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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO

ALGACYR MUNHOZ MAEDER”


ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM


CONCRETO PRÉ-FABRICADO

BRUNO RODRIGUES DE BRITO


ERICO WILLIAM S. FRANCISCO
KAYNAN YUITI S. OKIMATO

Presidente Prudente - SP
2016
FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO
ALGACYR MUNHOZ MAEDER”
ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM


CONCRETO PRÉ-FABRICADO

BRUNO RODRIGUES DE BRITO


ERICO WILLIAM S. FRANCISCO
KAYNAN YUITI S. OKIMATO

Trabalho de Conclusão, apresentado a


Faculdade de Engenharia “Conselheiro
Algacyr Munhoz Maeder” Curso de
Engenharia Civil, Universidade do Oeste
Paulista, como parte dos requisitos para a
sua conclusão.

Orientador:
Prof. Me. Filipe Bittencourt Figueiredo

Presidente Prudente - SP
2016
BRUNO RODRIGUES DE BRITO
ÉRICO WILLIAM S. FRANCISCO
KAYNAN YUITI S. OKIMATO

ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM


CONCRETO PRÉ-FABRICADO

Trabalho de Conclusão, apresentado a


Faculdade de Engenharia “Conselheiro
Algacyr Munhoz Maeder” Curso de
Engenharia Civil, Universidade do Oeste
Paulista, como parte dos requisitos para a
sua conclusão.

Presidente Prudente, 24 de Novembro de 2016

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof. Me. Orientador Filipe Bittencourt Figueiredo
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste
Presidente Prudente-SP

_______________________________________________
Prof. Me. Amaro Dos Santos
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste
Presidente Prudente-SP

_______________________________________________
Prof. Me. Carlos Roberto Souza e Filho
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste
Presidente Prudente-SP
DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado aos nossos pais, que desde o ventre


nos amaram e depositaram toda a confiança em nós, sempre nos apoiando
incondicionalmente, nos dando sabedoria para lutarmos e chegarmos aonde
chegamos. Não há satisfação maior que formarmos e podermos dizer que
conseguimos graças a vocês. Obrigado por tudo.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente queremos agradecer a Deus, pois, tudo o que somos,


conquistamos e aprendemos, devemos a ele, o maior mestre que alguém pode
conhecer.
Agradecemos ao nosso orientador, Prof. Me. Filipe Bittencourt
Figueiredo, pela paciência, dedicação e suas valiosas orientações que fizeram
possível a realização desse trabalho.
Agradecemos ao Prof. Esp. Erickson de Lima Arving pela extensa
experiência passada em aulas e visitas técnicas, por todo o apoio em tempo integral,
se prontificando a sempre ajudar com toda a dedicação.
Agradecemos a todos os Professores que nos proporcionaram
conhecimentos para a formação profissional, pela paciência e persistente vontade
em nos ensinar tudo o que precisamos, mostrando o valor do caráter na formação
profissional, aos nossos queridos mestres, o nosso eterno agradecimento.
Agradecemos aos nossos pais, por todo apoio, cuidado, incentivo e
amor nos dado não só ao longo de toda nossa formação acadêmica, mas também,
ao longo de nossas vidas, por existirem e possibilitarem sermos reflexos dos
maiores heróis que conhecemos, vocês.
Agradecemos a todos os familiares, que sempre nos deram forças em
momentos de dificuldades, e entenderam a nossa ausência quando tivemos por
prioridades os estudos.
Nossos agradecemos a todos os nossos amigos de longa data, e aos
amigos que fizemos ao longo da formação acadêmica, com toda certeza queremos
que continuem presentes em nossas vidas.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, o
nosso muito obrigado.
“Numa sociedade com base no conhecimento, por definição é
necessário que você seja estudante a vida toda”. (Tom Peters)
RESUMO

Análise estrutural de um edifício com seis pavimentos em concreto pré-


fabricado

Com o crescimento da busca por novas tecnologias na área da construção civil, o


uso do concreto pré-fabricado ganhou muito espaço nos sistemas construtivos,
principalmente por sua rapidez de aplicação e controle qualidade adquirida pela
industrialização do mesmo, com o intuito de analisar o comportamento de estruturas
com esse tipo de sistema, o presente trabalho realiza uma análise de caso de um
edifício de seis pavimentos em concreto pré-fabricado, verificando o comportamento
de uma viga isoladamente, sendo esta, a viga mais crítica da estrutura, e o
comportamento da estabilidade global dessa estrutura, verificando o seu
deslocamento. Para elaboração deste estudo, foi feito uma revisão bibliográfica do
histórico do concreto pré-fabricado, sistemas estruturais, particularidades do projeto
de estruturas, ligações entre elementos estruturais e por fim, particularidades da
análise estrutural, como, modelo estrutural, condições básicas para análise, estados
limites, equilibro estático externo, estabilidade das estruturas e método dos
elementos finitos. Após toda a fundamentação teórica, foi descrito o edifício em
estudo para a posterior análise da estrutura, na execução da análise da viga foi
usado o software Abaqus® FEA Finite Element Analysis, onde se verificou os
deslocamentos pelo método dos elementos finitos, já na análise da estabilidade
global da estrutura, foi utilizado o software Cypecad®, onde, após criar o modelo da
estrutura, a mesma foi submetida à análise global conhecendo-se os deslocamentos
provenientes das combinações de ações do vento, peso próprio, cargas
permanentes e sobrecargas. Finalizadas as análises computacionais, alcançaram-se
os objetivos do trabalho, conhecendo o comportamento da estrutura mais próximo
da realidade na qual está empregado o edifício em concreto pré-fabricado.

Palavras-chave: Análise Estrutural. Concreto Pré-Fabricado. Método dos Elementos


Finitos. Estabilidade Global das Estruturas.
ABSTRACT

Structural analysis of a building with six prefabricated concrete floors

With the growth of the search for new technologies in the field of civil construction,
the use of precast concrete has gained much space on constructive systems, mainly
by its speed of implementation and quality control acquired by industrialization, with
the aim of analyzing the behavior of structures with this type of system, this work
performs an analysis of the case of a building of six floors in precast concrete by
checking the behaviour of a beam alone, being this, the beam more criticism of the
structure, and the behavior of the overall stability of this structure by checking the
displacement. For the preparation of this study, was made a bibliographical review of
the history of precast concrete, structural systems, details of project structures, links
between structural elements and finally, particularities of structural analysis, structural
model, basic conditions for analysis, limits, States balance external static stability of
structures and finite element method. After all the theoretical foundation, described
the building in study for further analysis of the structure, in the execution of the
analysis of the beam was used the software Abaqus® FEA Finite Element Analysis,
where there has been movement by finite element method in analysis of the overall
stability of the structure, was used the software Cypecad®, where, after creating the
model of the structure the same was submitted to global analysis knowing the offsets
from the combinations of wind actions self-weight, permanent loads and overloads.
Finalized the computational analysis, reached the goals of the work, knowing the
behavior of structure closer to the reality in which is employed in the building precast
concrete.

Keywords: Structural Analysis. Precast Concrete. Finite Element Method. Global


Stability of Structures.
LISTA DE SIGLAS

BNH – Banco Nacional de Habilitação


CP – Carga Permanente
CRUSP – Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo
Ed – Edição
ELU – Estado Limite Último
ELS – Estado Limite de Serviço
EESC – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo
FEA – Finite Element Analysis
FUNDUSP – Fundo de Construção da Universidade de São Paulo
MEF – Método dos elementos finitos
NBR – Norma Brasileira
NLF – Não Linearidade Física
NLG – Não Linearidade Geométrica
MEF – Método dos elementos finitos
PP – Peso Próprio
RJ – Rio de Janeiro
RS – Rio Grande do Sul
SC – Sobre Carga
SP – São Paulo
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria
V-x – Vento na direção -Y
Vx – Vento na direção +Y
V-y – Vento na direção -X
Vy – Vento na direção +X
LISTA DE SÍMBOLOS

® - Marca Registrada
αr - Fator de restrição à rotação
α - Parâmetro de instabilidade alfa
γz - Coeficiente Gama-z
m² - Metro quadrado
m - Metro
fck - Resistência característica do concreto
Mpa - Mega Pascal
KN - Quilo Newton
m³ - Metro cúbico
E - Módulo de elasticidade do concreto
ν - Coeficiente de Poisson
γc - Peso específico do concreto
cm - Centímetros
s - Segundos
VK - Velocidade Característica do vento
V0 - Velocidade básica do vento
S1 - Fator topográfico;
S2 - Fator considerando rugosidade do terreno, dimensões da edificação
e altura sobre o terreno.
S3 - Fator estatístico S3
Q - Pressão dinâmica do vento
Pa - Pascal
3D - 3 Dimensões
mm - Milímetro
% - Por cento
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Condições para análise conforme a geometria........................ 38


QUADRO 2 - Condições para análise conforme os materiais e as ações..... 38
QUADRO 3 - Cargas nas lajes........................................................................ 75
QUADRO 4 - Cargas nas vigas....................................................................... 75
QUADRO 5 - Momentos de reviramento........................................................ 85
QUADRO 6 - Momento por tipo de cargas verticais....................................... 86
QUADRO 7 - Valores do coeficiente γz.................................................................................... 86
QUADRO 8 - Maiores flechas em vigas......................................................... 87
QUADRO 9 - Pilares com os maiores esforços desfavoráveis....................... 87
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Sistema de estrutura aporticada.................................................... 23


FIGURA 2 - Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura
esqueleto....................................................................................... 24
FIGURA 3 - Sistema de painéis de fachada..................................................... 25
FIGURA 4 - Pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios
de uso geral.................................................................................. 26
FIGURA 5 - Sistema celular de concreto pré-fabricado.................................... 27
FIGURA 6 - Sistema estrutural esqueleto......................................................... 28
FIGURA 7 - Sistema estrutural esqueleto em múltiplos pavimentos................. 29
FIGURA 8 - Comportamento não linear das ações e deformações da
estrutura......................................................................................... 42
FIGURA 9 - Efeitos de segunda ordem na estrutura......................................... 43
FIGURA 10 - definição de estrutura de nós fixos e nós móveis a partir dos
resultados obtidos pelos Coeficientes Yz e α................................ 44
FIGURA 11 - Malha de Elementos Finitos (para problema plano)...................... 46
FIGURA 12 - Laje discretizada em diversas placas............................................ 47
FIGURA 13 - Diferentes tipos de elementos finitos............................................. 48
FIGURA 14 - Planta situação do edifício............................................................. 50
FIGURA 15 - Planta baixa do pavimento térreo.................................................. 52
FIGURA 16 - Planta baixa pavimento tipo (primeiro ao quarto pavimento)......... 53
FIGURA 17 - Planta baixa do quinto pavimento.................................................. 54
FIGURA 18 - Planta dos pilares do edifício......................................................... 55
FIGURA 19a - Foto do edifício em estudo............................................................. 56
FIGURA 19b - Foto do edifício em estudo............................................................. 57
FIGURA 20 - Dimensões da viga em estudo....................................................... 58
FIGURA 21 - Identificação da viga em estudo.................................................... 59
FIGURA 22 - Foto da viga em estudo................................................................. 59
FIGURA 23 - Modelagem da viga com carregamento e apoios.......................... 61
FIGURA 24 - Malha dos elementos finitos.......................................................... 62
FIGURA 25 - Deslocamentos no eixo X (U1)...................................................... 63
FIGURA 26 - Deslocamentos no eixo Y (U2)...................................................... 63
FIGURA 27 - Deslocamentos no eixo Z (U3)....................................................... 64
FIGURA 28 - Isopletas de velocidade básica...................................................... 66
FIGURA 29 - Introdução dos pisos..................................................................... 70
FIGURA 30 - Introdução de pilares..................................................................... 71
FIGURA 31 - Introdução de vigas e tubulões..................................................... 72
FIGURA 32 - Introdução das lajes...................................................................... 73
FIGURA 33 - Lançamentos das escadas............................................................ 74
FIGURA 34 - Dimensões para cálculo do vento................................................. 76
FIGURA 35 - Coeficiente de arrasto................................................................... 76
FIGURA 36 - Deformação em –Y (com a laje).................................................... 78
FIGURA 37 - Deformação em –Y (sem a laje).................................................... 79
FIGURA 38 - Deformação em +Y (com a laje).................................................... 80
FIGURA 39 - Deformação em +Y (sem a laje).................................................... 81
FIGURA 40 - Deformação em -X (com a laje)..................................................... 82
FIGURA 41 - Deformação em -X (sem a laje).................................................... 83
FIGURA 42 - Deformação em +X (com a laje)................................................... 84
FIGURA 43 - Deformação em +X (sem a laje)................................................... 85
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15
2 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 17
3 OBJETIVO ........................................................................................... 18
3.1 Objetivo geral ..................................................................................... 18
3.2 Objetivos específicos ........................................................................ 18
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 19
4.1 História do concreto pré-fabricado................................................... 19
4.1.1 Breve histórico ..................................................................................... 19
4.1.2 Concreto Pré-fabricado no Brasil ......................................................... 20
4.2 Diferença entre elementos Pré-fabricados e elementos Pré-
moldados ............................................................................................ 22
4.3 Sistemas estruturais .......................................................................... 22
4.3.1 Sistema de estrutura aporticada .......................................................... 23
4.3.2 Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto .. 24
4.3.3 Sistema de painéis de fachada ............................................................ 25
4.3.4 Sistemas de pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para
edifícios de uso geral ........................................................................... 26
4.3.5 Sistema celular de concreto pré-fabricado ........................................... 27
4.3.6 Sistema estrutural esqueleto ................................................................ 28
4.4 Projeto de estruturas pré-fabricadas................................................ 30
4.4.1 Particularidades do projeto................................................................... 30
4.4.2 Princípios para projetos........................................................................ 31
4.5 Ligações.............................................................................................. 33
4.5.1 Tipos de ligações ................................................................................. 35
4.6 Análise estrutural ............................................................................... 36
4.6.1 Modelo estrutural ................................................................................. 37
4.6.2 Condições básicas da análise estrutural .............................................. 38
4.6.3 Estados limites ..................................................................................... 39
4.6.4 Equilíbrio estático externo .................................................................... 40
4.6.5 Estabilidade das estruturas .................................................................. 41
4.6.6 Método dos Elementos Finitos ............................................................. 45
5 METODOLOGIA .................................................................................. 49
6 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO ................................................................. 50
6.1 Localização do edifício ...................................................................... 50
6.2 Descrição do prédio ........................................................................... 51
7 ANÁLISES COMPUTACIONAIS ......................................................... 58
7.1 Análise da viga por elementos finitos. ............................................. 58
7.1.1 Modelagem e análise no Abaqus® ...................................................... 61
7.1.2 Análises dos resultados ....................................................................... 64
7.2 Análise da estabilidade global do edifício ....................................... 65
7.2.1 Ação do vento ...................................................................................... 65
7.2.2 Modelagem e análise no Cypecad® .................................................... 69
7.2.3 Análises dos resultados ....................................................................... 88
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 89
REFERÊNCIAS ................................................................................... 91
15

1 INTRODUÇÃO

A industrialização do concreto pré-moldado vem ganhando cada vez


mais espaço no mercado da construção civil, pois, comumente, aumenta-se o
interesse por novas tecnologias que influenciam na eficiência do produto final,
proporcionando uma melhor relação entre qualidade, custo e prazo. Além da sua
forte característica de velocidade de aplicação, os elementos de concreto pré-
fabricado, por receberem um rigoroso controle de qualidade em sua fabricação,
proporcionam maior segurança à estrutura na qual serão empregados, qualificando
ainda mais o uso desse método construtivo.
Na concepção de um projeto de estruturas, no uso de qualquer método
construtivo, é altamente necessária à realização da análise estrutural, a mesma, tem
por objetivo, prever o comportamento da estrutura, com a finalidade de verificar suas
condições de segurança.
A segurança de uma estrutura é um ponto de extrema importância e
deve ser tratado de forma a assegurar que nunca se ultrapassem os estados limites
de utilização, pois, a ruína de uma estrutura, pode causar danos irreversíveis como a
perda de vidas humanas.
Por existirem poucos estudos em relação à análise estrutural em
edifícios de concreto pré-fabricado, poucos engenheiros se preocupam com essa
questão, ocasionando em um crescente número de erros no dimensionamento
dessas estruturas.
Kimura (2007, p. 38), ressalta que “A análise estrutural é uma etapa
muito importante. De nada adianta dimensionar as armaduras de uma maneira
extremamente refinada se os esforços calculados não traduzem a realidade que a
estrutura estará sujeita”.
Em circunstância do ganho de espaço do sistema construtivo em
concreto pré-fabricado na construção civil, tendo em vista que há poucos estudos
sobre a análise estrutural do mesmo, faz-se necessário um melhor entendimento
sobre seu comportamento estrutural, a fim de obter informações que possam ser
aplicadas na realização de projetos desse tipo de sistema.
A fim de realizar estudos sobre o comportamento estrutural de um
edifício de concreto pré-fabricado e ampliar o conhecimento sobre o assunto, o
presente trabalho apresenta um estudo de caso, realizando uma análise estrutural
16

computacional com base no método dos elementos finitos, além de verificar a


estabilidade global da superestrutura de um edifício de seis pavimentos em concreto
pré-fabricado, localizado na cidade de Presidente Prudente - SP. Para realização de
tal estudo, serão abordados temas sobre o concreto pré-fabricado em forma de
revisão bibliográfica, tais como, históricos e conceitos sobre sistemas estruturais,
ligações, projeto de estruturas e análise estrutural, com o intuito de fundamentar e
adquirir um preparo teórico sobre o tema.
Para a execução da análise estrutural serão utilizados dois o softwares,
o software Abaqus® FEA - Finite Element Analysis, onde, será analisado o
comportamento estrutural de uma viga do edifício em estudo, pelo método dos
elementos finitos e o software Cypecad®, onde será analisada a estabilidade global
da estrutura por meio de um modelo da mesma.
O desenvolvimento do trabalho será dividido em cinco partes, onde, na
primeira parte serão abordados conceitos sobre o concreto pré-fabricado, desde
dados históricos no Brasil e no mundo, até as particularidades para concepção de
um projeto de estruturas, bem como as ligações dos elementos de concreto pré-
fabricado; a segunda parte abordará os aspectos de uma análise estrutural,
questões de segurança, estabilidade de estruturas e a descrição do método
escolhido para análise; na terceira será descrito o edifício estudado nesse trabalho,
apresentando dados gerais e desenhos do projeto do edifício; na quarta e quinta
parte, respectivamente, será realizada a análise estrutural do edifício e a
apresentação dos resultados obtidos.
17

2 JUSTIFICATIVA

Com o crescimento populacional nas últimas décadas, principalmente


em áreas urbanas, fez-se necessária a busca por novos métodos construtivos que
atendessem a grande demanda por novas construções de maneira mais eficiente
com relação aos aspectos de prazo, custo, qualidade e segurança (IGLESIA, 2006).
O emprego do pré-fabricado vem sendo uma solução muito eficiente
que atende tais aspectos, segundo Acker (2002, p. 2, grifo nosso):

A indústria de pré-fabricados está continuamente fazendo esforços para


atender as demandas da sociedade, como por exemplo: economia,
eficiência, desempenho técnico, segurança, condições favoráveis de
trabalho e de sustentabilidade.

A industrialização do concreto pré-moldado oferece um rigoroso


controle de qualidade e uma maior eficiência no produto final, o qual favorece a
segurança da estrutura. A segurança é de suma importância, pois, está envolvida
diretamente com vidas humanas e grandes investimentos financeiros, para garantir
essa segurança, é fundamental que seja feita uma análise estrutural. Além de
garantir a segurança, a análise estrutural proporciona aos projetistas conhecer com
maior precisão o comportamento da estrutura, possibilitando assim um melhor
dimensionamento da mesma.
18

3 OBJETIVO

3.1 Objetivo geral

O objetivo geral do presente trabalho é apresentar uma análise do


comportamento estrutural de um edifício com sistema construtivo em concreto pré-
fabricado.

3.2 Objetivos específicos

 Fazer um levantamento bibliográfico sobre o sistema construtivo


em concreto pré-fabricado apresentando seu histórico e conceitos sobre sistemas
estruturais, ligações, concepção de projeto e análise estrutural.
 Descrever o edifício de 6 pavimentos no qual será realizado a
análise estrutural.
 Avaliar o comportamento estrutural de uma viga do edifício em concreto pré-
fabricado através de simulação computacional no software Abaqus® FEA -
Finite Element Analysis.
 Avaliar a estabilidade global da superestrutura através de uma simulação
computacional no software Cypecad®.
19

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é feito uma revisão bibliográfica sobre o concreto pré-


fabricado, apresentando histórico e conceitos sobre sistemas estruturais, ligações,
particularidades para concepção do projeto e análise estrutural.

4.1 História do concreto pré-fabricado

4.1.1 Breve histórico

De acordo com Vasconcellos (2002), não se sabe exatamente a data


que começou a utilizar o concreto pré-moldado. O surgimento do concreto armado
ocorreu com a pré-moldagem de elementos, fora do local de sua aplicação final.
Com isso, pode-se dizer que o pré-moldado começou com a criação do concreto
armado. Depois que surgiram as estruturas de concreto moldadas no local de seu
uso.
Segundo Senden (2015) foi após a Segunda Guerra Mundial,
principalmente na Europa, que surgiu a necessidade de reconstrução rápida, o que
impulsionou a utilização de pré-fabricado nas construções. A necessidade de
reconstruir em grande escala escolas, hospitais, entre outros, levou a escolha do
uso de pré-fabricados pela sua velocidade de construção.
Para Sirtoli (2015) para atender a demanda uma das soluções
encontradas era deslocar as operações que ocorriam no canteiro de obra para fora
do local da construção, na indústria, com isso surgindo a pré-fabricação dos
elementos.
Salas (apud Senden, 2015, p. 3) divide a utilização do concreto pré-
fabricado em três etapas:
 De 1950 a 1970 – Período em que a devastação ocasionada
pela Segunda Guerra Mundial, houve a necessidade de rápida reconstrução de
diversos tipos de edifícios, como escolas, residências, comércios, indústrias e
hospitais. Em razão a sua velocidade de construção e racionalização o sistema
construtivo de pré-fabricados fez com que a Europa começasse a utiliza-lo nas
construções dessa época. De modo que os elementos eram do mesmo fornecedor
ficou conhecido como ciclo fechado.
20

 De 1970 a 1980 – Época em que aconteceram inúmeros


acidentes em construções com grandes painéis pré-fabricados. Desta maneira
originou uma rejeição para este sistema construtivo, além de uma revisão do
processo construtivo de grandes elementos pré-fabricados, tendo o começo da
queda deste tipo de sistema construtivo.
 Pós 1980 – Surgimento do sistema de pré-fabricação de ciclo
aberto, criando componentes padronizados que seriam compatíveis com elementos
de fabricantes diferentes.
Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) ainda falam sobre um novo sistema
chamado de ciclo flexibilizado que apresenta características do ciclo fechado e do
ciclo aberto.
Segundo Oliveira (2002) as pesquisas e desenvolvimento para novos
processos construtivos em pré-fabricados na América do Norte aconteceram a partir
das experiências europeias após a Segunda Guerra Mundial. Com isso os prédios
de múltiplos pavimentos com elementos pré-fabricados só vieram ser viável após
1960. Aplicações comerciais de construção modular como hotéis, escritórios,
hospitais e escolas começou a surgir ao longo dos anos 70, dos anos 80, dos anos
90, e na década de 2000.

4.1.2 Concreto Pré-fabricado no Brasil

Segundo Oliveira (2002) no Brasil não houve uma crise de falta de


edificações em grande escala, pois não sofreu devastações devido à Segunda
Guerra Mundial, como corrido na Europa. No entanto, surge no final da década de
50 a preocupação com a racionalização e a industrialização de processos
construtivos.
De acordo com Vasconcellos (2002) a primeira grande obra que se tem
noticia no Brasil de utilização de elementos pré-moldados é o hipódromo da Gávea,
no Rio de Janeiro. A obra foi executada em 1926 pela firma construtora
dinamarquesa Christiani-Nielsen, com sucursal no Brasil. Dentre os elementos pode-
se citar as estacas, que sua quantidade constituiu em um recorde sul-americano.
Conforme Vasconcellos (2002) na cidade de São Paulo, alguns anos
depois, a Construtora Mauá, especializada em construções industriais, executou,
nos próprios canteiros das obras, diversos galpões pré-moldados. Em alguns foi
21

utilizado o processo de executar as peças deitadas umas sobre as outras


verticalmente, separadas apenas por um papel parafinado. Era um procedimento
que economizava tempo e espaço, pois não precisava esperar que o concreto
endurecesse para executar a próxima camada, podendo ser empilhadas até 10
peças.
Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) afirmam que a construtora Mauá
iniciou com a construção da fábrica do Curtume Franco-Brasielira a pré-fabricação
no canteiro de obras. A estrutura tinha tesouras em forma de viga vierendeel curva.
Vasconcellos (2002) relata que a primeira tentativa de pré-fabricação
de edifícios de vários pavimentos, com estrutura reticulada, foram alguns prédios da
cidade universitária Armando Salles de Oliveira (CRUSP), em São Paulo, conjunto
habitacional da USP de 1964, que abrigava estudantes de outras cidades que
ingressavam na universidade. O projeto inicial era de 12 prédios de 12 pavimentos,
projetados pelo FUNDUSP. Desconfiados da novidade o FUNDUSP dividiu a
construção dos prédios para duas firmas, uma executando 6 prédios pelo sistema de
concreto armado tradicional e outra executando 6 prédios em pré-fabricados. O
resultado foi que os 6 prédios do sistema tradicional foram entregues primeiro, a
empresa que executou os pré-fabricados fizeram um trabalho perfeito mas tiveram
que resolver diversos problemas decorrentes da falta de experiência dos operários,
que nunca tinham trabalho com esse tipo de construção.
Segundo Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) na década de 50 houve um
crescimento demasiado da população urbana, chegando a obter índices nunca antes
vistos, causando enormes problemas de déficit habitacional, fazendo com que o
governo em 1966 criasse o Banco Nacional de Habitação (BNH), que tinha como
objetivo reduzir esse déficit e impulsionar a construção civil.
Conforme Oliveira (2002) no inicio de sua atuação o BNH adotou uma
politica para desestimular o pré-fabricado no setor de habitação, tentando privilegiar
a mão-de-obra não qualificada no canteiro. Em meados dos anos 70, o banco
mudou suas diretrizes para o setor, passando a estimular e patrocinar pesquisas e o
desenvolvimento de novas tecnologias como a construção com elementos pré-
fabricados de concreto.
De acordo com Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) após vários problemas
de construção com o uso de pré-fabricados, sendo recomendados até a demolição
22

de algumas edificações, eles praticamente deixaram de existir nas décadas de 80,


retornando apenas da década de 90.
Atualmente, com os investidores buscando por projetos com grande
velocidade de execução que viabilizem seus investimentos, podemos notar um
grande crescimento na demanda e utilização do concreto pré-fabricado em diversos
tipos de edificações comerciais, residenciais, hotéis e edifícios industriais.

4.2 Diferença entre elementos Pré-fabricados e elementos Pré-moldados

Ainda que sejam expressões semelhantes, seus significados são


distintos, principalmente no que se refere à qualidade.
A NBR 9062/2006 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2001, p. 3), define elementos de concreto pré-moldado como sendo:
“Elemento que é executado fora do local de utilização definitiva na
estrutura, com controle de qualidade [...].”
A mesma NBR 9062/2006 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2006, p. 3), define também elementos de concreto pré-fabricado como
sendo:
“Elemento pré-moldado, executado industrialmente, mesmo em
instalações temporárias em canteiros de obra, sob condições rigorosas de controle
de qualidade [...].”
Ou seja, a maior diferença entre elementos de concreto pré-fabricado e
elementos de concreto pré-moldado se dá pelo maior controle de qualidade que é
possibilitado pela industrialização desses elementos. Transferir a elaboração de
elementos de concreto dos canteiros de obras para a indústria também possibilita
economia de mão de obra, eficiência no produto final, redução no tempo de serviço,
além do rigoroso controle de qualidade que as fabricas oferecem através dos seus
profissionais qualificados (ACKER, 2002).

4.3 Sistemas estruturais

Segundo El Debs (2000), em pré-fabricados de concreto, os sistemas


estruturais se atentam mais nos aspectos construtivos do que nos estruturais, dando
23

foco na maior facilidade do manuseio, transporte, montagem e execução das


ligações dos elementos que irão compor a estrutura.
Para e escolha do sistema estrutural a ser utilizado em concreto pré-
fabricado, é necessário analisar diversos fatores construtivos que implicam
diretamente na sua escolha, podendo ser definidos a partir da tipologia da
edificação. Segundo Acker (2002), a indústria pré-moldada oferece aparentemente
um grande número de soluções construtivas, que fazem parte de um número
limitado de sistemas estruturais básicos, os tipos mais comuns de sistemas
estruturais de concreto pré-moldado são: Estruturas aporticadas, estruturas em
esqueleto, estrutura em painéis estruturais, estrutura para pisos, sistemas para
fachada e sistema celulares. A seguir, serão apresentados os sistemas estruturais
citados a cima.

4.3.1 Sistema de estrutura aporticada

Constituído por elementos estruturais lineares como vigas de


fechamento, pilares e lajes, o sistema estrutural aporticado é mais utilizado em
construções industriais e comerciais, como armazéns, por possibilitar maiores vãos e
maiores espaços sem interferência de pilares e paredes (ACKER, 2002). A Figura 1
apresenta um exemplo do sistema de estrutura aporticada.

FIGURA 1 – Sistema de estrutura aporticada.

Fonte: Acker (2002).


24

4.3.2 Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto

Os painéis estruturais combinado com o sistema em esqueleto tem


como função principal o fechamento interno e externo, além de ser utilizados em
caixas de elevadores, núcleos centrais, etc. Esse tipo de sistema é mais utilizado em
residências, tanto casas, como apartamentos, podendo ser painéis de fechamentos
e também portantes, estes, possui superfície lisa nos dois lados, dando praticidade
por poder receber diretamente a pintura, oferecendo maior rapidez na construção,
acabamento liso, além de obter um bom isolamento acústico e resistência ao fogo
(ACKER, 2002). A Figura 2 apresenta um exemplo de sistemas de painéis
estruturais combinado com estrutura esqueleto.

FIGURA 2 – Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto.

Fonte: Acker (2002).


25

4.3.3 Sistema de painéis de fachada

Os sistemas de painéis de fachada podem ter função estrutural como


também de fechamento, os painéis de fachada estrutural substitui os pilares na
borda e as vigas de sustentação dos pisos, se tornando uma solução econômica,
podem até ser usados em qualquer tipo de construção, fixados tanto em elementos
pré-fabricados, como também em estruturas de concreto moldado no local ou
estruturas metálicas (ACKER, 2002). A Figura 3 apresenta um exemplo de sistema
de painéis de fachada.

FIGURA 3 – Sistema de painéis de fachada.

Fonte: Acker (2002).


26

4.3.4 Sistemas de pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios


de uso geral

Sendo esses uns dos sistemas de pré-moldados mais antigos, o


sistema de pisos pré-fabricados e sistemas de coberturas em pré-fabricado são
compreendidos por uma grande variedade de sistemas, destacando os cincos
principais como sendo: sistemas de painéis alveolares protendidos; sistemas de
painéis com nervuras protendidas; sistemas de painéis maciços de concreto,
sistema de lajes mistas, sistemas de laje com vigotas pré-moldadas. Esses sistemas
possuem vantagens em relação à rapidez de construção, a alta capacidade de
alcançar maiores vãos e por não necessitar de escoramento ocasionando assim
maior economia em custo e tempo (ACKER, 2002). A Figura 4 apresenta um
exemplo de sistema de painéis de fachada.

FIGURA 4 - Pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios de uso


geral.

Fonte: Acker (2002).


27

4.3.5 Sistema celular de concreto pré-fabricado

O sistema celular de concreto pré-fabricado pode ser utilizado em algumas partes


das construções, como garagens, banheiros, cozinhas, etc. É o sistema mais
vantajoso em relação à rapidez, em sua fabricação à industrialização ocorre até no
termino da mesma, além de poder ser montados completamente ainda na fabrica,
entretanto, esse sistema apresenta grande dificuldade no transporte e menor
flexibilidade arquitetônica, na qual implica de poder ser executados apenas em
algumas partes das construções (ACKER, 2002). A Figura 5 apresenta um exemplo
de sistema celular de concreto pré-fabricado.

FIGURA 5 – Sistema celular de concreto pré-fabricado.

Fonte: Acker (2002).


28

4.3.6 Sistema estrutural esqueleto

O sistema estrutural esqueleto, também possui elementos lineares em


sua estrutura, tais como, vigas, pilares e lajes, esse sistema normalmente é
independente dos outros subsistemas da edificação, como sistema hidráulico,
elétrico e de fechamento, possibilitando alterações com maior facilidade no uso da
edificação. Caracterizado também por oferecer maior flexibilidade de projeto
arquitetônico, esse tipo de sistema é mais utilizados em construções de escritórios,
escolas, hospitais, estacionamentos, etc. (ACKER, 2002). A Figura 6 apresenta um
exemplo do sistema estrutural em esqueleto.

FIGURA 6 – Sistema Estrutural em esqueleto.

Fonte: Acker (2002).

O sistema fornece maiores vãos, número reduzido de pilares internos,


dando assim maior flexibilidade arquitetônica, esse sistema oferece a possibilidade
de fechamento com qualquer tipo de material, além de combinações com outros
sistemas e elementos de pré-moldados industrializados, por exemplo; Lajes
alveolares protendidas, painéis pré-moldados para pisos e fachadas (ACKER, 2002).
29

Escadas e poços de elevadores são elementos que fazem parte da


estrutura desse sistema, contudo, é possível empregar esse sistema estrutural para
edificações com até 20 ou mais pavimentos (ACKER, 2002).
Acker (2002) ressalta que, as caixas de escadas e de elevadores têm
razões funcionais no sistema esqueleto em estrutura de concreto pré-fabricado, dão
auxilio no sistema de contraventamento dessa estrutura, minimizando custos
adicionais com a estabilização da mesma.
A Figura 7 a seguir apresenta um exemplo de sistema estrutural
esqueleto em múltiplos pavimentos

FIGURA 7 – Sistema estrutural esqueleto em múltiplos pavimentos.

Fonte: Azumbuja Pré-Moldados (2016).


Adaptado pelos autores.
30

4.4 Projeto de estruturas pré-fabricadas

4.4.1 Particularidades do projeto

O projeto da estrutura de pré-fabricados em concreto, assim como todo


sistema estrutural, visa garantir a estabilidade global e a rigidez do edifício,
possuindo particularidades que devem ser previstas e analisadas.
A pré-fabricação de elementos estruturais em concreto não deve ser
vista como uma variante técnica de estruturas em concreto convencional. Pois,
assim como todo sistema construtivo, a pré-fabricação de estruturas de concreto
possui suas próprias características. Diferente do projeto das estruturas de concreto
moldado no local, em projetos de pré-fabricados, além da análise final da estrutura,
as situações transitórias também devem ser consideradas. Da mesma forma, as
ligações entre as peças pré-fabricadas devem ser alvos de análises em projetos de
pré-fabricados (EL DEBS, 2000).
As situações transitórias, anteriormente citadas, são aquelas pelas
quais os elementos podem passar e que podem submetê-los a situações mais
desfavoráveis que às definitivas, correspondem basicamente às fases de
desmoldagem, transporte, armazenamento e montagem. A estrutura antes das
ligações definitivas entre os elementos, também deve ser alvo de verificações. Tal
análise, exige do projetista conhecimento sobre todas as fases envolvidas na
produção (EL DEBS, 2000).
Quanto à ligação entre os elementos, Nobrega (2004) afirma que, em
relação ao comportamento estrutural, sua presença é a principal diferença entre
estruturas de pré-fabricados e estruturas monolíticas de concreto convencional.
Ainda sobre ligações, Almeida (2010) relata que:

Elas são de fundamental importância tanto no que se refere à sua produção


(execução de parte dos elementos adjacentes às ligações, montagem da
estrutura, execução das ligações propriamente ditas e serviços
complementares no local) como para o comportamento geral da estrutura.

Portanto, pode-se afirmar que as ligações são um dos aspectos mais


importantes a serem considerados em projetos de pré-fabricados.
31

A escolha do tipo de sistema estrutural se dá através da análise dos


aspectos estruturais e construtivos. El Debs (2000, p.24) afirma que: “No caso das
estruturas de concreto pré-moldado, muitas vezes, os aspectos construtivos
preponderam sobre os aspectos estruturais”.
Ou seja, a escolha do sistema estrutural de pré-fabricado tende a
priorizar, aspectos como o manuseio, transporte, montagem e ligação. Como em
projetos de concreto pré-fabricado, o consumo de materiais e o custo da estrutura,
não são diretamente correspondentes, o projetista deve atentar-se a outras parcelas
de custo, como o transporte e montagem (EL DEBS, 2000).
El Debs (2000), ainda destaca que, estruturas de pré-fabricados não
são compatíveis com improvisações. Portanto, uma atenção especial deve ser dada
ao detalhamento dos desenhos e das especificações do projeto, com a finalidade de
reduzir este tipo de prática.

4.4.2 Princípios para projetos

El Debs (2000, p. 63), indica princípios, que devem servir como


diretrizes gerais para projetos de pré-fabricados. São eles:

a) Conceber o projeto da obra visando a utilização do concreto pré-


moldado.
b) Resolver as interações da estrutura com as outras partes da construção.
c) Minimizar o número de ligações.
d) Minimizar o número de tipos de elementos.
e) Utilizar elementos de mesma faixa de peso.

Nos parágrafos a seguir serão apresentadas as discussões sobre cada


principio acima relacionado.

a) Conceber o projeto da obra visando a utilização do concreto pré-


moldado.
Segundo El Debs (2000), o projeto deve prever a utilização da pré-
fabricação desde sua concepção. Possibilitando assim, tirar-se melhor proveito do
potencial oferecido pelo concreto pré-fabricado.
32

Reforçando a tese anteriormente apresentada Acker (2002) afirma que:

É muito importante compreender que é possível se obter um melhor projeto


para a estrutura pré-moldada, se a estrutura for concebida com a pré-
moldagem desde o projeto preliminar e não meramente adaptada de um
método tradicional de concreto moldado no local.

Apesar de existirem prejuízos ao não se prever em projetos o uso de


pré-fabricados na construção, essa prática é muito comum, tanto no Brasil como em
países mais desenvolvidos (ACKER, 2002).

b) Resolver as interações da estrutura com as outras partes da


construção.
A estrutura pré-fabricada deve ser concebida, prevendo a interação
com as instalações prediais (hidráulicas, elétricas, ar-condicionado, etc.). Esta
previsão se dá com o intuito de evitar improvisações no decorrer da obra. O
projetista deve tirar proveito da pré-fabricação de elementos para facilitar e
racionalizar as demais instalações do edifício e não apenas resolver interações (EL
DEBS, 2000).

c) Minimizar o número de ligações.


O princípio de minimizar o número de ligações está diretamente
relacionado às dificuldades na execução das ligações entre elementos. Este
princípio depende diretamente das limitações de transporte, equipamento de
montagem disponível e aos custos ligados a estas etapas (EL DEBS, 2000).

d) Minimizar o número de tipos de elementos.


Segundo El Debs (2000), este princípio não está relacionado com a
padronização da estrutura ou da construção, e sim a padronização da produção,
com a possibilidade de uso de mesmas fôrmas para elementos diferentes e a
possibilidade de se utilizar elementos que desempenham mais de uma função na
construção, como painéis alveolares que podem ser utilizados tanto em lajes quanto
em paredes.
33

e) Utilizar elementos de mesma faixa de peso.


Com a utilização de equipamentos com mais de uma capacidade, este
princípio pode deixar de ser válido. Pois este está relacionado à montagem dos
elementos e a necessidade do dimensionamento dos equipamentos para peças com
faixas de pesos diferentes (EL DEBS, 2000).

El Debs (2000) complementa que tais princípios têm como principal


prioridade a industrialização da construção e não a racionalização de materiais.
Também frisa que não são regras na elaboração do projeto, mas sim, diretrizes
gerais, e o fato de não seguir essas diretrizes não necessariamente ocasiona uma
solução inapropriada ou ineficaz.

4.5 Ligações

O presente subcapítulo inicialmente apresenta uma breve introdução


as principais informações e considerações sobre as ligações entre vigas e pilares
pré-fabricados, pois “são estas que determinam o funcionamento estrutural previsto
na modelagem” (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007, p. 41).

Segundo Acker (2002, p.33):

O assunto de ligações constitui-se em um dos tópicos mais importantes com


relação às estruturas pré-moldadas. O papel das ligações é fazer uma
interligação racional entre os elementos pré-moldados para compor um
sistema estrutural capaz de resistir a todas as forças atuantes [...].

A presença de ligações entre as peças é basicamente o que diferencia


estruturas de concreto pré-fabricado das de concreto moldado no local (monolíticas).
Podendo ser consideradas regiões de descontinuidades na estrutura, onde existem
concentrações de tensões. Sua presença pode provocar deslocamentos na estrutura
e também mobilizar e redistribuir esforços aos elementos por elas interligados
(NOBREGA, 2004).
Com relação a projetos estruturais de pré-fabricados, em geral, pode-
se classificar as ligações como a parte mais importante a ser analisada. Sua
34

importância está ligada diretamente tanto com processo de montagem, quanto ao


comportamento final da estrutura (EL DEBS, 2000).
Teoricamente a função das ligações na estrutura seria a de incorporar
a estrutura de concreto pré-fabricado, o mesmo conceito de monoliticidade de uma
estrutura de concreto moldado no local. Entretanto esta solução pode fazer com que
várias das vantagens oferecidas pela pré-fabricação sejam perdidas, principalmente
pelo alto custo e as dificuldades na execução.
A complexidade e eficiência da ligação, assim como o seu custo estão
diretamente relacionados. Munte Construções Industrializadas (2007, p. 41) deixa
clara a maneira como essa relação se estabelece, no seguinte trecho:

As ligações são diretamente proporcionais, no que se refere à


complexidade, ao custo e à eficiência estrutural. Quanto mais eficiente é a
ligação, melhor partido estrutural é atingido. Entretanto, seu custo e
possíveis cuidados na execução também serão maiores. Por conseguinte, é
muito importante a definição correta do tipo de ligação a ser usada, para a
determinação do custo do empreendimento.

Segundo Acker (2002), no projeto estrutural de ligações deve-se ter


como princípio a busca constante por soluções simples na medida do possível. Para
garantir a máxima economia na utilização de estruturas pré-fabricadas, é
imprescindível a utilização de ligações com detalhes simples, desempenho
apropriado e rápida montagem. Além do que, quanto mais complexas as ligações
mais difíceis tornam-se os projetos das mesmas, assim como a sua fabricação e
execução. Tais características podem favorecer atrasos na montagem e até mesmo
um comportamento menos eficiente da estrutura. Com isso, é importante citar a
afirmação feita por El Debs (2000, p. 27, grifo nosso) no trecho:

As ligações entre os elementos se constituem em uma das dificuldades do


emprego da pré-moldagem. Normalmente, ligações mais simples acarretam
estruturas mais pobres em relação às solicitações, enquanto ligações que
procuram reproduzir o monolitismo das estruturas de concreto moldado no
local são, em geral, mais trabalhosas ou mais caras [...]. Esse aspecto não
deve ser considerado uma restrição ao uso da técnica da pré-
moldagem, mas, sim, o preço que se paga para ter as facilidades na
execução dos elementos.
35

4.5.1 Tipos de ligações

Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), podem ser


classificados, para efeito didático, quatro tipos de ligações entre vigas e pilares
segundo o seu fator de restrição à rotação: Isostática, Rotulada, Semirrígida e
Engastada. A restrição à rotação que cada ligação apresenta deve ser definida
segundo o parâmetro αr introduzido pela NBR 9062:2006, onde, αr possui valores
entre 0 a 1, sendo 0 correspondente a totalmente livre de restrição e 1 a totalmente
restrito (perfeitamente engastado).
“É importante salientar que as ligações são classificadas e
consideradas no modelo estrutural conforme sua resposta às solicitações e não
conforme sua execução [...]” (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007,
p. 53).

4.5.1.1 Ligações isostáticas

Para que uma ligação seja isostática ela não deve transmitir momentos
fletores e esforços horizontais entre os elementos, entretanto, os aparelhos de apoio
mais usuais, como o Neoprene, acabam por transmitir esforços horizontais. Ou seja,
na prática, os métodos construtivos utilizados, normalmente não conseguem
reproduzir o funcionamento isostático, fazendo com que este tipo de ligação seja
considerado apenas teórico (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007).

4.5.1.2 Ligações rotuladas

Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), além de cargas


verticais, ligações do tipo rotuladas são projetadas para transmitirem esforços
horizontais entre os elementos, considerando que tal transmissão é feita pela
resistência do apoio ao cisalhamento. Neste tipo de ligação a capacidade resistente
ao momento é desprezada.
O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro:
αr < 0,15
36

4.5.1.3 Ligações semirrígidas

Ligações semirrígidas são equivalentes a ligações rotuladas


tecnicamente aprimoradas, na consideração na estrutura. Podem ser consideradas
opções mais favoráveis e eficientes que as anteriores, pois, neste tipo de ligação a
capacidade de transmissão de momento fletores não é ignorada, como nas
rotuladas, com isso, pode-se valer da condição de semiengastamento (MUNTE
CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007).
O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro:
0,15< αr <0,85

É importante ressaltar, que “Todas as ligações apresentam alguma


capacidade de restrição ao momento e poderia ser englobadas como semi-rígidas”
(MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007, p. 46).

4.5.1.4 Ligações engastadas

Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), ligações


engastadas podem ser consideradas equivalentes as de concreto moldado no local,
devido ao elevado fator de restrição à rotação apresentado.
O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro:
αr >0,85

4.6 Análise estrutural

Dentre inúmeras etapas complexas que compreendem ao projeto


estrutural, está à análise estrutural, nesta etapa, obtém-se a previsão do
comportamento da estrutura, verificando assim se corresponde com as condições
exigidas de segurança prevista para a estrutura (MARTHA, 2010).
37

De acordo com o item 14.2.1 da NBR 6118:2004 (ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 73).

O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma


estrutura, com a finalidade de efetuar verificações de estados limites últimos
e de serviço. A análise estrutural permite estabelecer as distribuições de
esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou
em toda a estrutura.

A análise estrutural é realizada por meio de um modelo de análise,


rígido por equações matemáticas, os resultados obtidos da análise por meio deste
modelo, devem ser próximo à realidade que a estrutura será empregada. Inúmeros
softwares tem a eficiência para elaborar este modelo, realizar a análise estrutural
deste, podendo até fornecer o dimensionamento de acordo com os resultados,
porém, é de suma importância que para utilizar estes softwares, o profissional tenha
conhecimento para uma avaliação crítica dos resultados fornecidos (SORIANO e
LIMA, 2006).

4.6.1 Modelo estrutural

A modelagem em equações estruturais é uma tentativa de se explicar


matematicamente como uma estrutura se comporta em relação a testes de variáveis
latentes (observadas) e fatores (não observadas).
Segundo Melo (2007), definir o melhor e mais conveniente modelo
matemático é a principal e primeira etapa para transformar o projeto da edificação a
ser construída em uma realidade aproximada, a partir da concepção arquitetônica e
do cálculo estrutural.
Conforme Martha (2010), para idealizar o comportamento da estrutura
através de um modelo estrutural, algumas hipóteses são adotadas, baseado no
paradigma dos quatros universos da modelagem em computação gráfica. Conforme
Martha (2010, p. 3), esses são:

 Hipóteses sobre a geometria do modelo;


 Hipóteses sobre as condições de suporte (ligação com o meio externo,
por exemplo, com o solo);
 Hipóteses sobre o comportamento dos materiais;
 Hipóteses sobre as solicitações que atuam sobre a estrutura (cargas de
ocupação ou pressão de vento, por exemplo).
38

4.6.2 Condições básicas da análise estrutural

A partir das hipóteses adotadas na concepção do modelo estrutural, se


resultam os procedimentos matemáticos responsáveis pela determinação dos
esforços internos, das reações de apoio, deslocamentos, rotações, tensões e
deformações (MARTHA, 2010).
Para aplicação dos procedimentos matemáticos, é necessário que
estejam definidos a geometria da estrutura, as cargas solicitantes, as condições de
suporte ou ligação com outros sistemas e as leis constitutivas dos materiais
(MARTHA, 2010).
A seguir, os Quadros 1 e 2 detalharam as condições para realizar uma
análise estática de estruturas.

QUADRO 1 – Condições para análise conforme a geometria.


Condições para análise conforme a geometria

definição articulações
coordenadas propriedades dependências
condições das barras em
dos pontos de seções entre
de apoio e extremidades
nodais transversais deslocamentos
elementos de barras

Fonte: Soriano e Lima (2016).


Adaptado pelos autores.

QUADRO 2 – Condições para análise conforme os materiais e as ações.


Condições para análise conforme os materiais e as ações
Propriedades elásticas
Materiais Propriedades Térmicas
Peso específico
Força
Em
Variação de temperatura
barra
Deformação prévia ou protensão
Ações
Em Força
ponto Deslocamento prescrito
Combinação de carregamentos
Fonte: Soriano e Lima (2016).
Adaptado pelos autores.
39

4.6.3 Estados limites

A segurança das estruturas é uma questão de extrema importância,


principalmente na concepção do projeto estrutural, pois, a possibilidade de uma
estrutura entrar em colapso, é de alto grau de periculosidade, por envolver vidas
humanas, além de perdas financeiras por danos causados aos materiais (BASTOS,
2006).
Os estados limites relacionam os aspectos principais que uma estrutura
deve apresentar para garantir que a mesma seja segura, sendo o primeiro e
principal, o Estado Limite Último (ELU), são os aspectos que asseguram que uma
estrutura nunca alcance a ruptura. O segundo, o Estado Limite de Serviço (ELS),
são os aspectos em ralação ao conforto do usuário na utilização da construção
(BASTOS, 2006).

4.6.3.1 Estados Limites Último (ELU)

O item 3.2 da NBR 6118/2014, define Estados Limites últimos (ELU)


como sendo:
“Estado-limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de
ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 4).
Na concepção do projeto estrutural, o dimensionamento é feito no
Estado Limite Último (ELU), onde o dimensionamento dos elementos estruturais são
feitos submetidos às situações críticas prestes a romper (BASTOS, 2006).
Para contrapor estas situações, o dimensionamento é feito com uma
margem de segurança, onde são usados coeficientes que majoram as ações e que
minoram as resistências, sendo assim, para que uma estrutura submetida a esse
dimensionamento entre em ruínas, são necessários carregamentos bem superiores
para os quais a estrutura foi projetada (BASTOS, 2006).
40

4.6.3.2 Estados Limites de Serviço (ELS)

O item 10.4 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 55) define Estados Limites de Serviço (ELS) como
sendo:

Estados-limites de serviço são aqueles relacionados ao conforto do usuário


e à durabilidade, aparência e boa utilização das estruturas, sejam em
relação aos usuários, sejam em relação às maquinas e aos equipamentos
suportados pela estrutura.

Conforme Bastos (2006), as estruturas devem ser também analisadas


em relação as suas deformações excessivas, fissurações e vibrações, para garantir
a durabilidade da estrutura, não comprometer o conforto do usuário na sua utilização
e a estética da construção.
Quando uma estrutura alcançar os Estados Limites de Serviço (ELS), o
seu uso não oferece mais condições de conforto e durabilidade, impossibilitando o
uso da estrutura mesmo não tendo chegado à ruína, pois esses limites são
alcançados antes que se esgote a total capacidade de resistência da estrutura
(BASTOS, 2006).

4.6.4 Equilíbrio estático externo

Segundo Rebello (2000), para um elemento estrutural estar em


equilíbrio estático (estrutura isostática) são necessárias três condições mínimas,
evitar que ele se desloque na horizontal, na vertical e não gire.
Quando a estrutura cumprir exatamente essas três condições ela será
considerada uma estrutura isostática. Também pode se dizer que é quando o
número de reações é exatamente igual ao número de equações da estática
(REBELLO, 2000).
Se o elemento ganhar um novo suporte ele irá passar destas três
condições e estará acima das condições mínimas de equilíbrio estático e será
considerada uma estrutura hiperestática. Quando o número de reações é maior que
o número de equações da estática.
41

Quando a estrutura estiver abaixo das condições de equilíbrio estático


ela se tornará uma estrutura instável, estando abaixo da estabilidade necessária,
sendo assim, será considerada uma estrutura hipoestática. É quando o número de
reações é menor que o número de equações da estática.
Para Rebello (2000) nas construções se usa estruturas isostáticas ou
hiperestáticas, se evita usar estruturas hipoestáticas, pois não são estáveis.
Segundo Rebello (2000, p. 48), “as estruturas de concreto armado
moldado “in-loco”, devido ao próprio processo construtivo, são em sua grande
maioria hiperestáticas”.
Ainda com Rebello (2000, p.48), os pré-moldados de concreto pelo seu
processo industrializado, são geralmente estruturas isostáticas.

4.6.5 Estabilidade das estruturas

O item 6.1 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 15, grifo nosso) diz que:

As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que,


sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando
utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança,
estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente a sua
vida útil.

Na análise de uma estrutura, a partir da sua geometria inicial,


calculando os esforços sem que na estrutura ocorra deformação, obtemos os efeitos
de primeira ordem, a partir da deformação da estrutura, os esforços calculados são
considerados efeitos de segunda ordem (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2008).
Alcançando-se os efeitos de segunda ordem, após a deformação da
geometria inicial da estrutura, conduzem-se uma consideração da Não Linearidade
Geométrica (NLG) entre as ações e deformações na estrutura, à medida que um
carregamento é aplicado na estrutura, gerando efeitos de segunda ordem, os
mesmos podem alterar as propriedades dos materiais que compõe essa estrutura,
conduzindo assim a Não Linearidade Física (NLF) entre as ações e deformações na
estrutura (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2008). A Figura 8 mostra o
comportamento não linear das ações e deformações da estrutura.
42

FIGURA 8 – Comportamento não linear das ações e deformações da estrutura

Fonte: Kimura (2007).

O item 15.4.1 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 102) classifica os efeitos de segunda ordem em
efeitos globais, locais e localizados, e os define como:

Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura


deslocam-se horizontalmente. Os esforços de segunda ordem decorrentes
desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2ª ordem. Nas
barras da estrutura, os respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo
aí efeitos locais de 2ª ordem que, em princípio, afetam principalmente os
esforços solicitantes ao longo delas.
Em pilares parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que
apresenta não retilineidade maior do que a do pilar como um todo. Nestas
regiões surgem efeitos de 2ª ordem maiores, chamados de efeito de 2ª
ordem localizados [...]. O efeito de 2ª ordem localizado além de aumentar
nesta região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão transversal,
havendo a necessidade de aumentar os estribos nestas regiões.
43

A Figura 9 a seguir, mostra exemplos dos efeitos de segunda ordem


em uma estrutura.

FIGURA 9 – Efeitos de segunda ordem na estrutura

Fonte: Kimura (2007).

4.6.5.1 Estabilidade global das estruturas

De acordo com Kimura (2007), a estabilidade global de um edifício


refere-se à estrutura como um todo, analisando na mesma, os efeitos globais de
segunda ordem.
Essa estabilidade, é inversamente proporcional aos efeitos de segunda
ordem, assim sendo, quanto mais estável for à estrutura, menores serão os efeitos
de segunda ordem (KIMURA, 2007).
Ainda com Kimura (2007), existem duas formas mais utilizadas que
permite medir a estabilidade global dos edifícios, o parâmetro de instabilidade α, e o
coeficiente γz. A partir dos resultados obtidos no cálculo do parâmetro de
instabilidade α, e/ou o coeficiente γz, possibilita a definição da estrutura como sendo
nós fixos ou nós moveis. A Figura 10, mostrará as definições da estrutura de nós
fixos e móveis, a partir dos resultados obtidos pelos Coeficiente γz e α.
44

FIGURA 10 – definição de estrutura de nós fixos e nós móveis a partir dos


resultados obtidos pelos Coeficientes γz e α.

Fonte: Kimura (2007).

O item 15.4.2 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 103), define estruturas de nós fixos e estruturas de
nós móveis:

As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, de nós fixos, quando


os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os
efeitos globais de 2ª ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos
respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas, basta considerar os
efeitos locais e localizados de 2ª ordem.
As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos
horizontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2ª
ordem são importantes (superiores a 10% dos respectivos esforços de 1ª
ordem). Nessas estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2ª
ordem globais como os locais e localizados.

4.6.5.2 Estabilidade local e localizada das estruturas

De acordo com Moncayo (2011), a estabilidade local geralmente está


relacionada ao cálculo de um lance isolado do pilar, e a global, do edifício como um
todo.
Conforme a Associação Brasileira de Normas técnicas (2014, p. 59),
nos casos de imperfeições locais no item 11.3.3.4.2 tem-se que:

No caso de elementos que ligam pilares contraventados a pilares de


contraventamento, usualmente vigas e lajes, deve ser considerada a tração
decorrente do desaprumo do pilar contraventado.
No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, deve ser
considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade do eixo do
pilar.
45

Ainda segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014),


nos casos usuais de estruturas reticuladas, o uso considerado apenas da falta de
retilineidade ao longo do pilar já chega ser o suficiente.
Para Kimura (2007), os efeitos locais são relacionados a uma parte
isolada da estrutura. Como um lance do pilar que recebe atuação de momentos
fletores nas suas extremidades se deforma. Por isso, são criados efeitos de segunda
ordem por causa da presença simultânea da carga normal de compressão.
De acordo Covas e Kimura (2003) na análise de primeira ordem,
consegue obter a força normal e os momentos de primeira ordem nas extremidades
de cada um dos lances dos pilares. Na análise global de segunda ordem fornecerá
esforços apenas nas extremidades das barras, enquanto o local de segunda ordem
fornecerá esforços ao longo dos lances das barras.
Os efeitos locais de segunda ordem dependem dos esforços de
primeira ordem, assim como dos esforços globais de segunda ordem. Com isso, é
de grande importância utilizar um modelo estrutural adequado para adaptar a
realidade da estrutura (COVAS; KIMURA, 2003).
Kimura (2007) afirma, os efeitos localizados referem-se a uma região
especifica de um elemento onde a uma concentração de tensões. Um exemplo de
efeito localizado é quando um pilar parede que recebe atuação de momento fletor
segundo sua direção mais rígida se deforma mais em uma de suas extremidades. A
consequência disso é um efeito de segunda ordem por causa da presença de uma
carga normal de compressão mais significativa nessa região.

4.6.6 Método dos Elementos Finitos

Segundo Costa (2013), o Método dos Elementos Finitos (MEF) é um


procedimento numérico para análises que se resume em discretizar ou dividir o meio
contínuo em pequenos elementos finitos, sem mudar suas propriedades. Ele é
descrito como um método matemático para a solução de equações diferenciais,
essas equações que descrevem os elementos. O desenvolvimento desse método
teve origens no final do século XVIII, contudo, apenas após a invenção dos
computadores tornou-se possível a sua viabilidade, simplificando a resolução das
imensas equações algébricas.
46

“O MEF pode ser utilizado em varias áreas das ciências exatas e


biológicas, e devido a sua aplicabilidade e eficiência é muito utilizado quando se
deseja analisar cargas, tensões e deslocamentos” (COSTA, 2013, p.1).
Conforme Souza (2003, p. 1), “a ideia principal do Método dos
Elementos Finitos consiste em se dividir o domínio (meio contínuo) do problema em
sub-regiões de geometria simples (formato triangular, quadrilateral, cúbico, etc.)”.
Ainda com Souza (2003), o MEF é uma prática muito utilizada na engenharia, para
resolver um problema complexo, divide-se ele em vários problemas mais simples.
“No âmbito da Engenharia de Estruturas, o MEF tem como objetivo a
determinação do estado de tensão e de deformação de um sólido de geometria
arbitrária sujeito a ações exteriores” (AZEVEDO, 2003, p. 1).
Segundo Azevedo (2003), o Método dos Elementos Finitos consiste na
divisão de um domínio que se quer analisar em vários subdomínios, chamados de
elementos finitos devido ao fato de os subdomínios apresentarem dimensões finitas,
que se ligam entre si em pontos chamados de nós ou pontos nodais, formando uma
malha, denominada malha de elementos finitos. As soluções são formuladas para
cada um dos elementos com a finalidade de depois encontrar a solução completa do
domínio. A Figura 11 apresenta um exemplo de malha de elementos finitos para
problema pano.

FIGURA 11 – Malha de Elementos Finitos (para problema plano).

Fonte: Souza (2003).


47

Para Kimura (2007), o MEF é um método numérico consagrado e


eficiente, que pode ser utilizado na análise de diversos tipos de estruturas de
concreto armado, por exemplo, no estudo de edifícios, pontes e barragens.
Conforme Kimura (2007), existem diversos tipos de elementos finitos já
desenvolvidos, cada um com sua própria formulação. As barras utilizadas nos
modelos de grelhas e pórticos espaciais são elementos finitos lineares (elementos
de barra). Existem também elementos finitos bidimensionais (placas, chapas e
cascas), como elementos finitos tridimensionais (sólidos). As vigas são
representadas por barras e as lajes por placas. Cada laje é subdividida ou
discretizada em diversas placas. A Figura 12 apresenta exemplo de laje discretizada
em diversas placas.

FIGURA 12 – Laje discretizada em diversas placas.

Fonte: Kimura (2007).

Segunda Kimura (2007), as placas podem ter qualquer formato, mas


usualmente os mais utilizados são triangulares ou quadriculares.
Sobre os formatos que apresentam maior aceitação Azevedo (2003, p.
5) comenta, “[...] inicialmente os elementos finitos mais comuns eram os triangulares
e os tetraédricos, passando-se mais tarde a dar preferência aos quadriláteros e aos
hexaedros [...]”.
Para Souza (2003), diversos tipos de elementos finitos já foram
desenvolvidos, que apresentam várias formas geométricas dependendo do tipo e da
48

dimensão do problema a resolver. A Figura 13 apresenta a geometria de diferentes


tipos de elementos finitos.

FIGURA 13 – Diferentes tipos de elementos finitos

Fonte: Souza (2003).

Conforme Malaguti (2013), atualmente o MEF está presente na maioria


dos softwares comerciais para análise de estruturas e encontra-se muito difundidos,
principalmente pela sua eficiência, simplicidade e por abranger varias áreas de
atuação.
Segundo Souza (2003), existe alguns fatores que influenciam na
precisão do método que são a quantidade de nós e elementos, do tamanho e do tipo
dos elementos presentes na malha. Um dos fatores de grande importância do MEF é
a respeito de sua convergência. Ao passo que o tamanho dos elementos tende a
zero e o número de nós tende ao infinito, a solução obtida chega o mais próximo da
solução exata do problema. Ou seja, quanto menor for o tamanho dos elementos e
maior sua quantidade, mais preciso serão os resultados. Em consequência dessa
melhor precisão dos resultados se dá pelo aumento no tempo para o processamento
dos dados e um aumento do custo computacional.
49

5 METODOLOGIA

Para fundamentação teórica do trabalho, foi escolhida como


metodologia a revisão bibliográfica, no qual consiste em pesquisas, leituras e
interpretação de livros, teses, dissertações, revistas cientificas eletrônicas, artigos,
normas técnicas e monografias, foram citados grandes nomes de autores da área do
tema do estudo abordado, tais como, EL Debs, Acker, Kimura, Munte, Martha,
Soriano e Lima, entre outros que compõe o acervo de citações usadas no presente
trabalho.
Após a revisão bibliográfica, realizou-se a descrição do edifício em
estudo, onde foram apresentados dados de localização do edifício, áreas dos
pavimentos, composição da fundação e superestrutura, além de apresentar as
plantas baixas e fotos do edifício.
A análise por elementos finitos foi realizada através do software
Abaqus® - Finite Element Analysis, com o intuito verificar o comportamento teórico
de uma viga, por meio de um modelo gerado a partir de informações reais do edifício
estudado e algumas adaptações necessárias.
Para a análise da estabilidade global do edifício o software escolhido
foi o Cypecad®, software utilizado para dimensionamentos e análises. Na análise
foram consideradas as cargas de peso próprio do edifício, cargas permanentes e
sobrecargas, e ação do vento na estrutura, todas definidas a partir de normas
específicas. As solicitações foram aplicadas a um modelo criado com base nos
projetos originais do edifício. A partir dos resultados foi realizada a verificação do
ELU.
50

6 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO

Neste capítulo serão apresentados dados gerais do edifício em estudo,


geometria, dimensões, número de pavimentos, além de ilustrações das plantas do
mesmo, baseados em um edifício existente e em construção, com algumas
adaptações necessárias adotadas para análise.

6.1 Localização do edifício

Rua: Siqueira Campos, Nº 1.263, Lote 00, Quadra 07.


Bairro: Vila Nova.
Cidade: Presidente Prudente – SP.

FIGURA 14 – Planta situação do edifício.

Fonte: Os autores (2016).


51

6.2 Descrição do prédio

O edifício em estudo possui seis pavimentos, sendo o pavimento


Térreo com área de 208,78 m², do primeiro ao quarto pavimento tipo, abrange uma
área de 835,12 m², o quinto apresenta uma área de 80,61 m², totalizando a estrutura
em 1.124, 51 m².
A fundação do edifício é indireta profunda sendo esta tubulões, com
diâmetros de base que variam de 1,70m a 2,90m todos possuindo profundidade de
5m.
A superestrutura do edifício é em sua totalidade composta por
elementos de concreto pré-fabricados, vigas, pilares e lajes com fck = 40 Mpa,
possuindo uma caixa de escada e uma caixa de elevador.
A seguir, serão mostradas nas Figuras 15, 16 e 17 ilustrações das
plantas baixas do edifício.
52

FIGURA 15 – Planta baixa do pavimento térreo.

Fonte: Os autores (2016).


53

FIGURA 16 – Planta baixa pavimento tipo (primeiro ao quarto pavimento).

Fonte: Os autores (2016).


54

FIGURA 17 – Planta baixa do quinto pavimento.

Fonte: Os autores (2016).


55

A Figura 18 a seguir mostra a planta dos pilares do edifício.

FIGURA 18 – Planta dos pilares do edifício.

Fonte: Os autores (2016).


56

As fotos do edifício descrito serão apresentadas pelas Figuras 19a e 19b a seguir.

FIGURA 19a – Foto do edifício em estudo.

Fonte: Os autores (2016).


57

FIGURA 19b – Foto do edifício em estudo.

Fonte: Os autores (2016).


58

7 ANÁLISES COMPUTACIONAIS

7.1 Análise da viga por elementos finitos.

A viga em estudo foi escolhida por possuir maior dimensão e maior


vão, além de apresentar as maiores solicitações. Para a realização da análise, não
foi considerado a armação da viga, pois, a mesma não é possível se conhecer por
questões de normas da empresa que projetou e fabricou a mesma, sendo assim,
considerou-se apenas a geometria real, a resistência do concreto e as cargas
atuantes na viga, que serão apresentados a seguir:

 Viga com seção em perfil I, comprimento de 10,97m e


dimensões apresentadas na ilustração:

FIGURA 20 – Dimensões da viga em estudo.

Fonte: Os autores (2016).


59

 O material da viga é concreto com fck = 40 Mpa e peso


específico de 25KN/m³.

FIGURA 21 – Identificação da viga em estudo.

Fonte: Os autores (2016).

FIGURA 22 – Foto da viga em estudo.

Fonte: Os autores (2016).


60

 As cargas utilizadas no dimensionamento da estrutura foram as


de peso próprio, calculado pelo próprio software; Carga da laje pré-fabricada de
6KN/m² disponibilizado na planta de lajes do edifício; Carga de uso de 2KN/m²
especificado para edifícios com finalidade de uso de escritórios, segundo a NBR
6120/1980 conforme a ilustração a seguir:

TABELA 1 – Valores mínimos de cargas verticais.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1980, p3).


61

7.1.1 Modelagem e análise no Abaqus®

Dando início a modelagem da viga, criou-se a mesma a partir da


geometria real a viga, e então estabelecemos as seguintes características à viga:

 E – Módulo de elasticidade do concreto = 5600 x fck ¹/²


 v – Coeficiente de Poisson do concreto = 0,2
 Carga da laje + carga de utilização = 8 KN/m²
 γc – Peso específico do concreto = 25 KN/m³

Após caracterizar a viga e criar as solicitações (carregamentos), foram


inseridos apoios à viga, tornando-a bi apoiada, na extremidade esquerda foi usado
apoio de segundo gênero restringindo as direções Y e Z (U2 e U3), na extremidade
direita foi usado apoio de primeiro gênero restringindo a direção Y (U2). A
combinação usada para a análise define a viga como sendo isostática, que é o
conceito teórico para fins de estudo em estruturas de concreto pré-fabricado
conforme citado no item 4.6.4.

FIGURA 23 – Modelagem da viga com carregamento e apoios.

Fonte: Os autores (2016).


62

Após definido a geometria da viga, carregamentos e apoios, foi criada a


malha dos elementos finitos para a análise, a mesma, sugerida pelo próprio
programa, espaçadas entre 0,55m ao longo dos 10,97m de comprimento da viga.

FIGURA 24 – Malha dos elementos finitos.

Fonte: Os autores (2016).

Definida a malha dos elementos finitos, realizou-se a análise do


comportamento da viga, determinando os deslocamentos nos eixos X, Y e Z (U1, U2
e U3) apresentados a seguir:
63

Deslocamento no eixo X (U1) = 0,05854m, aproximadamente 5,9 cm na


direção X (U1).

FIGURA 25 – Deslocamentos no eixo X (U1).

Fonte: Os autores (2016).

Deslocamento no eixo Y (U2) = 0,2054m, aproximadamente 20,5 cm na


direção Y (U2).

FIGURA 26 – Deslocamentos no eixo Y (U2).

Fonte: Os autores (2016).


64

Deslocamento no eixo Z (U3) = 0,03055m, aproximadamente 3,06 cm


na direção Z (U3).

FIGURA 27 – Deslocamentos no eixo Z (U3).

Fonte: Os autores (2016).

7.1.2 Análises dos resultados

Considerando que a análise da viga foi realizada levando em


consideração apenas a geometria real da mesma, não contendo sua armadura,
fazendo com que apenas o concreto resista o seu peso próprio e cargas atuantes,
ocorreu um deslocamento excessivo na flecha da viga, deformação no eixo Y(U2), a
mesma medindo 0,2054m, aproximadamente 20,5 cm, superando o limite L/500
(10,97/500 = 0,02194m) de efeitos em elementos não estruturais, sendo este
elemento a alvenaria, segundo a tabela 13.3 da NBR 6118/2014.
O resultado do deslocamento excessivo já era previsto em razão da
ausência da armadura da viga, confirmando que mesmo sendo uma viga em seção
“I”, em concreto pré-fabricado com fck = 40 Mpa, a armadura é indispensável para
que não ultrapassem os deslocamentos permitidos.
65

7.2 Análise da estabilidade global do edifício

7.2.1 Ação do vento

A NBR 6123/1988 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 1988) estabelece condições a serem consideradas no cálculo dos
esforços aplicados nas edificações, devidas às ações estática e dinâmica do vento.
Para o cálculo da pressão dinâmica utiliza-se as fórmulas a seguir:

Onde:
é velocidade característica do vento (m/s);

é a velocidade básica do vento (m/s);

é o fator topográfico;

é o fator considerado rugosidade do terreno, dimensões da

edificação e altura sobre o terreno;


é o fator estatístico S3;

Q = 0,613* ²

Onde:
Vk é a velocidade característica do vento (m/s);
Q é a pressão dinâmica do vento (Pa);

Para determinar a velocidade básica do vento a NBR 6123/1988


(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988) apresenta a figura a
seguir:
66

FIGURA 28 – Isopletas de velocidade básica.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1988, p. 6).

O fator topográfico leva em consideração o relevo do terreno, a NBR


6123/1988 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988, P. 5)
aponta S1=1 em terrenos planos ou pouco acidentados. Para vales profundos
S1=0,9, e para terrenos acidentados varia o valor de acordo com sua inclinação.
Para a NBR 6123 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1988), o fator S2 leva em consideração a combinação da rugosidade do
terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno.
67

Em relação ao fator S2, a NBR 6123/1988 (ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1988, p, 8) classifica em categorias e
classes, portanto é preciso analisar o terreno. As categorias são:

Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de


extensão, medida na direção e sentido do vento incidente.
Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como
sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e
esparsas.
Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada.
Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e
pouco espaçados.

As classes do S2 segundo a NBR 6123 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA


DE NORMAS TÉCNICAS, 1988, p, 9) são:

Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e


peças individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a
maior dimensão horizontal ou vertical não exceda 20 m.
Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50
m.
Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

Após definidas as categorias e classes é possível achar o valor S2


através de uma tabela, a seguir será apresentada a Tabela 2 dos valores do Fator
S2.
68

TABELA 2 – Fator S2.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, (1988, p. 10).

Segunda a NBR 6123/1988 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 1988), o fator estatístico S3 leva em conta conceitos
estatísticos, e considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. A
tabela 3 abaixo mostra os valores do Fator S3.

TABELA 3 – Fator S3.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, (1988, p. 10).


69

7.2.2 Modelagem e análise no Cypecad®

Foi feita uma análise da influência do vento no edifício apresentado. A


escolha do software para análise da estrutura foi o Cypecad®, software utilizado
para dimensionamentos e análises.
Como a intenção do presente trabalho é de uma análise e não de
dimensionamento, para vigas e pilares foram utilizados as medidas originais do
projeto, e as armaduras foram calculadas e utilizadas de acordo com a necessidade
do software.
O software Cypecad® utiliza para os cálculos de ações de ventos a
NBR 6123/1988.
O concreto utilizado para vigas e pilares foi com fck de 40 Mpa.
Tentado representar o máximo possível uma estrutura pré-fabricada,
utilizamos o coeficiente de flambagem dos pilares como 1 em X e Y, ou seja,
biarticulada tendo o comprimento de flambagem igual ao comprimento da peça.
Em projetos de estruturas pré-fabricadas é usual considerar as ligações
como articulação ou engastes. Porém, por serem realizadas entre elementos pré-
fabricados o seu comportamento real é semirrígido. Ao considerar a semirrigidez no
dimensionamento das ligações, podem ser obtidos resultados vantajosos sobre
ligações rígidas e articuladas, como a diminuição da mão-de-obra e redução do
tamanho das peças, respectivamente (NÓBREGA, 2004).

As ligações entre os elementos pré-moldados, em geral, não se comportam


da forma usualmente considerada na análise estrutural, pois são idealizadas
de maneira a permitir ou impedir completamente os deslocamentos relativos
entre os elementos. De fato, em maior ou menor grau, as ligações entre os
elementos pré-moldados apresentam uma certa deformação quando
solicitadas. Como consequência, a distribuição dos esforços solicitantes na
estrutura pode se afastar, em maior ou menor grau, da obtida sem
considerar esse efeito. A consideração das ligações com esse efeito
também recebe na literatura técnica a denominação de ligações semi-
rígidas (EL DEBS, 2000. p. 222).

Conforme dito anteriormente ligações semirrígidas são aquelas que


possuem fator de restrição à rotação dentro do parâmetro: 0,15< αr <0,85. A fim de
garantir a "pior" situação (maior solicitação) aos elementos pré-fabricados, dentro do
conceito de semirrigidez, o fator de restrição (αr) adotado nas ligações foi de 0,16.
70

O edifício foi criado com base nos projetos do edifício a ser estudado.
A modelagem da estrutura começa com a definição do número de
pisos da edificação, assim como suas características (alturas, utilização e cargas),
para introdução das alturas e cotas dos níveis para criação da estrutura foi utilizado
às dimensões originais do projeto.

FIGURA 29 – Introdução dos pisos.

Fonte: Os Autores (2016).


71

Logo após vem à introdução dos pilares, onde se define suas seções e
alturas de cada um.

FIGURA 30 – Introdução de pilares.

Fonte: Os autores (2016).

As vigas adicionadas foram com dimensões de acordo com o projeto,


no software foram adicionadas as vigas em baixo das lajes.
Nas fundações foram utilizados tubulões, apesar de no projeto original
também utilizar tubulões as suas dimensões foram de acordo com o cálculo do
programa utilizando uma profundidade de 5m.
72

FIGURA 31 – Introdução de vigas e tubulões.

Autor: Os Autores (2016).

No software existem vários tipos de lajes, mas optou-se pela laje


maciça por falta de dados no projeto sobre a laje utilizada. Além de lançar as lajes
também se introduzem as aberturas onde não haverá laje, e a qualquer momento
pode se ter uma visualização 3D da estrutura.
73

FIGURA 32 – Introdução das lajes.

Fonte: Os Autores (2016).

Para o lançamento das escadas é necessário à escolha do seu tipo


além de introduzir todas as suas dimensões como, piso, espelho, patamar e
larguras. Outra característica importante das escadas são as sobrecargas, no qual
no nosso projeto utilizamos 3 KN/m² de acordo com a NBR 6120/1980
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980).
74

FIGURA 33 – Lançamento das escadas.

Fonte: Os Autores (2016).

7.2.2.1 Carregamentos

O peso próprio da estrutura já é dado pelo próprio software após


especificação de dados dos materiais utilizados.
Os carregamentos permanentes foram baseados no projeto original
das lajes. Para carregamentos de sobrecarga aplicados na laje foram utilizados de
acordo com o Quadro 3. No quadro a seguir é apresentado um resumo dos
carregamentos nas lajes.
75

QUADRO 3 – Cargas nas lajes.


PAVIMENTO PESO PRÓPRIO PERMANENTE (KN/m²) SOBRECARGA (KN/m²)
Tipo Automático 3 2
Área cobertura 5º pav. Automático 3 2
Terraço do 5º pav. Automático 3 2
Teto do 5º pav. Automático 2,5 2
Reservatório Automático 8 2
Fonte: Os Autores (2016).

Para os carregamentos nas vigas, além dos carregamentos


provenientes das lajes, foram adicionadas as cargas de paredes de acordo com o pé
direito de alvenaria de cada pavimento, utilizando como 15 KN/m³ o peso específico
da parede.

QUADRO 4 – Cargas nas vigas.


PAVIMENTO PESO PRÓPRIO + CARGAS DAS LAJES PERMANENTE (KN/m²)
Térreo Automático 15
Tipo Automático 11
5º pav. Automático 11
Teto do 5º Pav Automático 5,5
Reservatório Automático 5,5
Fonte: Os Autores (2016).

Na realização dos cálculos referente às forças de ventos, as dimensões


adotadas no programa foram de 10,84m em Y e 22,40m em X.
A velocidade básica é analisada de acordo com cada região, no projeto
utilizou-se como base a cidade de Presidente Prudente – SP, que de acordo com a
Figura 33 adotou-se a velocidade básica de 45 m/s.
Para o cálculo da velocidade característica ainda foram considerados
como fator topográfico igual a 1 em todas as direções, categoria IV, classe B e fator
estatístico no grupo 2.
76

FIGURA 34 – Dimensões para cálculo do vento.

Fonte: Os autores (2016).

Com essas dimensões utilizando a figura de coeficiente de arrasto


temos os valores tanto da ação do vento segundo X como em Y igual a 1,3.

FIGURA 35 – Coeficiente de arrasto.

Fonte: Os autores (2016).


77

Os cálculos referentes ás forças de ventos são automáticos,


precisando apenas a introduzir esses dados no software.

7.2.2.2 Resultados estabilidade global

Foram realizados 4 combinações referentes as cargas exercidas na


estrutura as cargas aplicadas foram: Peso próprio (pp), Carga permanente (cp),
sobrecarga (sc), vento na direção –Y(v-y), vento na direção +Y(vy), vento na direção
–X (v-x), vento na direção +X (vx).
De acordo com os carregamentos as combinações utilizadas foram:

A. pp + cp + sc + (v-y) (Deformação em –Y)


B. pp + cp + sc + (vy) (Deformação em +Y)
C. pp + cp + sc + (v-x) (Deformação em –X)
D. pp + cp + sc + (vx) (Deformação em X)

Para a análise da estabilidade global o software levou-se em


consideração que os deslocamentos reais da estrutura são aqueles considerados no
cálculo, multiplicados por 1,43.
As deformações no Cypecad® são apresentadas de verde a vermelha,
tendo como verde as menores e as vermelhas os pontos mais críticos da estrutura
analisada.
78

A combinação “A” foi a primeira a ser analisada, nela podemos


perceber que a maior deformação se encontra na laje pelo seu grande vão
chegando a 19,69 mm.

FIGURA 36 – Deformação em –Y (com a laje).

Fonte: Os autores (2016).


79

contar a laje a maior deformação se encontra na cobertura do edificio


chegando a 9,89 mm.

FIGURA 37 – Deformação em –Y (sem a laje).

Fonte: Os autores (2016).


80

Analisando a estrutura em +Y vemos que a laje continua muito


solicitada chegando a 18,99 mm de deformação.

FIGURA 38 – Deformação em +Y (com a laje).

Fonte: Os autores (2016).


81

Ainda em +Y sem contar a laje obtemos uma deformidade de 8,97 mm


no topo da estrutura.

FIGURA 39 – Deformação em +Y (sem a laje).

Fonte: Os autores (2016).


82

Verificando a deformidade em X obtemos a maior deformidade


encontrada nessa análise, que se encontra na laje, tendo os valores chegando a
21,02 mm.

FIGURA 40 – Deformação em -X (com a laje).

Fonte: Os autores (2016).


83

As deformações continuam a ser elevadas no topo da estrutura


analisando a em –X. Tirando a laje foi a maior deformação na estrutura com 13,29
mm.

FIGURA 41 – Deformação em -X (sem a laje).

Fonte: Os autores (2016).


84

Em +X a deformidade continua elevada, mas ainda inferiores às


encontradas em –X chegando a 20,24 mm.

FIGURA 42 – Deformação em +X (com a laje).

Fonte: Os autores (2016).


85

Deixando de lado a deformidade da laje obtemos uma deformação de


12,68 mm em +X.

FIGURA 43 – Deformação em +X (sem a laje).

Fonte: Os Autores (2016).

Os momentos de reviramento produzidos pelas ações horizontais nas


diferentes hipóteses têm seus maiores valores em X que são mostrados no quadro a
seguir:

QUADRO 5 – Momentos de reviramento.


t·m
Vento +X 942.645
Vento -X 942.645
Vento +Y 427.641
Vento -Y 427.641
Fonte: Os autores (2016).
86

Os momentos produzidos pelas diferentes hipóteses de carga vertical,


sob a atuação simultânea das hipóteses de ações horizontais estão no quadro 6.

QUADRO 6 – Momento por tipo de cargas verticais.


Peso próprio t·m Cargas permanentes t·m Sobrecarga t·m
Vento +X 8.023 7.117 1.960
Vento -X 8.023 7.117 1.960
Vento +Y 4.976 4.435 1.215
Vento -Y 4.976 4.435 1.215
Fonte: Os autores (2016).

O Cypecad® emite em um relatório com os resultados do coeficiente γz que


são apresentados em cada direção dos ventos que foram aplicadas. Os valores
obtidos estão no Quadro 7 apresentado a seguir.

QUADRO 7 – Valores do coeficiente γz

Coeficiente γz
Vento +X 1.026
Vento -X 1.026
Vento +Y 1.036
Vento -Y 1.036
Fonte: Os autores (2016).

7.2.2.3 Verificação ELU

Várias vigas chegam à flecha ativa limite, mas apenas alguns vigas chegam
na flecha no tempo infinito limite, essas vigas estão todas situadas entre os pilares
P6 e P1. O Quadro 8 a seguir mostra os detalhes dessas vigas:
87

QUADRO 8 – Maiores flechas em vigas.


Verificações de flecha
Sobrecarga No tempo infinito Ativa
(Característica)(Quase permanente) (Característica)
Vigas Estado
fi,Q ≤ fi,Q ,lim fT,m a x ≤ fT,lim fA,m a x ≤ fA,lim
fi,Q ,lim = L/350 fT,lim = L/250 fA,lim = Mín.(10.00, L/500)
fi,Q : 0.11 mm fT,m a x : 9.94 mm fA,m a x : 8.20 mm
V-306:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm
fi,Q : 0.78 mm fT,m a x : 13.10 mm fA,m a x : 9.93 mm
V-411:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm
fi,Q : 0.76 mm fT,m a x : 12.62 mm fA,m a x : 9.53 mm
V-511:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm
fi,Q : 0.81 mm fT,m a x : 13.06 mm fA,m a x : 9.94 mm
V-611:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm
fi,Q : 0.83 mm fT,m a x : 13.04 mm fA,m a x : 9.97 mm
V-711:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm
fi,Q : 0.90 mm fT,m a x : 12.43 mm fA,m a x : 9.05 mm
V-811:
fi,Q ,lim : 31.43 PASSA
P6 - P1 fT,lim : 44.00 mm fA,lim : 10.00 mm
mm

Fonte: Os autores (2016).

O quadro a seguir mostra os pilares com os maiores esforços


desfavoráveis além de mostrar as combinações utilizadas na verificação de ELU
para chegar nesses resultados.

QUADRO 9 – Pilares com os maiores esforços desfavoráveis.


Secção de betão
Dimensão Esforços desfavoráveis
Pilar (cm) N Mxx Myy Qx Qy Estado
Natureza
(kN) (kN·m) (kN·m) (kN) (kN)
1.4·PP+1.4·CP+0.98·SC+1.4·V(+X) 394.13 -0.42 19.11 -17.18 2.45
P5 90x40 Passa
1.4·PP+1.4·CP+1.4·SC+0.84·V(+X) 399.30 -0.57 10.86 -13.33 0.93
1.4·PP+1.4·CP+0.98·SC+1.4·V(-Y) 250.79 -44.79 -0.95 -0.76 63.93
P2 30x80 Passa
1.4·PP+1.4·CP+0.98·SC+1.4·V(+Y) 255.63 47.10 -0.16 0.19 -41.76
1.4·PP+1.4·CP+0.98·SC+1.4·V(+X) 224.14 -0.18 26.18 33.95 -1.01
P9 80x30 Passa
PP+CP+1.4·V(-X) 83.72 -2.86 -46.50 -21.00 2.18
Fonte: Os autores (2016).
88

7.2.3 Análises dos resultados

Foi realizada uma análise da estabilidade global da estrutura


considerando cargas permanentes, sobrecargas, peso próprio e a força do vento. As
maiores deformações ocorreram nas lajes da estrutura, por ter um elevado vão,
chegando até a 21,02 mm. A ação mais desfavorável é quando o vento atua na
direção X da estrutura, gerando as maiores deformações.
Depois das lajes as maiores deformações foram na cobertura do
edifício, crescendo gradualmente a partir da fundação, ou seja, quanto mais alto a
estrutura mais ela sofre deformidade, chegando a valores de 13,29 mm.
Os momentos de reviramento produzidos pelas ações horizontais teve
seu maior valor na direção X obtendo 942,645 t.m. Em Y chegou a 427,641 t.m,
tendo então o momento em X maior que o dobro do momento em Y.
Na obtenção das flechas vimos que as maiores flechas se encontram
nas vigas que ficam entre os pilares P1 e P6, mesma localidade da viga analisada
pelos elementos finitos.
Os pilares que recebem os maiores esforços desfavoráveis de acordo
com os dados analisados foram P2, P5,e P9.
A partir dos resultados obtidos do coeficiente γz pode-se definir a
estrutura como sendo nós fixos ou nós móveis.
A estrutura foi considerada como sendo de nós fixos, pois os
resultados obtidos do coeficiente γz são menores que 1,1 dispensando a verificação
dos esforços globais de segunda ordem.
89

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do tema do presente trabalho teve por objetivo, aprofundar


os estudos sobre análises estruturais em edifícios com estruturas em concreto pré-
fabricado. O sistema construtivo adotado para análise foi escolhido, pois, a indústria
do concreto pré-fabricado vem fazendo esforços para atender a crescente busca por
novas tecnologias na área da construção civil, que visam melhorias em eficiência,
buscando sempre a melhor relação entre prazo, custo e qualidade. Para tal feito, foi
realizado um estudo de caso, onde foram feitas análises computacionais no edifício
em estudo, conhecendo-se o comportamento da estrutura deste edifício, tanto em
elementos isolados da estrutura, quanto em sua totalidade.
Durante o desenvolvimento do trabalho, foram realizadas etapas que
descreveram conceitos fundamentais sobre o concreto pré-fabricado e a análise
estrutural, que serviram de fundamentação teórica para a realização das análises
computacionais, feitas após a descrição do edifício.
Realizando a análise de uma viga do edifício, no software Abaqus®,
pelo método dos elementos finitos, descobriu-se o comportamento estrutural em
relação às condições estabelecidas na modelagem, confirmando a importância da
presença da armadura mesmo em vigas de concreto pré-fabricado com fck = 40 Mpa.
Através da análise de estabilidade global do edifício realizada por meio
do software Cypecad®, descobriu-se o comportamento global da estrutura e
observamos que as maiores deformações ocorreram nas lajes da estrutura,
seguidas pela sua cobertura, ambas as deformações foram provenientes da ação do
vento na direção X da estrutura. Observa-se que os valores de deformações
horizontais aumentam à medida que se eleva a altura do edifício, e as deformações
verticais são maiores onde apresentam elevados vãos. A partir dos resultados
encontrados, considerou-se a estrutura como sendo nós fixos, pois, os resultados
obtidos do coeficiente γz são menores que 1,1 dispensando a verificação dos
esforços globais de segunda ordem.
90

Assim sendo, concluem-se os objetivos do presente trabalho, onde se


apresentou uma análise da estrutural de um edifício em concreto pré-fabricado,
conhecendo-se os valores de deformações presentes na estrutura e analisando a
sua estabilidade. Este trabalho serviu de suma importância para o aprofundamento
do estudo do tema abordado, possibilitando maior conhecimento sobre estruturas
em concreto pré-fabricado e análise estrutural.
91

REFERÊNCIAS

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