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Da Competência Internacional
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Já no contexto atual, com o advento da globalização e a consequente
diminuição das distâncias, aumenta a incidência de relações
internacionais, assim como os próprios litígios dessa mesma natureza.
Portanto, a questão dos limites da jurisdição dos Estados se torna de
suma importância, já que será o fator que determinará o alcance
judiciário daquele Estado no plano internacional.
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Quando tratamos de tal inclusão do fator ‘âmbito internacional’, faz
parte da pauta de muitos estudiosos do direito a elaboração de normas
que formem um verdadeiro direito processual internacional para facilitar
a aplicação envolvendo diferentes jurisdições internacionais; tarefa
árdua, uma vez que encontra inúmeras barreiras nas diferenças sociais,
econômicas e culturais de cada país.
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Fato que concordam todos é a existência da dificuldade de enquadrar
as normas que tangenciam o Direito Processual Civil e o Direito
Internacional Privado.
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Todavia, não podemos desdobrar do período acima que ocorre um total
isolamento da competência internacional de cada Estado em relação ao
ambiente internacional e as normas alheias sobre fixação de
competência, já que tal isolamento comprometeria a harmonia e a
própria efetividade das sentenças de um país.
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IV.3 – Princípio da Não Denegação de Justiça
Este princípio estabelece uma garantia fundamental de todo indivíduo,
não somente enquanto cidadão de determinado país, mas enquanto,
simplesmente, habitante, não necessitando ter residência, podendo até
estar de mera passagem.
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Portanto, acima de tudo, este princípio visa a consecução da justiça na
sua amplitude, na medida em que, através do direito comparado, aplica
a lei mais conveniente, de forma a fazer com que a prestação
jurisdicional seja proporcionada da melhor maneira possível.
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IV.7 – Princípio da Imunidade de Jurisdição
O professor HAROLDO VALLADÃO conceitua ‘imunidade de jurisdição’
como sendo “a isenção, para certas pessoas, da jurisdição civil, penal,
administrativa, por força de normas jurídicas internacionais
originalmente costumeiras, praxe, doutrina, jurisprudência, ultimamente
convencionais, constantes de tratados e convenções.” A imunidade
jurisdicional dos Estados, em regra, não tem caráter universal, mas
impede que eles sejam demandados juridicamente perante os tribunais
de outro Estado por atos praticados no exercício de seu jus imperii –
salvo em caso expresso de renúncia a essa imunidade. Os atos típicos
da atividade civil/comercial internacional, cuja prática é irrestrita a
qualquer particular, estariam excluídos da imunidade, por escaparem ao
seu próprio fundamento.
Nesses casos, o Estado estaria equiparando-se a um simples particular,
permitindo seu chamamento perante um tribunal estrangeiro. Nesse
sentido, deixa a imunidade dos Estados de ter uma natureza
meramente subjetiva (o Estado era imune por sua própria condição de
Estado) para exigir que também sejam levados em conta os aspectos
objetivos do ato praticado (o Estado é imune apenas na hipótese
daqueles atos praticados no exercício de sua soberania). Os principais
pressupostos da imunidade jurisdicional são três: a) imunidade do
Estado estrangeiro e seus órgãos; b) imunidade das missões
diplomáticas e consulares; c) imunidade de organismos internacionais.
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O local de cumprimento da obrigação abrange também as ações que
versam sobre o descumprimento de obrigação a ser cumprida no Brasil,
sendo necessário que pelo menos a parte do contrato que se refere à
obrigação que é objeto da ação seja cumprida em território brasileiro.
O local onde o ato foi praticado entende-se ser aquele que, segundo a
lei de direito material aplicável, considera-se que o negócio jurídico se
aperfeiçoou. No caso de o fato danoso ter ocorrido fora do território
brasileiro, a justiça brasileira não tem competência para processar e
julgar ação indenizatória.
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A segunda hipótese de competência exclusiva disposta no inc. II do
art. 89, do CPC, versa a respeito do inventário e partilha de bens
situados no Brasil, tendo como base o Art. 5º, XXXI, da CF, que visa a
proteção do cônjuge ou filhos brasileiros, de forma que a lei brasileira
regulará a sucessão de bens estrangeiros situados no Brasil.
O CPC ao dispor a respeito de bens, inclui não apenas bens imóveis
como disposto na primeira hipótese, mas inclui também bens
semoventes e móveis, tornando a abrangência do dispositivo ainda
maior, tendo-se em vista ainda que são bens móveis situados no Brasil
as empresas brasileiras e estrangeiras com filial ou agência no Brasil,
os títulos cambiários, e o dinheiro que esteja depositado no Brasil.
Além das hipóteses de competência exclusiva taxadas no
Art. 89 do CPC, há que considerar-se também aquelas presentes em
legislação extravagante como: Anulação de patente registrada no Brasil
ou falência de comerciante domiciliado no Brasil, sendo que a primeira
dispõe a respeito da proteção dos direitos relativos à propriedade
industrial, sendo necessário que o titular da patente registre perante o
órgão federal competente, de forma que possam ser assegurados os
direitos do autor ou inventor no Brasil; quanto à falência de comerciante
domiciliado no Brasil, estão consagrados dois sistemas: no primeiro
está disposto que a falência declarada em um país deve-se estender
em seus efeitos aos outros países, de forma a atrair para só um juízo a
competência para administrar a massa falida e resolução dos litígios. O
segundo sistema concerne a pluralidade, de forma que a falência
declarada em uma jurisdição não tem efeitos em outra.
A justiça brasileira é competente para decretar falência do devedor que
tem no Brasil seu principal estabelecimento e para decretar falência de
filial de empresa com sede fora do Brasil; de forma que é possível
perceber que a competência da autoridade judiciária brasileira para
processar a falência de devedores aqui domiciliados é concorrente, não
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exclusiva, no entanto, quanto aos efeitos da falência pode-se verificar
competência exclusiva.
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forma que deve-se analisar a relevância ou irrelevância da
litispendência no exterior e no território nacional.
A questão da litispendência só faz sentido ao considerarem-se ambos
os juízes competentes, sendo um problema de competência
concorrente, uma vez que se em um dos países em que se processam
as demandas idênticas, a competência para a causa é exclusiva, de
forma que a existência da lide estrangeira no outro país é
completamente irrelevante.
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para a qual, a princípio ele não seria competente, como para excluir sua
competência para causa que, a princípio lhe caberia.
VII. CONCLUSÃO
A finalidade deste trabalho foi conceituar, ainda que basicamente, tendo
em vista a amplitude da matéria e as diversas posições doutrinárias
divergentes sobre alguns temas, os pressupostos da questão da
competência internacional, explicitando seus princípios básicos e
fazendo um paralelo da matéria com o direito brasileiro, visando trazer
para a prática os conceitos teóricos trabalhados.
É com essa finalidade (aplicação de uma “justiça mais justa”) que cada
Estado visa regulamentar matérias ligadas às relações jurídicas de
direito internacional privado com conexão internacional, além das
questões de competência, exclusiva ou concorrente, dos Estados
participantes da lide.
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