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Resumo
O artigo oferece contribuições sobre os papéis da ludicidade e da afetividade nas práticas educativas de
Geografia Física. Foram propostas atividades para o 6º ano do Ensino Fundamental II (Colégio Cavalieri -
Horizonte/MG). Os objetivos inerentes à iniciativa são: propor práticas pedagógicas para o ensino dos biomas e
seus correlatos; estimular o nível de interesse dos alunos em relação à disciplina. Como aliado inicial do projeto
foram utilizados os livros da coleção Sobrevivendo na Natureza – de Anita Ganeri, (Como Sobreviver na Selva,
Como Sobreviver no Pólo Norte, Como Sobreviver no Deserto), que apresentam as regiões de florestas, dos
desertos e do Pólo Norte e seus condicionantes: climatológicos, de localização, recursos naturais, entre outros.
As praxes converteram o aprendizado num processo lúdico e com sentido. As fundamentações teórico-
metodológicas encontram-se nas teorias de David Ausubel, Jean Piaget e Henri Wallon.
1. INTRODUÇÃO
O trabalho realizado em sala teve como primeira inspiração, aguçar a conexão entre a
leitura de livros infantis sobre a biogeografia do planeta e a disciplina Geografia, despertando
também o fascínio pela leitura e a interpretação de textos. Ele aliou conhecimentos próprios
dos alunos, da série e permitiu uma maior sensibilização, ligando os problemas dos biomas
locais e correlacionando-os com as realidades de outros biomas mundiais, tendo, portando,
um viés de análise ambiental subjacente.
Por meio das idéias de David Ausubel (1982), acreditamos que a aprendizagem
acontece por entre as analogias e conexões feitas no decurso do ambiente de ensino-
aprendizagem. Reforçando essas concepções, nos amparamos nas opiniões de Morin (2007),
que menciona “que a missão primordial do ensino supõe muito mais aprender a religar do
que aprender a separar”.
Neste cenário, inúmeras leituras de mundo podem ser encontradas em textos literários,
inclusive na literatura infantojuvenil, em meio a muitas percepções: a do professor sobre o
livro como “veículo” pedagógico para o ensino da Geografia Física; a dos alunos em relação à
leitura do livro enquanto literatura infantil e fonte de prazer; e outras que serão descobertas
durante todo o encadeamento didático, (a percepção das paisagens abordadas e suas
características; as suas localizações no mapa mundi; a apreciação das imagens presentes nos
livros e a capacidade do aluno em fazer a articulação entre elas, o texto escrito, a
compreensão da narrativa e os temas de Geografia, por exemplo.)
A prática de leitura dos textos literários oportuniza ao leitor uma outra perspectiva de
aprendizagem, favorece à interpretação, à imaginação e à criação de novos contextos. A
literatura fomenta a intertextualidade, é um instrumental válido e contumaz para obter-se
diferentes configurações de aprendizagem. O principal é a literatura ser intuida pelo aluno
como meio que lhe dá satisfação e informações, e , igualmente, considerá-la um bem cultural,
colaborando com o desenvolvimento de seus aspectos cognitivos, sócio-afetivos e
linguísticos. Ou seja, a prática didática relatada faz a concatenação entre a inventividade, a
realidade e os conteúdos escolhidos da Geografia Física para a série.
Para a incorporação desses assuntos, recorreu-se ao uso dos livros físicos e também,
digitais, em uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental II. Os resultados foram
surpreendentes, os alunos foram capazes de fazer a interação da história com o seu dia a dia, e
fizeram observações, bem como, comentários durante toda atividade; desse modo, as histórias
Os livros foram escaneados por não termos muitos exemplares disponíveis, todavia,
isso não impediu a leitura em rodízio; e quando necessário, a professora, na forma de um
power point, mostrava determinados aspectos para facilitar os debates e a realização de
conclusões.
Aplicando uma prática pedagógica com as características citadas, com a ajuda desses
livros infanto-juvenis, atraentes para a faixa etária (11-12 anos), chegamos a uma base sólida
na aprendizagem. Nos respaldamos, mais uma vez, nas pesquisas de David Ausubel, que
reconhece as formas e os tipos de aprendizagem significativa, como citado por Masini (2017);
- O conhecimento prévio deve ser sempre considerado; é a variável isolada que mais
influencia a aprendizagem de novos significados (Ausubel, 1963), funcionando
como “ancoradouro” cognitivo que ajuda a dar significados a esses conhecimentos,
em um processo interativo, ou como obstáculo epistemológico que dificulta a
captação e atribuição de significados.
- É o aluno quem decide se quer aprender de maneira significativa; mesmo que haja
captação de significados pode não haver internalização cognitiva desses
significados; é preciso despertar no aluno uma predisposição para aprender, um
querer, uma intenção de aprender;
- Os aspectos mais importantes, mais inclusivos, mas gerais de um corpo de
conhecimentos devem ser apresentados no começo do ensino e serem
progressivamente diferenciados em termos de detalhes, especificidades,
formalismos, ao longo do processo de ensino e aprendizagem. (MASINI, 2017, p.
34-35)
Um dos obstáculos da sala de aula é vencer a apatia presente em boa parte das escolas
e fazer um caminho contrário para alcançar o aprendizado da Geografia Física. Esse caminho
pode ser feito, agradavelmente, pelo lúdico, ao propormos um material adequado à linguagem
dos alunos. Caberá ao professor da turma realizar pesquisas e descobrir os mecanismos e
materiais que melhor se harmonizem com os seus objetivos e a vontade de seus alunos.
Os alunos precisam ser cativados por propostas pedagógicas que os motivem, por meio
das quais consigam perceber a Geografia como disciplina essencial e verem o mundo com
argúcia e perspicácia, elaborando suas próprias opiniões. Para uma maior compreensão,
Cavalcanti (2013), acrescenta:
Tais conceitos não são exclusivos da ciência geográfica, sendo utilizados, também,
por outras ciências e pelo senso comum, de diferentes formas e com diversas
acepções. Por essa razão, a Geografia precisa considerar seus diferentes significados,
do mesmo modo que a análise das representações dos alunos e professores dos
conceitos geográficos escolhidos deve ser enriquecida pelo estudo desses conceitos
nas suas formulações científicas. Afinal, essas formulações científicas são
referenciais básicas para a estruturação dos conteúdos das Geografia ensinada na
escola. (CAVALCANTI, 2013, p. 88)
Uma prática pedagógica apenas estimulante, não funciona corretamente, precisa ter
uma metodologia idealizada pelo professor, de modo a oferecer aos alunos argumentos que
permitam a associação entre o que aprenderam na prática, com uma posterior observação da
realidade. No entanto, os alunos trazem consigo muitos saberes e vivências, que devem, da
mesma maneira, ser considerados no processo de ensino-aprendizagem. Por reconhecermos
tais enfoques, nos fundamentamos em David Ausubel, Piaget e Wallon.
Munari (2010), “propõe uma escola sem coersão, na qual o aluno é convidado a
experimentar ativamente”. Citado por Munari (2010), Piaget intensifica essa formulação:
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente, fez-se um levantamento bibliográfico sobre as teorias psico-pedagógicas
usadas como base a esse trabalho (de Jean Piaget, David Ausubel e Henri Wallon). Ao
iniciarmos as atividades em sala de aula, aplicamos uma avaliação diagnóstica para a
verificação de alguns conceitos relacionados à Geografia Física.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao desenvolvermos as experiências, esse procedimento despertou a reflexão sobre as
novas perspectivas no ensino da Geografia Física, agregando a ela, o respeito, o afeto e a
alegria em sala de aula, buscando-se novas linguagens como instrumentos pedagógicos e
considerando os diferentes momentos da aprendizagem e as singularidades de cada aluno.
Figura 5 – Mapa Mundi para colagem das imagens Figura 6 – Mapa preenchido pelos alunos com as
dos biomas. imagens dos biomas.
Fonte: OLIVEIRA et al, 1990. Fonte: Acervo dos autores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo apregoa a importância de trabalhar-se com metodologias que visem a
formação integral do aluno, promovendo uma melhor relação dele com o conteúdo científico
sugerido no 6º ano do Ensino Fundamental II, na disciplina Geografia.
Referências Bibliográficas
AUSUBEL, D. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Moraes, 1982.
AUSUBEL, D. Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva. 1ª
ed., Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2000.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara – Nota sobre a Fotografia. São Paulo: Editora Nova
Fronteira, 2015.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. 18º
ed. Campinas: Papirus, 2013.
GANERI, Anita. Desafiando a natureza – como sobreviver no deserto. São Paulo: Editora
Abril Jovem S.A, 1995.