Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FEDERAL DE GOIAS
FACULDADE DE FILOSOFIA
TÓPICOS DE ONTOLOGIA E METHAFÍSICA
KARINE DE ASSIS OLIVEIRA SOARES
FICHAMENTO DO LIVRO: A METHAFÍSICA DA MODERNIDADE DE FRANKLIM
LEOPOLDO SILVA
INTRODUÇÃO
Descartes inaugura o pensamento moderno. A ruptura com a tradição não significa que o
filósofo a ignora, mas sim que ele a critica. A continuidade em relação a tradição não quer dizer
que o filósofo simplesmente repete os seus antecessores, mas sim que ele retoma os temas
tradicionais para lhes dar um tratamento que julga mais pertinente.
Descartes opera uma inversão radical das perspectivas metódicas, e o faz a partir de
concepções metafísicas completamente diversas das que eram até então vigentes. Examinaremos as
noções do pensamento cartesiano: dualismo, idealismo, subjetivismo e representação.
DUALISMO
Essa separação significa a separação mais do que a independência entre corpo e espírito:
significa a separação entre sujeito e objeto. È preciso que se afirme primeiramente o sujeito para
que então possam aparecer para ele objetos, o elenco daquilo que ele pode saber, a partir de si
mesmos, acerca daquilo que não é ele mesmo. A independência do sujeito, no plano metafísico,
consiste em tomar o sujeito como ponto de partida do conhecimento
IDEALISMO.
O sujeito é polo irradiador de certeza e é a partir do que se encontra no sujeito que se
constitui o conhecimento verdadeiro, entendendose aqui o sujeito como exclusivamente o
pensamento. Dizemos então que o conhecimento em Descartes, se constitui a partir de idéias e que
por isso ele é idealista.
O idealismo significa que se assume doravante uma nova hierarquia entra os sentidos e o
intelecto. Não se admite mais, por exemplo, a sensação como ponto de partida e como principio,
visto que o conhecimento só começaria com as coisas ou as imagens das coisas. A realidade está
sempre primeiramente no espírito, isto é, no sujeito, e se apresenta na forma das idéias.
SUBJETIVISMO
O sujeito tem uma função ordenadora da conhecimento. Subjetivismo quer dizer primado na
subjetividade, precedência do sujeito no processo de conhecimento, e essa é a grande modificação
introduzida por descartes na filosofia. O homem assume a tarefa de fundar na subjetividade tudo e
qualquer conhecimento. Para Descartes o conhecimento é um problema a ser solucionado para que
a relação do sujeito e as coisas possa ser bem estabelecidas. A primeira realidade que é dada a um
sujeito pensante não pode ser outra senão o próprio pensamento. Essa prioridade é que determina
que Descartes estabeleça um fundamento único para o conhecimento. A concordância entre as
ideias do sujeito e o mundo exterior se constituirá a partir da hegemonia do sujeito.
REPRESENTAÇÃO
A hegemonia do sujeito convencionou dominar em Descartes de primado da representação.
Representação é todo e qualquer conteúdo presente na mente.
Em Descartes ocorre o inverso: tudo o que temos primeiramente são representações das
quais se trata de atestar a realidade. Dizemos que a filosofia cartesiana parte da representação
enquanto puro conteúdo mental, e não tomada como reflexo de um mundo cuja realidade não se
questionaria. A filosofia passa a ser então uma reconstrução do saber enquanto marcha pelo
caminho da representação em direção ao reencontro da realidade.
CAPITULO 2 – O MÉTODO
CRÍTICA DA TRADIÇÃO
O projeto de Descartes é a reconstrução do saber, com tudo o que é por isso Descartes
insiste em que o seu projeto só abarca seus próprios pensamentos nesse domínio privado.
DA DUVIDA À EVIDENCIA
O MÉTODO
Quando a duvida começa a ser exercida, o espírito já tem que estar de posse do método que
permitirá substituir as opiniões rejeitadas por verdades sobre as quais não pairem duvidas.
Descartes reparou que a utilização da matemática não ia além dos números e figuras, e sua
evidencia limitavase as operações aritméticas e geométricas. A evidencia matemática é aquilo que
o espírito humano pode apreender de mais certo; o método consistirá em captar a razão dessa
certeza para que se possa intendela a outros campos do conhecimento. A lógica, na época de
Descartes, era a doutrina silogistica de Aristóteles que ele considera completamente estéril.
Descartes exclui a matemática e a lógica por entender que o método por ele concebido
reúne as vantagens dessas duas ciências sem conservar as vantagens dessas duas ciências sem
conservar nenhum de seus feitos. O filósofo considera o que a matemática tem de fundamental nos
seus procedimentos: a ordem e a medida. A razão triunfa na matemática. Por isso o método deverá
inspirarse na matemática para buscar a causa da certeza.
AS QUATRO REGRAS
O método de Descartes consiste em quatro regras:
1 Clareza e distinção:
2 Análise:
Pressupõe a anteriormente dos elementos simples sobre as composições.
3 Ordem
Permitirá a dedução como forma de ampliar o saber. Cada elemento que entra no sistema
deve seu valor a posição que ocupa num determinado conjunto.
Isso implica de critica a recusa da tradição cultural e dos procedimentos filosóficos da
escolástica.
O Discurso do método contem, no seu inicio, duas afirmações. A primeira é a frase famosa
que abre o discurso, e que nos diz que o bom senso é a coisa mais bem partilhada do mundo, pois
cada qual pensa estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que se mostram difíceis de
contentar em outras coisas não desejam têlo maior do que já o têm. A segunda afirmação diz que
o bom senso é identificado, entre outras coisas, como a capacidade de distinguir o verdadeiro do
falso.
O bom senso não garante por si só a identificação da verdade é necessário que a razão seja
conduzida, e essa condução se da por meio de regras que permitem atingir a evidencia.
Descartes valoriza a tal ponto o método que atribui a ele a capacidade de remediar talentos
pessoais que em principio suporíamos essenciais ao estudo da ciência e da filosofia.
ALCANCE DA CRÍTICA
A razão mesmo cultivada pelos espíritos mais aptos de todas as épocas, não produz
resultados satisfatorios quando não é conduzida por um método previamente concebido.
UNIDADE DA CIENCIA, UNIDADE DO MÉTODO
Temos como condição da busca da verdade a recusa da tradição cultual e de tudo que ela se
vincula em termos de procedimentos filosóficos. A reconstrução da ciencia apartir do espírito
liberado dos continuos culturais aprendidos se faz, em Descartes, desde muito cedo em seu
pensamento, que reaparece no Discurso: a unidade do saber apartir da unidade do intelecto. Essa
idéia significa que a ciencia é una, apesar da diversidade de seus objetos. A unidade do método é
determinante da unidade da ciencia.
A ciencia tem como sua verdade relacionada com a unidade e coesão no ambito dos
procedimentos utilizados na sua elaboração. Por que Descartes vê como incompativeis com a
verdade a variação e a pluraridade na construção do saber? Porque a própria diversidade de
opiniões acumuladas ao longo da historia do saber se mostra incompativel com o carater único que
deve possuir a verdade. Em segundo lugar, a relatividade que as condições e os custumes
imprimem na maneira de pensar tornam o conhecimento dependente dessa conjuntura.
Assim, toda vida do individuo é orientada pela cristalização de opiniões cuja validade não é
questionada.
4 Enumeração:
As revisões e enumerações são para ter a certeza de que todos elementos foram
considerados. Pode ser visto como síntese ja que recupera a visão de totalidade do conjunto.
O que Descartes procura é atingir um certo conteúdo de representação abstraindo todas as
condições materiais e psicologicas que poderiam influir no pensamento. Se os requisitos
metódicos forem cumpridos, a certeza do sujeito corresponderá à evidencia, que é uma versão
objetiva da verdade. O método proporciona então o encontro de uma verdade subjetiva, isto é, no
sujeito.
A DÚVIDA
Todo aquilo que a razão não reconhece como portador das características do método deve
ser colocado em dúvida. Tudo aquilo que aparecia como verdadeiro antes da aplicação do método
não responderia pela origem de sua verdade.
É metódicamente necessario colocar tudo em duvida. É preciso invalidar a própria esfera
do conhecimento sensível. Isso significa que as incertezas são tomadas como ilustrações de uma
possibilidade mais geral: a de que todo e qualquer conhecimento gerado nesse plano seja falso. É a
denominada genaralização: é o próprio gênero do conhecimento sensível que fiica colocado em
dúvida.
CONHECIMENTO MATEMÁTICO
Segundo Descartes é preciso que a dúvida atinja também os conhecimentos matemáticos,
dos quais entretanto não temos as mesmas razões de duvidar. Pois o conhecimento matemático
mostrou um grau de evidência capaz de resistir naturalmente à duvida. Isso porque, no que se
refere às coisas materias, a verdade se põe como adequação entre a representação e a própria coisa.
A matemática não existe o problema da adequação, porque essa ciencia é construida de entidades
inteligíveis, e não de coisas materiasi que são percebidas.
DÚVIDA E EXISTÊNCIA
À questão da existência das coisas e das idéias em sua maxima generalidade chamamos
problema ontológico, visto ser a ontologia parte da filosofia que trata da existência dos seres que
podem ser coisas percebidas ou idéias metemáticas, sendo estas as essências a que não
correspondem necessariamente as coisas existentes no mundo.
O problema da adquação trata das exigencias internas da razão, expressas no método, à
realidade externa. Essa método tem uma finalidade obvia: o conhecimento das coisas, e não apenas
inventário de idéias. É preciso demonstrar que o que é objetivo segundo as regras da razão é
também o que é objetivo do ponto de vista do que é universal isto é, pura e simplismente real.
As regras do método são estabelecidas pela razão ou pelo entendimento subjetivo, ao qual
também pertencem as representações. Será preciso mostrar que a idéia a representação no sujeito
possui um valor tal que a verdade obtida através dela vale para alêm da esfera da subjetividade.
Descartes chama o valor objetivo da representação: o conteúdo da idéia não tem validade apenas
no sujeito e para o sujeito, mas é verdadeiramente objetivo, isto é, universal.
A unidade e a objetividade da verdade seu carater absoluto exigem que sua objetividade
possua um alcance universal, devendo ser, um autêntico fundamento inquestionado.
RADICALIZAÇÃO DA DÚVIDA
Para que haja a passagem da representação subjetiva à existência exterior é preciso uma
garantia de total objetividade. Isso se dá por uma representação indubitável. A reflexão só
encontrará a evidência absoluta se partir da negação absoluta de todas as certezas. A geração da
certeza a partir da dúvida é que dá à dúvida o seu caráter metódico. Mas para que a certeza
corresponda ao que é exigido pelo método é preciso que a dúvida seja radical e hiperbólica, ou
seja, deve ser levada ao limite extremo da generalização.
DÚVIDA NATURAL E DÚVIDA METAFÍSICA
A dúvida pode ser dividida em duas partes: a dúvida natural e a dúvida metafísica. Todas as
etapas da dúvida natural estão relacionadas com a nãoaceitação de que a percepção sensível possa
garantir, mesmo em parte, o conhecimento. Tudo o que se relaciona como conhecimento sensível é
falso, entendendo e radicalizando a dúvida até os elementos da sensação. Com isso extenderei a
dúvida a toda e qualquer representação relacionada com a percepção de coisas exteriores.
Nisso desempenha papel importante em argumento de Descartes: a impossibilidade de se
distinguir o sono da vigília. Esse argumento me permite colocar em dúvida não apenas as
representações pouco nítidas, mas também aquilo que aparece como fazendo parte de minha vida,
pois no sonho tais rrepresentações não correspondem à realidade. Não é, portanto, o caráter pouco
claro da representação que me leva a colocála em dúvida; é o seu caráter sensível.
Os elementos últimos do sensível não podem ser colocados em dúvida. tais elementos são o
tempo, o espaço, o número, a relação e outros do mesmo gênero, que Descartes denomina "coisas
matemáticas". Não são propriamente objetos de sensação e percepção, e podem ser considerados à
parte. A dúvida natural significa a existência de razões naturais de duvidar, e ela encontra aqui o
seu limite. o entendimento não pode colocar em dúvida as representações matemáticas enquanto
tais, porque elas naõ fazem parte do fundamento sensível do conhaecimento. Elas se vinculam ao
fundamento intelectual.
A dimensão metafísica da dúvida deve atingir representaçãoes que, em princípio são claras
e distintas. Descartes vai supor uma razão de duvidar ou seja, a dúvida metafísica é artificial. Sou
necessariamente iludido quanto as representações matemáticas, uma vez que não posso recusar
como verdadeiro o que aparece como claro e distinto. Através dessa suposição, que é uma ficção,
tenho como extender a dúvida à esfera da matemática, pois a matemática, enquanto atividade mais
elevada da razão, não pode de fato ser submetida à dúvida, uma vez que o acordo entre
representações matemáticas e as essencias matemáticas é como o acordo consigo mesmo.
Se repararmos no caráter metódico da dúvida, verificaremos que a suposição cartesiana tem
a função de uma hipótese que lançamos mão para melhor formular um problema visado a sua
solução. Assim como o astronomo supõe linhas imaginárias para melhor compreender a tragetória
dos astros o filósofo lança mão de uma ficção que lhe permite prolongar a dúvida, afim de que o
problema do conhecimento venha a ser inteiramente formulado, para que se possa resolvêlo
apartir de uma visão total de todos os termos.
DESCARTES E O CETICISMO
Descartes é comparado aos céticos por que tinham a dúvida como única atitude coerente do
pensamento em face da pluralidade de opiniões e das contradições do conhecimento sensível.
OS CÉTICOS HELENISTAS
O processo de estabelecimento da dúvida de Descartes também pode ser observado entre os
céticos do período helenista.
Entre os primeiros céticos Pirro viveu entre os anos 365 e 275 a.C. e pregava a suspensão
do juízo sobre todas as coisas como forma de encontrar o equilíbrio e a serenidade, num estado de
desinteresse teórico motivado pela impossibilidade de se atingir a verdade acerca de qualquer
coisa.
Aquele que deseja felicidade deve manterse indiferente suspendendo todas as crenças e os
juízoas acerca de tudo o que existe.
No século III a.C., a noca academia, herdeira da academia platônica, combate as escolas
filosóficas que procuravam soluções positivas e sistemáticas para os prblemas filosóficos.
Argumentavam que não se pode apontar qualquer representação como abolutamente verdadeira, já
que sempre poderemos opor uma falsa e dificilmente disinguivel da primeira. è o caso do sonho,
da embriaguez e da loucura.
O caráter subjetivo da representação nos impede de tomar em igualdade de condições, os
dois termos seriam necessários para avaliar a adequação: a representação do sujeito e a própria
coisa. Não há maneira de nos relacionarmos com as coisas fora da representação.
O CETICISMO DE MONTAIGNE
É inquestionável que Descartes retoma muitos dos argumentos dos acadêmicos, é relevante
considerar a influência que sobre ele exerceu Montaigne, que, no século XVI, desenvolve em
relação ao conhecimento, à moral, a política é a própria racionalidade, uma crítica de caráter
cético, principalmente baseadana instabilidade e na variabilidfade das opiniões humanas.
montaigne expressa num trabalho a demolição das certezas em quase todos os seus aspectos. Num
conjunto de textos deliberadamente nãosistemáticos, são aborados inúmeros assuntos passando
pelas certezas filosóficas herdadas da tradição.
Descartes se distingue dos céticos acadêmicos na medida em que não julga que a certeza
seja impossível de atingir. Para ele, a matemática é a prova de que a razão humana é compatível
com a verdade. O projeto de reconstrução do poder só tem sentido apartir da convicção de que o
intelecto humano é capaz de atingir a verdade. O método é o caminho que leva à verdade.
A dúvida é um percurso com direção e objetivo, que consiste no ponto de chegada como
ponto fixo, pois se o ponto de chegada da dúvida for um ponto fixo, ele será o ponto de partida do
conhecimento.
O caráter metódico é provisório da duvida cartesiana não se trata apenas de abalar as
certezas; tratase de distinguilas para recomeçar inteiramente. Descartes não se contenta em
abalar as certezas sensíveis: ele invalida o fundamento sensível do conhecimento, a certeza das
coisas materiais.
Por isso adúvida de Descartes, embora metódica e provisória, não é fingida. É preciso
descrever radicalmente do conhecimento adquirido sem método para aceitar inteiramente o novo
processo metódico de construção da ciência.
CAPÍTULO 3 A CONSTRUÇÃO DA FILOSOFIA
CRÍTICA DO ARISTOTELISMO TOMISTA: FÍSICA E METHAFÍSICA.
O SENTIDO DA CRÍTICA
O trabalho filosófico de Descartes repousa sobre a refutação de certos conceitos chave da
tradição aristotélicotomista, ou seja, da síntese elaborada principalmente por S. Tomás de Aquino,
no século XIII, entre a filosofia que Aristóteles e a doutina cristã.
Entre os conceitos cuja refutação se pode seguir desde os primeiros escritos de Descartes
está o de forma substancia, um dos alicerces da filosofia da natureza tomista.
O OBJETO DA CRÍTICA
Em Aristóteles há dois pares de noções que desmpenham funções estratégicas:
forma/matéria e ato/potência. A matéria é o indeterminado que se detrermina ao receber uma
forma. A potência é a possibilidade, em si meramente indeterminada, que se realiza concretamente
pela determinação de um ato. Uma substância é, pois, potência atualizada, ou matéria que se ganha
uma determinada forma, tornandose, então algo. A forma é precisamente o ato que se faz com que
a substância, pelo qual ela existe, é a forma substancial ou a forma da substância.
O estudo da natureza é a compreenssão da essência dos fenômenos, da realidade em seus
múltiplos movimentos, e não a explicação das leis que reagem os conjuntos de fenômnos
independentemente da especificidade de cada um.
As propriedades que os seres naturais possuem devem ser concebidas como derivadas desse
princípio. Esse princípio é a alma. Ora, a alma é a forma substancial do homem,. Para Aristóteles a
natureza de uma coisa é a sua forma. Quando essa coisa é uma substância, a natureza é a forma
substancial com seu princípio de vida.
Descartes e Galileu abandonam a noção de forma substancial, uma vez que despreza a
consideração das essencias qualitativas no estudo dos fenômenos naturais. A compreensão das
essências é substituída pela visão das relações matemáticas que os fenômenos mantém entre si.
Nesse sentido, todos são considerados homogêneos do ponto de vista do conhecimento.
O ALCANCE DA CRÍTICA
A crítica de Descartes à física das formas substanciais contém como elemento principal
pŕecisamente a denúncia de que conceber a presença de qualidades e ações nos corpos físicos nos
impede de concebêlos como físicos e que, portanto, a clareza que se deseja na essência da
natureza deve começar por uma separação completa entre o físico e psíquico.
A analogia aristotélica entre alme e natureza física é totalmente contrariada pela distinção
radical entre substância externa e substância pensante, proposta por Descartes.
A recusa das formas substanciais e a contrapartida positiva dessa recusa, que é a afirmação
da separação entre substância pensante e substância externa, podem ser entendidas como princípio
fundador da física moderna.
O ALCANCE DA SUBJETIVIDADE
DA DÚVIDA À CERTEZA
Se a dúvida existe então o pensamento, do qual a dúvida é uma modalidade, existe, e eu
mesmo, que duvido, logo penso, existo necessáriamente, ao menos como ser pensante. No
entender dos críticos de Descartes, seria preciso definir os termos pensamento e existência, contido
na proposição penso, logo existo. Em primeiro lugar, o pensamento é o caso privilegiado em que o
conhecimento coincide perfeitamente com seu objeto. Em segundo lugar, pensamento e existência
fazem parte daquilo que constitui para Descartes as noções comuns, primeiras e indefiníveis, e
evidentes por si.
Descartes, todos sabemos o que queremos dizer quando empregamos as palavras existência
e pensamento. toda consciência interna é pensamento; por isso, o pensamento recobre toda e
qualquer representação. O fato de que tudo é considerado antes de mais nada como pensamento
significa, por exemplo, que não é preciso fazer uma distinção em termos de gênero entre o
pensamento e o sentimento. A representação implicado no sentimento faz com que sentyir seja
pensar, ou que sentir seja primeiramente pensar, ou, ainda, que o pensamento seja condição da
representação dita como sensível.
CONHECIMENTO DA NATUREZA DO EU PENSANTE
Mas como posso reconhecer que é a mesma cera se todas as suas características sensíveis
mudam?
O que permanece sob as variações é uma certa extensão:na verdade é o ser extenso da cera.
É essa a razão pela qual, embora não perceba a mesma cera, sei que é a mesma, e o sei pelo poder
de julgar, isto é, pela representação intelectual da extensão como permanente.
O próprio corpo, no que tem de essencial, não é conhecido pelos sentidos, nem pela
imaginação, mas pelo entendimento.
O pensamento é a codição do conhecimento dos corpos enquanto é condição de qualquer
um de seus modos representativos. O que se quer mostrar é que o Eu pensante não se conhece
através de seus modos, mas através de sua essência que no caso se confunde com a existência.
IDÉIA E REALIDADE
O ALCANCE E O FUNDAMENTO SUBJETIVO
Para conferir realidade ou validade objetiva as idéias claras e distintas devo pôr em
quaestão o estratagema que impede revêlas como tais.
PASSAGEM AO FUNDAMENTO OBJETIVO
Recordemos que no projeto cartesiano não está presente apenas a finalidade do
ordenamento das representações com base na claresa e na distinção intrínsecas a cada uma delas.
Está presente também a extenção da clareza e distinção ao valor objetivo das representações.
Jamais Descartes se contentaria com uma ordenação exclusivamente subjetivas dos conteúdos
mentais. É preciso projetarse da certeza para a evidência, sai do espírito.
O senso comum se caracteriza por uma crença espontânea nas rtelações de semelhança e
causalidade entre as idéias e as coisas. Descartes não pode concordar com essa crença porque as
razões invocadas pelo senso comum para estabelecer dessa forma a origem das idéias não
correspondem às exigencias racionalistas do pensamento filosófico. Será pelo intelecto que acharei
o caminho que leva da subjetividade à objetividade, que leva ao conhecimento para fora do espírito
através de um trajeto interior ao espírito nisso consiste o percurso, que não é outra coisa senão a
via racionalista de exploração da objetividade.
FUNDAMENTO E PONTO DE PARTIDA
A objetividade exige que a idéia embora seja em si mesma o modo de pensar, remete
alguma realidade fora do espírito e que essa correspondência, devidamente estabelecida, legitime o
valor objetivo das representações.
As idéias se diferneciam não apenas pelo fato de representarem coisas diversas, mas
também porque essas representações situamse em diferentes pontos numa hierarquis de realidade
a que Descartes chama graus de ser. Da mesma maneira podemos dizer que uma idéia que
representa o seu infinito é hierarquicamente superior a uma outra que representa seres finitos, pois
o infinito é numa dimensão de realidade maior que o finito.
A IDÉIA DE DEUS E A QUESTÃO DE FUNDAMENTO DO SABER
A REALIDADE OBJETIVA DAS IDÉIAS
Descartes introduz na filosofia que a idéia pode ser considerada apenas enquanto idéia, e já
aí se pode falar de ser. Por isso, para Descartes, campos de análise são as idéias da mente enquanto
realidades são as idéias consideradas como realidades objetivas.
A IDÉIA DE DEUS E A REALIDADE DE DEUS
Para Descartes as idéias não são como para filosofia tradicional, puros seres da razão, isto é
algoque se esgota apenas na sua forma de conteúdo menta e que não possui, propriamente falando,
realidade. As idéias são algo e é por isso que cabe procurar suas causas. Somente a explicação
causal exclarecerá a adequação que se trata de encontrar entre a idéia daquilo que ela representa.
Fica portanto caracterizado que o caminho para a exterioridade é a interioridade. A dúvida,
enquanto carência de conhecimento, é uma prova de minha finitude. Aquilo que é efeito não pode
ser mais do que sua propria causa. Aplicando esse princípio de causalidade à idéia de infinito, a
existência em mim dessa idéia só se explica pela existência da causa dessa idéia.
DEUS: FUNDAMENTO DA VERDADE
Para Descartes a capacidade de indagar não é poder, mas carência, visto que erro e engano
estão ligados à negatividade do ser finito Deus é a razão de ser de todas as verdades. O Eu
pensante é a razão de ser de todos os pensamentos, não de todas as verdades. Devido ao caráter
metódico da filosofia cartesiana: o Eu pensante é razão de ser da idéia de Deus enquanto
pensamento; não é razão de ser dessa idéia naquilo em que ela se rremete à sua causa real e infinita
o Eu pensante não é razão de ser da realidade objetiva da idéia de Deus. Atinjo a realidade objetiva
da idéia de Deus pela ordem das razões internas ao Eu pensante. Deus é a primeira verdade na
ordem do ser, enquanto não se confunde com a ordem do meu pensamento.
CAPÍTULO 4: ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA
O MUNDO COMO CONCEITO E COMO REALIDADE PERCEBIDA
A ESSÊNCIA DO MUNDO MATERIAL
A EXISTÊNCIA DO MUNDO MATERIAL
A imaginação trabalha coma presença de objetos físicos, traçados a contornos dos mesmos
quando não estão presentes à sensação. Mas o fato de tornálos fisicamente presentes em imagem
mostra que a imaginação em relação a algo diferente do espírito. A imaginação seria o pensamento
voltado para os corpos, para coisas materiais e efetivas.isso reforça a prioridade do entendimento
no conhecimento de qualquer coisa e indica uma presuposição de representações de corpos vindas
dos próprios corpos através dos sentidos, o que depois é recomposto na imaginação. Descartes
aalém de criticar a sensação enumera também os argumentos aparentemente favoráveis à hipótese
de uma fonte de idéias sensíveis independentemente.
Descartes, além de criticar essa separação, enumera também os argumentos aparentemente
favoráveis às hipóteses de uma fonte de idéias sensíveis independentemente o pensamento. São
eles:
Coerção: não depende de minha vontade ter ou não representações sensíveis.
Vivacidade: o contato imediato com as coisas provoca representações mais vivas e nítidas.
Quando as recordo elas não têm a mesma nitidez.
Corpopróprio: Algumas sensações são intimamanete ligadas ao que julgo ser o meu corpo.
Interação corpomente: Minha vontade provoca movimentos de meu corpo e, inversamente,
sensações provocam reações no meu espírito.]
A NATUREZA HUMANA: EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTOS
UNIÃO SUBSTANCIAL
A causa da dificuldade que apontamos no item anterior está ligada à doutrina cartesiana da
absoluta separação entre substancia e pensante e substancia extensa. A idéia de extensão é aquela
que permite um tratamento metódico de sua realidade objetiva. A essência é real , mas tem uma
existência ideal ou seja na mente. É por isso que posso ter como mundo exterior apenas um
contato, nunca uma relação de saber.
Ora, essa dificuldade se agrava quando Descartes constata que existe um caso onde a
substância pensante e a substância extensa, embora metafísicamente separadas, na realidade se
encontram unidas formando um composto indissociável.
PENSAMENTO E EXTENSÃO
O que Descartes necessita, do ponto de vista metodológico, para constituição de ciência e
da física, é de uma extensão geométrica suscetível de tratamento científico consistente com os
princípios de sua filosofia. Para que a fisíca se constitua, a extensão de que fala Descartes tem que
significar tabém matéria, pois a física é a ciência dos corpos materiais.
O que Descartes quer verdadeiramente dizer é que, para que o intelecto pense na idéia de
corpo apartir de substância extensa, ele não precisa de nenuma imagem corporia, porque a idéia do
corpo equivale a idéia de extensão. Isso significa que a materialidade efetiva, aquela do âmbito da
percepção, apesar de ser considerada no decorrer da prova de existência do mundo exterior, não
constitui realmente um problema teórico. Descartes afirma que, embora o mundo material exista,
ele não pode ser efetivamete conhecido enquanto tal, isto é, as percepções dos corpos não podem
tornarse idéias objetivas. É como se necessitássemos menos da existência das coisas materiais do
que do conceito de coisas materiais.
PROBLEMAS DO IDEALISMO
REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS
A afirmação da realidade do mundo sensível configura a passagem da essencia (idéia) à
existencia das coisas materiais, isso nos mostra a extraordinária dificuldade que o idealismo
cartesiano teria que superar para que a afirmação da existencia do mundo material fosse
inteiramente demontrativo. Essa é a razão pela qual não pode haver conhecimento teórico do
mundo sensível no que respeita aos seus aspectos qualitativos. É uma possibilidade de antemão
excluida pelo método.
O que Descartes criticava na ciencia aristotélica e escolástica era a mistura de quantidade e
qualidade que tornava essa ciencia obscura, que fazia com que as idéias que ela manipulava não
fossem claras e destintas.