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NOME:​ Adriano Henrique Santos da Costa ​N°:​1 ​CLASSE:​ 2°L

TEMA​: ​Dissertação sobre Ética a Nicômaco tendo em vista a situação atual

Diante da fragilidade com que nos encontramos na quarentena, é notória a fraqueza de


sentido no ser humano: acabamos por sermos escravizados por nós mesmo, ou melhor,
pela nossa vontade desenfreada, aquela que nos tolhe a visão para ​algo superior​; como
disse o padre Paulo Ricardo quando fazia um sermão sobre esta vontade dita acima: ​‘A
pessoa que fica produzindo dopamina demasiadamente toda vez que se encontra em
um problema e acaba por fugir da dor para buscar o prazer, está danificando o seu
cérebro’​. Ou seja, está deixando, de certo modo, de exercer o seu livre arbítrio.
Associando essa situação à obra de Aristóteles (Ética a Nicômaco), de quem pouquíssimo
conhecimento possuo, podemos analisar o seguinte sobre a descrição das vidas possíveis
feita pelo filósofo grego:

● Aquela dos prazeres, onde o ser humano se torna um refém daquilo que
deseja.

Essa, sem sombra de dúvida, faz sua ​presença quando, como disse o padre, ​fugimos dos
nossos deveres, sejam aqueles que impomos a nós mesmos, sejam aqueles que
impuseram sobre nós. Como disse Aristóteles, esta não possui a essência da felicidade, e,
por isso, torna o ser escravo de algo que nunca se completará, ou melhor, de algo que
nunca dará a medida necessária para o gozo buscado. Há outra fala interessantíssima do
padre: ​‘Qualquer um pode ver, toda pessoa que busca o prazer a todo momento fica
irascível com qualquer coisa, fica entediado com tudo, perde a noção do essencial’​.
Creio que esta fala do padre é bem justificada pelo filósofo grego ao dizer: ​“Nosso caráter
é resultado da nossa conduta”​.

● ​Aquela política, que busca a honra pelo convencimento.

Talvez esta, professor Daniel, seja encontrada naqueles, como tu o disseste em aula, que
são bestas com diplomas. Eles precisam do diploma para serem reconhecidos e, com isso,
se tornam preguiçosos com a continuidade dos estudos e pensam, de modo infantil, serem
autoridades em qualquer assunto. Eu mesmo já fui aluno de uma personagem desse
gênero (não se preocupe, não estou falando de ti). Ou seja, eles acabam por faltar com a
ética, pois vivem, como dito popularmente, de aparência, faltam com as responsabilidades
em detrimento do saber.

● Aquela contemplativa, a única que detém, de fato, a essência da felicidade.

Eis a que de fato, como disse Aristóteles, possui a essência da felicidade: a contemplativa.
Não buscamos, quando estamos nesse estado, algo que está exterior a nós, mas algo que
está dentro. As coisas externas tornam-se apenas meios para voltarmos nosso olhar a nós
mesmos. Tentarei dar um exemplo pessoal: Ao assistir, nessa quarentena, A Paixão de
Cristo de Mel Gibson duas vezes, a primeira na versão dublada, a segunda na versão
original (aramaico e latim), fiquei intrigado com a pergunta de Pilatos sobre o que fosse a
verdade. Depois, um amigo me passou um link onde se falava que existia um anagrama na
pergunta ​‘Quid est veritas?’ ​(O que é a verdade ?), ou seja, as mesmas letras utilizadas
para formar esta pergunta podem formar uma resposta e isso explica o silêncio de Jesus. O
anagrama é este: ​‘Est vir qui adest’ ​(É o homem que está presente). Isso me iluminou de
tal forma que senti que poderia morrer naquele mesmo momento e estaria satisfeito com a
vida. (Observação: quem descobriu este anagrama foi Santo Agostinho). Este exemplo foi
uma das formas de viver a contemplação, que é a forma intelectual, quando nosso ser é,
por assim dizer, iluminado; já a outra é seguindo as virtudes, como a temperança
(prudência), a bondade e a justiça.

Após ter dito essas coisas, creio que, principalmente nesses tempos de isolamento social,
ter um objetivo superior é, sem sombra de dúvidas, fundamental para se ter uma felicidade
estável. Ficar preso aos instintos mais primitivos só vai resultar em perda da humanidade,
será reduzido a uma animalidade primitiva. Também ficar tolhido pelos olhares é patético,
pois como disse outro padre, o padre Antonio Vieira no Sermão de Quarta-Feira de Cinzas:
‘Memento homo, pulvis es et ad pulverem reverteris’ ​(Lembra-te, homem, que és pó e
para o pó há de voltar).

FONTES:
https://www.passeidireto.com/arquivo/68439365/etica-a-nicomaco-resenha
https://www.culturagenial.com/livro-etica-a-nicomaco/

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