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Recebido em 2 de novembro de 2016 Rev. Econ. NE, Fortaleza, v. 48, n. 2, p. 101-110, abr./jun., 2017
Aprovado em 26 de junho de 2017
101
Thyago Bezerra de Luna, William Gledson e Silva e Luís Abel da Silva Filho
DO 6LOYD )LOKR HW DO H 6LOYD HW DO
1 Introdução YLD GH UHJUD WHQGHP D WRUQDU D DGPLQLV-
$V¿QDQoDVS~EOLFDVVHPG~YLGDUHIHUHPVHD tração dos recursos públicos mais adequada, isto
uma temática crucial na compreensão da chamada é, os gestores de cada ente passam a ter uma lente
HVWDELOLGDGH HFRQ{PLFD GR %UDVLO 1RWDGDPHQWH orientadora com poderes coercitivos, na condição
SHODFRPSUHHQVmRGRTXHRGHVHTXLOtEULR¿VFDOWHP de uma norma fundamental, ao menos na literatura
SURGX]LGRHOHYDQGRDVLQFRQVLVWrQFLDVQD)HGHUD- aqui mencionada, constituindo a possibilidade de
ção; afetando o transito de recursos; a capacidade PHOKRULDV¿VFDLVFDSD]HVGHRIHUWDUVXVWHQWDELOLGD-
discricionária dos entes; e ao relevante impacto no de de longo prazo na participação governamental
combate aos desajustes sociais demandantes da em termos de uma prudente discricionariedade.
oferta adequada de bens públicos, etc. 8PD~OWLPDUHVVDOYDLPSRUWDQWHYLDGHUHJUD
Nesse sentido, trabalhos como os de Silva WUDWDGRFRQWH[WRVLVWrPLFRGDJUDYHFULVHHFRQ{-
)LOKR HW DO 6LOYD )LOKR H 6LOYD H mica que assola o mundo e, consequentemente o
6LOYDHWDOSRUVXDYH]UHDOL]DPHVWXGRV Brasil, a qual se inicia em 2008, repercutindo nos
H[SORUDWyULRVQDSHUVSHFWLYD¿VFDOSDUDHQWLGDGHV HQWHVPXQLFLSDLVÀDJUDQWHPHQWHSRLVDIHWDRVSD-
municipais, mostrando, dentre outros aspectos, a drões de arrecadação e da aplicação dos recursos
ÀDJUDQWH QHFHVVLGDGH HP FRPSHQVDU D UHGX]LGD na forma de gastos, compatibilizando com os pri-
propensão em arrecadar, do ponto de vista médio PHLURVDQRVGHLPSOHPHQWDomRGD/5)DSDUWLUGH
das transferências, na tentativa de tornar as enfa- DSRQWDPHQWRVGH)HUUHLUDH6LOYD
tizadas instâncias governamentais mais robustas $SyV HVVDV H[SOLFLWDo}HV VXPiULDV WRUQDVH
¿QDQFHLUDPHQWH cabível ressaltar que a hipótese deste artigo, a ri-
'H IDWR D )HGHUDomR EUDVLOHLUD FXMR WUDoR gor, refere-se a importância institucional formal
institucional remonta um sistema composto pela GD /5) HP PHOKRUDU DV FRQGLo}HV ¿VFDLV PXQL-
8QLmR(VWDGRVH'LVWULWR)HGHUDOHRV0XQLFtSLRV cipais nordestinas, mais precisamente no que toca
resguarda inúmeros entes caracterizados em seu jVGHVSHVDVGXUDQWHRVDQRVGHDWDQWR
conjunto, em uma verdadeira reunião de unidades para municípios com até 50.000 munícipes, quanto
economicamente diferenciadas. Quer dizer, a ele- jTXHOHV TXH SRVVXDP PDLV GH $VVLP RV
vada quantia de membros do universo federativo testes empíricos e a revisão de literatura devem
do país apontam necessidades de uma presença permitir aferir se é aceitável ou não a suposição
LQVWLWXFLRQDOVREUHRSODQR¿VFDO aqui desenhada.
$VVLP 6LOYD )LOKR H 6LOYD DSUHVHQWDP Com efeito, o objetivo do estudo é analisar as
QD HVWUXWXUD GD )HGHUDomR EUDVLOHLUD D H[LVWrQ- despesas municipais nordestinas, cujo período os
FLDGD&RQVWLWXLomR)HGHUDO&)GHDTXDO DQRVVHOHFLRQDGRVVmRRVGHD2UHFRUWH
permite haver estímulos ao não ajuste nas contas temporal compreende 10 anos após a implementa-
S~EOLFDV SUHYHQGR UHSDVVHV IHGHUDLV jV HVIHUDV ção de toda as medidas cabíveis institucionalmente
subnacionais, reduzida preocupação com a trans- DRDUFDERXoROHJDOGD/5)2SULPHLURUHIHUHVHD
parência nas ações governamentais, diminuta res- LPSOHPHQWDomRGD/5)HGD/HLGHFULHV¿VFDLVTXH
WULomRTXDQWRjFULDomRLPSUXGHQWHGHPXQLFtSLRV só entrou em vigor a partir de outubro do ano 2000
FRQIRUPH*RPHVH0DF'RZHOO e 2011 contempla o décimo ano de implementação
HH[HFXomRGD/5)0HWRGRORJLFDPHQWHRDUWLJR
3DUDFRUULJLUDVGLVWRUo}HVQRWHUUHQRGDV¿QDQ-
pretende utilizar uma revisão de literatura sobre
ças públicas no Brasil, o ano de 2000 traz a im-
¿QDQoDV S~EOLFDV H R DPELHQWH LQVWLWXFLRQDO TXH
SOHPHQWDomRGDFKDPDGD/HLGH5HVSRQVDELOLGDGH
envolve os mencionados entes federativos, além
)LVFDO HP TXH HVVD LQVWLWXLomR SURS}H OLPLWHV DR
de regressões log-log com o objetivo de captar as
HQGLYLGDPHQWRSRUJDVWRVH[FHVVLYRVUHQ~QFLDGH
elasticidades das variáveis em relação as despesas.
receitas pelos tributos não arrecadados e de com-
petência da Instância de governo correspondente, -XVWL¿FDVHDUHDOL]DomRGHVWDSHVTXLVDQDYHU-
transparência pela publicação das medidas efetua- GDGHSHODH[LVWrQFLDGHXPDOLWHUDWXUDGH¿QDQoDV
das via contas de cada ente, etc. públicas e contornos institucionais relevantes ao
cenário teórico. Além disso, é pertinente considerar
(VVH H[SHGLHQWH LQVWLWXFLRQDO DSUHVHQWDGR
XPFRQMXQWRGHPXQLFtSLRVFRPIDL[DVGHKDELWDQ-
QRV HVWXGRV GH$IRQVR HW DO 6DQWROLQ HW
102
Despesas municipais nordestinas: uma análise empírica a partir da lei de responsabilidade fiscal (LRF)
tes até 50.000 e mais de 50.000 munícipes, pois a Antes, porém, faz-se necessário assinalar que a
região Nordeste é compreendida como pouco di- instituição aqui mencionada deve regular um sis-
nâmica economicamente, sendo mais susceptível tema federativo de grandes proporções, o qual se
DR GHVHTXLOtEULR ¿VFDO WHQGHQFLDO YLD JDVWRV PDLV H[SOLFLWDQR%UDVLOHVXDFDUDFWHUtVWLFDWUD]FRQWRU-
UHSUHVHQWDWLYRV H D /5) SRGH VHU XPD LQVWLWXLomR QRVGHVFHQWUDOL]DGRV¿VFDOPHQWHFRPPDLRUHVDX-
coercitiva importante ao ajuste de tais instâncias tonomias federativas por parte dos entes subnacio-
governamentais, especialmente em tempos de crise. QDLVHVWDGRVHPXQLFtSLRVGLDQWHGD8QLmREHP
)LQDOPHQWH R DUWLJR VH HQFRQWUD GLYLGLGR HP como um mais representativo poder decisório das
mais 4 itens além da introdução. A seguir, faz-se a instâncias de menor amplitude, conforme ressal-
H[SRVLomREUHYHGHDOJXQVHOHPHQWRVLPSRUWDQWHV WDP6LOYD)LOKRHWDO)HUUHLUDHWDO
através da revisão de literatura; posteriormente, H6LOYDHWDO
realiza-se a apresentação dos procedimentos me- 7DLVWUDoRVSRUVHXWXUQRH[SOLFLWDPHYHQWXDLV
todológicos; na sequência, a discussão dos princi- repercussões sobre receitas e despesas dos entes
pais resultados alcançados no trabalho, reservando federativos apontados, de maneira que condições
j~OWLPDVHomRjVFRQVLGHUDo}HV¿QDLV ¿VFDLVGHVFHQWUDOL]DGDVFKDQFHODLQVWLWXFLRQDOGD
&)GHSURGX]HPDXPHQWRWHQGHQFLDOQDDU-
2 Notas sobre a repercussão da Lei de UHFDGDomRVXEQDFLRQDOHH[SDQVmRGRVGLVSrQGLRV
Responsabilidade Fiscal no Brasil FXMD FRQVHTXrQFLD SRGH VHU XP GHVDMXVWH QDV ¿-
nanças públicas das instâncias em tela, na leitura
(VWDVHomRSRUVXDYH]UH~QHWUDoRVUHOHYDQ- GH)HUUHLUDH6LOYD
tes ao que se espera no estudo, pois pretende de-
Nesse sentido, o caráter enfatizado, a rigor,
senvolver, sumariamente, alguns apontamentos
tende a produzir eventuais desajustes nas contas
WHyULFRV LQWHUHVVDQWHV j SHVTXLVD FRQVLGHUDQGR
públicas, pois a não restrição em torno de estados
DVSHFWRVFRQFHLWXDLVOLJDGRVjV¿QDQoDVS~EOLFDV
e municípios pode acarretar instabilidades mais
D FRHUomR QRUPDWLYD GD /HL GH 5HVSRQVDELOLGDGH
pronunciadas, sendo pertinente haver prerrogati-
)LVFDOSRUpPWRUQDVHFDEtYHOLQLFLDUDGLVFXVVmR
YDVGHGLVFLSOLQD¿VFDODLQGDPDLVFRQWXQGHQWHVD
com evidências do que venha a ser uma instituição.
H[HPSORGDVGLVFXVV}HVDSUHVHQWDGDVSRU%DUERVD
1RUWK UHYLVDGR WHRULFDPHQWH SRU *DOD )LOKRH*REHWWL
H&DYDOFDQWHDGPLWHTXHXPDLQVWL-
$V D¿UPDo}HV DQWHULRUHV YLD GH UHJUD VLQDOL-
WXLomRVLJQL¿FDDVUHJUDVGRMRJRDVTXDLVRULHQWDP
zam que um ajuste nas contas públicas do país é
e restringem as ações dos jogadores consoantes
importante, sendo plausível anunciar alguns traços
FRPRVGLYHUVRVDJHQWHVHFRQ{PLFRVGHQWUHHVVHV
institucionais compatíveis a tal cenário, em que se
se incluem os entes federativos governamentais,
DGPLWH D LQÀXrQFLD GD /HL GH 5HVSRQVDELOLGDGH
HPSUHVDVFRQVXPLGRUHVHWF(QWUHWDQWRRVDXWR-
)LVFDOQRUPDWL]DomRHVVDSDVVtYHOGHFRQVLGHUDomR
res supracitados anunciam que há possibilidades
neste estudo, tomando como referências os traba-
GDRFRUUrQFLDGHLQVWLWXLo}HVIRUPDLVOHLVHVFULWDV
OKRVGH*LXEHUWL6DQWROLQHWDO6LO-
HDVLQIRUPDLVYDORUHVFXOWXUDHFRVWXPHVGHXPD
YD)LOKRHWDOH6LOYD)LOKRH6LOYD
GDGD VRFLHGDGH GHQWUR GH XPD GLQkPLFD GH WUD-
MHWyULDKLVWRULFDPHQWHGHWHUPLQDGDDH[HPSORGR 'HIDWR)LRUDYDQWHHWDOQDFRQWUDPmR
chamado path dependence. do discurso institucionalista convencional, apre-
sentam o argumento no qual as restrições impos-
As denominadas instituições formais atesta-
WDVTXDQWRDRVJDVWRVH[FHGHPEDVWDQWHRFRQWH[WR
GDV HVSHFLDOPHQWH SRU 1RUWK SURS}HP
UHDOGDV¿QDQoDVS~EOLFDVTXHUGL]HUDLQVWLWXLomR
que normas estabelecidas possam ter o poder de
IRUPDOUHIHUHQWHjVUHJUDVHVFULWDVWRUQDPRFDP-
restringir ações no terreno social, cujo destaque
SR ¿VFDO PDLV H[SDQVLYR ID]HQGR DXPHQWDU WHQ-
GHVWH DUWLJR SHUSDVVD SHOD /5) UHSRXVDQWH VREUH
dencialmente o endividamento dos entes federati-
DV ¿QDQoDV S~EOLFDV EUDVLOHLUDV FRQ¿JXUDQGR HP
vos brasileiros em termos médios.
passos teóricos convergentes ao estudo empírico
aqui desenhado, sendo indispensável tecer breves (QWUHWDQWR /XTXH H 6LOYD *LXEHUWL
FRPHQWiULRVDFHUFDGDGLQkPLFD¿VFDO $IRQVRHWDO6HQDH5RJHUV
6DQWROLQHWDOSRUVXDYH]FRQFRUGDPTXH
D/5)pXPDLQVWLWXLomRGHUREXVWDLQÀXrQFLDVR-
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Thyago Bezerra de Luna, William Gledson e Silva e Luís Abel da Silva Filho
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Despesas municipais nordestinas: uma análise empírica a partir da lei de responsabilidade fiscal (LRF)
Com efeito, uma ressalva importante corres- 7DEHOD9DORUHVper capita das variáveis nos mu-
SRQGHDGLIHUHQoDHQWUHR<HVWLPDGRHRREVHUYD- nicípios segundo a função 2002/2011
do, isto é, o erro aleatório procede desse método de
HVWLPDomRDH[HPSOR Despesa por
Até 50.000 50.001 ou mais
Habitantes habitantes
função
2002 2011 2002 2011
Ǔ ȕȕ;L(L,. Despesas
1.242,87
Correntes
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Thyago Bezerra de Luna, William Gledson e Silva e Luís Abel da Silva Filho
$GPLWLQGR D LQWHUYHQomR GH 6RDUHV H Tabela 1, em que o único dispêndio a aumentar é
)DJQDQLRVDXWRUHVLGHQWL¿FDPQDVSROtWL- a saúde, diminuindo despesas de assistência social
cas sociais, especialmente no Brasil, uma assime- e educação, essa última quase que pela metade em
tria dessas diante aos demais tipos de gastos, in- DPERV RV DQRV QDV GLIHUHQWHV IDL[DV PXQLFLSDLV
vocando como argumento, a condição de periferia nordestinas, entretanto, revelando cifras bastante
do país, reproduzindo na distribuição dos recursos auspiciosas e garantidoras de melhorias nas condi-
YLDGHVSHVDVXPDWHQGrQFLDGHEHQH¿FLDPHQWRGH ções de vida da população.
alguns grupos em detrimentos das parcelas mais Cabe ressaltar, todavia, que não se considera a
desfavorecidas, não sendo diferente no Nordeste. UXEULFD GH JDVWRV FRP SHVVRDO LGHQWL¿FDGR FRPR
DPDLVH[SUHVVLYDSDUDRVHQWHVVXEQDFLRQDLVFRQ-
7DEHODLQGLFDGRUHVGH*DVWRS~EOLFRPXQLFLSDO IRUPH6LOYD)LOKRHWDO6LOYD)LOKRH6LOYD
2002/2011 H6LOYDHWDO/RJRRSURSyVLWRGH
WDO SURFHGLPHQWR VHP G~YLGD p HQWHQGHU R SHU¿O
Até 50.000 50.001 ou mais
Despesa por Habitantes habitantes de outros tipos de despesas, trazendo interpretações
função incrementais ao já constante na literatura anunciada.
2002 2011 2002 2011
Legislativo 3,30 4,08 2,80 'LDQWH GR H[SRVWR FKDPD DWHQomR R IDWR GD
Administração 15,13 educação representar uma importância relativa
Assistência Social 4,22 bastante maior que a saúde, especialmente nos
Saúde PXQLFtSLRVFRPDWpKDELWDQWHVFXMDH[SOL-
(GXFDomR 33,81 33,38 cação provável, fundamentalmente, perpassa pela
)RQWHHODERUDGRSHORVDXWRUHVDSDUWLUGHGDGRVGD671 tendência de entes municipais menores estarem
PDUJLQDOPHQWHSRVWDGRVIUHQWHjVLQVWkQFLDVPDLR-
)LQDOPHQWH DR FRQVLGHUDU RV UHVXOWDGRV GD7D- res, as quais ofertam saúde de qualidade melhor e
bela 2, percebe-se relativamente, que a proporção os habitantes das demais localidades se deslocam
de cada rubrica, anualmente, diante das despesas até esses centros.
correntes trazem aspectos importantes e comple-
'H IDWR 6RDUHV H )DJQDQL SRV-
PHQWDUHV j SHVTXLVD FXMDV FRQVWDWDo}HV IRUQHFHP
VLELOLWDP REVHUYDU TXH R H[SUHVVR DQWHULRUPHQWH
FRQYHUJrQFLDVDRDQWHVH[SOLFLWDGRVHGHPDUFDQGRD
via de regra, está associado com a ideia de perife-
orientação dos dispêndios municipais nordestinos a
ria, demandando das autoridades governamentais,
XPSHU¿OVyOLGRHPIDFHGDOLWHUDWXUDDTXLUHYLVDGD
o atendimento de necessidades básicas da popu-
1HVVHVHQWLGRDLQWHUSUHWDomRGH)LRUDYDQWHHW lação, cujos municípios economicamente maiores
DO SHUGH FRQVLVWrQFLD LVWR p DV UHODo}HV atraem habitantes de localidades adjacentes, dife-
dos dispêndios com administração e legislativo re- rindo a educação um pouco do enfatizado, pela ca-
duzem-se no decênio estudado, provavelmente, a racterística do serviço.
H[SOLFDomRDWDOFRQWH[WRWUDWDGHPHQRUHVFRPSUR-
Claramente, o argumento anterior salienta que
metimentos dos recursos aplicados, convergindo
o bem público educação requer do município ofer-
com o antes enfatizado, pois a queda do volume de
tante mais esforços do que no serviço de saúde,
dispêndios frente ao conjunto de despesas amplia
pois na leitura aqui realizada e com base na litera-
a disponibilidade a outras áreas.
WXUDHQWHQGHVHTXHKiUHFXUVRVHVSHFt¿FRVSDUDD
&RPHIHLWR6LOYD)LOKRHWDOH6LOYDHW rubrica educação em anos iniciais de competência
DO PRVWUDP DXPHQWR GH UHFHLWDV PXQLFL- dos entes enfatizados, cuja marca incontestável é
SDLVHPHVWDGRVQRUGHVWLQRVUDWL¿FDQGRRFHQiULR a que os munícipes procuram deslocamentos a ou-
antes desenhado, o qual anuncia institucionalmen- tras localidades para o ensino, quando esse passa a
te, a partir das referências provenientes de North QtYHLVPDLVHOHYDGRVDH[HPSORGHHVFRODVWpFQL-
TXHDVUHJDVGRMRJRIRUPDOPHQWHHVWDEH- cas, universidades, etc.
lecidas formatam os traços de diminuição de gas-
)LQDOPHQWHDFRPSUHHQVmRSUpYLDVHPG~YLGD
WRVEXURFUiWLFRVSRGHQGRH[LELUHOHYDomRHPRX-
torna a saúde e educação bens públicos básicos e
tras modalidades.
de atribuição municipal na mais reduzida comple-
Assim, alcança-se o trio de gastos sociais, o [LGDGH QR HQWDQWR VHXV GHVGREUDPHQWRV HP WHU-
qual, em linhas gerais, conserva os resultados da mos de acesso aos serviços revelam, tendencial-
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Despesas municipais nordestinas: uma análise empírica a partir da lei de responsabilidade fiscal (LRF)
2002 2011
Variáveis
&RH¿FLHQWH p-valor &RH¿FLHQWH p-valor
Constante 1,407
Legislativo 0,247
0,221
Administração 0,114
0,080
Assistência Social 0,037
0,048
Saúde 0,207
0,251
(GXFDomR 0,417
0,415
1GH2EVHUYDo}HV 1.235
5ðDMXVWDGR
P-valor global 0,00 0,00
)RQWH(ODERUDGRSHORVDXWRUHVDSDUWLUGHGDGRVGD671
(VVHV SRQWRV SRU VHX WXUQR UHÀHWHP FXULRVD- santes o fato de que a variação de 0,01 nas rubricas
PHQWH XPD LQYHUVmR GD SURSRVLomR GH *RPHV H assistência social, saúde e educação produzem ele-
0DF'RZHOOKDMDYLVWDRVDXWRUHVGHIHQGH- vações nas despesas correntes da ordem de, respec-
rem que entes municipais economicamente peque- tivamente para 2002, 0,4, 0,21 e 0,42, resguardando
nos realizam mais despesas no custeio de folha, a 2011 em igual sequência 0,5, 025 e 0,41.
acentuadamente em maior grau aos demais gastos, Nesse sentido, a política social manifestada na
PRGL¿FDQGRDTXLWDODUJXPHQWRSRUVLPSOHVPHQWH educação apresenta as maiores repercussões mu-
ROHJLVODWLYRH[SUHVVDUPDLVHOHYDGRV¿QDQFLDPHQ- QLFLSDLV QR 1RUGHVWH HP XPD GpFDGD GHL[DQGR
tos das enfatizadas instâncias governamentais, al- aos gastos com saúde em uma prioridade inferior,
terando em parte o princípio presente na literatura. ainda que tenha aumentado sua importância e a
Já o trio de políticas sociais considerados no es- assistência social conserva a menor relevância do
tudo, via de regra, revela como resultados interes- WULR TXDVH UDWL¿FDQGR DV HYLGrQFLDV GDV HVWDWtVWL-
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Thyago Bezerra de Luna, William Gledson e Silva e Luís Abel da Silva Filho
cas descritivas, pois nelas os dispêndios de saúde maneira que esse aspecto converge com a ideia de
VmRPDLVVLJQL¿FDWLYRV aumento nos gastos sistematicamente observado
&RP HIHLWR R SHU¿O DTXL H[SOLFLWDGR WUD] QR- SRU)LRUDYDQWHHWDOTXDQGRVXJHUHPTXH
vas prospecções ao cenário das políticas públicas DLPSOHPHQWDomRGD/5)YLDELOL]DPDLRUHVGHVSH-
voltadas ao social, de modo que se perde tenden- VDV GHYLGR DR DODUJDPHQWR GDV UHVWULo}HV ¿VFDLV
cialmente nos municípios a focalização até então sendo favorável a hipótese de universalismo das
incontestável, dando margem ao universalismo, políticas sociais.
GHEDWHWmRUHSUHVHQWDWLYRQDOLWHUDWXUDDH[HPSOR $¿QDOGHFRQWDVDOFDQoDVHD7DEHODDTXDO
GH 6RDUHV TXH PRVWUD KDYHU QR %UDVLO IR- traz resultados do modelo de regressão para os en-
FDOL]DomRH)DJQDQLTXHVXVWHQWDDWHVHGD tes municipais nordestinos com 50.001 ou mais
universalidade da política social no país. habitantes, cujas evidências reforçam o que as es-
Tais respostas empíricas para municípios eco- tatísticas descritivas antes analisadas apontam, no-
nomicamente pequenos, sem dúvida, revelam es- tadamente por fazer compreender o comportamen-
forços ainda primários em fugir da mera tendência to dos gastos de instâncias governamentais locais,
de oferta de emprego e renda via setor público, de DH[HPSORGDVSUHVHQWHVQHVVDVSiJLQDV
2002 2011
9DULiYHLV
&RH¿FLHQWH p-valor &RH¿FLHQWH p-valor
Constante 1,332 0,00001*** 1,147
Legislativo 0,141
Administração 0,183
0,052
Assistência social 0,00018*** 0,041
Saúde 0,240
0,350
(GXFDomR 0,402
0,407
1GH2EVHUYDo}HV 125 135
5ðDMXVWDGR
P-valor global 0,00 0,00
)RQWH(ODERUDGRSHORVDXWRUHVDSDUWLUGHGDGRVGD671
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Thyago Bezerra de Luna, William Gledson e Silva e Luís Abel da Silva Filho
*20(6*00$&'2:(//0&. 6,/9$),/+2/$HWDO&RQVLGHUDo}HVVREUH
Descentralização Política, Federalismo receitas municipais em estados do Nordeste:
Fiscal e Criação de Municípios: o que é Comparação entre Bahia, Ceará e Piauí: 2007.
PDXSDUDRHFRQ{PLFRQHPVHPSUHpERP Revista Econômica do 1RUGHVWH)RUWDOH]D
SDUDRVRFLDO%UDVtOLD'),3($ YQDEULOMXQKRS
/848(&$6,/9$90$/HLGH5HV- 6,/9$),/+2/$6,/9$:*&RQVLGHU-
SRQVDELOLGDGHQD*HVWmR)LVFDOFRPEDWHQGR DWLRQV$ERXWPXQLFLSDOJRYHUQPHQW¿QDQFHLQ
IDOKDVGRJRYHUQRjEUDVLOHLUDRevista de Eco- WKHVWDWHRIWKH(VStULWR6DQWRChi-
nomia Política, v. 24, n. 3, p. 404-421, 2004. nese business reviewYQS
1257+'&,QVWLWXFLRQHVFDPELRLQV- 6,/9$:*HWDO$UUHFDGDomR0XQLFLSDO
WLWXFLRQDO\GHVHPSHxRHFRQ{PLFR&ROHF- QRV(VWDGRVGR6XOGR%UDVLO8PD$ERUGDJHP
FLyQ(FRQRPtDFRQWHPSRUkQHD)RQGRGH Preliminar. Revista EspaciosYQ
&XOWXUD(FRQRPLFDU0p[LFR
6$172/,15-$<0(-81,25)*5(,6
-&'26/HLGH5HVSRQVDELOLGDGH)LVFDOH
implicações na despesa de pessoal e de inves-
timento nos municípios mineiros: um estudo
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