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Com espaço para novo


auxílio, PEC Emergencial
é aprovada e vai à
Câmara
Rodrigo Baptista | 04/03/2021, 14h00

O relator, Marcio Bit t ar (Esq.), defende a PEC em sessão


presidida por Rodrigo Pacheco (Mesa)
Waldemir Barreto/Agência Senado

O Plenário do Senado concluiu nest a quint a-feira (4) a vot ação


da PEC Emergencial (PEC 186/2019), que permit e ao governo
federal pagar o auxílio emergencial em 2021 por fora do t eto de
gastos do Orçamento e do limit e de endividamento do governo
federal. Aprovada em segundo t urno, a propost a segue para a
Câmara dos Deput ados. O valor, a duração e a abrangência do
novo auxílio ainda serão definidos pelo Execut ivo. 

Foram 62 votos a favor do t exto-base no segundo t urno,


mesmo número de votos da primeira et apa de vot ação. O t exto
passou pelo primeiro t urno nest a quart a-feira (3). A aprovação
da PEC foi possível após acordo ent re governo e oposição para
a quebra de int erst ício (prazo). Sem o acordo, o segundo t urno
ficaria para a próxima semana.

A PEC permit e que o auxílio emergencial seja financiado com


créditos ext raordinários, que não são limit ados pelo t eto de
gastos. As despesas com o programa não serão
cont abilizadas para a met a de result ado fiscal primário e
t ambém não serão afet adas pela chamada regra de ouro —
mecanismo que proíbe o governo de fazer dívidas para pagar
despesas corrent es, de cust eio da máquina pública. 

O programa ficará limit ado a um custo tot al de R$ 44 bilhões.


Durant e a vot ação, senadores rejeit aram dest aque do PT que
pedia a supressão do limit e. Foram 55 votos cont ra o dest aque.
Eram necessários 49 votos. 

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) afirmou que a supressão


seria "dar um cheque em branco" para o governo no ext ra-t eto.
Líder da minoria, Jean Paul Prat es (PT-RN) disse que a int enção
era garant ir espaço para um benefício de R$ 600 reais. Pelos
cálculos do senador, o limit e de R$ 44 bilhões só permit irá um
auxílio de R$ 150.
— Bast a pegar o valor tot al e dividir pelo número de
beneficiados cadast rados hoje. Dá R$ 150 reais. Queremos
t irar. Se é cheque em branco, não vamos sair com alcunha de
quem colocou limit e no auxílio-emergencial — disse Jean Paul. 

Com o limit e, o governo quer apenas uma desculpa para não


pagar um auxílio de R$ 600, apontou a senadora Leila Barros
(PSB-DF).

— O cheque em branco é para o governo fazer a part e dele. No


ano passado, o governo queria dar R$ 200, mas foi o Congresso
que aprovou R$ 600 — disse. 

Segundo governist as, não há espaço fiscal para repet ir o valor. 

— É claro que gost aríamos de colocar no auxílio emergencial R$


600 por seis meses. At é recuperarmos t udo o que perdemos
vai muito t empo ainda, mas precisamos t er responsabilidade e
saber de onde vai sair esse dinheiro. Não adiant a, não exist e
milagre, não exist e mist ério: dois e dois são quat ro —
argumentou a senadora Soraya T hronicke (PSL-MS).

Valor
A primeira versão do auxílio ult rapassou os R$ 300 bilhões de
custo tot al, t endo chegado a cerca de 68 milhões de pessoas,
em duas rodadas: na primeira, que durou cinco meses, foram
parcelas de R$ 600 por pessoa; na segunda, chamada de
"auxílio residual", foram parcelas de R$ 300 durant e quat ro
meses, e com um público-alvo menor. O novo mont ant e
represent a menos do que o auxílio residual, que custou cerca
de R$ 64 bilhões.

Caso a PEC seja aprovada na Câmara, o governo ainda t erá que


edit ar uma medida provisória (MP) est abelecendo as novas
regras do benefício. O governo t em falado em quat ro parcelas
de R$ 250, valor crit icado por senadores de oposição, que
defendem benefício de R$ 600, como ocorreu no início da
pandemia. 

A redação final da PEC é result ado do t rabalho do relator Marcio


Bit t ar (MDB-AC), que apresentou o subst it ut ivo aprovado. O
líder do governo Fernando Bezerra (MDB-PE) elogiou a nova
versão do t exto.

— O relator acertou a mão, recebeu a propost a do governo e


aqui, ouvindo os part idos, ouvindo os senadores, equilibrou a
propost a, mas, ainda assim, ela se tornou uma propost a
robust a, equilibrada, fort e o suficient e para dar o recado à
sociedade brasileira de que nós vamos agir com
responsabilidade — disse Bezerra. 

Contrapartida fiscal
Em cont rapart ida, a propost a impõe medidas de cont enção
fiscal para compensar o aumento de despesas. A principal
delas são disposit ivos a serem acionados quando os gastos do
poder público at ingirem um det erminado pat amar. Esses
"gat ilhos" passam a ser permanent es e válidos para todas as
sit uações de est ado de calamidade pública decret adas
oficialment e, e não rest ritos à pandemia de covid-19. 

Durant e a vot ação da propost a, a oposição fez uma série de


t ent at ivas de ret irar do t exto as cont rapart idas fiscais
propost as pelo governo por meio de dest aques, todos
rejeit ados. A derrot a dessa est rat égia levou senadores da
oposição a vot arem cont ra a PEC, mesmo sendo a favor do
auxílio emergencial viabilizado por essa propost a.

Na esfera federal, todas as vezes em que a relação ent re as


despesas obrigatórias sujeit as ao t eto de gastos e as
despesas tot ais superar 95%, os Poderes Execut ivo,
Legislat ivo e Judiciário e o Minist ério Público deverão vedar
aumento de salário para o funcionalismo, realização de
concursos públicos, criação de cargos e despesas
obrigatórias, concessão de benefícios e incent ivos t ribut ários
e lançamento de linhas de financiamento ou renegociação de
dívidas.

Os est ados e municípios est ão sujeitos à mesma regra dos


95%, porém apenas de forma facult at iva. No caso desses
ent es da federação, t ambém será possível acionar as medidas
de cont enção de gastos quando a relação ent re as despesas
corrent es e as receit as corrent es (impostos e cont ribuições)
at ingir 85%. Nesse caso, a implement ação dependerá apenas
de atos do Execut ivo, com vigência imediat a.

A PEC t ambém t raz a previsão de diminuir incent ivos e


benefícios t ribut ários exist ent es. Segundo o t exto, o
president e da República deverá apresent ar, em at é seis meses
após a promulgação da emenda const it ucional, um plano de
redução gradual desse t ipo de benefício. São feit as exceções a
programas como o Simples, o subsídio à Zona Franca de
Manaus e a produtos da cest a básica e o financiamento
est udant il para alunos do ensino superior.

Segundo o t exto, será permit ido o uso do superavit financeiro


de fundos públicos para amort izar a dívida pública de União,
est ados e municípios. Se não houver dívida a ser paga, o
recurso poderá ser aplicado livrement e.

Calamidade pública
A part ir da promulgação da PEC Emergencial, a Const it uição
passará a cont ar com um regime orçament ário excepcional
para sit uações de calamidade pública — como é o caso da
pandemia. Segundo o t exto, durant e a vigência do est ado de
calamidade, a União deve adot ar regras ext raordinárias de
polít ica fiscal e financeira e de cont rat ações para at ender às
necessidades do país, mas soment e quando a urgência for
incompat ível com o regime regular.

As proposições legislat ivas e os atos do Execut ivo com


propósito exclusivo de enfrent ar a calamidade e suas
consequências sociais e econômicas ficam dispensados de
observar várias limit ações legais, desde que não impliquem
despesa obrigatória de carát er cont inuado. Ent re as regras que
ficam suspensas est á a proibição de concessão ou ampliação
de benefício t ribut ário que gere renúncia de receit a. Também
est ão suspensos os limit es e condições para cont rat ação de
operações de crédito. O regime ext raordinário t ambém
permit irá a adoção de cont rat ação simplificada de pessoal, em
carát er t emporário e emergencial, e de obras, serviços e
compras.

O superavit financeiro apurado em 31 de dezembro do ano


ant erior poderá ser dest inado à cobert ura de despesas com
medidas de combat e à calamidade pública, além do
pagamento da dívida pública. Durant e a vigência da calamidade
pública, ficará t ambém suspensa a proibição de que pessoas
jurídicas em débito com o sist ema de seguridade social
assinem cont ratos com o poder público.

A PEC prevê, ainda, que uma lei complement ar poderá definir


out ras suspensões, dispensas e afast amentos aplicáveis
durant e a vigência da calamidade pública.

A decret ação do est ado de calamidade pública, que vai disparar


o regime ext raordinário, passa a ser uma at ribuição exclusiva
do Congresso Nacional, a part ir de propost a do Execut ivo.

Desvinculação de receitas
A PEC t ambém muda regras para vinculação de receit as,
liberando fat ias do Orçamento que hoje são dest inadas
exclusivament e a cert as áreas. At ualment e, a Const it uição
proíbe a vinculação de receit as t ribut árias, com algumas
exceções. A propost a mexe nessa est rut ura, est endendo a
proibição para todos os t ipos de receit a e expandindo as
exceções.

Uma ressalva que desaparece é a que permit e a vinculação de


receit as para serviços de administ ração t ribut ária — dessa
forma, essa vinculação passa a ser proibida. Por out ro lado,
uma série de fundos federais são incluídos ent re as ressalvas
e poderão mant er receit as orçament árias reservadas para
eles: Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), Fundo
Penit enciário Nacional (Funpen), Fundo Nacional Ant idrogas
(Funad), Fundo Nacional de Desenvolvimento Cient ífico e
Tecnológico (FNDCT ), Fundo de Defesa da Economia Cafeeira
(Funcafé) e Fundo para Aparelhamento e Operacionalização
das At ividades-Fim da Polícia Federal.

Receit as de int eresse da defesa nacional e as dest inadas à


at uação das Forças Armadas t ambém não t erão recursos
desvinculados.

Educação e saúde
Originalment e, a PEC Emergencial previa out ras medidas
imediat as de redução de despesas para compensar o
pagamento do ajust e emergencial, como o fim da vinculação
orçament ária mínima para a educação e a saúde e a redução
salarial de servidores públicos. Esses disposit ivos causaram
polêmica ent re os senadores e foram removidos pelo relator,
senador Marcio Bit t ar (MDB-AC).

At ualment e, a Const it uição obriga a União a aplicar, no mínimo,


18%, e os est ados e municípios, no mínimo, 25%, da receit a
result ant e de impostos na manut enção e no desenvolvimento
do ensino. À saúde, a União deve dest inar 15% da sua receit a
corrent e líquida, enquanto est ados e Dist rito Federal, 12% da
arrecadação de impostos, e municípios, 15%, t ambém da
arrecadação de impostos. Bit t ar afirmou ser favorável ao fim
desses pisos, mas reconheceu que o debat e não est á
“amadurecido” nest e momento.

Out ro it em ret irado do t exto da PEC seria o fim dos repasses


do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT ) para o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Hoje, um mínimo de 28% da arrecadação do PIS/Pasep, que
abast ece o FAT, vai para o financiamento de programas do
BNDES.

Outros pontos da PEC


- Inclui os gastos com pessoal inat ivo e pensionist as no t eto
de despesa dos Legislat ivos municipais. At ualment e, esse t eto
inclui os subsídios dos vereadores, mas exclui gastos com
inat ivos. A despesa não pode ult rapassar o somatório da
receit a t ribut ária e das t ransferências const it ucionais.

- Inclui os pensionist as ent re as despesas com pessoal que


não podem exceder os limit es est abelecidos em lei
complement ar. At ualment e, a Const it uição prevê apenas que a
despesa com pessoal at ivo e inat ivo da União, dos est ados, do
DF e dos municípios não pode ult rapassar esse limit e, sem
mencionar os pensionist as.

- Inclui no art igo const it ucional que t rat a da administ ração


pública a det erminação de que órgãos e ent idades façam,
individual ou conjunt ament e, uma avaliação das polít icas
públicas e divulguem os result ados.

- Veda a t ransferência a fundos de recursos oriundos dos


repasses feitos aos Poderes Legislat ivo e Judiciário, ao
Minist ério Público e à Defensoria Pública, os chamados
repasses duodecimais. Se houver sobra de recursos, ela deve
ser rest it uída ao caixa único do Tesouro do ent e federat ivo ou
será deduzida das próximas parcelas de repasse.

- Inclui na lei a previsão de uma lei complement ar para


regulament ar a sust ent abilidade da dívida pública. Essa lei
deverá especificar indicadores de apuração; níveis de
compat ibilidade dos result ados fiscais com a t rajetória da
dívida; t rajetória de convergência do mont ant e da dívida com
os limit es definidos em legislação; medidas de ajust e,
suspensões e vedações; e planejamento de alienação de
at ivos com vist as à redução do mont ant e da dívida. A lei poderá
autorizar ações de ajust e fiscal em caso de crise nas cont as
públicas. União, est ados, Dist rito Federal e municípios t ambém
deverão conduzir suas polít icas fiscais de forma a mant er a
dívida pública em níveis que assegurem sua sust ent abilidade,
conforme a ser est abelecido pela lei complement ar.

- Modifica o t exto const it ucional que t rat a da Lei de Diret rizes


Orçament árias (LDO) para det erminar que cabe a ela
est abelecer as diret rizes de polít ica fiscal e respect ivas
met as, em consonância com t rajetória sust ent ável da dívida
pública. Inclui um parágrafo para det erminar que as leis de que
t rat a o art igo 165 da Const it uição (Plano Plurinual, LDO e Lei
Orçament ária Anual) devem observar os result ados do
monitoramento e da avaliação das polít icas públicas.

- Est ende de 2024 para 2029 o prazo para que est ados e
municípios paguem seus precatórios.

Essa PEC permit e que o auxílio emergencial seja financiado


com créditos ext raordinários, que não são limit ados pelo t eto
de gastos. As despesas com o programa não serão
cont abilizadas para a met a de result ado fiscal primário e
t ambém não serão afet adas pela regra de ouro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência


Senado)

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