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Nataly
04/06/2011
Casos Clínicos Deixe um comentário
C. A., feminino, 18 anos, estudante, solteira, nascida em Bristol (sudoeste da Inglaterra). Apresenta história de
transtorno de ansiedade, que é tratado com o uso contínuo de Valium (benzodiazepínico).
Foi encontrada pela equipe de resgate desmaiada em cima de um banco de praça e transportada imediatamente para
um pronto socorro, sendo necessário uso de ventilação artificial. Ao lado da paciente encontrava-se um pacote plástico
com alguns comprimidos, identificados como benzodiazepínicos e também uma pistolinha de brinquedo contendo
vestígios de vodka.
O estado constatado era de anestesia, hálito alcoólico, incapacidade de coordenação dos movimentos musculares
voluntários e insuficiência respiratória grave.
3) Que antídoto poderia ter sido usado para reverter os efeitos de overdose por benzodiazepínicos?
O antídoto para a intoxicação por benzodiazepínicos é o flumazenil: antagonista específico. Ele bloqueia os efeitos
centrais das substâncias que agem nos receptores dos benzodiazepínicos, por inibição competitiva, e reverte a sedação
provocada por essas substâncias, com melhora do efeito respiratório. No entanto, este medicamento não substitui a
assistência respiratória. É importante ressaltar que o flumazenil não altera a farmacocinética dos benzodiazepínicos,
nem antagoniza os efeitos de outras substâncias que atuam no sistema nervoso central, como o etanol. Sua via de
administração é sempre endovenosa e deve ser diluído em solução de glicose a 5%, Ringer Lactato, ou cloreto de sódio
a 0,9%, e ser administrado lentamente.
O álcool aumenta a inibição sináptica mediada pelo GABA e pelo fluxo de cloreto. Doses elevadas de álcool aumentam
a permeabilidade ao cloro na ausência de GABA. O álcool atua em diversos sistemas de neurotransmissores e
neuroreceptores:
Sistema adrenérgico: aumenta a síntese e liberação de noradrenalina, resultando em uma diminuição da sensibilidade
pós-sináptica, evidenciada pela diminuição da resposta do AMPcíclico à noradrenalina.
Ácido gama-amino-butírico (GABA): uso agudo, elevação, diminuição e ausência de alterações no sistema GABA. No
uso crônico, redução do GABA no cérebro. O sistema GABA está envolvido em alguns dos sintomas da intoxicação pelo
álcool.
Sistema opióide: o uso agudo de álcool diminui a ligação das encefalinas aos receptores, enquanto aumenta os níveis
de beta-endorfinas tendem a diminuir. No uso crônico, os níveis de beta-endorfinas tendem a diminuir. O sistema
opióide endógeno modularia a liberação de dopamina no núcleo acumbens, o que estaria relacionado a necessidade de
repetir o uso.
Acetilcolina: o álcool, agudamente, diminui a atividade colinérgica, enquanto que, em uso crônico, produz tolerância.
Cálcio: importante participação na função de neurotransmissão e pode ter um papel no efeito hipnótico do álcool.
Gastrite: O álcool estimula a secreção de sucos gástricos e aumenta a permeabilidade mucosa, Um uso excessivo e
crônico de álcool favorece a colonização por Helicobacter pylori, que produz amônia e contribui para a gastrite crônica.
Cirrose: O tecido do fígado fica cheio de cicatrizes pelo desenvolvimento de septos fibrosos que ligam as veias aos
tratos portais. Esta cicatrização, conjuntamente com a regeneração do tecido hepático, transtorna a arquitetura normal
do fígado, com consequências em dois sentidos. Primeiro, a perda real do tecido hepático funcional causa diversos
distúrbios metabólicos, levando por fim à falência hepática. Segundo, e muito importante, a cicatrização e
desorganização levam à compressão e ao bloqueio dos vasos sanguíneos. Este bloqueio físico incrementa a
hipertensão portal. Isto pode causar sangramento, grave e até fatal, de veias na parte terminal do esôfago.
3. Os achados de nível elevado de amilase no sangue indica o que? Isso explica a dor abdominal? Explique.
Pancreatite aguda. Sim, os mais prováveis portadores de pancreatite alcoólica aguda são homens jovens que bebem
mais de 80g de álcool por dia. A forma mais comum de apresentação é o repentino surgimento de intensa dor na parte
superior do abdome, a qual tipicamente se irradia para as costas. Os indivíduos com pancreatite aguda grave podem
apresentar febre, hipotensão, respiração rápida, ascite aguda, efusões pleurais e íleo paralítico.
Dissulfiram: inibe a ação da enzima aldeído desidrogenase que metaboliza o acetaldeído, promovendo o acúmulo dessa
substância, levando ao aparecimento de efeitos tóxicos: mal-estar, náuseas, vômitos, alterações hemodinâmicas. Essa
medicação reforça o controle sobre o desejo de consumir álcool, já reforça o controle sobre o desejo de consumir álcool,
já que o paciente sabe que irá ter os efeitos tóxicos se consumir a bebida.
Acamprosato: estrutura semelhante a de neurotransmissores aminoácidos tais como a taurina ou o ácido gama-amino-
butirínico (GABA), incluindo uma acetilação que permite a passagem pela barreira hematoencefálica. Essa substância
diminui o desejo de beber e suprime a hiperatividade que ocorre durante a fase de abstinência.