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MOBILIZAÇÃO E EXERCÍCIOS

TERAPÊUTICOS EM TERAPIA
INTENSIVA
Profª. Elisangela Vilar de Assis

Cajazeiras – PB
2020
OBJETIVO
• Reconhecer os principais benefícios da mobilização
precoce e opções de um programa de exercícios de
acordo com as condições do paciente
Efeitos deletérios da imobilidade na UTI
contribui:
✓ Declínio funcional;

✓Aumento dos custos assistenciais;

✓Redução da qualidade de vida e sobrevida pós-


alta.
Consequências do Repouso Prolongado no Leito
Sistema Musculoesquelético

• Diminuição da massa muscular magra;


• Encurtamento muscular;
• Atrofia muscular;
• Diminuição da densidade óssea;
• Encurtamento do tecido conjuntivo e contraturas
articulares;
• Lesão por pressão.
•.
Consequências do Repouso Prolongado no Leito
Sistema Cardiopulmonar

• Atelectasia;
• Pneumonia;
• Hipersecreção brônquica;
• Intolerância ao ortostatismo;
• Dispneia aos esforços;
• Diminuição da pressão inspiratória máxima e da CVF.
Fraqueza Neuromuscular Adquirida
Fatores Etiológicos:

✓ VM prolongada
✓Imobilidade no leito
✓Desordens clínicas Polineuropatia do
Paciente Crítico
✓Déficit nutricional
✓Exposição a agentes farmacológicos
Mobilização Precoce

• É a aplicação intensiva e precoce da fisioterapia ao paciente


criticamente enfermo e internado em UTI, mesmo nos
pacientes em uso de VM intensiva.

(BUTTIGNOL; PIRES NETO; ANNONI, 2016)


Condutas fisioterapêuticas se baseiam:
• Prevenção e tratamento de atelectasias
• Condições respiratórias relacionadas à remoção de secreção
• Condições relacionadas a falta de condicionamento físico e
declínio funcional
Benefícios da Mobilização Precoce
Diminuição do tempo de VM;

Diminuição do tempo de internação na UTI e no


hospital;

Aumento da força muscular;

Manutenção/Recuperação do grau prévio de


funcionalidade do indivíduo;

Diminuição do número de infecções;

Diminuição do delírio;

Melhora da qualidade de vida;


Mobilização Precoce

Evolução na SDRA
Barreiras para Mobilização Precoce

Equipe inadequada ou insuficiente Ventilação Mecânica

Acessos vasculares periféricos ou Obesidade


centrais presentes

Preocupação em relação à segurança Falta de equipamentos


e à instabilidade fisiológica do
paciente
Custos financeiros

Uso incorreto da sedação


Aprovação da equipe médica
Barreiras para Mobilização Precoce
Modificáveis
Fatores que podem diminuir essas condições:
✓ Criação de um protocolo padrão de atendimento
✓ Discussão de estratégias de mobilização entre as equipes
✓ Utilização de medicações analgésicas ou antidelírio
✓ Treinamento das equipes
✓ Aumento do número de profissionais

Não modificáveis
(BUTTIGNOL; PIRES NETO; ANNONI, 2016)
Hierarquia de Atividades de Mobilização na UTI
1. Mudanças de decúbito e posicionamento funcional;
2. Mobilização passiva;
3. Exercícios ativo-assistidos e ativos;
4. Uso de cicloergômetro na cama;
5. Ortostatismo;
6. Caminhada estática;
7. Transferência da cama para poltrona;
8. Exercícios na poltrona;
9. Caminhada.
Critérios de Segurança para Mobilização Precoce
✓PA média < 65 ou > 120 mmHg;
✓FC <50 ou > 140 bpm;
✓Necessidade de medicação vasoativa;
✓FiO2 > 60% com PaO2 < 70mmHg;
✓PEEP < 8-10cmH2O;
✓SpO2 < 85%;
✓FR > 35 ipm;
✓TºC > 38-39ºC ;
✓Hemoglobina < 7g/dl;
Protocolo de Mobilização Precoce

Diferenças entre os protocolos descritos na literatura:

✓ População estudada
✓ Tipo de pacientes recrutados
✓ Intensidade e dosagem de exercícios
✓ Tipos de exercícios aplicados
✓ Diferenças culturais de cada país
✓ Rotina das unidades
✓ Função que o fisioterapeuta de UTI desempenha em cada país

(BUTTIGNOL; PIRES NETO; ANNONI, 2016)


Recursos Terapêuticos para
Mobilização do Paciente Crítico
✓ Cicloergômetro

✓ Ortostatismo passivo
Recursos Terapêuticos para
Mobilização do Paciente Crítico
✓ Cicloergômetro

Amplamente utilizado na reabilitação de pacientes com DPOC:


• Reduzir a sensação de dispneia
• Aumentar a força muscular
• Favorecer a realização de atividades de vida diária
• Melhorar a qualidade de vida
Recursos Terapêuticos para
Mobilização do Paciente Crítico
✓ Ortostatismo Passivo

Benefícios:
• Controle autonômico cardiovascular
• Ventilação
• Oxigenação
• Estado de alerta
• Resposta postural antigravitacional
• Redução da espasticidade
• Prevenção de contraturas articulares
Protocolo de Mobilização Precoce

Objetivos de um protocolo sistemático de mobilização e/ou exercícios


terapêuticos precoces na fase aguda da doença crítica

Prevenir e/ou minimizar as perdas:


• de amplitude de movimento articular;
• de força e massa muscular periférica;
• de mobilidade para realização de transferências no leito e para fora dele;
• de condicionamento cardiorrespiratório; e
• da independência funcional para os domínios que envolvem o movimento
corporal.
Medical Research Council Scale - MRC

Movimentos: Pontuação:
Abdução do braço;
 Ausência de movimento = 0
Flexão do cotovelo;  Traço de mov. visível = 1
Extensão do punho;  Mov. presente s/ gravidade = 2
Flexão do quadril;  Mov. presente e vence a gravidade = 3
Extensão do joelho;  Mov. presente e vence resist. leve = 4
Flexão plantar.  Mov. presente e vence resist. normal = 5
Protocolo Paciente inconsciente
Nível 1 - Decúbito elevado (Fowler 60º) ou ortostatismo passivo, mobilização passiva
de para MMSS e MMII, alongamento estático e propriocepção articular.
Mobilização Paciente consciente
Nível 2 - Decúbito elevado (Fowler 60º) ou ortostatismo passivo, mobilização ativa de
Precoce extremidades, alongamento estático e propriocepção articular.
MRC > 4 MMSS
Nível 3 - Decúbito elevado (Fowler 60º) ou ortostatismo passivo, mobilização aeróbica
e/ou contra-resistida, alongamento estático e propriocepção articular. Transferência
do paciente para borda da cama (exercícios de controle de tronco e equilíbrio).

MRC > 4 MMII


Nivel 4 - Transferência do paciente para borda da cama (exercícios de controle de
tronco e equilíbrio). Transferência para poltrona. Ortostatismo ativo (exercícios de
equilíbrio e marcha estática).
Capaz de ficar em pé sem assistência
(FRANÇA et al., 2012) Nivel 5 - Transferência do paciente para borda da cama (exercícios de controle de
tronco e equilíbrio). Transferência para poltrona. Ortostatismo ativo (exercícios de
equilíbrio e marcha estática). Deambulação assistida.
Protocolo
de
Mobilização
Precoce
Protocolo de Mobilização Precoce
Fase 1 – Paciente sedado e com drogas vasoativas
• Cinesioterapia passiva em MMSS e MMII;
• Posicionamento com tórax entre 30 e 45o;
• Mudança de decúbito de dorsal para lateral durante os atendimentos.

Fase 2 – Paciente sedado, sem drogas vasoativas ou com estas em redução:


• Cinesioterapia assistida em MMSS e MMII;
• Posicionamento com tórax entre 30 e 45o;
• Mudança de decúbito de dorsal para lateral durante os atendimentos;
• Avaliar critérios para EENM em quadríceps (1 x/dia);
• Cicloergometria de MMII (1x/dia);
• Nos pacientes cooperativos, avaliar possibilidade de treino de rolar no leito e sedestação.
(SCHUJMANN et al., 2019)
Protocolo de Mobilização Precoce
Fase 3 – Paciente contactante e sem drogas vasoativas:
• Cinesioterapia assistida, ativa ou resistida em MMSS e MMII, conforme nível de FM;
• Posicionamento com tórax entre 30 e 45o, se ainda estiver em ventilação mecânica;
• Cicloergometria de MMII (1x/dia);
• Treino de rolar no leito e de deitado para sentado;
• Manuseio de tronco na posição sentada.

Fase 4– Paciente contactante, com bom desempenho em sedestação e FM de quadríceps


> 3:
• Cinesioterapia assistida, ativa ou resistida em MMSS e MMII, conforme FM;
• Treino de transferência de deitado para sentado e controle do tronco;
• Treino de ortostatismo assistido e marcha assistida.
(SCHUJMANN et al., 2019)
Protocolo de Mobilização Precoce

As intervenções que gerem maior consumo energético devem


ser indicadas de forma criteriosa, para não aumentar ainda
mais o desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio. Por
isso, o volume (séries e repetições) e a frequência diária,
deverão ser avaliados de forma individualizada, respeitando os
critérios de segurança.
Eventos Adversos Durante a Mobilização Precoce

✓ Quedas sobre os joelhos


✓ Hipotensão
✓ Queda da saturação periférica de oxigênio < 80%
✓ Extubação
✓ Perda de sonda nasoenteral
✓ Hipertensão arterial
✓ Infecção ou obstrução de cateter
Protocolo de Mobilização

Discussão entre os profissionais com suas equipes


para elaboração e adaptação do melhor protocolo
de mobilização precoce para a população assistida e
para o serviço.
Posicionamento terapêutico

Recomenda-se a postura sentada ou semi-sentada (manutenção


da cabeceira elevada em 30-45o) visando a melhora da mecânica
respiratória e redução do risco para o desenvolvimento de pneumonia
associada a ventilação mecânica (PAV).
Desfechos da Mobilização Precoce

✓ Diminui em dias a duração da VM

✓ Melhor funcionalidade no momento da alta → menor número de readmissões


e mortalidade
Referências
BUTTIGNOL, M.; PIRES NETO, R.C.; ANNONI, R. Protocolos de mobilização precoce no paciente crítico: up-to-date. In:
Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; MARTIN, J.A.; ANDRADE,
F.M.D.; BERALDO, M.A. (organizadores). PROFISIO – Programa de Atualização em Fisioterapia em Terapia Intensiva
Adulto: Ciclo 7. Porto Alegra: Artmed Panamericana; 2016. p.61-101. (Sistema de Educação Continuada a Distância,
v.2)
FRANÇA, E.E.T. et al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da
Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v.24, n.1. p.6-22, 2012.
MARTINEZ, B.P..; ANDRADE, F.M.D. COVID-19 - Mobilização precoce na insuficiência respiratória aguda – IRpA.
Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva – ASSOBRAFIR, P.1-11,
2020.
MUSUMECI, M.M. et al. COVID-19 - RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM TERAPIA INTENSIVA .
Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva – ASSOBRAFIR, P.1-14,
2020.
Referências
PINHEIRO, A.R.; CHRISTOFOLETTI, G . Fisioterapia motora em pacientes internados
na unidade de terapia intensiva: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v.24, n.2, p.188-
196, 2012.
SCHUJMANN, D.S. Impact of a Progressive Mobility Program on the Functional Status, Respiratory and Muscular
Systems of ICU Patients: A Randomized and Controlled Trial. Crit Care Med. 2019 Dec 19.
SILVA, P.E.; ROMANELLI, M.T.C.; MARTINS, J.A. Recursos terapêuticos para mobilização do paciente crítico. In:
Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; DIAS, C.M.; MARTINS,
J.A. (organizadores). PROFISIO – Programa de Atualização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto: Ciclo 4.
Porto Alegra: Artmed Panamericana; 2013. p.9-41. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.2)
OBRIGADA

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