Você está na página 1de 66

Perfilagem

Aula 02 – Perfil Espontâneo


Perfil Potencial Espontâneo
 Mede a diferença de potencial elétrico entre dois eletrodos, um
na superfície e outro dentro do poço.

 Correspondente a um perfil do tipo litológico por fornecer dados


acerca da litologia rochas atravessadas pelo furo do poço.

 Seu efeito origina-se com o movimento de íons a diferentes


velocidades entre dois fluidos de concentração diferentes. Seu
efeito torna-se evidente no limite entre arenito (ou carbonato) e
folhelho, pois no primeiro litotipo ocorre maior invasão do fluido,
por ser mais poroso.
Perfil Potencial Espontâneo

 A soma dos potenciais gerados entre os fluidos de


perfuração/formação e entre o contato camada
permeável/folhelho origina a curva de potencial
espontâneo, útil para quantificar a salinidade da
água contida nos poros das rochas.

 Precisamos então, conhecer as propriedades


elétricas das rochas e dos minerais..
PROPRIEDADES ELÉTRICAS DE MATERIAIS
GEOLÓGICOS
INTRODUÇÃO

A condução da eletricidade em minerais pode ser


efetuada por processos eletrônicos, iônicos e por
deslocamento. Condutores sólidos podem ser
divididos em 3 classes dependendo do mecanismo
de condução da corrente elétrica:

- metais
- semicondudores
- eletrólitos sólidos
Exemplos de cada tipo de condução podem ser
encontrados numa lista de minerais formadores de
rochas e minerais de importância econômica. Os
metais nativos como ouro e cobre são exemplos dos
condutores metálicos.

A maioria dos sulfetos pertence a classe dos


semicondutores enquanto os silicatos formadores de
minerais de rochas são eletrólitos sólidos.
Rochas não são formadas unicamente de minerais
e as propriedades elétricas de uma rocha não são
necessariamente determinadas somente pelas
propriedades dos minerais constituintes.

Rochas altamente porosas podem ter elevado


volume de vazios. Rochas ígneas, evaporitos e
carbonatos densos, por outro lado tem muito baixa
porosidade. Nenhuma rocha superficial e
completamente não porosa.
Em circunstâncias razoáveis os espaços porosos
estão preenchidos, total ou parcialmente, por água.
Esta água carrega alguns sais em solução de modo
que o conteúdo de água da rocha tem muito
maior capacidade de conduzir corrente elétrica do
que sua matriz sólida, a menos que esta tenha
relevante conteúdo de minerais condutores.
Mecanismos de condução sólida podem ser
esperados ser importantes quando comparados
com condução eletrolítica através dos fluidos nos
poros em 3 casos:

- numa rocha contendo alta percentagem de


minerais condutores;
- numa rocha completamente congelada, e
- numa rocha em grande profundidade de tal
modo que todos os espaços vazios foram fechados
pela carga de material acima.
A habilidade relativa de um material conduzir
eletricidade quando uma voltagem é aplicada e
expressa como condutividade; inversamente, a
resistência oferecida por um material ao fluxo de
corrente é expressa em termos de resistividade. A
resistividade de um material é definida por uma
expressão matemática conhecida como Lei de
Ohm.
Esta lei estabelece que a força do campo elétrico num
ponto de um dado material é proporcional à densidade de
corrente passando por aquele ponto:

E=ρj

Onde E é o campo elétrico, expresso em volts por metro, e j


é a densidade de corrente em ampéres por metro
quadrado. Esta definição implica no uso de freqüência zero
ou corrente contínua. A unidade no SI para resistividade é o
ohm-metro. Esta unidade é de tamanho conveniente para
expressar resistividades de materiais geológicos.
Algumas vezes é conveniente discutir a condutividade de
uma rocha. Como a condutividade é o recíproco da
resistividade, a dimensão da unidade para expressar
condutividade será mho por metro.

A resistividade de um meio é uma das três propriedades


físicas que determinam o comportamento de campos
eletromagnéticos nele. As outras duas são a constante
dielétrica e a permeabilidade magnética. Resistividade é
usualmente a mais importante das três propriedades na
determinação do fluxo de corrente elétrica.
A condução por deslocamento ou dielétrica ocorre em
não condutores quando um campo elétrico externo varia
com o tempo. O parâmetro relevante na condução por
deslocamento é a constante dielétrica k, algumas vezes
chamadas de capacidade indutiva do meio.

A constante dielétrica é similar à condutividade de


formações porosas no sentido de que varia com a
presença de água, pois esta tem uma grande constante
dielétrica. Correntes de deslocamento são relevantes
somente para campos elétricos de alta frequencia.
1- CONDUTIVIDADE DE METAIS

Metais nativos ocorrem com pouca frequência na


natureza, porém quando ocorrem tem importância
econômica. Dois dos mais importantes metais nativos são
ouro e cobre. Metais tais como platina, irídio, ósmio e ferro
ocorrem raramente. Carbono ocorre comumente em
forma de grafita que é um condutor metálico com
propriedade peculiares.
1- CONDUTIVIDADE DE METAIS

A estrutura de um metal e a natureza da ligação entre


átomos é algo difícil de explicar, mas num nível mais
elementar um metal se comporta como um pacote
ordenado de íons metálicos envolvido por uma atmosfera
de elétrons de valência. A energia para mover um elétron
de valência de um átomo para outro próximo na estrutura
é muito pequena. A alta condutividade de metais , como
outras propriedades, é devida em grande parte ao grande
número de elétrons móveis, um número que é
aproximadamente igual ao número de átomos no metal.
1- CONDUTIVIDADE DE METAIS

Se os átomos em um metal estão perfeitamente


ordenados, não haverá quase nenhuma resistência ao
movimento de elétrons quando um campo elétrico for
aplicado. Na prática, imperfeições na estrutura cristalina
estão sempre presentes. Estas imperfeições interferem no
movimento de elétrons. Quando maior o número de
imperfeições maior a resistividade do metal.
CONDUTIVIDADE DE METAIS
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Semicondutores são materiais não metálicos nos quais a


condução é por movimento de elétrons, mas nos quais a
condutividade é menor do que nos metais. A
condutividade menor não é um resultado da menor
mobilidade de elétrons, mas, sim, devido ao menor número
de elétrons de condução. Relativamente menos elétrons
estão livres para se moverem através da rede cristalina num
semicondutor, em comparação com o número de elétrons
aproximadamente igual ao número de átomos de um
metal.
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Semicondutores diferem dos metais quando ao fato de que


o nível de energia dos elétrons de condução precisa ser
elevado de uma quantidade significativa, antes que estes
possam ser mover livremente pela rede cristalina, como no
caso dos metais.
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Esta energia é comumente fornecida em forma de calor , de modo que


em semicondutores o número de elétrons de condução aumenta com a
temperatura segundo a equação:

ne = e-E/kT

onde ne é o número de elétrons de condução, E é a energia requerida


para elevar o nível de energia para os elétrons de condução estarem
livre para se moverem livremente, k é a constante de Boltzman e T a
temperatura absoluta.
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Todos os materiais que não são metais verdadeiros são, em


alguma extensão, semicondutores. Se um material tem
elétrons disponíveis para um baixo nível de energia de
ativação, ele pode ser tão condutivo como um metal. Este
é o caso de muitos sulfetos de minerais de minérios que
possuem resistividades na faixa de 10-6 a 10-3 ohm-m.
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Se a energia de ativação é grande, o material se aproxima


de um perfeito isolante. A maioria dos silicatos necessita de
grande energia de ativação para liberar elétrons de
condução e em condições normais, a condução
eletrônica em silicatos é negligenciável, em comparação
com a condução iônica.

A tabela a seguir mostra a resistividade de alguns minerais


semicondutores.
2 – CONDUTIVIDADE DE SEMICONDUTORES ELETRÔNICOS

Com poucas exceções, os sulfetos e arsenietos metálicos


são quase tão condutivos quanto os verdadeiros metais. As
exceções são galena, haverita e molibdenita, que possuem
resistividades moderadamente elevadas.
3 – ELETRÓLITOS SÓLIDOS

A maioria dos minerais formadores de rochas pode ser


considerada como eletrólitos sólidos, no que concerne a
condução de corrente. Condução eletrolítica pode
ocorrer em cristais com ligação iônica. Na ligação iônica,
metais cedem seus elétrons de valência para completar a
camada externa de elétrons de outro elemento formando
o composto.
3 – ELETRÓLITOS SÓLIDOS

Por exemplo, no composto NaCl, o átomo de sódio cede


seu único elétron de valência para preencher a camada
de valência do átomo de cloro, que ordinariamente tem 7
das 8 órbitas externas preenchidas.
3 – ELETRÓLITOS SÓLIDOS

Quando um campo elétrico é aplicado numa estrutura


cristalina de ligação iônica, a força exercida em cada íon
pelo campo é pequena quando comparada com a força
de ligação. Portanto, num cristal ideal, como deveria ser
esperado, não se espera observar eletrólise ou condução
por movimentação de íons.
3 – ELETRÓLITOS SÓLIDOS

Contudo, cristais não são perfeitos e eletrólise ocorre


quando um campo elétrico é aplicado. Dois tipos de
imperfeições ocorrem nos cristais que ajudam a condução
de corrente: imperfeições inerentes a rede cristalina
(defeitos de Schottky) e imperfeições induzidas
termalmente (defeitos de Frenkel).
4 – CONDUÇÃO SÓLIDA NAS ROCHAS

Para a maioria das rochas na superfície da terra, a


condução de eletricidade é inteiramente através da água
que preenche os poros das rochas. A condução através
dos minerais ocorre em alguns minerais de minérios
metálicos, desde que estes ocorram em concentrações
suficientemente elevadas. Muitos dos minerais condutores
foram listados anteriormente, contudo poucos deles
ocorrem frequentemente ou em quantidade suficiente
para alterar, de forma significativa, as propriedades das
rochas nos quais ocorrem.
4 – CONDUÇÃO SÓLIDA NAS ROCHAS

Os minerais condutores que ocasionalmente ocorrem em


quantidades suficientes para transformarem em condutores
grandes volumes de rochas são magnetita, especularita,
grafita, pirita e pirrotita.
4 – CONDUÇÃO SÓLIDA NAS ROCHAS

Grafita e pirita são provavelmente os minerais que


comumente mais alteram a condutividade de uma rocha.
Material carbonoso, grafita e pirita são comuns em
ardósias, porém é incerto que mineral contribui para a
condução observada nestas rochas.
4 – CONDUÇÃO SÓLIDA NAS ROCHAS

Uma distribuição adequada de poucos porcentos de


mineral condutivo poderá transformar o comportamento
condutivo total de uma rocha. Em outros casos 10 a 15% de
mineral condutivo não terá nenhum efeito. A distribuição
do mineral condutor na matriz é relevante.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

Na maioria das rochas da superfície da terra a condução é


eletrolítica. Sendo o meio condutor uma solução aquosa
com sais comuns distribuída na complexa estrutura porosa
de uma rocha.

A resistividade de uma rocha contendo água dependerá


da quantidade de água presente, da salinidade desta
água e do modo como esteja distribuída na rocha.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

Quando um sal é colocado em solução na água, os íons


constituintes se separam e ficam livre para se moverem na
solução. Se um campo elétrico for aplicado através de
uma solução eletrolítica, cátions serão acelerados em
direção o pólo negativo e ânions para o pólo positivo.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

Uma vez acelerado pelo campo elétrico, uma resistência


viscosa limita a velocidade que o íon pode atingir. Em
soluções aquosas, o tempo requerido para um íon atingir
sua velocidade terminal é considerado menos que um
micro-segundo.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

O conceito de salinidade equivalente é frequentemente


usado ao se discutir a resistividade de água subterrânea.
Como a água subterrânea pode ter uma grande
variedade de sais em solução, não é sempre fácil
computar a resistividade da água a partir de uma análise
química.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

Por esta razão, a salinidade equivalente da solução é


definida como a salinidade de uma solução de cloreto de
sódio que possua a mesma resistividade daquela solução
em particular. A salinidade equivalente deve ser bem
próxima da verdadeira salinidade pois mobilidade de íons
não variam grandemente.
5 – CONDUÇÃO EM ROCHAS CONTENDO ÁGUA

O uso de salinidade equivalente tem a vantagem de que


somente tabelas ou gráficos para um único sal são
necessários para determinar a resistividade de uma
solução. O figura a seguir mostra a resistividade de soluções
de cloreto de sódio como função de concentração e
temperatura.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

A resistividade de uma rocha com água diminui com o


aumento do conteúdo de água. Em rochas
completamente saturadas o conteúdo de água pode ser
equacionado com a porosidade. Em rochas parcialmente
saturadas, contudo, o efeito de insaturação na resistividade
deve ser considerado. A textura de uma rocha também
tem efeito na resistividade.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

Se supõe uma geometria simples de poros a relação entre


resistividade e conteúdo de água pode ser exatamente
calculada. Em rochas consolidadas a geometria de poros
não é tão simples que possa ser descrita por simples
equações.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

Rochas podem ser agrupadas em 3 categorias gerais com base na


geometria de poros. Em algumas rochas tais como as rochas
sedimentares consolidadas, leitos de cinzas vulcânicas, etc, a
porosidade é de natureza intergranular, consistindo de espaços deixados
entre os grãos quando da compactação. Em outras rochas,
especialmente nas rochas ígneas, porosidade ocorre principalmente na
forma de juntas. Uma terceira forma de porosidade, comum em rochas
carbonáticas e algumas rochas vulcânicas, é a porosidade vesicular,
consistindo de grandes cavidades irregulares formadas ou por
dissolução, como nos calcários, ou por grandes bolhas de gás, como nas
rochas vulcânicas.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

Os espaços porosos devem estar interconectados e preenchidos com


água para que a rocha possa conduzir eletricidade. Nos 3 tipos de
porosidade o volume poroso pode ser constituído de duas partes: os
grandes vazios que são chamados de poros de armazenamento e os
pequenos poros de conexão.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

A maior parte da resistência ao fluxo de corrente elétrica está nos poros


de conexão. Uma rocha com uma alta razão entre poros de
armazenamento para poros de conexão, como uma rocha com
porosidade vesicular, terá uma resistividade mais elevada para a mesma
porosidade na qual o oposto é verdadeiro.

A tabela a seguir mostra faixa de variação de tipos de porosidade para


diferentes rochas.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

Um grande esforço de pesquisa está centrado na correlação da


resistividade com o conteúdo de água em rochas na exploração de
petróleo. Para estas rochas, principalmente arenitos e calcários, tem sido
observado que a resistividade varia aproximadamente com o quadrado
do inverso da porosidade quando a rocha está completamente
saturada com água.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

Esta observação levou ao uso de uma função empírica que relaciona


resistividade com porosidade, conhecida como Lei de Archie:

ρ = a ρw ψ-m

onde ρ é a resistividade total da rocha, ρw é a resistividade da água


contida na estrutura de poros, ψ é a porosidade expressa como uma
fração por unidade de volume da rocha e a e m parâmetros cujos
valores são assinalados arbitrariamente para fazer a equação se ajustar
a dado conjunto de medidas. O parâmetro m é geralmente chamado
de parâmetro de cimentação ou geometria de poro. O a costuma ser
chamado de fator de tortuosidade.
5a - Relação entre resistividade, porosidade e textura de
uma rocha

O valor do parâmetro a varia próximo de 1 para rochas com


porosidade intergranular e ligeiramente maior que 1 para rochas com
porosidade de juntas (a variação total observada é entre 0,35 e 4,78). O
expoente m é algo maior que 2 para rochas granulares bem
classificadas e cimentadas e menor que 2 para rochas granulares pouco
cimentadas e mal classificadas (a variação total observada é de 1,14 a
2,9, sendo os valores maiores dos carbonatos).
5b -Interação entre soluções eletrolíticas e a estrutura da rocha

Ao se usar a equação de Archie para relacionar a resistividade total da


rocha com a porosidade e a resistividade da água no espaço poroso, o
valor apropriado para a resistividade da água não é sempre o mesmo
que seria medido numa amostra de fluido extraída da rocha. A equação
de Archie indica que a razão entre a resistividade total e a resistividade
da água deve ser uma constante para uma dada porosidade. Isto é,
não depende da resistividade da água nas rochas. Esta razão é
conhecida como Fator de Formação:

F = ρ / ρw
O PERFIL POTENCIAL ESPONTÂNEO
As ferramentas de potencial espontâneo são utilizadas para medir o fluxo de corrente natural
(ou espontâneo) no poço e nas formações, que ocorre devido aos desequilíbrios iônicos
entre os fluidos em subsuperfície. A troca iônica, principalmente de íons cloro (Cl-) e sódio
51 (Na ), entre fluidos de diferentes salinidades, cria uma diferença de potencial nos fuidos
+

presents no poço/formação. A medição é feita entre um eletrodo no poço e um eletrodo de


referência (fish) em superfície. O desequilíbrio iônico ocorre quando esses fluidos de
diferentes salinidades estão próximos ou em contato, como é o caso das zonas invadidas
pelo fluido de perfuração ou quando uma formação permeável está em contato com
folhelho. O principal objetivo da ferramenta é obter um resultado QUALITATIVO da
permeabilidade da formação. A voltagem medida pode ser de várias centenas de millivolts
Associado (mV).
à resposta muito negativa do SP quando temos arenito ou shaly
sand está a condutividade. Altos valores de condutividade representam
invasão, o que está associado a um meio poroso e permeável, como os
arenitos. Se essa condutividade não fosse alta isso não significa que não são
arenitos! A gross thickness é calculada usando toda a região onde começa
e termina a deflexão. Já para achar a net thickness devem ser subtraídos os
streaks (depressões) de folhelho desse valor!

A ferramenta desce ao poço


juntamente com outras
ferramentas e o resultado é uma
escala linear no primeiro track.
ORIGEM DO POTENCIAL ESPONTÂNEO
As deflexões na curva de SP são causadas pela corrente que passa através do poço
53
preenchido com fluido de pefuração e que passa através da formação. Essas correntes são
movidas por forças eletromotrizes que resultam de processos eletrocinéticos e eletroquímicos.
Os processos eletroquímicos estão relacionados com o balanço iônico entre os fluidos. Se
tivermos dois fluidos com diferentes concentrações iônicas (fluido do poço e fluido da
formação) a tendência é que os íons migrem para o fluido de menor concentração. (FLUIDO-
FLUIDO)
Os processos eletrocinéticos estão relacionados com a movimentação dos fluidos na interface
poço/formação. (FLUIDO-ROCHA).

Perfil de Potencial Espontâneo


PROCESSOS ELETROQUÍMICOS

A maior parte da corrente que é medida no perfil de SP é originada de


processos eletroquímicos. Esses processos envolvem essa troca iônica
entre fluidos de diferentes salinidades. Cada processo resultado na
geração de um potencial nos eletrodos do poço que é diferente do
potencial que é medido em superfície (fish electrode).
Os dois mecanimos de geração desse potencial são explicados por:
• Potencial de Membrana
• Potencial de Junção Líquida
POTENCIAL DE MEMBRANA

Em formações permeáveis e invadidas que estão em


contato com camadas adjacentes de folhelho, forma-se um
potencial na fronteira das duas camadas (forma-se uma
membrana).

Os folhelhos são compostos de minerais de argila


microscópicos que possuem cargas negativas em suas
superficies. Essa carga negativa presente na superfície dos
minerais de argila dos folhelhos tendem a “repelir” as cargas
negativas dos íons cloro presente na água.

De outro modo, os íons sódio (presente na formação


perméavel) tendem a migrar para a essa zona com folhelho
devido a alta concentração de íons negativos. Por isso nas
curvas de SP, os arenitos são “mais negativos” em
comparação aos folhelhos, pois a “parte positive” dos
arenitos, migra.
56 Os minerais de argila presente nos folhelhos podem
também ser disperses através dos espaços porosos de
uma formação permeável. Essa dispersão dos
minerais de argila também produzem uma membrane
potencial. Em formações argilosas (arenitos argilosos,
carbonatos argilosos, etc) a membrana potencial
está relacionada com os minerais de argila disperses
na rocha, diferente da membrana potencial no limite
das camadas de folheho/arenito, com uma menor
deflexão.
POTENCIAL DE JUNÇÃO LÍQUIDA
Uma formação permeável é frequentemente invadida durante os processos de perfuração
57
pela invasão do filtrado da lama. Esse filtrado pode ter uma salinidade que difere da água da
formação. No limite da zona invadida existirá uma fronteira onde o filtrado da lama e a água
da formação estarão em contato e essa fronteira é conhecida como “junção líquida”.

Perfil de Potencial Espontâneo


Os íons estarão livres para migrar de uma solução para outra, caso o filtrado e a
água da formação possuírem salinidades diferentes concentrações iônicas
58 (diferentes salinidades). Por exemplo: o cenário é uma formação com água salina
que é invadida por um filtrado com água doce. Os íons de cloro (devido a sua
alta mobilidade) irão migrar da água da formação (mais salina) para o filtrado
(menos salino). A troca iônica através da junção líquida produz uma força
eletromotriz na formação chamada de potencial da junção líquida. Esse potencial
faz com que a corrente flua através dessa junção.
PROCESSOS ELETROCINÉTICOS

A maioria das deflexões observadas em uma curva SP é referente aos processos


eletroquímicos como o potencial de junção líquida e potencial de membrane.
Dependendo das condições do poço, algumas das deflexões podem ainda resultar
de processos eletrocinéticos que envolvem o fluxo de fluidos através do mudcake.
A magnitude das deflexões SP resultantes desses processos eletrocinéticos é uma
função de diversos fatores:
• Diferencial de pressão que causa o fluxo de fluidos
• Salinidades das soluções envolvidas

59
Um potencial eletrocinético é criado conforme o fluido flui no meio
poroso e permeável. Exemplo disso é o fluxo do filtrado através do
mudcake, conforme as partículas sólidas da lama vão sendo
depositadas na parede do poço. Na maioria dos casos, a pressão
hidrostática está balanceada com a pressão da formação. Esse jogo de
pressões determina o quanto o poço terá a influência dos processos
eletrocinéticos.
FORMA E CARACTERÍSTICA
DA DEFLEXÃO NA CURVA SP
Quanto mais alto o valor de Rw, menor
a deflexão do SP; portanto, quanto
maior a salinidade, maior a deflexão.
Se a resistividade da lama for maior
que a da água (lama contendo
menos sal) a deflexão vai ser negativa.
O contrário é válido. Isso também foi
baseado em clean sand. Se não
houver deflexão, a resistividade da
lama e da água são similares.
CONDIÇÕES PARA O USO DA FERRAMENTA: essa ferramenta de SP não pode ser utilizada
quando perfura-se o poço com fluido de perfuração base óleo ou ar, pois não haveria
condutividade elétrica entre o eletrodo no poço e a formação. Também não é válido
62 correr a ferramenta em poço revestimento devido à interferência da condutividade do
aço dos revestimentos e, portanto, utiliza-se apenas em poços abertos. Os melhores
resultados obtidos são em poços em que se utiliza fluidos base água, onde há um grande
constraste entre a resistividade da água e do filtrado. Se a água e a lama tiverem
salinidades similares, a ferramenta não fornece informações úteis (por exemplo em regiões
onde perfura-se camadas salinas utilizando fluidos base água salina) ou em formações
contend água “doce” e perfuradas com lamas base água (doce).
Resumindo...

 Potencial Espontâneo (SP): é o registro da diferença de potencial entre um


eletrodo móvel descido dentro do poço e outro fixo na superfície. Este
perfil permite determinar as camadas permoporosas, calcular a
argilosidade das rochas, determinar a resistividade da água da formação
e auxiliar na correlação de informações com poços vizinhos.
Resumindo...
 Em prospecção de petróleo, esta perfilagem envolve principalmente a
interface entre o arenito e o folhelho. O princípio é devido, principalmente,
ao potencial eletroquímico. Os folhelhos são permeáveis ao cátion Na+,
mas essencialmente impermeáveis ao ânion Cl-
Características das curvas SP para uma seção arenito - argilito A) Curvas para camadas espessas; (b) Curvas para
camadas finas;(c) Curvas características para várias formações.
Resumindo ..

 A perfilagem elétrica geofísica é o método mais conhecido para


caracterização de camadas potencialmente produtoras e permite uma
análise detalhada do conteúdo de fluido das rochas presentes nas formações
geológicas perfuradas. Torna-se óbvio que esse método é bastante sensível
aos diferentes fluidos de perfuração existentes, principalmente quando temos
a presença de folhelhos reativos. Logo uma das principais funções da
perfilagem é a identificação da presença de folhelhos reativos presentes na
formação geológica perfurada.
 A caracterização destes folhelhos tem como objetivo auxiliar na previsão de
instabilidades, geradas pelas interações entre os fluidos de perfuração e a
formação argilosa, que podem ocorrer quando a operação de perfuração do
poço de petróleo atravessa pacotes destas rochas. Os problemas de
instabilidade em poços de petróleo, em média, são responsáveis por 20 a 30%
dos custos de perfuração e, dentre estes problemas, 80 a 90% ocorrem quando
os equipamentos de perfuração atravessam estes folhelhos.

Você também pode gostar