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FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 1

FBTS
25 anos garantindo qualidade
aos técnicos e aos produtos
da construção soldada

Anuncie na FBTS em Revista


O ponto de solda que faltava ao mercado

Contato: (21) 2215-2245 / 2262-9401


E-mail: fbts25anos@bol.com.br
Cristiane Arruda / Vera Rocha

2 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Sumário FBTS em revista Ano 1, Número 1 - Junho de 2008
Expediente
Entrevista Formação de mão-de-obra e
Página

16
CARLOS MAURÍCIO LIMA FBTS
Presidente da Abemi qualidade dos produtos: peças-chave Rua Primeiro de Março,
23 – 7º e 17º Andar – Centro Rio de Janeiro – RJ
Cep 20010-000 / Telefone: 2505-5353

CONSELHO DIRETOR
Diretor Presidente
Solon Guimarães Filho

Diretor Vice-Presidente
Laerte Santos Galhardo
Prominp Página
MÃO-DE-OBRA
César Chevrand
26 CONSELHO CONSULTIVO
Ariovaldo Santana da Rocha, Paulo César Chafic Ha-
ddad, João Jerônimo Rebello de Azevedo, Edgar Rubem
Pereira da Silva, Luiz Antônio Moschini de Souza, Renan
FBTS realizará cerca Joele, Ibrahim de Cerqueira Abud, Nilton da Costa
Silva, Manuel Joaquim de Castro Lourenço, João da
de 100 novos cursos,
Página Cruz Payão Filho, Carlos Maurício Lima de Paula Barros,

20
em 2008, na área de Glauco Colepícolo Legatti.

Tecnologia PIONEIRISMO NA PESQUISA soldagem e inspeção CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO


E DESENVOLVIMENTO DA SOLDAGEM Solon Guimarães Filho, Sérgio Damasceno Soares,
César Chevrand Laerte Santos Galhardo, José Luiz Rodrigues da Cunha,
César Moreira, Douglas Robinson Martins, José Maria
de Paula Garcia, Oscar Simonsen, Antônio Carlos Mar-
Destaque Página

30
tins Bastos, José Luiz do Lago, Carlos Henrique Moreira
tbg Gomes, Antônio Mauro Miranda Saramago, Roterdam
Bruna Capistrano Pinto Salomão, Marcos Pereira.

CONSELHO FISCAL
O desafio de controlar Paulo da Cunha Pedrosa, Irajá Galeano Andrade, Marce-
e manter 2.593 km lo José Barbosa Teixeira, Fernanda Ribas Andrade Bor-
ges, Sérgio (suplente) Magalhães Gonçalves (suplente).
de extensão do
CONSELHEIROS BENEMÉRITOS
gasoduto Bolívia- Antônio Sérgio Pizarro Fragomeni, Maurício Medeiros
Brasil, por onde De Alvarenga, Murilo Da Cunha Donato, Maria Apareci-
da Stallivieri Neves, José Paulo Silveira, Orfila Lima Dos
passam todos os dias Santos, Ubirajara Quaranta Cabral.
mais de 30 milhões Página

40
SUPERINTENDENTES EXECUTIVOS
de metros cúbicos Desenvolvimento técnico: FBTS 25 anos Departamento de Certificação de Qualidade
de gás natural EXPERIÊNCIA DO PASSADO E OS NOVOS DESAFIOS José Alfredo Bello Barbosa,
Priscila Aquino Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: fbts@fbts.com.br

Departamento de Cursos
Opinião A importância da Marcelo Maciel Pereira
Antônio Sergio Fragomeni
certificação profissional Página Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: fbts@fbts.com.br

33
Coordenador de Projetos Especiais do
Prominp e ex-Vice-Presidente da FBTS e a FBTS Departamento de Gestão Tecnológica
Marcelo Maciel Pereira
Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: fbts@fbts.com.br

Departamento Administrativo e Financeiro


Maristela Medeiros da Cunha
Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: fbts@fbts.com.br

Departamento Técnico
José Alfredo B. Barbosa
E mais Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: fbts@fbts.com.br

Redação, produção e comercialização


Editorial........................04 Planin Comunicação e Marketing
Rua Santa Luzia no 799, Grupo 1004, Centro -Rio de
Notas.............................05 Janeiro/RJ - CEP.: 20.030-041

Personagem................35 Contatos:
E-mail: fbts25anos@bol.com.br
Sustentabilidade.......54 (21) 2215-2245 / 2262-9401
Página

06
Jornalista Responsável:
CAPA Carlos Emmiliano Eleutério MTB-RJ 12.524
Projeto gráfico e direção de arte:
Soldagem com foco no Refino
Priscila Aquino
João Paulo Sampaio (planin.arte@uol.com.br)
Fotografia:
Alexandre Loureiro
MONTAGEM DA REFINARIA ABREU LIMA VAI Departamento comercial
AQUECER O SETOR DE SOLDA E A ENGENHARIA Cristiane Arruda e Vera Rocha

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 3


Editorial Solon Guimarães Filho Presidente da FBTS

Aos 25 anos, missão da

Crescer
FBTS agora é crescer ou

Q
uando foi concebida, momento, devido ao reaqueci- de outros não citados, são,
numa iniciativa de gran- mento da indústria e da cons- todos eles, empreendimentos
des empresas, associa- trução em geral. O programa que demandarão maciçamen-
ções da indústria e da de investimentos da Petrobras te o setor especializado da sol-
construção pesada e órgãos para os próximos anos nas áre- dagem, cujo desenvolvimento
de classe, visava-se ao atendi- as de plataformas marítimas, tecnológico impõe a cada dia
mento das necessidades não dutos, refino e petroquímica, novos rigores e procedimen-
contempladas no país, como além das expectativas de pro- tos, sempre voltados para a
a formação de inspetores de dução dos campos no pré-sal, segurança e meio ambiente
soldagem e sua certificação, o programa de construção e para a redução dos custos,
como também a certificação de navios da Transpetro; os com a obtenção de ganhos em
de Procedimentos de Solda- investimentos da Eletrobrás, produtividade e qualidade.
gem e de seus consumíveis. a construção de novas linhas A FBTS procura fazer a sua
Havia na época uma grande de transmissão; a retomada parte colocando-se à disposição
concentração de investimen- do programa nuclear, com a da indústria e das empresas
tos, principalmente com a im- implantação de Angra III; a am- construtoras, no desenvolvi-
plantação da Bacia de Campos pliação de várias usinas side- mento, em parceria com as
pela Petrobras e, por outro rúrgicas, além da construção já mesmas, de projetos específi-
lado, uma enorme carência anunciada de novas; os inves- cos, do interesse de cada uma.
dessas especialidades. timentos governamentais em Nos sentimos cada vez mais


Nesses primeiros anos, a infra-estrutura nacional, além obrigados e comprometidos
FBTS preencheu essa impor- com as oportunidades de de-
tante demanda, dando uma senvolvimento que aí estão
resposta muito positiva àque- Nos sentimos cada e, com certeza, não ficaremos
las necessidades prementes. vez mais obrigados fora delas. Ao contrário, esta-
Afirmou-se como instituição mos alinhados com o desen-
do setor e estruturou-se do e comprometidos volvimento tecnológico em
ponto de vista tecnológico, co- curso, em todo o mundo, e por
com as


locando no mercado mais de isso mesmo empenhados em
10.000 inspetores formados oportunidades de multiplicar os nossos recursos
em diversos pontos do país. físicos e humanos para atender
O crescimento da FBTS ago- desenvolvimento ao novo patamar de demanda
ra é uma nova imposição do que aí estão que ora se apresenta.

4 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
FBTS em revista Cartas, e-mails, notas e agenda Ponto a Ponto

Eventos FBTS recomenda


pecialistas nacionais e internacionais,
Navalshore 2008 que estarão discutindo assuntos de
relevância tecnológica do cenário
atual, bem como difundindo novas
tecnologias e metodologias de uso
na indústria internacional. As seções
paralelas contarão com artigos técni-
cos de profissionais, pesquisadores e
especialistas de soldagem, união de
Data: 25 a 27 de junho de 2008 materiais e inspeção.
Local: Centro de Convenções
SulAmérica XI Exposol Rio 2008 Metalurgia 2008
“O crescimento da indústria Data: de 24 a 26 de setembro Data: 9 a 12 de setembro
naval: desafios e responsabi- Local: SENAI/RJ - Centro de Local: Expovile - Joinville/SC
lidades” será o tema central Tecnologia de Solda A 6° edição da Feira e Congresso
da conferência da Navalshore A XI EXPOSOL Rio - Feira de Equi- Internacional de Tecnologia em Fun-
2008 - V Feira e Conferência da pamentos e Consumíveis para Sol- dição, Siderurgia, Forjaria, Alumínio
Indústria Naval e Offshore. A dagem & Inspeção não Destrutivos e Serviços acontece, segundo os or-
Conferência abordará aumento traz como novidade a primeira Con- ganizadores, em um dos momentos
da demanda na indústria naval ferência de Tecnologia de Soldagem mais significativos para o setor. O
e responsabilidade ambiental. A e Inspeção que tem como foco os Brasil está na 7ª colocação do ranking
Navalshore reúne anualmente, no processos de soldagem e união de mundial de fundidos e nos últimos
Rio de Janeiro, grandes, médias e materiais; processos de tratamento cinco anos a produção nacional
pequenas empresas que atuam de superfícies para prevenção da cresceu 75% - e ainda assim não con-
na indústria de construção naval. corrosão e abrasão; métodos e tec- segue atender a demanda. São 1.300
Durante o evento, será realizado nologias de inspeção não destrutiva empresas, 94% de médio e pequeno
o “Negócios em 15 minutos”, des- das juntas soldadas ou unidas por porte, enquanto que 75% de tudo
tinado a promover o encontro de outros processos; e questões rela- que é produzido ficam no mercado
empresas-âncora com fornecedo- cionadas à qualidade, avaliação da brasileiro. Realizada em Joinville a
res de produtos e serviços para o conformidade, produtividade, inte- cada dois anos, a “Metalurgia” reúne
setor naval e de offshore. gridade estrutural e análise de falhas. expositores nos segmentos de fun-
As seções plenárias da Conferência dição, siderurgia, forjaria, alumínio,
Rio Oil Gás contarão com a participação de es- serviços e educação entre outros.

Data: De 15 a 18
de setembro
Local: Centro de FBTS Programação / cursos
Convenções do
Riocentro, no Novos telefones:
Rio de Janeiro.
n Acesse o Site da FBTS
em www.fbts.com.br e conhe- (21) 2505-5329, (21) 2505-5330
Maior evento de Petróleo e Gás
da América Latina, a Rio Oil & Gas ça a programação para 2008. e (21) 2505-5320
Expo and Conference é uma opor-
tunidade de discussão dos princi- Novos telefones do Departa- > Sites importantes
pais temas relativos às inovações mento de Cursos: ABENDE – Associação Brasileira
tecnológicas do setor. A Exposição, (21) 2505-5323 / (21) 2505-5332, de Ensaios Não Destrutivos e
que acontece em paralelo, é uma (21) 2505-5339 / (21) 2505-5340. Inspeção: www.abende.org.br
importante vitrine para as empre- SENAI – Serviço Nacional de
sas nacionais e estrangeiras apre- Aprendizagem Industrial:
Departamento de
sentarem seus produtos e serviços. www.senai.br
Certificação da Qualidade >
O Riocentro - Centro de Convenções
do RJ fica localizado na Av. Salvador
Allende, 6555 - Barra da Tijuca
22780-160 - Rio de Janeiro

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 5


Reportagem especial Montagem da Refinaria Abreu Lima aquecerá o setor de solda
Foto Agência Petrobras
Ehder de Souza
Orçada em US$ 4 bilhões, a Refinaria Abreu Lima, carro-chefe do
Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Ipojuca, região me-
tropolitana de Recife, terá capacidade de refino de 200 mil barris
de petróleo pesado por dia. No pico da construção, serão 20 mil
empregos diretos. Trata-se de um investimento de peso que gera
enormes oportunidades para o setor de soldagem, com aumento da
demanda por mão-de-obra especializada, produtos e serviços.

A
informação é do Ge- cerca de 1.100.000 barris de
rente Geral de Em- capacidade de refino.
preendimento para a Mais adiante, na década
Refinaria do Nordeste, de 80, 90 e no início de 2000,
Glauco Colepícolo Legatti. assistiu-se a um crescimento
Ex-vice-presidente da Fun- do parque de refino em torno
dação Brasileira de Tecno- de 85% de capacidade só com
logia da Soldagem (FBTS), a ampliação das unidades exis-
Legatti ressalta que essa é a tentes – que é uma ação muito
primeira refinaria a ser cons- mais econômica que construir


truída pela Petrobras em uma nova refinaria.
28 anos. Desde 1980, com
a Refinaria Henrique Lage
(Revap), em São Paulo, a A nova Refinaria
empresa fazia grandes obras é voltada para a
e ampliações de refinarias
já construídas, mas nunca produção de óleo
partindo do zero. diesel, que vem


Na década de 50, a Petro-
bras começou a implantar um registrando um Refinaria de Henrique Lage – Revap – em São
parque de refino, que ficou forte aumento
pronto na década de 70. Nes-
se período foram construídos de demanda

Soldagem com foco no

6
Refino
Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Glauco Legatti, Gerente Geral
de Empreendimento para a Por Priscila Aquino Especial
Refinaria do Nordeste
O engenheiro Ricardo Gre- 112,12 bilhões, sendo US$ 31,4
enhalgh Barreto Neto, que no bilhões na área de abasteci-
início desta reportagem era o mento. Deste valor, 9% serão
Gerente de Empreendimento destinados aos projetos do
da Refinaria do Nordeste, Estado de Pernambuco, em um
ressalta três limitações para total de US$ 6 bilhões, referen-
aumentar o parque de Refino tes a investimentos não apenas
já existente: falta de espaço, na refinaria, mas também em
limites tecnológicos e limites estaleiro, navios de grande por-
ambientais. te e indústria petroquímica.
Além disso, a grande espe- Uma especificidade da Re-
cificidade dessa nova Refinaria finaria, cuja gerência de em-
é ser voltada para o diesel, que preendimento está sob a res-
apresentou um grande aumen- ponsabilidade do engenheiro
to de demanda nos últimos Wilson Guilherme Ramalho da
anos. A tecnologia adotada Silva, é o contrato de sociedade
pela Refinaria irá produzir 70% que une duas grandes empre-
Foto Alexandre Loureiro
de diesel de alta qualidade, sas: Petrobras e a Petróleo
com menos enxofre – 50 partes da Venezuela (PDVSA). Nesse
por milhão (ppm) – com nível sentido, a Refinaria atuará
Europeu. Isso significa atender com dois “trens” de refino, que
às necessidades de diesel que processará 50% de petróleo
entrarão em vigência na próxi- venezuelano e 50% de petróleo
ma década no Brasil. brasileiro (Marlin) em sepa-
rado. A previsão da Petrobras
Perspectivas é que Abreu Lima esteja em
O Plano de Negócios 2008- operação no segundo semestre
2012 da Petrobras prevê um de 2010, atingindo carga plena
investimento total de US$ em 2011.
José dos Campos
Foto Agência Petrobras Steferson Faria

Presidente Lula e o presidente da


Venezuela, Hugo Chaves, em visita
às obras de terraplanagem da
refinaria de Pernambuco
FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 7
Reportagem Especial As novas descobertas vão realçar a carência em serviços especializados

Mas nem só de Abreu tão puramente tecnológica. balho desenvolvido pela FBTS
Lima vivem as perspectivas O conselheiro benemérito da com a capacitação de pessoal
de aumento de demanda FBTS e diretor associado da é tão importante para a enge-
para a soldagem. Segundo Macroplan, José Paulo Silvei- nharia nacional”, destaca.
o Conselheiro Benemérito e ra, destaca que um acidente O Brasil já assistiu às tristes
ex-vice-presidente da FBTS, motivado por uma falha numa conseqüências de uma solda-
Antônio Sérgio Fragomeni, a solda mal feita gera consequ- gem mal feita. A Plataforma
descoberta de reservas gigan- ências graves no patrimônio de Namorado 1, fabricada na
tescas de petróleo na área da das empresas, sobre a qualida- Escócia no final da década de
Bacia de Santos vai realçar a de de vida dos trabalhadores e 70, por exemplo, afundou no

“ ”
importância da Fundação nos vazamentos com conseqüên- caminho para o Brasil, por pro-
próximos anos, já que o Bra- cias ambientais. “Por isso o tra- blemas relacionados à solda.
sil terá uma carência muito
grande em equipamentos, A estrutura da primeira plataforma de
mão-de-obra e serviços espe-
cializados em soldagem.
Namorado 1, fabricada na Escócia, afundou
E não se trata de uma ques- no trajeto, por problemas de soldagem

Expertise preciosa
A FBTS será fundamental na formação de mão-de-obra

O
setor de soldagem está Segundo Legatti, o grande o de terraplanagem e o de
intimamente ligado à desafio da empresa será detalhamento de projeto.
construção de uma Re- implementar a refinaria de Legatti dá o panorama
finaria. Composta por modo que esteja operacio- do andamento das obras
tubos, vasos, compressores e nal até 2010. Para isso, a da Refinaria, que faz parte
muitos outros equipamentos Petrobras já está com dois do Programa de Aceleração


interligados através de uni- contratos em andamento: do Crescimento (PAC): No
ões soldadas, a engenharia
do refino requer profissio-
nais competentes e quali- Na fase da
ficados para ser montada montagem da
e operada. Foco de opor-
tunidades para o setor de refinaria, na etapa
solda, Abreu Lima terá forte de soldagem,
demanda por soldadores
qualificados, inspetores e precisaremos
engenheiros de solda, prin- de todo apoio e
cipalmente na fase de mon-
tagem da obra, em 2009. expertise da FBTS

Uma refinaria exige soldas


especializadas em tubulações,
equipamentos críticos e
materiais especiais
8 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Especial
José Paulo Silveira,
conselheiro
benemérito da FBTS
e diretor associado
da Macroplan

Foto Alexandre Loureiro

Fotos Agência Petrobras Steferson Faria

A terraplanagem está sendo feita em consórcio pela Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia

segundo semestre de 2007, mtech, já foi contratado.


a Refinaria recebeu licença Cerca de 200 pessoas estão
de instalação, o que permi- engajadas nesse processo.
tiu, em setembro do mesmo Todos os 250 equipamen-
ano, o início das obras de tos críticos identificados
terraplanagem dos 600 hec- estão sendo licitados. São
tares do empreendimento. compressores, reatores
A terraplanagem está das unidades de processo,
sendo feita em consórcio permutadores de calor,
pelas empresas Odebrecht, bombas de petróleo e seus
Queiroz Galvão, Camargo derivados, torres, fornos.
Corrêa e Galvão Engenha- “Esses equipamentos es-
ria, que já realizaram cerca tão sendo comprados tanto
de 42% do trabalho. Nessa no mercado nacional quan-
fase estão sendo gerados to no internacional. Todos
2.600 empregos diretos, os equipamentos brasileiros
2.600 indiretos, além de que apresentam economici-
5.200 efeitos renda, no dade – ou seja, preço com-
investimento total da refi- petitivo e qualidade – estão
naria de Pernambuco. sendo comprados aqui.
O projeto básico da Re- Trata-se de um fato impor-
finaria está concluído, e o tante para as empresas de
projeto de detalhamento, fornecimento de equipa-
que será feito pela Che- mento no País e também
Foto Divulgação Prefeitura de Macaé

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 9


Reportagem Especial As obras da refinaria entram em fase crítica já neste segundo semestre
para o setor de solda, já tas. Quando todos os contra- fase, 40 mil empregos por
que a grande maioria des- tos estiverem em operação, a efeito-renda.
ses equipamentos envolve estimativa é de que haja uma “Na fase que se inicia
solda de alta responsabili- geração de 20 mil empre- no último trimestre deste
dade”, afirma Legatti. gos nas diversas disciplinas: ano e deve ir até início do
Quanto à fase de enge- construção civil, montagem ano que vem, os serviços
nharia, Legatti nota que está eletro-mecânica, montagem estarão muito concentrados
sendo feito o projeto de de equipamentos, inspeção, na área de construção civil.
detalhamento das principais comissionamento, testes e Esse perfil vai mudando ao
unidades – como as unida- partida da unidade. A pre- longo da obra. A partir de
des de coque, destilação, de visão é de que a refinaria meados de 2009, a con-


hidrotramento (HDTs) e toda de Pernambuco gere, nessa centração será na fase da
a parte de off site da refina- montagem. É nessa fase que
ria, ou seja, as tubulações de precisaremos de todo apoio
interligação, mais o sistema
Quando todos os e expertise da FBTS, pois se
de bombeamento e parte de contratos estiverem trata da etapa de soldagem
combate a incêndio. da tubulação, equipamentos
Legatti explicou que a obra em operação, a críticos, matérias especiais”,
da Refinaria de Abreu Lima estimativa é de que explica o ex-vice-presidente
entra em fase crítica já no da Fundação.


início do segundo semestre, sejam gerados 20 Além disso, Legatti escla-
com a compra dos serviços mil empregos no rece que a Petrobras ainda
de construção e montagem precisará contar com a FBTS
de todas as unidades descri- empreendimento na fase de treinamento de

Desde a Revap (foto), inaugurada em 1980, Abreu Lima vai ser a primeira refinaria construída pela Petrobras
Foto Agência Petrobras Jonio Machado

10 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Especial
pessoal, outro viés muito Foto Divulgação CENPES

forte da Fundação, que já


qualificou mão-de-obra na-
cional de milhares de pro-
fissionais para empreitadas
como esta. Segundo ele, os
anos de 2009 e 2010 serão
bastante pesados nas ativi-
dades ligadas à soldagem.
A Refinaria se torna então
um grande pólo de oportu-
nidade para os profissionais
qualificados – e para isso a
FBTS terá que formar pes-
soal local, apresentando al-
guns cursos mais específicos
para a Refinaria Abreu Lima.
Na fase de operação, serão
cerca de 1.500 empregos di-
retos e 1.500 indiretos, além
de 3.000 efeito-renda.

Oportunidades
A criação de uma refina-
ria desse porte gera opor-
tunidades enormes de tra-
balhos: desde os serviços
mais especializados – como
fornecimento de contratos
de construção e montagem
sofisticadas, ou gerencia- Abreu Lima será voltada para diesel, com lugar especial no parque de refino
mento de obra local – até a
participação de indústrias
locais de pequeno porte, conosco. Novas empresas Petroquímica de Suape (Pe-
ressalta Legatti. Ou seja, a poderão ser atraídas para o troquímica Suape) também
Refinaria criará a possibili- local. Abre-se um leque para será um importante investi-
dade de empresas, que não as atividades de engenharia. mento para a região, já que
trabalhavam fornecendo Empresas que atuam, por prevê a fabricação de ácido
serviços e produtos para o exemplo, com inspeção de tereftálico purificado (PTA),
setor petróleo, se transfor- ultra-som ou inspeção de matéria-prima do poliéster.
marem em um novo player Raio-X poderão se estabele- O produto vai abastecer
nesse projeto. cer naquela área de forma não só a cadeia têxtil, sob a
“Queremos ter o maior nú- mais agressiva”, explica. forma de fios, mas também
mero de empresas regionais Além da própria Refinaria para outros ramos como o
capacitadas para trabalhar de Abreu Lima, a Companhia de resinas PET.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 11


Pernam
Reportagem Especial As novas descobertas vão realçar a carência em serviços especializados

Localização estratégica

Gigantes do setor conhecem produtos e


serviços de micro e pequenas empresas
Não foi à toa que Pernambuco foi uma das únicas capitanias a região Norte-Nordeste. É
hereditárias, na época do Brasil Colônia, a dar certo. Próxima nessa região que entram as
importações de diesel, prin-
à Europa, a localização estratégica dessa região está na matriz cipalmente – o derivado na-
de sua história, que vem à tona com a escolha de Suape para a cional de maior consumo do
País – para suprir a carência
implantação da Refinaria Abreu Lima.
da não produção nacional.
“O mercado aumenta, e a ca-

O
Diretor de Abastecimen- sempre teve, em seu planeja- pacidade de refino não sobe
to da Petrobras, Paulo mento estratégico, uma visão na mesma proporção. Um
Roberto Costa, ressal- da necessidade do aumento estudo conclusivo elaborado
tou, em evento reali- do refino para acompanhar o em 2005 optou pela região
zado em São Paulo, em abril mercado. Isto, invariavelmen- de Suape para a instalação da
deste ano, que a escolha de te, se traduzia na construção refinaria”, explica.
Pernambuco para alocação de uma nova refinaria. Ricardo Barreto nota que
da Refinaria foi feita após a Assim, a área que apresen- a região de Suape possui a
avaliação técnica, social e am- ta déficit de refino com rela- vantagem de ser um com-


biental de diversos estados. ção ao mercado é justamente plexo industrial portuário es-
Pernambuco obteve a melhor truturado, sem proximidade
nota dentre os estados ava- populacional. Além disso, o
liados, principalmente, por É na região Porto de Suape está próximo,
quatro fatores: boa estrutura Norte-Nordeste de cabotagem, dos centros
portuária, zona industrial orga- consumidores como Ceará,
nizada, segundo maior merca- que entram as São Luís do Maranhão, Pará,
do de derivados do Nordeste e importações de entre outros. O porto ainda
forte compromisso do Estado conta com um bom calado,
de Pernambuco com infra- diesel – o derivado permitindo a atracação de
estrutura de energia e água. navios de grande porte.
Segundo o engenheiro nacional de maior A implantação da linha
Ricardo Barreto, a empresa consumo do País Transnordestina facilitará o

12 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Divulgação

buco
Prefeitura de Recife

Especial

Abreu Lima
A Refinaria em números
Paulo Roberto Costa, Valor total do investimen-
diretor de Abastecimento to: 4,05 bilhões de dólares;
da Petrobras Início da operação: 2° se-
mestre de 2010;

Área total da refinaria:


6.300.000 m²;
Foto Arquivo - Alexandre Loureiro
Mão-de-obra empregada
Foto aérea de Recife, capital do Estado de Pernambuco
durante as obras: pico de
quase 20 mil pessoas, por
transporte de diesel e deriva- de uma posição estratégica um período de seis meses;
dos para a região do Norte da para uma eventual exporta- Mão-de-obra empregada
Bahia, próximo a Tocantins ou ção para Europa e Estados na operação da refinaria:
Petrolina – regiões agrícolas Unidos. 1500 profissionais, entre
que têm consumo de diesel Contudo, a produção da re- empregados próprios (con-
por causa do maquinário. O finaria está voltada para mer- curso público) e terceiri-
fato de Pernambuco ser o cado interno. A exportação zados;
segundo maior Estado con- seria uma eventualidade e, se
sumidor de derivados do for preciso, há uma condição Mercado: local e Norte-
Nordeste significa que, por logística favorável. Nordeste;
terra, a área de influência da Produtos derivados: GLP
refinaria abrange um merca- Tecnologia de ponta (gás liquefeito de petróleo),
do representativo. Para Barreto, a refinaria nafta petroquímica, diesel,
Por fim, a região de Suape vai utilizar as melhores bunker - combustível para
está relativamente próxima tecnologias tradicionais. O navios e coque.
da Bacia de Campos. A via- projeto foi muito rápido.
gem de navio demora cerca Trata-se de uma refinaria Fonte: Gerência de Impren-
de dois dias entre uma região projetada para utilizar um sa da Petrobras
e outra. Trata-se também petróleo muito pesado.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 13


Reportagem Especial A petrobras está utilizando as mais avançadas tecnologias no projeto

Dos 200 mil barris por dia Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

que serão produzidos, 140


mil serão de diesel (63%),
mas a refinaria também
produzirá gás liqüefeito de
petróleo (GLP) – o famoso
gás de cozinha – que deverá
atender o abastecimento
do mercado local; nafta
petroquímica que deverá
seguir para o pólo da Bahia;
bunker - combustível para
navios e coque - combustí-
vel sólido com aplicação na
siderurgia, indústria cimen-
teira, térmicas e indústria
do alumínio.
Barreto esclarece que a
Petrobrás está trazendo o
que há de mais avançado
tecnologicamente em ter- Reservatórios de produtos da Revap, em São José dos Campos
mos de proteção ao meio
ambiente. “Podemos garan-
tir com isso que os efluentes
líquidos e os gasosos ficarão
livres de contaminantes,
pois a natureza não pode ser Leopoldo Miguez de Mello que precisam mais de die-
agredida de forma alguma. (Cenpes), Francesco Pa- sel e estão equilibrados
Existe toda uma filosofia de lombo, um dos principais na demanda de gasolina”,
sustentabilidade ambiental objetivos das pesquisas em explica ele.
nesse projeto”, explica. tecnologia de refino está Desta forma, o esquema
Algumas ações ambientais justamente em viabilizar a de refino é bastante dife-
listadas pela Petrobras no diversificação de matérias- rente. Geralmente, após a
Complexo Petroquímico de primas com alta qualidade, destilação atmosférica do
Pernambuco são: o reuso da reduzindo também o impac- petróleo, o resíduo (RAT)
água; utilização de lodo gera- to ambiental. Essa é meta de segue para a torre de des-
do pela estação de tratamen- uma Refinaria do futuro. tilação a vácuo, de onde é
to para geração de energia; “Uma das inovações de- tirado o gasóleo, que ali-
baixas emissões atmosféricas senvolvidas pelas pesquisas menta uma unidade de FCC
e ações de Segurança, Meio do Proter, que é o processo para produzir principalmen-
ambiente e Saúde. de coqueamento de resíduo te gasolina. No método tra-
Segundo o Coordenador atmosférico, deverá ser dicional, o resíduo de vácuo
do Programa de Tecnolo- implantada na Refinaria de é enviado para a unidade
gias Estratégicas de Refino Abreu Lima. Nela será usa- de coqueamento retardado
(Proter) do Centro de Pes- do um esquema de refino para produzir frações que,
quisas e Desenvolvimento adequado para mercados após o seu hidrotratamento,

14 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Especial
são incorporadas ao diesel tecnológica, Palombo expli- emissões de SOx, NOx e CO2.
da refinaria. ca que as pesquisas realiza- “Nesse sentido, estamos
Na Refinaria de Abreu das pelo Cenpes caminham desenvolvendo projetos nos
Lima, a utilização do RAT no sentido de reduzir o teor quais procuramos reduzir as
será direta na unidade de de enxofre e de outros con- emissões ao meio ambien-
coqueamento, aumentando taminantes presentes nos te”. Por isso, optou-se por
a produção de diesel em combustíveis, com o objeti- esta tecnologia na refinaria
18% em relação ao esque- vo de reduzir o impacto am- Abreu Lima: “Uma das linhas
ma de produção tradicional. biental da queima desses de trabalho seria utilizar e
Chega-se, assim, a 63% de produtos nos motores. reciclar o CO2 produzido nas
petróleo processado. Para isso, atualmente, unidades de FCC, onde pode-
Como o objetivo da re- só existe uma alternativa ríamos converter mais cargas
finaria é produzir diesel e comercial: a hidrogenação, pesadas e capturar parte do
não gasolina, dispensa-se feita nas unidades de hi- CO2 para aplicação auxiliar
a instalação de FCC e da drotratamento. Cada unida- na produção de petróleo
torre de destilação à vácuo. de de processamento deve através da recuperação avan-
Além dessa singularidade apresentar cada vez menos çada”, observa Palombo.

Esferas de gás Liquefeito de Petróleo - GLP, na Refinaria Duque de Caxias, Rio de Janeiro

Ricardo Greenhalgh
Barreto Neto, Gerente
de Empreendimento da
Refinaria do Nordeste

Foto Alexandre Loureiro

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 15


Carlos Maurício Lima de Paula Barros
Entrevista Engenheiro e Presidente da Abemi

Formação de mão-de-
obra e qualidade dos
produtos: peças-chave

Missão
estratégica
A Associação Brasileira de Engenharia Industrial, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e
uma das Fundadoras da FBTS, congrega as grandes pela Petrobrás e outros setores, trarão para o setor
empresas de engenharia nacional. A preocupação de soldagem e para a engenharia nacional. Também
da organização com a soldagem é expressa. Nessa presidente do Conselho de Administração da MPE
entrevista, o diretor presidente da Abemi, engenheiro Engenharia e da EBSE, Barros é bem claro: é neces-
Carlos Maurício Lima de Paula Barros, fala sobre sário formar mão-de-obra. E a FBTS terá um papel
os desafios que as grandes obras previstas pelo certeiro para o desenvolvimento desses projetos.

FBTS em Revista engenharia, tendo como só- 40 anos foram realizados pe-
Como o Sr. avalia a impor- cias as principais “epecistas”, los nossos associados. Uma
tância de uma instituição projetistas, de construção instituição como a FBTS,
como a FBTS para o desen- civil, montadoras e fabrican- com foco em uma disciplina
volvimento da indústria e da tes. Estas empresas contam específica, possui competên-
engenharia nacional? com 180 mil empregados, cia para congregar esforços
dos quais estimamos por para o desenvolvimento de
Carlos Maurício baixo que pelo menos 15% procedimentos, de profissio-
Lima de Paula Barros estejam relacionados à sol- nais, de métodos e processos
A Abemi é uma das fundado- dagem, daí a importância relacionados à tecnologia de
ras da FBTS e participa do seu desta matéria para a Asso- soldagem, de forma indepen-
Conselho de Administração, ciação. Pode-se afirmar que dente. Portanto, com autori-
do Conselho Fiscal e Con- todos os grandes empreen- dade para formar, qualificar,
sultivo. A nossa Associação dimentos industriais e de certificar e dar crédito com
congrega 105 empresas de infra-estrutura dos últimos legitimidade, atuando como

16 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Especial Indústria

Foto Divulgação Prefeitura de Macaé

Com a retomada dos investimentos da Petrobras, apareceram lacunas qualitativas e quantitativas difíceis de resolver

se fosse um braço indepen- Pela falta de investimen- equipamentos na engenharia


dente e complementar dos tos, principalmente no início de construção.
associados da ABEMI. dos anos 90, a engenharia
industrial foi praticamente FBTS em Revista
FBTS em Revista dizimada. Grandes empresas As empresas de engenharia e
Como os investimentos do desapareceram, não houve a tecnologia de soldagem no
PAC e da Petrobras podem espaço para os jovens, bem Brasil estão preparadas para
gerar novas oportunidades como falta de oportunida- atender a essa demanda?
de negócios para o setor da des consistentes que enco-
engenharia e da soldagem nos rajassem modernização de Carlos Maurício
próximos anos? máquinas e instalações no Com a retomada dos investi-


processo fabril e processos e mentos, principalmente os da
Carlos Maurício Petrobras, apareceram lacunas
O país encontra-se diante de Pela falta de qualitativas e quantitativas,
uma perspectiva de desen- que não se resolvem rapida-
volvimento sem precedentes. investimentos, mente. Esta consciência é de
As obras do PAC, as obras principalmente fundamental importância para
capitaneadas pelos investi- que as empresas se preparem,
mentos da Petrobras e em no início dos anos desenvolvendo pessoal, inves-
infra-estrutura, a expansão 90, a engenharia tindo em novas instalações e
da siderurgia e do papel e equipamentos, congregando
celulose, da metalurgia e dos industrial foi esforços através de instituições
demais segmentos econô- como a ABEMI e a FBTS, para
micos apresentam grandes
praticamente um grande salto qualitativo,
oportunidades de negócios. dizimada quantitativo e acelerado.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 17


Carlos Maurício Lima de Paula Barros
Entrevista Engenheiro e Presidente da Abemi
Foto Divulgação Prefeitura de Macaé

Na área de soldagem, a Petrobras estabelece padrões com um nível de exigência mais alto do que em outros segmentos

FBTS em Revista frente, estabelece padrões FBTS em Revista


O que diferencia a soldagem com um nível de exigência O Brasil tem tecnologia ins-
para a área de petróleo e mais alto do que em outros talada e mão-de-obra para
de setores como a indústria segmentos econômicos. As atender a tais investimentos?
naval ou siderurgia? taxas de freqüência de aci-
dentes com afastamento, Carlos Maurício
Carlos Maurício por exemplo, apresentam O Brasil tem tecnologia e mão-
Na indústria de bens de valores que foram melho- de-obra qualitativamente
capital não existe gran- rando com os anos e que apropriada para fazer frente
des diferenças. A empresa hoje já se equivalem aos aos investimentos. O gran-
qualificada para trabalhar valores conseguidos em pa- de problema é quantitativo,
para a Petrobras, de forma íses de primeiro mundo. porém também traz grandes


geral, emprega os mes- oportunidades. Os jovens te-
mos métodos e processos rão que se superar, ocupando
executivos e de segurança Profissionais posições para as quais não
para todos os clientes. Nos estão totalmente preparados.
canteiros de obras existem, seniores, muitos A Abemi está coordenando um
sim, diferenças, principal- até já aposentados, enorme esforço de formação
mente nos procedimentos de mão-de-obra, que faz parte
relacionados à segurança estão sendo dos Planos de Ação do Progra-
e ao meio ambiente, que novamente ma de Mobilização da Indústria
começaram a ser implan- de Petróleo e Gás - Prominp.
tados por volta de 1997 e requisitados e
passaram a constituir-se FBTS em Revista
irão desempenhar
em matéria contratual. A Como está o processo de
Petrobras, por ter saído na importante papel formação de mão-de-obra

18 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Carlos Maurício Lima de Paula Barros


Engenheiro e Presidente da Abemi Entrevista
especializada pelo setor O Brasil tem com isto, garantir mercado
para atender a demanda através da competência. Nes-
gerada? tecnologia e te processo, a convergência
mão-de-obra de esforços das entidades de
Carlos Maurício classe, das instituições com
Para fazer frente ao desafio da qualitativamente capacitação como a FBTS, a
falta de pessoal, a Petrobras, participação orientada das
através do Prominp, estrutu- apropriada para universidades em esforço con-
fazer frente aos


rou um programa para resol- jugado com a indústria e a
ver os gargalos de demanda coordenação do processo pelo
de pessoal especializado nas investimentos. Prominp, pela experiência e
áreas de construção, monta- O problema é credibilidade que já possui,
gem, operação e manutenção. pode nos levar a um patamar
A ABEMI está coordenando quantitativo de competência mais elevado
a implementação deste pro- e de fundamental importân-
grama, que tem como meta cia para permitir a execução
treinar 100 mil profissionais Carlos Maurício dos empreendimentos que
até 2010, com custo de mais O desafio mandatório e ur- o país tanto necessita, nos
de 300 milhões de reais. Os gente é o e de treinar e formar prazos e custos necessários
recursos financeiros vem de profissionais de soldagem. Em à aceleração do desenvolvi-
conta de participação especial paralelo, precisamos conhecer mento. Entendemos que o
da pesquisa e desenvolvimen- as melhores práticas aplicadas Centro de Excelência EPC, do
to, dos contratos de concessão pelos países de maior grau de Prominp, do qual participam
de exploração dos blocos para desenvolvimento e, portanto, os clientes, as empresas de
exploração e produção de pe- de maior capacitação. A médio construção, as universidades,
tróleo. Este programa contem- prazo é aumentar a produtivi- as entidades de classe, dentre
pla pessoal com diversos graus dade aos níveis destes centros elas a ABEMI, seja o foro para
de especialização. A soldagem mais avançados, de forma a debate, estabelecimento de
talvez seja a área de maior manter a competitividade e, diretrizes e metas.
necessidade de especializa-
ção, pois além da qualificação Foto Arquivo - Paulo Múmia
para a execução ainda exige
alto grau de preparo para as
atividades de inspeção, tes-
tes e controle. A FBTS, pela
experiência que possui e pela
credibilidade, está desempe-
nhando um papel relevante na
qualificação e certificação de
inspetores de soldagem.

FBTS em Revista
Quais os principais desafios
a serem superados nos pró-
ximos anos pelo setor?

As perspectivas futuras
para a soldagem no Brasil
representam um desafio de
enormes proporções
FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 19
Tecnologia Pioneirismo na pesquisa e desenvolvimento da soldagem
Foto Divulgação CENPES

Centro de Realidade Virtual do CENPES, destinado ao desenvolvimento de estudos, projetos e pesquisa

Gestão de Alta

Tecnolo
Parceria antiga entre o Cenpes e FBTS garante
apoio a projetos de pesquisa com universidades

20 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Por César Guerra Chevrand Tecnologia
Depois do sucesso dos Projetos Multiclientes, em que empresas sultados que marcam toda
dividiam os custos e os resultados de projetos de pesquisa de a trajetória do Cenpes – que
remonta ao ano de 1955,
novas tecnologias, a Fundação Brasileira de Tecnologia da Solda- com o estabelecimento do
gem (FBTS) e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Centro de Aperfeiçoamento
e Pesquisas de Petróleo (Ce-
Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, continuam colhendo os
nap) – são conseqüência de
frutos de uma duradoura e próspera parceria. um bem-sucedido relaciona-
mento com instituições de

C
riado em 2004, por ini- gera patentes no Brasil e no pesquisa e desenvolvimento
ciativa do Cenpes e da exterior. O maior centro de de tecnologia em todo o ter-
FBTS, o Centro de Ges- pesquisa aplicada da América ritório nacional. Atualmente,
tão Tecnológica cresceu Latina obteve 22 patentes no o Cenpes mantém contratos
e se transformou no ano se- país e 29 fora dele, somente com mais de 80 instituições


guinte no Departamento de em 2007. Os excelentes re- em 19 estados da Federação.
Gestão Tecnológica (DGTEC) E a previsão para os próximos
da FBTS, com o objetivo de anos é de mais investimentos
apoiar a gestão dos projetos o Cenpes é em centros de excelência por
de pesquisa que a Petrobras/ responsável por parte da Petrobras.
Cenpes realiza com institui- Com o estabelecimento da
ções de ensino e pesquisa em fazer da Petrobras Cláusula de Investimentos em
todo o Brasil. a empresa que Pesquisa e Desenvolvimento,


Reconhecido internacio- nos Contratos de Concessão,
nalmente por sua compe- mais gera patentes regulamentada pela Agência
tência, o Cenpes é o principal Nacional do Petróleo (ANP),
responsável por fazer da Pe-
no Brasil e no em 2005, os concessionários
trobras a empresa que mais exterior são obrigados a investir 1%
da receita bruta gerada pelos
campos de grande rentabili-
dade ou com grande volume

gia
de produção em instituições
de pesquisa nacionais, duran-
te os contratos de exploração
de petróleo e gás. O grande
volume de recursos previstos
obrigou a Petrobras a elaborar
modelos inéditos de parce-
rias com instituições de P&D
no Brasil. Com o acúmulo de
experiência na área de gestão
tecnológica a FBTS tem ofere-
cido alternativas viáveis para
o acompanhamento de todo
o processo, contribuindo para
o atendimento às exigências
e regulamentações da ANP.

O Cenpes mantém contratos


com mais de 80 instituições
em 19 estados da Federação
Foto Divulgação CENPES

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 21


Tecnologia Pioneirismo na pesquisa e desenvolvimento da soldagem

“O Departamento de Ges- senvolvimento de novas tec- nio, Nanotecnologia, Ecos-


tão Tecnológica da FBTS ofe- nologias. Iniciado em 2008, o sistemas, Monitoramento
rece o suporte adequado para projeto de “Gestão Integrada Ambiental, Gás Natural e
os contratos realizados entre das Redes Temáticas de Gás, Mudanças Climáticas.
o Cenpes e as instituições Energia e Desenvolvimento “A Petrobras tem uma tra-
de ensino e pesquisas nacio- Sustentável da Petrobras”, dição de décadas no desen-
nais. Nós visamos fornecer por exemplo, reúne 54 uni- volvimento tecnológico, usan-
subsídios técnicos através de versidades e instituições de do não apenas sua própria
estudos prospectivos, ferra- pesquisa atuando nas áreas mão-de-obra, mas buscando


mentas da gestão do conhe- de Bioprodutos, Hidrogê- a participação, o talento e os
cimento, indicadores admi- recursos de instituições de
nistrativos e orçamentários, ensino e pesquisa nacionais.
fortalecendo o alinhamento A FBTS oferece A antiga estrutura não per-
dos projetos propostos com suporte adequado mitiria o salto em termos de
o conjunto de orientações e quantidade investida. Nós
procedimentos estabelecidos para os contratos percebemos a necessidade
pela Petrobras”, afirma Mar- realizados entre de dar um tratamento mais


celo Maciel Pereira, superin- estruturado à gestão dessas
tendente do Departamento o Cenpes e as redes. O modelo implementa-
de Gestão Tecnológica (DG- do pela FBTS simplifica nosso
instituições de
TEC) da FBTS. esforço de gestão e permite
ensino e pesquisas que consigamos aportar mais
Redes Temáticas
Uma das iniciativas pio-
neiras do Cenpes na gestão
de projetos de P & D foi a
reestruturação do antigo
modelo de relacionamento
com as universidades e cen-
tros de pesquisa brasileiros. A
FBTS visualizou a importância
dessa medida, bem como a
oportunidade de trabalho
conjunto, e passou a atuar
apoiando a execução do mo-
delo do Cenpes.
Em vez de assinar deze-
nas de contratos específicos
para problemas específicos,
cada um com um formato
diferente, desenvolveu-se um
sistema integrado em redes,
que possibilita um acompa-
nhamento mais detalhado
de todo o processo de de-

Foto Divulgação CENPES

22 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Divulgação Consórcio OSBAT (GDK)

Tecnologia

A área de petr’óleo e gás demanda soldas bastante sofisticadas e exige constante desenvolvimento tecnológico

recursos, de forma controla- altíssima. O sucesso da cola- e as instituições de pesquisa


da, obtendo assim maiores boração com as universida- brasileiras, examinando pro-
resultados”, diz Ricardo Cas- des é fator crítico de sucesso cessos e propondo metodo-
tello Branco, gerente geral de para a Petrobras. Nós depen- logias de acompanhamento,
Pesquisa e Desenvolvimento demos que o mecanismo de avaliação e organização para
de Gás, Energia e Desenvol- gestão de rede funcione, para informar corretamente sobre
vimento Sustentável (PDEDS) gastar os recursos, obtendo os investimentos para a Agên-
da Petrobras. resultados e disseminando cia Nacional do Petróleo.
Previsto para durar 36 me- o conhecimento da forma Oferecendo suporte efetivo
ses, o projeto desenvolvido planejada”, destaca Ricardo às atividades operacionais
pela FBTS inclui programas Castello Branco. do Cenpes, com novas fer-
que monitoram todas as ramentas de gestão tecno-
etapas do processo de desen- Salto para o futuro lógica e gestão do conhe-
volvimento de novas tecnolo- Além do suporte ao desen- cimento, o DGTEC realiza
gias, oferecendo indicadores, volvimento e da manutenção um serviço de inestimável
canais de interação, informa- das Redes Temáticas, o De- valor para o crescimento
ções relevantes, ferramentas partamento de Gestão Tecno- da Petrobras, que hoje já é
e relatórios atualizados para lógica da FBTS também atua considerada uma das cinco
os gerentes e técnicos res- na gestão de outros projetos maiores empresas de ener-
ponsáveis. “A expectativa é contratados entre a Petrobras gia em todo o mundo.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 23


Especial Indústria
Tecnologia Montagem da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco
“A idéia é que esses re- de patamar tecnológico no hoje também está pronta
cursos sejam investidos em setor petróleo nos próximos para diversificar suas ativi-
P&D e tragam resultados 3 ou 4 anos”, diz, otimis- dades e realizar a gestão e
para a Petrobras e para ta, Lúcia Lázaro, gerente a consultoria tecnológica
todo o setor de petróleo, de Relacionamento com a de projetos de diferentes
gás e energia. O benefício Comunidade de Ciência e ramos do conhecimento.
se estende para todo o país Tecnologia do Cenpes. “A nossa interface com a
porque esse investimento e Os serviços prestados pelo Petrobras é muito positiva.
diferencial tecnológico vão Departamento de Gestão A competência da FBTS em
formar mão-de-obra capa- Tecnológica para o Cenpes gestão tecnológica e do co-
citada e também vão pro- abrem novas perspectivas nhecimento certamente vai
porcionar infra-estruturas de atuação para a FBTS na trazer muitos resultados no
muito boas para as univer- indústria brasileira. Nascida futuro. O pioneirismo do
sidades. É um projeto de com a missão de disseminar trabalho desenvolvido com
investimento a longo prazo informações e conhecimen- o Cenpes nos deixa prontos
e nós esperamos que haja tos no domínio da união para outros desafios”, garan-
uma mudança significativa de materiais, a Fundação te Marcelo Maciel Pereira.

Maquete do novo prédio do Centro de Pesquisas da Petrobras

Novo CENPES
Ecoeficiência e sustentabilidade

E
stas são as palavras de çar o maior aproveitamento Com as obras a pleno
ordem no projeto de possível de áreas de sombra vapor, o novo empreendi-
expansão do Centro e ventilação para menor con- mento está previsto para
de Pesquisas e Desen- sumo de energia elétrica e ser concluído no segundo
volvimento da Petrobras de carga de ar condicionado, semestre de 2010. A partir
(Cenpes) na Cidade Univer- além do aproveitamento da das novas edificações, o


sitária, na Ilha do Fundão, água da chuva. maior centro de pesquisas
Rio de Janeiro. Escolhido aplicadas da América Latina
em concurso, o projeto do será ampliado em 183 mil
arquiteto brasileiro Siegbert Com as obras a m2, chegando ao total de 227
Zanettini prevê a harmo- pleno vapor, o novo laboratórios de pesquisas
nização da área construída em 23 prédios de labora-
com espaços verdes entre empreendimento tórios. As estruturas foram
as edificações, laboratórios e está previsto para projetadas para não produzir


jardins internos nos prédios, resíduos e eventuais sobras
para assegurar a integração ser concluído no de materiais, como concreto
do ser humano com a na- e chapas, que serão aprovei-
tureza no local de trabalho.
segundo semestre tadas na própria obra. As no-
Também será possível alcan- de 2010 vas instalações possibilitarão

24 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Tecnologia
Fotos de Divulgação CENPES

A Petrobras tem tradição de


décadas no desenvolvimento
tecnológico através do Cenpes

ainda mais segurança e fluxo


de pessoas na Cidade Uni-
versitária e apoio às ações
de responsabilidade social e
ambiental junto às comuni-
dades do entorno.
Uma das grandes novida-
des do plano de expansão é
o Centro de Realidade Virtu-
al (CRV), onde serão criados
ambientes para desenvolvi-
mento de estudos, projetos
e pesquisas com simulação
tridimensional. Os pesqui-
sadores poderão trabalhar Baseado nos mais modernos zação de eventos nacionais
conectados remotamente a conceitos de arquitetura, o e internacionais, aumen-
outros locais da companhia, projeto de Zanettini inclui tando a integração entre a
como se estivessem imersos ainda um Centro de Con- comunidade científica e a
dentro do modelo estudado. venções voltado para reali- da Petrobras.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 25


Prominp Mão-de-obra especializada, luz no fim do túnel para o desafio brasileiro

Referência Nacional em

Capacitaç
FBTS realizará cerca de 100 novos cursos em
2008 para a área de soldagem e de inspeção
Em 2007, foram 1500 alunos em todo o Brasil. Em 2008, estão o plano governamental vem
previstos mais 100 cursos. Os 25 anos de experiência da FBTS na atuando em dezessete esta-
dos do Brasil, onde deverão
formação, qualificação e certificação de trabalhadores do setor de ocorrer os projetos de investi-
petróleo fizeram da instituição uma peça fundamental no Plano mentos planejados para o se-
tor de petróleo e gás. No total,
Nacional de Qualificação Profissional do Programa de Mobilização
serão 900 cursos diferentes
da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). e 6.400 turmas, envolvendo
aproximadamente 80 insti-

O
Instituído por decreto na implantação de projetos tuições de ensino, nos vários
do governo federal de de petróleo e gás natural no níveis. Os números expõem a
dezembro de 2003, o Brasil e no exterior. Em função envergadura e o alcance do
Prominp nasceu com o do crescimento do setor e dos programa de mobilização da
objetivo de alavancar a parti- investimentos vislumbrados, indústria do petróleo.
cipação da indústria nacional governo e indústria decidiram “O Plano Nacional de Qua-
de bens e serviços, em bases agir em conjunto para preen- lificação Profissional visa a


competitivas e sustentáveis, cher as lacunas que poderiam capacitar, gratuitamente,
atrasar ou até mesmo impedir
o pleno desenvolvimento do Foto Alexandre Loureiro
O Prominp está país. Entre as necessidades
viabilizando mapeadas, estava a demanda
por mão-obra especializada,
investimentos que veio a ser contemplada
fundamentais com um plano nacional de
qualificação.
para que o Brasil Com a meta de treinar cer-
possa se ca de 112 mil profissionais nos
níveis básico, médio, técnico e
desenvolver superior até o final de 2009,

Luiz Cesar de Almeida, Gerente


da Unidade de Certificação,
Qualificação e Inspeção da Petrobras

26 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Agência Petrobras Steferson Faria

Por César Guerra Chevrand Prominp

ão
A FBTS vem participando ativamente do plano nacional de qualificação do Prominp

milhares de categorias profis- P&G 26.4, que trata da ca- necessidades da Petrobras
sionais consideradas críticas pacitação e qualificação de na Bacia de Campos. Desde
para o setor de petróleo e inspetores de fabricação, então, a oferta de formação,
gás, ou seja, categorias com construção e montagem. capacitação e certificação da
disponibilidade de mão-de- Fundação se estendeu até
obra bem inferior à deman- Reforço na soldagem outras especializações, como
da do setor. O Prominp está Em sintonia com as oscila- inspetores de dutos terrestres,
viabilizando investimentos ções do mercado, a Fundação emitindo 8.953 certificados de
fundamentais para que o Bra- Brasileira de Tecnologia da aprovação nos cursos em toda
sil se desenvolva. Aumentam Soldagem (FBTS) vem parti- a sua história.
as chances que o país tenha cipando ativamente do plano “A atividade de capacitação
infra-estrutura de energia nacional de qualificação do de pessoal na FBTS nasceu
para o seu crescimento sem Prominp, sustentando e am- junto com a própria institui-
depender de divisas exter- pliando uma tradição que ção. Sem medo de errar, já
nas”, afirma Luiz Cesar de completa 26 anos em 2008. passaram pela FBTS mais de
Almeida, Gerente da Unidade Oficializada em 1982, a FBTS 10.000 profissionais. Para o
de Certificação, Qualificação iniciou no ano seguinte o ano de 2008, temos uma car-
e Inspeção da Petrobras e primeiro curso de Inspetores teira oferecida ao mercado de
coordenador do Projeto Ind de soldagem para atender as quase 100 cursos em quase

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 27


Prominp Mão-de-obra especializada, luz no fim do túnel para o desafio brasileiro
Maristela Medeiros
Fotos Alexandre Loureiro

da Cunha,
Superintendente__
do departamento
Administrativo e
Financeiro da FBTS

A FBTS administra cursos em todas as regiões do Brasil, dando suporte ao Prominp

todo o Brasil, em parceria dores por ser um Organismo Para administrar cursos
com outras entidades de de Certificação de Pessoal em todas as regiões do Brasil
excelência. A FBTS trabalha (OPC), creditado pelo In- e servir de suporte ao Pro-
em estreita relação com as metro. Na categoria Entida- minp, a Fundação Brasileira
necessidades da indústria”, de Referência, a Fundação de Tecnologia da Soldagem
garante Marcelo Maciel Pe- promove a elaboração de precisou ampliar sua ca-
reira, superintendente do material didático utilizado pacidade de articulação e
Departamento de Cursos e pelas entidades executoras, firmar convênios e parcerias
do Departamento de Gestão a partir do reconhecimento com dezenas de entidades e
Tecnológica da FBTS. de sua experiência e exce- centenas de profissionais no
Contando hoje com um lência na área de inspeção país. Sob sua responsabilida-


quadro de quase 400 pro- de soldagem. de está o desafio de capacitar
fissionais cadastrados em professores e alunos, pre-
todo o país, além do corpo parar e atualizar o material
técnico da própria institui- A FBTS atua em didático oferecido nos cursos
ção, a FBTS atua em três ca- três categorias do de inspetor de soldagem,
tegorias do Plano Nacional além de manter um padrão
de Qualificação Profissional Plano Nacional de qualidade único em todo
do Prominp. Como Entidade de Qualificação o território nacional. Depois
Executora, realiza periodica- de passar com louvor nos dois
mente cursos de qualifica- Profissional do primeiros ciclos do programa
ção de mão-de-obra. Como de mobilização da indústria, a
Entidade Certificadora, con-
Prominp, em todo FBTS entra com o pé-direito
fere diplomas aos trabalha- o Brasil no terceiro.

28 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Prominp
ressaltando que a Fundação Marcelo Maciel Pereira
atualmente também serve a
outros setores da indústria
nacional, além de sua tra-
dicional atuação na área de
petróleo e gás.

Investindo no Brasil
A magnitude dos investi-
mentos em infra-estrutura
e qualificação profissional
do Programa de Mobiliza-
ção da Indústria Nacional
de Petróleo e Gás Natural,
que tem a coordenação ge-
ral do Ministério de Minas
e Energia e a coordenação
executiva da Petrobras,
além de agregar valor na processo mais duradouro
cadeia produtiva local, tem de desenvolvimento. De for-
impacto representativo na ma direta ou indireta, toda
“Grande parte dos nossos geração de emprego e ren- a sociedade é beneficiada
alunos é imediatamente da para o país. Desenvol- com o retorno”, declara Luiz
absorvida pelo mercado e vendo projetos específicos Cesar de Almeida. Segundo
muitos destes alunos vol- nas áreas de Exploração o Gerente da Unidade de
tam para buscar uma ou- & Produção, Transporte Certificação, Qualificação
tra formação. Isso é muito Marítimo, Abastecimento e Inspeção da Petrobras, o
gratificante. Outra questão e Gás & Energia, o Prominp Plano Nacional de Qualifi-
que merece ser destacada também contribui para um cação Profissional, do qual
é que muitos professores salto de qualidade no de- faz parte a FBTS, é um fator
hoje já foram nossos alunos senvolvimento da economia importante na ampliação
anteriormente. Esta também e da cidadania no Brasil. da cidadania dos trabalha-
é outra estratégia da FBTS “Nenhum programa do dores brasileiros. “Através
para multiplicar o conhe- país tem a magnitude e deste plano de qualificação,
cimento. Nossa estrutura a proporção do Prominp. preparam-se trabalhadores
organizacional está moldada Os investimentos são de com maior empregabilida-
para atender a esse dinamis- grande envergadura e os de, que podem trabalhar em


mo e a essa flexibilidade”, objetivos são extrema- investimentos de outras áre-
diz Marcelo Maciel Pereira, mente audaciosos. É um as, não necessariamente no
setor de energia. Melhoram
suas condições de vida. É um
Nenhum programa do país tem a processo em cascata, cujos re-
magnitude e a proporção do Prominp, com sultados serão extremamente
relevantes para o Brasil e para
objetivos extremamente audaciosos os brasileiros”, afirma.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 29


Empresa destaque TBG: ação conjunta dá mais gás à soldagem

Um gasoduto com exatos 2.593 quilômetros de extensão por onde


passam todos os dias mais de 30 milhões de metros cúbicos de
Gás Natural vindo dos Campos de gás da Bolívia. A Transportadora
Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia SA monitora o Gasoduto 24 horas
por dia, sete dias por semana. Equipes de campo acompanham áreas
específicas do duto enquanto uma Central de Supervisão e Controle
no Rio de Janeiro, via satélite, opera todo o Gasoduto. Estação de compressão de Campo Grande (MS)

D
e suma importância tarefa que opera o gasodu-
para a gerência de to. A obra, de acordo com
Engenharia e Manu- informações da TBG, chegou
tenção da empresa, a ao total de US$ 2 bilhões.
soldagem entra na atuação Esta experiência gerou
da TBG quando existe a ne- um trabalho conjunto en-
cessidade de manutenção tre a TBG e a Fundação
(reparo no Gasoduto), troca Brasileira de Tecnologia da
de algum equipamento e Soldagem (FBTS). O estudo
novas derivações, sem que durou um ano e permitiu o
haja interrupção do forne- desenvolvimento de pro-
cimento às companhias dis- cedimentos de soldagem
tribuidoras locais atendidas específicos para condições
pela empresa, que controla em operação do gasoduto.
as operações do gasoduto “Foi feito um contrato que
apenas em solo brasileiro. abrangeu todos os materiais
Do lado boliviano, desde e condições operacionais
quando foram estabelecidas encontradas no Gasoduto
as duas empresas, em 1997, Bolívia-Brasil. Outras em-
a GTB, Gás Transboliviano presas operadoras de dutos
é a responsável pela força- no Brasil e no mundo desen-

Soldagem com Q de

Qualida
30 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Alexandre Loureiro
Por bruna Capistrano Destaque
volvem seus procedimen- ajudantes, um inspetor de
tos próprios atendendo às soldagem de Nível 1 e um
construtivas específicas de inspetor de soldagem de
seus dutos. O trabalho foi Nível 2”, explica o enge-
conduzido por uma equipe nheiro Byron Souza Filho,
de soldagem da FBTS con- coordenador de Integridade
tendo dois soldadores, dois da companhia.

Byron Souza Filho, engenheiro, coordenador de Integridade da companhia

Técnicas avançadas
Operações sem cortar o fornecimento

B
yron Souza Filho conta da TBG Ildemar Pinto Nunes,
também que a empresa citando a certificação básica
não possui soldadores exigida, a SNQC-IS-N1, realiza-
em seu quadro próprio da pela FBTS.
de funcionários, mas que isso Esses profissionais, sob a
não é problema para a compa- supervisão da gerência de
nhia. “Contratamos empresas Engenharia e Manutenção,
reconhecidas no mercado, fazem reparos e realizam
empregamos exclusivamente qualquer tipo de solda em
procedimentos e soldadores condições críticas de acordo
qualificados, bem como inspe- com a temperatura e a pres-
tores de soldagem certificados são exercida no duto, sem
pela FBTS, que é um Órgão interromper o fluxo de gás
de Certificação credenciado natural, o que é mais impor-
junto ao INMETRO, atenden- tante em todo o processo.
do ao Sistema Nacional de O calor produzido na solda-


Qualificação e Certificação de gem associado à pressão inter-
Pessoal - Soldagem. Esta me-

de
todologia confere a qualidade A soldagem é
e a segurança dos serviços de
manutenção em nossas insta- realizada sob a
lações”, diz ele.
“A execução da soldagem é fiscalização de
realizada por empresas con- técnicos próprios
tratadas sob a fiscalização de
técnicos próprios e inspetores e inspetores
de soldagem certificados pela certificados pela
FBTS”, complementa o gerente
de Engenharia e Manutenção FBTS
Foto Divulgação TBG

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 31


Empresa destaque TBG: ação conjunta dá mais gás à soldagem

Foto Divulgação Petrobras

Tubulações utilizadas na construção do Gasoduto Bolívia-Brasil

na poderia causar a ruptura do de solda em operação tem que Gasoduto Bolívia-Brasil.


gasoduto. Para compensar, a balancear energia de soldagem De acordo com dados da
equipe da TBG lança mão de de forma a não provocar a rup- empresa, são realizados anu-
procedimentos específicos que tura do duto nem criar trincas almente cerca de dez interven-
utilizam baixo aporte térmico, a frio causadas pelas elevadas ções com solda no Gasoduto
unidade de medida de quan- velocidades de resfriamento por ano, sendo que, cada uma
tidade de energia gerada no impostas pelo fluxo de fluido. dessas intervenções, exige dois
processo da soldagem. “Uma Os procedimentos de solda- dias de execução apenas para
das técnicas de reparos mais gem são desenvolvidos e qua- a soldagem, sem contabilizar
empregadas em gasodutos é lificados atendendo a normas os outros dias de mobilização
a dupla calha soldada e é essa específicas para as condições que envolvem também a pre-
que utilizamos”, afirma Byron de operação do duto. No caso paração e desmobilização da
Filho. A técnica utilizada con- da TBG, segue-se a Norma API obra. Tudo dentro de todos os
siste em envolver o duto com 1104-Apêndice B e a Norma padrões e normas de qualida-
duas meias-calhas cuja fixação PETROBRAS N-2163”, ressalta de e de segurança impostos
é feita por duas soldas longitu- o coordenador de Integridade pelos órgãos reguladores.


dinais e duas circunferenciais. da Transportadora Brasileira “As especificações técnicas
“O processo de soldagem sobre qualificação de proce-
para reparos de dutos em ope- Uma das técnicas dimentos de soldagem e de
ração requer cuidados adicio- soldadores são de responsa-
nais comparados aos proces- de reparos mais bilidade da nossa gerência,
sos de soldagem de fabricação que utiliza como referência as
onde não existe pressão inter-
empregadas normas ASME B&PV Capítulo
na, que pode contribuir para em gasodutos IX, para tubulações industriais,
a ruptura do duto, e não há vasos de pressão e trocadores
fluxo de fluido retirando o calor é a dupla calha de calor, e a norma API 1104
gerado pela soldagem”, conta soldada e é essa para o Gasoduto”, relata o
Byron Souza Filho, que explica engenheiro da TBG Ildemar
ainda: “Assim, o procedimento que utilizamos Pinto Nunes.

32 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Antônio Sergio Fragomeni
Opinião Coordenador de Projetos Especiais do Prominp e ex-Vice-Presidene da FBTS

A Importância da
Certificação
profissional e a FBTS
A
construção de grandes soldada no Brasil. bilizou suas instalações em
estruturas marítimas para As especificações de fabrica- São José dos Campos e o seu
a produção de petróleo, ção da PCE-1 incluíam aspectos Setor de Qualificação Indus-
no início da década de inovadores quanto à exigência trial (SEQUI), para que nele os
80, provocou, no Brasil, uma da qualificação dos inspe- inspetores dos quadros das
grande modificação nos proce- tores. Somente inspetores montadoras pudessem ser
dimentos relacionados à quali- “certificados” seriam aceitos avaliados, através de exames
dade de fabricação metálica até pela PETROBRAS para realizar práticos. Somente aqueles que
então vigentes no país, e a FBTS os trabalhos de inspeção da fossem aprovados nos exames
teve participação relevante jaqueta. Ocorre que naquela seriam certificados e poderiam
nesta transformação. ocasião, início da década de trabalhar na obra da Petrobras.
O procedimento utilizado 80, em geral, os inspetores que A tarefa de certificaçar ficou
na fabricação de jaqueta da trabalhavam para as empre- a cargo da FBTS, que iniciava
Plataforma Central de En- sas montadoras no Brasil não suas atividades na ocasião.
chova (PCE-1) para a Bacia de tinham nenhuma qualificação Quando a FBTS iniciou, jun-
Campos e a atuação da FBTS, formal como a exigida pela es- tamente com o SEQUI, a tarefa
na ocasião, foram emblemá- pecificação da Petrobras. de certificar os inspetores, ficou
ticos para o aprimoramento Para atender à demanda constatado, com grande surpre-
da qualidade da fabricação criada, a Petrobras disponi- sa, que muitos dos chamados

A Evolução das plataformas de petróleo no Brasil

Ilustração divulgação Agência Petrobras

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 33


Antônio Sergio Fragomeni
Opinião Coordenador de Projetos Especiais do Prominp e ex-Vice-Presidene da FBTS

“inspetores” pela montadora tadoras brasileiras passaram a de Pessoal. De acordo com o


não seriam aceitos como ins- utilizar inspetores certificados. Sistema Nacional de Qualifica-
petores para a Petrobras. Uma A habilitação dos Inspetores ção e Certificação de Pessoal
grande quantidade de profissio- de Soldagem passou a ser “cer- os profissionais são certificados
nais pertencentes aos quadros tificada” pela Fundação Brasilei- para cada atividade específica
da montadora não demonstrou ra de Tecnologia de Soldagem que exercem e, no caso de Ins-
o conhecimento ou a habilidade que pouco tempo depois rece- petores de Soldagem, graças à
necessários para obter o certi- beu do INMETRO a capacidade FBTS, o Brasil dispõe hoje de um
ficado. Como não conseguiram oficial de Órgão de Certificação procedimento capaz de garantir
ser certificados pela FBTS, a Credenciado (OCC), em confor- a qualificação adequada dos
Petrobras não mais os aceitava midade com o Sistema Nacional profissionais que inspecionam
para inspecionar sua obra. Foi de Qualificação e Certificação a fabricação soldada no país.
gerado um impasse, pois o nú-
mero de inspetores habilitados Plataforma fixa de Namorado 1
para inspecionar a jaqueta ficou
Foto Agência Petrobras
subitamente reduzido, fato que Geraldo Falcão

poderia atrasar a obra.


Foram grandes as dificulda-
des enfrentadas pela monta-
dora, devido à falta de pessoal
qualificado. Inicialmente, a
montadora buscou, sem su-
cesso, desqualificar o novo
procedimento da Petrobras,
chegando até mesmo a de-
signá-lo pejorativamente de
“Revolução Cultural” e levando
sua reclamação à direção da
Companhia. Mas a Petrobras
manteve sua exigência. O bom
senso prevaleceu. A exigência
era justa, razoável e contratu-
al. Para solucionar a questão,
muitos cursos para a formação
de inspetores foram criados
no país. Os inspetores que não
conseguiam ser qualificados
numa primeira etapa puderam
ser treinados até tornarem-se
aptos ao serviço. Foi criada
uma rotina de treinamento de
pessoal para capacitar os ins-
petores. Todas as demais obras
da Petrobras passaram a adotar
essa exigência e todas as mon-

34 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Orfila Lima dos santos
Especialidade: missões impossíveis Por Priscila Aquino Personagens da história

A crise do petróleo e o desafio dos

1000 dias
Engenheiro é retrato de compromisso e
seriedade com engenharia nacional

c
ontar a história do en- associado da Macroplan,
genheiro Orfila Lima José Paulo Silveira, viu de
dos Santos, conselhei- perto as realizações do Dire-
ro benemérito da FBTS tor Orfila, já que trabalhou
e ex-diretor de produção com ele no Grupo Executivo
da Petrobras, significa mer- de Obras Prioritárias (Geop).
gulhar na trajetória do setor Na década de 70, segundo
de petróleo brasileiro, seus explicou, quando a Petro-
desafios e conquistas, suas bras anteviu o primeiro cho-
metas e frustrações. Perso- que da crise do petróleo, em
nagem-chave para entender 1973, o governo brasileiro
o momento de fundação tomou uma decisão estra-
da FBTS, esse piauiense tégica de se prepa-
ficou famoso nos quadros rar para a crise.
da Petrobras pelo feito da “Naquele tem-
construção de quatro gran- po a capacida-
des obras de engenharia em de de refino
apenas 1.000 dias. nacional evo-
Também conselheiro be- luía sempre
nemérito da FBTS e diretor aquém da

Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo

Foto Agência Petrobras J. Valpereiro

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 35


Orfila Lima dos santos
Personagens da história Especialidade: missões impossíveis

demanda. Quando a diferença na época um valor muito ção de uma refinaria de grande
projetada era de uma refinaria, elevado, para ser mantida a porte, com capacidade de 126
essa refinaria era construída. auto-suficiência do país em mil barris/dia em Paulínia, São
Estávamos sempre importan- relação àqueles derivados nos Paulo (Replan); a modernização
do. Quando se anteviu a crise quatro anos seguintes. e ampliação da Refinaria Presi-
do petróleo, percebeu-se que Alvarenga enfatiza que, dente Bernardes, em Cubatão;
isso não seria mais possível. Foi para resolver essa questão, a construção de um conjunto de
tomada a decisão de rapida- seria necessário implantar unidades de produção de óleos
mente construir refinarias para urgentemente quatro novos lubrificantes parafínicos na Refi-


termos capacidade excedente empreendimentos: a constru- naria de Duque de Caxias (Reduc),
de refino”, lembra. no Rio de Janeiro; e a ampliação
O engenheiro e Chefe-Ad- do Terminal Marítimo Almirante
junto do Geop, Maurício Me- A projeção de Barroso, em São Sebastião, SP,
deiros de Alvarenga, concor- demanda de que seria feito em conjunto com
da: no final da década de 60, a construção de um oleoduto de
estudos relativos à projeção derivados apontava São Sebastião a Paulínia. E seria
da demanda de derivados de a necessidade de preciso concluir todas essas obras
petróleo para o quadriênio em até 1000 dias corridos.


seguinte apontavam para a investimentos da O presidente da FBTS, Solon
necessidade de uma grande ordem de US$ 1 Guimarães Filho, que foi assisten-
concentração de investimen- te-chefe do Diretor Orfila durante
tos, na ordem de US$ 1 bilhão, bilhão quatro anos, e superintendente,

Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (área de coqueamento)

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

36 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Agência Petrobras
Geraldo Falcão
História
nal, acompanhando os traba- as equipes por eles responsá-
lhos no Campo de Ventura, na veis. Tal decisão permitiu ao
Califórnia (EUA), entre outros. Geop um corpo técnico consi-
Descrito como uma pessoa sim- derado de elite, dentro e fora
ples e com grande senso ético, da Companhia”, explica.
o engenheiro foi pinçado para Silveira, que pertencia à
assumir a função de chefe do equipe que trabalhava na
Geop e cumprir essa missão que Refinaria de Cubatão, em
a muitos parecia impossível. SP, recorda que o regime de
trabalho era extremamente
Todo poder ao Geop rigoroso: 12 horas por dia, in-
A aprovação do Conselho clusive aos sábados. “Domin-
de Administração da Petrobras go tínhamos um privilégio:
para criação do Geop, em podíamos sair às 17 horas”.
1969, tinha como proposta
a ampliação dos poderes do Missão Cumprida
órgão, a fim de melhorar o de- Alvarenga ressalta que o
sempenho do gerenciamento. pulso forte e a liderança de Or-
Segundo Maurício Alvarenga, fila deram certo. Em fevereiro
o Geop foi aprovado como 1972, a Replan inicia sua pro-
órgão especial e temporário, dução, constituindo um recor-
com a meta – claramente de mundial de construção em
definida – de conduzir os em- menos de 1.000 dias corridos.
preendimentos mencionados, Em meados do mesmo ano, a
Replan: capacidade para 126 mil barris
integrando a Administração produção de lubrificantes da
Superior da Petrobras, direta- Reduc já tinha sido iniciada, e
por longo período, do Segen mente subordinado à Diretoria em dezembro a refinaria teve
- herdeiro do Geop - ressalta Executiva. O estatuto previa suas unidades totalmente con-
que essa exigência de prazo – ainda que o Geop tinha amplos cluídas. No decorrer de 1972,
que tinha como pano de fundo poderes para recrutar pessoal foram finalizadas a ampliação
uma crise de abastecimento de qualquer órgão da Compa- e a modernização da Refinaria
iminente – foi feita num tempo nhia, e também fora dela. de Cubatão. Em 1973 era a vez
em que os empreendimentos “As prerrogativas extraor- da conclusão da unidade de co-
nacionais no setor de petró- dinárias concedidas ao Geop que de petróleo, em Cubatão.
leo muitas vezes chegavam a foram uma profunda mudan- O Terminal Almirante Barro-
demorar oito anos para serem ça na cultura organizacional so, que recebeu um novo píer
efetivamente concluídos. da Petrobras. Num primeiro de atracação para navios de
Na época Orfila, formado momento o antigo Serviço até 300 mil toneladas de porte
na Universidade da Bahia, já de Engenharia (Senge) e as bruto e de nova tancagem,
era um engenheiro muito ex- Divisões de Engenharia dos já havia sido concluído ainda
periente, com passagens pela Departamentos continuaram em 1971. Alvarenga enfatiza
Refinaria de Mataripe, Campo integrando o organograma da que no mesmo ano entrou
de Candeias, pela chefia dos Companhia. Mas com o tem- em operação o oleoduto São
trabalhos no campo de D. João po, foram transferidos para o Sebastião/Paulínia, de 24 po-
e com experiência internacio- novo órgão, juntamente com legadas de diâmetro e 226 km

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 37


Orfila Lima dos santos
Personagens da história Especialidade: missões impossíveis

de extensão. tura Analítica de Projeto (EAP); Plano de Compras; inovação


O grande segredo de Orfila, planejamento pelo método de no uso dos recursos humanos,
destacado por Silveira, além malhas; Plano de Contratação; entre outros.
da sua seriedade e compro- Para Maurício Alvarenga o
metimento, foi a capacidade Os prazos rígidos cumprimento de prazos tão
de utilizar uma tecnologia permitiram à rígidos permitiu à Petrobras se
nova de gerenciamento de antecipar ao primeiro choque
projetos (Project Manage- Companhia se mundial de petróleo mundial,
ment), tornando a Petrobras antecipar ao ocorrido em 1973, adquirindo


pioneira nacional no assunto, e armazenando petróleo maci-
competência de gestão que primeiro oil shock çamente nas novas instalações,
mais tarde viria a ser essencial garantindo o abastecimento e
ao desenvolvimento das tecno- mundial, ocorrido amenizando os efeitos dos au-
logias de produção em águas em 1973 mentos bruscos dos preços.
profundas.
Silveira destaca que o Di- Refinaria Duque de Caxias (Reduc), em Duque de Caxias, Rio de Janeiro
retor Orfila convidou um es-
pecialista de renome interna-
cional, Russell Archibald, que
treinou os primeiros gerentes
da Petrobras. “A visão do Or-
fila era gerir os investimentos
com toda sua energia, sendo
extremamente exigente. Orfila
pensava à frente e trouxe ao
Brasil essa tecnologia geren-
cial. Trata-se de uma figura
muito importante para enge-
nharia nacional por ser um
trabalhador incansável e um
homem visionário, construtor
e competente. É uma pessoa
muito séria, que literalmente
não brincava em serviço”, diz.
Além da utilização pioneira
da figura do gerente de pro-
jeto, Alvarenga ainda destaca
outras conquistas de Orfila
como chefe do Geop, que
levaram a uma verdadeira
mudança de paradigmas na
gestão de empreendimentos.
Entre elas estão a ênfase no
planejamento e controle inte-
grados; implantação de Estru-

Foto Agência Petrobras


Geraldo Falcão

38 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Agência Petrobras
Geraldo Falcão

história

Unidade de coque da Refinaria de Paulínia

Um engenheiro quase lenda


U
m grande líder que exer- trução off-shore. Eu separei obras de engenharia: “Ele tinha
cia sua liderança com ca- uma pilha de livros e textos e grande preocupação com isso,
tivante simplicidade. Um entreguei a ele. No primeiro que transmitia para os que
exemplo de superação, dia útil do ano, Orfila já estava trabalhavam com ele. Pode-se
seriedade, ética e competên- com todas as dúvidas anota- dizer que ele lança a semente
cia. Um realizador detalhista. das. Ele tinha lido tudo! Tudo de um projeto que vai fazer
Quase uma lenda – que lembra assinalado! Passou as festas de parte das obras da Petrobras
de longe o esforço hercúleo do fim de ano se preparando para hoje, que é elevar os índices
herói grego. Esse é o Diretor Or- a nova função”. de nacionalização das obras”,
fila Lima dos Santos, que apa- Alvarenga recorda que o nota Fragomeni.
rece em todos os depoimentos lema de Orfila era atacar si- E foi justamente por sua
colhidos e nas situações mais multaneamente, com igual visionária atuação na en-
simples do cotidiano. e máximo esforço, todas as genharia brasileira que um
Para Silveira, o Brasil deve frentes. O ex-vice-presidente dos mais emblemáticos Di-
a homens como ele muito de da FBTS, Antônio Sérgio Fra- retores da Petrobras, Orfila
seu crescimento. Ele recorda gomeni, que foi assistente de dá o pontapé inicial para a
um caso que ilustra bem esta Orfila, ressalta, ainda que foi criação da FBTS, provocando
opinião: era 23 de dezembro ele a perceber a importância os empresários a reagirem
de 1981, quando a Petrobras de melhorar a qualidade da aos investimentos vultosos
decidiu transferir para Orfila construção soldada – tanto de da Bacia de Campos com a
todos os investimentos da pessoal quanto de material. criação de uma instituição
Bacia de Campos. Orfila é responsável também tecnológica especializada em
“Ele me chamou e pediu por lançar uma importante luta soldagem. Mas isso é uma
uma literatura sobre cons- pelo conteúdo nacional das outra história...

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 39


Qualida
Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios

25 anos certificando

Crise e superação fazem parte da trajetória da FBTS


Era uma tarde de dezembro de 1981. No auditório da Federação estavam sendo construídas
das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), desenrolava-se sete plataformas fixas, simul-
taneamente, considerado
uma palestra com o Diretor de Produção da Petrobras, Orfila Lima um mega empreendimento.
dos Santos, sobre Os desafios da implantação da produção de Diante disso Orfila Lima dos
petróleo da Bacia de Campos, organizada pelo então presidente Santos lança uma provoca-
ção aos ouvintes:
da Firjan, Artur João Donato. A mesa era composta ainda pelo - É preciso criar uma
vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval e Offshore entidade brasileira capaz
de coordenar ações para o
(Sinaval), Orlando Barbosa, e o engenheiro dos quadros técnicos
desenvolvimento da tecno-
da Petrobras, Aldo Zuca. logia da soldagem no Brasil.
Os senhores observem que

N
a platéia, ouviam aten- mento de petróleo, é toma- o The Welding Institute
tamente as palavras do da, ainda na década de 70, a – grande modelo de enti-
Diretor Orfila repre- acertada decisão de apostar dade ligada à tecnologia
sentantes de grandes na Bacia de Campos. A meta da soldagem da Inglaterra
empresas de construção e nesse tempo era atingir 500 - se tornou uma potência
montagem; da indústria de mil barris por dia, e, para no campo da inovação


construção naval; de estatais atender a demanda interna, tecnológica graças aos in-
como a Petrobras, Eletrobrás vestimentos da produção
e Nuclebrás; empresas fa- de petróleo do Mar do
bricantes de equipamentos
A FBTS surgiu Norte inglês. A indústria
e inspeção e grandes as- há 25 anos inglesa soube aproveitar
sociações empresariais da as oportunidades ligadas
indústria nacional. para coordenar ao desenvolvimento da
Sob influência do segundo ações para o soldagem. E o Brasil, com


“choque” do petróleo, em esses investimentos de
1979, o país entra na década desenvolvimento vários bilhões de dólares
de 80 enfrentando inflação e da tecnologia da na Bacia de Campos? O que
recessão econômica. Frente o empresariado brasileiro
à crise mundial de forneci- soldagem no Brasil vai fazer?

40 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Arte sobre foto Petrobras Divulgação

de
Por Priscila Aquino Desenvolvimento técnico

Frente à crise mundial do petróleo, ainda na década de 70 a Petrobras decidiu apostar na Bacia de Campos

No mesmo momento, Ar- Primórdios

Foto Alexandre Loureiro


tur João Donato respondeu: Parte integrante da me-
- Nós aceitamos o desafio mória da entidade, a palestra
e vamos criar uma entidade da Firjan está presente em
tecnológica no Rio de Janei- vários depoimentos como
ro voltada para o campo da o ato de fundação da FBTS.
soldagem. Participaram deste evento
A provocação visionária figuras que vão compor a
de Orfila Lima dos Santos, o história da Fundação, como
apoio idealista de Artur João por exemplo, o então presi-
Donato e o empenho de Or- dente da Associação Brasilei-

“ ”
lando Barbosa instigaram o ra de Engenharia Industrial
empresariado, que se organi- (Abemi), José Luiz do Lago,
zou no sentido de estruturar que viria a ser presidente No campo tecnológico,
uma instituição pioneira: a da FBTS. Testemunha ocular a instituição se destacou
Fundação Brasileira de Tec- desse momento da história por difundir os Projetos
nologia da Soldagem (FBTS), da instituição o conselheiro Multiclientes no Brasil
que seria fundada em 15 de benemérito da FBTS e dire- José luiz do lago
setembro de 1982. tor associado da Macroplan, Ex-presidente ds FBTS e da ABEMI

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 41


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios
ção. Surgiu então a idéia de seus primeiros anos. Com
se criar uma organização ajuda de alguns fundado-
totalmente inovadora: uma res, Diniz redigiu o estatuto
entidade tecnológica de da entidade. A partir de
soldagem sem laboratórios. uma pesquisa inicial, feita
A entidade seria um organis- com várias empresas em
mo gestor da competência todo o país, surgiram qua-
já instalada e levaria proble- tro áreas prioritárias para a
mas concretos do mercado FBTS desenvolver no setor
para serem resolvidos por de soldagem.
essa rede de entidades com “Em primeiro lugar as

“ ”
seus especialistas, amplian- empresas deixaram claro
do, assim, o processo de que era necessário melhorar
Existia muita capacidade inovação tecnológica, desse os recursos humanos. Era
instalada, embora setor, no Brasil. preciso investir na formação
fracionada em diversas de técnicos, engenheiros e
instituições Primeiros passos soldadores. A segunda área
José Paulo Silveira Primeiro funcionário da era o desenvolvimento de
Ex-vice-presidente da FBTS instituição, Saulo Diniz era uma documentação técnica.
assistente do presidente da Existia muita dificuldade de
José Paulo Silveira, fez parte Firjan, Artur João Donato, divulgação sobre tecnolo-
do grupo de trabalho institu- na época da fundação da gia de soldagem. A terceira
ído para propor as medidas FBTS, e ficou responsável deveria ser a melhoria da
de fundação da entidade. pela implantação e admi- pesquisa e desenvolvimen-
Para José Paulo Silveira, nistração da instituição nos to em soldagem no Brasil.
que já foi vice-presidente E por fim, era preciso ter
da instituição, a FBTS foi certificação da qualidade,
uma iniciativa inovadora. o que significava tomar a
“Fizemos uma análise da providência de atestar a
capacidade instalada para qualidade dos conhecimen-
pesquisa e desenvolvimen- tos dos técnicos e também
to em Soldagem e tivemos a qualidade dos produtos
a agradável surpresa de ver empregados na construção
que já existia muita capa- soldada”, relata.
cidade instalada, embora O engenheiro, que ficou
fracionada em diversas ins- na FBTS desde a sua fun-
tituições. Ou seja, existiam dação até 1988, foi respon-

“ ”
equipamentos, projetos de sável pela implantação dos
pesquisa e recursos humanos primeiros cursos de forma-
em Universidades, na Usimi- Foi uma oportunidade ção de Inspetor de Solda-
nas, na Petrobras, na Eletro- ímpar que nos deu gem. Antes da FBTS, não
brás, entre outras”, diz. reconhecimento existia no Brasil formação
Contudo, explica Silveira, internacional específica para os inspeto-
não havia sinergia entre as Antônio Sérgio Fragomeni res e era necessário impor-
atividades de cada institui- Conselheiro Benemérito e ex-vice-presidente da FBTS
tar essa mão-de-obra de

42 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Desenvolvimento técnico
outros países. Foram feitos que, no campo tecnológi-

Fotos Alexandre Loureiro


cursos em São Paulo, no Rio co, a instituição se desta-
de Janeiro, em Salvador e cou pelo pioneirismo em
no Recife. “Foi um sucesso. difundir os Projetos Multi-
Com apenas meia-dúzia de clientes no Brasil, a partir
funcionários administrativos de 1987. Bastante comum
e com apoio das empresas na Europa, trata-se de um
interessadas, especialmente projeto conduzido por uma
a Petrobras, que cedia seus entidade tecnológica e
técnicos a fim de ministra- apoiado por várias empre-
rem os cursos, conseguimos sas. O custo do projeto é

“ ”
formar, em seis anos, cerca dividido entre os patroci-
de 1.000 inspetores de sol- nadores, o que é economi-
dagem”, declara Saulo Diniz, A FBTS se sente camente interessante. Mas
que coordenava os cursos. convocada para atender os a principal vantagem é a
desafios tecnológicos do soma dos conhecimentos
Atuação internacional desenvolvimento dos participantes, que per-
O ex-presidente da FBTS, Solon Guimarães filho mite acelerar o processo
José Luiz do Lago, nota Presidente da FBTS de inovação.

No campo tecnológico, a instituição se destacou por difundir os Projetos Multiclientes no Brasil, a partir de 1987
Foto Divulgação Consórcio OSBAT (GDK)

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 43


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios

Já o Conselheiro Bene- “Revolução Cultural”

Foto Alexandre Loureiro


mérito e ex-vice-presidente A história da soldagem no
da FBTS, Antônio Sérgio Brasil está ligada de forma in-
Fragomeni, então superin- trínseca ao desenvolvimento
tendente do Cenpes/Petro- de três grandes indústrias: si-
brás, destaca que naquela derúrgica, naval e petrolífera.
ocasião foram desenvolvidos José Luiz do Lago nota que,
trabalhos em conjunto com a para entender o nascimento
União Européia, como o pro- de uma instituição como a
jeto EureKa, com o Instituto FBTS, é preciso recuar até
Francês de Soldagem e com a década de 60, quando a
a Alemanha; e o Iberoeca, engenharia nacional passa

“ ”
com instituições portugue- de uma fase em que era pre-
sas de soldagem ligadas a dominantemente civil e
universidades. “Foi uma se torna cada vez Ficou evidente a
oportunidade ímpar que nos mais industrial. necessidade de mão-de-
deu reconhecimento inter- Para Antônio obra para indústria naval
nacional”, diz. Sérgio Frago- e do petróleo
meni, o nas- Cesar Moreira
Presidente do Simme-RJ e ex-presidente da FBTS
cimento da
instituição
tem como uma fundação de caráter
pano de nacional, nasce e possui sede
fundo um no Rio de Janeiro. Silveira ob-
contexto de serva que, por uma série de
crescimento razões, concentraram-se no
da indústria na- Rio as aplicações da soldagem
cional, mas teria sofisticada de alta responsa-
como fato particu- bilidade e confiabilidade.
lar o crescimento da “A siderurgia de grande
produção de petróleo porte foi criada no Rio de
da Bacia de Campos. Janeiro, na Usina de Volta
“Tanto que os ita- Redonda, na década de
lianos da empresa 40. Aqui estão as Usinas
que trabalhava na Nucleares, as grandes pla-
montagem da Pla- taformas off-shore da Pe-
taforma de Garoupa trobras, a construção naval,
perceberam uma ver- o arsenal da Marinha, a Re-
dadeira revolução cultural finaria de Duque de Caxias
no Brasil na área da e grandes estaleiros. Todas
soldagem”, afirma. são indústrias demandan-
José Paulo Sil- tes de soldas de qualidade.
veira observa Esse quadro particular não
que apesar se repete no Brasil, e a FBTS
da FBTS ser nasce para atender a essa

Foto Divulgação Petrobras

44 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Divulgação Petrobras

Desenvolvimento técnico

Atrelados à soldagem estão investimentos de dezenas de bilhões de dólares

demanda específica do Rio, anos atrás”, afirma. da nova política de desen-


mas também dos demais Silveira observa que atre- volvimento industrial, que
Estados”, explica. lados à soldagem estão só foi adotada efetivamente
Segundo o presidente do investimentos de dezenas a partir dos anos 90.
Sindicato da Indústria Metal de bilhões de dólares, o
Mecânica do Rio de Janeiro que mostra o significado Crise e superação
(Simme-RJ), César Moreira, econômico do esforço de A década de 90 foi bastan-
ex-presidente da FBTS, o nas- inovação nessa tecnologia. te difícil para a entidade e
cimento da instituição está O conselheiro benemérito para a engenharia nacional,
atrelado à necessidade de esclarece que o desenvolvi- que assistiu a um verdadei-
um número cada vez maior mento industrial brasileiro ro desmonte do setor, com
de profissionais habilitados se deu por substituição de diversas empresas fechando
para atuar na indústria. “Foi importações. No final dos suas portas. Com as difi-
ficando evidente a necessi- anos 70, essa estratégia foi culdades enfrentadas pela
dade de cobertura de mão- dando sinais de exaustão. indústria nacional a partir
de-obra para indústria naval A FBTS é filha da década de da abertura da economia,
e do setor de petróleo. A 80: o período de exaustão a FBTS recebe um apoio es-
construção naval teve, aliás, do modelo de substituição sencial: é acolhida no seio do
sua década de ouro há 30 de importações e gestação Serviço Nacional de Aprendi-

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 45


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios

zagem Industrial (Senai) do defensiva mediante a redu- Segundo Fragomeni a di-


Rio de Janeiro. ção de custos: terceirização, minuição da demanda de
Silveira observa que a FBTS gestão da qualidade, recon- atividades de soldagem está
sofreu as dores do pioneiris- figuração organizacional, ou intrinsecamente ligada à
mo. Durante a década de seja, medidas de baixo risco. redução dos trabalhos das
90, as empresas brasileiras “Ora, inovação tecnológica plataformas de petróleo.
enfrentaram o aumento de não se enquadra nesse am- A época de atuação do ex-

“ ”
competitividade requerido biente, pois, apesar de seus vice-presidente na FBTS foi
pela abertura econômica benefícios, é um investimen- um período de busca por
através de uma estratégia to que tem risco”, diz. soluções e mudanças. Nessa
gestão, que contou com a
A década de 90 foi bastante difícil para presidência de José Luiz do
Lago, foram criados os de-
a entidade e para a engenharia nacional, partamentos e designados
que assistiu a um verdadeiro desmonte gerentes que administra-
vam cada setor, em moldes
empresariais. Foi quando,
A meta da Petrobras, na década de 70, era produzir 500 mil barris/dia
finalmente, a FBTS pôde sair
do Senai e voltar a andar com
as próprias pernas.
“Na ocasião eu era su-
perintendente do Centro
de Pesquisas da Petro-
bras (Cenpes), que apoiava
muito a FBTS na área de
pesquisa e projetos coope-
rativos. A grande transfor-
mação foi justamente que
a parte tecnológica deixou
de ser o sustentáculo da
instituição, despontando
o setor de cursos como
carro-chefe”, nota.

O chamado
do crescimento
Hoje o cenário que se
desenha para a indústria
nacional é completamente
diverso. O planejamento
estratégico da Petrobras
prevê US$ 112,4 bilhões de
investimento até 2012, e as
descobertas feitas na Bacia
de Campos abrem novos

Foto Agência Petrobras

46 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Desenvolvimento técnico
desafios tecnológicos em de rosas”. Mas a trajetória da sempre soube se adequar
águas cada vez mais pro- entidade é o retrato de uma aos diversos cenários e de-
fundas. O cenário também instituição competente, que safios da construção indus-
é de crescimento para a soube administrar a crise, se trial ao longo de seus 25
indústria naval. Segundo impôs e se estabilizou. anos. “Desta feita, no bojo
dados do Sinaval, o fun- “Hoje o horizonte da tec- do novo ciclo de grandes
do da Marinha Mercante nologia de soldagem e de investimentos proporcio-
aprovou recursos da ordem demanda de mão-de-obra nados pelo PAC, existe uma
de US$ 989,8 milhões e no país impõe crescimento, determinação do governo
está prevista a construção e a FBTS se sente convocada de maximizar a participação
de 83 navios de vários tipos para atender os desafios da indústria brasileira da ca-
até 2012. A siderurgia tam- tecnológicos do desenvol- deia EPC, todavia, em base
bém cresce na região de vimento. A FBTS se coloca à competitiva e sustentável em
Itaguaí. Todas essas obras disposição da indústria, ofe- termos globais. A FBTS está
envolvem soldagem. recendo projetos específicos pronta para participar deste
O presidente da FBTS, em parcerias, para resolver esforço e, em parceria com
Solon Guimarães Filho, reco- necessidades identificadas, a os seus clientes, entidades
nhece que nesses 25 anos da serem enfrentadas por cada de ensino, pesquisa e com
FBTS “nem tudo foi um mar empresa”, afirma. outros centros de excelên-
cia, desenvolver projetos
Manutenção, troca de seção Vencendo gargalos para identificar os gargalos
de tubulação, em plataforma O atual Vice-presidente tecnológicos, de capacitação
de petróleo da FBTS, Laerte Galhardo, de recursos humanos e de
ressalta que a Fundação processos que impedem o
aumento da produtividade
na disciplina de soldagem e
Foto Alexandre Loureiro

implementar ações eficazes


no sentido de eliminá-los”,
garantiu Galhardo.
Solon Guimarães alerta
que novos desafios tecnoló-
gicos virão. A Petrobras, por
exemplo, está diante de uma
nova fronteira ao descobrir
petróleo no pré-sal, a profun-
didades superiores a 7.000
metros. Os desdobramentos

“ ”
disso são percebidos pela
FBTS como oportunidades
A FBTS sempre soube de desenvolver novas tecno-
se adequar aos diversos logias que criarão novas ne-
cenários e desafios da cessidades de capacitação.
construção industrial “Temos um compromisso
Laerte Santos galhardo com o desenvolvimento do
Vice-presidente da FBTS país”, declara.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 47


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios
Foto Divulgação Nuclep

Perfil de
Blocos da Plataforma P-51 no pátio da Nuclep, depois de transportados em carretas

Departamentos da FBTS são os alicerces


da instituição no fortalecimento
tecnológico do setor da soldagem

48 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Desenvolvimento técnico
Na década de 90, a FBTS foi organizada em departamentos ge- A atividade de capacita-
renciados nos moldes empresariais. A estratégia deu certo. Hoje ção da FBTS nasceu junto
com a própria instituição e
a FBTS conta com quatro departamentos que cuidam de áreas os egressos têm alta empre-
distintas do crescimento do setor de soldagem no Brasil. Conhecer gabilidade. “Na década de 80,
a Petrobras precisava construir
o trabalho dos cerca de 70 funcionários significa ir a fundo no papel
plataformas de petróleo para
da FBTS e em sua contribuição para a indústria nacional. a Bacia de Campos e identifi-
cou a necessidade de formar

I
mportante na virada de Nível 1 – Construção e Mon- inspetores de soldagem. Ao
mesa que a instituição tagem. Além disso, oferece longo desses 25 anos, a FBTS
deu na década de 90 foi o cursos de tecnologia da sol- já emitiu 8.953 certificados de
Departamento de Cursos, dagem, com especializações aprovação nos cursos. Já pas-


coordenado pelo Superin- para engenheiros. saram pela FBTS em torno de
tendente Marcelo Maciel 15.000 profissionais”, explica.
Pereira. A atuação do depar- A estratégia da FBTS é
A atividade de atuar através de parcerias.
tamento é forte na área de
inspeção de soldagem, que capacitação da A partir de uma demanda
tem como curso principal o identificada de necessidades
de Inspetor de Soldagem; FBTS nasceu junto profissionais são realizados
na área de inspeção de equi- com a própria convênios ou contratações


pamentos, com o Curso de nos lugares de demanda, e
Inspetor de Equipamentos; instituição e os montam-se cursos. As par-
na área de inspeção de dutos egressos têm alta ceiras são sempre institui-
terrestres, formando ins- ções idôneas como o Senai,
petores de dutos terrestres empregabilidade Universidades, empresas e
instituições como a Asso-
ciação Brasileira de Ensaios

peso
Não-Destrutivos (Abende).
Para o ano de 2008, Marce-
lo Maciel explica que a FBTS
está com uma carteira de
cursos oferecida ao mercado
de mais de 100 cursos em
locais como Rio de Janeiro
(RJ, Niterói, Volta Redonda,
Macaé e Angra), Minas Gerais
(Contagem), Ceará (Fortale-
za), São Paulo (SP, Santos e
Osasco), Bahia (Salvador), Es-
pírito Santo (Vitória, Linhares
e São Mateus), Pernambuco
(Recife), Rio Grande do Sul
(Canoas e São Leopoldo), Rio
Grande do Norte (Mossoró

Foto Divulgação Polibrás

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 49


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios
Foto Alexandre Loureiro

e Natal). A fim de atender a Gestão Tecnológica


essa demanda, a instituição Já o Departamento de
conta hoje com um quadro Gestão Tecnológica, que
de 400 profissionais cadas- também tem como superin-
trados, caso o corpo técnico tendente Marcelo Maciel,
próprio não consiga. foi criado em 2005. O DGTEC
busca identificar inovações
O lado social e apoiar as empresas no
A FBTS não tem fins lu- desenvolvimento de pro-
crativos. Por isso, Marcelo jetos de Pesquisa e Desen-
Maciel conta que são muitos volvimento (P&D), seja na
os casos de pessoas sem elaboração, na implementa-
condições financeiras que, ção, no acompanhamento,

“ ”
após análise da instituição, avaliação e execução. De lá
conseguiram terminar o para cá, o DGTEC já está em
curso de formação de ins- Para atender a demanda, seu sétimo projeto.
petor e adiar o pagamento a instituição conta hoje Atualmente o DGTEC
para depois do ingresso no com um quadro de 400 possui alguns projetos com
mercado de trabalho. profissionais cadastrados o Cenpes no suporte ao
Que o diga o técnico em Marcelo Maciel Pereira processo de execução e
mecânica e inspetor de sol- Superintendente do Departamento de Cursos da FBTS
acompanhamento de al-
da Júlio César Santana, de
32 anos, que hoje trabalha
Nuclep: a construção de novas usinas nucleares também vai aquecer o setor
como terceirizado na Refi-
naria de Duque de Caxias Foto Divulgação Nuclep

(Reduc). Júlio Santana fez o


curso de três meses de Ins-
petor de Soldagem Nível 1 e
hoje tem uma vida estável
graças ao emprego que con-
seguiu com o curso.
“Mas não foi fácil. Fiz três
vezes a prova para passar
no curso. A FBTS é uma
instituição muito séria, eles
não dão moleza. Tive muita
dificuldade de conhecimen-
to – pois o curso é muito
difícil – de falta de tempo,
e também financeira. A
instituição me deixou pagar
fiado. Depois de me formar,
voltei um ano e seis meses
depois para pagar o que de-
via”, conta o inspetor.

50 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Desenvolvimento técnico
Foto Divulgação Prefeitura de Macaé

A descoberta de novos campos de petróleo vai aumentar a demanda por mão-de-obra especializada em soldagem

guns projetos de P&D, ela- buscar, elaborar e executar é dar um suporte efetivo
borando, mapeamento de projetos de P&D de inte- às atividades operacionais
investimentos, indicadores resse para as empresas”, que estão sendo feitas,
orçamentários e gestão explica Maciel. além de propor soluções e
tecnológica. A Gerente de Relaciona- mudanças de procedimen-
O DGTEC pode atender mento com a Comunidade to. A FBTS deve examinar
a qualquer outra conces- de Ciência e Tecnologia do processos e propor a me-
sionária no processo de Cenpes, Lúcia Lázaro, ava- lhor forma de gestão para
prestação de contas junto à lia a parceria entre a FBTS e ganharmos em eficácia e


Agência Nacional do Petró- o Cenpes: “O papel da FBTS eficiência”.
leo, Gás Natural e Biocom-
bustíveis (ANP). “Qualquer A FBTS examina Certificação
empresa que necessitar de Qualidade
identificar oportunida- processos e propõe Já o Departamento de
des em novas tecnologias formas de gestão Certificação de Qualidade
e áreas temáticas pode nasceu de forma pioneira
procurar nossos serviços. para melhorar em 1992, quando a FBTS foi
Também podemos atuar a primeira instituição a ser
na articulação de institui- em eficácia e acreditada pelo Instituto
ções de fomento, a fim de eficiência Nacional de Metrologia,

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 51


Desenvolvimento técnico Experiência do passado ajuda a superar os novos desafios
Foto Alexandre Loureiro
Normalização e Qualida- no Brasil e de fabricantes
de Industrial (Inmetro) da Coréia, China e Estados
para certificar pessoal. Em Unidos. A exigência de cer-
1997, o Inmetro acreditou a tificação de consumíveis é
FBTS na parte de produtos muito forte, principalmente
e atualmente a fundação no setor de abastecimen-
certifica também consumí- to e refino da Petrobras.
veis de soldagem. Qualquer consumível de
O superintendente do soldagem para ser utilizado
Departamento de Certifi- nas refinarias tem que ter a
cação de Qualidade, José certificação da FBTS”, nota.
Alfredo Bello Barbosa, ex- Quanto à atuação da ins-
plica que hoje a funda- tituição como Organismo

“ ”
ção certifica cerca de 190 de Certificação de Pessoal
produtos, como eletrodos (OPC), José Alfredo observa
revestidos, varetas, arames que já são aproximada-
A Certificação mais
sólidos, entre outros. recente é a de inspetores
mente 1.900 Inspetores
“Um detalhe importante de dutos terrestres, de Nível 1 e 210 Inspetores
é que a FBTS certifica con- executada pela FBTS de Nível 2 certificados pela
sumíveis de soldagem de FBTS. Certificação mais
José Alfredo Bello Barbosa
quase todos os fabricantes Sup. do Departamento de Certificação de Qualidade recente é a de Inspetores
de Dutos Terrestres, exe-
cutada pela FBTS desde
Planta da Rio Polímeros, exemplo de
2003. Nessa modalidade já
Foto Divulgação Institucional Rio Polímeros foram certificados cerca de
650 inspetores de Nível 1.
Além disso, o superinten-
dente identifica o aumento
de demanda em função do
volume de obras.
O Departamento Técnico,
também comandado por
José Alfredo, atende a área
de P&D, assessoria técnica
e prestação de serviços. “Há
pouco tempo fizemos um tra-
balho com a Transportadora
Brasileira Gasoduto Bolívia-
Brasil (TBG)”, diz.
O Consultor Técnico da
TBG, Jesualdo Lobão Filho,
explica que a parceria da
TGB com a FBTS conferiu
ao trabalho de Qualifica-
ção de Procedimentos de
Soldagens em Carga e na

52 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Desenvolvimento técnico
Foto Divulgação Institucional Rio Polímeros

elaboração de Instruções
de Execução e Inspeção de
Soldagens (IEIS) um aval


de qualidade no campo da
soldagem. “A FBTS nos per-
mitiu colocar de uma forma
racional todas as instruções A exigência de
para soldagem de dutos, certificação de
que foram incorporadas
dentro de um padrão de consumíveis
execução da TBG”, afirma.
é muito forte,
principalmente


Fo nte : P E T RO B R A S 5 0
anos: uma construção da
inteligência brasileira/ no setor de
Textos: Mariluce Moura;
Pesquisa de texto: Sér- abastecimento
gio Tadeu de Niemeyer
Lamarão, Carlos Eduardo e refino
Sarmento, Regina da Luz
Moreira – Rio de Janeiro:
PETROBRAS, 2003.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 53


Sustentabilidade

Excelen
Segurança, Meio Ambiente e Saúde

Projeto corporativo busca

em SMS na Petrobras
Plano estratégico da empresa envolve todos
os empregados da empresa e fornecedores
“Ambiente de trabalho mais seguro, onde os profissionais pos- qüência de Acidentados com
Afastamento (TFCA) fechou
sam desenvolver suas atividades, não só em soldagem como 2007 em 0,71%. Isso para a
em todas as áreas”. É assim que o engenheiro da Petrobras e nossa área – a de obras – é
coordenador do Projeto de Excelência em SMS da Engenha- muito bom. Normalmente,
ria, Oscar Martins, reage quando questionado sobre o quê os em outras empresas do
ramo de construção e mon-
profissionais podem esperar em mudança nos ambientes de tagem, esse percentual é
trabalho da empresa em todo o País, com o projeto que teve em torno de 2,5%”, afirma
seu embrião datado em 2003 com o início do Programa de o engenheiro.
Liderança e responsa-
Segurança de Processo (PSP).da Companhia. bilidade; conformidade
legal; avaliação e gestão

P

ode soar como retórica nas nossas diversas obras de de riscos; novos empreen-
dizer que 15 Diretrizes 2003 até 2007. A Taxa de Fre- dimentos; operação e ma-
em Segurança, Meio nutenção; gestão de mu-
Ambiente e Saúde se- Na parte de danças; aquisição de bens e
rão atingidas até 2015, mas soldagem, o serviços; capacitação, edu-
quando se coloca em prática cação e conscientização;
a conscientização dos em- projeto interfere gestão de informações;
pregados e dos fornecedo- comunicação; contingên-
na saúde dos
res, as diretrizes do projeto cia; relacionamento com
encontram as metas. E me- trabalhadores a comunidade; análise de
lhor, alcançam resultados. acidentes e incidentes; ges-
“Já tivemos uma boa redu- e na disciplina tão de produtos e processo
ção no número de acidentes operacional de melhoria contínua são

54 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Foto Divulgação Consórcio OSBAT (GDK)

Sustentabilidade

cia
Por bruna Capistrano

Foto Alexandre Loureiro

Oscar Martins, coordenador da Engenharia no Projeto Estratégico Corporativo de Excelência em SMS da Petrobras

as frentes que terão rendi- e temos uma ferramenta ria com a prática”, comple-
mentos mais visíveis pelos intitulada Verificação de menta o engenheiro.
funcionários da empresa e, Procedimentos Críticos, o
consequentemente, pelos VP, que é realizada com a Engenharia se antecipa
milhares de fornecedores fiscalização da Petrobras e A Engenharia da Petrobras
da Petrobras. a supervisão do executante é uma área onde as gerências
“Na parte de soldagem da empresa contratada, operacionais têm um prazo
o projeto interfere na saú- pois ele faz exata e corre- de vigência bastante curto.
de dos trabalhadores e na tamente o que está escri- As unidades de implemen-
disciplina operacional. Ou to”, explica Oscar Martins. tações de empreendimentos
seja, é a pessoa fazer o que “Essa ferramenta aproxima têm em média três anos de
está escrito nos procedi- a pessoa que fez o proce- vida. Esse é o tempo que
mentos para não correr dimento com aquela que normalmente se prolonga
riscos. Por exemplo, existe executa, para verificar se é uma obra e nada mais justo
um procedimento de solda- mesmo a melhor maneira que a área se adequasse à
gem como qualquer outro de fazê-lo, juntando a teo- essa demanda.

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 55


Sustentabilidade Segurança, Meio Ambiente e Saúde

Seguindo o raciocínio des- explica o processo: “A fun-


ta forma, foi pensada a redu- ção da Engenharia, basi-
ção do prazo de finalização camente, é contratar uma
do projeto para até 2010, companhia responsável pela
eliminando os cinco anos se- construção e montagem
guintes que as outras áreas para nós, que fiscalizamos
ainda terão como prazo. “No a obra. Nós não operamos
fim dos empreendimentos, uma refinaria. Vamos até lá
aquela estrutura gerencial construir unidades novas ou
se extingue e vamos dar até fazer uma manutenção
prosseguimento a outras em uma unidade já exis-
obras. Então, nossos gerente tente. Somos uma área de
executivo e gerais acharam serviços da Petrobras. Então
interessante que implemen- tudo o que tem no Projeto
tássemos esse trabalho em Excelência em SMS é apli-
um tempo menor que o cável não só na Engenharia,
restante da Companhia. Isto como em toda a estrutura
porque, senão, quando esti- da corporação”.
ver terminando (o projeto), E como a maioria dos
várias empreendimentos projetos sempre esbarra
teriam surgido e não terí- em uma dificuldade aqui,
amos acompanhado essas outra ali, seja dentro de
implementações de empre- uma empresa ou em planos
endimentos com o projeto”, governamentais, algumas
ressalta o coordenador do barreiras também surgem
braço da Engenharia no Pro- quando se trata de mudar
jeto Estratégico Corporativo os hábitos e valores do coti-
de Excelência em SMS. diano e comunicar um pro-
Responsáveis por cons- jeto com 15 diretrizes para
truir novas unidades ou exatos 69.757 funcionários
executar procedimentos de do Sistema Petrobras (de
manutenção nas unidades acordo com dados de abril


já existentes, o setor de de 2008 do site da compa- Obra de constru
engenharia da empresa,
cumpre, sobretudo, uma
função fiscalizadora entre
o setor de
seus fornecedores. Sim- engenharia da
plesmente pelo fato de o
Projeto de Excelência em Petrobras cumpre,
SMS ser composto basica- sobretudo,
mente por medidas de ges-
tão para que as diretrizes uma função
sejam alcançadas. fiscalizadora entre
Com quase 20 anos de
empresa, Oscar Martins seus fornecedores
Fotos Divulgação Consórcio OSBAT (GDK)

56 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
Sustentabilidade
nhia) e seus fornecedores. e a organização vão ter de
Para Oscar Martins, a benefício. E esse benefício é
grande dificuldade para a integridade física e a saúde
estabelecer o programa é dos trabalhadores, é não
a conscientização das pes- termos impacto no meio
soas: “Saber exatamente o ambiente, é termos um sis-
porquê de estarmos fazendo tema de gestão integrado e
esse projeto e os seus bene- completo.”.
fícios. A maior dificuldade São cerca de duas mil ativi-
é conseguir mostrar o que dades observando o projeto
é o projeto, quais são seus com uma luneta de macro vi-
objetivos e, o que é mais im- são, mas quando ajustamos o
portante, o que as pessoas foco, conseguimos enxergar
diversas ações de extrema
importância para melhorar
o cotidiano dos profissionais
de soldagem e o nosso meio
ambiente como um todo.
‘Estudos de riscos concluídos
ou reavaliações de estudos
existentes para todas os
processos considerados críti-
cos’ é uma das medidas que
estão diretamente ligadas
ao profissional da FBTS. “Ou
Fernando
seja, em todas as instalações
Medeiros, assessor
e operações tem que se fazer
da diretoria
uma análise de risco para
de QSMS/CRS
proteger os trabalhadores e
da GDK, que
o meio ambiente”, comple-
presta serviços à
menta Martins.
Petrobras


ução do gasoduto Bolívia-Brasil pelo consórcio Osbat Lucro para todos
Na prática, os funcionários
que atuam no cotidiano dos
A busca da trabalhos realizados para a
excelência em Petrobras também lucram,
como é o caso da prestado-
Segurança, Meio ra baiana GDK, atuante no
Ambiente e Saúde mercado de construção e
manutenção de gasodutos
está prevista no e oleodutos, montagens
Plano Estratégico industriais e instalações de
produção de petróleo e gás,
da Petrobras plantas petroquímicas e

FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 57


Sustentabilidade Segurança, Meio Ambiente e Saúde

construção de plataformas de riscos; e trabalhadores bilidade Social, Fernando


de produção offshore. motivados pelo conjunto de Eduardo Medeiros.
“Falando especificamen- benefícios”, ressalta o as- Ele também destaca gran-
te do impacto destas ações sessor do diretor de QSMS/ des avanços corporativos
no dia-a-dia dos profis- CRS, Qualidade, Segurança, dentro da GDK com a in-
sionais que trabalham na Meio Ambiente e Saúde, e corporação das diretrizes


área de soldagem, a busca Comunicação e Responsa- precedidas pela Petrobrás:
pela excelência permitiu “Em um cenário de evolução
termos profissionais mais em SMS, a GDK incorporou e
capacitados para as diver- Houve grandes adaptou à sua cultura, várias
sas atividades; redução avanços das sistemáticas implanta-
de re-trabalhos; redução das pelo cliente Petrobras,
dos acidentes e ocorrên- corporativos tais como “Alertas de QSMS/
cias anormais; acompa- na GDK com a CRS”, com o objetivo de
nhamento de indicadores divulgar e alertar possíveis


de reparos de solda; maior incorporação das ocorrências em nossas ati-
segurança na realização diretrizes criadas vidades e recomendações
das atividades através das para evitá-las e diversas ou-
práticas de gerenciamento pela Petrobrás tras”, finaliza o executivo.

58 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
FBTS em Revista Ano 1 - Número 1 - Junho de 2008 59
60 Publicação Oficial da
Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem

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