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UNIASSELVI

CURSO DE DIREITO (1º semestre)

FUNDAMENTOS DO DIREITO PROCESSUAL

Professora: Mayelli Slongo

Aluno:

AVALIAÇÃO 1

Trata o presente trabalho acadêmico acerca de uma análise de ato


processual (Agravo de Instrumento) onde devem ser apontados o seu objeto, o
entendimento dos princípios e normas jurídicas aplicadas para a decisão do
caso e a opinião do aluno sobre a decisão do caso concreto.

Inicialmente cabe relembrar que a interpretação das normas


jurídicas é feita por intermédio das fontes do direito e determinados meios de
interpretação. São fontes do direito a Lei, o Costume, a Jurisprudência, a
Doutrina e os Princípios Gerais do direito. Em relação ao tópico de estudo
deste trabalho, os PRINCÍPIOS DE DIREITO, destaca-se a definição segundo
REALE1  :

“Princípios são, pois verdades ou juízos


fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de
certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um
sistema de conceitos relativos à dada porção da
realidade.”

Não obstante, como bem explicado pela professora Mayelli Slongo


os princípios são normas norteadoras de todo o ordenamento jurídico. Há
princípios em todas as matérias do direito, princípios no direito constitucional,
no direito processual, no direito administrativo, etc.

1
REALE, MIGUEL. Filosofia do Direito, 19 Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, página 60.

1
Em seu livro Teoria Geral do Processo2, CINTRA, GRINOVER e
DINAMARCO, refletindo sobre a importância e complexidade dos princípios,
assim explicam:

“Considerando os escopos sociais e políticos do


processo e do direito em geral, além de seu compromisso
com a moral e a ética, atribui-se extraordinária relevância
a certos princípios que não se prendem a técnica ou à
dogmática jurídicas, mas trazem seríssimas conotações
éticas, sociais e políticas e valem com algo externo ao
sistema processual, sevindo-lhe de sustento legitimador.”
Como exemplo de Princípios em direito processual podemos citar o
Princípio da proporcionalidade, do acesso a justiça, da igualdade, da
imparcialidade do Juiz, do contraditório e ampla defesa, publicidade, lealdade
processual, entre outros.

No ordenamento jurídico o qual é composto de regras (leis, normas,


etc.) e princípios, é possível que em determinado caso concreto, venhamos a
enfrentar eventual conflito entre as regras e princípios.

No caso de conflitos entre regras há uma hierarquia entre as normas


jurídicas (pirâmide de Kelsen) que deve ser respeitada ou no caso de novação
legislativa, algumas poderão ainda serem revogadas, já os princípios não,
segundo o material de apoio da Professora Mayelli Slongo:

“Os princípios preponderam uns sobre os outros, ou seja, eles


tendem a se acomodar em um mesmo caso concreto,
conforme as necessidades que justifiquem sua incidência.”

Na esteira deste raciocínio devemos considerar a técnica da


ponderação e proporcionalidade através da qual, na solução de um conflito,
não há a determinação imediata da prevalência de um sobre o outro, a
prevalência somente será observada diante do caso concreto.

São muitos os casos de conflito entre normas e princípios em todas


as matérias do direito, no âmbito dos direitos fundamentais previstos na CF
temos conflitos, no âmbito do direito processual também há conflitos como por
2
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel, TEORIA
GERAL DO PROCESSO, 31 ed. Editora Malheiros, 2015. p 74.

2
exemplo a previsão do princípio da publicidade dos atos processuais
versus o direito a intimidade previsto no artigo 5º da CF, neste caso, a
depender da sensibilidade do conteúdo, poderá sim a norma jurídica ou o Juiz
decretar sigiloso o processo em seu conteúdo parcial ou integral.

Na sequência da atividade acadêmica foi apresentada uma peça


processual denominada AGRAVO DE INSTRUMENTO, a qual é um recurso
bastante utilizado no âmbito do Direito Civil. In casu, a ementa da peça
resume que se trata da inconformidade do autor acerca de decisão judicial que
suspendeu o curso do processo por 60 dias e submeteu a continuidade do
mesmo sob a condição de que o autor deveria tentar a composição do conflito
na esfera extrajudicial, anteriormente.

Sobre o conteúdo da peça, em apertada síntese, trata-se de uma


ação por danos morais ajuizada pelo autor IVAN LIMA em desfavor de
empresa de telefonia OI MÓVEL (Réu) por cobrança indevida. No processo, o
Juiz de primeira instância exigiu que o autor procurasse uma tentativa de
composição do conflito extrajudicialmente, para somente depois prosseguir na
esfera judicial com o tratamento da lide.

O autor, inconformado com a decisão, recorreu a segunda instância


(Tribunal de Justiça) alegando que foi cerceado em seu direito de acesso à
justiça e prejudicado o princípio da inafastabilidade da jurisdição.

Os Julgadores da 3ª Câmara de Direito Civil do TJSC


(Desembargadores) reconheceram os argumentos do autor e reformaram a
decisão do Juiz da Comarca de Taió/SC.

Forte no artigo 5º, inciso XXXV da CF, o princípio da inafastabilidade


da jurisdição: “ a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;” garante a todo cidadão o direito de recorrer a Justiça a
fim de buscar proteção contra ameaça ou lesão a direito previsto em Lei, nas
palavras do julgador muito bem colocadas no Agravo de Instrumento,
“nenhuma lei e nenhuma autoridade pode impedir que as pessoas acessem o
Poder Judiciário para obter a prestação jurisdicional.”

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Não se ignora o fato de que há previsão de formas extrajudiciais
para a composição conflitos, como no caso da lei 9.307/96 que trata da
Arbitragem, e mesmo o Código de Processo Civil (2015), que em seus
artigos 3º, 334º, entre outros, incentiva a conciliação:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça


ou lesão a direito.

§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução


consensual dos conflitos.

§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de


solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por
juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

......................

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos


essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de
antecedência.

Todavia, no meu entendimento, o Juiz de primeira instância deveria


apenas seguir a Lei, incentivar a conciliação através de conciliadores do
próprio poder judiciário mas não obrigar o autor a buscar composição através
de um sítio na internet que não é administrado pela Justiça. Desta forma
entendo que a decisão (Acórdão) que reformou a decisão do magistrado de 1º
grau de jurisdição foi acertada, bem fundamentada (um “Princípio” possui um
sentido axiomático bastante profundo, e este deve imperar sobre normas ou
recomendações que não observem seus preceitos) e eficaz pois restituiu ao
jurisdicionado o seu direito constitucional.

FRANCO ANDREI DE LIMA

Matrícula 2784288

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