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Segunda Parábola: O menino, o gato e a ajuda inconveniente

Um menino andava por uma floresta que descobrira a pouco tempo. E nesse local mágico e
novo, ele conheceu um pequeno gato que lhe pareceu mais perdido do que ele. Aproximaram-
se e conversaram durante muito tempo. Se conheceram e se reconheceram como parecidos. O
gato estava perdido em devaneios e inseguranças e saudades e incertezas e em muitos outros
pensamentos e sentimentos. Por já ter passado por tantas dificuldades no longo caminho que
percorrera até agora e ter perdido o medo de enfrentar o mundo, o menino pensou que
poderia ser um bom apoio e que poderia ajudar aquele pequeno.

O gato sofria por ter como companheira do caminho que escolheu a distância de seus amados.
O menino confiante de seu conhecimento falou “Não te apavores, não tema o caminho. Ele
está na sua frente. Ele será difícil. Ele te machucará. Ele te fará querer desistir. Tudo isso será
muito complicado de superar, mas se o seu sonho passa por esse caminho, cada desafio vale a
pena. Se não passa por aqui, basta encontrar o caminho que leve ao teu sonho.” “Mas não
quero estar sozinho. Quero ter comigo os meus queridos. É muito difícil seguir solitário.” “A
solidão pode trazer força. Eu sei que é difícil, mas basta ter o olhar firme no horizonte e ser
forte para dar sempre um passo a mais.” Com olhos indignados o jovem gato respondeu
“Você não sabe o que sinto, nem a força que tenho que fazer, você nunca esteve tão sozinho
quanto eu. Mal nos conhecemos e já pensas que sabe como sou. Assim nunca me conhecerá
por completo.” E se foi com olhos tristes e com andar descompassado.

Segunda Parábola: Uma caminhada ao passado e um sono tranqüilo

O menino pensou e pensou e tentou entender o porquê não entendia o jovem gato. Eles
pareciam se parecer tanto e ao mesmo tempo tão diferentes. Aos poucos o menino começou a
andar. Andou para tempos antigos. Andou até uma situação que nada tinha a ver com essa
situação. Andou até uma voz conhecida, até uma conversa. Andou para a Coruja falando
“Conheci um antigo índio que dizia que o caminho continha algumas barreiras. Que a cada
barreira superada, a próxima era mais difícil de superar. A primeira é o medo. O medo de
conhecer, de enfrentar, de superar, de seguir adiante. Passado essa barreira, vinha a segunda.
Superando o medo se adquiri a clareza de seus desejos. E é essa a segunda barreira. A
clareza...” parou de andar nesse ponto e sentou em uma pedra e ali pensou em tudo que
acontecia. Percebeu que essas barreiras só podem ser atravessadas no seu devido tempo e
que esse tempo é diferente para cada um. Precisava encontrar o gato.

Correu por várias trilhas, sempre procurando. Procurava não só o gato, mas também palavras
para dizer a ele. Achou o gato antes de achar as palavras, por fim ficou apenas olhando
aqueles tristes olhos. Sem trocar nenhuma palavra começaram a andar. Entendendo que não
conseguiria encontrar palavras melhores o menino disse apenas “Desculpe.” Silêncio. Ambos
pararam. O menino sentou no chão, esperando alguma palavra do gato. Este então pulou no
colo do menino e ali permaneceu em silêncio. “Me precipitei e não quero cometer esse erro
novamente. Quero te conhecer e se possível ser teu conforto em dias tristes.” O silêncio se
prolongou por mais algum tempo. Então o menino ouve um pequeno ronronar do gato. Ele
dormia sorrindo, tendo um pequeno momento de paz e um colo seguro para descansar.

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