Um dos maiores desafios para criarmos uma escola adequada ao nosso tempo é o de como a
tecnologia pode ser levada até a escola e para os propósitos do ensino.
Passamos por 3 grandes momentos na história da web.
Num primeiro momento, que ficou conhecido como web, web1, por volta dos anos 80, era a
internet com banco de dados, p.ex., enciclopédia britânica, que você podia acessar on line. E qual
uso a escola fez desse tipo de possibilidade? As escolas que puderam se apropriar, se apropriaram
disso de uma forma muito mecânica; apenas substituíram o antigo quadro negro, os antigos livros
didáticos pelo tablet. Houve uma mudança na tecnologia mas não uma mudança na essência do
ensinar.
O segundo momento da web (web2), por volta dos anos 90, foi marcado pela possibilidade
de diálogo _chats, salas de bate papo, início das redes sociais e da possibilidade de comunicação
pela internet. E que uso a escola fez disso? Muito pouco! Os alunos até aproveitaram bem essa nova
oportunidade da internet mas a escola pouco criou à título de debates sobre o seu conteúdo,
buscando seus objetivos por essa via da web 2 _ a via da conversa.
Um terceiro momento é o da web 3, a partir do ano 2000, que é o da possibilidade da
internet lidar com situações complexas, com diferentes variáveis, com diferentes possibilidades.
Ex.: se você entrar no site de um banco, colocar lá seu rendimento, valor de empréstimo, parcelas…
o site do banco vai calcular seu empréstimo e você vai contratá-lo por ali mesmo. A pergunta é: será
que isso pode ser aproveitado na escola? Será que poderíamos usar essa possibilidade da internet de
lidar com diferentes variáveis para colocar nossos alunos para resolverem problemas, lidar com
situações complexas. Esse é um dos recursos da internet que é mais desconsiderado pela escola
porque ela não sabe como lidar com isso.
É uma gama de opções para a escola mas, quando muito, ela ainda está centrada na velha
transmissão de conhecimentos sem fazer dos recursos tecnológicos a possibilidade de realmente
renovar as práticas de ensino, discussão, debates e resolução de problemas.
Temos novos recursos. Mas será que temos novos modos de ensinar e de aprender?
Temos que atentar para 3 grandes perigos:
o ‘faz de conta’ pedagógico - a tecnologia entra na sala de aula mas dentro de uma lógica
de fazer parecer… um faz de conta! Um cenário que parece tecnológico mas que, na verdade, não
muda a aula tradicional que sempre tivemos.
Precisamos reinventar e trazer a tecnologia para que o aluno sinta que estamos falando sua
linguagem e se sinta em condição de trazer suas ideias e confrontar posições e opiniões. O desafio é
passar do plano vivido para o plano refletido (fazer o aluno questionar, pensar, desafiar o aluno a
resolver situações e assumir uma postura inquisitiva, investigadora no seu próprio mundo).
O uso excessivo da tecnologia digital é prejudicial? Sim! Assim como, o uso excessivo da
TV. Mas isto não significa que a tecnologia não possa ser utilizada na educação infantil e só possa
ser usada nas últimas séries do ensino fundamental e médio. O que é preciso é ser ponderado o que
é adequado para aquele nível de ensino.
Todo país que pretende tornar-se desenvolvido sabe que este processo passa por uma
população que saiba utilizar as tecnologias digitais, que estejam as pessoas incluídas digitalmente.
Além disso, a inclusão digital é uma das características, hoje, da inclusão social, portanto, se
pretende fazer a inclusão social da sociedade esta não se restringe à inclusão digital mas passa por
ela necessariamente.
Além da inclusão digital, a tecnologia pode ajudar na inclusão de crianças com deficiências
(DI – deficiente intelectual / DV – deficiente visual/ DA – deficiente auditivo / TDGs – todas as
outras deficiências globais). A tecnologia facilita muito porque dá acesso a essas pessoas à
informação.
Quando você tem outros materiais mas você tem o meio digital também, o meio digital te
permite criar atividades que respeitem mais os diferentes tempos de aprendizagem de cada uma das
crianças e dos adultos porque cada um tem um tempo de aprendizagem e interesse maior por coisas
diferentes. Então, quando os professores conseguem fazer uso dos objetos de aprendizagem que
existem na rede, quando os professores têm tempo suficiente para lidar com as diversidades que
existem, eles podem estar mais facilmente criando atividades diferentes para um grupo grande de
alunos para que eles façam atividades espontaneamente.
Quando você usa recursos tradicionais: lousa, giz, papel e um professor em sala de aula é
muito difícil porque você acaba tendo que trabalhar pela média. Isso faz com que alguns se
desmotivem porque está fácil demais, outros não consigam acompanhar… é difícil dar esse
acompanhamento individualizado. Já com esses recursos, o próprio sistema sinaliza se a criança
está avançando ou não, o próprio sistema pode colocar alguns desafios e o professor, depois, estar
olhando o relatório para ver qual aluno avançou rápido, qual não. Então, existem ferramentas hoje
que começam a dar essa percepção para o professor de que aquilo ali é uma ferramenta e que, se eu
conseguir fazer uso dessas ferramentas nas atividades elaboradas, eu posso conseguir dar conta de
uma diversidade maior e respeitar de uma forma maior essa questão de diferentes tempos e espaços.