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TESTES DE VIDA
Estudos em 1 João
LIÇÃO 12 – COMO FICAR FIRMES CONTRA O ERRO
1 JOÃO 2. 24-28

Nesta lição abordaremos o encorajamento que João dá aos crentes da Ásia Menor,
assediados por falsos ensinamentos. O apóstolo exorta-os a permanecerem firmes na
verdade e assegura-os que a unção vinda de Deus os manterá firmes neste propósito.

INTRODUÇÃO
Na lição anterior, o apóstolo João advertiu os crentes da Ásia Menor sobre o caráter
dos mestres gnósticos que estavam se infiltrando em suas comunidades. Eles eram
anticristos, uma expressão do anticristo, do qual o profeta Daniel, o Senhor Jesus e
Paulo haviam falado que viria. Os falsos mestres tinham como alvo enganar e iludir as
pessoas com o erro religioso e assim desviá-las de Deus. João em seguida indica aos
seus leitores o meio pelo qual poderão ficar firmes, que é basicamente a permanência,
neles, da doutrina apostólica e do Espírito Santo. Desta forma, eles permanecerão em
Cristo.

O QUE É PRECISO PARA QUE OS CRENTES NÃO SEJAM


ENGANADOS?
A palavra chave desta seção é permanecer. Este verbo é um dos prediletos de João e
ocorre 24 vezes nesta carta, das quais 6 ocorrem na passagem que estamos estudando.
O verbo permanecer tem muitos sentidos, mas o básico empregado por João é o de
ficar, morar, habitar, de forma firme e inabalável. O apóstolo aprendeu com o Senhor
Jesus a importância para a vida cristã do conceito de permanecer (ver Jo 15.1-10) e
agora ensina este conceito aos cristãos da Ásia Menor. O ponto central de João na
passagem que estamos estudando é que somente a firmeza e a estabilidade
prevalecerão contra o erro doutrinário. Cristãos inseguros e vacilantes certamente são
“almas inconstantes” facilmente engodadas pelos falsos mestres (2Pe 2.14; Tg 1.8).
Somente os firmes e constantes prevalecerão.

A permanência da doutrina apostólica


Para não serem iludidos pelas novidades dos falsos mestres, os cristãos deveriam
primeiramente guardar no coração a doutrina apostólica: Permaneça em vós o que
ouvistes desde o princípio (2.24). João está se referindo ao conteúdo do Evangelho,
que eles conheciam desde sua conversão. Não era a antiguidade que tornava a
doutrina apostólica verdadeira, mas o fato de que era apostólica. Ela havia sido
ensinada por homens inspirados por Deus, canais da revelação divina. E esta
revelação já se havia encerrado e era imutável. Todo novo ensinamento que
contradissesse a doutrina dos apóstolos ou fosse além dela, deveria ser considerado
como falso. Os crentes deveriam guardar no coração aquilo que lhes havia sido
transmitido pelos apóstolos, quer de forma escrita ou pela pregação dos pastores e não
se deixar atrair pela novidade dos gnósticos (Sl 119.11; Hb 2.1).

Não somente isto, diz João: Se em vós permanecer o que desde o princípio
ouvistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai (2.25). Se eles guardassem
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no coração a pregação apostólica que ouviram através de seus pastores e mestres,


então viveriam em perfeita união com o Filho e com o Pai. Ou seja, era mediante a
permanência da verdade que lhes foi ensinada que eles teriam verdadeira comunhão
com Deus. Quem se deixasse arrastar pelo erro dos falsos mestres, certamente nunca
teve no coração a doutrina dos apóstolos e nem conheceu esta preciosa comunhão
com Deus. O que estava em jogo não era uma mera discussão de opiniões teológicas
diferentes, mas questões de importância eterna: E esta é a promessa que ele mesmo
nos fez, a vida eterna (2.25). João relembra-os que o Senhor Jesus havia prometido a
vida eterna, mas somente aos que cressem na Sua Palavra, na verdade que Ele havia
revelado e ensinado (Jo 8.31; cf Lc 18.30). Se aqueles cristãos da Ásia abandonassem
o ensino de Jesus pregado pelos apóstolos, estariam mostrando que não tinham a vida
eterna. Veja ainda a exortação semelhante que o Senhor Jesus fez à igreja de Sardes
(Ap 3.3).

O risco era bem real. João esclarece que “isto que vos acabo de escrever é acerca
dos que vos procuram enganar” (2.26). A intenção dos mestres gnósticos era
realmente enganar os cristãos da Ásia Menor com heresias, e havia o risco bem real
de que alguns pudessem vir a ser iludidos (ver 3.7; 1.8). Os cristãos deveriam estar
alerta e precavidos, pois a arma do anticristo e dos anticristos é realmente a mentira
religiosa (ver 2Ts 2.9-12).

A permanência da unção de Deus


Ao contrário dos falsos mestres, os cristãos verdadeiros tinham a unção que provinha
de Deus: Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós
(2.27). Por não terem esta unção, aqueles mestre haviam saído do meio da Igreja,
onde antes pertenciam como membros que professavam fé em Cristo (cf. 2.19). Por
não terem o Espírito Santo, o Espírito da verdade (cf. Jo 14.17), haviam sucumbido ao
espírito do erro (1Jo 4.6). Porém, João está seguro de que os cristãos da Ásia não se
deixariam levar pela mentira deles, pois ao contrário destes, tinham a unção que
haviam recebido de Jesus. Conforme vimos no estudo anterior, a unção a que João se
refere é a presença constante e permanente do Espírito Santo no crente (Ef 1.13),
recebida da parte de Cristo (Jo 15.26; cf. 1Jo 3.24; 4.13), e que impede que o
verdadeiro cristão seja levado por heresias perniciosas que terminem na apostasia
religiosa. É o cumprimento da promessa feita por Deus, na nova aliança, de que
haveria de imprimir indelevelmente as suas leis no coração do Seu povo (Jr 31.33-34).

O Espírito Santo confirmava em seus corações e mentes aquilo que eles haviam
ouvido desde o princípio, que era a doutrina dos apóstolos. Neste sentido, diz João,
não tendes necessidade de que alguém vos ensine (2.27). É óbvio que João não está
dizendo que os crentes não precisam de mestres humanos. Dizer isto seria contradizer
todas as passagens da Bíblia que falam do trabalho dos pastores e mestres na Igreja,
ensinando e doutrinando os fiéis, cf. Ef 4.11; Rm 12.7; 1Tm 5.17; 2Tm 2.24; Hb 13.7.
Além disto, se os crentes não precisam de mestres humanos – por que João lhes está
ensinando através desta carta? O ponto é que João está simplesmente dizendo que os
cristãos da Ásia não precisavam que os falsos mestres viessem lhes dizer a verdade,
pois já estavam firmes nela, mediante a presença e o poder do Espírito: a sua unção
vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa (2.27b).

Permanecer em Cristo
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É bom ainda lembrar que João não está dizendo que o crente pode ficar tranqüilo de
que jamais cairá em erro, à vista destas grandes bênçãos. Ao contrário, os cristãos,
sem dar ouvidos aos gnósticos e às suas heresias, deveriam permanecer nele [Cristo],
como também ela [a unção, isto é, o Espírito] vos ensinou. Filhinhos, agora, pois,
permanecei nele (2.27c). O que o Espírito, falando pela Palavra, ensinou aos crentes,
foi que deveriam permanecer em Cristo, que é a mesma coisa de permanecer firmes
no ensinamento dos apóstolos que Cristo é o Filho de Deus, o Salvador do mundo.

O motivo, explica João, é para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança
e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda (2.28b). A manifestação de
Cristo à qual João se refere aqui é a Sua segunda vinda. Houve já a primeira
manifestação de Cristo que foi testemunhada por João, a encarnação, a qual João
chama a manifestação da vida eterna (1.2). Esta primeira manifestação teve como alvo
tirar os pecados do povo de Deus (3.5) e destruir as obras do diabo (3.8). João a
considera como a manifestação do amor de Deus pelo Seu povo (4.9). Ela consistiu na
encarnação, vida, morte e ressurreição do Senhor Jesus. É chamada de “manifestação”
porque foi a aparição ao mundo do Salvador, que antes não havia ainda aparecido. A
segunda manifestação é o retorno público e visível do Senhor Jesus a este mundo,
para completar a obra iniciada na primeira. É a esta manifestação e a esta vinda que
João se refere aqui. Nesta futura manifestação, “seremos semelhantes a ele, porque
haveremos de vê-lo como ele é” (3.2).

Na manifestação do Senhor, os cristãos terão confiança, pois permanecem nele. Ter


confiança diante de Deus é um dos temas de João nesta carta. Significa ter a
consciência tranqüila diante de Deus em oração (3.21) e certeza que Ele escuta o que
pedimos (5.14); significa estar pronto para enfrentar o dia do juízo sem temor (4.17).
Esta confiança se baseia, não nos méritos e obras dos cristãos, mas na obra completa
de Cristo em favor deles. Em contraste, haverá aqueles que se afastarão
envergonhados de Cristo quando Ele regressar. Envergonhar é um termo usado na
Bíblia para se referir ao castigo de Deus sobre os ímpios (Sl 25.3; 31.17; Is 41.11; Ap
16.15). Pode ser que João tenha em mente os falsos mestres que estavam tentando
iludir os cristãos com mentiras e heresias. Eles, juntamente com todos os que andam
em trevas, serão envergonhados diante de Cristo, quando Ele vier em glória. Ali a
maldade e a iniqüidade de seus atos e o erro dos seus ensinamentos serão tornados
públicos, para vergonha deles. Afastados de Cristo, a vergonha que experimentarão,
sem possibilidade de perdão ou alívio, será parte dos seus sofrimentos eternos.

Em resumo, podemos afirmar que a segurança do cristão contra o erro doutrinário é a


persuasão interior do Espírito Santo (a unção) falando através da Palavra de Deus
(aquilo que ouvistes desde o princípio). Estas duas coisas, a unção e a doutrina, foram
recebidas pelo crente quando se converteu a Cristo, e pela ação graciosa de Deus, nele
permanecerão até o fim. Desta forma, o crente aguarda em confiança a manifestação
futura do Senhor Jesus, quanto também os ímpios, envergonhados, serão afastados de
Cristo para sempre.

CONCLUSÃO

1. Os crentes devem guardar no coração a mensagem que ouviram desde o


começo, o ensino apostólico. Muitos membros de igrejas evangélicas hoje têm
coceira nos ouvidos e seguem toda nova doutrina que falsos mestres inventam,
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seguindo novidades e “novas luzes”. Consideram as antigas doutrinas da


graça, o ensino apostólico, como antiquados para nossa época. É você uma
destas pessoas? Está sempre à cata de novidades?

2. Não há salvação sem verdade. Somente se aquilo que ouvimos desde o


começo ficar em nosso coração é que viveremos unidos com o Filho e com o
Pai e teremos confiança no dia do juízo. Como você espera este dia? Com
confiança? Ou com vergonha?

3. Cristo derramou o seu Espírito sobre todo crente verdadeiro. Ele ensina a
respeito de tudo, e os seus ensinamentos não são falsos, mas verdadeiros. Esta
é a segurança que temos que não seremos iludidos pelas seitas. Porém,
precaver-se é preciso. Você é estudioso da Palavra de Deus? Conhece as
Escrituras, a doutrina apostólica?

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