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INSTITUTO SÃO BOAVENTURA – ISB

Curso: Filosofia
Disciplina: Filosofia Política
Professor: Ms. Vicente Sérgio
Aluno: Paulo Haruo Aoyama

COMENTÁRIO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E VIRTUDE COMO


CAMINHO PARA A FELICIDADE NA PÓLIS PARA ARISTÓTELES1

Paulo Haruo Aoyama2

RESUMO

Neste ensaio procura-se tratar e comentar a respeito das noções de políticas que para
Aristóteles, estava totalmente voltada para o debate sobre virtude, ética, felicidade e o bem-
comum. Trata-se aqui de também estabelecer uma relação entre o papel da lei e da educação
na formação do cidadão para o bem comum e esse bem-comum alinhada à virtude na
felicidade do estado. E assim entender como esse pensamento se amplia com os passos que o
próprio filósofo concede, para que o estado encontre não somente a sua felicidade, mas de
todos os seus cidadãos, que na perspectiva aristotélica, somente no caminho da virtude que os
cidadãos configuram uma unidade com a cidade e a cidade com os seus.

1 Trabalho referente à avaliação da disciplina de Filosofia Política, ofertada pelo Curso de Filosofia do Instituto
São Boaventura (ISB), e ministrada pela Professora Ms. Vicente Sérgio, durante o 2º semestre de 2022.

2 Aluno do Curso de Filosofia, do Instituto São Boaventura. 4º semestre de Filosofia.


INTRODUÇÃO

O grande filósofo macedônio Aristóteles, escreveu muitos livros e um dos mais


conhecidos foi o seu livro chamado ”A Política", esse livro é diferente, pois trata o conceito
de política muito diferente do que se pensa atualmente, não se envolvendo de partido
políticos ou brigas de poder, mas pensa a sociedade como lugar de felicidade e excelência dos
seus integrantes.

Aristóteles usa um método de análise, a partir dos princípios, pois para ele toda a
sociedade tem a sua origem nas famílias especificamente numa família que possui alguma
exigência de destaque, da qual as outras famílias e pessoas se admiravam e se associavam a
estas famílias formando os povoados e depois as cidades.

Diante disso, a origem de toda a sociedade está na virtude e a finalidade de qualquer


cidade está em proporcionar a cada cidadão a possibilidade de alcançar a felicidade máxima
através da busca da excelência. Portanto, uma cidade não existe para fins militares,
comerciais ou econômicos, mas para viver o bem comum.

1. A BOA VIRTUDE DA PÓLIS E DO CIDADÃO

Aristóteles insiste que numa pólis boa a virtude de um homem e de um cidadão deve
ser necessariamente a mesma. (POL III 18, 1288a).

Aristóteles pensa a cidade numa conexão ampla da parte com o todo e o todo com a
parte, diferente do modelo de sociedade que atualmente caminha fragmentada e
individualista. Para ele, o ser humano é um animal político, ou seja, para que o ser humano se
torne plenamente humano ele precisa da sociedade e é na sociedade que ele vai se realizar
como pessoa.

Há um vínculo estreito entre o indivíduo e a sociedade. Em outros sentidos, para que


exista uma boa sociedade é necessário pessoas virtuosas dentro do estado e sociedade. A
ideia é de que quem lidera e quem é liderado deve possuir virtude em alto grau. Isso, de
maneira mais clara, demonstra que para uma polis ser realmente boa, virtuosa e ética depende
do caráter dos cidadãos e de sua participação em tal esfera.

Percebe-se a grande importância desse elemento Isso é de fundamental importância,


porque a vida na comunidade se dá em uma maneira ativa e no pleno desenvolvimento
das melhores competências e virtudes dos cidadãos. Sendo assim, as pessoas com
determinadas competências mais desenvolvidas, devem visando esse bem-comum essa
felicidade da comunidade que é essa evolução do homem, colocá-las em ação para a
comunidade e na comunidade para que possam ser tomadas como referência pelos demais
homens a serem vistas como exemplo e assim estarem sempre nessa perspectiva relacional
com o seu meio.

Tais competências individuais dos cidadãos são de grande fundamento e apresentam-


se como necessárias para um bom caminho de desenvolvimento para alcançar o objetivo da
felicidade da pólis. Pois Aristóteles afirmava que : “A virtude do corpo social inteiro
resulta da virtude de cada cidadão.” (POL VII 13, 1332a, p. 521-522). Sendo assim o
filósofo sempre vai permear o seu pensamento dentro do debate acerca da felicidade, o viver
bem, virtude e o bem-comum e enxergava de um certo modo uma semelhança entre esse
valores, onde a cidade, a família, o povoado, o homem que com seu meio se mantém esses
valores guardados, consequentemente alcançaria a vitória, pois para Aristóteles, a cidade e o
cidadão deveriam assim andarem juntos e por isso todos os cidadãos fazem parte do governo
e assim crescem em virtudes para o bem-comum.

2. UM ESTADO QUE COLOCA A FELICIDADE NA VIRTUDE.

Seguindo a partir da questão da importância da cidade está em busca da virtude que


está alinhada ao desejo de felicidade, Aristóteles vai afirmar que: “A comunidade constituída
a partir de vários provados é a cidade definitiva, após atingir o ponto de uma auto
suficiência praticamente completa; assim, ao mesmo tempo que já tem condições para
assegurar a vida de seus membros, ela passa a existir também para lhes proporcionar uma
vida melhor.” (Aristóteles. Política. A, 1.253.ª.)

Diante disso, percebe-se que a cidade então, é superior ao indivíduo, pois o meio, o
coletivo e social é superior ao indivíduo, o bem comum se torna então superior ao bem
particular. Na cidade a satisfação, a consciência de alcançar todas as necessidades das
pessoas desse meio, se torna algo imprescindível, pois o homem, sendo naturalmente um
animal político, não consegue realizar a sua perfeição sem a sociedade.

O segredo no pensamento de Aristóteles está em entender que para um estado


prosperar e crescer está na virtude e na busca do bem comum, pois um estado que põe a
felicidade na riqueza, são felizes apenas os ricos, um estado que põe a felicidade no poder, a
razão é apenas dominar vários e um estado que enxerga como caminho colocar a felicidade e
os seus princípios alinhados na virtude são felizes, estes são os que têm a vida honrada.

Visto que, para o filósofo, é muito claro que não existe um estado feliz por si mesmo,
se não o que se constitui pela base da honestidade, desses valores, alinhados à virtude. Ao
contrário do que vemos atualmente, a cidade não pode ser uma aglomerado de pessoas que
querem dinheiro e poder , porque isto gerara injustiça porque terá um modelo errado de
felicidade que é ser rico e poderoso, pelo contrário a felicidade deve estar numa vida honesta
e virtuosa e assim o governo será bom , porque nele haverá bons costumes que são alinhados
a esse bem-comum.
Logo, o bem comum se torna a finalidade da cidade, pois essa preocupação com todos
se dá numa participação do desejo que embora seja do indivíduo, do homem, que é o de ser
feliz, também se inclui na cidade. O Desejo coletivo pela felicidade, vai se garantir quando
todos estiverem recebendo proporcionalmente essa vida melhor.

3. A LEI COMO FINALIDADE, EDUCAR PARA O BEM COMUM.

Percebemos que na medida em que o espaço de atuação e realização do cidadão,


como esse animal político é a própria polis, adentramos cada vez mais no debate sobre a
relação entre o cidadão e a cidade. Se de fato, estão tão intrínseco nessa relação e que
dependem um do outro, logo afirmamos que a ética e o caráter do cidadão, também
configuram o caráter ético da cidade e por isso para a cidade ser virtuosa, os cidadãos dela
também de ver. Diante disso, podemos questionar como trilhar esse comum para um bom
alinhamento entre o cidadão e a cidade?

Aristóteles nos concede essa resposta quando afirma no seu livro "Ética a
Nicômaco.”, quando diz que: “A lei nos manda praticar todas as virtudes e nos proíbe de
praticar qualquer vício. E as coisas que tendem a produzir a virtude considerada como um
todo são aqueles atos prescritos pela lei tendo em vista a educação para o bem comum.”
(Livro 5 , Aristóteles - Ética a Nicômaco)

Nota-se, que o papel da educação na formação desse indivíduo, que nasce natural
inclinado para se tornar um ser-comum, para a comunidade, está totalmente voltado para a
busca por formação de bons valores, hábitos e virtudes dentro das relações sociais. Por isso
que a lei, ela pode certamente ser vista como uma ajuda para praticar atos de virtudes e por
outro lado proibir certos vícios. E assim a lei adota a finalidade de educar para o bem comum.

Para Aristóteles uma coisa é clara,quanto mais leis menos virtudes há numa
sociedade. As leis desse modo servem para refrear a corrupção dos cidadãos ou tentar educá-
los. Um exemplo disso nos dias de hoje é a lei de assentos preferenciais nos ônibus e nos
metrôs. Onde a cerca de 50 anos atrás não existia essa lei, porque as pessoas normalmente
davam preferências, então era um hábito geral. Porém, as pessoas começaram a perder esse
habito e começaram então terem um vicio de ignorar as necessidades daqueles que mais
precisavam e por isso se viu a necessidade ter uma lei para explicar obviamente a necessidade
da pessoa que precisa se sentar, apelando a nós a deixar o egoísmo de lado para colocar o
bem comum em primeiro lugar.

O bem comum sempre vai partir daquele princípio que diz: “A sociedade deve ser o
lugar em que todos possam alcançar a sua máxima perfeição e felicidade.” Para isso
precisamos nos colocar à disposição dos outros , deixando de lado o nosso bem particular e se
doando numa sociedade melhor.
CONCLUSÃO

O grande diferencial de Aristóteles, pode-se acreditar que está em ver na política,


como esse fio condutor para uma esperança da sociedade perfeita, de maneira que vivencie da
teoria para a prática. A felicidade para Aristóteles, como foi dito no desenvolvimento deste
ensaio, está concretamente na virtude e a pólis tem gênese, finalidade e sentido na virtude.
Não pode-se perder o sentido de Política que para Aristóteles, não está entrelaçado como
briga de poder ou partidarismo, mas sempre caminhando no modo de buscar o bem comum e
fazer com que a sociedade possibilite a todos de serem cidadãos virtuoso que caminham para
melhores as suas competências juntos em busca para serem felizes. A Política, desse modo
para Aristóteles ,está totalmente voltada à Ética.

Sendo assim, uma “Ética da Política” e não uma “Ética na Política”, isto significa, que
somente na participação e contribuição da pólis de maneira íntegra, participando e atuando
desse modo o homem nessa união, consegue realizar o seu fim último, no caminho da
felicidade e das resposta a suas necessidades aliado ao coletivo e não sozinho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Atena Editora, sd.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural,


1987.

BOBBIO, N & amp; BOVERO, M. Sociedade e Estado na filosofia política moderna. São
Paulo: Brasiliense,1986, p.40-41

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