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Revista EDaPECI

São Cristóvão (SE)


ISSN: 2176-171X v.19. n. 3, p. 73-84
set./dez. 2019
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E PRÁTICAS EDUCATIVAS COMUNICACIOANIS E INTERCULTURAIS

DOI:h p://dx.doi.org/10.29276/redapeci.2019.19.312225.73-84

Educação em saúde: conhecimento de profissionais de saúde sobre IRAS e


higienização das mãos
---------
Quality assistance to teachers of post-graduate courses in EaD
---------
Calidad asistencial a los profesores de cursos de posgrado en la EaD

Michelly de Melo Alves1


Danielle Pires de Almeida2
Ednólia Gomes Varjão Fernandes3
Geraldo Sadoyama Leal4

Resumo: Os profissionais da área de saúde estão envolvidos com a saúde do individuo e da cole vidade atuando na
promoção, proteção e recuperação da saúde, trabalhando de forma a va em ações educacionais, como a educação
con nuada e permanente. O obje vo deste trabalho foi verificar o nível de conhecimento dos profissionais de
saúde sobre as infecções relacionadas à assistência à saúde e higienização das mãos. Trata-se de um estudo de
natureza aplicada, observacional, quan ta vo. Considerou-se diferença esta s camente significante para p<0,05.
Resultados: A maioria (>95%) dos profissionais receberam algum treinamento sobre higiene das mãos. Itens com
acerto acima de 80% foram: os passos da técnica de lavagem das mãos e ações que evitam a transmissão cruzada
de micro-organismos. Diferenças significantes (p<0,05) foram encontradas entre os profissionais em relação aos
insumos necessários para a adequada lavagem das mãos. Nesta inves gação, verificou-se que os profissionais
apresentam conhecimento sobre infecção e técnicas de higienização, porém, não evidenciando uma completa
associação destes com a prá ca.

Palavras-chave: Conhecimento. Educação. Profissionais de saúde.

Abstract: Healthcare professionals are involved with the health of the individual and the community ac ng in the
promo on, protec on and recovery of health, working ac vely in educa onal ac ons, such as con nuing and
con nuing educa on. The objec ve of this study was to verify the level of knowledge of health professionals about
infec ons related to health care and hand hygiene. It is an applied, observa onal, quan ta ve study. A sta s cally
significant difference was considered for p <0.05. Results: Most (> 95%) of the professionals received some hand
hygiene training. Items with accuracy above 80% were: hand washing technique steps and ac ons that prevent the
cross transmission of microorganisms. Significant differences (p <0.05) were found among professionals regarding
the necessary inputs for proper hand washing. In this inves ga on, it was found that professionals have knowledge
about infec on and hygiene techniques, however, not evidencing a complete associa on of these with the prac ce.

Keywords: Educa on. Healthcare professionals. Knowledge,

Resumen: Los profesionales de la salud están involucrados con la salud del individuo y la comunidad actuando
en la promoción, protección y recuperación de la salud, trabajando ac vamente en acciones educa vas, como la

1 Mestre em Gestão Organizacional, Professora na Faculdade de Ensino Superior de Catalão (CESUC), Coordena-
dora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Saúde (NEPS).
2 Graduanda em Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG).
3 Mestranda em Gestão Organizacional da Universidade Federal de Goiás (UFG).
4 Doutor em Imunologia e Parasitologia Aplicadas, Professor e Subcoordenador do Programa de Pós-Graduação
em Gestão Organizacional da Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Catalão.
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educación con nua y con nua. El obje vo de este estudio fue verificar el nivel de conocimiento de los profesionales
de la salud sobre las infecciones relacionadas con el cuidado de la salud y la higiene de las manos. Es un estudio
aplicado, observacional, cuan ta vo. Se consideró una diferencia estadís camente significa va para p <0,05.
Resultados: la mayoría (> 95%) de los profesionales recibió capacitación en higiene de manos. Los ítems con una
precisión superior al 80% fueron: los pasos y acciones de la técnica de lavado de manos que evitan la transmisión
cruzada de microorganismos. Se encontraron diferencias significa vas (p <0.05) entre los profesionales con
respecto a los insumos necesarios para un lavado de manos adecuado. En esta inves gación, se encontró que
los profesionales enen conocimiento sobre las técnicas de infección e higiene, sin embargo, no evidencian una
asociación completa de estos con la prác ca

Palabras clave: Conocimiento. Educación. Profesionales de la salud

INTRODUÇÃO os procedimentos para controle a coleta de


cultura de vigilância é considerada padrão de
Os profissionais de saúde atuam na controle para que não ocorra a infecção de
promoção, proteção, recuperação da saúde, pacientes recém-internados. Dentre os MR
prestando assistência voltada para o ser mais frequêntes são os gram-posi vos como
humano com um todo, trabalhando de forma Staphylococcus aureus resistentes a Me cilina
a va em ações educacionais, como a educação (MRSA) e gram nega vos como Klebsiella
con nuada e permanente (VENTUROSO et al, pneumoniae resistentes a carbapanemases (KPC)
2018). Esse po de estratégia se caracteriza e Pseudomanas aeruginosa mul rresistentes.
pela con nuidade de ações educa vas que se Estes microrganismos vêm se demonstrando
fundamentam em princípios metodológicos importantes pela sua alta incidência e sua
diferentes, e são implementadas em conjunto resistência aos an bió cos que são mais u lizados
possibilitando a transformação profissional na clínica para realizar o tratamento de pacientes
através do desenvolvimento de habilidades (DOMINSKI et al, 2018; FIGUEIREDO et al, 2018).
e competências fortalecendo o processo de Na maioria dos casos as complicações
trabalho (SARDINHA et al, 2013). geradas pelas IRAS são consideradas evitáveis
As Infecções Relacionadas a Assistência à podendo ser prevenidas por meio de
Saúde (IRAS) são consideradas como grande intervenções pela equipe mul profissional.
problema na saúde pública chegando a ngir Em 2004 O Ins tute for Health Improvement
cerca de 1,5 milhão de pessoas por ano no desenvolveu a campanha “Salve 100.000 vidas”
mundo. Es ma-se que nos países desenvolvidos, introduzindo o conceito de Bundle, que consiste
de cada 100 pacientes hospitalizados 10 serão em um conjunto de medidas e intervenções
acome dos pelas IRAS, gerando problemas é cos, baseadas em evidências cien ficas combinadas
jurídicos e sociais, resultando em prolongamento e integradas, com a finalidade de reduzir o
no tempo de internação, aumento dos gastos número de infecções (SILVA, OLIVEIRA, 2018).
relacionados à internação e até mesmo óbito do As IRAS devido à falta de higiene das
paciente (GIROTI et al, 2018). mãos são uma principal causa de aumento
As IRAS podem ser definidas como uma da morbidade, mortalidade e custos de
consequência localizada ou sistêmica resultante atendimentos entre pacientes hospitalizados
de uma reação adversa de um agente infeccioso em todo o mundo. A alta prevalência dessas
ou sua toxina que tenha ocorrido após 48 horas infecções nos países em desenvolvimento
ou mais da admissão hospitalar podendo estar representa um desafio para os prestadores de
relacionado a internação ou procedimentos cuidados de saúde (ANGEL, 2015). A lavagem
hospitalares. (VELÔSO, CAMPELO, 2017). das mãos é a medida mais simples e eficaz para
Os métodos para controle de IRAS são prevenir infecções. Contudo, cerca de metade
fundamentais para evitar a disseminação de das infecções associadas aos cuidados de saúde
microrganismos mul rresistentes (MR). Dentre ocorrem devido a transmissão cruzada, pelo

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contato direto e pelas as mãos dos profissionais 01- Você já recebeu algum treinamento de
de saúde (WHO, 2009). higienização das mãos? ( )sim ( )não
O conhecimento de profissionais de saúde 02- Assinale a alterna va que contempla a
sobre IRAs e prá cas de higienização das mãos sequência mais correta da técnica de lavagem
são importantes fatores, para implementação de das mãos:
estratégias mais seguras de controle e prevenção a a) Re rar adornos; Molhar as mãos; Usar
infecções. A realização de inquéritos educacionais sabão líquido; friccionar as mãos em todas as
serve de diagnós co situacional e de indicador suas faces; espaços interdigitais ar culações;
para elaboração de programas de educação Polegar; unhas e extremidades dos dedos e
permanente da equipe de profissionais de saúde. punho; enxaguar as mãos; fechar a torneira
Neste sen do, o obje vo deste trabalho foi com papel toalha (torneira manual); secar as
verificar o nível de conhecimento dos profissionais mãos u lizando papel toalha;
de saúde sobre as infecções relacionadas à b) Re rar adornos; usar sabão líquido; molhar
assistência à saúde e higienização das mãos. as mãos; friccionar as palmas das mãos;
espaços interdigitais; Ar culações; Polegar;
2 METODOLOGIA unhas e extremidades dos dedos e punho;
enxaguar as mãos; fechar a torneira com papel
Trata-se de um estudo observacional toalha (torneira manual);
e quan ta vo. Par ciparam da pesquisa a c) Re rar adornos; molhar as mãos; usar sabão
equipe mul profissional da Unidade de Terapia líquido; friccionar dorso das mãos; Unhas;
Intensiva (UTI) na qual, que incluem 05 médicos espaços interdigitais; extremidades dos dedos;
plantonistas, 04 enfermeiros, 20 técnicos de polegar e punho; enxaguar as mãos; fechar a
enfermagem, 04 fisioterapeutas. Foram incluídos torneira com papel toalha (torneira manual);
os profissionais que mantêm contato direto com d) Colocar sabão líquido nas mãos; molhar
o paciente e que realizam assistência à saúde, as mãos; friccionar as mãos em todas as suas
e excluídos da amostra os profissionais que faces; espaços interdigitais; Ar culações;
estavam de licença e férias no período da coleta Unhas; extremidades dos dedos, polegar e
de dados e que não completaram o instrumento punho; enxaguar as mãos; fechar a torneira
de coleta de dados ou não responderam o com papel toalha (torneira manual); secar as
ques onário no período estabelecido. mãos u lizando papel toalha;
e) Molhar as mãos; colocar sabão líquido;
2.1 DESENHO DO ESTUDO E friccionar as mãos em todas as suas faces,
COLETA DE DADOS espaços interdigitais; Ar culações; Unhas;
polegar, extremidades dos dedos e punho;
O estudo foi desenvolvido na Unidade enxaguar as mãos; fechar a torneira com
de Terapia Intensiva (UTI) e com a Comissão papel toalha (torneira manual); secar as mãos
de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) u lizando papel toalha;
atuante. A UTI era composta por 10 leitos, 03- Com relação as áreas de higiene das mãos
sendo, 01 leito de isolamento. Realizou-se a que devem ser lavadas conforme a técnica
aplicação de um ques onário para avaliação adequada de higienização simples das mãos,
do nível de conhecimento de cada profissional marque a alterna va CORRETA:
sobre infecção hospitalar. a) Não há necessidade de lavar os punhos,
Houve a aplicação de um ques onário somente as faces das mãos.
para avaliar o nível de conhecimento dos b) Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com
profissionais de saúde. O instrumento, foi a palma da mão oposta reta com movimentos
aplicado no período de dezembro de 2015 a circulares.
janeiro de 2016 para a equipe de profissionais. c) Esfregar o polegar de uma mão, com o
O ques onário con nha 13 perguntas fechadas auxílio da palma da mão oposta, u lizando-se
com questões sobre IRAS e HM abaixo: movimento circular e vice-versa.

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d) U lizar escovas para lavagem do leito ungueal 08- Quais das seguintes ações de higienização
e subungueal. das mãos evita a transmissão cruzada de
e) A lavagem deve ser feita até o cotovelo. micro-organismos ao paciente?
04- Com relação aos passos da técnica de a)Higienização das mãos antes de contato com
lavagem das mãos, não faz parte: o paciente.
a) Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando b)Higienização das mãos após o contato com o
encostar-se na pia. paciente.
b) Aplicar na palma das mãos quan dade c)Higienização das mãos imediatamente após
suficiente de sabão liquido para cobrir todas as risco de exposição a fluidos corporais.
super cies das mãos durante o procedimento. d)Higienização das mãos após exposição a
c) A eficácia da lavagem das mãos depende da super cies e objetos próximos ao paciente.
fricção manual vigorosa de todas as áreas e da e) Todas as alterna vas estão corretas.
duração da técnica empregada. 09- Em quais situações a lavagem das mãos
d) Fechar a torneira diretamente com a mão entre com água e sabão é indicada?
os passos para evitar o desperdício de água. a) Para precaução de contato para
e) Realizar a secagem das mãos com papel pacientes portadores de micro-organismos
toalha descartáveis. mul rresistentes e nos casos de surtos.
05- Com relação ao enxágüe das mãos, marque b) Para remoção de microbiota residente que
a alterna va CORRETA: coloniza as mãos.
a) Após o enxágüe, encostar a mão na pia não c) Quando as mãos es verem visivelmente sujas
interfere na execução da técnica. ou contaminadas por fluidos corporais.
b) Deve respeitar o sen do dos dedos para d) Somente após a remoção de luvas estéreis.
os punhos com a finalidade de evitar a e) Após realizar a fricção an -sép ca das mãos.
recontaminação. 10- As afirmações a seguir sobre a lavagem das
c) Deve enxaguar as mãos independentes do mãos são verdadeiras, MARQUE A ALTERNATIVA
sen do, uma vez que o intuito é apenas re rar INCORRETA:
todo o resíduo do sabonete. a) Uso de loções e cremes hidratantes são
d) Deve respeitar o sen do do punho indicados, pois minimizam a ocorrência de
para os dedos com a finalidade de evitar a derma te de contato irrita va associada à
recontaminação. lavagem das mãos.
e) Deve realizar movimentos vibratórios com as b) A lavagem das mãos não é necessária se
mãos após a lavagem para diminuir a quan dade as luvas são usadas durante o contato com o
de água na super cie e facilitar a secagem. paciente sem infecção.
06- Marque a alterna va que corresponda ao c) Uso de unhas ar ficiais têm sido associadas
termo lavagem de mãos: a transmissão de infecção pelas mãos dos
a) Lavagem das mãos com água e sabão profissionais de saúde.
b) Uso de an -sép co para fricção das mãos d) A má adesão a prá ca de lavagem das
c) Higienização an ssép ca das mãos mãos é um dos principais contribuintes para a
d) An ssepsia cirúrgica das mãos infecção associadas à saúde e transmissão de
e) Todas as alterna vas estão corretas patógenos.
07- Antes de iniciar o procedimento de lavagem e) Pele com lesões abertas transporta
das mãos a primeira ação a ser realizada é: cargas mais elevadas de microorganismos
a) Umedecer as mãos com água corrente. patogênicos do que a pele intacta.
b) Aplicar uma pequena quan dade de 11- Com relação aos insumos necessários
sabão diretamente nas mãos. para a adequada lavagem das mãos, marque a
c) Re rar todos os adornos. alterna va CORRETA:
d) Proteger a torneira com papel toalha a) Os produtos de higiene das mãos, quando
para evitar contaminação. usados de forma inapropriada, podem ser
e) Abrir a torneira ou acioná-la. fontes de bactérias através da contaminação

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dos an ssép cos e sabões durante a fabricação escolhido um dia da semana, após responderem
ou uso desses produtos. o ques onário foi analisado quais as dificuldades
b) O uso de toalhas de tecido pode ser feito em que os profissionais apresentariam ao responder,
unidade ambulatorial e na ausência de outros não sendo evidenciada a necessidade de ajustes.
métodos na secagem das mãos.
c) O secador elétrico é indicado nos serviços de 2.2 ANÁLISE DE DADOS
saúde, pois o tempo para a secagem [e mais
rápido, é de fácil acionamento e o ar quente Na análise descri va foram realizados
reduz o número de agentes da microbiota gráficos e tabelas, com frequência absoluta,
transitória e residente. rela va, quar l, média e desvio padrão. Para o
d) As pias devem estar apenas no posto de teste inferencial qualita vo realizou-se o teste
enfermagem, possuir torneiras em contato do qui-quadrado (x²). Em todas as análises foi
direto das mãos para o fechamento da água e os adotado um nível de significância (α) de 5%,
dispensadores de sabão devem ser de contato ou seja, consideraram-se como significantes os
direto do po almotolia. resultados que apresentaram p-valor igual ou
e) O acondicionamento do material u lizado na inferior a 5% (<0,05).
secagem das mãos deve ser feito em qualquer
lixeira, não havendo necessidade de recipiente 2.2 ASPECTOS ÉTICOS
próprio próximo a pia.
12- Qual a duração total ideal do procedimento Esse estudo obedeceu ao cumprimento
da lavagem das mãos: das Diretrizes e Normas Regulamentadoras
a) 20 a 30 segundos de Pesquisas envolvendo Seres Humanos,
b) 10 a 20 segundos Resolução CNS 466/12 de 12 de dezembro de
c) 15 a 35 segundos 2012. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
d) 40 a 60 segundos É ca em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da
e) 10 a 40 segundos Universidade Federal de Goiás com CAAE número
13- Qual das alterna vas a seguir está 4815615.6.0000.5083. Foram esclarecidos aos
INCORRETA? dirigentes das ins tuições em que o estudo
a) As unhas devem ser man das tão curtas foi realizado quanto ao obje vo do estudo, do
quanto possível para evitar acúmulo de caráter sigiloso das informações coletadas, de
sujidades e microrganismos. que se trata de uma pesquisa profissional, bem
b) No caso de torneiras com contato manual como dos riscos e bene cios envolvidos.
u lizar papel toalha para fechamento. Garan u-se também a possibilidade de
c) A água quente não deve ser u lizada em desistência da ins tuição par cipante em
ambiente de saúde para lavar as mãos, pois qualquer momento, por meio da assinatura do
aumenta o risco de irritação na pele. Termo de Consen mento Livre e Esclarecido.
d) A higienização das mãos deve ser realizada Os dados coletados pelos pesquisadores
durante o atendimento ao mesmo paciente se ocorreram mediante autorização e anuência
mover de um local contaminado para um local da ins tuição. Os responsáveis avaliados foram
mais limpo. orientados quanto aos riscos e bene cios que
e) Os adornos só devem ser re rados antes da envolveram esta pesquisa, sendo convidados a
higienização an ssép ca das mãos. assinarem o Termo de Consen mento Livre e
Foram esclarecidos aos profissionais os Esclarecido, que teve o obje vo de: garan r a
critérios de como respondê-lo e a aplicação ocorreu voluntariedade dos par cipantes.
em horários que não interromperam as a vidades
profissionais. Para avaliação da adequabilidade do 3 RESULTADOS
ques onário foi realizado um teste piloto com um
profissional médico, um técnico de enfermagem Realizou-se análise de nível de
e um enfermeiro, no período matu no, sendo conhecimento no que se refere à infecção

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hospitalar e higienização das mãos da equipe relação aos passos da técnica de higienização
mul profissional. Os resultados encontram-se das mãos e os momentos de higienização que se
na tabela 1. Podemos observar que a maioria evita uma transmissão cruzada verificou-se um
dos profissionais recebeu treinamento para alto nível de acerto dos profissionais. No que se
higienização das mãos (>95%). No que diz refere ao item que aborda a fricção do álcool gel
respeito à sequência correta de higienização para higiene das mãos, verifica-se um baixo nível
das mãos, os profissionais que ob veram um de acerto dos profissionais, principalmente dos
menor percentual de acerto foram os técnicos técnicos de enfermagem (10%). Em relação ao
de enfermagem (35%) e fisioterapeutas (25%) tempo ideal para higienização das mãos, obteve-
(tabela1). Quanto ao primeiro procedimento a se um percentual de acerto de 42,4% entre as
ser realizado antes da higienização das mãos, no categorias profissionais. Diferenças significantes
qual a resposta consiste na re rada de adornos, foram encontradas entre os profissionais
observou-se um percentual de 100% de acerto em relação aos insumos necessários para a
na categoria profissional de médicos. Com adequada lavagem das mãos.

Tabela 1- Avaliação de nível de conhecimento dos profissionais de saúde

ĂƚĞŐŽƌŝĂWƌŽĨŝƐƐŝŽŶĂů dĠĐ͘Ğ &ŝƐŝŽͲ йƚŽƚĂů


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ƐŽďƌĞĂůĂǀĂŐĞŵĚĂƐŵĆŽƐ͘
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ŶĞĐĞƐƐĄƌŝŽƐ ƉĂƌĂ Ă ĂĚĞƋƵĂĚĂ ϭϬϬй ϰϱй ϭϬϬй ϳϱй ϲϯ͕ϲй Ϭ͕ϬϮϵ
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ĂĚŽƌŶŽƐ͘
* p< 0,05; teste do χ2 ou exato de Fisher.
Fonte: Elaborado pelos autores (2019).
ϰ /^h^^K

4 DISCUSSÃO déficit na aprendizagem. Pois, os profissionais


compreendem a importância da prá ca de
A adesão à higienização das mãos por higienização das mãos, porém muitos não
profissionais de saúde pode ser influenciada sabem como realizá-la corretamente. Já em
pela crença, cultura organizacional, hábitos um estudo realizado no hospital da cidade de
adquiridos, o conhecimento cien fico que Andaluzia, evidenciou-se um baixo nível (40%)
foi sendo construído profissionalmente e de conhecimento dos profissionais sobre IRAS.
a falta de associação deste com a prá ca Os resultados da pesquisa mostraram lacunas
(SOUZA; RAMOS et al. 2015). RAIMONDI et al. no conhecimento, que são maiores em
2017, comparou a adesão entre enfermeiros aspectos relacionados aos conceitos de higiene
e técnicos de enfermagem e verificou que das mãos, como por exemplo, as situações
os técnicos apresentaram menor adesão a em que esta prá ca evita uma transmissão
higienização das mãos. Já os enfermeiros, cruzada (PÉREZ, USAGRE et al. 2015).
demostraram maior adesão, que pode ser O monitoramento dos profissionais
explicada pela elevada responsabilidade em relação à higienização proporciona
como profissional, que atua como líder da uma diminuição na transmissão cruzada
equipe de enfermagem, sendo exemplo de de patógenos e também a incidência de
comprome mento e responsabilidade. infecções relacionadas à assistência (TRANIN,
No ambiente de trabalho, a carga horária CAMPANHARO et al. 2016). Neste estudo,
excessiva, a insa sfação profissional e o demonstrou-se que a maioria dos profissionais
dimensionamento inadequado de funcionários, conhece a importância da higienização das
influenciam no desempenho e cumprimento mãos, na prevenção de IRAS, evitando a
de normas e protocolos da ins tuição, transmissão cruzada de micro-organismos,
colaborando para uma diminuição na adesão no entanto, como visto anteriormente, os
à higienização das mãos e um conseqüente mesmos não preconizam a higiene das mãos
aumento dos casos de infecção hospitalar em todos os cinco momentos, apresentando
(GIORDANI, SONOBE et al. 2016). VITA et uma maior taxa de adesão “após o contato
al. 2014 e CHAVALI et al. 2014 evidenciaram com o paciente”, demonstrando a falta de
outros fatores que podem contribuir para a associação do conhecimento com a prá ca.
não adesão da higienização das mãos, como Outra pesquisa com 43 profissionais sendo,
a escassez de recursos na área de trabalho, a técnicosdeenfermagem,fisioterapeutas,médicos
alta carga de trabalho e barreiras que podem e enfermeiros, demonstra que a maioria deles
prejudicar o rendimento dos profissionais. (76,7%), afirmaram considerar a higienização das
MERCES et al. 2013 em seu estudo mãos como medida muito eficaz para prevenção
demonstrou que a adesão à higienização de transmissão de infecção cruzada (OLIVEIRA,
das mãos pode ser prejudicada devido ao GONZAGA et al. 2013). Alguns estudos também

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demonstraram que os profissionais de saúde Pesquisa realizada na UTI de um sanatório


nham conhecimento em relação à importância privado da cidade de Rosário revela que 41%
da prá ca (HOSSEINIALHASHEMI et al. 2015; dos profissionais desconhecem o tempo ideal
OLI, OKOLI et al. 2016; DERHUN, et al. 2016), para lavagem das mãos, 58% desconhece
corroborando com nossa pesquisa, em que o tempo de duração para a fricção das
evidenciou-se um aceitável nível de acerto mãos com álcool gel e 38,8% não possui
pelos profissionais, nas questões sobre IRAS e conhecimento da sequência correta para
higienização das mãos, porém, não realizando a higienização das mãos (VITA, et al. 2014). Um
execução da técnica de maneira correta, como outro estudo realizado no hospital público da
demonstrado anteriormente. região do Paraná, com a par cipação de 267
Pesquisas realizadas com profissionais profissionais de enfermagem (enfermeiros
enfermeiros demonstram que os mesmos e técnicos de enfermagem), evidenciou-se
possuem conhecimento em relação ao que em relação ao tempo de execução das
papel dos micro-organismos na cadeia técnicas de higienização das mãos, 81 (30,3%)
epidemiológica de transmissão de IRAS, no par cipantes apontaram que um minuto seria
entanto, relatam algumas dificuldades que o tempo necessário para destruir a maioria dos
enfrentam em efe var as ações de prevenção microrganismos com a preparação alcoólica
de infecções, como: a alta demanda de serviço (DERHUN, et al. 2016). Iden fica-se em
e o quadro reduzido de funcionários (BATISTA, nosso estudo, que as categorias profissionais
MOURA, 2012; SHARIF et al. 2016; ALFAHAN de enfermeiros e técnicos de enfermagem
ET AL. 2016; LORENZINI, et al. 2013). apresentaram um baixo conhecimento no
A urgência na realização de procedimentos que se refere ao tempo ideal de execução da
assistenciais, a u lização incorreta de EPI’s, técnica com preparação alcoólica. JEZEWSKI et
situações imprevistas que venham acontecer al. 2017 revelou em seu estudo realizado no
na ro na de trabalho, também podem hospital privado de porte III no Estado do Rio
estar relacionados para a não adesão e um Grande do Sul que, apesar da disponibilidade
controle não eficaz das IRAS, contribuindo de álcool-gel para todos os par cipantes,
de maneira significa va para o aumento da os profissionais demonstraram falta de
morbimortalidade dos pacientes acome dos conhecimento sobre o tempo adequado na
por estas infecções (DUTRA, COSTA et al. 2015). fricção capaz de destruir dos microrganismos.
A Higienização das mãos com água e sabão Mas, reconhecem ter recebido treinamento
pode ser subs tuída por álcool gel, quando e afirmam conhecer os cinco momentos de
as mãos não es verem visivelmente sujas, higienização das mãos.
que possui também como finalidade reduzir a Já o estudo de GRAVETO et al. 2018,
carga microbiana e apresenta menor tempo na feito no hospital de referência em Portugal,
execução da técnica. (SIQUEIRA, FIGUEIREDO demonstrou que 90% dos enfermeiros
et al. 2012). Segundo pesquisa feita em um informaram que respeitam as recomendações
hospital de referência de Aracaju, durante o sobre a higienização das mãos nos momentos
procedimento de higienização das mãos o corretos. Porém, o estudo constatou que nem
principal insumo u lizado pelos profissionais todos os profissionais realizaram a prá ca
é a combinação da água e sabão na falta do nos cinco momentos, seja com água e sabão
álcool-gel (LLAPA-RODRÍGUEZ, et al. 2018). ou solução an ssép ca alcóolica. Um estudo
De acordo com a OMS a duração da técnica desenvolvido no hospital no interior de São
de higienização das mãos com álcool gel deve Paulo, mostra a prevalência de 89% do uso
ser de 30 segundos. Já a técnica realizada com de água e sabão como primeira escolha pelos
água e sabão o tempo de duração será entre 40 profissionais e quanto ao álcool-gel apenas
a 60 segundos, devendo enxaguar as mãos até 12% (SILVA et al. 2018).
a remoção completa dos resíduos (SIQUEIRA, Pesquisa realizada no hospital da E ópia
FIGUEIREDO et al. 2012). revela um percentual de que 59% dos

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Educação em saúde: conhecimento de profissionais de saúde sobre IRAS e
EDITORIAL
higienização das mãos 81

profissionais responderam que o álcool gel O uso irracional de luvas pode ocasionar
é tão eficaz como a higienização com água e a infecção cruzada, devido à diminuição da
sabão (TENNA, et al. 2013). Em nosso estudo frequência de higienização pelos profissionais de
os profissionais apresentaram um baixo nível saúde (SANTOS, KONKEWICZ et al. 2013). Ainda
de acerto no que se refere à u lização do sobre a pesquisa realizada na E ópia demonstra
álcool gel, podendo jus ficar desta forma que que 56% dos profissionais responderam que as
a falta de conhecimento sobre a eficácia do luvas não fornecem uma proteção completa
produto interfere na u lização do mesmo para para impedir a transmissão de infecção
a an -sepsia das mãos. A não u lização do (TENNA, et al. 2013). Já o estudo de SILVA et
álcool gel na higienização das mãos pode-se al. 2018 realizado no interior de São Paulo, das
caracterizar pelo de fato de os profissionais de 510 oportunidades observadas, 45% houve o
saúde preferir água e sabão por acreditarem uso correto de luvas, 25% foi de reu lização
que seja mais eficaz, evidenciando uma lacuna e 29% das vezes foram de ausência do uso
de conhecimento (DERHUN et al. 2016). No de luvas. Em nosso estudo, os profissionais
entanto, a OMS recomenda como padrão acreditam que a higienização das mãos precisa
ouro para a higienização, a u lização de ser realizada mesmo após remoção de luvas,
produtos alcoólicos como o álcool gel, devido à pressupondo que elas não oferecem completa
diminuição do tempo na aplicabilidade, eficácia proteção para prevenção de IRAS. Tal fato pode
e boa tolerância com a pele (BATHKE, CUNICO ser explicado, pela ocorrência de uma maior
et al. 2013). taxa de adesão dos profissionais no momento
SOUZA et al. 2018 iden ficou em seu estudo “após contato com o paciente”, representando
que a 99,4% dos profissionais par ciparam mais um autocuidado do que uma preocupação
de ações educa vas sobre higienização das com o próprio paciente durante a assistência
mãos e o preparo de álcool-gel e 49,5% prestada.
afirmam que 10 segundos é o tempo mínimo É importante que nos serviços de saúde,
para realização da prá ca de higienização das haja elaboração de estratégias educacionais
mãos. Verificou-se ainda, que os profissionais ro neiramente, com o controle de indicadores
de enfermagem reconhecem que a principal que permitam iden ficar se a higienização das
rota de transmissão cruzada se dá pelo contato mãos está sendo realizada de maneira adequada
direto, através das mãos, dos profissionais de e como está o conhecimento dos profissionais,
saúde no exercício de suas a vidades laborais pois, apesar de haver conhecimento teórico
no cuidado dos pacientes. sobre o assunto, nem sempre este é aderido
Verifica-se assim, que as mãos dos na prá ca (DERHUN, et al. 2016). O percentual
profissionais são u lizadas no contato direto de acerto do nosso estudo leva-nos a refle r
com o paciente durante a assistência prestada, na necessidade de se inves r cada vez mais em
caracterizando-se como um importante programas educacionais e de monitoramento
mecanismo de transmissão direta de agentes que abordem a IRAS. É de suma importância
infecciosos. A não adesão à prá ca de que, no âmbito ins tucional, a avaliação do
Higienização interfere na segurança do paciente nível de conhecimento dos profissionais de
para um cuidado de qualidade, no entanto, para saúde não seja somente pontual ou realizada
que haja uma ruptura da cadeia epidemiológica no final de uma educação permanente,
da transmissão de patógenos é necessária treinamento ou curso. Este método deve
a implantação de normas básicas durante o acompanhar os profissionais durante sua
cuidado, assim, a adoção dos cinco momentos ro na de trabalho, com o intuito de iden ficar
recomendados pela OMS, a realização progressos e dificuldades, com a elaboração
correta da técnica, incluindo o tempo ideal de de instrumentos para execução deste processo
higienização cons tui-se de suma importância (MELO et al. 2013).
para diminuição da incidência de infecção Outro ponto estratégico para avaliação
(SANTOS, ROSEIRA et al. 2014). dos profissionais consiste na Auditoria interna,

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82 82

82 Revista EDaPECI

em que um funcionário da própria ins tuição BATHKE, J.; CUNICO, P. A. et al. Infraestrutura
realizaria um processo de monitoramento e adesão à higienização das mãos: desafios à
com base nas anotações de enfermagem segurança do paciente. Rev Gaúcha Enferm
em prontuários e na observação direta no ;34(2):78-85, 2013.
ambiente em que a assistência é realizada
(PADILHA e MATSUDA, 2011). BATISTA, O.M.A.; MOURA, M.E.B.; NUNES,
B.M.V.T.; SILVA, A.O.; NERY, I.S. Representações
5 CONCLUSÃO sociais de enfermeiras sobre a infecção
hospitalar: implicações para o cuidar
Nos resultados desta inves gação pode- prevencionista. Rev. enferm. UERJ, Rio de
se verificar que os profissionais de saúde Janeiro, 20(4):500-6, 2012.
apresentam conhecimento prévio
sobre infecções relacionadas à assistência COSTA, D.B.; RAMOS, D.; GABRIEL, C.S.;
a saúde e técnicas de higienização das mãos, BERNARDES, A. Cultura de segurança do
bem como da sua importância porém, não paciente: avaliação pelos profissionais de
evidenciando uma completa associação enfermagem. Texto Contexto Enferm, 2018.
destes com a prática. A observação direta
dos profissionais de saúde na aderência a CHAVALI S, MENON V, SHUKLA U. Hand hygiene
higienização das mãos (HM) e levantamento compliance among healthcare workers in an
de fatores que contribuem para não accredited ter ary care hospital. Indian J Crit
realização desta prática possibilita aos Care Med. 2014.
gestores implementação de intervenções
que motivem a HM, como ações educativas, DERHUN, F.M.; SOUZA, V.S.S.; COSTA, M.A.R.;
implementação de protocolos e medidas que INOUE, K.C.; MATSUDA, L.M. Conhecimento
incentivem estes profissionais a se aderirem de profissionais de enfermagem sobre
à HM. higienização das mãos. Cogitare Enferm.
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