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CURRAIS NOVOS/RN
2021
MARIA LUIZA SOUTO MACEDO DOMINGOS
CURRAIS NOVOS/RN
2021
MARIA LUIZA SOUTO MACEDO DOMINGOS
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª - Convidada
Universidade Estadual Vale do Acaraú - Currais Novos / RN
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Prof.ª - Convidada
Universidade Estadual Vale do Acaraú - Currais Novos / RN
CURRAIS NOVOS/RN
2021
DIFICULDADES DO ALUNO NA APRENDIZAGEM DA ESCRITA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: um olhar pedagógico
RESUMO
A construção da escrita pela criança, inicia-se desde os seus primeiros anos de vida.
Neste processo de desenvolvimento, a escola, hoje garantida para todos, nem
sempre consegue atingir o objetivo proposto: uma educação de qualidade onde
todos possam crescer e agregar novos conhecimentos, pois há alunos com
habilidades e níveis de aprendizagem diferentes numa mesma turma. Diante desta
perspectiva, a busca pela compreensão acerca das dificuldades na aprendizagem e,
consequentemente, o sucesso ou insucesso escolar deve ser constante e de
imediato, porquanto implica em diversos fatores envolvendo a leitura e escrita, que
são habilidades indispensáveis para a construção do saber satisfatório, na vida
escolar dos alunos, pois toda criança pode aprender e tem o direito de ser atendida
em suas especificidades educacionais. Assim sendo, as inúmeras reprovações e a
evasão escolar, como também situações familiares e de fracasso social, ocorridos
em especial no momento de aprendizagem da leitura e da escrita, têm sido uma
temática apontada como uns dos mais graves problemas do ensino fundamental.
Dessarte, o objetivo deste artigo é refletir como os docentes atuam com essa
população que já vem com defasagem em sua aprendizagem da leitura e da escrita
e necessitam de uma proposta diferenciada de ensino para que possam dar
continuidade à sua aprendizagem. Partindo-se desse ponto, buscou-se a elaboração
de uma intervenção pedagógica, com a finalidade nas adequações didáticas de
ensino/aprendizagem que alcancem a tais expectativas.
Palavras-chaves: leitura; escrita; criança; dificuldades; aprendizagem.
1
Graduanda do curso de Pedagogia, da Universidade estadual Vale do Acaraú.
E-mail: marialuizasoutomacedo@gmail.com
2
Especialista em desenvolvimento Sustentável no Semiárido Nordestino, Geógrafa pela Universidade Federal
do RN e professora orientadora de trabalho final do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual Vale do
Acaraú
E-mail: Iranete.souza@hotmail.com
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
2 O QUE É LER E ESCREVER? ANTECEDENTES BÁSICOS PARA A
TOMADA DE DECISÕES ...................................................................................
2.1 AS CRIANÇAS E ESCRITA............................................................................
2.2 REFLEXÕES SOBRE A ESCRITA DAS CRIANÇAS....................................
2.3 INVENÇÕES E APROPRIAÇÕES DA LINGUAGEM ESCRITA PELAS
CRIANÇAS ...........................................................................................................
3 DIFICULDADES NA ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL: possíveis fatores causadores...............................
3.1 ENTRELAÇANDO A ESCRITA NA SALA DE AULA : uma proposta
de intervenção......................................................................................................
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO.........................................................
3.3 ASPECTOS METODOLOGICOS DO TRABALHO........................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
INTRODUÇÃO
Posto isto, a criança foi exposta ao mundo linguístico, por isso, sua
compreensão concretiza-se na atividade que a mesma realiza com os objetos e
fenômenos que as cerca, traçando o seu próprio caminho, criando o que lhe era
permitido fazer com a linguagem. Para isto, é necessária à comunicação prática e
verbal com as pessoas que as rodeiam.
Logo, pensar no gosto pela leitura e escrita nos anos iniciais é considerar que
no início do processo, toda criança supõe que a escrita é outra forma de desenhar
as coisas, este é o modo que a mesma aprende a se relacionar com o mundo a sua
volta, de se apropriar e ressignificar a cultura, como também de fazer a sua própria
leitura da sociedade na qual está inserida. Assim, a leitura é parte componente da
construção de uma identidade a partir da infância.
O estudo psicogênese dos conhecimentos feito por Piaget, evidenciou a
existência de quatros estágios do desenvolvimento cognitivo na infância: sensório-
motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. Para tanto, o autor se
baseou em estudar a gênese dos processos mentais do indivíduo, como tais
processos são construídos desde a infância, fundando, assim, a Epistemologia
Genética e a Teoria do Conhecimento.
O autor mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e
possibilidades de crescimento da maturação ou de conhecimentos, isto é, cada
criança possuí um nível de aprendizagem diferente, portanto, é preciso respeitar o
processo de construção sem atropelar as fases. O Entendimento a respeito destas
possibilidades, faz com que os professores possam fornecer estímulos adequados a
uma maior evolução do indivíduo.
Na concepção de Piaget (1896-1980), a aprendizagem envolvem
mecanismos intermediários, são eles: assimilação e a acomodação. No sentido
assimilação, refere-se a conteúdos adquiridos por meio da experiência e
informações que não são modificadas. E no sentido acomodação, ocorre quando a
criança reorganiza suas ideias para poder incorporar esses novos conhecimentos, e
transforma-los para se ajustar ao meio.
Ainda segundo Piaget (1896-1980), quando a criança se encontra em uma
nova situação, perturba-se e se desequilibra e, assim, busca um meio de lidar com
isso. Logo, é por meio de um processo continuo de desequilíbrios e de novas
proeminente equilibrações que se processa a construção do indivíduo. O autor
classifica também, a ação de sugar o leite materno, como os primeiros exercícios de
aprendizagem.
Ao ingressar na Escola, o aluno carrega com a cultura pela qual o seu grupo
familiar cultiva, deparando-se com outra diversidade de objetos culturais, com os
quais não está habituado a se relacionar, portanto, desequilibra-se. Neste momento,
a Instituição tem um papel extremamente importante de promover situações de
interação diversas, com a intenção de ampliar o universo cultural e letrado dos
alunos, que proporcionem o desenvolvimento das capacidades de falar, escutar, ler
e escrever de acordo com os diferentes usos dos contextos.
A construção do conhecimento está ligada ao aspecto social e cultural que
estimula vários processos internos do sujeito que não são avaliados pelo professor.
Vygotsky (1896-1934) Acredita que nesse processo o sujeito não é apenas ativo,
mas interativo, pois forma conhecimentos e constitui-se a partir de relações
intrapessoais e interpessoais.
Segundo Vygotsky (1998, p. 115, apud MINDELO; GONZALEZ, p. 915):
Então, o texto deve ter um significado para fazer sentido à criança, em outras
palavras, Paulo Freire queria dizer que a leitura precisa ser interessante e atrair o
aluno, com o intuito de alcançar o objetivo do projeto. Por isso, o trabalho com textos
necessita focar esse sentido para assim ter significado.
É indubitável que a Escola aproxime os alunos dos diferentes textos,
fornecendo possibilidades de prática intensa de leitura, pois ler ajuda a expressar-se
oralmente e escrever adequadamente, valorizando a utilização da leitura e escrita
existentes no cotidiano dos mesmos, bem como no ensino de devidos conteúdos
que precisam ser trabalhados.
Dessarte, a leitura e escrita juntas garantirão conquistas compensatórias, a de
não apenas ler e registrar de forma automática ou memorizada e livres palavras
numa escrita alfabética, mas o de poder ler, compreender e produzir os textos que
compartilhamos socialmente como cidadãos, adquirindo, contudo, familiaridade com
a escrita e apropriação das diferentes práticas sociais em que os textos circulam.
2 .1 AS CRIANÇAS E A ESCRITA
A criança tem acesso a escrita desde os seus primeiros anos de vida, ao ouvir
seus pais contando uma história ou cantando para ninar, como também escrevendo
um bilhete, lendo um livro, entre outas coisas. Elas começam a identificar o uso
social da escrita e produz textos oralmente com esses conhecimentos linguísticos,
embora não seja da forma convencional.
Para Antunes (2008, p. 11)
Muito antes de ingressar na escola, algumas crianças, já têm um
contato precoce com letras, números e formas geométricas básicas,
seja através do convívio com material de leitura dos adultos, dos
passeios que faz com familiares, ou pelos meios de comunicação,
como televisão e a informática. Esses estímulos são significativos,
pois muitas delas manifestam, em seus rabiscos, imitações que
sugerem letras e, se indagadas, conseguem nomear e esboçar
situações ligadas às suas vivências. No entanto, independente
dessas experiências, ressalta-se a missão da escola, como
formadora de leitores, intransferível no desenvolvimento de
habilidades que levam à leitura e à escrita.
A formação do leitor começa nas primeiras leituras que o bebê vai fazendo do
mundo e construindo do rosto materno. Assim, à medida que começam a crescer,
sentem a necessidade de interagir com o mundo que a cerca e através de uma certa
maturidade e do diálogo com os seus pais que o desenvolvimento da linguagem
acontece.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, RCNEI:
existem alguns conceitos de como se entender o desenvolvimento de
uma criança, que são relacionados á maturação, desenvolvimento e
aprendizagem. Quando falamos de maturação queremos dizer a
respeito do crescimento físico do indivíduo. Quanto ao
desenvolvimento referimo-nos as funções humanas como linguagem,
raciocínio, memória, atenção e estima. As crianças, na medida em
que vão crescendo, têm a necessidade de entrar em contato com o
mundo que a rodeia já que, durante o desenvolvimento da
aprendizagem, incorporamos novos conhecimentos. (BRASIL, 2002,
apud GARCIA, 2012).
Deste modo, no momento em que a criança faz um som que se parece com
um som da fala dos pais, estes demonstram carinho, alegria, fazem gestos de
aprovação, entre outras coisas. Logo, o meio vai selecionando o repertório de sons
iniciais pronunciados pela criança e, a esses sons é atribuído um significado, para
que se transformem em palavras.
De modo consequente, é inevitável não resgatar conceitos da criança,
infância e educação das mesmas, que se inicia nos primeiros dias de vida, para
tentar explicar as concepções metodológicas da linguagem escrita. Se faz preciso
portanto, avaliar como as crianças se relacionam com os processos de domínio da
escrita.
Através dos estudos contemporâneos, ao decorrer do século XX começou-se
a repensar na maneira das crianças pensarem, buscando ter um novo olhar sob o
seu aprendizado. Essa nova forma de perceber as crianças, traz a noção de
competência específica de uma nova posição da criança interpretar e ler o mundo,
modificando-os.
“Este paradigma da competência faz das crianças agentes sociais plenos,
cujo agir modifica as estruturas sociais em que se encontram, dando-lhes outros
sentidos” (CASTRO, 2013, p. 18, apud BRASIL, 2006, p. 15). Dessa maneira,
identificar as crianças pelas lentes da competência, é o mesmo que proporcionar
não apenas uma formação da sua própria infância, como também construção da
sociedade.
Considerados sujeitos sócio historicamente, por possuírem trajetos culturais
do seu grupo familiar, da religião, gênero e etnia, entre outros. Cada criança
constitui-se suas produções singulares, inovadoras e significantes, pois podem
apresentar diferentes processos tanto individuais, quanto externos culturais.
Sendo assim, no mundo contemporâneo as crianças são apresentadas a
diversas formas de textos e imagens, muitas vezes ligados a fala, tal qual desenhos
animados, animes, filmes, música, movimentos e narrativas. Esta participação
atuante das mesmas, desperta levantamentos de hipóteses, tentativas de ensaios,
erros, análises, como também contribuí na experiência e construção de concepções
com o mundo dos símbolos.
Assim sendo, é fundamental haver um olhar atento nos primeiros três anos de
vida da criança, estimulando no processo precoce da linguagem de maneira
interventoria e apropriada, para servir de auxílio na prevenção de distúrbios de
aprendizagem, dislexia e problemas de desenvolvimento.
Das múltiplas variáveis do complexo progresso humano, encontra-se a
dislexia, considerada como uma dificuldade peculiar da linguagem, no qual se revela
na língua escrita. De acordo, com Shimer, Fontou e Nunes (2004, p. 9):
Ela vai emergir nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e
da escrita, mas já se encontrava subjacente a este processo. É uma
dificuldade especifica nos processamentos da linguagem para
reconhecer, reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as
formas das letras, organizando-os corretamente.
(apud ALGERI, 2014, p.). Assim, essa conduta do professor possibilita que o
educando tenha concentração e evite desperdícios de força intelectual.
No entanto, sabe-se que alguns alunos necessitam de metodologias mais
especializadas, tempo diferenciado e um olhar mais atento. Procurando as diretrizes
teóricas para a compreensão destas dificuldades, dando ênfase especialmente na
escrita,
Embora o tema “dificuldades de aprendizagem” seja discursões de teóricos e
estudiosos há muito tempo, algumas vezes se caracteriza como um estereótipo,
pondo a criança num lugar de "não saber", ou mesmo não possuir capacidade de
executar as atividades que lhes são atribuídas pelo professor na Escola, como
também fora do contexto escolar.
É importante lembrar que antes das “dificuldades de aprendizagem” existe
uma criança capaz de aprender do seu modo e no seu tempo, com habilidades
diferentes das incomuns. Logo, o ensino da leitura e da escrita como sendo
essencial, não deve fazer com que sua aprendizagem seja um fardo pesado para a
criança.
Em conformidade com Ferreiro (2000, p. 30):
No caso da aprendizagem da língua oral, os adultos que rodeiam a
criança manifestam entusiasmos quando ela faz suas primeiras
tentativas para comunica-se oralmente. Ninguém espera que, desde
a primeira palavra emitida, a pronuncia seja correta. (...) Todos
tentam compreender o que a criança disse supondo que quis dizer
algo, e dão feedback linguístico ao responder as perguntas
parafraseando, quando necessário (...)
Por outro lado, a escritora afirma que em relação a língua escrita a conduta
do corpo escolar é totalmente o oposto, tendo em vista que quando a criança exerce
as primeiras tentativas de escrita é desqualificada, pois “não sabe escrever, faz
garatujas”. Deste modo a escolar não busca compreender o que a criança tentou
expressar, uma vez que desde muito pequenas o traçado deve ser certo, sem haver
erros na ortografia, negando-lhe o direito de achegar-se a escrita de uma maneira
diferente do convencional.
Dessarte, receosos em se expor, os alunos com dificuldades na escrita,
quando estão diante daqueles que nunca possuíram dificuldades, acabam optando
por não escrever, carecendo de mais um apoio por parte de pais e educadores para
se sentirem motivados a desenvolverem suas produções.
Uma das várias causas de evasão escolar e da prática delinquente por
adolescentes é o fracasso acadêmico. Devido à baixa autoestima, resultante de
experiências negativas, crianças e adolescentes apresentam comportamentos
antissociais. É provável ressaltar que de igual forma o fracasso social, causa baixo
desempenho escolar ou comportamento insociável, interferem no aprendizado.
A rejeição contribui para o envolvimento em grupo da rua, pois estes
carecem de encontrar valorização em outros meios e o desligamento da escola por
vontade própria, ou correspondente à expulsão. Este grupo é formado por sujeitos
com trajetórias parecidas, com estas atitudes os indivíduos vão em busca de
melhorar a autoestima, rebaixada pela família e pela instituição escolar.
O fracasso escolar também tem relação com o fruto de uma sociedade,
cujos valores sociais são determinados pelo capital e pelo sucesso social.
Segundo Cordié (1996, p. 17, apud DE FARIAS, 2007, p. ):
(...) não é somente a exigência que causa seus distúrbios, como se
pensa frequentemente, mas um sujeito que expressa seu mal-estar
na linguagem de uma época em que o poder do dinheiro e o sucesso
social são valores predominantes. A pressão social serve de agente
de cristalização para um distúrbio que se inscreve de forma singular
na história de cada um.
Á vista disso, a ausência na prática educativa, das vozes rejeitadas por tanto
tempo, isto é, as ditas “minorias”, não desenvolveram nada ao longo dos anos na
escola. A autora diz ainda, que o fracasso pode ser uma maneira do sujeito
expressar seu mal-estar, frente as imposições da sociedade.
Na visão de Fernández (2001) alguns aspectos familiares se caracterizam
como terreno fértil para a formação de sintomas na aprendizagem, já que a família
também é responsável pela aquisição da criança, uma vez que os pais dão os
primeiros ensinamentos e os próprios definem algumas características de
aprendizagem dos seus filhos. Ainda, de acordo com Fernández:
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ARAÚJO, Bruna; FLORES, Maria; COSTA, Ângela. Leitura e escrita nos anos
iniciais. II Simpósio Nacional de Letras e Linguísticas. Disponívem em:
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/520/o/10.pdf. Acesso em: 19. Fev. 2021.
BRAGA, Simone; SCOZ, Beatriz; MUNHOZ, Maria. Problemas de aprendizagem e
suas relações com a família. Revista Psicopedagogia. São Paulo, 2007. Disponivel
em: http://pepsic.bvsalud.org/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article
%5Edpsicoped&index=AU&format=iso.pft&lang=p&limit=0103-8486 . Acesso em: 20.
Fev. 2021.
SMOLKA, Ana Luiza. B. A criança na fase inicial da escrita. 11. Ed. São Paulo:
Cortez, Campinas: Editora da UNICAP, 2003;
MINAYO, Maria Cecilia de Souza. et al. (Org.) Pesquisas social: teoria, método e
criatividade. In: . Características da pesquisa. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2010.