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No entanto, o autor ressalta que tal fato não equivale a negar o poder da
tradição de cultura oral – religiosa, mitológica, poética e narrativa – das línguas
tradicionais da África abaixo do Saara e nem ignorar a importância de algumas
línguas tradicionais que usam a escrita.
Appiah aborda ainda outras razões para a persistência das línguas coloniais nos
estados africanos. Ele cita dificuldades como desenvolver um sistema educacional
moderno numa língua nativa, diferente da que os manuais e didáticos foram
redigidos. Outro fator seria o status que as línguas estrangeiras conferiram à elite
É preciso analisar se as verdades retiradas do Ocidente serão ou não
dignas de crédito, e de como administrar as relações entre a herança
conceitual de origem e as ideias vindas de outros mundos. (p.21).
Appiah retoma Crummell e acredita que ele era racialista e racista. Ele
sugere que Crummell seja racista intrínseco e extrínseco, ao mesmo tempo.
Isso se deve ao fato de que a simples realidade da raça lhe fornece uma base
para tratar os membros de sua própria raça de um modo diferente dos das
outras, e que existem características moralmente relevantes que se distribuem
diferencialmente entre as raças (p.37). O autor tece uma comparação entre os
racismos nazista e o sul-africano.
No primeiro, o que há de peculiarmente aterrador é o fato de ele ter
levado à opressão e depois ao assassinato em massa. Já no segundo, apesar
de não ter conduzido a matanças na escala do Holocausto, levou à opressão
sistemática e à exploração econômica das pessoas não classificadas como
“brancas”, bem como a imposição de sofrimentos aos cidadãos de todas as
classificações raciais, inclusive pelo estado policialesco exigido para manter
essa condição (p.37).