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Solos
VO LUME 1
UF L A
© 2017 by Maíra Akemi Toma, Rogério Custódio Vilas Boas e Fatima Maria de Souza Moreira
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Impresso no Brasil – ISBN: 978-85-8127-065-4
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ISBN: 978-85-8127-065-4
Solos
VO LU M E 1
AUTORES
Diego Tassinari
Universidade Federal de Lavras | diego.tassinari@yahoo.com.br
Elidiane da Silva
Universidade Federal de Lavras | elidianeagroufla@gmail.com
REVISÃO TÉCNICA
Michele Duarte de Menezes
Universidade Federal de Lavras | michele.menezes@dcs.ufla.br
REVISÃO DE TEXTO
Paulo Roberto Ribeiro
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Existem solos de diferentes co- como besouros e minhocas.
res, idades, composição e nomes. Alguns solos são melhores para
Neles existem organismos de vá- plantar e têm mais nutrientes, en-
rios tamanhos, desde muito pe- quanto outros precisam de cuida-
quenos e invisíveis a olho nu, como dos especiais. Tudo isso ocorrendo
bactérias e fungos, até os maiores, bem debaixo dos nossos pés!
S O LOS 5
Essas variações de temperatura,
associadas aos ciclos de expansão
e contração, provocam fraturas nas CU RIO SID AD E:
rochas, quebrando-as em pedaços Você sabia que... Para forma
cada vez menores, chegando a ta- r 1 mm
de solo são necessários 30 an
manhos menores que de um grão de os de
intemperismo em regiões temp
areia. Esse processo natural é cha- eradas e
cerca de 1,5 ano em regiões
mado intemperismo físico. tropicais.
As chuvas também têm um pa-
pel importante. Além de resfriarem
as rochas abruptamente em dias pequenas plantas e organismos vivam
quentes, a água da chuva, de nature- ali. Esses seres vivos liberam subs-
za ácida, ao entrar em contato com tâncias químicas que também con-
as rochas, causa reações químicas tribuem para a degradação da rocha
que as degradam. Esse é o chamado original abaixo dessa camada terrosa,
intemperismo químico. que vai aumentando em espessura.
Ao longo de milhões de anos sob Com o passar do tempo, essa ca-
ação dessas alterações, as rochas mada vai ficando cada vez mais pro-
vão se transformando em um ma- funda e passa a ser chamada de solo,
terial terroso, inicialmente em fi- que pode variar de poucos centíme-
nas camadas. tros a vários metros de profundida-
Esse material terroso permite que de até a rocha.
S O LOS 7
O horizonte A é mais escuro devi- O horizonte C tem cores mais
do ao maior conteúdo de matéria suaves, como rosa e amarelo-claro.
orgânica, sendo mais fértil e onde É o horizonte mais novo, por se en-
se encontra a maioria das raízes e contrar mais próximo da rocha de
organismos. origem abaixo. Por isso, os horizon-
O horizonte B é o principal para tes mais profundos são os mais jo-
dar nome ao solo e apresenta cores vens e, quanto mais espesso o solo,
vivas, como amarelo e vermelho. mais velho ele é.
• Matéria orgâ
nica:
que confere cor escura ao solo amarela
• Compostos de ferro: Hematita: que confere cor
Goethita: que confere cor vermelha
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C U R IO S ID A D E :
As partículas de argila,
A cor sozinha nã
silte e areia (ver adiante) o indica a fertil
solo; para isso d idade natural d
têm cor esbranquiçada, co evem ser levados o
outros atributo e m consideração
mo a porcelana (que é fei- s (clima, organi
o solo, uso e ma sm os que habitam
ta com argila muito pura). nejo do solo, ma
e relevo). Porta terial de origem
Assim, as cores do solo de- nto, ao olhar ap
do solo não é poss enas para a cor
vem-se à ação desses agen- ível dizer se ele
sendo necessári é fértil ou não,
tes pigmentantes. o fazer outras a
análise laborato nálises, como a
rial de fertilida
de do solo.
Textura
A textura refere-se à proporção de chamadas de cascalho, enquanto
partículas minerais de diferentes o material menor que esse limite é
tamanhos existentes no solo. As chamado de terra fina, sendo forma-
partículas maiores que 2 mm são do por areia, silte e argila
Silte sedosa
Argila pegajosa
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Estrutura
A estrutura do solo é o agrupamento quentemente na estrutura do solo.
das partículas minerais (argila, silte Um torrão de solo pode ser formado
e areia) e da matéria orgânica, tan- por vários agregados, que são fa-
to viva como morta, que compõem cilmente separados uns dos outros.
o solo, bem como o espaço poroso Dependendo de como se agrupam
formado entre elas. Quando o solo os materiais que compõem o solo,
possui ao menos um pouco de argila podem ser identificados diferentes
e matéria orgânica, as partículas se tipos de estrutura.
agrupam em unidades estruturais
maiores, que são os agregados. As
Agregados: formados a partir da
raízes, as hifas dos fungos e substân-
união e cimentação das partículas
cias gomosas excretadas tanto por primárias (areia, silte e argila) que
fungos como por bactérias exercem compõem o solo, sendo as substân-
um papel importante na agregação cias orgânicas os principais agentes
cimentantes.
das partículas minerais e conse-
Hifas de fungos
“seguram” os agregados
O húmus também
Os espaços vazios que surgem ajuda na união das
da organização das partículas partículas de solo
são os poros do solo
O silte ocupa os
espaços vazios,
reduzindo a porosidade
Nos solos
Nos horizontes
compactados, os
mais profundos,
agregados são
como o B, os
maiores e estão
blocos são a
mais próximos
estrutura mais
uns dos outros,
comum No horizonte C, a
diminuindo a
estrutura é maciça,
porosidade
com torrões de
formas irregulares e
tamanhos variados
e sem agregados
definidos
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Porosidade
Entre as partículas de areia, silte e poros, que permitem a drenagem
argila, existem espaços vazios de- da água e aeração do solo; e poros
nominados poros do solo. A porosi- menores, os microporos, mais as-
dade é uma das principais caracte- sociados à retenção de água.
rísticas do solo, pois está associada Os solos arenosos têm muitos
ao desempenho de suas funções, macroporos; por isso, drenam a
uma vez que os poros são respon- água rapidamente. Já os solos ar-
sáveis pela infiltração e retenção de gilosos com estrutura granular têm
água, aeração, além de ser o hábitat boas quantidades de micro e ma-
dos organismos do solo e o local de croporos, oferecendo assim condi-
crescimento das raízes. Existem po- ções melhores para as plantas.
ros grandes, denominados macro-
Solo úmido
Há bastante água
para as plantas, mas
os poros maiores
permanecem
vazios, garantindo
aeração adequada
para as raízes (que
também precisam
Solo seco Solo encharcado
de oxigênio para a
O solo retém a água respiração) Todos os poros do solo
com tanta força estão ocupados pela
que as plantas não água, que é fracamente
conseguem utilizá-la retida e acaba por se
aprofundar no solo até
atingir o lençol freático
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Principais
tipos de
solos brasileiros
exemplificados por perfis de
Lavras e região
Argissolo
• Solos em que o horizonte B apre-
senta maior teor de argila do que
o horizonte A, devido à movimen-
tação de argila durante a formação
do solo
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• Ocorrem em relevo ondulado. perenes, como o café, frutíferas e
• Adequados para cultivo de plantas pastagens.
Latossolo
• Solos com horizonte B muito pro-
fundo, mas ácido e pouco fértil.
• São os solos mais velhos do mundo.
• Ocorrem em regiões com relevo
plano e suavemente ondulado.
• Por serem aptos à mecanização
agrícola, são intensamente culti-
vados.
• Ocorrem em todo o Brasil, com
variações regionais. São os solos
predominantes na Amazônia e no
Cerrado.
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O solo
e os ciclos
biogeoquímicos
O solo e o ciclo da água
O solo tem papel essencial no ciclo A água retida no solo pode eva-
da água. As chuvas podem atingir porar-se pela ação da energia solar,
o solo diretamente ou podem ser in- ou pode ser absorvida pelas plantas,
terceptadas pela vegetação. Quando que irão transpirá-la pelas folhas ou
a chuva é interceptada, pode eva- utilizá-la em crescimento e desen-
porar-se diretamente da superfície volvimento. A evapotranspiração
das plantas ou escorrer até o solo. (evaporação + transpiração) retorna a
Quando a intensidade da chuva é água à atmosfera, reiniciando o ciclo.
superior à capacidade do solo de ab-
sorvê-la, forma-se o escoamento
Escoamento superficial: excesso de
superficial, responsável pela ero- água que o solo não é capaz de absorver e
são dos solos, enchentes e assorea- que escoa sobre a sua superfície, também
mento de rios. A água que infiltra conhecido como enxurrada ou deflúvio.
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O solo e o ciclo do carbono
O solo é um grande dreno de carbo- CO2 para a atmosfera (respiração),
no, havendo quase o dobro de car- mas uma fração não é perdida, per-
bono no solo do que na vegetação manecendo no solo como molécu-
e atmosfera juntas. Os resíduos de- las orgânicas estabilizadas, como
positados no solo pelos organismos húmus e também retida na bio
são consumidos pelos decomposi- massa dos organismos, incluindo
tores. Uma parte é liberada como as raízes de plantas.
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O aquecimento global e as ticas que aumentam os teores de
mudanças climáticas parecem es- matéria orgânica do solo, como re-
tar associados à atuação humana florestamento, sistema de plantio
através da emissão dos gases de direto, adubação verde, adubação
efeito estufa. As consequências orgânica, entre outros. Atualmen-
disso já se fazem sentir, como pe- te, porém, o solo tem balanço ne-
ríodos cada vez mais prolongados gativo de carbono (emissão maior
de seca e chuvas concentradas e que absorção), devido ao desma-
intensas. O solo pode amenizar tamento e práticas agrícolas ina-
esse problema através do seques- dequadas, como revolvimento
tro de carbono, que significa a ab- excessivo do solo, que acelera a
sorção de grandes quantidades de decomposição da matéria orgânica
CO2 da atmosfera por meio de prá- pelos organismos.
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solo em formas iônicas (como Ca2+, naturalmente ácidos, com valores
Mg2+, K+, SO42- e H2PO4-) aderidos de pH entre 4,5 e 5,5. A maioria das
na superfície das partículas eletri- plantas prefere solos com pH entre
camente carregadas do solo que 5,5 e 6,5; por isso, a correção do pH
têm carga oposta. Do contrário, pela aplicação de calcário é uma prá-
seriam rapidamente “lavados” pela tica agrícola fundamental nos nos-
água das chuvas que se infiltra no sos solos.
solo, processo esse conhecido como Os nutrientes são retirados do
lixiviação. solo pelas plantas e devem ser retor-
O pH é uma das mais importan- nados através da adubação, para que
tes características químicas do solo. o potencial produtivo seja mantido
Os solos das regiões tropicais são ao longo dos anos.
Degradação
C U R IO SI D A D E
do solo
O Brasil, segundo a
Degradação do solo consiste em FAO (Food and
Agriculture Organi
tudo aquilo que compromete o de- zation), ocupa a qu
posição no ranking inta
sempenho de suas funções. Normal- mundial dos países
com maiores popu
mente os maiores problemas estão lações rurais afet
pela degradação adas
relacionados ao uso inadequado do dos solos. A China
o primeiro lugar, co ocupa
solo pelos seres humanos. m uma população
afetados de 457 m de
ilhões de pessoas,
vezes maior que no dez
Brasil.
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Erosão O impacto das gotas de chuva pro-
A erosão é a principal causa da de- voca o desprendimento de partícu-
gradação de solos em todo o mun- las de solo, que são transportadas
do. As principais formas são a ero- para outros locais pela enxurrada.
são eólica, causada pelo vento, e a Com isso, o solo vai sendo empo-
erosão hídrica, provocada pela ação brecido gradativamente, pois as
do impacto das gotas de chuva so- camadas mais superficiais são jus-
bre a superfície do solo sem cober- tamente aquelas que concentram a
tura (plantas, palhadas, pedras). maior parte dos nutrientes e maté-
A erosão eólica é mais comum em ria orgânica. Esses sedimentos, ao
locais com clima seco, enquanto a serem depositados, podem provo-
erosão hídrica é a mais importan- car assoreamento e eutrofização de
te na maior parte de nosso país. cursos de água.
Assoreamento e
eutrofização
Assoreamento é a de-
gradação parcial ou to
tal de córregos, rios e
lagos pela deposição
de sedimentos arrastados pelas en-
xurradas durante o processo erosi- de um rio ou lago são enriquecidas
vo. Esse acúmulo de sedimentos re- com nutrientes, minerais e orgâ-
duz a profundidade de rios e lagos, nicos, originando um crescimento
diminui a vida útil de hidrelétricas e, excessivo de algas, que reduzem a
no caso de águas correntes, provoca quantidade de oxigênio dissolvido
redução da correnteza ou até mes- na água, dificultando e até mesmo
mo sua obstrução. Já a eutrofização aniquilando a vida animal por falta
é um processo pelo qual as águas de oxigênio.
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Contaminação do solo solo é danosa para a produção agríco-
A deposição de poluentes sem ne- la, pois influencia negativamente o
nhum tipo de controle causa a con- crescimento de raízes, fazendo com
taminação do solo. Esses poluentes, que a planta tenha problemas em seu
devido à infiltração de água e escoa- desenvolvimento. A compactação
mento superficial, podem atingir cur- afeta principalmente os macroporos,
sos d’água e o lençol freático, afetando comprometendo a infiltração de água
sua qualidade. O solo também atua e a aeração do solo. Nas fotos abai-
como um grande filtro ambiental, re- xo podemos ver alguns exemplos de
duzindo toxicidade de poluentes, na- compactação do solo.
turalmente, e mesmo artificialmente,
como em aterros sanitários.
Principais agentes
contaminantes:
• Resíduos industrias e de mineração
• Lixo doméstico
• Agrotóxicos
• Metais pesados
• Atividades agrícolas e pecuária
Compactação do solo
A compactação do solo consiste basi-
camente na redução de sua porosida-
de. Na agricultura, a compactação do
solo deve-se ao tráfego de máquinas
agrícolas (como tratores e colhedo-
ras), e também ao pisoteio de ani-
mais, como o gado. A compactação do
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O ecossistema
solo
A lém de compor os ecossiste-
mas terrestres, o solo é o há-
bitat de uma enorme diversidade
grande importância na qualida-
de e no desempenho das funções
ambientais e produtivas. Os orga-
de organismos, frequentemente nismos que compõem o ecossis-
ignorados por aqueles que fazem tema solo são tratados nas outras
uso deste recurso, mas que têm cartilhas.
Os editores
ISBN 978-85-8127-065-4
9 788581 270654