbolo do G.A.D.U.
de Deus...» - João 3:5)
N. N.
O nosso corpo físico é o templo do Espí-
rito, portanto somos responsáveis pela
sua conservação, quanto aos aspectos
materiais, bem como sua manutenção
quanto aos aspectos emocionais. Assim,
a operatividade dos obreiros dá-se tanto
na aprendizagem das oficinas como, e
sobretudo, na realização da prática vi-
vencial na Maçonaria e no mundo pro-
fano, destacando-se a disciplina como
alicerce de procedimento.

Percebo agora um novo significado para


o conhecido refrão: São João, São João,
acende a fogueira em meu coração. A

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

EU SOU e em função vive e procria, dedicando ri-


tos vulgares de simples estruturas com-
QUEM SOU EU? DE ONDE VENHO? PARA ONDE postas de pedras e de normas. E o que
VOU? FICA AQUI MAIS UM PENSAMENTO SOBRE era a vida dentro de todas as vidas
UMA DAS MAIS ANTIGAS PERGUNTAS QUE O HO- (Deus) é hoje o acumular de todas as
MEM FAZ A SI PRÓPRIO. mortes anónimas e desnecessárias, tra-
zendo em seu peito aberto a pele a carne
os ossos e as vísceras de todos os ani-
princípio tem como antítese o

O
mais mortos, de todos os rios poluídos e
fim e a sua síntese na sustenta-
despojados de vida e à qual alimentavam
ção. Nesta trindade alegórica a
as terras e árvores por onde corriam
criação era o verbo ser e a pala-
como o sangue nas nossas veias, do ar
vra perdida (Jeová) o que era, é e será,
pesadamente contaminado em nome de
ou por outras palavras Eu Sou o que Eu
uma cega evolução, de crianças à fome
Sou. Nesta transcendência do tempo e
ou desenvolvendo doenças que lhes mu-
espaço o G∴A∴D∴U:: planeia a recons-
tilam o corpo interiormente, e sente a dor
trução do templo no eterno agora.
de cada um deles, sofre e sangra com
eles.
E talvez o verdadeiro propósito maçónico
seja a implementação da evolução espi-
No entanto, nós já não o reconhecemos
ritual àqueles que desejam e aspiram o
‘Em todas as escolas os mestres o dese-
aperfeiçoamento e transmutação da sua
nham no quadro negro, a mãe sonha-o
natureza. Contudo a precipitação da ac-
enquanto amamenta o filho, cochicham-
ção social e caridosa não deve ser redu-
no os que se abraçam, o sacerdote grita-
zida à niilidade.
o em seu sermão, os historiadores veem
o acontecido há muito tempo e descre-
Quando a sabedoria é dada ao homem
vem-no sem cessar, exuma-se nas cida-
ela toma-o consciente de que a soma to-
des desaparecidas e o elevador sobe
tal de tudo o que ele é, é o resultado das
com ele ao tecto do arranha-céus. Mas
suas acções. Uma Maçonaria criada
antes ainda o gritam os selvagens; está
para ser o cordão de vidas estáveis e
escrito nas estrelas e os mares devolvem
ideias preenchidas, não é criada como
seu reflexo. E tu homem estás aí sentado
mariposas destinadas a caírem na
e o que perguntas’ ... Nosso destino é um
chama ilusória do poder social.
mistério?
Somos electrons girando em tomo da
O que vamos ensinar às nossas crian-
presença do núcleo e pela nossa von-
ças? Não respeitamos a nossa mãe? Jul-
tade inata em nosso interior iremos ex-
gamo-la sempre garantida e iremos cho-
pandir a energia consciente do ser na
rar quando estiver moribunda procu-
carga de luz consciência do Grande Sol
rando alternativas espaciais?
Central para sermos livres e verdadeiros
filhos do Sol.
O homem não teceu a teia da vida e sua
harmonia é simplesmente um fio nela,
ALTERNATIVA DE REDENÇÃO À REINTEGRAÇÃO
tudo o que fizer ao equilíbrio faz a ele
NA NATUREZA próprio. Submetemo-nos assim a estes
ciclos destrutivos, e testemunhamos a
Julgo que a Natureza Ama verdadeira- crueldade das consequências sem uma
mente o homem ao ver espelhado na sua reacção práctica e racional, ignorando as
original forma Deus. Recebeu-o e abra- suas lágrimas e desilusão. Estaremos a
çou-o associando-se, ligando-se a até trair todas as nossas lutas e toda a qua-
confundindo-se com este como amantes lidade existencial que temos direito? Não
ou como uma mãe ama seu recém nas- é a razão uma dadiva da nossa mãe? A
cido. Contudo o homem infantilmente chave de desvendar todos os mistérios?
não é capaz de reconhecê-lo. Criou seus “De volta a natureza” disse Rousseau
próprios deuses de barro para os quais,

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

lembrando ao homem da responsabili-


dade da nossa herança em si, e da sani- No mundo das esferas somos escravos
dade intelectual que a natureza pode- do nosso destino, apesar de sermos si-
nos oferecer, observa-a e obterás todas multaneamente mortais e imortais atra-
as respostas. Uma sociedade sã e uma vés do eterno aspecto humano (homem-
sociedade que vive em harmonia com o arquétipo), a natureza apresentou maté-
que rodeia e consigo própria. A diversi- ria através dos elementos criando um
dade biológica é um livro de conhecimen- corpo parecido com a original forma hu-
tos secretos que pode dar-nos respostas mana.
inimagináveis ultrapassando a nossa
imaginação: a nossa imortalidade, curas, Formada da luz. Tomando-se assim
percepções desconhecidas. Cada espé- mente e alma providenciadas da luz e da
cie extinta é um conhecimento perdido. vida. O homem deve colocar em princípio
Ao elevarmos o meio ambiente e os se- a igual necessidade de Conhecimento e
res criados como parte mais preciosa do Fé e devendo actuar de forma inteligente
nosso palco existencial elevamos a para conservar uma certa harmonia a
nossa própria percepção, sobrevivência, não corromper a natureza no reino dos
e conhecimento. corpos materiais, mas também a dos se-
res espirituais agregados, uma vez que
Uma coisa eu sei: o meu Deus é também naqueles misturam-se a inveja (consci-
Deus das florestas, dos rios, dos mares, ência de uma real inferioridade), o orgu-
e da terra. Ao explorá-la e destruindo-a, lho (vaidade teimosa de dizer a última
ofendemos o seu próprio conceito numa palavra ou muito camufladamente a capa
altura em que a manipulação da natureza da vergonha) e a ganância (ignorância
é ficção científica tomada realidade. Des- do cosmos, seres que dotados de livre-
truindo-lha é ilógico, imoral e irracional. arbítrio preferem o perecível e ilusório
Coloca-nos onde? através de atitudes egocêntricas ao ab-
soluto, real e etemo). Entretanto o cami-
Porque chamamos irracionais aos ani- nho redentor permanece possível porque
mais quando vejo neles tanta humani- o caminho do Homem é o conhecimento
dade. Nascem da dor de uma mãe que respeitando a ordem, observando e
os acolhe ao mundo com amor, alimenta- aprendendo com a Natureza.
os, ajuda-os a crescer ensinando a so-
breviver no seu habitat, tomam decisões, Pax in te, sicut parvulus in gremia matris
têm percepção da realidade talvez ainda suae ita est in anima mea, pax vobiscum
muito melhor do que nós. Têm desenvol- Luis C.
vido potencialmente seus sentidos de
uma forma que só agora começamos a R∴ L∴ V Império
compreender, não é a realidade dada pe-
los nossos sentidos? Não são os nossos
dos mais limitados da natureza? Con-
tudo a nossa mente é um poderoso
trunfo, mas quantos não são escravos de
suas mentes que os enganam e manipu-
lam em vez de tomar a sua mente real-
mente sua, controlando-a pela vontade
de a tomar mais cheia de bons pensa-
mentos, optimista, construtiva e leve.

Mas somos parte da Terra e cada pe-


queno pedaço seu é sagrado tal como
cada um de nós então se deves amar o
teu irmão, deves amar o teu irmão leão,
a tua irmã raposa, o teu irmão rio, a tua
irmã árvore.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

A CORDA DE 81 NÓS "barriga" mostrava no extremo oposto,


através de sua sombra, as dimensões
VÁRIAS SÃO AS TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA exatas da cúpula que se desejava cons-
CORDA DOS 81 NÓS, NA MAÇONARIA. E TODAS truir, mercê da figura invertida e aumen-
ELAS SÃO PLAUSÍVEIS. DA MATEMÁTICA À AS- tada nas proporções.
TROLOGIA, DA MÚSICA AO DESPORTO, A MÚSICA
TEM INÚMERAS APLICAÇÕES. NA MAÇONARIA Como exemplo, citamos Thales de Mil-
leto, que instado pelo Faraó a medir a al-
SÃO MAIS ESOTÉRICAS QUE PRÁTI¬CAS AS APLI-
tura de uma pirâmide sem o uso de ins-
CAÇÕES ENCONTRADAS HOJE EM DIA.
trumentos e sem tocar na construção, co-
locou uma vara fincada no chão, na ver-
nicialmente, vamos definir a corda.
tical, com 2m de altura. Quando o sol le-

I Esta é um elemento que pode ser


composto pelos mais diferentes mate-
riais e que tem a finalidade de prender,
separar, demarcar ou unir. Sua resistên-
vou a sombra desta vara a ser projetada
com um comprimento exato de 2m, ele
mediu a sombra da pirâmide projetada
no solo, que era a própria altura da pirâ-
cia, salvo casos especiais, está direta-
mide.
mente ligada ao número de fios de que é
composta e de como é feito o seu entre-
Avançando mais no tempo, encontramos
laçamento.
na Sociedade dos Construtores, embrião
da Maçonaria atual, a herança da corda
Já na antiga Grécia, os cabelos longos
com nós, não necessariamente 81, mas
das mulheres eram usados para fazerem
3, 5, 7 ou 12, que era desenhada no chão
as cordas necessárias para utilização na
com giz ou carvão, alegoricamente fa-
defesa das cidades.
zendo parte de um Painel representativo
dos instrumentos usados pelos Pedrei-
Encontramos no Antigo Testamento, em
ros Livres.
Eclesiastes 4:12: "Se alguém prevalecer
contra um, dois lhe resistirão: o cordão
Uma das possíveis origens da corda de
de três dobras não se arrebenta com fa-
81 nós é datada de 23 de Agosto de
cilidade".
1773, por ocasião da instituição da pri-
meira palavra semestral em cadeia da
Os agrimensores egípcios usavam cor-
união, quando, na casa "Folie-Titon" em
das com nós para delinearem os terrenos
Paris, tomou posse Louis Phillipe de Or-
a serem edificados, sendo que os nós
leans, como Grão-mestre da Ordem Ma-
demarcavam pontos específicos das
çónica na França. Naquela solenidade
construções, onde deveriam ser neces-
estavam presentes 81 irmãos, e a deco-
sárias aplicações de travas, colunas, en-
ração da abóbada celeste apresentava
caixes, etc.
81 estrelas.

Na Idade Média, os construtores da Ma-


Quando queremos fazer uma reunião im-
çonaria Operativa usavam uma corda
portante, tomamos cuidado para que não
com alguns nós feitos a determinadas
haja interrupção ou intromissão de estra-
distâncias uns dos outros, amarrando
nhos no recinto. Fazemos isto, colo-
esta corda entre dois pilares com distân-
cando vigias e fechando as portas. Em
cia estudada, deixando-a formar uma
suma, cercamos o local e estabelecemos
"barriga" em ângulo desejado. Feito isto,
o que podemos chamar de cordão de iso-
era colocada uma luz (velas) a distância
lamento.
e altura calculadas, ocasião em que a
60
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

do infinito e a perpetuação da espécie,


Quando fazemos uma "sessão espírita", simbolizada na penetração macho/ fê-
antes de se iniciarem os trabalhos, é feita mea, determinando que a obra de reno-
uma preparação na parte externa do lo- vação é duradoura e infinita. Este é um
cal, ocasião em que "sentinelas espiritu- dos motivos pelos quais os laços são
ais" estabelecem um "cordão fluídico", chamados "Laços de Amor", para de-
que impede a entrada de entidades que monstrar a dinâmica Universal do Amor
possam perturbar os trabalhos com sua na continuidade da vida.
baixa vibração, provocando quadros de
obsessão ou de discórdia. Os laços da corda, em forma de oito dei-
tado, ou infinito, lembram ao Maçom que
Nas reuniões maçónicas, seguindo o ri- estes laços não podem ser apertados,
tual, é pedido ao Irmão Guarda do Tem- pois isto significaria a interrupção e o es-
plo que verifique se o Templo está “a co- trangulamento da fraternidade que deve
berto” de indiscrições profanas, somente existir entre os Irmãos.
iniciando os trabalhos após a sua confir-
mação. Os 81 laços, por serem em forma de infi-
nito, simbolizam também, cada um de-
A protetora Corda Maçónica, inicial- les, o Grande Arquiteto do Universo. A
mente riscada do chão, elevou-se depois expressão algébrica 00 x 0 = 1 - o infinito
para junto dos tectos dos Templos, signi- multiplicado pelo zero é igual a um - sig-
ficando a elevação espiritual dos Irmãos, nifica que Deus, em sua forma dinâmica,
que deixaram de trabalhar no chão com o Infinito, agindo sobre si mesmo, o Zero
o cimento físico e passaram a trabalhar - isto é, Deus em seu estado de inércia -
no plano superior com o cimento místico, produziu o Um, ou seja, o Universo.
que é a argamassa da Espiritualidade.
Nos Templos maçónicos, o número 81
Esta corda oferece-nos a proteção pela simboliza também os princípios místicos
"Emanação Fluídica" que abriga e sus- de todas as tradições esotéricas, por ser
tenta a "Egrégora" formada durante os o 81 o quadrado de 9, que por sua vez é
trabalhos em Templo, através da con- o quadrado de 3, número perfeito e sím-
centração mental dos Irmãos, evitando bolo da Divindade.
que nenhuma energia negativa esteja
presente no recinto. As borlas separadas No Oriente, a corda é colocada de modo
na entrada do Templo funcionam como a que fiquem 40 laços à direita e outros
captores da energia pesada dos Irmãos tantos à esquerda do dossel, ficando o
que entram, devolvendo-lhes esta ener- laço central exatamente sobre o dossel,
gia sob forma leve e subtil quando de sua representando o número UM, a unidade
saída. É como a camada de Ozónio im- indivisível. O número 40 é apresentado
pedindo a passagem dos raios ultravio- inúmeras vezes no Antigo Testamento,
leta, favorecendo apenas a penetração em Génesis 7:4; Êxodo 34:28; Mateus
do fluído vital para a energização dos 4:2; Atos dos Apóstolos 1:3, etc. O laço
nossos chakras, que giram com seus elé- central, por simbolizar também o Criador,
trons em torno do núcleo, como micro- é duplamente sagrado.
universos internos.
Voltando ainda às laterais com 40 laços,
Encontramos ainda na estrutura dos la- lembramos que este número marca a re-
ços (não chamamos de nós) o símbolo

61
REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

alização de um ciclo que leva a mudan-


ças radicais. A Quaresma dura 40 dias. No Centro Esotérico da Comunhão do
Ainda hoje temos o hábito medicinal de Pensamento é apresentada esta corda,
colocar pessoas ou locais sob "quaren- mas sem delimitação do número de la-
tena" com se nela estivesse a purificação ços, já que é considerada sem começo e
dos males antes existentes. Jesus jejuou nem fim, envolvendo o Planeta Terra. Ali
por 40 dias no deserto, e permaneceu na ela chama-se Cadeia Áurea de Amor.
Terra 40 dias após a sua Ressurreição. Jules Boucher assim se referiu à Corda
Os Hebreus vagaram 40 anos no de- de 81 Laços: "Pode-se pensar, razoavel-
serto. mente, que os Maçons especulativos,
tendo substituído o "cordel" operativo por
Na Cosmogonia dos Druidas, as Tríades um cordão ornamental, deram muito na-
dos antigos Bardos eram em número de turalmente a este cordão nós em forma
81 e os três círculos fundamentais de de "laços de amor". Esta espécie de la-
que trata esta doutrina têm como valor ços, figurando nos brasões o Painel ou
numérico o 9, o 27 e o 81, todos múltiplos Tapete da Loja, enfeixa os símbolos es-
de 3. senciais da Maçonaria, e podem ser con-
siderados como o armorial maçónico".
Ragon, em seu livro “A Maçonaria Her-
mética”, no rodapé da página 37, diz em
uma nota, que segundo o Escocês Trini-
tário, o 81 é o número misterioso de ado-
ração dos anjos.

Segundo Oswaldo Ortega, à luz do Eso-


terismo, os 81 laços que estão no teto,
portanto, próximos do céu, têm ligação
com os 81 anjos que visitam diariamente
a Terra, como mostram as Clavículas de
Salomão, e se baseiam nos 72 pontos
existenciais (os 72 nomes de Deus), da
Cabalah Hebraica modificada. A cada 20
minutos, um anjo desce à Terra e dá sua
mensagem aos homens. São 72 visitas
no curso do dia, se levarmos em conta
que a cada hora teremos 3 anjos, em 24
horas, teremos 72 anjos.

Agora, somando 72 anjos aos nove pla-


netas conhecidos na antiguidade, e que
nos influenciam diariamente, chegamos
ao número 81.
Sabemos que estes anjos podem nos
ajudar se os chamarmos pelos nomes no
espaço de tempo que nos visitam. E eles
estão representados no teto do Templo,
através dos 81 laços.

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

O SETE 7 anos; sete vacas gordas e outras tan-


tas magras, sete espigas cheias e outras
O SETE TEM INÚMERAS E DIVERSIFICADAS IM- tantas secas apareceram nos sonhos do
PORTÂNCIAS. SERÁ POR ISSO MAIS IMPORTANTE Faraó egípcio que José interpretou; sete
QUE OS OUTROS? E UM NÚMERO COM UMA são as maravilhas do Mundo; sete são os
metais alquímicos; sete são os palmos
FORÇA E UMA SIMBOLOGIA MUITO PRÓPRIA, DE
necessários para completar um côvado;
GRANDE SIGNIFICADO PARA A HISTÓRIA DA HU-
sete são os chakras energéticos do Ioga,
MANIDADE E DO SEU IMAGINÁRIO.
Reiki e Magnified Healing; sete são os
cruzamentos das duas serpentes no ca-

S
ete são os dias da semana, são os
duceu original; sete é o número por ex-
dias que dura cada fase da Lua,
celência da Criação, quando entendido
são os dias que medeiam entre as
como a soma do número três, o número
marés dos quartos lunares; sete é o nú-
divino por excelência, com o número
mero dos raios solares; é o número dos
quatro, o número dos quatro elementos
sete primeiros Deuses; sete são as coli-
essenciais da matéria, sem a qual não
nas de Roma; sete são as cores do arco-
existiria o Homem. SETE!
íris, 7 são as cores básicas, quando so-
madas as três cores primárias às quatro
Sete são as ciências naturais: a Gramá-
cores delas combinadas; sete são os fi-
tica, a Lógica, e a Retórica, e ainda a Arit-
lhos espirituais de Brahma; sete são os
mética, a Geometria, a Astronomia e a
planos astrais da existência do Homem
Música.
na cultura Hindu; sete foram os pães ini-
cialmente distribuídos pelos discípulos
São elas divididas em dois grupos, um de
de Jesus pelas cerca de 5000 pessoas;
3 e outro de 4: As três primeiras formam
sete são os corpos celestes conhecidos
um trivium ligado ao pensamento e à co-
visíveis a olho nu; O grande Templo Su-
municação, enquanto que o segundo
mério, datado de 2500 a.C., tinha sete
forma um quadrivium ligado a algo mais
pórticos e sete portas, e para a sua con-
material, apesar da sua grande beleza.
sagração foram sacrificados 7 animais
sete vezes; sete eram as cordas da lira
Sete são as virtudes também divididas
de Orpheu, sete as hespérides, sete os
em dois grupos, um de três, as virtudes
filhos de Neobe, sete os reis que ataca-
sobrenaturais, e um de quatro, as carde-
ram Tebas e sete os reis que a defende-
ais. Assim, as três virtudes sobrenaturais
ram; sete são os deuses da Sorte no fol-
são a Fé, a Esperança e a Caridade, en-
clore japonês; sete são as Devas budis-
quanto que as quatro virtudes cardeais
tas responsáveis pelo bem-estar do Ho-
são a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e
mem; sete foram os punhados de terra
a Temperança. Os sete pecados mortais,
de sete cores diferentes com que Adão
também eles divididos em dois grupos de
foi criado; sete são os paraísos existen-
3 e de 4 respectivamente, são os peca-
tes na cultura religiosa Maometana; sete
dos do Espírito: a Soberba, a Ira e a In-
são os braços do candelabro Hebreu;
veja; e os pecados do Corpo: a Luxúria,
sete são as hierarquias celestiais da Ca-
a Gula, a Avareza e a Preguiça.
bala; sete são as ciências naturais; sete
Novamente vamos encontrar dois grupos
são as virtudes e sete os pecados mor-
de 3 e de 4 entre os 7 Sacramentos ca-
tais; sete os sacramentos e sete as peti-
tólicos: os 3 sacramentos da Vida Espiri-
ções; sete são os pilares da Sabedoria;
tual, o Baptismo, a Confirmação e a Eu-
O jubileu é comemorado após sete vezes
caristia, e os 4 sacramentos da Vida

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REVISTA DA G∴L∴L∴P∴/G∴L∴R∴P∴

Mundana, a Penitência, a Ordem, o Ma-


trimónio e a Extrema-Unção. 3 é a Santíssima Trindade com o Pai, o
Filho e o Espírito Santo. 3 é igualmente a
Ainda no que respeita a religião católica, Trindade Divina do Hinduísmo: Brahma
as 7 petições existentes no Padre-nosso (o Criador), Vishnu (o Conservador) e
apresentam-se divididas em 2 grupos, Shiva (o Destruidor); 3 foram os arcanjos
também de 3 e de 4, sendo as primeiras enviados por Deus à Terra para apanha-
dirigidas a Deus, “Santificado seja o Teu rem 7 punhados de terra de 7 cores dife-
nome”, “Venha a nós o Teu reino”, e rentes para que Ele pudesse criar Adão
“Seja feita a Tua vontade”, e as segun- (Foram eles Gabriel, Miguel e Rafael).
das dirigidas ao Homem, “Dá-nos o pão
nosso de cada dia”, “Perdoa as nossas Na filosofia o número 3 representa a
ofensas assim como nós perdoamos a união da sombra, do reflexo e do verda-
quem nos tem ofendido”, “Não nos dei- deiro eu, o eu pensador. 3 é o número
xes cair em tentação” e “Livra-nos de por excelência de Neptuno, senhor dos
todo o mal”. mares, representado pelo seu tridente. 3
7 é a soma de 3 mais 4. 3 está ligado ao é o número dos raios que Júpiter segura
divino e 4 à matéria. nas mãos. 3 é o número de objectos ce-
lestes que aparecem na destruição bí-
O TRÊS blica da Terra: o Sol e duas Luas. Mas
Três são os princípios da criação: o Ac- que aparecem também em pelo menos
tivo, o Passivo e o Reactivo. Três são os mais 51 crenças, lendas ou mitos de cul-
corpos celestes que desde os primórdios turas e civilizações espalhadas um
simbolizam estes princípios: o Sol, ele- pouco por todo o mundo, das Américas
mento activo, a Lua, elemento passivo e às Ásias, da Groenlândia à Antártida.
Marte, elemento reactivo.
O mito dos índios Washo, da Califórnia;
A representação desta trindade é as- o mito dos índios Tupi-Guarani, do Brasil;
sente, regra geral, na figura geométrica o dos índios Iroqueses; 34 mitos de dife-
triangular que, como qualquer outra fi- rentes tribos bolivianas; a lenda japo-
gura geométrica, representa a Ordem nesa Hoji-Ki; a lenda chinesa de King-
Espacial. Kung; o mito das ilhas Gilbert; o mito das
ilhas Celebes; o mito do Tahiti; o mito
É o triângulo do Delta Luminoso utilizado nórdico da criação; a lenda de Prose
na Ordem Maçónica, é o triângulo da Edda; o mito Celta-Irlandês; o mito indi-
Santíssima Trindade católica, é o triân- ano de Rig Veda; o mito do Maabarata; o
gulo cimeiro da cabalística Árvore da mito lituano; o mito do antigo Egipto; a
Vida, é o duplo triângulo da cruz de Da- Lenda fenícia de Sanchuniathon; o mito
vid. Sumério; Onde há fumo há fogo.
Na Maçonaria, Três é o número por ex-
Mas mais que a figura triangular, é o nú- celência da nossa Ordem ritualista: 3
mero 3 quem assume mais vezes o papel passos, 3 colunetas, 3 pancadas de ma-
representativo da divindade, seja ela lhete, 3 malhetes, candelabro de 3 bra-
vista de que cultura, de que religião ou ços, 3 Mestres Maçons constituem a
crença, ou de que sociedade for. Loja, 3 são as romãs em cada coluna, 3
O número 3 representa o Deus imanente são as luzes da Loja, 3 os símbolos colo-
na sua criação, com princípio, meio e fim,
com passado, presente e futuro.

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cados no Oriente, 3 as viagens iniciáti- É omnipresença. É aquele que existe em


cas, 3 os toques de reconhecimento, 3 si próprio, inteiro e completo, sem polari-
vezes muitas vezes. dade. 1 não tem oposto. 1 contém em si
toda a potencialidade, embora no seu es-
Mas 3 é, por natureza, o número sagrado tado mais puro não lhe possamos atribuir
da humanidade, da criação, e da persu- qualquer qualidade.
asão das ideias, quando se repetem 3 O 1 só toma consciência de si próprio
vezes a mesma coisa para que seja tida quando sai de dentro de si mesmo pas-
como verdade absoluta. sando a ver-se a si próprio. É aqui que
nasce o 2!
O QUATRO
4 são os elementos essenciais da maté- O DOIS
ria, a saber: o fogo, a água, o ar e a terra. O 2 que representa a dualidade, o 2 que
4 são os pontos cardeais (Sul, Norte, confronta o 1 na qualidade inata de ser
Este e Oeste), 4 são as estações do ano passivo ou activo, em oposição à quali-
(Outono, Inverno, Primavera e Verão), 4 dade que o 1 assuma. O 2, na união en-
são as fases da Lua (Crescente, Cheia, tre o 1 e si próprio é a linha unindo dois
Decrescente e Nova), 4 são as partes do pontos. E assim o 2 é o espaço. 2 é a
dia (madrugada, manhã, tarde e noite), 4 metade de um, se considerarmos que o
são as fases da sequência da vida (nas- um não se pode auto reproduzir. Para
cimento, crescimento, decadência e termos o 2 teremos que dividir o 1, o que
morte), 4 são os Cavaleiros do Apocali- nos assegura que o 1 é sempre mais que
pse, 4 são os aspectos psicológicos do o 2. Embora possam ser iguais, estas
Homem (sensação, pensamento, senti- metades são sempre metades do 1. Daí
mento e intuição), 4 são os rios derivados que o Judaísmo considera que “o que
do Rio Éden ao sair do Jardim do Para- está em cima é como o que está em
íso, 4 são os elementos caracterizadores baixo”.
do homem (inteligência, vontade, emo-
ção e mortalidade). 4 é simbolizado tam- 2 é assim interpretado como a nova uni-
bém pelo quadrado. dade, a unidade da separação e não da
totalidade.
Mas porque falar apenas dos números 3 No Círculo, que antes de o ser é espiral,
e 4 para justificar o número 7? Então o 1, é o caminho contínuo sem fim, fractal da
o 2, o 5 e o 6? E ainda o 8 e 9? E o zero? existência, logo do Homem. A espiral é o
2 quando chega ao ponto de partida,
O ZERO num outro plano. E é 1 quando reco-
Filosoficamente, o zero é fundamental nhece que, simbolicamente, a sua evolu-
para dar ênfase ao um, como compara- ção, apesar de ser constante, é sempre
ção entre o que existe e o que não existe. um retomo a si mesmo, assumindo a re-
Logo, se precisamos do zero para provar presentação da eternidade, do 1.
que o um é realmente a existência, então
o zero também existe, negando-se e
sendo negado. Mais 7’s:
7 Deuses da sorte no Folclore Japonês:
O UM Benten, deusa do amor; Bishamon, deus
é o primeiro número! 1 é a primeira re- da guerra; Daicoku, deus da saúde;
presentação da unidade. 1 é Deus em si Ebisu, deus da humanidade; Fukurojujin,
mesmo. 1 é o ponto primordial. É tempo. deus da longevidade; Jurojin, deus da

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longevidade; Hstei, deus da generosi- Domingo, que é o primeiro dia, tem o Sol
dade. como planeta regente. Sol = Sun, em In-
glês. Sunday, dia do Sol é domingo;
Os 7 planos da existência humana, no
pensamento hindu: Sensação; Emoção; Segunda-feira, Monday em Inglês, é o
Inteligência; Intuição; Espiritualidade; dia da Lua, Moon, em inglês. Em Fran-
Vontade; Intimações do divino. cês, Lua é Lune, Lundi, e em espanhol
diz-se Lunes, por ser o dia da Luna (Lua);
As 7 colinas de Roma: Palatino; Capitó-
lio; Aventino; Caeliano; Esquilino; Vimi- Terça-feira, é o dia do combate, do nór-
nal; Quininal. dico deus da guerra, Tiw, que deu origem
Os 7 paraísos diferentes dos Maometa- ao inglês Tuesday. Em Francês é Mardi
nos: Primeiro, de prata pura, morada de e em espanhol Martes, derivados de
Adão e Eva, e onde estão todas as estre- Marte, também ele Deus da Guerra;
las; Segundo, de ouro puro, é a mansão
de João Baptista e de Jesus; Terceiro, de Quarta-feira, é o dia de Mercúrio, donde
Madrepérola, é onde vive José. É neste Mercredi em Francês e Miércoles em Es-
paraíso que Rafael, o anjo da morte, es- panhol. Em Inglês, Wednesday, o dia de
creve e apaga num livro muito grande os Woden (Deus alemão), equivalente a
nomes dos homens; Quarto, de Ouro Odin (Deus nórdico), equivalente a Tote
branco, é o domínio de Henoch, onde o (Deus egípcio), equivalente a Hermes,
anjo das lágrimas chora os pecados dos Deus grego, que equivale a Mercúrio,
homens; Quinto, de prata, é onde vive Deus romano;
Aarão e o Anjo Vingador, aquele que pre-
side ao fogo elementar; Sexto, de Rubis Quinta-feira, dia de Thor, deus nórdico
e Granadas, é a casa de Moisés; Sétimo da trovoada. Daí derivou o Thursday em
paraíso, é o domínio de Abrão, feito de Inglês. O mesmo deus da trovoada na
Luz divina. mitologia romana é Júpiter, sendo
quinta-feira Jeudi em francês e Jueves
As 7 hierarquias celestiais da Cabala: em espanhol;
Sol, residência de Miguel, o anjo da Luz;
Lua, residência de Gabriel, anjo da Espe- Sexta-feira, Friday em inglês, deriva de
rança e dos sonhos; Mercúrio, Residên- Freya, a deusa nórdica do amor, à seme-
cia de Rafael, anjo Civilizador; Vénus, re- lhança do espanhol Viernes e do francês
sidência de Anael, anjo do Amor; Marte, Vendredi, que se referem à mesma
residência de Samael, anjo da Destrui- deusa romana do amor, Vénus;
ção; Júpiter, residência de Zachariel,
anjo da Administração; Saturno, residên- Sábado, Saturday em inglês, vem de Sa-
cia de Oriphiel, anjo da Solicitude. turno, o deus romano da agricultura.
Os 7 anjos santos são: Miguel; Gabriel;
Rafael; Uriel; Chamuel; Jophiel; Zadkiel. RI João A. Ferreira/RL Estrela da Manhã
Os 7 chakras são: Raiz ou sexual; Um-
bilical; Plexo Solar; Coração; Garganta;
Frontal ou Terceira Visão; Coronário ou
da Coroa.

Os 7 dias da semana:

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LUÍS MIGUEL NOGUEIRA ROSA DIAS (1/1/1931 – 30/8/2019)


ADMIRÁVEL MAÇOM
A VIDA A PASSAR

Passa, passa, passa a VIDA


Ora a passo, ora a correr!
É um dado imponderável
Quem com ela sempre lida
Sabendo que assim, é viver
Da maneira mais provável!

Não compliquem o VIVER


Vivam, vivam com sabor
O Dr. Luís Rosa Dias foi um muito competente Amargo, por vezes ou não.
médico-cirurgião vascular. Sobrinho de Fer- O qu’interessa é o “Saber”
nando Pessoa deu inúmeras conferências sobre Pesquisá-lo com fervor
o seu tio. Tê-lo com sofreguidão!

O Miguel Roza, pseudónimo que utilizou para as Saborear a pesquisa


suas lides literárias, foi autor de livros como En- Do “Conhecimento” latente
contro Magick: Fernando Pessoa e Aleister Do Certo e do Incerto
Crowley, Salpicando Poesia, De Médico e Louco E processo que precisa.
de Tudo um Pouco, Fiz das Tripas Coração, os Que se esteja patente
mais recentes O Templário com Duas Vidas e O Com nossa mente por perto!
Espião do Extremo Ocidente, duas novelas que
são os dois primeiros tomos de uma trilogia cujo A “Loja” ajud’à “aprender”
último volume felizmente deixou já escrito e em Directa ou indirectamente
fase de edição, que será publicado postuma-
Por símbolos explícitos ou não
mente, sob a direção de uma das suas filhas, e
foi ainda o prefaciador e organizador do Trolha-
A progredir no “SABER”
mento dos 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Nos “segredos” da mente
Aceite. Da verdadeira “RAZÃO”?

O Companheiro Luís Rosa Dias foi um insigne ro- Ao “pensamento” juntei


tário, designadamente fundador e primeiro pre- Uma “imagem” espacial
sidente do primeiro Rotary Clube misto em Por- Duma “Loja” simbólica.
tugal. E desta maneira tentei
Explicita e bem funcional
Na Loja Mestre Affonso Domingues entrou em E duma maneira lógica!
1995 e 10anos depois foi parte de todos nós.
Juntou-se a nós em 1995 e dez anos depois foi Luíz Miguel Rosa Dias
Venerável Mestre da Loja (O décimo sexto Ve- Lisboa, 30 de Junho de 6019
nerável Mestre).

Evocar o Luís Miguel, só pode ser isto, uma se-


rena e plena manifestação de regozijo pela sua
vida e pela nossa participação nela. Muito obri-
gado por teres sido, por seres, nosso amigo, Luís
Miguel! Vamos recordar-te com ternura e
apreço até chegar, a cada um de nós, a hora de
te reencontrar e de te entregar, em nome de to-
dos e de cada um dos que por cá continuarem a
permanecer, o nosso Triplo e Fraterno Abraço!

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