Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ambiente Aquático
Material Teórico
Impacto Ambiental
Revisão Textual:
Profa. Dra. Silvia Albert
Impacto Ambiental
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o que é um impacto, aspectos e processos ambientais
e as diversas formas de como avaliar estes impactos. Por fim, é
apresentada uma breve introdução sobre Serviços Ecossistêmicos.
Esse complemento à disciplina, tem o objetivo de atualizar o aluno
sobre uma nova abordagem nas discussões e avaliações sobre
impactos em ecossistemas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Impacto Ambiental
Contextualização
Como visto nas unidades anteriores dessa disciplina, o ambiente é dinâmico.
Fluxos de energia e matéria, teias de relações intra e interespecíficas são algumas
das facetas dos processos naturais que ocorrem em qualquer ecossistema, natural,
alterado ou degradado. Uma das maneiras de se estudar os impactos ambientais é
entender como as ações humanas afetam os processos naturais.
Explor
8
Conceitos e Definições de Impactos
Muitas são as definições de impacto ambiental encontradas na literatura e nas
legislações ambientais de cada país, quase todas elas, largamente, concordantes
quanto a seus elementos básicos como:
• O efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem (WESTMAN, 1985);
• A mudança em um parâmetro ambiental, em um determinado período e em uma
determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação
que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada (WATHERN, 1988);
• Qualquer alteração no meio ambiente, em um ou mais de seus componentes
provocada por ação humana (MOREIRA, 1992);
• Conjunto das alterações favoráveis e desfavoráveis produzidas em parâmetros
ambientais e sociais, em determinado tempo e em determinada área, resultantes
da realização de um projeto, comparadas com a situação que ocorreria, nesse
período de tempo e nessa área, se esse projeto não viesse a ter lugar (legislação
Portuguesa);
• No Brasil, a definição legal é do CONAMA nº 01/1986, art. 1º: Qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas, que direta ou indiretamente afetem:
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. as atividades sociais e econômicas;
III. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
IV. a qualidade dos recursos ambientais.
9
9
UNIDADE Impacto Ambiental
O autor ainda descreve em seu livro que impacto ambiental pode ser causado
por uma ação humana que implique:
1. Supressão de certos elementos do ambiente, a exemplo de:
»» supressão de componentes do ecossistema, como a vegetação;
»» destruição completa de habitats (por exemplo, aterramento de um mangue);
»» destruição de componentes físicos da paisagem (por exemplo, escavações);
»» supressão de elementos significativos do ambiente construído;
»» supressão de referências físicas à memória (por exemplo, locais sagrados);
»» supressão de elementos ou componentes valorizados do ambiente (por
exemplo, cavernas, paisagens notáveis).
2. Inserção de certos elementos no ambiente, a exemplo de:
»» introdução de uma vvespécie exótica;
»» introdução de componentes construídos (por exemplo, barragens, rodovias
e edifícios).
3. Sobrecarga (introdução de fatores de estresse, além da capacidade de
suporte do meio, gerando desequilíbrio), a exemplo de:
»» qualquer poluente;
»» introdução de uma espécie exótica;
»» redução do habitat ou da disponibilidade de recursos para uma dada espécie;
»» aumento da demanda por bens e serviços públicos.
10
Assim, de acordo com essas considerações, o conceito de impacto ambiental
proposto no livro do Luis Enrique Sánchez: Avaliação de Impacto Ambiental –
Conceitos e métodos (literatura básica dessa unidade) define impacto ambiental
como uma “alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de
processos naturais ou sociais provocadas por ação humana” (SÁNCHEZ,
2008). Tal definição, ao trabalhar sob a ótica dos processos ambientais, tenta
refletir o caráter dinâmico do ambiente.
Aspecto Ambiental
Aspecto ambiental pode ser entendido como o mecanismo através do qual
uma ação humana causa um impacto ambiental (SÁNCHEZ, 2008). Tal
definição requer explicação e exemplificação. Situações tipicamente descritas
como aspectos ambientais são a emissão de poluentes e a geração de resíduos.
Produzir efluentes líquidos, poluentes atmosféricos, resíduos sólidos, ruídos ou
vibrações não é o objetivo das atividades humanas, mas esses aspectos estão,
indissociavelmente, ligados aos processos produtivos. São assim, elementos, ou
partes dessas atividades ou produtos ou serviços. Aqueles elementos que podem
interagir com o ambiente são chamados de aspectos ambientais. Outros aspectos
11
11
UNIDADE Impacto Ambiental
Evidentemente, conforme observado, uma mesma ação pode levar a vários as-
pectos ambientais e, por conseguinte, causar diversos impactos ambientais. Da
mesma forma, um determinado impacto ambiental pode ter várias causas.
Processos Ambientais
O ambiente é dinâmico. Fluxos de energia e matéria, teias de relações intra e
interespecíficas são alguns dos processos naturais que ocorrem em qualquer ecos-
sistema, natural, alterado ou degradado (conforme já estudamos nas unidades an-
teriores desta disciplina). Uma das maneiras de se estudar os impactos ambientais
é entender como as ações humanas afetam estes processos naturais.
12
desprovido de sua proteção vegetal natural à ação da chuva e do vento,
aumentando as taxas de erosão. Portanto, não é correto afirmar que a
construção de uma estrada, a abertura de uma mina, ou a derrubada de
uma floresta causam erosão, haja vista que processos erosivos já atuavam
antes. O que essas ações fazem é intensificar a erosão, acelerando um
processo natural (Figura 1).
Esse exemplo ilustra que ações como remoção da vegetação nativa também
afetam outros processos, além do processo erosivo. A infiltração de água no solo
é mais um dos processos modificados pela retirada de vegetação. Nesse caso, o
processo é retardado, ou seja, ao invés de se infiltrar e alimentar os reservatórios
subterrâneos, uma proporção maior da água de chuva escoa superficialmente,
aumentando o volume de água nos rios. Estudos realizados na Amazônia pelos
autores Barbosa e Fearnside (2000) mostraram que o escoamento superficial
aumentou quase três vezes em Roraima, onde a floresta foi substituída por
pastagem, e até 30 vezes em Rondônia, em situação similar. Neste último caso, sob
cobertura vegetal, apenas 2,2% da chuva escoava superficialmente, mas, em áreas
de pasto, o escoamento subiu para 49,8%. Além de acelerar a erosão, o aumento
13
13
UNIDADE Impacto Ambiental
Fornasari Filho et al. (1992) apresentam uma lista de processos do meio físico
que usualmente são alterados por atividades humanas (Quadro 2), a seguir.
14
• Procedimento para encorajar as pessoas encarregadas da tomada de decisões
a levar em conta os possíveis efeitos de investimentos em projetos de desenvol-
vimento sobre a qualidade ambiental e a produtividade dos recursos naturais e
um instrumento para a coleta e a organização dos dados que os planejadores
necessitam para fazer com que os projetos de desenvolvimento sejam mais
sustentáveis e ambientalmente menos agressivos (HORBERRY, 1984);
• Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos,
capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou
política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de
forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por
eles sejam considerados (MOREIRA, 1992);
• A apreciação oficial dos prováveis efeitos ambientais de uma política, programa
ou projeto; alternativas à proposta; e medidas a serem adotadas para proteger
o ambiente (GILPIN, 1995);
• Um processo sistemático que examina antecipadamente as consequências
ambientais de ações humanas (GLASSON;THERIVEL;CHADWICK, 1999);
• O processo de identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos relevantes de
ordem biofísica, social ou outros de projetos ou atividades antes que decisões
importantes sejam tomadas (IAIA, 1999).
De acordo com Sánchez (2008), AIA será sempre referida como esse exercício
prospectivo, antecipatório, prévio e preventivo. O outro significado será entendido
como a atividade de avaliação do dano ambiental. Uma preocupa-se com o futuro,
outra, com o passado e o presente. Ambas têm um procedimento comum, que é a
comparação entre duas situações: na avaliação do dano ambiental, busca-se fazer a
comparação entre a situação atual do ambiente e aquela que se supõe ter existido
15
15
UNIDADE Impacto Ambiental
16
Serviços ecossistêmicos (SE)
De acordo com o relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2005),
os serviços ecossistêmicos seriam os benefícios provindos dos ecossistemas.
Esta avaliação busca analisar o impacto das alterações dos ecossistemas sobre o
bem-estar humano, ressaltando que os ecossistemas vêm sendo modificados não
apenas em sua estrutura e sistemas (tais como habitats), mas também as funções
e processos. Por fim, neste relatório (MEA, op. cit.) é realizada a classificação dos
serviços ecossistêmicos em:
• Serviços de provisão: são os produtos obtidos diretamente dos ecossistemas
para a utilização humana. Como por exemplo, a obtenção de comida, água,
madeira combustíveis, etc.
• Serviços de regulação: são os benefícios humanos obtidos pelos processos
de regulação dos processos ecossistêmicos, como a regulação climática,
purificação da água, etc.
• Serviços culturais: são os benefícios não materiais obtidos dos ecossistemas
que proporcionam um enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo,
reflexão, recreação e experiências estéticas.
• Serviços de suporte: esta categoria engloba todos os serviços necessários para
a produção de todos os outros serviços ecossistêmicos (provisão, regulação e
culturais, conforme exemplos apresentados na Figura 2).
SUPORTE
Formação de solos
Produção primária
Ciclagem de nutrientes
17
17
UNIDADE Impacto Ambiental
Quadro 3. Principais funções e serviços ecossistêmicos que são fornecidos por estuários e manguezais, descritos
em Barcellini (2016), organizados de acordo com a classificação proposta por De Groot et al. (2002).
Função Serviços
Regulação atmosférica1 6 Influência no clima
Transporte
Regulação hídrica 13
Drenagem e irrigação natural
Abastecimento de água (recarga do aquífero)
Manutenção da produtividade primária
Manutenção da biodiversidade
Regulação Regulação de nutrientes 1 4 5
Filtração
Absorção e imobilização de elementos químicos
Prevenção de distúrbios 1 3 Prevenção contra inundações e tempestades
Proteção da linha de costa contra erosão e
Formação e Retenção de solo e sedimento assoreamento
13
18
O Quadro 3, apresentado, nos faz refletir sobre quantas funções e serviços ecos-
sistêmicos, de diversos ambientes (aquáticos e terrestres) em todo o planeta, o
homem pode influenciar, através de atividades realizadas sem o devido cuidado,
conhecimento e um bom planejamento.
Espera-se que esta disciplina tenha feito você refletir sobre os diferentes am-
bientes aquáticos que existem no mundo, sobre a forma como os diversos compo-
nentes de um ecossistema se relacionam, sejam por relações tróficas, ciclagens de
nutrientes e diversos outros processos que, conforme vimos, podem ser alterados,
prejudicados e até mesmo degradados, se não houver uma boa capacidade de ges-
tão dos envolvidos.
O profissional que lida com o meio ambiente, tem que estar ciente de todas
as relações que suas atividades podem impactar, para assim realizar um bom
diagnóstico e um bom planejamento de suas atividades.
19
19
UNIDADE Impacto Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
https://youtu.be/vth0uslLexw
Serviços Ecossistêmicos
https://youtu.be/xqAKdKUCCa0
Serviços Ambientais
https://youtu.be/bVnp1c_M62M
Serviços ecossistêmicos marinhos - Alexander Turra
https://youtu.be/tITs_yJHoOc
Leitura
A typology for the classification, description and valuation of ecosystem functions, goods and services
DE GROOT, R.; WILSON, M.A.; BOUMANS, ROELOF M.J. 2002. A typology for
the classification, description and valuation of ecosystem functions, goods and services.
Ecological Economics 41: 393-408. 2002.
https://goo.gl/hRWhNa
Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2005) – Original (inglês):
https://goo.gl/hpfmEE
Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2005) – versão português:
https://goo.gl/M6MggN
20
Referências
ANDRADE, D.C.; ROMEIRO, A.R. Capital natural, serviços ecossistêmicos
e sistema econômico: rumo a uma “Economia dos Ecossistemas”. Texto para
Discussão. IE/UNICAMP, n. 159. ISSN 0103-9466. 2009.
COSTANZA, R.; D’ARGE, R.; DE GROOT, R.; FARBER, S.; GRASSO, M.;
HANNON, B.; LIMBURG, K.; NAEEM, S.; O’NEILL, R.V.; PARUELO, J.;
RASKIN, R.G.; SUTTON, P.; VAN DEN BELT, M. The value of the world’s
ecosystem services and natural capital. Nature, v. 387, p. 253–260. 1997.
GERGEL, S.E.; TURNER, M.G.; MILLER, J.R.; MELACK, J.M.; STANLEY, E.H.
Landscape indicators of human impacts to riverine systems. Aquat. Sci 64:
118-128. 2002.
21
21
UNIDADE Impacto Ambiental
22