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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PIMES - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA


MICROECONOMIA I
Estudante: Junia Neves Barbosa

Lista de Exercícios 1

Questão 1

 Postulados são leis que não receberam demonstração, mas são entendidas
como premissas básicas. Deste modo, postular significa “pedir para aceitar”
(BORGES, 2005).
 Axiomas são princípios adotados como regras fundamentais e necessariamente
verdadeiras, muitas vezes consideradas “óbvias” (MADUREIRA, 2018). Um
exemplo de axioma é o axioma do conjunto vazio, segundo esse “Existe um
conjunto vazio que não contém nenhum elemento”.
 Teorema, conforme Madureira (2018) é um resultado principal de interesse e
não trivial, isto é, as conclusões chegadas nele não seguem trivialmente as
hipóteses.
 Lema: Madureira (2018) define como “lema” a proposição preliminar que
contribui na demonstração de um resultado principal, esse resultado principal é
chamado de teorema. No entanto, ainda segundo o autor, muitas vezes o lema
tem interesse próprio.
 Hipótese é uma verdade provisória que pode ser aceita ou não. Nesse sentido
Tuckman (1992), define hipótese como uma conjectura sobre a relação entre
conceitos (variáveis) identificadas no problema em análise.
 Premissas são ideias formuladas que ajudam a construir silogismos
(TASSINARI, 2012).
 Silogismo é um discurso argumentativo resultante puramente das premissas.
Isto é, uma vez formuladas as premissas o silogismo é a coisa distinta que surge
a partir delas (TASSINARI, 2012). Os silogismos são a base da argumentação
dedutiva.
 Tautologia, segundo Iezzi e outros (1977), é uma proposição logicamente
verdadeira. Ex: Dado uma proposição x formada a partir de outras (p, q, r, ...),
havendo uso de conectivos, de modificador ou de condicionais, x é uma
tautologia quando x tem valor lógico verdadeiro independentemente dos valores
lógicos das outras proposições (p, q, ...) que a compõe.
 Corolário é como é chamado um teorema obtido a partir de outro teorema mais
poderoso. Um exemplo de corolário famoso é o Teorema de Fermat, resultado
do Teorema da Modularidade. (MADUREIRA, 2018)
 Proposição, de acordo com Alencar Filho (2002), é todo o conjunto de palavras
ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido completo. As proposições
transmitem pensamentos, seja afirmando fatos ou exprimindo juízos que
formamos a respeito de determinados entes. Logo, são posições: “A lua é um
satélite da Terra” e “2 + 1 = 3”.
 Asserções são afirmações ou negações que ajuda a correlacionar ou negar uma
ideia para a realização de um juízo. (PINHEIRO, 1998)
 Sofisma é um argumento não válido (ALENCAR FILHO, 2002)
Questão 2

O texto A Kuhnian Perspective on Microeconomic Theory or How To Study Economics


de Michael Smitka retrata pela perspectiva Kuhniana como se deve estudar economia.
Segundo o autor, a ciência não é um empreendimento objetivo, mas uma atividade
social realizada por uma comunidade de estudiosos que trabalham para resolver
quebra-cabeças. A partir disso o autor se utiliza das ideias de Kuhn para explicar seu
ponto. Para Kuhn, a ciência é o conhecimento de regularidades que está sujeito a algum
grau de rigor cético e que é explicado por causa racionais. De acordo com o texto, Kuhn
se utilizava de modelos e simplificações deliberadas da realidade para nos ajudar a
classificar nossas observações do mundo, ou explicar observações e prever
comportamentos em problemas aplicados. Além disso, outro elemento chave sobre a
construção do conhecimento é que o conhecimento não é estático, e por isso, esse se
aprimorou ao longo do tempo.
Após explicar sobre o método cientifico o autor pontua a dificuldade de o economista
realizar experimentos controlados em laboratório como as outras ciências. Por isso,
geralmente os economistas confiam nos dados “naturalmente” gerados, isto é, dados
que são gerados e coletados para outros fins. No entanto, é através desses dados que
economistas conseguem estabelecer correlações consistentes entre as variáveis do
mundo real.
Seguindo suas explicações sobre o método cientifico na teoria econômica, o autor
explica como esse difere do fazer cientifico convencional, que no primeiro momento é
realizado um empreendimento dedutivo teórico que busca convencer e depois essa
análise é confrontada com dados empíricos. Isso ocorre pois muitas vezes essa
metodologia não é possível no campo da economia.
Ainda sobre o fazer ciência pela perspectiva kuhniana, os avanços na ciência não foram
realizados com base em testes de hipóteses. O autor argumenta que muitas vezes os
modelos foram escolhidos pela estética ou por critérios que não são comprováveis. Além
disso, os avanços científicos quando chegam não são uniformes no mundo desde o
início, eles são substituídos quando cientistas mais jovens perdem o interesse sobre as
teorias ultrapassadas e seguem as novas teorias desde o início. Uma justificativa
apresentada por Kuhn do porquê disso, é que quando cientistas se concentrarem em
uma comunidade a verdade a ser aceita pelo grupo é determinada dentro dessa
comunidade.
Conforme o texto, isso ocorre pois na prática cientistas se reúnem em sociedades
profissionais que trabalham ativamente entre si, e, nesse ponto, economistas não são
exceção. A ciência tem natureza comunitária e por isso que geralmente não é através
do convencimento dos membros desses grupos que a ciência muda, mas a partir da
formação de novos subgrupos acadêmicos, no entanto o desenvolvimento desses
novos grupos demanda tempo.
Mas como são incorporados membros nesses subgrupos? Geralmente os membros
mais jovens são doutrinados em cursos de pós-graduação longos, onde os membros
socializam entre si e leem os mesmos periódicos, que fazem com que eles comecem a
falar e até mesmo pensar da mesma forma. No entanto isso não é feito de forma forçada
ou com o intuito de tortura, mas porque conhecer a terminologia precisa melhora a
comunicação do grupo.
Outra característica sobre as comunidades de cientistas é que elas compartilham de um
mesmo conjunto de modelos padrão com axiomas centrais, temas e ideias formais que
são utilizados para fazer as generalizações necessárias para a construção do modelo.
Além disso, os aprendizes de tais grupos são treinados a entender esses modelos
através de tarefas padrão. No entanto para estar apto ao fazer ciência, é exigido não só
o domínio as ferramentas, mas também a demonstração de que o candidato sabe fazer
um trabalho de qualidade.
Outro fato observado por Kuhn é que a verdade entre essas comunidades cientificas
varia de acordo com as preocupações de cada comunidade, inseridas desde o processo
seletivo de seus candidatos a pós-graduação, o que cria barreiras para que essas
comunidades se misturem. Além disso, quando acontece alguma procura por emprego
na comunidade, esta tenta cuidar de si, priorizando os estudantes que já participavam
mais ativamente dela.
O efeito de longo prazo, segundo o autor, é que novas comunidades têm certa
dificuldade em se estabelecer, e como as comunidades são tão diferentes ao ponto de
ser muito difícil a comunicação entre elas, quem não entende os jargões econômicos se
torna impossível. Ou seja, o quanto mais um economista se dedicar aos estudos
econômicos de sua comunidade, mais dificuldade ele tem de dialogar com as outras
comunidades cientificas e mais ainda terá em comunicar suas descobertas aos
formuladores de políticas públicas e a sociedade.

Questão 3

O texto “Críton de Platão” retrata um diálogo entre Sócrates e Critão. Ao o que o texto
indica Sócrates estaria sendo perseguido pelas autoridades da cidade que deseja matá-
lo muito em breve e, por ser seu amigo, Critão tenta convence-lo a fugir antes que isso
aconteça. No entanto Sócrates se recusa baseado num sonho. Critão então, argumenta
que além essa atitude de Sócrates o fará perder mais que um amigo querido, mas
também manchará sua reputação sugerindo que o povo o achará avarento.
A partir disso Sócrates argumenta que Critão não deve dar tanta importância a opinião
do povo. Porém, Critão discorda, diz acreditar que a opinião do povo deve sim ser levada
em consideração, uma vez que o povo pode fazer grandes males contra a alguém ao
espalhar calúnias, contudo Sócrates o desacredita. Critão então busca os motivos para
que Sócrates não queira fugir da morte, perguntando se ele acredita que haverá
consequências a ele e os outros amigos de Sócrates, e argumenta que caso o motivo
seja esse Sócrates deveria fugir. Sócrates diz querer evitar isso sim, mas que além
disso, há outros motivos para sua decisão.
Critão segue argumentando que a fuga não seria tão custosa e que onde escolher ir
Sócrates estará amparado, podendo criar seus filhos, como um homem bom o faria, não
os abandonando com seria o caso, se ele morresse e que por isso seria o caso deles
(eles e outros amigos) já ter resolvido essa fuga antes mesmo do julgamento. Socrátes
diz apreciar o empenho do amigo em ajuda-lo, mas que antes de acatar o que o amigo
acredita ser o certo a ser feito ele deve examinar o porquê deveria seguir o amigo com
base nas suas reflexões passadas que permanecem inalteradas e por isso devem ser
respeitadas e acatadas, caso não haja outras melhores.
Em seguida Sócrates diz que não pretende ceder as ameaças do amigo, mas a partir
de seus princípios examinar o problema apresentado. Logo, Sócrates começa sua
análise a respeito das razões apresentadas pelo amigo, como a de que nem todas as
opiniões dos homens se deve acatamento e se haveria razão no amigo dizer tal coisa.
O que foi confirmado pelo amigo.
Com isso Sócrates começa uma série de argumentos lógicos, sendo o primeiro deles o
porquê a opinião de um especialista no assunto, como é o caso do jurista, é ruim e por
isso não deve ser acatada enquanto a do povo deve. Sócrates então segue seu
raciocínio dedutivo através de exemplos simples que as opiniões dos entendidos do
assunto devem ser mais levadas em consideração em relação a opinião da multidão.
Chegando ao ponto que, deve-se obedecer a essa autoridade com o intuito de não
danificar ou corromper a justiça, ou a maior autoridade dela, a verdade em si, uma vez
que não seria possível viver sem ela, ou se for possível viver, não seria possível viver
bem sem ela, que é o que de fato importa.
Exposto então os princípios de que a opinião de um especialista no assunto deve ser
mais valorizada que a opinião da multidão e de que viver não se basta, mas sim viver
bem Sócrates continua sua linha de raciocínio perguntando ao amigo se seria justo fugir
sem a permissão dos atenienses que caso o amigo prove que sim ele tentaria fugir, mas
caso não, ele permaneceria esperando as autoridades irem busca-lo. E enquanto o
amigo não responde seu raciocínio ele continua sua linha perguntando se não se deve
cometer injustiça voluntária em caso nenhum, ou se em alguns casos seria permitido e
em outros não, e se o ato injusto não seria sempre um mal e uma vergonha na vida de
quem o comete.
Seu amigo Cristão concorda. Então Sócrates segue sua linha argumentativa, uma vez
que cometer uma injustiça seja sempre um mal e uma vergonha, jamais deveria se
proceder contra a justiça, nem mesmo retribuir a injustiça com injustiça, diferentemente
do que pensa a multidão, pelo fato que o procedimento injusto é sempre inadmissível.
Conforme esses raciocínios dedutivos, Sócrates conclui que não há diferença entre
cometer uma injustiça e fazer mal a uma pessoa, e que não se deve retribuir injustiças
ou fazer mal a uma pessoa que seja independentemente do mal que ela nos cause.
Critão segue concordando com o amigo e Sócrates segue sua linha de raciocínio,
passando para a análise das convenções que ao ser firmadas devem ser cumpridas e
não traídas. Para Sócrates, ao fugir da cidade ele destruiria as leis e toda a cidade, uma
vez que as sentenças proferidas perderiam sua força, tornando-as inoperantes e a partir
de qual argumento poderia fazê-lo fazer isso em proveito individual, uma vez que
Sócrates não teria queixas apresentar contra a Cidade, já que fora lá que seus pais
constituíram família e ele teve os mais diversos direitos como cidadão, entre eles
educação e ao fazer isso ainda dizer que leva a virtude a sério. E se durante toda a sua
vivencia na cidade não havia ter levantado queixas ou até saído da cidade, por não estar
de acordo com suas normas, quando o podia ter feito, porque acreditaria que agora
seria justo e correto fugir.
A conclusão que se chega com o texto é como ao partir de poucas premissas e
argumentos baseados no raciocínio lógico dedutivos conseguimos chegar a novas
conclusões que a princípio não estavam claras. O texto se encerra com Critão sendo
convencido por Sócrates, e o deixa esperar que as Leis o busquem sem fugir.
Referências

ALENCAR FILHO, E. Iniciação à lógica matemática. São Paulo: Nobel, 2002.


BORGES FILHO, F. - O Desenho e o Canteiro no Renascimento Medieval (séculos XII
e XIII): Indicativos da formação dos arquitetos mestres construtores. Tese de
doutorado, Universidade São Paulo, 2005.
IEZZI, G.; MURAKAMI, C. Fundamentos de Matemática Elementar: Conjuntos
Funções. 3ª edição. São Paulo: Editora Hamburg Ltda,1977.
MADUREIRA, A. Introdução à Análise Real em uma Dimensão. Disponível em: URL:
http://www.lncc.br/∼alm
PINHEIRO, U. Ideia e Asserção na Teoria da Mente de Espinosa. Analytica. Revista
de Filosofia, v. 3, n. 2, 1998.
TASSINARI, R. Resumos de Lógica. Departamento de Filosofia. UNESP: Marília,
2012. Disponível em:
https://www.marilia.unesp.br/Home/Instituicao/Docentes/RicardoTassinari/2013ILC.pdf
TUCKMAN, Bruce W. Conducting Educacional Researh. New York: Harcourt Brace
Jovanovich,1992.

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