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Projeto Delta

Direito Constitucional e Direito Administrativo


Professor Gustavo Brígido
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação das leis.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros.
01. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Instituto Rio Branco Prova:
CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata
No que tange aos direitos e garantias fundamentais e ao processo legislativo,
conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue (C ou E) o item
subsequente.
As assembleias legislativas estaduais dispõem de competência para propor
emenda à CF, desde que a iniciativa parta de mais da metade das assembleias
das unidades da Federação e pela maioria relativa dos membros de cada uma
delas.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
02. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 -
EMAP
Julgue o próximo item, relativo à organização dos poderes.
Para ser aprovada, uma emenda à Constituição Federal de 1988 deverá ser
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, e sua
aprovação dependerá da obtenção, em ambos os turnos, de três quintos dos
votos dos respectivos membros, devendo o intervalo mínimo entre tais turnos
de votação ser de trinta dias.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número
de ordem.
03. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: IPHAN Prova: CESPE - 2018 -
IPHAN - Auxiliar Institucional
Acerca da organização dos poderes do Estado, julgue o item subsequente.
O presidente da República é a autoridade competente para promulgar
emendas à Constituição.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-
Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos
nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
Viola a cláusula de reserva de iniciativa do chefe do Poder Executivo
(art. 61, § 1º, II, a, extensível aos Estados-membros por força do art. 25
da CF) a concessão de gratificação a policiais militares integrantes de
assessoria militar junto ao Tribunal de Contas estadual. O exercício
funcional junto a outros órgãos ou Poderes não desnatura o vínculo
entre esses servidores e seu cargo e órgão de origem.
[ADI 5.004, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 12-4-2018, P, DJE de 25-
4-2018.]
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
Ao estabelecer a obrigatoriedade de as escolas públicas de educação
básica de Santa Catarina manterem a presença de um segundo
professor de turma nas salas de aula que tiverem alunos com
diagnóstico de deficiências e transtornos especificados no texto
normativo, a lei estadual, de iniciativa parlamentar, viola regra
constitucional que determina a iniciativa privativa do Poder Executivo
para dispor sobre servidores públicos, seu regime jurídico, provimento
de cargos, estabilidade e aposentadoria (CF, art. 61, § 1º, II, c).
[ADI 5.786, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 13-9-2019, P, DJE de 26-
9-2019.]
04. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2018 -
STM - Analista Judiciário - Área Judiciária
Com relação à organização dos poderes e às funções essenciais à justiça, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: Por iniciativa de deputado federal, tramitou e foi
aprovado, no Congresso Nacional, projeto de lei que trata de regime jurídico
dos militares das Forças Armadas. Assertiva: Nessa situação, o projeto deverá
ser vetado pelo presidente da República, porque existe vício de
constitucionalidade formal.
Gabarito: CERTO.
As leis que disponham sobre regime jurídico dos militares das
Forças Armadas são de iniciativa privativa do Presidente da
República (art. 61, §1º, II, “f”, CF). Por isso, se um Parlamentar
apresenta projeto de lei de iniciativa privativa do PR (Poder Executivo)
resulta em: INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-
las de imediato ao Congresso Nacional.
Medida provisória não revoga lei anterior, mas apenas suspende seus
efeitos no ordenamento jurídico, em face do seu caráter transitório e
precário. Assim, aprovada a medida provisória pela Câmara e pelo
Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei antecedente.
Todavia, caso a medida provisória seja rejeitada (expressa ou
tacitamente), a lei primeira vigente no ordenamento, e que estava
suspensa, volta a ter eficácia.
[ADI 5.709, ADI 5.716, ADI 5.717 e ADI 5.727, rel. min. Rosa Weber,
j. 27-3-2019, P, DJE de 28-6-2019.]
A conversão de medida provisória em lei não prejudica o debate
jurisdicional sobre o atendimento dos pressupostos de admissibilidade
desse espécime de ato da ordem legislativa.
[ADI 3.330, rel. min. Ayres Britto, j. 3-5-2012, P, DJE de 22-3-2013.]
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito
eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou
qualquer outro ativo financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12
perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no
prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por
igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do
Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
O § 11 do art. 62 da Constituição visa garantir segurança jurídica àqueles
que praticaram atos embasados na medida provisória rejeitada ou não
apreciada, mas isso não pode se dar ao extremo de se permitir a
sobreposição da vontade do Chefe do Poder Executivo sob a do Poder
Legislativo, em situações, por exemplo, em que a preservação dos efeitos da
medida provisória equivalha à manutenção de sua vigência. Interpretação
diversa ofenderia a cláusula pétrea constante do art. 2º da Constituição, que
preconiza a separação entre os Poderes. Quanto aos pedidos de licença
para exploração de CLIA não examinados na vigência da Medida Provisória
n. 320/2006, não havia relação jurídica constituída que tornasse possível a
invocação do § 11 do art. 62 da Constituição para justificar a aplicação da
medida provisória rejeitada após o término de sua vigência. Interpretação
contrária postergaria indevidamente a eficácia de medida provisória já
rejeitada pelo Congresso Nacional, ofendendo não apenas o § 11 do art. 62
da Constituição, mas também o princípio da separação dos Poderes.
[ADPF 216, rel. min. Cármem Lúcia, j. 14-3-2018, P, DJE de 23-3-2020.]
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional
sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre
o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e
cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional,
ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
O regime de urgência previsto no art. 62, § 6º, da Constituição da República – que impõe o sobrestamento
das deliberações legislativas das Casas do Congresso Nacional – incide, tão-somente, sobre aquelas matérias
que se mostram passíveis de regramento por medida provisória, excluídos, em consequência, do bloqueio
procedimental imposto por mencionado preceito constitucional as propostas de emenda à Constituição e os
projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução e, até mesmo, tratando-se de projetos de lei
ordinária, aqueles que veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das medidas provisórias (CF, art.
62, § 1º, I, II e IV). Essa fórmula interpretativa constitui reação legítima ao inadmissível controle hegemônico,
pelo Presidente da República, do poder de agenda do Congresso Nacional, pois tem a virtude de devolver às
Casas legislativas esse mesmo poder de agenda, que traduz prerrogativa institucional das mais relevantes,
capaz de permitir à instituição parlamentar – livre da indevida ingerência de práticas de cesarismo
governamental pelo Chefe do Executivo (representadas pelo exercício compulsivo da edição de medidas
provisórias) – o poder de selecionar e de apreciar, de modo inteiramente autônomo, as matérias que considere
revestidas de importância política, social, cultural, econômica e jurídica para a vida do País, o que ensejará – na
visão e na perspectiva do Poder Legislativo (e não na vontade unilateral do Presidente da República) – a
formulação e a concretização, pelo Parlamento, de uma pauta temática própria.
[MS 27.931, rel. min. Celso de Mello, j. 29-6-2017, P, DJE de 28-10-2020.]
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de
sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso
Nacional.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara
dos Deputados.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar
as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem
apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas
do Congresso Nacional.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida
provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia
por decurso de prazo.
Impossibilidade de reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória revogada,
nos termos do prescreve o art. 62, §§2º e 3º. Interpretação jurídica em sentido contrário,
importaria violação do princípio da Separação de Poderes. Isso porque o Presidente da
República teria o controle e comando da pauta do Congresso Nacional, por conseguinte,
das prioridades do processo legislativo, em detrimento do próprio Poder Legislativo. Matéria
de competência privativa das duas Casas Legislativas (inciso IV do art. 51 e inciso XIII do
art. 52, ambos da Constituição Federal). O alcance normativo do § 10 do art. 62, instituído
com a Emenda Constitucional 32 de 2001, foi definido no julgamento das ADI 2.984 e ADI
3.964, precedentes judiciais a serem observados no processo decisório, uma vez que não
se verificam hipóteses que justifiquem sua revogação. Qualquer solução jurídica a ser dada
na atividade interpretativa do art. 62 da Constituição Federal deve ser restritiva, como forma
de assegurar a funcionalidade das instituições e da democracia. Nesse contexto, imperioso
assinalar o papel da medida provisória como técnica normativa residual que está à serviço
do Poder Executivo, para atuações legiferantes excepcionais, marcadas pela urgência e
relevância, uma vez que não faz parte do núcleo funcional desse Poder a atividade
legislativa. É vedada reedição de medida provisória que tenha sido revogada, perdido sua
eficácia ou rejeitada pelo Presidente da República na mesma sessão legislativa.
[ADI 5.709, ADI 5.716, ADI 5.717 e ADI 5.727, rel. min. Rosa Weber, j. 27-3-2019,
P, DJE de 28-6-2019.]
05. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EMAP Provas: CESPE - 2018 -
EMAP - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio
No que se refere à organização dos poderes, julgue o item que segue.
Medida provisória que perca sua eficácia por decurso de prazo somente
poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa, em caso de interesse
público relevante.
Errado
Segundo o art. 62, § 10, é vedada a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que
tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até
sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original
da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que
seja sancionado ou vetado o projeto.
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República,
ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
Inconstitucionalidade formal caracterizada. Emenda parlamentar a
projeto de iniciativa exclusiva do chefe do Executivo que resulta em
aumento de despesa afronta o art. 63, I, c/c o 61, § 1º, II, c, da CF.
[ADI 2.791, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-8-2006, P, DJ de 24-11-2006.]
= ADI 4.009, rel. min. Eros Grau, j. 4-2-2009, P, DJE de 29-5-2009
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
06. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Instituto Rio
Branco Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata

No que tange aos direitos e garantias fundamentais e ao processo


legislativo, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue (C ou E) o item subsequente.

A Câmara dos Deputados é a casa onde se devem iniciar todos os


projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do STF ou de
tribunal superior, cabendo ao Senado o papel de casa revisora.
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para
apreciação de projetos de sua iniciativa.
Assim, questão que ainda está a merecer melhor exame diz respeito à inertia deliberandi (discussão e votação) no âmbito das Casas
Legislativas. Enquanto a sanção e o veto estão disciplinados, de forma relativamente precisa, no texto constitucional, inclusive no que
concerne a prazos (art. 66), a deliberação não mereceu do constituinte, no tocante a esse aspecto, uma disciplina mais minuciosa.
Ressalvada a hipótese de utilização do procedimento abreviado previsto no art. 64, §§ 1º e 2º, da Constituição, não se estabeleceram
prazos para a apreciação dos projetos de lei. Observe-se que, mesmo nos casos desse procedimento abreviado, não há garantia
quanto à aprovação dentro de determinado prazo, uma vez que o modelo de processo legislativo estabelecido pela Constituição não
contempla a aprovação por decurso de prazo. Quid juris, então, se os órgãos legislativos não deliberarem dentro de um prazo razoável
sobre projeto de lei em tramitação? Ter-se-ia aqui uma omissão passível de vir a ser considerada morosa no processo de controle
abstrato da omissão? O STF tem considerado que, desencadeado o processo legislativo, não há que se cogitar de omissão
inconstitucional do legislador. Essa orientação há de ser adotada com temperamento. A complexidade de algumas obras legislativas
não permite que elas sejam concluídas em prazo exíguo. O próprio constituinte houve por bem excluir do procedimento abreviado os
projetos de código (CF, art. 64, § 4º), reconhecendo expressamente que obra dessa envergadura não poderia ser realizada de
afogadilho. Haverá trabalhos legislativos de igual ou maior complexidade. Não se deve olvidar, outrossim, que as atividades
parlamentares são caracterizadas por veementes discussões e difíceis negociações, que decorrem mesmo do processo democrático e
do pluralismo político reconhecido e consagrado pela ordem constitucional (art. 1º, caput, I). Orlando Bitar, distinguindo os Poderes,
dizia que o Legislativo é intermitente, o Executivo, permanente, e o Judiciário só age provocado. Ou seja, o Legislativo pode parar por
algum tempo, isto é, entrar em recesso. Essas peculiaridades da atividade parlamentar, que afetam, inexoravelmente, o processo
legislativo não justificam, todavia, uma conduta manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas, conduta esta que
pode pôr em risco a própria ordem constitucional. Não tenho dúvida, portanto, em admitir que também a inertia deliberandi das Casas
Legislativas pode ser objeto da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Dessa forma, pode o STF reconhecer a mora do
legislador em deliberar sobre a questão, declarando, assim, a inconstitucionalidade da omissão.

[ADI 3.682, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 9-5-2007, P, DJ de 6-9-2007.]


Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela
outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou
promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa
iniciadora.
Projeto de lei aprovado na Casa iniciadora (Câmara dos Deputados) e
remetido à Casa revisora (Senado Federal), na qual foi aprovado substitutivo,
seguindo-se sua volta à Câmara. A aprovação de substitutivo pelo Senado
não equivale à rejeição do projeto, visto que "emenda substitutiva é a
apresentada à parte de outra proposição, denominando-se 'substitutivo'
quando alterar, substancial ou formalmente, em seu conjunto" (§ 4º do art.
118 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados); substitutivo, pois,
nada mais é do que uma ampla emenda ao projeto inicial. A rejeição do
substitutivo pela Câmara, aprovando apenas alguns dispositivos dele
destacados (art. 190 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados),
implica a remessa do projeto à sanção presidencial, e não na sua devolução
ao Senado, porque já concluído o processo legislativo; caso contrário, dar-se-
ia interminável repetição de idas e vindas de uma Casa Legislativa a outra, o
que tornaria sem fim o processo legislativo.
[ADI 2.182 MC, rel. min. Maurício Corrêa, j. 31-5-2000, P, DJ de19-3-2004.]
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto
de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
Não se admite 'novo veto' em lei já promulgada e publicada.
Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com projeto de lei, pela
aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as
etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação.
[ADPF 714, ADPF 715 e ADPF 716, rel. min. Gilmar Mendes, j. 13-2-
2021, P, Informativo 1.005.]
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,
inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo
de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e
oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou
de alínea.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará
sanção.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente
da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na
ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação
final. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não
o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
É constitucional a promulgação, pelo Chefe do Poder Executivo, da
parte incontroversa de projeto de lei que não foi vetada, antes da
manifestação do Poder Legislativo pela manutenção ou pela rejeição do
veto, inexistindo vício de inconstitucionalidade dessa parte inicialmente
publicada pela ausência de promulgação da derrubada dos vetos.
[RE 706.103, rel. min. Luiz Fux, j. 27-4-2020, P, DJE de 14-5-2020,
Tema 595.]
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa,
mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,
que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a
legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu
exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso
Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria
absoluta.
07. Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: CODEVASF Prova: CESPE /
CEBRASPE - 2021 - CODEVASF - Assessor Jurídico - Direito
No que se refere ao direito constitucional, julgue o item a seguir.
Considerando-se as normas referentes ao processo legislativo, é possível a
tramitação de proposta de lei que seja formalmente complementar, mas
materialmente ordinária.
Gabarito: CERTO
As leis complementares podem tratar de tema reservado às leis
ordinárias. Esse entendimento deriva da ótica do “quem pode mais,
pode menos”. Ora, se a CF/88 exige lei ordinária (cuja aprovação é
mais simples!) para tratar de determinado assunto, não há óbice a que
uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, a lei
complementar será considerada materialmente ordinária; essa lei
complementar poderá, então, ser revogada ou modificada por simples
lei ordinária. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar irá subsumir-
se ao regime constitucional da lei ordinária.
08. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: IPHAN Prova: CESPE - 2018 -
IPHAN
Com relação às normas do direito brasileiro, julgue o item que se segue.
Leis complementares passam pelo crivo de quórum diferenciado para
aprovação.

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