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Carla Pereira, Fabiana Fernandes, Inês Ferraz e Mafalda Fino


Universidade da Madeira, Maio 2010

 
O presente trabalho teve como principal objectivo a aplicação experimental do teste da
Figura Humana segundo a proposta de Wechsler, com o propósito de conhecer e
compreender melhor este instrumento de Avaliação Psicológica. A amostra foi
escolhida por conveniência e foi constituída por cinquenta crianças entre os cinco e os
dez anos de idade a frequentar a Escola Dona Olga de Brito no Funchal, RAM. O teste
provou ser de grande utilidade prática em contexto escolar, tanto pela avaliação do
desenvolvimento cognitivo, como pela detecção precoce de questões que possam
necessitar de acompanhamento específico. Os resultados obtidos estiveram em
consonância com a revisão da literatura.

   figura humana, desenvolvimento cognitivo, avaliação psicológica.

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The aim of the present study was to experiment and understand the ÷  

according with the proposal made by Wechsler. The sample was chosen by convenience
and consisted in fifty children with ages between five and ten years old, all attending the
same school, Dona Olga de Brito, in Funchal, RAM, Portugal. The test proved to be
very useful when applied in school context as a way of rating intellectual development
and detecting issues that may need specific attendance. The results were in accordance
with the ones described in the reviewed literature.

-   draw-a-person, intellectual development, psychological evaluation.


 
Desde os tempos primitivos que o homem representa através dos desenhos os seus
pensamentos e vivências, sendo esta uma das formas mais antigas de comunicação
humana. Antecedeu à escrita, o que mostra que a comunicação através de desenhos é
uma forma de linguagem básica e universal. O homem primitivo deixava a sua marca e
os seus feitos em desenhos nas cavernas, tentando assim marcar a sua história. Da
mesma maneira, no percurso do desenvolvimento infantil, encontramos o desenho como
a primeira forma de expressão, antes mesmo da criança conseguir dominar a leitura ou a
escrita e através dele, esta transmite as suas emoções e sentimentos, ou seja, o seu
mundo. De acordo com Bordoni (s/d), no fim do seu primeiro ano de vida, a criança já é
capaz de manter ritmos regulares e de produzir os seus primeiros traços gráficos, fase
conhecida como dos rabiscos ou garatujas (Lowenfeld). O desenvolvimento progressivo
do desenho implica mudanças significativas que dizem respeito à passagem dos rabiscos
iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir as
primeiras representações simbólicas. Na garatuja, o desenho é simplesmente uma acção
sobre uma superfície, onde a criança sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa
acção produziu. Com o decorrer do tempo, as garatujas, que reflectiam sobretudo o
prolongamento de movimentos rítmicos de ir e vir, transformam-se em formas definidas
que apresentam maior ordenação, começando a aparecer objectos naturais ou
imaginários. A criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir
tudo o que ela sabe sobre o mundo. É assim que, por meio do desenho, a criança cria e
recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão
e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras
crianças e adultos.
Neste propósito Bandeiras, Costa e Arteche (2008), referem que o desenho infantil
passou a ser percebido não apenas como uma forma de comunicação, mas também
como técnica de avaliação psicológica. Entre os vários tipos de desenhos,
espontaneamente feitos pelas crianças, pode ser destacado o da figura humana como um
dos preferidos e mais frequentemente realizados porque (Koppitz, 1968 citado por
Bandeiras et al) segundo Goodenough (1926, 1964) citada por Wechsler (2003), a figura
humana é igualmente familiar a todas as crianças, apresenta, nos seus aspectos
essenciais, a menor variabilidade possível, é uma tarefa simples para ser executada por
crianças muito pequenas e, ao mesmo tempo, suficientemente complicada nos seus
detalhes e é uma tarefa que interessa e motiva as crianças, facilitando o seu
envolvimento na mesma. O Desenho da Figura Humana (DFH) possui diversos sistemas
de interpretação, tanto de cunho evolutivo quanto emocional. Para avaliação de aspectos
evolutivos, destacam-se os sistemas que compreendem o desenho como medida de
avaliação do desenvolvimento cognitivo infantil, como o de Goodenough (Alves, 1981),
o de Koppitz ± Indicadores Desenvolvimentais (Koppitz, 1984), o de Naglieri (1988) e,
no Brasil, o de Wechsler (1996/2003) e o de Sisto (2006). Como medida de avaliação
dos aspectos cognitivos, o desenho é compreendido como expressão de aspectos de
desenvolvimento existindo um ciclo infantil típico que pode ser observado a partir da
produção gráfica. Segundo Abou-Jamra e Castillos (1987), há uma íntima relação entre
o desenho e o desenvolvimento conceitual. Inicialmente as crianças desenham o que
sabem e não o que vêem. Com o desenvolvimento, a criança tentará mais e mais
representar os objectos como os vê, surgindo gradualmente os conceitos de tamanho,
proporção, posição relativa das partes, relação espacial e outros.
Arteche (2006) refere que apesar de muito conhecido, não parece haver concordância,
entre os profissionais que utilizam o DFH, sobre qual é a melhor maneira de analisá-lo.
Na pesquisa de critérios de avaliação adequados, diversos sistemas de interpretação
foram desenvolvidos. Entre eles, podem-se distinguir três grandes vertentes:
1) Os sistemas que analisam o desenho como medida de avaliação do
desenvolvimento cognitivo infantil (Goodenough (Abell, Horkheimer & Nguyen, 1998;
Alves, 1981), Koppitz - Indicadores Desenvolvimentais (Koppitz, 1984) e, no Brasil,
Wechsler (2003) e Sisto (2005);
2) Os sistemas que analisam o desenho como medida projectiva, ou seja, como
expressão de aspectos inconscientes da personalidade (Craig, Olson & Saad, 2002) - de
entre os quais destaca-se o de Machover (1949);
3) Os sistemas que propõem uma análise dos aspectos emocionais, não a partir
de uma interpretação projectiva mas, sim, de uma análise empírica, como os trabalhos
de Koppitz - Itens Emocionais (1984) e de Naglieiri (Naglieri, McNeish & Bardos,
1991).
Os estudos sistematizados sobre o desenho da figura humana foram iniciados por
Lamprecht que, em 1906, comparou os desenhos de crianças de diferentes países,
tentando encontrar características comuns de traços e conceitos (Harris, 1963 citado por
Arteche, 2006). Entretanto, foi apenas em 1926, com o trabalho de Florence
Goodenough, que o desenho da figura humana passou a ser amplamente utilizado como
medida de inteligência infantil (Goodenough, 1964 citado por Arteche, 2006). Esta
pesquisadora foi pioneira na sistematização de um sistema de avaliação dos desenhos
infantis. Em 1963, foi revisto e ampliado com a colaboração de Dale Harris, passando,
então, a ser chamado de ³Desenhe um Homem´ e ser utilizado como indicador de
maturidade intelectual e não de inteligência (Cox, 1995 citado por Arteche, 2006). Para
justificar esta alteração, o autor salientava que a inteligência envolveria mais do que
uma dimensão, e que, desse modo, o desenho por si só não contemplaria os diversos
aspectos da inteligência. Indicava, ainda que, ao desenhar uma pessoa, a criança estaria
expressando o seu conceito de ser humano e a sua compreensão das características do
mesmo. Além disso, sugeriu também que fossem desenhadas duas figuras: uma
masculina e uma feminina. Ao propor essa mudança, também apresentou sistemas
distintos para a análise de cada desenho (Harris, 1963 citado por Wechsler & Schelini,
2002 citado por Arteche, 2006). A adaptação do sistema original de Goodenough
passou a ser chamada de sistema de Goodenough-Harris. Consiste na atribuição de
pontos ao resultado do desenho conforme o número de elementos incluídos no traçado,
as suas proporções e a maneira como se aglutinam à figura principal. O    total é
convertido em    padrão, cuja média da escala é 100 (Cox, 1995 citados por Arteche,
2006). Procurando um sistema construído especificamente para as crianças brasileiras,
Solange Wechsler, com base nos critérios de cada faixa etária propostos por Koppitz,
nos itens sugeridos por Harris e no formato e folhas de correcção de Naglieri, elaborou
um sistema quantitativo de avaliação do desenvolvimento cognitivo a partir do DFH -
Desenho da Figura Humana com o Teste de Inteligência Wechsler Intelligence Scale for
Childen - Revised (WISC-R). A primeira edição de seu estudo foi publicada em 1996.
Nela foram apresentados os indicadores de validade e de precisão da proposta.
Posteriormente, em 2000, foram apresentados os estudos nacionais e transculturais que
corroboravam os resultados apresentados quatro anos antes e, em 2003, foi publicada a
edição revista e actualizada com normas referentes a várias regiões brasileiras
(Wechsler, 2003 citado por Arteche, 2006). A versão actual, proposta por Wechsler
(2003), sugere a realização do teste a partir da produção de dois desenhos: um de
homem e outro de mulher. Ambos, apesar de serem corrigidos independentemente, têm
os resultados somados a fim de que se possa obter uma medida final. O desenho da
figura feminina é avaliado a partir de 17 itens que se subdividem. Por exemplo: o item
cabeça é avaliado não só conforme a sua presença, mas também quanto à proporção. A
figura masculina, por seu lado, é avaliada conforme 18 itens, também subdivididos.
Quanto à pontuação, cada um dos subitens é pontuado com +1, quando presente. Assim,
no fim, tem-se o somatório por figura e o somatório total. O resultado bruto por cada
figura e o somatório total é convertido em resultados padronizados, tendo em conta o
género e a faixa etária da criança que fez o desenho. A partir do resultado padronizado,
obtém-se o percentil conforme a idade e o sexo da criança, bem como a classificação da
mesma. Além disso, é possível identificar, numa lista de itens de desenvolvimento, os
itens esperados, comuns, incomuns e excepcionais, conforme a idade da criança.
Recentemente foi disponibilizado um outro sistema de avaliação cognitiva do DFH com
normas brasileiras - Sisto, 2005. A proposta de Sisto consiste na actualização do sistema
proposto inicialmente por Goodenough. Após a análise empírica dos 51 itens do sistema
original, o autor finalizou a escala indicando 30 itens para avaliar o DFH. Os itens para
avaliação de meninos e de meninas são os mesmos; no entanto, os níveis de dificuldade
que os indicadores apresentaram nos diferentes sexos são diferentes. Além disso,
somente aos 10 anos de idade a média de itens dos meninos supera a das meninas. Os
estudos acerca da estrutura da escala de Sisto - conduzidos por meio da Teoria de
Resposta ao Item/ Modelo de Rasch - indicaram que os itens seleccionados contêm um
bom percentual de variância explicada por um factor geral, o qual pode ser entendido
como inteligência (37,67% nos meninos e 34,10% nas meninas), assim como
apresentam bons indícios de consistência interna (0,89 meninos e 0,87 meninas). As
análises de validade de critério utilizaram como medida comparativa as Matrizes
Progressivas Coloridas de Raven e indicaram que o sistema de pontuação desenvolvido
por Sisto (2005) é uma boa medida de discriminação dos níveis intelectuais a partir dos
oito anos, ainda que as diferenças entre as idades devam ser consideradas na
interpretação. Aos nove anos, a escala discriminou as crianças com    baixos,
medianos e altos no Raven; aos oito discriminou apenas aqueles com rendimento
deficiente daqueles com rendimento superior e aos dez anos discriminou aqueles com
   inferiores dos demais (   medianos e    superiores).
De acordo com Wechsler (2003), a avaliação do desenho da figura humana é apenas
adequado até à pré-adolescência, pois nesta fase, o indivíduo já atingiu o período das
operações formais, tornando-se mais auto-consciente e crítico na sua habilidade de
desenhar, chegando por vezes a recusar fazê-lo ou a desenhar caricaturas e figuras
estereotipadas. Deste modo, o desenho da figura humana só pode ser usado com
validade e precisão como medida desenvolvimental na faixa compreendida entre os
cinco e os doze anos que é o período das operações concretas segundo Piaget.
Neste sentido Wechsler (2002) refere que, nos Estados Unidos, onde já existe uma
ampla variedade de instrumentos para avaliação cognitiva infantil, o desenho da figura
humana não aparece nas listas onde figuram os instrumentos mais utilizados pelos
profissionais (Mardell-Czudnowski, 1996). Este facto, sem dúvida, explica a escassez
de pesquisas com este instrumento na literatura norte-americana nos últimos anos.
Entretanto, nos países ibero-americanos o desenho da figura humana como medida de
personalidade, baseado na técnica de Machover, ocupa o oitavo lugar dentre os testes
mais utilizados pelos psicólogos (Prieto, Muñiz, Almeida e Bartram, 1999) e
especificamente no Brasil, encontramos também o desenho da figura humana como um
dos testes mais utilizados pelos psicólogos (Azevedo, Almeida, Pasquali & Veiga,
1966) e como uma das técnicas projectivas mais frequentemente ensinadas nos cursos
de graduação em Psicologia no país, como aponta recentemente o estudo de Alves
(2000). A preferência pelo uso do desenho como uma das técnicas principais nos países
em desenvolvimento, deve-se, possivelmente, ao facto desta ser uma técnica de baixo
custo, pela simplicidade de sua aplicação e pela baixa oferta de material adaptado ou
validado nestas culturas. Acredita-se, erroneamente, que por estar o desenho da figura
humana presente em todas as culturas, tal representação poderia ser interpretada de
maneira universal. Desta maneira, não só os aspectos evolutivos como também os
emocionais teriam o mesmo significado, o que não é corroborado nas pesquisas
realizadas sobre este tema no Brasil (Wechsler, 1996, Hutz e Bandeira, 2000).
Resta acrescentar que Flores-Mendoza e cols (2005) analisaram o DFH III de Wechsler
e verificaram uma dicotomia entre a análise dos resultados obtidos em duas amostras de
crianças brasileiras (Campo Grande e Belo Horizonte) e a análise de TRI (Teoria de
Resposta ao Item), ou seja, a primeira revela uma consistência interna do instrumento,
considerando que os 53 itens são adequados (0,87), mas por outro lado a segunda
mostra problemas de dificuldade e discriminação de um grupo de itens, pelo que
demonstram que o instrumento não está bem calibrado, necessitando de ajustes. Esta
análise permitiu, igualmente, detectar que existem problemas de dificuldade de itens
(uns muito fáceis e outros muito difíceis) pelo que sugerem uma revisão dos mesmos,
um aperfeiçoamento da qualidade psicométrica do instrumento e sugerem um amplo
processo de investigação uma vez que em diferentes momentos da aplicação do
instrumento (1996 e 2003) revelaram-se fortes evidências de um possível aumento do
desenvolvimento gráfico infantil na população infantil brasileira.
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A nossa amostra é constituída por 50 crianças, escolhidas aleatoriamente. 25 crianças


são do sexo feminino e 25 do sexo masculino. Sendo que a idades das crianças varia
entre os 5 anos e 0 meses e os 10 anos e 2 meses.
Destas crianças 10 frequentam o Pré-Escolar e têm idades compreendidas entre os 5
anos e 0 meses e os 5 anos e 10 meses. 10 crianças frequentam o 1º ano do Ensino
Básico e têm idades compreendidas entre os 6 e 8 meses e os 7 anos e 3 meses. 10
frequentam o 2º ano do Ensino Básico, com idades compreendidas entre os 7 anos e 7
meses e os 8 anos e 3 meses. 10 crianças frequentam o 3º ano do Ensino Básico e têm
idades compreendidas entre os 8 e 6 meses e os 9 anos e 3 meses. E 10 crianças
frequentam o 4º ano do Ensino Básico e têm idades compreendidas entre os 9 e 4 meses
e os 10 anos e 2 meses.
Estas crianças frequentam um estabelecimento privado de educação, da Região
Autónoma da Madeira, denominado Escola Donaolga de Brito e situado no Funchal.


 
    


As 50 crianças foram sujeitas ao teste do Desenho da Figura Humana de Wechsler em


2010. O instrumento utilizado consiste no desenho de uma figura humana do sexo
masculino e uma figura humana do sexo feminino. As crianças no verso da folha,
escreveram uma história acerca de cada uma destas figuras. As crianças mais pequenas,
que ainda não sabem escrever contaram a história à educadora e esta escreveu na
respectiva folha. Estes instrumentos foram aplicados pelos docentes responsáveis por
cada turma.

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Para o tratamento dos dados utilizámos o manual de aplicação do Desenho da Figura
Humana de Solange Wechsler.

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No grupo dos cinco anos, no que respeita às cinco crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há duas crianças com classificação média, uma
com classificação acima da média, uma com classificação superior e uma com
classificação muito superior. No desenho da figura masculina (FM) verifica-se que há
uma criança com classificação abaixo da média, duas com classificação média e duas
com classificação superior.
No mesmo grupo, no que respeita às cinco crianças do sexo masculino, verifica-se que,
tanto no desenho da figura feminina como no desenho da figura masculina, há uma
criança com classificação média, duas com classificação superior e duas com
classificação muito superior.
Logo, podemos inferir que as crianças do sexo feminino com cinco anos apresentam um
desenvolvimento intelectual predominantemente mediano, enquanto que as crianças do
sexo masculino, com a mesma idade, apresentam um desenvolvimento intelectual
predominantemente superior e muito superior.

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No grupo dos seis anos, no que respeita às quatro crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há duas crianças com classificação acima da
média e duas com classificação muito superior. No desenho da figura masculina (FM)
verifica-se que há duas crianças com classificação superior e duas com classificação
muito superior.
No mesmo grupo, no que respeita às duas crianças do sexo masculino, verifica-se que,
no desenho da figura feminina há uma criança com classificação superior e uma com
classificação muito superior. No desenho da figura masculina as duas crianças possuem
classificação acima média.
Logo, podemos inferir que as crianças do sexo feminino com cinco anos apresentam um
desenvolvimento intelectual predominantemente superior e muito superior, enquanto
que as crianças do sexo masculino, com a mesma idade, apresentam um
desenvolvimento intelectual superior.

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No grupo dos sete anos, no que respeita às duas crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há uma criança com classificação média e uma
com classificação acima da média. No desenho da figura masculina (FM) verifica-se
que as duas crianças possuem classificação média.
No mesmo grupo, no que respeita às sete crianças do sexo masculino, verifica-se que,
no desenho da figura feminina há duas crianças com classificação média, três com
classificação acima da média e duas com classificação superior. No desenho da figura
masculina, há quatro crianças com classificação média e três com classificação acima da
média.
Então, podemos depreender que as crianças do sexo feminino com sete anos apresentam
um desenvolvimento intelectual mediano e acima da média, enquanto que as crianças do
sexo masculino, com a mesma idade, apresentam um desenvolvimento intelectual
predominantemente acima da média.

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No grupo dos oito anos, no que respeita às cinco crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há uma criança com classificação abaixo da
média, duas com classificação acima da média e duas com classificação superior. No
desenho da figura masculina (FM) verifica-se que há uma criança com classificação
média, duas com classificação acima da média, uma com classificação superior e uma
com classificação muito superior.
No mesmo grupo, no que respeita às cinco crianças do sexo masculino, verifica-se que,
no desenho da figura feminina há uma criança com classificação média, uma com
classificação superior e três com classificação muito superior. No desenho da figura
masculina, há três crianças com classificação média, uma com classificação acima da
média e uma com classificação superior.
Deste modo, podemos inferir que tanto as crianças do sexo feminino como as crianças
do sexo masculino, com oito anos, encontram-se num nível de desenvolvimento
intelectual acima da média.

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No grupo dos nove anos, no que respeita às cinco crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há uma criança com classificação média, duas
com classificação acima da média e duas com classificação superior. No desenho da
figura masculina (FM) verifica-se que há duas crianças com classificação média, uma
com classificação acima da média e duas com classificação muito superior.
No mesmo grupo, no que respeita às quatro crianças do sexo masculino, verifica-se que,
no desenho da figura feminina há uma criança com classificação média, duas com
classificação acima da média e uma com classificação superior. No desenho da figura
masculina há três crianças com classificação acima da média e uma com classificação
superior.
Assim, podemos deduzir que as crianças do sexo feminino com nove anos apresentam
um nível de desenvolvimento intelectual médio e muito superior, enquanto que as
crianças do sexo masculino, com a mesma idade, apresentam um desenvolvimento
intelectual predominantemente acima da média.
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No grupo dos dez anos, no que respeita às quatro crianças do sexo feminino, verifica-se
que, no desenho da figura feminina (FF) há uma criança com classificação média, duas
com classificação acima da média e uma com classificação superior. No desenho da
figura masculina (FM) verifica-se que há três crianças com classificação média e uma
com classificação superior.
No mesmo grupo, no que respeita às duas crianças do sexo masculino, verifica-se que,
tanto no desenho da figura feminina como no desenho da figura masculina, há uma
criança com classificação média e uma com classificação acima da média.
Logo, podemos concluir que tanto as crianças do sexo feminino como as crianças do
sexo masculino, com dez anos, apresentam um desenvolvimento intelectual mediano.

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Verificámos que as crianças mais novas desenham principalmente os membros da


família nuclear, contudo as mais velhas desenham também os amigos e figuras
imaginárias, o que poderá indicar que as mais novas são mais influenciadas pela
afectividade e as mais velhas pela criatividade.
Existe uma diferença significativa entre as crianças do sexo feminino e masculino do
grupo dos cinco, que poderá ser explicada pelo facto das meninas serem mais novas do
que os meninos (a idade das meninas está compreendida entre o cinco anos e zero meses
e os cinco e três meses; a idade dos meninos entre os cinco anos e um mês e os cinco
anos e dez meses).
As crianças mais novas apresentam um nível de desenvolvimento superior em relação às
crianças mais velhas. Isto poderá dever-se ao facto de o desenvolvimento cognitivo nos
primeiros anos ser mais acelerado e com o passar dos anos vai desacelerando como está
descrito na literatura.
As crianças que fizeram parte da nossa amostra, no geral, apresentam um nível de
desenvolvimento cognitivo dentro da média.

 . / 0 . 

Arteche, A. (2006). ³Indicadores Emocionais do Desenho da Figura Humana:


Construção e Validação de uma Escala Infantil´.Universidade Federal do Rio Grande
do Sul - Instituto de Psicologia. Brasil.

Bandeira, D., Costa, A. & Arteche, A. (2008). ³Estudo de Validade do DFH como
Medida de Desenvolvimento Cognitivo Infantil The Draw-a-Person Test as a Valid
Measure of Children¶s Cognitive Development´ i        
332-337. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Brasil.

Bordoni, T. (s/d). ³Descoberta de um Universo: A Evolução do Desenho Infantil´


http://www.profala.com/arteducesp62.htm

Mendoza, C., Abad, F., Lelé, A., (2005). ³Análise de Itens do Desenho da Figura
Humana: Aplicação de TRI´. i  
   i    243-254. Brasília.

Wechsler, S. (2003). ³DFH III: O Desenho da Figura Humana ± Avaliação do


Desenvolvimento Cognitivo de Crianças Brasileiras´. 3ª Edição, Campinas, IDB ±
Impressão Digital do Brasil.

Wechsler, S., Schelini, P. (2002). ³Validade do Desenho da Figura Humana para


Avaliação Cognitiva Infantil´.    i !   29-38" Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. São Paulo.

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