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SALVAÇÃO DA BURGUEZIA
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problema da Fé, abandonam aos poucos as religiões in-
sufficientes ou ^s meias praticas de um catholicismo
convencional e reunem-se de novo em torno da cathedra
de Pedro, da religião em sua expressão integral. Tanto
uns como outros, porém, encontram-se no mesmo aban
dono do agnosticismov
Em philosophia, vemos a queixa generalisada con
tra a anarchia mental a que chegamos e todos reconhe
cem que essa anarchia proveio do abuso dos methodos
subjectivos, que apenas conseguiram disseminar o ve
neno destruidor do scepticismo. E por toda a parte ve
mos a exigencia de novos realismos, a necessidade de
repor a intelligencia em um contacto mais profundo
com o ser. De um lado os materialistas, os mecanicistas,
os deterministas, vendo na natureza objectiva e visivei
das coisas a medida da intelligencia humana. De outro
os partidarios da philosophia christã, em suas numerosas
modalidades, os vitalistas, os neo-realistas, estendendo
essa objectividade não só ao dominio das coisas visíveis
mas ao plano das invisíveis. E todos os partidarios dos
dois campos afastando-se do subjectivismo anterior.
Em arte, já não satisfaz o esthetismo. E vemos as
preoccupações sociaes, de um lado, e as preoccupações
moraes e religiosas, de outro, invadindo o campo outr’ora
dominado pelos partidarios da arté pela arte, que foi
a elegancia esthetica da civilisação burgueza, em suas
escapatórias do dominio do economico e do político.
Em política, o laicismo é batido por todos os lados.
Os seus antigos partidarios já não se contentam com o
Estado leigo . Querem - o Estado anti-christao e mesmo
anti-religioso. Ao passó qüe os adyersarios do laicismo
já não se contam pelos dedos; sãõ númerosos^ cqiijscien-
tes do erro commettido e certos da necessidade dç reatar
as relações directas entre o Estada j^a Egreja, em todos
os domínios da vida publica.
Em economia, finalmente, o individualismo é com-
batido pelos dois grandes partidos eçonomicos em lutà:
os communistas e os neo-capitalista-s. E os catholieos,
por sua vez, mais esclarecidos sobre a doutrina social da
Egreja, começam tambem a desligar-se de muitas allian-
ças compromettedoras. E hoje em dia, ninguém ignora
que a tendencia que domina os circulos economicos me
nos socialistas é uma tendencia nitidamente anti-indivi-
dualista.
Vemos, portanto, em todos os pontos cardeaes da
philosophia burgueza da vida, o descalabro total dessa
concepção, que ha um seculo parecia inabalavel.
A burguezia de hoje, portanto, está no ar, sem
fundamento certo. Vivendo de preconceitos ou de força
adquirida ou então procurando ansiosamente o seu des
tino.
E ahi temos o segundo sentido em que póde ser en
tendida a pergunta que fizemos. Poderá haver salvação
para a burguezia? ,
Sim, dizemos nós, se ella renunciar á philosophia
moribunda que oufora* sustentou è souber remontar to
do o curso dos erros commettidos para começar uma
nova vida. Em outras palavras: renunciar ao suicídio1.
A primeira condição da vida é querer viver. E a
burguezia de hoje não quer viver, pois deseja apenas
gozar ou vencer a vida. E o gozo da vida ou a victòria
social, no sentido burguez da expressão, é a própria re
nuncia á Vida.
Fala-se muito aqui em. communismo. Todos os
burguezes se colligam por a combatel-o. Deante .do, per
rigo imminente até se lembram novamente de Chri^to...
E jornaes que ha seis mezes' organizavam concurso$C de t
belleza femenina, numá emulação commercial do; rietf-
paganisma que corróe a sociedade biirgüeza moribunda;,
esses jornaes que ainda hoje fazem a apologia doíêspi-
ritismo, como religião tão elevada* quanto o christianis-
mo, começam a sèrvir-se dasr grandes palavras sagràdas,
que é qüasi uiii sâérilegio ver impressas ein taes folhas:
Déufe, Patria* Familia'.
Todos ós burguezes se colligam contra o inimigo j?
commum. Mas não vêm que o Inimigo está no meu* j
delles. Não vêm que' o inimigo é a sua própria alma. i
O que lhes move, em geral, na campanha anii- l
communista é o medo de perder o dinheiro* de perder
as posições, de perder o conforto da vida facil. Não é {=
ideal algum o que os anima. Estimula-os apenas o te- j
m or da morte.
E se assim fôr, se assim apenas é que proceder essa (
burguezia que não quer ter filhos, que considera ainda
a religião boa apenas para o povo ou para as mulheres»
que continua a ver no commercio e na industria o meio
mais rapido de enriquecer, que se agglomera nas cida
des, que se agita sem finalidade segura, que continua a
ver na vida apenas uma lucta pelo bem estar e pelo-
prazer dos sentidos, — se assim fôr, então, podemos
tocar o dobre da burguezia.
Pois, se continuar no caminho que vae, nada po
derá salval-a do aniquilamento completo. E esse aniqui
lamento não é uma ameaça vaga e remota. É’ qualquer (
coisa de muito mais immediato do que pensamos, con
taminados que ainda estamos pela indifferènçà clamo
rosa em que vivemos, dos perigos mais sérios que nos »
cercam. Não' falamos da Russia, da China ou dà Aiistra- j
lia. Falamos do Rio, de S. Paulo, do Brasil^inteiro, de 1
tudo o que de mâis perto nos tóca. O perigo é de caída
minuto. Não o perigo de um regimen communista im
mediato . Mas o da guerra civil, o da anárchia> o da
chihesação deste immenso- e desarticulado Brasil.
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, E o remedio é um só: a volta á verdade, â voltá ás
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