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DIREITOS HUMANOS E MEIO AMBIENTE - Ensino Médio 3º ano

1. Reflexão Inicial

Em 23 de setembro de 2019, a ativista ambiental Greta Thunberg, com 16


anos na ocasião, fez um marcante discurso na Cúpula Climática da ONU. Indignada
pela falta de compreensão e por ter sua infância roubada por “palavras vazias” de
líderes mundiais, a adolescente responsabiliza os adultos por não fazerem o
bastante para proteger o meio ambiente e agora pedem socorro aos jovens da nova
geração para que façam e sejam a mudança. “Como ousam?”, ela disse.
Com sua fala, Greta não está fugindo da responsabilidade de cuidar e
proteger o meio ambiente, mas sim enfatizar que o mundo vem ignorando 30 anos
de evidência científica sobre as mudanças climáticas e nada foi feito para mudar o
quadro. Colocar esse fardo nas costas da geração futura significa não assumir os
erros do passado, se eximir de responsabilidade e não colaborar com a mudança.
Observe a charge a seguir, tente associá-la à Reflexão Inicial e responda:

Legenda: Mafalda. Quino.

● O que a charge retrata em relação ao estado do mundo?


O aluno deve refletir sobre o mundo estar doente. Provavelmente surgirão respostas sobre
poluição, desmatamento, extinção de espécies de animais, vegetais, doenças, etc.

● Além de questões ambientais (aumento da temperatura, elevação dos


oceanos), quais outros fatores também relacionados com meio ambiente
você pode indicar como motivos para o mundo se encontrar nesse estado?
Eles podem citar por exemplo: Utilização em massa de agrotóxicos que aumentam a
poluição de solos e águas; grandes terras sendo devastadas pela agroindústria enquanto
muita gente passa fome e mora na rua; invasão de territórios indígenas

● Esse estado em que o mundo se encontra pode afetar a qualidade de vida


dos seres humanos?
Sim, esperar respostas citando: fome, falta de moradia, doenças oriundas da poluição, a
destruição gradativa da nossa casa comum, a Terra, etc.

2. Direitos Humanos e Meio Ambiente

Em 1948, foi protocolada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o


documento denominado Declaração Universal dos Direitos Humanos, normas
designadas para reconhecer e proteger a dignidade de todos os seres humanos.
Sendo assim, esses direitos regem o modo como os seres humanos vivem
(individualmente e coletivamente), como se relacionam em sociedade, sua relação
com o Estado e as obrigações que o Estado tem em relação a eles.

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Os Estados, então, começaram a considerar a declaração como importante
documento no processo de elaboração de leis, comprometendo-se a cumprí-la.
Estando os direitos humanos firmados em lei, os governos são obrigados a fazer
algumas coisas e impedidos de fazer outras. Contudo, cada cidadão tem suas
responsabilidades, ou seja, para usufruir dos seus direitos humanos, cada um deve
respeitar os direitos dos outros. Assim, nenhum governo, grupo ou indivíduo tem o
direito de fazer qualquer coisa que viole os direitos de outra pessoa. Apesar do meio
ambiente não ser citado na respectiva declaração, a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho
de 1972, elucida à necessidade de critérios e princípios que inspirem e guiem a
preservação e melhoria do meio ambiente humano.
Atualmente, o meio ambiente constitui um dos seis temas transversais dos
direitos humanos, juntamente com dignidade e justiça, desenvolvimento, cultura,
gênero e participação, de acordo com o Escritório do Alto Comissário das Nações
Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR). Tornou-se evidente que degradar o
meio ambiente pode prejudicar os direitos das pessoas, próximas e distantes, a uma
vida segura e saudável. O artigo 225 da Constituição Federal brasileira também cita:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

Legenda: Manifestação da presidência da Comissão


de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados quanto à PEC 215. O projeto retrocede
na demarcação de territórios tradicionais indígenas e
quilombolas e, por isso, é uma ameaça aos direitos
humanos.

Contudo, apesar dos direitos ambientais serem uma pauta importantíssima


no que diz respeito aos direitos do homem, com documentos e organizações que os
ratificam, o fato é que estas normas são de longe pouco efetivadas, pois, ao analisar
as atividades humanas, seja na parte produtiva ou de consumo, o respeito ao meio
ambiente é bastante questionável, como pode-se observar nas imagens a seguir:

Legenda: Descarte irregular de lixo eletrônico. Legenda: Poluição de água e solo pelo uso de
agrotóxicos e fertilizantes agrícolas.

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Legenda: Grandes emissões de gás carbônico Legenda: Desmatamentos e queimadas.
poluindo centros urbanos.
[Professor, aproveite as imagens para discutir sobre as diversas formas que o meio ambiente é
devastado, como e quais diferentes interesses estão por trás da destruição do planeta]

A devastação do meio ambiente agrava cada vez mais as mudanças


climáticas que, por sua vez, resultam em mais violações aos direitos humanos, por
diversas formas. No decorrer dos anos, houve um aumento de óbitos e de pessoas
feridas pela maior frequência e intensidade de inundações, tempestades, ondas de
calor, incêndios e secas. Esses fenômenos podem também causar doenças
respiratórias e gerar surtos ampliados por doenças tropicais transmitidas por
insetos, sendo claros exemplos de violação do direito à vida e à saúde.
Especialistas indicam que as transformações do clima devem afetar os quatro
pilares da segurança alimentar: a disponibilidade, o acesso, a utilização e a
estabilidade, tendo impacto negativo na agricultura e, consequentemente, afetando
o direito à vida e ao alimento, causando fome, desnutrição e desordens de
crescimento e desenvolvimento de crianças. Pesquisas realizadas pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) estimam que as mudanças climáticas já são responsáveis
por 150 mil mortes por ano, desde 1970, por causa de uma maior incidência da já
mencionada desnutrição, da diarreia e da malária.
Considerando que mais de 40% da população mundial se concentra em
zonas litorâneas, o aumento do nível do mar pode ter efeitos catastróficos, com
desabrigados, deslocamentos populacionais dentro e entre fronteiras nacionais,
violando o direito à moradia. O direito à água também pode ser afetado
dramaticamente, a se julgar pela previsão de redução da disponibilidade de águas
superficiais e de aquíferos nas áreas subtropicais mais secas do planeta.
Diante disso, é dever dos cidadãos cuidarem da sua casa comum, o planeta
Terra. Ações como: participar em tomada de decisões em sua cidade, notificar
órgãos competentes diante de uma violação ao meio ambiente, acompanhar os
representantes políticos e sugerir posicionamentos são muito importantes e
decisivas a longo prazo. Para isso, é preciso estar em constante estudo e sempre
atualizados sobre o que está acontecendo no mundo, só assim se poderá caminhar
para um avanço em relação a efetiva garantia dos Direitos Humanos.

Agora, é com você! Escolha uma das problemáticas apresentadas nas


imagens da página 2, faça uma pesquisa e proponha alternativas sobre o tema.
Lixo eletrônico: reciclagem, reaproveitamento de componentes; Poluição água/solo: agricultura
Sintrópica; Poluição do ar: redução das emissões de CO2; Desmatamento/ queimadas: fiscalização
dos órgãos governamentais. Professor: Simule com a turma uma Cúpula da ONU sobre o meio
ambiente, para que os alunos apresentem as suas propostas de mudanças e melhorias. Atenção:
Primeiramente converse com os estudantes, explicando o que é uma Cúpula da ONU.

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