Você está na página 1de 45

Dor torácica

(Cap. 12)

Leonor Silva e Sousa


(leonorsilvaesousa@gmail.com)

WWW.ACADEMIADAESPECIALIDADE.COM FACEBOOK.COM/ESPECIALIDADE
Dor torácica
Notas (abreviaturas)
• ACE – artérias coronárias epicárdicas
• IBP – inibidores bomba protões
• AE – angina estável
• ICC – insuficiência cardíaca congestiva
• AI – angina instável
• ICP – intervenção coronária percutânea
• Angio-TAC – angiografia tomográfica
• IM – insuficiência mitral
computorizada
• MV – murmúrio vesicular
• DA - dissecção aórtica
• NG – nitroglicerina
• DAC – doença arterial coronária
• PA – pressão arterial
• EAM – enfarte agudo miocárdio
• PE – pergunta exame
•GI – gastrointestinais
• PNB – péptido natriurético tipo B
• HTA – hipertensão arterial essencial
• RGE – refluxo gastroesofágico
• Hitx – história
• SU – serviço urgência
• Htx - hemitórax
• TEV – tromboembolismo venoso
• HVE – hipertrofia ventricular esquerda
• UP – úlcera péptica
•IA – insuficiência aórtica
• VE – ventrículo esquerdo
Dor torácica

Introdução
Diagnóstico diferencial dor torácica em doentes em
Diagnóstico de dor torácica abrange EAM
várias doenças de diferentes órgãos
Diagnóstico Percentagem

Doença gastroesofágica * 42%


A incapacidade de reconhecer doenças • RGE
potencialmente graves • Distúrbios motilidade esofágica
• Úlcera péptica
• Litíase biliar
Exemplo
Doença cardíaca isquémica 31%
• Dissecção aórtica
• Cardiopatia isquémica aguda Síndromes da parede torácica 28%
• Embolia pulmonar
• Pneumotórax hipertensivo Pericardite 4%

Pleurite/ Pneumonia 2%
Resultar em complicações graves, que Embolia pulmonar 2%
podem provocar a morte
Neoplasia pulmão 1.5%

Aneurisma aorta 1%
Por outro lado, tratamento excessivamente
Estenose aórtica 1%
conservador de pacientes baixo risco, pode
resultar em exames, análises, procedimentos e Herpes-Zoster 1%
ansiedade desnecessários
* Por ordem de frequência
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas


Isquémia miocárdio

Desequilíbrio pode ocorrer devido a aumento


necessidades O₂ ou diminuição oferta O₂ (ou de
Necessidades ambas)
metabólicas

Oferta O₂ Episódios isquémicos transitórios precipitados pelo


aumento de necessidade de O₂ (esforço físico)

Outras causas isquémia:


• Stress psicológico
• Febre
• Refeições volumosas
• Anemia
• Hipóxia Diminuição aporte O₂
• Hipotensão
• HVE
Causa mais comum de isquémia miocárdio é • Cardiopatia valvular Diminuição fluxo
obstrução artérias coronárias por aterosclerose • Miocardiopatia hipertrófica sanguíneo
endocárdico
• HTA
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina pectoris


(Ver Cap. 243)

• Peso

Dor isquémica Desconforto • Pressão


miocárdio visceral • Ardor
• Constrição

• Dispneia Alguns doentes negam qualquer tipo dor !!


• Ansiedade

Por vezes os doente podem empregar a palavra “AGUDA” para


descrever mais a intensidade do que qualidade da dor
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina pectoris


(Ver Cap. 243)

Localização Retroesternal
Dor (geralmente)

Irradiar

• Pescoço
Reflete origem comum dos • Mandíbula
neurónios sensitivos que
inervam coração e as áreas • Dentes
referidas
• Braços
• Ombros
Alguns doentes têm como único sintoma dor
contínua nos locais irradiação
Irradiação para região infra-
umbilical e região dorsal é menos
comum Outros referem desconforto epigástrico
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina pectoris


(Ver Cap. 243)

• Exercício físico
Angina • Stress emocional
estável Desencadeada
gradualmente • Após refeições pesadas

Dor aliviada com repouso e/ou nitroglicerina sublingual (minutos)

Transitória (dura alguns segundos)


Raramente
Dor representam angina
Persistente(várias horas) com
ECG sem sinais de isquémia
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina pectoris


(Ver Cap. 243)

Episódios Podem ser precipitados por factores • Stress físico


Angina que induzem TAQUICÁRDIA • Stress emocional

Maior parte perfusão miocárdio ocorre


durante Diástole cardíaca

Onde a pressão é mínima, em oposição ao fluxo


coronário no VE

Taquicárdia diminui o tempo de diástole,


reduzindo a perfusão miocárdica
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina instável e


Enfarte Agudo Miocárdio (Ver Cap. 243)

Doentes com AI ou Sintomas com características


EAM semelhantes AE

No entanto, têm maior intensidade e


duração mais prolongada
Início quadro
• Repouso
• Durante sono (provocar despertar doente)

Alívio da dor pode ser transitório ou nulo perante a


administração NG sublingual
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Angina instável e


Enfarte Agudo Miocárdio (Ver Cap. 243)

Doentes com AI ou
Exame objectivo pode ser NORMAL
EAM

Sintomas
associados à dor
Auscultação cardíaca
• S3 Disfunção sistólica e diastólica

• Sudorese • S4
• Sopro transitório IM
• Dispneia
• Náuseas Sugestivo isquémia músculo
papilar
• Tonturas

Episódios de isquémia grave podem resultar em


congestão e edema pulmonar
Dor torácica

Isquémia e lesão miocárdicas – Outras causas


cardíacas (Ver Cap. 244 e 245)
• Miocardiopatia Hipertrófica

Provocam isquémia miocárdica que resulta em episódios


de angina semelhante ao produzido pela aterosclerose
das coronárias

• Estenose Aórtica Sopro sistólico intenso e outros achados podem sugerir outra
etiologia que não doença aterosclerótica coronária

Dor torácica Infradesnivelamento segmento


• Síndrome Cardíaca X semelhante angina ST durante episódios de stress

Doentes com dor torácica e angiografia normal têm


alterações funcionais da circulação coronária, como:
• Espasmo artéria coronária visível angiografia Angiografia NORMAL
• Respostas vasodilatadoras alteradas Alterações limitadas do fluxo coronário
em resposta ao stress e/ou
• Respostas vasoconstritoras exacerbadas vasodilatadores coronários
Dor torácica
Pericardite
(Ver cap. 239)

Dor causada por inflamação de pleura parietal


(pericárdio é insensível dor)

• Inflamação local (ex: EAM e urémia) Indolores/ dor torácica


• Tamponamento cardíaco leve

Afecta superfícies
• Pericardite infecciosa pleurais adjacentes Dor

. Ombro
Irradiação . Pescoço
Em geral é retroesternal . Região dorsal
. Região abdominal
Agravada Cap. 245 - Irradiação de dor retro-
• Tosse esternal para trapézio aponta
• Inspiração profunda para pericardite
• Mudanças posição corpo Pleura parietal recebe inervação
sensorial de várias fontes

Dor pode ser contínua e simular EAM

Mais intensa com decúbito dorsal, aliviada com inclinação


tronco para a frente
Dor torácica
Doenças da aorta
(Ver cap. 248)

Laceração íntima aorta


Dissecção da Progressão de hematoma sob Causas hematoma

aorta túnica íntima na parede aorta Ruptura vasa vasorum na túnica


média
Causas
• Acidente automóvel
• Traumática
• Procedimento médico (ex: catéter/balão intra-aórtico)

Rara na ausência de HTA ou doenças associadas a deterioração


• Não traumática
componente elásticos ou musculares túnica média

Degeneração medial quística é característica


várias doenças hereditárias
(Síndrome Marfan e Ehlers-Danlos)

50% todas as dissecções em mulheres com menos


de 40 anos de idade ocorrem durante a gravidez
Dor torácica
Doenças da aorta
(Ver cap. 248)

Dissecção da Quase todos os doentes


aorta apresentam dor torácica intensa

Dissecções crónicas podem ser


assintomáticas

Contrariamente a doença cardíaca isquémica, sintomas de DA tendem atingir a


intensidade máxima no início quadro, podendo provocar colapso doente

Dor aguda súbita Descrições clássicas da dor:


(queixa + comum apresentação) “rasgadura” “dilacerante”

Cap. 248
Localização correlaciona-se com o . Mt intensa e dilacerante
. Sudorese
local e extensão dissecção . Localização parte ant ou post do
tórax, frequente/ na região
interescapular, e tipica/ migra c/
propagação da dissecção
Dor torácica
Doenças da aorta
(Ver cap. 248)

Dissecção da Achados no E.O reflectem a Compromete fluxo artérias que


aorta progressão dissecção se ramificam a partir aorta

• Perda de pulso em um ou ambos membros


• AVCs
• Paraplegia
Consequências
• EAM
• IA aguda
• Tamponamento pericárdico

Dissecção de progressão proximal


Dor torácica
Doenças da aorta
(Ver cap. 248)

Dor torácica + sintomas associados à compressão estruturas adjacentes


Aneurisma da
aorta torácica Contínua, profunda e intensa
Assintomáticos (frequente)
(AAT) (por vezes)

Cap. 248
• Maioria AAT: assintomático!!!
• Compressão/erosão de tecidos
adjacentes : dor torácica, dispneia,
tosse, rouquidão ou disfagia
Dor torácica
Embolia Pulmonar
(Ver cap. 262)

Distensão da artéria pulmonar


Dor torácica na causada
Embolia Pulmonar
Enfarte de segmento adjacente à pleura

Embolia maciça Dor retroesternal  sugerindo EAM

Êmbolos menores Enfartes pulmonares focais


Dor lateral e pleurítica
Outros sintomas:
• Dispneia
• Hemoptises
• Taquicárdia
• Alterações típicas ECG
Dor torácica
Pneumotórax (Ver cap. 263)
Pneumonia e Pleurite (Ver cap. 257 e 263)

Dor pleurítica
Pneumotórax Início súbito
Dispneia

Pneumonia/Pleurite

Doenças causam lesão e


inflamação pleural

Dor aguda em “facada”

Agravada inspiração e
tosse
Dor torácica
Doenças Gastrointestinais
(Ver cap. 292)

Distinção da dor origem cardíaca da esofágica pode ser difícil

Causada:
Desconforto “tipo
queimadura” profundo • RGE
Ocorre na presença ou ausência
• Espasmo de RGE
Agravada Aliviada • Obstrução ou lesão
• Álcool • Antiácidos
• AAS • Doença biliar Dor constritiva
• Alguns alimentos
• Pancreatite

Exacerba-se com o decúbito e agrava nas 1ªs horas


• Úlcera péptica
da manhã (estômago vazio, sem alimentos que
iriam absorver ácido gástrico) Alívio imediato com terapia
antianginosa (NG sublingual)
Dor torácica
Doenças Gastrointestinais
(Ver cap. 292)

Distinção da dor origem cardíaca da esofágica pode ser difícil

Causada:
Também causam dor abdominal
+ • RGE
Sintomas associados esforço físico • Espasmo
Laceração de
• Obstrução ou lesão Mallory-Weiss
Colecistite - dor contínua, que ocorre 1 h • Doença biliar
ou mais após as refeições
• Pancreatite Causada por vómitos
persistentes
UP - dor surge 60-90 min após as refeições  quando • Úlcera péptica
produção ácido não é neutralizada pela presença
conteúdo alimentar
Dor torácica
Doenças Músculo-esqueléticas

• Doença discal cervical Dor torácica por compressão raízes nervosas

• Cãibras musculares intercostais


Dor com distribuição por dermátomos
• Herpes-zoster Dor pode ser acompanhada por lesões cutâneas

• Síndrome Costocondral
Causa mais comum dor torácica músculo-esquelética
anterior
• Síndrome Condroesternal
Alguns doentes apresentam
Dor  transitória e aguda dor surda durante horas
• Artrite ombro
Alguns casos apresentam sinais físicos de costocondrite  Eritema,
tumefacção e calor (Síndrome de Tietze)
• Artrite coluna vertebral
A dor pode ser reproduzida pela compressão directa da articulação
• Bursite costocondral e/ou condroesternal
Dor torácica
Distúrbios emocionais e psiquiátricos

Até 10% doentes que recorrem ao SU por dor torácica aguda apresentam
ataques pânico ou distúrbios emocionais

Desconforto torácico descrito como aperto


visceral ou dor contínua com duração > 30 min

Alguns descrevem-na (descrição atípica) como sendo


transitória, aguda e/ou localizada numa região restrita

Interpretação ECG pode ser difícil porque


hiperventilação leva alterações segmento ST e onda T
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica

Avaliação de doente com dor torácica 1. Definir diagnóstico


deve cumprir 2 objectivos 2. Avaliar segurança do plano terapêutico imediato
(Mais importante)

Avaliação deve centrar-se primeiro na


identificação de problemas potencialmente
fatais

Se estas hipóteses forem improváveis médico deverá


equacionar: • Cardiopatia isquémica aguda
- Internamento do doente numa unidade de • Dissecção aórtica aguda
tratamento não coronária • Embolia pulmonar
- Prova esforço imediata • Pneumotórax hipertensivo
- Segurança da alta do doente
Dor torácica
Dor torácica aguda

Quadro
Resumo
Manifestações clínicas típicas das principais causas de dor torácica

PE Duração Qualidade Localização Aspectos associados

Angina >2 min Pressão, aperto, Retroesternal, Precipitada pelo exercício,


<10 min compressão, peso, irradiação pescoço, exposição frio, stress
queimadura mandíbula, ombros ou psicológico
braços (+ esq), ou com
desconforto isolado S4
nessas regiões Sopro de IM durante dor

Angina instável 10-20 min ≈ Angina mas mais ≈ Angina ≈ Angina, mas surge com
grave níveis mais baixos esforço
ou durante repouso

EAM Variável, ≈ Angina mas mais ≈ Angina Não é aliviada pela NG


frequentemente > 30 grave Pode associar-se a IC ou
min arritmias
Estenose Episódios recorrentes = Angina = Angina Sopro irradia para
Aórtica ≈ angina carótidas, + intenso final
sístole
Pericardite Horas ou dias, pode Aguda Retroesternal ou em Alívio dor sentado ou
ser ocasional direcção ao ápice inclinado para a frente
cardíaco, pode irradiar Atrito pericárdico
ombro esq
Dissecção Início súbito de dor Sensação de rasgadura Tórax anterior com Associada HTA e/ou
Aórtica intensa/ excruciante ou laceração; dor em irradiação região doença tecido conjuntivo
facada interescapular (Ex: S. Marfan)
Duração Qualidade Localização Aspectos associados

Embolia Pulmonar Início súbito, vários Pleurítica Lateral, no local da Dispneia, Ortopneia,
min a poucas horas embolia Taquicárdia, HTA
HTP Variável Pressão Subesternal Dispneia, sinais aumento
PV (edema, distensão
veias jugulares)

Pneumonia ou Variável Pleurítica Unilateral, Dispneia, tosse, febre,


Pleurite localizada fervores, atrito (por
(frequentemente) vezes)
Pneumotórax Início súbito, várias Pleurítica Lado do Dispneia, diminuição MV
horas pneumotórax do lado afectado
Espasmo esofágico 2-30 min Pressão, aperto, Retroesternal Pode mimetizar angina
queimadura
Úlcera péptica Prolongada Queimadura Epigástrica, Aliviada por alimentos ou
subesternal anti-ácidos
Cólica biliar Prolongada Queimadura, pressão Epigástrica, Após refeição
subesternal,
quadrante sup drt
Dor músculo- Variável Contínua Variável Agrava com movimento
esquelética Reproduzida por
compressão local
Herpes-Zoster Variável Aguda ou em Distribuição no Exantema vesicular na
queimadura dermátomo área de desconforto
Distúrbios Variável, pode ser Variável Variável, pode ser Anamnese cuidadosa
emocionais/ doença transitória retroesternal frequentemente detecta
psiquiátricas ansiedade e depressão
Considerações avaliação doente com dor torácica
1 – A dor torácica deve-se a uma doença potencialmente aguda e fatal que necessite internamento
imediato para avaliação agressiva?
• Doença cardíaca isquémica aguda
• Dissecção aórtica
• Embolia Pulmonar
• Pneumotórax espontâneo

2 – Se não for o caso, a dor torácica deve-se a doença crónica passível de complicação grave?
• Angina estável
• Estenose aórtica
• Hipertensão pulmonar
3 – Se não for o caso, a dor torácica deve-se a uma doença aguda que requer tratamento específico?
• Pericardite
• Pneumonia/Pleurite
• Herpes-Zoster

4 – Se não for o caso, a dor torácica deve-se a outra doença crónica passível de ser tratada?
• RGE • Doença discal cervical
• Espasmo esofágico • Artrite ombro ou coluna vertebral
• UP • Costocondrite
• Doença biliar • Outras doenças músculo-esqueléticas
• Outras doenças GI • Ansiedade
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

avaliar 1. Função respiratória


Dor torácica aguda
2. Estado hemodinâmico doente

Se existir comprometimento de algum dos parâmetros 


tratamento inicial visa a estabilização doente

Se o doente não requer intervenção emergente o médico


deverá obter uma anamnese dirigida

Os médicos que avaliam os doentes nos consultórios não devem


presumir que estes não apresentam doença cardíaca isquémica
(apesar da prevalência poder ser mais baixa)
A prevalência de doentes de alto risco em ambiente de consulta
poderá estar a aumentar, devido à sobrecarga dos serviços de
urgência
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Anamnese deve incluir perguntar sobre as características e localização da dor

Isquémia miocárdica  intensificação gradual sintomas

A presença de factores de risco para DAC aumenta a preocupação com diagnóstico  ausência
factores risco não reduz suficientemente o risco de isquémia miocárdica, não podendo ser
usada com justificação para dar alta ao doente

Dor transitória ou que persiste por várias horas


Baixa probabilidade dor ter origem
cardíaca
Ausência alterações ECG
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Irradiação dor para braço esquerdo é comum EAM, e para


o braço direito também é coerente com diagnóstico

Irradiação da dor torácica aumenta a probabilidade de ser causada por


EAM
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Colecistite
Dor ombro direito + dor abdominal
Aguda

Dissecção Dor torácica irradiação para região


aórtica interescapular
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Exame objectivo deve incluir:

• Medicação PA em ambos braços


Perfusão deficiente de membro pode ser causada dissecção
aórtica
• Palpação pulso ambas as pernas

• Auscultação pulmonar ↓ MV, atrito pleural, evidência de embolia pulmonar, pneumonia,


pleurisia ou pneumotórax hipertensivo (desvio contra-lateral traqueia)

• Auscultação cardíaca Atrito pericárdico, sopro sistólico ou diastólico, S3 ou S4

• Reprodução da dor à compressão parede torácica Causas músculo-esqueléticas


Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Exame fundamental para adultos com dor torácica, na ausência de


ECG traumatismo evidente
(presença de alterações electrocardiográficas compatíveis isquémica são
(Ver cap. 228) compatíveis com alto risco EAM ou angina instável)

A ausência de alterações electrocardiográficas não excluiu a possibilidade


de isquémia aguda

Mas o risco complicações potencialmente fatais é baixo quando:

1. ECG é normal
2. Alterações inespecíficas segmento ST ou onda T

Se não for considerada alta imediata  candidatos a prova esforço


imediata ou precoce
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda


Prevalência de doença cardíaca isquémica aguda entre populações de doentes com dor
torácica aguda que recorrem ao SU
Achados Prevalência EAM % Angina instável %
Elevação segmento ST (≥ 1 mm) ou ondas Q 79 12
documentadas recentemente ECG
Alterações recentes ECG durante esforço 20 41
sugestivas isquémia (depressão ST ≥ 1 mm ou
ondas T isquémia)
Ausência alterações ECG, mas antecedentes 4 51
angina ou EAM (Htx de EAM ou de uso NG)

Ausência alterações ECG e de antecedentes 2 14


angina ou EAM (Htx de EAM ou de uso NG)
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Marcadores lesão
Troponinas cardíacas (I e T) substituíram CK e CK-MB
micocárdio

Outros marcadores (ainda sem papel definido):


mieloperoxidase e o PNB

Valores isolados (de qualquer um dos marcadores) não têm elevada


sensibilidade para diagnosticar EAM ou predizer as suas complicações

Decisão de dar alta ao doente não se deve basear em apenas um


valor negativo destes doseamentos (incluindo troponinas cardíacas)
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Doente com dor torácica em evolução Não realizar testes provocativos para DAC

Considerar realização cintigrafia de


perfusão miocárdica em repouso

Cintigrafia normal reduz probabilidade de DAC e evita


hospitalizações doentes baixo risco

Angio-TAC está a surgir como estratégia diagnóstica


alternativa em doentes em que a probabilidade de
DAC não é clara
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

• NG sublingual
Resposta favorável não esclarece o
Provas terapêuticas • Anti-ácidos diagnóstico (apesar ser informação útil)
• IBP

Exclusão de isquémia do miocárdio NUNCA deverá apenas


basear-se na resposta à terapêutica com anti-ácidos

A incapacidade NG aliviar dor não exclui diagnóstico


DAC
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Se História clínica + Exame Dissecção


objectivo aórtica

Pedir:
• TC torácica com contraste
• RMN cardíaca
• Ecocardiograma transesofágico

Dados actuais indicam que elevação dos níveis de D-dímeros deve


levantar a suspeita de dissecção aórtica
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

• Sintomas respiratórios
• Dor tipo pleurítica
Associada
Embolia pulmonar • Hemoptises
• Hitx TEV
• Alterações da coagulação

Exames iniciais incluem:


• Angio-TAC torácica
• Lung scan (cintigrafia perfusão /ventilação)
• Ecografia membros inferiores
• Teste D-dímeros
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Doente dor torácica


Não existe evidênciade doença potencialmente fatal
aguda

Doentes baixo
risco Verificar existência de doenças crónicas que
podem levar a complicações sérias

Uso precoce
• Cintigrafia de perfusão sob stress Mais comum  Angina Estável
• Ecocardiograma de stress
• ECG de esforço

Não deve ser feito


1. Dor em repouso que se acredite ser isquémica
2. Alterações ECG compatíveis com isquémia
Dor torácica

Abordagem ao doente – Dor torácica aguda

Não apresentam evidência de


Dor torácica persistente
doenças que causam perigo vida

Procurar por doenças passíveis de


responder a tratamento imediato

Pericardite

Sugerida: H.Clínica + E.Objectivo + ECG


Avaliar os padrões PA e necessidade ecocardiograma
(risco tamponamento pericárdico)

Rx Tórax - avaliar a possibilidade de doença pulmonar


Dor torácica

Directrizes e vias críticas para a dor torácica aguda

Directrizes American College of Cardiology/ American Hear Association para dor


torácica aguda

1. Realização ECG a practicamente todos os doentes com dor torácica que não têm uma causa
não cardíaca óbvia
2. Rx Tórax a todos os doentes com sinais ou sintomas de ICC, cardiopatia valvular, doença
pericárdica, dissecção ou aneurisma aorta

Directrizes American College of Cardiology/ American Hear Association para teste


exercício

1. Apoiam a sua realização em doentes de baixo risco que dão entrada no SU, tal como em
alguns de risco intermédio

Devem apenas ser realizados após cuidadosa avaliação em relação a achados de elevado risco ou outros
indicadores de internamento hospitalar
Dor torácica

Directrizes e vias críticas para a dor torácica aguda

Guidelines adoptadas por centros médicos de forma aumentar a sua eficácia e a facilitar
tratamento de doentes com elevado risco de Síndromes de doença cardíaca isquémicas

• Identificação rápida e tratamento de doentes para os quais terapia de reperfusão


emergente, seja por ICP ou fibrinólise, melhorará o prognóstico;
• Encaminhamento de doentes com baixo risco de complicações (sem novas alterações
no ECG e sem dor torácica persistente) para unidades não coronárias (ex: unidades de
cuidados intermédios ou de dor torácica)  onde podem realizar prova de esforço
numa fase precoce e receber alta posteriormente;
• Encurtamento do tempo permanência em unidades coronárias e centros
hospitalares. O tempo mínimo de permanência sob monitorização para doentes que já
não apresentam sintomas, reduziu para 12 horas ou <, se houver disponibilidade para
realização de prova esforço ou se outras estratégias de estratificação risco estiverem
disponíveis.
Dor torácica

Dor torácica não aguda

Tratamento de doentes que não requerem Identificar causa de sintomas e a


internamento hospitalar probabilidade de complicações
significativas

Diagnosticar e identificar os doentes com formas de DAC de


Exames não invasivos para DAC elevado risco que podem beneficiar de revascularização

Causas GI dor torácica Rx, Endoscopia, Provas terapêuticas

Distúrbios psiquiátricos e Terapia cognitiva e intervenções em grupo, resultam


emocionais diminuição dos sintomas
Dor torácica
(Cap. 12)

Leonor Silva e Sousa


(leonorsilvaesousa@gmail.com)

WWW.ACADEMIADAESPECIALIDADE.COM FACEBOOK.COM/ESPECIALIDADE

Você também pode gostar