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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AUDITORIA INTERNA COMO

INSTRUMENTO DE GESTÃO

Por: Daniela Pederneiras Lopes

Orientador

Prof. Luciano Gerard

Rio de Janeiro

2010
1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AUDITORIA INTERNA COMO

INSTRUMENTO DE GESTÃO

Apresentação de monografia à Universidade


Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Auditoria e
Controladoria.

Por: Daniela Pederneiras Lopes


2

AGRADECIMENTOS

A toda minha família por estar sempre


me orientando e apoiando as minhas
decisões.
3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu primeiro filho


que vai nascer neste ano.
4

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo demonstrar a importância da auditoria interna no


andamento da empresa, como uma ferramenta essencial para o processo de
gestão.

A auditoria tem muito a colaborar na gestão de entidades, já que a


complexidade operacional e demandas por controles do patrimônio exigem
acompanhamento efetivo por parte dos gestores, acionistas, controladores ou
fornecedores de capital.

A posição do auditor interno dentro da organização deve ser bastante elevada


e respeitada, visto o trabalho ser de suma importância na verificação de como
andam os controles dentro da organização.

Toda empresa possui um modelo de gestão no qual expressa as principais


crenças e valores cultivados pelos gestores, que geralmente decorre da
missão estabelecida.

A auditoria no Brasil ainda é uma atividade relativamente nova. Nos países em


que a importância da auditoria foi reconhecida, já há muitos anos existem
comissões permanentes especialmente criadas para emitir normas de
auditoria, à medida que novas circunstâncias assim o exigem, e também para
modificar as antigas normas, de modo a adaptá-las às novas situações do
mercado.

Com isso será abordado os principais objetivos em gerir uma organização e a


importância da auditoria interna nas empresas.
5

METODOLOGIA

O desenvolvimento deste trabalho tem por finalidade analisar o conceito de


Auditoria Interna, seus pontos de exames e verificações, enfoques e seus
principais objetivos.

A metodologia utilizada servirá para incentivar os gestores a implementar a


auditoria interna como apoio à gestão empresarial.

Focaliza-se, por meio de definições fundamentadas em pesquisas


bibliográficas, um estudo que permite uma melhor compreensão acerca da
prática da auditoria no processo da gestão organizacional.

Será abordado um estudo de casos feito em uma empresa do ramo de


alimentos e bebidas, onde se poderá constatar a real importância de ter uma
auditoria interna periódica para o processo de gestão ser cada vez mais eficaz.
6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

GESTÃO EMPRESARIAL 9

CAPÍTULO II

AUDITORIA INTERNA 14

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NO PROCESSO DE GESTÃO 26

CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO – AUDITORIA NO RAMO DE ALIMENTOS E BEBIDAS 30

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 48

WEBGRAFIA 48

ÍNDICE 49
7

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo estudar a importância da Auditoria Interna no


processo de gestão da empresa. Deixando claro que sem uma auditoria
eficiente dentro de uma organização, a empresa poderá ter problemas no
processo de seus controles, podendo ocasionar tomadas de decisões erradas.

Atualmente nas empresas, a auditoria interna é de suma importância,


desempenhando papel de grande relevância, ajudando a eliminar
desperdícios, simplificar tarefas, servir de ferramenta de apoio à gestão e
transmitir informações aos administradores sobre o desenvolvimento das
atividades executadas.

Uma empresa que utiliza a ferramenta da auditoria interna é beneficiada na


questão de liderança, eficácia na manutenção e criação de controle interno.
Empresas que não disponham de controle administrativo o seu sistema de
contabilidade é considerado por muitos sem valor, por não poder depositar sua
confiança em suas informações e em seus relatórios.

A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações,


levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a
avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos
processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao
ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração
da entidade no cumprimento de seus objetivos.

Atualmente a Auditoria Interna está colaborando para a confiabilidade das


informações geradas e para o alcance das metas traçadas.

A ação da auditoria interna estende-se por todos os serviços, programas de


operações e controles existentes na empresa. Para que essa avaliação seja
8

efetuada com sucesso, os auditores necessitam de um apoio constante na


empresa para que se obtenha um desempenho satisfatório de suas
responsabilidades com abrangência e independência.

O Auditor Interno tem papel importante na verificação da manutenção dos


controles internos, pois seu trabalho possibilita que todas as ações existentes
na empresa sejam harmônicas, permitindo assim que as informações geradas
sejam confiáveis e possam suprir as necessidades dos usuários.
9

CAPITULO I

GESTÃO EMPRESARIAL

“Gestão é a forma como os relacionamentos entre as


pessoas se estabelecem na busca de um objetivo
comum.” (Rodriguez , 2002, p.155)

Falar de gestão dentro das organizações é falar de um conjunto de


atividades capaz de conduzir as organizações para o cumprimento da sua
missão.

Cada um dentro da empresa pode expressar as suas opiniões, não há


constrangimento em poder falar algo inadequado ou não, pois o tema é
amplo.

A palavra gestão poderá ter diversas interpretações e vai depender da sua


abrangência, o que está sendo considerado.

Para Drucker (2001), toda empresa requer compromisso com metas


comuns e valores compartilhados. A missão da empresa tem de ser
suficientemente clara e grande para promover uma visão comum. As metas
que incorporam devem ser claras, públicas e constantemente reafirmadas.
A primeira tarefa de gerir é pensar, estabelecer e exemplificar esses
objetivos, valores e metas.

Contudo diante de tantas mudanças, fica difícil os gestores saberem


exatamente qual mix de atividades serão empreendidas para se obter a
desejada eficácia empresarial.
10

As organizações podem seguir o modelo de gestão que melhor lhes cabe,


como uma forma de como obter o balanceamento das suas ações a partir
de indicadores orientados à estratégia e à visão da organização.

1.1 Modelo de Gestão

Toda empresa deve possuir um modelo de gestão definido. Muitas vezes o


modelo gestão é implícito ou nem mesmo existe. Contudo, para a
adequada sinergia entre as pessoas da organização, o modelo de gestão
de ser explícito e perfeitamente claro para todos.

Segundo Rodriguez (2002), o modelo de gestão é a apresentação de forma


estruturada e organizada de como ocorre à integração entre os seus
sistemas internos, formais e informais que fazem com que seja assegurado
o atendimento às estratégias de negócio suportadas pelas pessoas dentro
de uma organização formal de poder.

O modelo de gestão trata dos relacionamentos entre as pessoas da


empresa e gera ações que fazem com que a empresa alcance os
resultados pretendidos.

A forma de gestão depende de cada organização, podendo ser centralizada


ou não, quais resultados, estratégias e objetivos à serem alcançados. Ou
seja, o modelo de gestão representa como a empresa funciona.
Aparentemente isto é óbvio, mas, na grande maioria das empresas, o
modelo de gestão não é explícito e nem é percebido de forma idêntica por
todos.

Assim algumas perguntas devem ser respondidas para esta verificação,


como seguem:

- O modelo de gestão está definido e explícito a todos os empregados?


11

- Qual a forma de gestão adotada pela empresa?

- Os processos de negócio estão definidos e claros para todos?

- Quais os níveis de competência para decidir o que deve ser feito nos
diversos níveis da empresa?

A estrutura do modelo de gestão representa como estes diversos


elementos interagem. Na figura abaixo, a missão, a visão e as políticas
orientam os objetivos, a cultura desejada e as estratégias a serem
utilizadas.

Figura I – Estrutura do Modelo de Gestão

Cultura

Sistema de
Sistema de Informações
Acompanhamento e
Controle

Sistema de
Planejamento

Sistema de
Sistemas
Comunicação
Gerenciais

Estrutura

Fonte: Leitão, 1995


12

Estruturas do modelo de gestão podem ser descritas em função das


características das empresas e do seu estágio de evolução na implantação das
diversas ferramentas de gestão, tais como: gestão pela qualidade total,
gerenciamento por objetivos etc.

1.1.1 Definição da Missão

A Missão deverá expressar a razão da existência da organização, ou seja,


porque ela existe.

Para Andrade (2002), a missão de uma organização deve ser definida para
satisfazer alguma necessidade do ambiente externo e não simplesmente em
oferecer um serviço ou produto.

Seguem abaixo exemplos da Missão de algumas empresas:

“Ser uma companhia de saúde, higiene e beleza que cresce acima do mercado
através de superior satisfação do consumidor e dos clientes.”

Missão da Johnson & Johnson

“Refrescar o mundo – em corpo, mente e espírito; Inspirar momentos de


otimismo – através das nossas marcas e ações; Criar valor e fazer a diferença
– onde estivermos em tudo o que fizermos.”

Missão da Coca-Cola Brasil

1.1.2 Definição da Visão

Após a definição da missão, a organização passa a definir a sua visão, ou


seja, o que a organização pretende ser no futuro.
13

A Visão deve ser definida pelo líder da Organização, o seu presidente ou


dono, e deverá estar presente em todas as mentes e corações da
organização.

A Visão deve ser compartilhada por todos. Nada ajudará se somente parte
dos empregados estiver comprometida com a visão da organização.

Para Andrade (2002), a visão de uma organização de ser a situação futura


desejada a longo prazo, deve ser uma meta ambiciosa, e servir como um
guia para a definição dos objetivos e a realização da missão.

Seguem abaixo exemplos da Visão de algumas empresas:

“A Johnson & Johnson promoverá o bem-estar de cada pessoa, fazendo


parte de sua vida, pelo menos uma vez por dia, desde a sua infância até a
maturidade.”

Visão da Johnson & Johnson

“Nosso crescimento depende diretamente do desenvolvimento da


sociedade em toda sua totalidade e do uso sustentável dos recursos
naturais.”

Visão da Coca-Cola Brasil.


14

CAPITULO II

AUDITORIA INTERNA

“De nada vale a implantação de procedimentos internos


sem que haja um acompanhamento, no sentido de
verificar se estes estão sendo seguidos pelos
empregados da empresa.” (Cavalcati, 2010, p.5)

Segundo Attie (2007), a Auditoria Interna, como um controle gerencial que


funciona medindo e avaliando a eficiência dos outros controles existentes,
permite fornecer assistência e aconselhamento a todos os níveis da empresa,
o que é praticado por intermédio de recomendações e sugestões.

Conceitua-se auditoria interna como um controle gerencial que funciona por


meio de medição e avaliação da eficiência e eficácia de outros controles. Deve
ser entendida como uma atividade de assessoramento à administração quanto
ao desempenho das atribuições definidas para cada área da empresa,
mediante as diretrizes políticas e objetivos por aquela determinados. A
auditoria interna cumpre um papel fundamental na empresa: subsidia o
administrador com dados e informações tecnicamente elaborados, relativos às
atividades para cujo acompanhamento e supervisão este não tem condições
de realizar.

2.1 Finalidade da Auditoria Interna

Para Attie (2007), a Auditoria Interna tem por finalidade desenvolver um plano
de ação que auxilie a organização a alcançar seus objetivos adotando uma
abordagem sistêmica e disciplinada para a avaliação e melhora da eficácia dos
processos de gerenciamento de riscos com o objetivo de adicionar valor e
melhorar as operações e resultados de uma organização.
15

2.2 Origem da Auditoria Interna

A partir do surgimento de empresas formalmente constituídas, os auditores


deixam de ser públicos para atender às necessidades de suas organizações.

Esses auditores internos tinham, inicialmente, a responsabilidade quase


exclusiva de revisar e conferir valores e documentos, como extensão da função
dos auditores públicos.

Com a evolução das práticas comerciais e da inter-relação entre as entidades,


a administração passa a necessitar de alguém que lhe afirme que os controles
e as rotinas de trabalho estão sendo habilmente executados e que os dados
contábeis merecem confiança, por espelharem a realidade econômica e
financeira da empresa.

Neste contexto a Auditoria Interna assume importância, para desempenhar os


papéis de revisar seu próprio trabalho, que nem sempre é tarefa simples e
auxiliar a controladoria na conscientização das áreas quanto a uma visão
integrada de todo o processo empresarial.

A necessidade de dar maior ênfase às normas ou procedimentos internos, a


necessidade de uma auditoria periódica, com maior grau de profundidade e
visando também a outras áreas não relacionadas com a contabilidade, surge o
auditor interno, como uma ramificação da profissão de auditor externo e
conseqüentemente, do contador. O auditor interno é um empregado da
empresa, e dentro de uma organização ele não deve ser subordinado àqueles
cujo trabalho examina.

Para Cavalcanti (2010), o auditor interno não deve desenvolver atividades que
possa vir um dia a examinar (como, por exemplo, elaborar lançamentos
contábeis), para que não interfira em sua independência.
16

2.3 Estrutura da Auditoria Interna

A estrutura da auditoria interna pode variar conforme cada organização e suas


circunstâncias.

Dependendo das circunstâncias e dos fatores pode ser aplicável a divisão da


auditoria considerando-se especializações contábeis, fiscais ou sistemas
computadorizados. Cada organização precisa ser analisada de acordo com o
volume de trabalho que tenha a ser realizado e a periodicidade com a qual
tenha de ser concretizada.

Importa informar que, em alguns grupos de companhias, os auditores internos


são subordinados diretamente à sociedade holding. Nesse caso, apenas a
administração da empresa investidora pode admitir ou demitir auditores
internos de sociedades controladas e coligadas.

Como exemplo, em uma estrutura organizacional, o Departamento de Auditoria


ficaria situado da seguinte forma:

Figura II – Estrutura da Auditoria Interna

Presidência

Departamento de
Auditoria Interna

Diretoria Técnica Diretoria Financeira Diretoria


Administrativa
Fonte: Cavalcanti, 2010
17

2.4 Objetivos da Auditoria Interna

A Auditoria Interna tem como objetivo macro prestar ajuda à Administração,


possibilitando-lhe o conhecimento da forma como desenvolve suas atividades,
oferecendo condições para um desempenho adequado de suas obrigações,
proporcionando análise, apreciações, recomendações e comentários objetivos
e/ou convenientes acerca das atividades investigadas.

A Auditoria é uma função independente de avaliação, estabelecida para


examinar e avaliar internamente as atividades de uma empresa.

O objetivo da Auditoria consiste em apoiar aos membros da empresa no


desempenho de suas atividades. Para tanto a Auditoria lhes proporciona
análises, avaliações, recomendações, assessoria e informação concernente às
atividades revisadas.

A Auditoria é responsável pela avaliação do funcionamento de todos os


controles normais de operação e pela adequação da informação que se
oferece à Alta Direção e Gerência Geral, acerca das deficiências detectadas
em suas observações, a efeitos de assegurar que se possam atingir os
objetivos da Organização.

Portanto a Auditoria é responsável frente à Alta Direção de proporcionar juízos,


opiniões e informação acerca da adequação, idoneidade e efetividade do
sistema de controle interno da empresa, assim como sobre a qualidade da
gestão.

O propósito de revisar a adequação do sistema de controle interno é de


constatar se o sistema estabelecido proporciona uma razoável segurança de
que os objetivos e metas da empresa se cumpram de forma eficiente e
econômica. Ou seja, constatar se o sistema está funcionando como deveria
funcionar.
18

O propósito de revisar a qualidade da gestão, é constatar se foram atingidos os


objetivos e metas da organização.

Entre os objetivos, se destacam:

ð Examinar a integridade e fidedignidade das informações financeiras e


operacionais e os meios utilizados para aferir, localizar, classificar e
comunicar essas informações;

ð Examinar os sistemas estabelecidos, para certificar a observância às


políticas, planos, leis, e regulamentos que tenham, ou possam ter,
impacto sobre operações e relatórios, e determinar se a organização
está em conformidade com as diretrizes;

ð Examinar os meios usados para a proteção dos ativos e, se necessário,


comprovar sua existência real;

ð Verificar se os recursos são empregados de maneira eficiente e


econômica;
Examinar operações e programas e verificar se os resultados são
compatíveis com os planos e se essas operações e esses programas
são executados de acordo com o que foi planejado;

ð Comunicar o resultado do trabalho de auditoria e certificar que foram


tomadas as providencia necessárias a respeito de suas descobertas.

2.5 Tipos de Auditoria Interna

Podemos ter a atuação da Auditoria Interna em vários tipos e abrangências de


trabalhos, com enfoques diferentes, podendo em algumas áreas ter a
colaboração de outros profissionais especializados. Segue abaixo uma breve
descrição de cada uma delas.
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2.5.1 Auditoria na Área Contábil

A auditoria realizada junto a área contábil tem por objetivo identificar a


adequação dos registros e procedimentos levados a efeito na empresa, a
qualidade dos controles internos existentes, a observação das normas e
regulamentos traçados pela administração, bem como a avaliação da correta
aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade. Dentro desta área, cabem as seguintes
avaliações e exames:

ð Exatidão, fidedignidade, justeza, completabilidade, tempestividade da


apresentação e da publicação das Demonstrações Contábeis, de qualquer
relatório formal ou institucional, de natureza orçamentária, financeira,
contábil ou tributária;

ð Fidedignidade, integridade, adequação, confiabilidade e utilidade dos


registros orçamentários, financeiros, econômicos e contábeis;

ð Correção, eficácia e adequação dos controles da guarda, da divulgação,


do arquivo, dos meios de consulta e da informatização da documentação
pertinente à área contábil, bem como das formas de identificação,
classificação, comunicação e divulgação das respectivas informações;

ð Adequação e eficácia dos controles, registros e meios de proteção dos


ativos e da comprovação de sua existência real, utilidade, ociosidade e
economicidade, bem como a comprovação da autenticidade e
completabilidade dos passivos;

ð Eficiência, eficácia e economicidade na utilização de recursos e na


administração contábil-financeira e tributária de fundos e programas;
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ð Cumprimento das políticas, procedimentos, normas legais e


regulamentos, metas e objetivos compreendidos na área auditada;

ð Exame e avaliação das aplicações de recursos, observando o


cumprimento de normas legais, institucionais e aspectos contratuais
pertinentes;

ð Avaliação do alcance dos objetivos das operações financeiras,


investimentos, imobilizações, obrigações, despesas, receitas, fundos e
programas, etc.;

ð Exame e avaliação das fontes de recursos, observando os aspectos


econômicos acerca da tempestividade de sua aplicação;

ð Exame e avaliação da rentabilidade das aplicações e sua contribuição


na formação do resultado da empresa;

ð Transparência, adequação e tempestividade das informações,


particularmente em relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade;

ð Emissão de opinião sobre as Demonstrações Contábeis, fundos e


programas e planos de natureza financeira, instituídos ou administrados
pela empresa;

ð Assessoramento ao Conselho Fiscal, em matéria compreendida no


âmbito de sua competência específica; e

ð Acompanhamento dos trabalhos de auditoria independente.


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2.5.2 Auditoria na Área Operacional

O objetivo maior da Auditoria Operacional é assessorar a administração no


desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, avaliando se a
organização, departamento, sistemas, funções, operações e programas
auditados estão atingindo os objetivos propostos com identificação de falhas e
irregularidades no sistema operacional. ´

Para Attie (2007), a auditoria operacional é uma função independente de


avaliação, criada dentro da empresa para examinar e avaliar suas atividades,
como um serviço a essa mesma organização. A proposta da auditoria é auxiliar
os membros da administração a desincumbirem-se eficazmente de suas
responsabilidades.

2.5.3 Auditoria de Gestão

A Auditoria Interna em nível gestional desempenha suas atividades


participando de reuniões de diretoria, comitês operacional-financeiros, grupos
envolvidos com projetos de qualidade total, etc. Trabalha em nível de
planejamento estratégico, tático e no processo decisório decorrente da
aplicação de sistemas, políticas, critérios e procedimentos.

2.5.4 Auditoria de Sistemas Informatizados

Os sistemas informatizados tiveram sua aplicação tão ampliada com o passar


dos anos, que hoje é quase impossível, imaginarmos uma entidade sem eles.
Instituições financeiras, indústrias, comércio, serviços, tudo está estruturado
em nível de controles sobre os sistemas informatizados.

Dessa forma, o auditor interno não pode furtar-se à possibilidade de examinar


e avaliar esses sistemas. O auditor interno envolve-se no processo de
planejamento, desenvolvimento, testes e aplicação dos sistemas,
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preocupando-se com a estrutura lógica, física, ambiental, organizacional de


controle, segurança e proteção de dados. Cabe-lhe informar a administração
sobre: adequação, eficácia, eficiência e desempenho dos sistemas e
respectivos procedimentos de segurança em processamento de dados.

2.5.5 Auditoria da Qualidade

Com o aumento da competitividade em função da globalização da economia e


das exigências de novos mercados, passamos a conviver diariamente com
novos conceitos em produtos e serviços, a que chamamos qualidade. As
normas ISO 9000 definem claramente as exigências que devem ser
perseguidas a fim de obtermos a qualidade. O auditor interno mais uma vez é
chamado a dar sua contribuição, assessorando a alta administração.

Podemos dizer que a Auditoria da Qualidade é uma avaliação planejada,


programada e documentada, executada por pessoas independentes da área
auditada, visando a verificar a eficácia de um sistema implantado, no
atingimento dos objetivos e padrões preestabelecidos, servindo como
mecanismo de retroalimentação e aperfeiçoamento do próprio sistema.

As Auditorias de Qualidade podem ser classificadas em internas e externas.


Por exemplo:

Auditoria Interna da Qualidade – quando ocorre avaliação do plano de


desenvolvimento do produto, para verificar o atendimento dos requisitos do
cliente.

Auditoria Externa da Qualidade – avaliação de fornecedores de


matérias-primas.

Quanto ao objeto, a Auditoria de Qualidade classifica-se em: Auditoria de


Sistemas, Auditoria de Processos e Auditoria de Produtos.
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2.5.6 Auditoria Ambiental

Talvez o ramo mais recente da Auditoria Interna seja o que chamamos de


Auditoria Ambiental. Prática corrente em países do chamado primeiro mundo, é
o ramo da Auditoria Interna que examina e analisa os prováveis impactos que
as empresas possam causar ao meio ambiente, com reflexo direto sobre a
imagem delas no mercado e, conseqüentemente, sobre a captação de
recursos, sob a forma de financiamentos ou lançamento de ações no mercado
financeiro.

O trabalho da Auditoria Interna deverá caminhar no sentido de formar opiniões


consistentes, não apenas em relação aos custos dos empreendimentos, como
também aos riscos ambientais previstos com sua implantação e às medidas
compensatórias e reparadoras a serem tomadas. Um exame de auditoria em
atividades com envolvimento em relação ao meio ambiente deverá considerar
a existência de relatório de impacto ambiental; as políticas traçadas pela alta
administração. É preciso saber como e quanto a utilização predatória dos
recursos naturais degrada a qualidade do meio ambiente, afeta a vida de uma
população ou mesmo o valor de uma propriedade próxima às instalações da
empresa.

2.6 Diferenças entre o Auditor Interno e o Auditor Externo

As principais diferenças entre o Auditor Interno e o Auditor Externo são as


seguintes:

Tabela I – Quadro comparativo entre Auditor Interno e Auditor Externo

Auditor Interno Auditor Externo

É empregado da empresa auditada; Não tem vínculo empregatício com a


empresa auditada;
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Menor grau de independência; Maior grau de independência;

Executa auditoria contábil e Executa apenas auditoria contábil;


operacional;

Os principais objetivos são: O principal objetivo é emitir um


parecer ou opinião sobre as
• Verificar se as normas internas demonstrações contábeis, no sentido
estão sendo seguidas; de verificar se estas refletem
• Verificar a necessidade de adequadamente a posição patrimonial
aprimorar as normas internas financeira , o resultado das
vigentes; operações, as mutações do
• Verificar a necessidade de patrimônio líquido e os fluxos de caixa
novas normas internas; da empresa examinada. Também, se
• Efetuar auditoria das diversas essas demonstrações foram
áreas das demonstrações elaboradas de acordo com os
contábeis e em áreas princípios contábeis e se esses
operacionais; princípios foram aplicados com
uniformidade em relação ao exercício
social anterior;

Maior volume de testes (tem maior Menor volume de testes, já que está
tempo na empresa para executar os interessado em erros que
serviços de auditoria). individualmente ou cumulativamente
possam alterar de maneira
substancial as informações das
demonstrações contábeis.
25

2.7 Órgãos relacionados com as atividades de auditoria.

Os principais órgãos relacionados com os auditores são os seguintes:

• CVM – Comissão de Valores Mobiliários – criada pela Lei nº 6.385/76, é


uma entidade autárquica e vinculada ao Ministério da Fazenda. Ela
funciona como órgão fiscalizador do mercado de capitais do Brasil.

• Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Surgiu com o


objetivo de concentrar em um único órgão a representatividade dos
profissionais auditores, contadores com atuação em todas as áreas e
estudantes de ciências contábeis.

• CFC e CRC - Conselhos Federal e Regional de Contabilidade – A


finalidade principal desses conselhos é o registro e a fiscalização do
exercício da profissão do contabilista.

• Audibra - Instituto dos Auditores Internos do Brasil – fundado em 20-11-


1960, é uma sociedade civil de direito privado e não tem fins lucrativos.
O principal objetivo é promover o desenvolvimento da auditoria interna.
26

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NO


PROCESSO DE GESTÃO.

“Com a expansão dos negócios, as organizações sentiram


a necessidade de dar maior ênfase às normas ou aos
procedimentos internos, devido ao fato de que o
administrador, ou em alguns casos o proprietário da
empresa, não poderia supervisionar pessoalmente todas
as suas atividades.” (Cavalcanti, 2010. p.5)

Espera-se que a auditoria interna seja, principalmente, uma ferramenta de


apoio à gestão de topo e que ajude a organização a alcançar os seus
objetivos. O objetivo principal da atividade de auditoria interna funciona como
um “sócio estratégico da gestão”,que lhe permita servir de assessor e consultor
da mesma na identificação dos riscos e propor possíveis estratégias de ação
que permitam à instituição melhor desempenho dentro do setor econômico.

Muito se tem comentado sobre o atual momento pelo qual passa a função de
auditoria interna nas organizações de todo o mundo, apesar de uma área
temática recente, é questionada a sua real necessidade nas organizações,
como uma atividade que realmente agregue valor ao negócio e proporcione
rentabilidade e segurança sobre as operações aos acionistas.

Agregar valor, é um somatório de interesses internos e externos que


possibilitam um ganho, não necessariamente o monetário, que se bem
aplicados corroboram para a gestão da organização como um todo.
27

Outro ponto de viragem fundamental para a auditoria interna, é a


desmistificação entre os funcionários da empresa onde existe uma atividade de
auditoria interna, em que a sua atuação e participação se centra como um
auxílio no desempenho das tarefas dentro da filosofia da organização, e não
como “dificultadora” que está presente apenas para apontar erros, entendida
como parceiros na procura de um resultado comum, isto é a nova cultura de
auditoria interna.

Aos profissionais de auditoria interna vem sendo exigida uma série de


conhecimentos diversificados para o bom desempenho das suas atividades:
contabilidade, domínio de técnicas de gestão, qualidade total, marketing,
organização e métodos, planejamento estratégico, informática, relações
humanas, entre outros (IIA, exames para CIA – Certified Internal Auditor).

A auditoria interna torna-se uma componente ativa da “engrenagem” da gestão


interna, fazendo com que as suas observações, sejam úteis e essenciais na
procura de uma adequada gestão de recursos. A sua opinião e visão crítica
dos processos, será alicerçada em evidências que propiciem aos gestores a
correta valoração das técnicas utilizadas na gestão do negócio, onde a
aceitação de mudanças de rumos por parte da gestão depende da forma como
comunica essa opinião.

O sucesso da auditoria interna passa por um processo de alquimia,


congregando auditores profissionalmente inteligentes, altamente motivados e
comprometidos com o sucesso da empresa onde estão inseridos, com a
responsabilidade de contribuir para a manutenção de um controle interno sadio
e ajustado aos principais objetivos estratégicos da empresa. Neste novo
contexto a função auditoria interna será um centro de excelência para formar
quadros altamente qualificados, para garantir um sistema de controle interno
eficaz no seio da empresa e com comportamentos éticos irrepreensíveis.
28

Nesse sentido, a auditoria interna será uma atividade com visão holística e
proativa, antecipando-se aos fatos, de modo que a sua opinião importante nos
rumos da organização, e ao mesmo tempo, estará atento a novas tendências
no mercado em que a sua organização atua.

Atualmente, também o perfil do órgão de gestão que dispõe de uma função de


auditoria interna deverá, possibilitar a estes profissionais uma plena
autonomia, confiando-lhe informações atuais acerca da estratégia da
organização para que a mesma possa assumir o seu novo papel.

O controle dos custos/despesas, receitas e do processo como um todo, é uma


poderosa ferramenta no planejamento e no controle das atividades de uma
empresa, sendo instrumentos eficazes na análise nas tomadas de decisão

É fundamental o perfeito detalhamento em todos os processos, isto permitirá o


estudo das correlações entre o nível das atividades, o volume produzido e os
custos e as receitas obtidas em um determinado período, dando ao gestor o
panorama do desempenho produtivo e a saúde financeira da empresa.

O papel do Auditor Interno, como já falado no capítulo anterior, é verificar,


analisar e examinar se todos os ramos da empresa estão coerentes com suas
normas estabelecidas.

Sem uma Auditoria Interna a empresa corre o risco de não ter os controles
bem amarrados e analisados, com isso a alta administração poderá correr o
risco de ter informações não precisar para as tomadas de decisões.

Com a ausência da Auditoria Interna, a empresa também poderá correr o risco


de fraudes, afetando o processo de gestão.

Sem a Auditoria Interna não se consegue avaliar o cumprimento dos objetivos,


políticas e normas estabelecidas pela Alta Direção da empresa na formulação
29

e execução dos planos e programas da Gerência Geral e suas Divisões, de


coordenação e serviços
30

CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO

AUDITORIA NO RAMO DE ALIMENTOS E BEBIDAS

O presente estudo de caso a seguir foi baseado no trabalho de auditoria


desenvolvido em uma empresa do ramo de alimentos e bebidas.

Esta empresa está no mercado há alguns anos, era familiar, e com o passar
dos tempos se tornou muito grande, com diversos sócios.

Com o seu crescimento houve a necessidade de ter um maior controle do


andamento dos processos operacionais e contábeis, e uma maior verificação e
análise dos relatórios, a fim de assegurar que todos os empregados estavam
cumprindo as normas e procedimentos estabelecidos.

Para isso implantou-se uma auditoria interna que até o final de 2008 não se
tinha na empresa.

Com os inícios dos trabalhos, muitas falhas foram encontradas, como controle
de estoques, controle dos caixas, controle do almoxarifado, controles
financeiros.

Num primeiro momento, a auditoria interna serviu como base de verificação e


análise de como a empresa estava “a deriva”, sem nenhuma norma e
procedimento sendo cumpridos.

Após o relatório da auditoria, foram implantadas medidas de melhoria, o que


refletiu em pontos positivos, como um maior controle no estoque de Vinhos e
Destilados, a onde é a maior receita da empresa.
31

Muitos procedimentos ainda estão sendo implantados, mas a conscientização


de todos os funcionários já está bem melhor.

Abaixo segue o relatório da Auditoria Interna:

4.1 Controles Internos

Com base nos fluxogramas elaborou-se a Matriz de Risco de cada processo


mapeado, com o objetivo de identificar os riscos inerentes a cada
procedimento executado. Além da identificação dos riscos, a Matriz de Riscos
permite a visualização dos controles internos existentes.

Analisando a Matriz de Risco pode-se concluir que os controles internos


existentes não estão adequados. O tratamento ou resposta aos riscos
necessita de analise da administração no sentido de adequar os diversos
riscos a níveis aceitáveis através de sua prevenção, redução, transferência ou
aceitação dos mesmos.

Passou-se a relatar as falhas de controles internos, observadas nas Matrizes


de Riscos.

4.1.1 Caixa Room Service/Piscina/Rest/Bar

Tabela I

ETAPA RISCO CONTROLE RECOMENDAÇÃO

Cliente com Utilização Inexistente. O Hotel a) Observar lista de

cortesia indevida encaminha diariamene cortesia em cada


lista contendo nomes concessão, solicitando
com direito a cortesia, assinatura do beneficiário.
entretanto estas listas
não são rigorosamente b) Solicitar rubrica do
32

observadas, nem Gerente responsável em


conciliadas notas de cortesia.
periodicamente com as
c) Conciliar notas
notas.
devidamente assinadas
com as relações diárias.

Abertura do Receita Inexistente. Bar Piscina Verificar a real


caixa indevida abre caixa diariamente necessidade deste
com valor fictício de R$ procedimento.
1000,00. Quando do
fechamento o valor é
abatido manualmente.
Como não existe
controle, caso a baixa
não seja efetuada, a
receita será aumentada
indevidamente.

Fechamento de Inadimplência Diariamente o movimento a) Envidar esforços no

Caixa de caixa é fechado e sentido de informar


encaminhado ao Hotel corretamente a forma de
relação dos débitos, pagamento.
juntamente com as notas.
Entretanto, observamos b) Não encaminhar

divergência entre as qualquer cobrança ao

notas e o fechamento de Hotel sem a devida

caixa não identificada conciliação.


quando do fechamento.
c) Automatizar informação
ao Hotel de modo a
33

impedir que clientes “check


out” antes do
encaminhamento dos
débitos.

Pagamento Alteração de Inexistente. Quando do a) Treinamento dos


forma de fechamento de caixa o funcionários no sentido de
pagamento funcionário observa o utilizarem corretamente o
total do movimento do sistema.
dia. Divergências entre
b) Analisar
formas de pagamento,
minuciosamente todas as
devido a sua freqüência,
diferenças de caixa,
não são analisadas. Com
solicitando aos
isso, vendas a vista, por
responsáveis pelos pontos
exemplo, podem estar
de vendas regularização
sendo substituídas por
das mesmas.
outras formas de
pagamento.

FONTE: AUTORA
34

4.1.2 Contas a Receber

Tabela II

ETAPA RISCO CONTROLE RECOMENDAÇÃO

Fechamento Recebimento a Insuficiente. Assistente Comparar minuciosamente a


diário do caixa menor administrativo confere relação entre a fita Z emitida
valor recebido com diretamente da máquina ECF
relatório gerencial emitido e valores.
manualmente pelos
caixas, contudo não é
observado cupom por
cupom.

Lançamento Lançamento em Insuficiente. Diariamente, Conferência diária dos


no sistema duplicidade e /ou assistente lança os valores lançados por pessoa
Módulo falta de valores recebidos no independente.
Financeiro lançamento sistema sem que haja
conferência por pessoa
independente.

Transferência Repasse a menor Inexistente. Assistente Supervisão do gerente


de valores digita os valores recebidos administrativo no
para cofre numa planilha recebimento e no relatório de
“Monstrinho” e repassa caixa no sistema CM para
para gerente conferência do valor a ser
administrativo. recebido.

Fonte: Autora
35

4.2 Aspectos Contábeis

4.2.1 Balancetes Divergentes

A contabilidade é terceirizada, sendo que internamente a responsabilidade


pelo gerenciamento das informações contábeis é da Gerência Financeira.
Entretanto, observou-se que o balancete de junho de 20xx, apresentado pela
contabilidade, é diferente do apresentado pela Empresa para o mesmo
período, conforme demonstração abaixo:

FINANCEIRO

Ativo R$ 6.839.289,78

Passivo R$ 7.487.324,65

Resultado R$ (647.830,53)

CONTABILIDADE

Ativo R$ 6.839.289,78

Passivo R$ 7.525.016,48

Resultado R$ (685.522,36)
36

Como pode ser observado, o resultado apresentado pela empresa de


contabilidade, está a maior em R$ 37.691,83 (trinta e sete mil seiscentos e
noventa e um reais e oitenta e três centavos).

O balancete contábil é uma importante ferramenta de tomada de decisões e,


nele ficam registrados todos os atos e fatos, portanto, deve transparecer a real
situação da empresa.

4.2.2 Diferença Balancete

Analisando o balancete analítico com posição de junho 20xx, encontrou-se


diferença a menor de R$ 204,34, como demonstrado a seguir no balancete
emitido pela contabilidade:

CONTABILIDADE

Ativo R$ 6.839.289,78

Passivo R$ 7.525.016,48

Resultado R$ (685.522,36)

Diferença R$ (204,34)

Conversou-se com o Contador responsável pela empresa de


contabilidade que ficou de verificar o motivo da aparente diferença
37

4.2.3 Fechamento de Caixa

Foi revisado o fechamento de caixa de setembro. A revisão abrangeu desde a


conferência dos cupons fiscais com os respectivos comprovantes, nos casos
de pagamento com cartão de credito, até a conferência da digitação dos dados
no sistema e contagem dos valores no cofre.

Constatou-se que os valores apresentados no fechamento de caixa através de


uma planilha em Excel não correspondem aos documentos apresentados,
conforme demonstrado a seguir.

Tabela III

T e s te d e c o n ta g e m d o C a ix a - 1 3 /0 9 /2 0 0 8
V a lo r (R $ ) M o v .C x C u p o m
E s p é c ie F is c a l
D ife r e n ç a
C a ix a
D in h e ir o 1 5 .2 7 8 ,1 0 1 6 .7 2 4 ,8 2 (1 .4 4 6 ,7 2 )
C heques 5 3 6 ,0 0 5 3 6 ,0 0 0 ,0 0
D é b ito s U H 2 6 .6 7 9 ,7 4 3 5 .4 1 3 ,0 2 (8 .7 3 3 ,2 8 )
C a rtã o
V is a C ré d ito 1 5 .1 7 2 ,3 5
V is a E le c tro n 5 .6 4 8 ,3 6
M a s te rC a rd 1 3 .3 3 9 ,1 6
A m e ric a n E x p re s s 1 5 .5 5 0 ,3 8
T o ta l C a rtã o 4 9 .7 1 0 ,2 5 4 1 .3 1 9 ,7 0 8 .3 9 0 ,5 5
D espesas
S a p a to G a rç o m 1 1 9 ,9 9
H o s p ita la r 2 0 0 ,0 0 D o c (s u p o rte fis c a l) a n e x o
D iv e rs a s 8 7 ,8 9 ju n to a o c a ix a , n o m o v . n ã o
RPA 1 .0 5 0 ,0 0 c o n s ta c ó p ia .
T o ta l D e s p e s a 1 .4 5 7 ,8 8
T o ta d o c a ix a 9 3 .6 6 1 ,9 7 9 3 .9 9 3 ,5 4 (3 3 1 ,5 7 )

Fonte: Autora
38

Quando ao quadro demonstrativo do teste de contagem de caixa foi


observado:

• A diferença de R$ 1.446,72, apresentada no total em dinheiro, está


suportada por despesas efetuadas sem que fossem observados
critérios para pagamentos através de Fundo Fixo ou normas do
Contas a Pagar como cotação e prazo de liquidação;

• A diferença registrada em débitos UH, está parcialmente


compensada com a diferença de cartão de crédito, ratificando a
existência de lançamentos incorretos no sistema que será apontada
em nosso relatório;

• Mesmo considerando as falhas de lançamento a contagem


apresentou diferença total de R$ 331,57, não explicada até o
encerramento de nossos trabalhos.

Sugeriu-se que o processo de fechamento de caixa seja integralmente


reestruturado, sendo implantados controles de checagem e conferência por
pessoa independente, bem como adotado, novos formulários mais adequados.

4.2.4 Diferença na contagem de caixa

Foi efetuada a contagem dos valores constantes no cofre em setembro, na


presença do responsável Gerente Administrativo e da Analista de Contas a
Pagar. Constatamos uma divergência de R$ 2.065,48 entre o valor constante
no Extrato de Contas (sistema) e a contagem física.

Posteriormente, o Gerente Administrativo apresentou algumas notas fiscais


cujo total se aproximava da diferença apresentada, alegando ter entregado o
39

valor ao contas a pagar para pagamento de despesas apesar de não haver


nenhum documento que comprove a transação.

4.3 INVENTÁRIO FÍSICO

Foi realizada a contagem física dos itens constante no almoxarifado principal e


na adega. Encontrou-se diversas diferenças não explicadas conforme
exemplificamos a seguir:

4.3.1 Almoxarifado Principal de Vinhos

A contagem de vinhos foi efetuada com a orientação do sommelier, em


setembro.

Tabela IV

Almoxarifado : Principal

Código Descrição Unidade Saldo Auditoria Diferença

02004 Vinhos Tinto - Africa do Sul

140216 RUBICON MEERLUST99 GF 6,000 11,000

02005 Vinhos Tinto - Argentina

144006 BEM MARCO DOMINIO DEL PLATA GF 5,000 5,000 0,000

140337 CAB. SAUV. GRAND. JO. GF 15,000 11,000 -4,000

140821 CATENA ZAPATA RESERVA GF 9,000 10,000 1,000

140829 CHARD. RES. BODEGAS DEL FIN DO MUNDO GF 10,000 09,000 -1,000

140366 CHEVAL DES ANDES GF 6,000 6,000 0,000


40

140057 CRIOS TORRONTES D. DEL PLATA GF 3,000 4,000 1,000

140872 GALA 02 LUIGI B.03 GF 5,000 5,000 0,000

142174 JOFFRE E HIJAS PAS GF 11,000 12,000 1,000

140308 JOFRE GRAND MALBEC GF 3,000 2,000 -1,000

140026 MALBEC RUTA 15 KM GF 5,000 6,000 1,000

140895 MALBEC TERZA VOLTA GF 9,000 9,000 0,000

144005 PREMIUM MALBEC UN 17,000 10,000 -7,000

144003 SANGIOVESE UN 2,000 2,000 0,000

144007 SPECIAL BLEND GF 4,000 0,000 -4,000

140129 SYRAH TERRAZAS RES GF 12,000 12,000 0,000

140299 TERZA VOLTA CABERN GF 7,000 7,000 0,000

02006 Vinhos Tinto - Austrália

142154 CABER. SAUVG. RESERV GF 10,000 10,000 0,000

142153 OLD ADAM SHIRAZ GF 7,000 9,000 2,000

142152 SELKIRK SHIRAZ GF 3,000 2,000 -1,000

02007 Vinhos Tinto - Brasil

150447 CHANDON BRUT BABY PC 24,000 24,000 0,000

140409 DESEJO SALTON GF 24,000 25,000 1,000

140416 JOAQUIM V. FRANCIONE GF 4,000 4,000 0,000

140098 TALENTO SALTON 03 GF 9,000 8,000 -1,000

142104 VILLA FRANCIONE GF 2,000 7,000 5,000

02008 Vinhos Tinto - Chile


41

142003 3 PAL. CAB. S. RES. 05 GF 20,000 16,000 -4,000

142006 3 PAL. CAB. SAUVIGNON FAMILY 05 GF 18,000 14,000 -4,000

142005 3 PAL. CARMINERE FAMILY 05 GF 10,000 11,000 1,000

142002 3 PAL. CARMINERE RESERVA 05 GF 45,000 25,000 -20,000

142007 3 PAL. CHOLQUI MERLOT 05 GF 2,000 3,000 1,000

142004 3 PAL. MERLOT FAMILY 05 GF 2,000 0,000 -2,000

140515 ALMAVIVA CONCHA 03 GF 1,000 1,000 0,000

142009 AMAYNA PINOT NOIR GF 9,000 9,000 0,000

142016 CAB. S. DOMUS AUREA GF 15,000 15,000 0,000

142022 CAHUIL VINA LEYDA GF 10,000 10,000 0,000

140917 ISLA NEGRA CARM. 06 GF 21,000 17,000 -4,000

140531 ISLA NEGRA MERLO 06 GF 9,000 9,000 0,000

140966 ISLA NEGRA RES. CAB GF 10,000 5,000 -5,000

140099 SHIRAZ MATETIC 03 GF 7,000 -7,000

02009 Vinhos Tinto - Espanha

142123 1/2 MUGA GF 2,000 2,000 0,000

145232 AALTO GF 3,000 3,000 0,000

142112 MALLEOLUS VALDERRA GF 1,000 1,000 0,000

140803 MAS LA PLANA TOR 02 GF 7,000 7,000 0,000

142115 MUGA RES. PRADO ENE GF 2,000 2,000 0,000

141001 MUGA RESERVA GF 4,000 4,000 0,000

144016 PIRINET GF 12,000 12,000 0,000


42

02009 Vinhos Tinto - Espanha

142113 QUINTA SARDONIA GF 3,000 3,000 0,000

142121 SELECION ABABIA 00 GF 2,000 0,000 -2,000

144014 SHIRAZ CRIANZA GF 3,000 0,000 -3,000

142111 VEJA SICILIA ÚNICO GF 2,000 2,000 0,000

02010 Vinhos Tinto - Estados Unidos

140073 1/2 BARBERA D' ASTI GF 4,000 4,000 0,000

140837 PINOR NOIR COPOLA GF 5,000 5,000 0,000

02011 Vinhos Tinto - França

140964 1/2 GEFREY CHAMBERTIN J. DROUHIN GF 5,000 4,000 -1,000

140715 ALOXE CORTON PIERR GF 4,000 4,000 0,000

140455 ANJOU LE ROUCHEFER GF 6,000 5,000 -1,000

140738 BARON NATHANIEL 00 GF 11,000 11,000 0,000

140695 BEAUNE LAURENT 01 GF 2,000 2,000 0,000

142061 BOURG. PINOT NOIR GF 12,000 12,000 0,000

140615 BOURGOGNE PASSE TOUT GRAIN GF 18,000 18,000 0,000

142057 CH. FAYAU BORDE 05 GF 2,000 1,000 -1,000

142078 CH. L'AMARINE BERNI GF 6,000 5,000 -1,000

142068 CH. LATOUR - 99 GF 1,000 1,000 0,000


Descreve-se abaixo a lista dos vinhos que não constavam na planilha, mas que
foram encontrados nos pontos de venda.

Tabela V

Descrição UN AUDITORIA

Cabernet Frank GF 1

Palmes D'or GF 1

Clos Canos 2004 GF 4

20 anos GF 2

30 anos GF 1

Graham's 20 Anos GF 2

Quinta do Portal 10 anos GF 2

Chard Legado GF 2

Luigi Bosca (branco) GF 1

Gewurz Traminer Kolbenhof GF 1

Puligny – Montracnet 2002 GF 1

Cuvee Prestige Viognier de Compgel GF 1


05

Neursant - Philipe Pacanet GF 1

Rauzan Despagne GF 3

Chard Falezia GF 1

Dedicato GF 1

Dolceto Dalba Vietti GF 1

TOTAL 26
44

4.3.2 Almoxarifado Principal de Alimentos

Realizou-se também a contagem física no almoxarifado principal, com a


supervisão do responsável em setembro, onde foram identificadas as
seguintes diferenças

Tabela VI

DESCRIÇÃO UN CM AUDITORIA DIFERENÇA

Arroz e Massas

ARROZ ITALIANO K 34,000 33,000 -1,000


G

Alimentos Diversos

AÇUCAR K 35,000 28,000 -7,000


G

ADOÇANTE PC 01,000 0,000 -1,000

BICABORNATO DE SÓDIO K 1,000 0,500 -0,500


G

CHÁ IMPORTADO LEMON LONDON UN 08,000 7,000 -1,000

CHOCOLATE BRANCO K 7,500 5,000 -2,500


G

FARINHA DE TRIGO K 700,000 275,000 -425,000


G

FARINHA DE TRIGO INTEGRAL K 06,000 4,000 -2,000


G

FUNGHI PORCINI SECCHI K 01,000 00,000 -1,000


G

GRADINA FOLHADA K 6,000 4,000 -2,000


G

MAIZENA K 19,000 18,000 -1,000


G
45

As diferenças de estoque não representam, necessariamente, desvio ou


fraude. A princípio as diferenças são provenientes de falta de controles
internos sobre as baixas de estoque. Abaixo serão citadas algumas
inconsistências no cadastro de itens em estoque que podem estar gerando
diferenças:

ü Unidade de medidas divergentes - kilo (KG), Pacote (PC),


Unidade (UN);

ü Itens inexistentes e vinhos desconhecidos – Shiraz Matetic 03;

ü Itens em grupos diversos – Bannyus Rouge 500, está classificado


como vinhos Brancos Estados Unidos, porém pertence à França; e

ü Quantidades fracionadas – Veuve Clicquot Unidade 38,833.

Sugeriu-se a revisão dos processos e estudos sobre a adoção de leitor de


código em barras.

Com a auditoria interna periódica, já se auditou muitas falhas que foram


corrigidas ao longo dos anos, mas como se pode observar ainda há falhas nos
controles que precisam ser ajustados.
46

CONCLUSÃO

Este trabalho procurou evidenciar a importância da auditoria interna no


processo de gestão das organizações.

Nesse sentido, a auditoria interna, enfoca que os controles devem ser


seguidos por todos os funcionários da empresa a fim de garantir o bom
andamento dos controles para que a organização alcance os seus objetivos.

O modelo de gestão, formalizado ou não, decorrente da missão estabelecida,


expõe as diretrizes pelas quais se pretende gerir os negócios da empresa.

A existência de auditores regulares permite minimizar a possibilidade de


fraudes. Uma boa auditoria revela, nos relatórios, falhas de controles que
deverão ser supridas, permitindo aos gestores ações práticas em prol da
defesa do Patrimônio.

Um bom gestor sempre valorizará as atividades de auditoria, sejam internas ou


externas. Afinal, "quem não deve não teme", e a transparência é a marca de
um bom administrador.

Agindo desta forma, os administradores que prestaram contas de maneira


aberta se cercaram de cuidados com relação ao ambiente de controles
internos da empresa. Esses gestores melhoraram seus sistemas de
contabilidade e controles, criando condições para que a contabilidade
produzisse demonstrações contábeis confiáveis e que representassem a
posição patrimonial e financeira da sociedade, bem como o resultado de suas
operações no exercício em avaliação.

A tendência é que a auditoria seja uma ferramenta cada vez mais presente nas
organizações, e quem desprezá-la levantará suspeitas sobre si - afinal, por que
não utilizar-se de uma ferramenta que comprovadamente traz benefícios aos
controles de qualquer entidade?
47

Por fim, acredita-se que a auditoria interna ao disponibilizar e verificar os


modelos de controle de gestão que influenciam nas mudanças estruturais e
comportamentais da empresa, contribui para que as organizações sejam
eficazes.

Assim a missão da Auditoria Interna é assegurar a eficácia nos controles para


o processo da gestão.
48

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Arnaldo Rosa. Planejamento estratégico: Formulação,


Implementação e Controle. Blumenau 2002. 30f. Trabalho de
Administração. Curso de Administração. Fundação Universitária de
Blumenau (FURB).

DUCKER, Peter F. O Melhor da Peter Drucker – A Administração. São


Paulo: Nobel, 2001.

RODRIGUEZ, Martins V. Rodriguez. Gestão Empresarial – Organizações


que aprendem. Rio de Janeiro: Qualitymark: Petrobras, 2002.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 7


ed. São Paulo: Atlas, 2010.

ATTIE, Willian. Auditoria Interna. 2.ed. – São Paulo: Atlas, 2007.

LAJOSO, P. Guilherme, (2005) - A importância da Auditoria Interna para a


Gestão de Topo - Revista de Auditoria Interna.

WEBGRAFIA

www.administradores.com.br/informe-se/producao-academica/auditoria-
interna/488/

www.portaldeauditoria.com.br/legislacao/normas/auditoria.htm

www.maph.com.br/ler_capitulo.php?products_id=151

www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/auditoriainterna.htm

www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/auditoria-interna-
organizacoes.htm
49

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 9

GESTÃO EMPRESARIAL 9

1.1 Modelo de Gestão 10

1.2 Definição de Missão 12

1.3 Definição de Visão 12

CAPÍTULO II 14

AUDITORIA INTERNA 14

2.1 Finalidade da Auditoria Interna 14

2.2 Origem da Auditoria Interna 15

2.3 Estrutura da Auditoria Interna 16

2.4 Objetivos da Auditoria Interna 17

2.5 Tipos de Auditoria Interna 18

2.5.1 Auditoria na Área Contábil 19

2.5.2 Auditoria na Área Operacional 21

2.5.3 Auditoria de Gestão 21

2.5.4 Auditoria de Sistemas Informatizados 21

2.5.5 Auditoria de Qualidade 22

2.5.6 Auditoria Ambiental 23


50

2.6 Diferenças entre o Auditor Interno e Auditor Externo 23

2.7 Órgãos relacionados com as atividades de auditoria 25

CAPÍTULO III 26

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA NO PROCESSO DE GESTÃO 26

CAPÍTULO IV 30

ESTUDO DE CASO – AUDITORIA NO RAMO DE ALIMENTOS E BEBIDAS 30

4.1 Controles Internos 31

4.1.1 Caixas RS/Piscina/Rest/Bar 31

4.1.2 Contas a Receber 34

4.2 Aspectos Contábeis 35

4.2.1 Balancetes Divergentes 35

4.2.2 Diferença Balancete 36

4.2.3 Fechamento de Caixa 37

4.2.4 Diferença de Contagem de Caixa 38

4.3 Inventário Físico 39

4.3.1 Almoxarifado Principal de Vinhos 39

4.3.2 Almoxarifado Principal de Alimentos 44

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 48

WEBGRAFIA 48

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