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João Ferreira de

Almeida

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João Ferreira de Almeida

Nascimento 1628
Várzea de Tavares
Morte 6 de agosto de 1691 (63 anos)
Jacarta
Cidadania Portugal
Ocupação tradutor, tradutor da Bíblia,
escritor, pastor
Religião Calvinismo
[edite no Wikidata]

João Ferreira Annes d'Almeida, ou


simplesmente João Ferreira de Almeida
(Torre de Tavares, Várzea de Tavares,
Portugal, 1628 — Batávia, Indonésia,
1691), foi um ministro pregador da Igreja
Reformada nas Índias Orientais
Holandesas, reconhecido especialmente
por ter sido o primeiro a traduzir a Bíblia
Sagrada para a língua portuguesa.[1] A
sua tradução do Novo Testamento foi
publicada pela primeira vez em 1681, em
Amsterdam. Almeida faleceu antes de
concluir a tradução dos livros do Antigo
Testamento, chegando aos versículos
finais do Livro de Ezequiel. A tradução
dos demais livros do Antigo Testamento
foi concluída em 1694, por Jacobus op
den Akker. Os volumes da tradução do
Antigo Testamento em português foram
publicados somente a partir do século
XVIII, em Tranquebar e Batávia, no
Oriente. A primeira edição em um único
volume de uma tradução completa da
Bíblia em português foi impressa
somente em 1819, em Londres.[2] Além
da tradução da Bíblia, João Ferreira de
Almeida também escreveu algumas
obras contra os ensinos da Igreja
Católica Apostólica Romana.[1]
Biografia

Anos iniciais …

Almeida nasceu na localidade de Torre


de Tavares, no Reino de Portugal. Ficou
órfão ainda em criança e veio a ser
criado na cidade de Lisboa por um tio
que era membro de uma ordem religiosa.
Pouco se sabe sobre a infância e início
da adolescência de Almeida, mas afirma-
se que teria recebido uma excelente
educação visando a sua entrada no
sacerdócio. Não se sabe o que teria
levado Almeida a sair de Portugal, mas
em 1642, aos quatorze anos de idade, já
se encontrava na Ásia, passando por
Batávia (atual Jacarta, na Indonésia) e,
em seguida, Malaca (na atual Malásia).
Naquela época, Batávia era o centro
administrativo da Companhia Holandesa
das Índias Orientais, e Malaca, ex-colônia
portuguesa, havia sido conquista pelos
holandeses em 1641.

A conversão ao protestantismo …
Em 1642, aos quatorze anos de idade,
João Ferreira de Almeida deixou a Igreja
Católica Apostólica Romana e se
converteu ao protestantismo. Ao velejar
entre Batávia e Malaca, ambas
possessões holandesas no Oriente,
Almeida pôde ler um tratado anticatólico
em castelhano, intitulado "Differença d'a
Christandade", posteriormente traduzido
por ele em língua portuguesa.[3] Este
panfleto atacava algumas das doutrinas
e conceitos do catolicismo e a utilização
do latim durante os ofícios religiosos.
Isto provocou um grande efeito em
Almeida, de modo que, ao chegar a
Malaca naquele mesmo ano, juntou-se à
Igreja Reformada Holandesa e dedicou-
se imediatamente à tradução de trechos
dos Evangelhos do castelhano para o
português.[4]

O padre João Ferreira de Almeida …

É comum aparecer nas primeiras


edições da tradução de João Ferreira de
Almeida a informação de que ele seria
padre. Isso se deve ao fato de que,
naquele contexto, a palavra "padre"
poderia ser utilizada para se referir tanto
ao clero católico, como aos ministros
protestantes. Neste sentido, ele seria
padre (aqui equivalente à pastor) da
Igreja Reformada Holandesa, e não da
Igreja Católica Apostólica Romana. Além
disso, a posição anticatólica de João
Ferreira se revela em todos os seus
escritos, pois além de traduzir a Bíblia,
ele compôs várias obras contra pontos
que considerava os erros da Igreja
Católica.[5]
Tradutor da Bíblia Sagrada …

Dois anos após rejeitar as doutrinas da


Igreja Católica Apostólica Romana, João
Ferreira de Almeida lançou-se num
enorme projeto: a tradução de todo o
Novo Testamento para o português,
usando como base a versão em latim de
Teodoro de Beza, consultando também
como fontes traduções em castelhano,
francês e italiano. O trabalho foi
concluído em menos de um ano, quando
Almeida tinha apenas dezesseis anos de
idade. Terminada em 1645, essa
tradução pioneira não foi publicada. Mas
o tradutor fez cópias à mão do trabalho,
as quais foram mandadas para as
congregações de Malaca, Batávia e
Ceilão (hoje Sri Lanka). Apesar da sua
juventude, enviou uma cópia do texto ao
governador-geral holandês, em Batávia.
Crê-se que a cópia teria sido enviada
para Amesterdam mas que o
responsável pela publicação do texto
faleceu resultando no desaparecimento
do trabalho de Almeida. Em 1651, ao lhe
ser solicitada uma cópia da sua tradução
para a Igreja Reformada na ilha de
Ceilão, Almeida descobriu que o original
desaparecera. Lançando-se de novo ao
trabalho, partindo de uma cópia ou
rascunhos anteriores do seu trabalho,
Almeida concluiu no ano seguinte uma
versão revista dos Evangelhos e do livro
de Actos dos Apóstolos. Em 1654,
completou todo o Novo Testamento mas,
uma vez mais, nada foi feito para
imprimir a tradução, sendo realizadas
apenas algumas poucas cópias
manuscritas.[carece de fontes
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]

Almeida integrou no ministério


eclesiástico da Igreja Reformada
Holandesa, primeiramente como
"visitador de doentes" e, em seguida,
como "pastor suplente". Começou seu
ministério tornando-se membro do
Presbitério de Málaca, depois de
escolhido como capelão e diácono
daquela congregação.[carece de fontes
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]

No tempo de Almeida, um tradutor para a


língua portuguesa era muito útil para as
igrejas daquela região. Além de o
português ser o idioma comumente
usado nas congregações presbiterianas,
era o mais falado em muitas partes da
Índia e do Sudeste da Ásia. Acredita-se,
no entanto, que o português empregado
por Almeida tanto em pregações como
na tradução da Bíblia fosse bastante
erudito e, portanto, difícil de entender
para a maioria da população. Essa
impressão é reforçada por uma
declaração dada por ele na Batávia,
quando se propôs a traduzir alguns
sermões, segundo palavras, "para a
língua portuguesa adulterada, conhecida
desta congregação".[carece de fontes

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Em 1656, ordenado pastor, foi indicado
para o Presbitério do Ceilão na Índia,
para onde seguiu com um colega,
chamado Baldaeus. Durante os três anos
seguintes, trabalhou na revisão da
tradução de partes do Novo Testamento
feita anteriormente. Depois de passar
por um exame preparatório e de ter sido
aceito como candidato ao pastorado,
Almeida acumulou novas tarefas: dava
aulas de português a pastores, traduzia
livros e ensinava catecismo a
professores de escolas primárias.
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Ao que tudo indica, esse foi o período


mais agitado da vida do tradutor. Durante
o pastorado em Galle (Sul do Ceilão),
Almeida assumiu uma posição tão forte
contra o que ele chamava de
"superstições papistas", que o governo
local resolveu apresentar uma queixa a
seu respeito ao governo de Batávia
(provavelmente por volta de 1657). Entre
1658 e 1661, época em que foi pastor
em Colombo, voltou a enfrentar
problemas com o governo, o qual tentou,
sem sucesso, impedi-lo de pregar em
português. O motivo dessa medida não é
conhecido, mas supõe-se que estivesse
novamente relacionado com as ideias
fortemente anticatólicas do tradutor.
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A passagem de Almeida por Tuticorin


(Sul da Índia), onde foi pastor por cerca
de um ano, também parece não ter sido
das mais tranquilas. Tribos da região
negaram-se a ser batizadas ou ter seus
casamentos abençoados por ele. De
acordo com seu amigo Baldaeus, o fato
aconteceu porque a Inquisição havia
ordenado que um retrato de Almeida
fosse queimado numa praça pública em
Goa. Foi também durante a estada no
Ceilão que, provavelmente, o tradutor
conheceu sua mulher e casou-se. Vinda
do catolicismo para o protestantismo,
como ele, chamava-se Lucretia Valcoa
de Lemmes (ou Lucrécia de Lamos). Um
acontecimento curioso marcou o
começo de vida do casal: numa viagem
através do Ceilão, Almeida e Dona
Lucretia foram atacados por um elefante
e escaparam por pouco da morte. Mais
tarde, a família completou-se, com o
nascimento de um menino e de uma
menina.[carece de fontes
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]

Ideias e personalidade …

Sendo considerado um dos primeiros


missionários protestantes a visitar
aquele país, visto que servia como
missionário convertido, ao serviço de um
país estrangeiro, e ainda devido à
exposição directa do que considerava
serem doutrinas falsas da Igreja Católica
Apostólica Romana, bem como à
denúncia de corrupção moral entre o
clero, muitos entre as comunidades de
língua portuguesa passaram a
considerará-lo apóstata e traidor. Esses
confrontos resultaram num julgamento
por um tribunal da Inquisição em Goa,
Índia, em 1661, sendo sentenciado à
morte por heresia. O governador-geral da
Holanda chamou-o de volta a Batávia,
evitando assim a consumação da
sentença.[carece de fontes
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A partir de 1663 (dos 35 anos de idade


em diante, portanto), Almeida trabalhou
na congregação de fala portuguesa da
Batávia, onde ficou até o final da vida.
Nesta nova fase, teve uma intensa
atividade como pastor. Os registros a
esse respeito mostram muito de suas
ideias e personalidade. Entre outras
coisas, Almeida conseguiu convencer o
presbitério de que a congregação que
dirigia deveria ter a sua própria
cerimônia da Ceia do Senhor. Também
propôs que os pobres que recebessem
ajuda em dinheiro da igreja tivessem a
obrigação de frequentá-la e frequentar o
catecismo. Ofereceu-se para visitar os
escravos da Companhia das Índias em
seus bairros, dando-lhes aulas de religião
— sugestão que não foi aceita pelo
presbitério — e, com muita frequência,
alertava a congregação a respeito das
"influências papistas".[carece de fontes
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Ao mesmo tempo, retomou o trabalho de


tradução da Bíblia, iniciado na juventude.
Foi somente então que passou a
dominar a língua holandesa e a estudar
grego e hebraico. Em 1676, Almeida
comunicou ao presbitério que o Novo
Testamento estava pronto. Aí começou a
batalha do tradutor para ver o texto
publicado — sabia que o presbitério não
recomendaria a impressão do trabalho
sem que fosse aprovado por revisores
indicados pelo próprio presbitério. E
também que, sem essa recomendação,
não conseguiria outras permissões
indispensáveis para que o fato se
concretizasse: a do Governo da Batávia e
a da Companhia das Índias Orientais, na
Holanda.[carece de fontes

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Exemplares destruídos …

Escolhidos os revisores, o trabalho


começou e foi sendo desenvolvido
vagarosamente. Quatro anos depois,
irritado com a demora, Almeida resolveu
não esperar mais — mandou o
manuscrito para a Holanda por conta
própria, para ser impresso lá. Mas o
presbitério conseguiu parar o processo, e
a impressão foi interrompida. Passados
alguns meses, depois de algumas
discussões e brigas, quando o tradutor
parecia estar quase desistindo de
apressar a publicação de seu texto,
cartas vindas da Holanda trouxeram a
notícia de que o manuscrito fora
revisado e estava sendo impresso
naquele país.[carece de fontes

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Em 1681, a primeira edição do Novo


Testamento de Almeida finalmente saiu
da gráfica. Um ano depois, ela chegou à
Batávia, mas apresentava erros de
tradução e revisão. O fato foi
comunicado às autoridades da Holanda
e todos os exemplares que ainda não
haviam saído de lá foram destruídos, por
ordem da Companhia das Índias
Orientais. As autoridades holandesas
determinaram que se fizesse o mesmo
com os volumes que já estavam na
Batávia. Pediram também que se
começasse, o mais rápido possível, uma
nova e cuidadosa revisão do texto.
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]

Apesar das ordens recebidas da


Holanda, nem todos os exemplares
recebidos na Batávia foram destruídos.
Alguns deles foram corrigidos à mão e
enviados às congregações da região (um
desses volumes pode ser visto hoje no
Museu Britânico, em Londres). O
trabalho de revisão e correção do Novo
Testamento foi iniciado e demorou dez
longos anos para ser terminado.
Somente após a morte de Almeida, em
1693, é que essa segunda versão foi
impressa, na própria Batávia, e
distribuída.[carece de fontes

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]

Enquanto progredia a revisão do Novo


Testamento, Almeida começou a
trabalhar o Antigo Testamento. Em 1683,
completou a tradução do Pentateuco.
Iniciou-se, então, a revisão desse texto, e
a situação que acontecera na época da
revisão do Novo Testamento, com muita
demora e discussão, acabou se
repetindo. Já com a saúde prejudicada —
pelo menos desde 1670, segundo os
registros —, Almeida teve sua carga de
trabalho na congregação diminuída e
pôde dedicar mais tempo à tradução.
Mesmo assim, não conseguiu acabar a
obra à qual dedicara toda a vida. Em
outubro de 1691, Almeida morreu. Nessa
ocasião, chegara a Ezequiel 48:31. A
tradução do Antigo Testamento foi
completada em 1694 por Jacobus op
den Akker, pastor calvinista holandês.
Depois de passar por muitas mudanças,
foi impressa na Batávia, em dois
volumes: o primeiro em 1748 e o
segundo, em 1753.[carece de fontes

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]

Tradução após a morte de Almeida …


A segunda edição do Novo Testamento
em português, revista pouco antes da
morte de Almeida, veio a ser publicada
em 1693. No entanto, alguns
historiadores afirmam que, uma vez
mais, esta segunda edição foi
desfigurada pela mão dos revisores.
Perdendo-se a motivação para a
continuação do trabalho de tradução da
Bíblia para o português na Ásia, foi a
pedido dos missionários protestantes
dinamarqueses em Tranquebar, no sul da
Índia e então parte da Índia
Dinamarquesa, que uma sociedade
inglesa, a Society for Promoting Christian
Knowledge, em Londres, financiou a
terceira edição do Novo Testamento de
Almeida, em 1711. Durante o Século XIX,
a British and Foreign Bible Society e a
American Bible Society distribuíram
milhares de exemplares da versão de
Almeida em Portugal e nas principais
cidades do Brasil.

Reconhecimento
Entre Outubro de 2006 e Março de 2007,
o programa de televisão da RTP1, Os
Grandes Portugueses, realizou uma
votação popular para escolher O Grande
Português. Aquela votação, indicou João
Ferreira de Almeida como o 19º
personagem mais importante na história
de Portugal.[6]

Ver também
Almeida Corrigida Fiel
Almeida Revista e Corrigida
Almeida Revista e Atualizada
Traduções da Bíblia em língua
portuguesa
Sociedade Bíblica de Portugal
Sociedade Bíblica do Brasil

Referências
1. «João Ferreira de Almeida - Tempo,
Obra e Combate» . Consultado em
16 de maio de 2019
2. A Biblia sagrada: contendo o Novo e
o Velho Testamento . [S.l.]: R.E.A.
Taylor. 1819
3. Fernandes, Luis Henrique Menezes.
«Differença d'a Christandade: João
Ferreira de Almeida e a controvérsia
católico-protestante nas Índias
Orientais seiscentistas» . Revista
Portuguesa de História do Livro.
Consultado em 18 de fevereiro de
2016
4. «Biografia João Ferreira de
Almeida» . Estudos bíblicos
5. «A literatura religiosa polemista nas
Índias Orientais seiscentistas e a
elaboração da primeira tradução
regular da Bíblia em língua
portuguesa (1642-1694)» .
Consultado em 17 de julho de 2016
. «Grandes portugueses. Top 100 por
ordem alfabética» (PDF). Consultado
em 20 de abril de 2015

Ligações externas
Outros projetos Wikimedia também contêm
material sobre este tema:

Textos originais no

Wikisource

Categoria no

Commons

Biografia de João Ferreira de Almeida


Biografia na Sociedade Bíblica do
Brasil
Novo Testamento traduzido por
Almeida, editado em 1681
Pentateuco traduzido por Almeida,
editado em 1719
Livros Históricos do Antigo
Testamento traduzidos por Almeida,
editado em 1738
Segunto volume do Antigo Testamento
traduzido por Almeida, editado em
1753
Bíblia Antigo e Novo Testamentos,
editada em 1848
Bíblia Antigo e Novo Testamentos,
editada em 1819
Audio da Bíblia em português de JFA
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Obras de ou sobre João Ferreira de
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